publicação mensal| paroquia nolite a babel · confusão total. É evidente que a mensagem da...

8
O POVO DE RIO TINTO Publicação Mensal| Paroquia de Rio Tinto Rua da Lourinha, 33 4435-308 Rio Tinto | [email protected] htt www.paroquiariotinto.pt/ NOLITE TIMERE 19-6-2016 A Babel Ao olhar para o mundo, vem-me ao espírito a conhe- cida história da torre de Babel. Segundo essa histó- ria, que a Bíblia fez sua, em tempos muito longín- quos, os homens levados pela seu infinito desejo de grandeza, decidiram levantar uma torre tão alta, que chegasse do solo ao firmamento celeste. Lá foram colocando tijolos sobre tijolos, sem olhar a dinheiro, trabalho e sacrifícios. Estavam entusiasmados. A torre já ia a perder de vista. Mas algo correu mal e torre desmoronou-se, ficando reduzida a uma montanha de tijolos e lixo. A partir daí, os homens nunca mais se entenderam, começando a falar as mais diversas línguas. Foi a confusão total. É evidente que a mensagem da história vai muito para além da pretensão de explicar a origem das di- versas língua no sentido estrito. A palavra Babel significa «confusão». Ora a humani- dade vive numa confusão total. Não apenas agora mas talvez desde que existe. Só que atualmente todos sabemos que o mundo pas- sou a ser e será cada vez mais uma «aldeia.» As dis- tâncias, o contato com alguém, mesmo que esteja longe, é num instante, as empresas tornaram-se multinacionais, a informática continua a surpreen- der-nos e por aí adiante. Como sempre há os velhos do Restelo que preten- dem deter a avalanche, mas ela é inevitável. Perdido no meio de tudo isto, o ser humano sente-se escravo, os povos guerreiam-se com armas, sabota- gens e ameaças. A ambição de reconstruir a velha «torre» ganhou força incrível. Acho curioso verificar que um povo pode falar a mes- ma língua, mas as linguagens são diferentes ou até opostas. Alguns exemplos do dia a dia. Em determinados se- tores, soltam-se imprecações contra os ricos e o «capitalismo selvagem». Todavia é frequente vermos uma enorme fila para adquirir a chave do euro mi- lhões. - A palavra democracia anda na boca de toda gente. De fato é muito bonita. Correspondeu sempre a uma das mais profundas aspirações humanas. Mas quando começamos a dialogar sobre o que é ou não é a democracia, o diálogo termina num desacor- do geral, logo na confusão. Esse belo vocábulo é usado de harmonia com o alinhamento ideológico e respetivos interesses de quem o usa. O que é vemos por esse mundo além? - Há muitas ditaduras, e algumas bem cruéis, que magicamente se transformam em democracias e vice-versa. Há também cruéis ditadores que, em muitas mentes e bocas, são grandes democratas… Até certos eclesiásticos se enredam nesta confusão. Nos tempos do império soviético, perguntei a um porque é que na Rússia não era permitida a greve?. A resposta foi esta: Lá já não é precisa… Há receitas económicas maravilhosas para tirar o país da crise. A ementa é variada. Concretizá-las, eis a questão. Não sou negativista nem pessimista. Vejo que a hu- manidade, há milhões, de anos vai caminhando so- bre este pontinho do cosmos e se vai salvando atra- vés dum resto de pessoas de bom senso. Também, para quem acredita, o dedo de Deus está presente. Pena é que milhões de seres humanos fiquem esma- gados nesta cavalgada da história.

Upload: nguyenphuc

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Publicação Mensal| Paroquia NOLITE A Babel · confusão total. É evidente que a mensagem da história vai muito para além da pretensão de explicar a origem das di-versas língua

O POVO DE RIO TINTO Publicação Mensal| Paroquia

de Rio Tinto Rua da Lourinha, 33 4435-308

Rio Tinto | [email protected] htt www.paroquiariotinto.pt/

NOLITE TIMERE 19-6-2016

A Babel Ao olhar para o mundo, vem-me ao espírito a conhe-

cida história da torre de Babel. Segundo essa histó-

ria, que a Bíblia fez sua, em tempos muito longín-

quos, os homens levados pela seu infinito desejo de

grandeza, decidiram levantar uma torre tão alta, que

chegasse do solo ao firmamento celeste.

Lá foram colocando tijolos sobre tijolos, sem olhar a

dinheiro, trabalho e sacrifícios.

Estavam entusiasmados. A torre já ia a perder de

vista. Mas algo correu mal e torre desmoronou-se,

ficando reduzida a uma montanha de tijolos e lixo.

A partir daí, os homens nunca mais se entenderam,

começando a falar as mais diversas línguas. Foi a

confusão total.

É evidente que a mensagem da história vai muito

para além da pretensão de explicar a origem das di-

versas língua no sentido estrito.

A palavra Babel significa «confusão». Ora a humani-

dade vive numa confusão total. Não apenas agora

mas talvez desde que existe.

Só que atualmente todos sabemos que o mundo pas-

sou a ser e será cada vez mais uma «aldeia.» As dis-

tâncias, o contato com alguém, mesmo que esteja

longe, é num instante, as empresas tornaram-se

multinacionais, a informática continua a surpreen-

der-nos e por aí adiante.

Como sempre há os velhos do Restelo que preten-

dem deter a avalanche, mas ela é inevitável.

Perdido no meio de tudo isto, o ser humano sente-se

escravo, os povos guerreiam-se com armas, sabota-

gens e ameaças. A ambição de reconstruir a velha

«torre» ganhou força incrível.

Acho curioso verificar que um povo pode falar a mes-

ma língua, mas as linguagens são diferentes ou até

opostas.

Alguns exemplos do dia a dia. Em determinados se-

tores, soltam-se imprecações contra os ricos e o

«capitalismo selvagem». Todavia é frequente vermos

uma enorme fila para adquirir a chave do euro mi-

lhões. -

A palavra democracia anda na boca de toda gente.

De fato é muito bonita. Correspondeu sempre a uma

das mais profundas aspirações humanas.

Mas quando começamos a dialogar sobre o que é ou

não é a democracia, o diálogo termina num desacor-

do geral, logo na confusão. Esse belo vocábulo é

usado de harmonia com o alinhamento ideológico e

respetivos interesses de quem o usa.

O que é vemos por esse mundo além? - Há muitas

ditaduras, e algumas bem cruéis, que magicamente

se transformam em democracias e vice-versa. Há

também cruéis ditadores que, em muitas mentes e

bocas, são grandes democratas…

Até certos eclesiásticos se enredam nesta confusão.

Nos tempos do império soviético, perguntei a um

porque é que na Rússia não era permitida a greve?.

A resposta foi esta: Lá já não é precisa…

Há receitas económicas maravilhosas para tirar o

país da crise. A ementa é variada. Concretizá-las, eis

a questão.

Não sou negativista nem pessimista. Vejo que a hu-

manidade, há milhões, de anos vai caminhando so-

bre este pontinho do cosmos e se vai salvando atra-

vés dum resto de pessoas de bom senso. Também,

para quem acredita, o dedo de Deus está presente.

Pena é que milhões de seres humanos fiquem esma-

gados nesta cavalgada da história.

Page 2: Publicação Mensal| Paroquia NOLITE A Babel · confusão total. É evidente que a mensagem da história vai muito para além da pretensão de explicar a origem das di-versas língua

PANORAMA 2

S. João no nosso Centro

Page 3: Publicação Mensal| Paroquia NOLITE A Babel · confusão total. É evidente que a mensagem da história vai muito para além da pretensão de explicar a origem das di-versas língua

O PATRONO DE LISBOA EDUCAÇÃO FÍSICA 3

Santo António de Lisboa

Isabel Tracana – Psicóloga

Estamos em Junho, mês dos três santos mais populares de Portu-gal que são festejados de norte a sul do país com igual força e exuberância. Esta hegemonia não é coincidência e está profunda-mente ligada aos festejos pagãos do sols5cio de verão que ocorre neste mês e que, em toda a Europa, era festejado como o final do Inverno e o retorno à natureza, à colheita dos frutos amadureci-dos, à fartura do que a terra dá.

Os três santos festejados são de importância maior para a Igreja. S. Pedro, o Apóstolo Fundador da Igreja; S. João, o arauto e o ba-<sta de Jesus; Santo António, doutor da Igreja, ponte de transição da Idade Média para o Renascimento, integrando o espírito reno-vador e purificador de Francisco de Assis. A espiritualidade ima-nente destes Santos está longe dos festejos profanos que caracte-rizam os atuais festejos.

Vejamos Santo António de Lisboa ou de Pádua. Sabe-se que nas-ceu em Lisboa, perto da Sé, não se sabe a data, e só a par<r do séc. XIV é que se começou a falar nele como tendo o nome de Fernando Bulhões. Cedo ingressou na Igreja de Sta. Mª Maior, da Ordem Regrantes Stº Agos<nho, onde iniciou a sua instrução. Ainda adolescente entrou como noviço no Mosteiro de S. Vicente de Fora, onde con<nuou e alargou a sua formação religiosa usu-fruindo da biblioteca de São Vicente de Fora que era famosa pela sua rica coleção de manuscritos sobre as ciências naturais, em especial a medicina, o que pode explicar as constantes referências cien5ficas em seus sermões. Posteriormente pediu para se trans-ferir para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, que era na época o centro intelectual de Portugal, e ali se envolveu profundamente no estudo da Bíblia e nos textos dos Padres da Igreja. Foi em Co-imbra que estabeleceu os primeiros contactos com a prá<ca pro-posta por S. Francisco de Assis e os seus missionários. Também ele quis converter os infiéis, mas os caminhos do des<no levaram-no para a Sicília e para Assis onde esteve com Francisco. De forma humilde e espiritual aí viveu em re<ro até que, por um inesperado acaso, dissertou publicamente, evidenciando não só a sua grande cultura como as suas capacidades únicas de oratória. Os seus ser-mões tornaram-se tão célebres que foi de imediato des<nado à evangelização e difusão da doutrina, tarefa que executou ao longo de algum tempo na Lombardia. Mais tarde ensinou teologia nas universidades de Bolonha, Toulouse, Montpellier e Limoges, em França. Regressou a Itália, a Pádua onde permaneceu 3 anos. Fale-ceu em 13 de junho de 1231. É considerado um doutor da Igreja.

O que fez dele um santo? O povo diz que fez milagres, vários. Muitas descrições de época referem o fascínio que sua fala exer-cia sobre as mul<dões de pessoas simples e também sobre cléri-gos doutos, sendo frequentes a defesa do pobre e a reprimenda do rico. A tradição atribui seu dom à inspiração divina.

São muitos os milagres que lhe são atribuídos, entre eles o dom da ubiquidade (estar em 2 lugares ao mesmo tempo em Pádua e em Lisboa quando o Pai estava a morrer).

Talvez os seus milagres o tenham tornado tão próximo e querido do povo mantendo esse lugar ainda hoje!

Movimento Serafim Faria - Prof. Educação Física

Nos dias de hoje é universlamente aceite que a ativi-dade física (AF) é muito importante para promover a saú-de, o bem estar e a qualidade de vida das pessoas, desde tenra idade até idades muito avançadas; em suma, o ser humano é, em si, movimento: movimento do sangue nas artérias e nas veias, do ar, através das vias respiratórias, dos alimentos pelo aparelho digestivo, dos impulsos e sensações nervosas atrvés do sistema nervoso. Todo este movimento e muito mais que não foi referido, possibilita que o ser humano corra, marche gatinhe, salte, suba, des-ça, etc, através dos seus músculos, ossos e articulações. É facil entender que se não estimularmos estes mecanismos eles vão atrofiar, ficar, naturalmente, mais fracos e origi-nar desequilíbrios quer físicos, quer psicológicos, ou fisio-lógicos, entre outros, que influenciarão negativamente a saúde. Daí que muitas das doenças que hoje existem estão diretamente ligadas ao binómio alimentação/sedentarismo. Há estudos que indicam que se as pessoas fizessem 30 minutos de AF diária, reduziriam, significativamente, a ocupação de camas nos hospitais, com todas as vantagens pessoais e para ao país que dessa adviriam. Há alguma tendência para se procurarem desculpas para a não realização de AF. É normal, mas o que custa é vencer a inércia, depois as pessoas habituam-se, pode-se até dizer que ficam viciadas, e sentem muita falta quando não a realizam. Andar a pé num ritmo vivo é um exercício excelente, movimente bem os braços ao caminhar, pode começar por alguns minutos, depois vá aumentado, pro-gressivamente, vai conseguir fazer tempos que não imagi-naria! Tente fazer isso várias vezes na semana, para come-çar, dia sim, dia não, talvez, depois faça todos os dias. Se não puder sair de casa, também pode fazer alguns exercí-cios: sentar e levantar de uma cadeira, várias vezes num ritmo intenso, descansar uns segundos e repetir três ou quatro vezes; dobrar os joelhos, tocar no chão, subir e erguer os braços, várias vezes, até se sentir um pouco can-sado, descansar e repetir (*); no braço do seu sofá ou no parapeito da janela, apoie-se com as mãos abertas e recue um pouco os pés, ficando com o peso sobre as mãos, o corpo rígido e direito, dobrar os braços chegando com o peito ao braço do sofá ou ao parapeito e subir, executar algumas vezes, descansar e repetir (*); se tiver escadas pode subi-las e descê-las várias vezes, descansar e repetir (*); Sentar na ponta do sofá e colocar as mãos atrás apoia-das no mesmo, levantar as pernas e começar a pedalar, apoiado apenas nas mãos e nos músculos nadegueiros, descansar e repetir (*); afastar uma perna para trás, fican-do apoiado sobre os dois pés, bem orientado para a frente, aproximar o joelho de trás do chão, dobrando-o bem e mantendo sempre o tronco direito, subir de seguida, repe-tir várias vezes, trocando a perna que está atrás (*); deitar de barriga para baixo e colocar o corpo em prancha apoia-do sobre os dois antebraços (do cotovelo até à mão), com apoio também nas pontas dos pés, manter a posição o tem-po possível, descansar e repetir (*). Contudo, alguns cui-dados devem ser tomados: fazer um pequeno aquecimento antes do início dos exercícios; beber água aos poucos, antes, durante e depois do esforço; controlar a intensidade, em função da frequência cardíaca (se o coração estiver demasiado acelerado, baixar o ritmo do exercício); au-mentar progrssivamente o volume de treino; no final do treino, realizar alguns exercícios de alongamento muscu-lar. Se começar vai ver que, depois, será difícil parar. (*) – 3 ou 4 vezes

Page 4: Publicação Mensal| Paroquia NOLITE A Babel · confusão total. É evidente que a mensagem da história vai muito para além da pretensão de explicar a origem das di-versas língua

CUIDE DA SUA SAÚDE NAS ASAS DA POESIA 4

INTIMIDADE

Deixo que o momento passe

simplesmente passe

como se eu fugisse de

vê-lo passar.

E ele passa.

E eu rio de o ver

com pressa, sem destino.

E ele passa.

E eu desculpo-me da minha

anarquia.

E ele não pára de passar

e eu, numa intimidade louca,

corro a dar-lhe a mão.

rita sá ferreira

Médico *

Silva Pinto *

Page 5: Publicação Mensal| Paroquia NOLITE A Babel · confusão total. É evidente que a mensagem da história vai muito para além da pretensão de explicar a origem das di-versas língua

V I D A C R I S T Ã E M C O M U N I D A D E 5

De “O Gaiato” P:e Telmo

SERIA bom ... Como seria bom que a nossa Comunicação Social nos transmitisse o bem e o belo que nas sociedades todos os dias acontece. Tantos grupos de cristãos, e outros, no atendimento aos mais frágeis. Tantos sacerdotes e leigos, que eu conheço, deixaram as suas vidas e se entregaram totalmente ao cuidado de irmãos carentes. Tantos gestos de verda-deira heroicidade - Padre Baptista, injustamente criticado, é o exemplo. Somente o negativo? Não! Arrepiam as crónicas do Padre Baptista sobre alguns doentes em abandono e a viverem em lojas de animais, que foram trazidos por ele para o Calvário, onde, sou testemunha, foram tratados com dignidade. Haverá alguma falha? Todos nós, na nossa vida, temos. Senhores, só o negativo? Não! Há tantas coisas belas no mundo! Tantos gestos de bondade!

*** ESTOU no Calvário, sentado no salão das refeições do pavilhão dos homens. Acabámos de dar o almoço. Hoje dei ao «Faneca». Não fala, não nos conhece. Disseram à Comunicação Social que está preso. Esta, despejou-o na soci-edade que aceita o que lhe servem. Não vejo cordas e o almoço foi bom e abundante. Logo, darei o jantar ao Francisco, cego e também deficiente profundo. Que os doentes são batidos e passam fome ... Tenho passado sempre algum tempo no Calvário, nas minhas férias. Nunca vi maus tratos. Não batam mais ... Venham, antes, dar-nos uma ajuda. São doentes incuráveis que ninguém quer. São vinte os voluntários/as que nos ajudam nos sábados e domingos. Os homens dão banho aos homens, fazem as camas, as barbas e dão as refeições. As senhoras cozinham, dão banhos e as refeições. Durante a semana atendem os empregados e empregadas. Ve-nham ver!

Matricule os seus

filhos

na catequese

Page 6: Publicação Mensal| Paroquia NOLITE A Babel · confusão total. É evidente que a mensagem da história vai muito para além da pretensão de explicar a origem das di-versas língua

6 ... entrevista do "outro lado ! ••• “

Conceição Gonçalves

Page 7: Publicação Mensal| Paroquia NOLITE A Babel · confusão total. É evidente que a mensagem da história vai muito para além da pretensão de explicar a origem das di-versas língua

7 “O Povo de Rio Tinto” 28/05/2016

ATÉ ONDE PODE IR A COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL BELÉM / S. BENTO?

M. Pinto Teixeira*

1 – Ainda antes de ser eleito, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa prometeu, vezes sem conta, que o seu magistério presidencial teria como principal linha de força a cooperação institucional com o Gover-no. Ao dizê-lo, muita gente interpretou esta promessa como um piscar de olho ao eleitorado PS, e até a algumas franjas à esquerda dos socialistas. Por isso, enquanto a esquerda moderada e o próprio apare-lho socialista ia manifestando uma certa distensão e tranquilidade com as sondagens que ofereciam à candidatura marcelista uma larga vantagem sobre os seus adversários, o aparelho laranja digeria com alguma acidez a mensagem de abrangência que o candidato Marcelo Rebelo de Sousa apregoava aos quatro ventos. Ditada a sentença das urnas, logo na noite da vitória o Presidente eleito reafirmou o seu empenho nu-ma colaboração institucional inequívoca com o Governo da República. E de então até hoje, Marcelo tem dado sobejas provas do seu empenho com o executivo de António Costa. Só que o estilo hiperactivo do Presidente não deixa ninguém sossegado. Nem mesmo o próprio Chefe do Governo. Porque ninguém sabe até onde pode chegar a longa mão de Marcelo Rebelo de Sousa. E, por isso mesmo, começam a surgir as primeiras vozes a vaticinar os riscos de uma certa presidencialização do regime, à margem da actual moldura constitucional. Simplesmente porque, como diz o povo, o Presidente sente-se legitimado para meter a mão na massa onde quer que seja… 2 – Ora, se é verdade que Marcelo é completamente avassalador onde quer que vá, é igualmente verda-de que os seus poderes são profundamente limitados no que respeita à gestão governativa. Resta, pois, saber se o cidadão anónimo, que adora o mais popular dos presidentes pós-revolução, tem a noção exacta do limite dos poderes presidenciais. É duvidoso que o povo tenha esta percepção com os justos contornos que a nossa lei fundamental bem define. E se, como muitos analistas defendem, o povo sabe mas não quer que se saiba, então os riscos de um vendaval a prazo tornam-se uma profecia que se há-de concretizar, só ninguém prevê quando tal acontecerá. Pode daqui deduzir-se que a tal “cooperação institucional” é apenas uma figura retórica na boca do Presidente? Sim e não. Sim se tivermos em conta que a referida “cooperação institucional” não é um brinde que Marcelo reservou exclusivamente para Costa. É antes uma predisposição mental do Presidente para qualquer Governo, e em qualquer momento. Não, se o Governo, este ou outro qualquer, assumir que o intervencionismo do Presidente Marcelo tem de ser acolhido e acomodado todos os dias na acção gover-nativa. Mas é aqui que tudo se complica. Porque, assim sendo, António Costa e os seus sucessores te-rão de se reinventar todos os dias para conseguirem simultaneamente satisfazer os seus eleitorados partidários, e o eleitorado inorgânico do Presidente. Que é como quem diz, servir duas clientelas, ora em sobreposição de ideais, ora em confronto camuflado… 3 – Perante este cenário, tudo indica que, mais cedo ou mais tarde, iremos assistir a um confronto en-tre Belém e S. Bento. E se Costa tem nas veias o sangue de um felino, Marcelo tem na cabeça a força e a matreirice do rei leão. É certo que há muito a vida política se acomodou ao conforto dos salões, onde o veludo e as alcatifas abafam as escaramuças. Mas com estes dois protagonistas em cena, ninguém duvida que, a qualquer momento, poderemos testemunhar o regresso à selva, onde os animais ferozes pouco se importam com os arrepios causados pelos seus rugidos. E quando tal acontecer, haveremos de ficar estupefactos com a reacção das grandes massas eleitorais, cujo impulso de sobrevivência há-de sempre tombar para o lado mais forte. Muitos dirão que estas profecias nunca se concretizarão, porque o Presidente foi professor do Primeiro-Ministro, e Costa foi aluno de Marcelo. Quem conhece a vida académica sabe muito bem que se nada é mais honroso para o mestre do que ser ultrapassado pelo discípulo, também nada é mais humilhante para o professor do que ser desmentido pelo aluno. Mas diz a história que, nestes ajustes de contas, quem sabe nunca esquece, e quem aprende tem de esquecer muitas vezes. Que é como quem diz, haja respeito pelo velho leão, porque, na hora de contar cabeças entre o arvoredo e o capim da selva, a maio-ria fica sempre do lado onde a história consagrou a força. Caso para concluir: a política portuguesa es-tá cheia de minas e armadilhas…

* Jornalista

e Professor Universitário

Page 8: Publicação Mensal| Paroquia NOLITE A Babel · confusão total. É evidente que a mensagem da história vai muito para além da pretensão de explicar a origem das di-versas língua

400g de posta de cherne 320g de arroz carolino 100g de pimento vermelho 100g de pimenta verde 100g de cebola 200g de tomate em cubos 20g de caldo de marisco 300g de camarão 300g de mexilhão fresco 25g de creme de marisco 1 dl de azeite sal q.b coentros q.b hortelã q.b

Preparação

Lave todos os legumes e corte-os em pequenos pedaços. Prepare o refogado, colocando um tacho ao lume com o alho e a cebola em Vaqueiro Liquida. De seguida, junte os pimentos e o tomate. Junte o caldo de marisco com a água. Deixe ferver e no fim triture tudo bem. Cozinhe o arroz e quando estiver quase pronto junte o peixe em pedaços e o marisco. Adicione o sal q.b e junte o caldo de arroz com o creme de marisco. Sirva com coentros picados e um ramo de hortelã.

Glória Branco

Consultório Jurídico – “O quê de Justiça?” – Regras da Carta de Condução por pontos O regime da carta por pontos foi introduzido pela Lei 116/2015, de 28 de agosto mas só a 31 de maio de 2016 foi publicado o Decreto-Regulamentar nº 1-A/2016 que veio regulamentar as regras para a frequência das acções de formação de segurança rodoviária e para a realização da prova teórica do exame de condução.

O novo regime entrou em vigor a 1 de junho e prevê a atribuição a cada condutor de 12 pontos.

Se durante 3 anos o condutor não praticar qualquer contra-ordenação grave ou muito grave ou crime de na-tureza rodoviária, recebe mais 3 pontos, até ao limite de 15 pontos.

Sempre que o condutor praticar contraordenação grave ou muito grave, ser-lhe-ão retirados pontos, para além de que fica também sujeito à aplicação das sanções previstas no Código da Estrada, como o pagamento de coimas.

A partir de que data as infracções estão sujeitas ao novo regime? O novo regime aplica-se às infracções co-metidas a partir da entrada em vigor do diploma, ou seja, 1 de junho de 2016. As praticadas anteriormente estão sujeitas ao anterior regime legal.

Como se perdem os pontos?

- Por cada crime rodoviário cometido são retirados 6 pontos;

- Por cada contraordenação muito grave cometida são retirados 4 pontos, exceto se o condutor estiver sob o efeito de álcool ou substância psicotrópicas, em que são retirados 5 pontos;

- Por cada contraordenação grave cometida são retirados 2 pontos, exceto se o condutor estiver sob o efeito de álcool ou substância psicotrópicas, em que são retirados 3 pontos;

No máximo, no mesmo dia, apenas podem ser retirados 6 pontos, em cúmulo de contraordenações graves ou muito graves. NO entanto, não limite de retirada de pontos diária se o condutor estiver sob o efeito de álcool ou substâncias psicoytrópicas, podendo a totalidade dos pontos ser retirada num mesmo dia.

Se o condutor tiver apenas 4 pontos tem de frequentar uma acção de formação de segurança rodoviária, sendo o custo da responsabilidade do condutor.

Se o condutor tiver apenas 2 pontos tem de realizar uma prova teórica do exame de condução e frequentar uma formação de segurança.

Se o condutor perdeu todos os pontos, é-lhe retirada a carta de condução e fica durante dois anos inibido de conduzir, tendo de realizar nova prova teórica e prática para a obtenção de nova carta, findo aquele prazo, sendo todos os custos suportados pelo próprio.

Manuela Garrido

“Os difamadores, não tendo

mãos para fazerem obra sua,

têm línguas para caluniarem

alheias.”

“Somos responsáveis por

aquilo que fazemos, pelo

que não fazemos, e por

aquilo que impedimos de

fazer.”

*************************