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    antnio nvoa Para uma anlise das instituies escolares

    alexandre ventura- 1999 Pgina 2 de 8

    Anos 70/80 Incremento das correntes pedaggicas preocupadas com a racionalizao e a

    eficcia do ensino. A investigao educacional desenvolve a anlise do

    processo ensino-aprendizagem no quadro do paradigma conhecido por

    processo-produto. O enfoque pedaggico volta a centrar-se na turma-sala de

    aula.

    Anos 80/90 Esforo de construo de uma pedagogia centrada na escola-organizao.

    Importncia acrescida de metodologias ligadas ao domnio organizacional

    (gesto, auditoria, avaliao) e de polticas de investigao mais prximas dos

    processos de mudana nas escolas (investigao-aco, investigao-

    formao, etc.).

    A escola encarada como uma instituio dotada de uma autonomia relativa, como um territrio

    intermdio de deciso no domnio educativo, que no se limita a reproduzir as normas e os valores do

    macro-sistema, mas que tambm no pode ser exclusivamente investida como um micro-universo

    dependente do jogo dos actores sociais em presena.

    As ins ti tu ies escolares: um novo objecto c ientf ico?

    A evoluo do movimento das escolas eficazes, desde o final dos anos 60, determinante para o

    reconhecimento do estabelecimento de ensino como um novo objecto cientfico. Um dos maiores

    contributos do esforo de criao de escolas eficazes a co-responsabilizao dos diferentes actores

    educativos (professores, alunos, pais, comunidades), incentivando os espaos de participao e os

    dispositivos de partenariado ao nvel local.

    CARACTERSTICAS ORGANIZACIONAIS E CULTURA DE ESCOLA

    A sociologia das organizaes escolares tem-se aberto crescentemente aos modelos polticos e

    simblicos.

    Modelos polticos introduziram novos conceitos (poder, disputa ideolgica, conflito,

    interesses, controlo, regulao) que enriqueceram a anlise das

    organizaes escolares.

    Modelos simb licos colocaram a tnica no significado que os diversos actores do aosacontecimentos e no carcter incerto e imprevisvel dos processos

    organizacionais mais decisivos.

    De modos diversos, estes dois tipos de modelos devolveram aos actores educativos o papel de

    protagonistas que os modelos anteriores (racionais, recursos humanos, sistmicos, etc.) lhes tinham

    procurado retirar.

    Caractersticas organizacionais das escolas

    O funcionamento de uma organizao escolar fruto de um compromisso entre a estrutura formal e as

    interaces que se produzem no seu seio, nomeadamente entre grupos com interesses distintos.

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    Os estudos centrados nas caractersticas organizacionais das escolas tendem a construir-se com base

    em trs grandes reas:

    A est rutura

    fsica da escola

    Dimenso da escola, recursos materiais, nmero de turmas, edifcio

    escolar, organizao dos espaos, etc.

    A est rutura administ rat iva da

    escola

    Gesto, direco, controlo, inspeco, tomada de deciso, pessoal

    docente, pessoal auxiliar, participao das comunidades, relao com

    as autoridades centrais e locais, etc.

    A est rutura

    social da escola

    Relao entre alunos, professores e funcionrios, responsabilizao e

    participao dos pais, democracia interna, cultura organizacional da

    escola, clima social, etc.

    Retrato de uma escola eficaz

    Autonomia da escola ! significa a dotao das escolas com meios para responderem de

    forma til e atempada aos desafios quotidianos;

    ! implica a responsabilizao dos actores sociais e profissionais;

    ! aproxima o centro de deciso da realidade escolar;

    ! contribui para a criao de uma identidade da escola, de um ethos

    especfico e diferenciador que facilite a adeso dos diversos

    actores e a elaborao de um projecto prprio.

    Liderana organizacional ! factor de promoo de estratgias concertadas de actuao em

    projectos de trabalho;

    ! implica participao colegial que envolva a comunidade educativa.

    Art iculao curr icular ! exige uma boa planificao curricular e uma adequada

    coordenao dos planos de estudos;

    ! defende a opo por modalidades de avaliao formativa.

    Optimizao do tempo ! privilegia a optimizao do tempo disponvel, respeitando os ritmos

    prprios de cada indivduo.

    Estabilidade profissional ! clima de segurana e de continuidade;

    ! conjugado com margens de mobilidade como factor de incentivo e

    inovao.

    Formao de pessoal ! articulada com o projecto educativo da escola;

    ! formao-aco e investigao-aco que dem um contributo

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    efectivo para a melhoria das escolas.

    Participao dos pais ! grupo interveniente no processo educativo atravs de apoio activo

    e participao em decises;

    !

    individualmente os pais podem ajudar a motivar e a estimular osseus filhos, associando-se aos esforos dos profissionais de

    ensino.

    Reconhecimento pblico ! cada membro da escola deve procurar a identificao com um

    conjunto de valores comuns que edificam a identidade da

    organizao escolar.

    Apo io das autor idades ! ao nvel material e econmico e tambm na perspectiva de

    aconselhamento/consultoria;

    ! as autoridades podem disponibilizar recursos humanosqualificados que ajudem a desenvolver uma avaliao-regulao

    (a posteriori) das escolas, que no pode ser confundida com um

    controlo normativo e prescritivo (a priori).

    A cu ltura organ izacional da escola

    O conceito de cultura organizacional foi transposta para a rea da educao na dcada de 70.

    Conceito de cultura:

    ! Sistema de integrao, de diferenciao e de referncia que organiza e d um sentido

    actividade dos seus membros (Burke. 1987).

    ! As organizaes escolares, ainda que estejam integradas num contexto cultural mais amplo,

    produzem uma cultura interna que lhes prpria e que exprime os valores e as crenas que

    os membros da organizao partilham (Brunet. 1988).

    Cultura interna Conjunto de significados e de quadros de referncia partilhados pelosmembros de uma organizao.

    Cultura externa Variveis culturais existentes no contexto da organizao, que

    interferem na definio da sua prpria identidade.

    Elementos da cul tura organizacional

    Bases conceptuais e

    pressupostos invisveis

    ! valores

    ! crenas! ideologias

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    A participao dos pais e das comunidades na vida escolar encontra toda a sua legitimidade numa

    dimenso social e poltica. A actividade dos professores e dos outros profissionais deve basear-se numa

    legitimidade tcnica e cientfica.

    Os professores so crescentemente chamados a desempenhar um conjunto alargado de papeis, numa

    dinmica de re-inveno da profisso de professor.

    (Auto) anlise e avaliao das escolas

    A primeira caracterstica chocante no funcionamento actual das escolas o seu carcter cego. As outras

    instituies interrogam-se periodicamente sobre elas prprias, reflectindo colectivamente em instncias

    qualificadas sobre o seu funcionamento. Esta prtica desconhecida nos estabelecimentos de ensino. E

    estamos de tal modo habituados a este funcionamento s cegas, que j nem sequer damos por ele!

    Antoine Prost

    As tendncias actuais de descentralizao do ensino trazem para a ribalta a questo da avaliao dasescolas e dos seus projectos educativos.

    A avaliao das escolas s tem sentido no quadro de uma mudana e/ou aperfeioamento da escola.

    Neste sentido, rejeitam-se os modelos de avaliao-samo ou de avaliao-julgamento, privilegiando-

    se, numa perspectiva prxima da investigao-aco, as dinmicas de avaliao participativa e de

    avaliao-regulao.

    Categorias da avaliao institucional

    Aval iao interna Tem como motivao principal o acompanhamento dos projectos

    de escola, no quadro de uma dinmica de desenvolvimento

    organizacional.

    Aval iao externa normalmente decidida por razes de ordem institucional que se

    prendem com necessidades de controlo organizacional ao nvel do

    sistema de ensino.

    Avaliao

    Interna Produo de conhecimentos Quem? Professores/outros tcnicos

    Como? Formao contnua ou investigao

    Prticas institucionais Quem? Direco ou grupos de gesto

    Como? Dispositivos de regulao e inovao ou

    acompanhamento de projecto do

    estabelecimento de ensino

    Externa Produo de conhecimentos Quem? Investigadores cientficos (olhar exterior)

    Como? Projectos de investigao

    Prticas institucionais Quem? Administrao regional ou central

    Como? No mbito de aces de inspeco ou

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    de controlo, com a inteno de proceder s

    prticas institucionais e das eventuais mudanas

    a introduzir

    Funes e critrios de avaliao

    importante que os dispositivos de avaliao respondam eficazmente a quatro funes:

    Operatria Orientada para a aco e a tomada de decises, revestindo-se de

    uma importncia estratgica para o aperfeioamento das escolas.

    Permanente Funcionando ao longo do desenvolvimento do projecto de escola,

    e no apenas no final, o que implica a montagem de dispositivos

    simples e eficazes de acompanhamento e regulao.

    Participativa Associando o conjunto dos actores s prticas de avaliao, de

    forma a facilitar a devoluo dos resultados aos actores e a

    permitir a confrontao entre grupos com interesses distintos.

    Formativa Criando as condies para uma aprendizagem mtua entre os

    actores educativos, atravs do dilogo e da tomada de conscincia

    individual e colectiva.

    A avaliao das escolas deve basear-se em dispositivos simples e exequveis, que permitam uma

    regulao no decurso dos projectos, e no apenas um balano posterior. frequente a aplicao

    descontextualizada de processos e de instrumentos de avaliao conduzindo a dissonncias de diversa

    ordem. Neste sentido, importante que a avaliao respeite critrios de pertinncia, de coerncia, de

    eficcia, de eficincia e de oportunidade.

    importante aproveitar as tendncias que apontam no sentido da construo de projectos educativos

    para criar hbitos de avaliao institucional nas escolas.

    Depois de a inovao educacional ter oscilado entre o nvel macro do sistema educativo e o nvel micro

    da sala de aula, hoje, justamente no contexto da organizao escolar que as inovaes educacionais

    podem implantar-se e desenvolver-se. Trata-se sobretudo de criar condies para que os profissionais doensino se sintam motivados e gratificados por participarem em dinmicas de mudana.

    necessrio que cada um tenha conscincia que esta postura exige um processo de permanente re-

    elaborao e de auto-renovao.

    Nos sistemas educativos de tradio centralizadora (Espanha, Frana, Portugal, etc.) os projectos de

    escola podem ser uma estratgia adequada para impor as mudanas necessrias no campo educativo,

    levando prtica o conceito de autonomia relativa do estabelecimento de ensino.

    Quem se situa na escola como rea profissional, e ao mesmo tempo consegue dispor-se a intervir,

    constata que os problemas educativos actuais no encontraro resposta nos limites dos tempos, dosespaos e das formas directamente escolares. [] Vai ter que imiscuir-se no real envolvente e vai parar a

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    outros espaos sociais e a outras reas de actividade com outros actores (Ana Benavente e Orlando

    Garcia. 1992).

    Hoje no se pode passar ao lado de uma reflexo estratgica, centrada nos estabelecimentos de ensino

    e nos seus projectos, porque aqui que os desafios comeam e importa agarr-los com utopia e

    realismo.