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    Publicidade oficial

    INTRODUO

    A publicidade resultante da capacidade de criao e desenvolvimento quecaracteriza a espcie humana. Fruto da atividade cerebrina do homem, a publicidadetem se tornado um dos meios mais eficientes de difuso e de divulgao de fatos,produtos, servios, ideologias e conhecimentos engendrados pelo homem. Para a suacompreenso, preciso, alm da anlise objetiva da mensagem divulgada, umaanlise subjetiva de seus objetivos. Este estudo tem por objetivo analisar a publicidadeoficial. Esta matria era regulada, no mbito federal, pela legislao ordinria, gozandoos agentes pblicos de ampla discricionariedade. Com a promulgao da ConstituioFederal de 1988, entretanto, consagrou-se disposio estabelecendo:

    "A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dosrgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, delano podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoopessoal de autoridades ou servidores pblicos" (art. 37, 1.).

    Seguindo a normatizao federal, os Estados, o Distrito Federal e osMunicpios consagraram em suas Cartas Regionais e Orgnicas, respectivamente,disposies suplementares. O Congresso Nacional demonstrou, em vrias ocasies,interesse em regulamentar o assunto. Todavia, infrutferas tm sido suas atividades.Na rbita federal, o Poder Executivo regulou, autonomamente, o assunto, estando emvigor o Decreto n. 2.004, de 11 de setembro de 1996, que revogou os Decretos ns.785/93 e 921/93.

    CONSIDERAES

    As Constituies Brasileiras, anteriores promulgada em 1988, noestabeleciam, direta ou indiretamente, nada sobre a matria. Nenhuma restriocondicionava a publicidade oficial, gozando as autoridades e servidores pblicos deampla discricionariedade para utilizao das dotaes oramentrias e dos meios depropagao das atividades governamentais. Durante o Governo Vargas a publicidadeestatal era empregada na construo e manuteno do mito getulista.Essa praxispermaneceu no pas, com menor ou maior entusiasmo.

    Conscientes dos abusos praticados pelos gestores pblicos, o legisladorconstituinte de 1988 estabeleceu, atravs do 1., do art. 37, limitaes aos objetivosvisados pela publicidade dos rgos pblicos. O preceito magnificado visa moralizar apublicidade pblica e no ved-la. Permite a publicidade calcada no EstadoDemocrtico de Direito, institudo pela nova ordem constitucional. Probe a publicidadetotalitria, arbitrria, egosta e a que vise a conquista de outros povos ou territrios.Veda tambm a publicidade eleitoreira, ou seja, aquela realizada visando a conquistade cargos, do mesmo nvel ou mais elevados, seja no presente, seja no futuro. Assim,a publicidade que vise a permanncia no poder, o endeusamento dos governantes e aexpanso do Estado e outros vcios, vetada pela nova ordem constitucional.

    O dispositivo fundamental auto-executvel, de aplicao imediata,prescindindo de lei regulamentadora. A sua aplicao e o seu cumprimento decorrem

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    da fora normativa da Constituio, sendo desnecessrio, para sua aplicao que olegislador infraconstitucional elabore normas, objetivando a sua realizao. Apesar deser uma inovao constitucional, o legislador ordinrio j havia tentado, sem xitos,regular a matria. Vrios projetos de lei tramitaram e esto, ainda, em tramitao peloCongresso Nacional visando regular a publicidade oficial.

    No mbito da Administrao Federal, a publicidade estatal passou a serregulada a partir de 1934, com a expedio do Decreto n. 24.651, de 10 de julho de1934, que criou o Departamento de Propaganda e Difuso Cultural, subordinado aoMinistrio da Justia e Negcios Interiores. Esse Departamento de Propaganda foiextinto pelo Decreto-Lei n. 1.915, de 27 de dezembro de 1939. Tal norma criou oDepartamento de Imprensa e Propaganda (DIP), subordinado diretamente aoPresidente da Repblica, tendo como finalidade principal centralizar, coordenar,orientar e superintender a propaganda nacional, interna e externa.

    Atualmente, o Decreto n. 2.004, de 11 de setembro de 1996, regulamentaautonomamente o assunto. Os Decretos ns. 785/93 e 921/93 foram expressamente

    revogados pelo art. 17, do Decreto n. 2.004/96. O novo regulamento estatui, no art.1., Pargrafo nico, que vedada a publicidade que, direta ou indiretamente,caracterize promoo pessoal de autoridade ou de servidor pblico. A contratao deagncia de propaganda obedecer a legislao em vigor, com prvia licitao.

    A publicidade oficial no foi objeto de nenhuma proposta, parlamentar,presidencial ou popular, de emenda constitucional de reviso. O dispositivo magno (1., do art. 37) permaneceu com sua redao original, o que demonstra a suaaceitao poltica e social.

    As Assemblias Legislativas dos Estados federados, exercendo o poderconstituinte decorrente, elaboraram as respectivas Constituies Estaduais,promulgando-as em 1989. Observando os princpios estabelecidos na ConstituioNacional, os Estados reproduziram em seus Textos Fundamentais os princpiosbsicos da Administrao Pblica (legalidade, impessoalidade, moralidade epublicidade). Todos os Estados consagraram, nas Cartas Regionais, seus smbolosoficiais. Quanto publicidade dos rgos pblicos, quase todos os Estadossuplementaram as disposies magnificadas no 1., do art. 37, da Carta Suprema.

    O Texto Orgnico do Distrito Federal, promulgado em 1993, estabeleceu umasrie de restries publicidade institucional. O inciso III, do art. 18, LO, veda aoDistrito Federal a subveno ou auxlio, de qualquer modo, com recursos pblicos, propaganda poltico-partidria ou com fins estranhos administrao pblica, quer

    pela imprensa, rdio, televiso, servio de alto-falante ou qualquer outro meio decomunicao. Em consonncia com a Carta Magna, o art. 22, LO, assevera:

    "V - a publicidade dos atos, programas, obras, servios e as campanhas dosrgos e entidades da administrao pblica, ainda que no custeada diretamentepelo errio, obedecer ao seguinte:

    "ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendoconstar smbolos, expresses, nomes ou imagens que caracterizem promoo pessoalde autoridades ou servidores pblicos;

    "ser suspensa noventa dias antes das eleies, ressalvadas aquelas essenciaisao interesse pblico.

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    " 1. Os Poderes do Distrito Federal, com base no plano anual de publicidade,ficam obrigados a publicar, nos seus rgos oficiais, quadros demonstrativos dedespesas realizadas com publicidade e propaganda, conforme dispuser a lei.

    " 2. Os poderes do Distrito Federal mandaro publicar, trimestralmente, noDirio Oficial, demonstrativo das despesas realizadas com propaganda e publicidadede todos os rgos, inclusive os da administrao indireta, empresas pblicas,sociedades de economia mista e fundaes mantidas pelo Poder Pblico, com adiscriminao do beneficirio, valor e finalidade, conforme dispuser a lei".

    Finalmente, e no mbito da sua competncia legislativa de carter municipal,compete privativamente ao Distrito Federal dispor sobre a publicidade, em especialsobre a exibio de cartazes, anncios e quaisquer outros meios de publicidade oupropaganda, em logradouros pblicos, em locais de acesso pblico ou destes visveis.Esta previso est inserida no inciso XXVII, do art. 15, do Diploma Orgnico do DistritoFederal. Convm esclarecer, ainda, que a competncia para legislar sobre locaisdestinados publicidade deferida aos municpios, por tratar-se de matria deinteresse local(1).

    A prtica de atos visando a promoo de personalidades tradicional noBrasil. Este comportamento resultante do sistema unipessoal de governo existenteno pas. A partir do Governo de Getlio Vargas houve um aumento dos atos personais,visando engrandecer a pessoa do Presidente da Repblica e demais membros dePoder. A concentrao de poder e a falta ou precariedade de controle tem colaboradocom os abusos e ilegalidades.

    Os vcios na publicidade oficial ocorrem em todos os Poderes do Estado; emtodas as esferas (Federal, Estadual, Distrital e Municipal). Em maior nmero, sopraticados no Poder Executivo e no mbito municipal, principalmente nas cidades de

    mdio e pequeno porte. Isto decorre do sistema presidencialista de governo, onde opoder de execuo e aplicao das leis e das atividades estatais so colocadas sob ojugo de nica pessoa.

    O controle da publicidade oficial pode ser feito externa e internamente,conforme a vontade do indivduo e das condies ou funes exercidas; dentro ou forado rgo pblico objeto de controle. O controle externo da publicidade estatalabusiva pode ser exercido atravs de diversos writse institutos constitucional oulegalmente previstos. Algumas garantias constitucionais podem ser manuseadas pelosrespectivos legitimados, tais como o direito de petio e de certido, a ao popular, omandado de segurana individual ou coletivo, a ao civil pblica, a ao direta deinconstitucionalidade e a ao declaratria de constitucionalidade.

    A maioria da doutrina reconhece que a ao popular o instrumento deataque a ser proposto contra os abusos e desvios cometidos pelas autoridades eservidores pblicos. Hugo Nigro MAZZILLI(2) entende ser cabvel, tambm, a AoCivil Pblica. Este entendimento compartilhado por Mrio Srgio de AlbuquerqueSCHIRMER e Joo Pedro GEBRAN NETO(3). Judith COSTA(4) e Adilson AbreuDALLARI(5) entendem que o cidado pode levar o fato ao conhecimento do Tribunalde Contas competente, a fim de que este, via atividade de ndole judicante ouadministrativa, aplique aos infratores as sanes disponveis. DALLARI considera queo Poder Legislativo tambm pode realizar o controle da publicidade estatal.

    O CONAR (Conselho Nacional de Auto-Regulamentao Publicitria) no temefetuado nenhum controle da publicidade oficial. Em 1980, o CONAR aprovou o

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    Cdigo Brasileiro de Auto-Regulamentao Publicitria (CBAP), privada e estatal,durante o III Congresso Brasileiro de Propaganda, que foi confeccionado pela iniciativaprivada com a colaborao da Unio. Os princpios gerais, aplicveis s publicidadespblica e privada, esto relacionados nos arts. 19 a 43 do citado estatuto.

    Tambm na publicidade oficial, o agente pblico deve observar todos osprincpios administrativos (legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade,interesse pblico, etc.), sob pena de sua atuao caracterizar ato de improbidadeadministrativa.

    Os gastos excessivos e a realizao de publicidade, em desacordo com o 1., art. 37, CR, caracterizam atos de improbidade. Pinto FERREIRA(6), WolgranJunqueira FERREIRA(7) e Adilson Abreu DALLARI(8) entendem que esta a sanodo dispositivo a ser aplicada aos transgressores.

    O desrespeito aos limites estabelecidos para a publicidade pode configurar aprtica de crime(s) funcional(is), quando praticado(s) por pessoa(s) que exerce(m)

    funo(es) pblica(s), ainda que transitoriamente e sem remunerao(gratuitamente).

    O princpio republicano tem como corolrio o postulado da responsabilidadede todos perante a lei, especialmente, dos que exercem o poder estatal. Os atosinescrupulosos dos agentes pblicos e daqueles que concorrem para a prtica dosilcitos referentes publicidade oficial ensejam em sanes penais, administrativas,civis, polticas e eleitorais, aplicveis cumulativamente. A responsabilidade do agentesurge quando este extravasa, ultrapassa ou extrapola a competncia do rgo ou oslimites a serem observados. De acordo com o art. 125, RJU, as sanes civis, penaise administrativas podero cumular-se, sendo independentes entre si. No mesmosentido: Cdigo Civil (art. 1.525) e Cdigo de Processo Penal (arts. 65 e 66).

    O Poder Pblico pode utilizar todos os meios de comunicao e de divulgaopara veiculao da publicidade oficial. A norma constitucional no veda o uso denenhum instrumento publicitrio. Desde que a publicidade tenha por fim a educao, ainformao e a orientao da sociedade, e que no seja empregado nenhum sinal quecaracterize a promoo individual ou coletiva de agente(s) pblico(s), pode-se veiculara propaganda pblica por qualquer meio regular e racional. Pode ser veiculada pormeios sonoros, visuais, audiovisuais e impressos. A mdia falada, escrita e visual podeser empregada para atingir os fins visados pelo Poder Pblico.

    O agente pblico deve agir com bom senso, utilizando os meios regulares e

    eficazes, pois cada mensagem publicitria pode alcanar sua finalidade semnecessidade de manuseio de todos os veculos e meios de propaganda. A publicidadeoficial deve observar o princpio da razoabilidade, ou seja, ser racional edirecionada, evitando-se desperdcios das rendas pblicas.

    Os instrumentos utilizados pela publicidade so bastante variados. A cadadia, novas formas so criadas, outras modificadas. No aconselhvel ao legisladorenumerar taxativamente todas as hipteses possveis de divulgao, pois acriatividade humana ilimitada, tornando obsoleta a legislao. Esta variao decorreda forma de veiculao publicitria e da evoluo tecnolgica. Atualmente, j se podeutilizar as redes de computadores (INTERNET, por exemplo) e outros instrumentospropagandsticos, retransmitidos, tambm, via satlite.

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    De acordo com o 1., art. 37, CR, a publicidade dever ter carter educativo,informativo ou de orientao social. A veiculao de publicidade institucional com fimdiverso destes configura desvio de finalidadee desrespeito ao princpio da legalidadeadministrativa. SCHIMER e GEBRAN NETO(9), verificaram:

    "Em funo disto, a propaganda estatal com intuito promocional j era ilegal antesmesmo da Constituio Federal de 1988, pois o ato administrativo que determina aveiculao de publicidade com o fimde promover determinada pessoa, a todaevidncia, no tem qualquer interesse pblico, sendo, portanto, um ato administrativoimpregnado do vcio do desvio de finalidade, e, por conseqncia, um atoadministrativo nulo".

    A publicidade oficial sofre diversas restries, algumas inseridas no TextoFundamental, como visto anteriormente. Para Judith Martins COSTA(10), a "atuaoda Administrao Pblica na divulgao de suas realizaes subordina-se, pois,incontestavelmente, aos valores da democracia e da conformao ao direito noslimitestraados pela norma do art. 37, 1.". Entretanto, a maioria das vedaes, aque esto sujeitas tanto a publicidade pblica quanto a privada, se encontram nalegislao ordinria e constitucional.

    A atividade publicitria tem seus princpios gerais, aplicveis a todos asmodalidades de publicidade, especialmente comercial ou mercadolgica. Algunsdestes princpios so aplicveis, tambm, publicidade oficial. De acordo com JosMaria Martin OVIEDO(11), "el Estatuto de la Publicidad establece cuatro principiosgeneralesa lo que debe someterse la actividad publicitaria. Son stos, de acuerdo conla enumeracin general contenida en el artculo 6 del Estatuto: 1) El principio delegalidad; 2)El principio de veracidad; 3) El principio de autenticidad, y 4)El principiode libre competencia".

    O Decreto n. 2.004, de 11 de setembro de 1996, que revogou os Decretos ns.785/93 e 921/93, exige o procedimento licitatrio, determinando, no art. 14, que acontratao de agncia de propaganda obedecer a legislao em vigor,especialmente, quanto licitao.

    Os gastos com publicidade devem estar previstos no oramento do rgopblico, sob pena de desrespeito ao princpio da legalidade. A falta de verbas pblicasenseja em restrio econmica para veiculao publicitria. Vultosas quantias sogastas anualmente pela Administrao Direta e Indireta para divulgao das obras,servios, campanhas, projetos, etc. Para Judith Martins COSTA(12),

    "tal prtica, alm de afrontar o art. 37, 1. da Constituio atinge, igualmente, osprincpios da moralidade e razoabilidade administrativas, ferindo aindaa economicidade, de forma a ensejar plenamente a responsabilidade doadministrador ou do agente poltico".

    Nos anos eleitorais h um substancial acrscimo da publicidade veiculada,demonstrando que os interesses pessoais e eleitorais esto acima dos interessesociais.

    Os smbolos oficiais podem ser veiculados na publicidade pblica. atrecomendvel, pois facilitam a identificao e distino, quase sempre necessria parao alcance de seus fins. Os smbolos oficiais devem ser escolhidos mediante

    procedimento administrativo de licitao, da modalidade concurso.

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    Todos as atividades dos rgos pblicos podem ser divulgadas, salvo asrestringidas pelo ordenamento jurdico, como as de carter sigiloso; as que o interessepblico determinar; e as restringidas por algum direito ou garantia constitucional. Cabeao poder pblico verificar a convenincia ou no de dar publicidade aos atos cujadivulgao no seja obrigatria. A Administrao no pode ser compelida a divulgaratos sigilosos; que desrespeitem direitos e garantias constitucionais ou queproporcionem privilgios aos que tiverem prvio conhecimento da informao (planoseconmicos, interveno extrajudicial, medidas provisrias, etc.).

    O Direito Positivo Brasileiro est na vanguarda mundial, sendo o primeiro pasa velar, em nvel constitucional, por uma correta, honesta, moral e legal publicidadepblica. Entretanto, o dispositivo moralizante no tem conseguido atingir seus fins,devido mentalidade arcaica, vaidosa e egocntrica dos agentes pblicos queinsistem em descumpri-lo. A disposio fundamental resultante do uso desregradoda publicidade estatal, em todas as searas da Administrao Pblica e no mbito dosPoderes Estatais.

    No Direito Comparado no se tem conhecimento de nenhuma disposio quetenha o mesmo sentido ou finalidade delineada na Constituio Brasileira. Em nvelordinrio possvel que exista alguma previso. preciso reconhecer que estapreocupao do legislador constituinte reflexo de fatos internos e no da experinciae da legislao aliengena, geralmente buscadas e adequadas realidade nacional.

    A LEI ELEITORAL

    A legislao eleitoral, em consonncia com o art. 37, 1 da ConstituioFederal consagra vrios dispositivos, restringindo a publicidade oficial. A Nova LeiEleitoral (Lei federal n 9.504, de 30.09.97) trata do assunto. Vejamos:

    "Art . 36. A propaganda eleitoral somente permitida aps o dia 05 de julho doano da eleio".

    " 1Ao postulante a candidatura a cargo eletivo permitida a realizao, naquinzena anterior escolha pelo partido, de propaganda intrapartidria com vista indicao de seu nome, vedado o uso de rdio, televiso e outdoor.

    " 2No segundo semestre do ano da eleio, no ser veiculada a propagandapartidria gratuita prevista em lei nem permitido qualquer tipo de propaganda polticapaga no rdio e na televiso.

    " 3A violao do disposto neste artigo sujeitar o responsvel pela divulgaoda propaganda e, quando comprovado seu prvio conhecimento, o beneficirio, multa no valor de vinte mil a cinqenta mil UFIR ou equivalente ao custo dapropaganda, se este for maior.

    ...............

    "Art. 40O uso, na propaganda eleitoral, de smbolos, frases ou imagens,associadas ou semelhantes s empregadas por rgo de governo, empresa pblica ousociedade de economia mista constitui crime, punvel com deteno, de seis meses aum ano, com a alternativa de prestao de servios comunidade pelo mesmoperodo, e multa no valor de dez mil a vinte mil UFIR.

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    ...............

    "Art. 73 So proibidas aos agentes pblicos, servidores ou no, as seguintescondutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitoseleitorais:

    (omissis)

    II - usar materiais ou servios, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas,que excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos rgos queintegram;

    (omissis)

    VI - nos trs meses que antecedem o pleito:

    (omissis)

    b) com exceo da propaganda de produtos e servios que tenham concorrnciano mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, servios ecampanhas dos rgos pblicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivasentidades da administrao indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidadepblica, assim reconhecida pela Justia Eleitoral;

    c) fazer pronunciamento em cadeia de rdio e televiso, fora do horrio eleitoralgratuito, salvo quando, a critrio da Justia Eleitoral, tratar-se de matria urgente,relevante e caracterstica das funes de governo;

    VII - realizar, em ano de eleio, antes do prazo fixado no inciso anterior,despesas com publicidade dos rgos pblicos federais, estaduais ou municipais, oudas respectivas entidades da administrao indireta, que excedam a mdia dos gastosnos trs ltimos anos que antecedem o pleito ou do ltimo ano imediatamente anterior eleio;

    (omissis)

    " 1Reputa-se agente pblico, para os efeitos deste artigo, quem exerce, aindaque transitoriamente ou sem remunerao, por eleio, nomeao, designao,contratao ou qualquer outra forma de investidura ou vnculo, mandato, cargo,

    emprego ou funo nos rgos ou entidades da administrao pblica direta, indireta,ou fundacional.

    (omissis)

    " 3As vedaes do inciso VI do caput, alneas b e -seapenas aos agentes pblicos das esferas administrativas cujos cargos estejam emdisputa na eleio.

    " 4O descumprimento do disposto neste artigo acarretar a suspensoimediata da conduta vedada, quando for o caso, e sujeitar os responsveis a multano valor de cinco a cem mil UFIR.

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    " 5No caso de descumprimento do inciso VI do caput, sem prejuzdisposto no pargrafo anterior, o agente pblico responsvel, caso seja candidato,ficar sujeito cassao do registro.

    " 6As multas de que trata este artigo sero duplicadas a cada reincidncia.

    "7As condutas enumeradas no caput caracterizam, ainda, ats deimprobidade administrativa, a que se refere o art. 11, inciso I, da Lei n 8429, de 02 dejunho de 1992, e sujeitam-se s disposies daquele diploma legal, em especial scominaes do art. 12, inciso III.

    " 8Aplicam-se as sanes do 4 aos agentes pblicos responsveis pelascondutas vedadas e aos partidos, coligaes e candidatos que delas se beneficiarem.

    ..............

    "Art . 74Configura abuso de autoridade, para os fins do disposto no art. 22 da LeiComplementar n 64, de 18 de maio de 1990, a infringncia do disposto no 1 do art.37 da Constituio Federal, ficando o responsvel, se candidato, sujeito aocancelamento do registro de sua candidatura.

    ...............

    "Art . 78 A aplicao das sanes cominadas no art. 73, 4 e 5, dar-se-sem prejuzo de outras de carter constitucional, administrativo ou disciplinar fixadaspelas demais leis vigentes."

    O art. 96 da Nova Lei Eleitoral, estabelece, como regra, que "as

    reclamaes ou representaes relativas ao seu descumprimento podem ser feitas porqualquer partido poltico, coligao ou candidato, e devem dirigir-se: I - aos JuzesEleitorais, nas eleies municipais; II - aos Tribunais Regionais Eleitorais, nas eleiesfederais, estaduais e distritais; III - ao Tribunal Superior Eleitoral, na eleiopresidencial".

    CONSIDERAES FINAIS

    Os Poderes Pblicos devem utilizar, na publicidade oficial, somente smbolos

    oficiais (bandeira, braso, armas e hino), de modo correto e impessoal, e o nome doente e/ou rgo pblico (Governo Federal ou Estadual ou Municipal, Prefeitura ouCmara Municipal, Ministrio ou Secretaria de Educao, de Sade, do Trabalho, etc)na veiculao de suas atividades.

    Os servidores pblicos, as autoridades e/ou candidatos a cargos eletivosdevem observar as disposies constitucionais (art. 37, 1, CF/88) e legais (arts. 36,40, 73, 78, da Lei n 9.504, de 30.09.97), esforando-se no cumprimento da legislao,sob pena de serem responsabilizados administrativa, civil, eleitoral, penal epoliticamente.

    A jurisprudncia dos Tribunais de Justia dos Estados e do Distrito Federal,

    bem como dos Tribunais Regionais Eleitorais tem se consolidado no sentido da fielobservncia dos dispositivos constitucionais e legais citados. Atualmente o Tribunal

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    Superior Eleitoral est analisando o tema, sendo que j se posicionou, em medidaliminar, pela vedao do uso de slogans na publicidade institucional.

    Apesar de prescindir de regulamentao especfica, a publicidade oficial deveser regulamentada. O legislador tem que limit-la (territorial, econmica, temporal,etc), realizando a vontade explicitada pela Constituio Nacional. A legislaoprocessual civil deve estabelecer a inverso do nus da prova nas aes referentes publicidade oficial, em favor do agente do controle (autor), como forma de estmulo docontrole judicial, evitando-se, tambm, a improcedncia das aes por precariedadede provas.

    Os Poderes Pblicos devem utilizar somente smbolos oficiais, de modocorreto, e o nome dos rgos pblicos na veiculao de suas atividades, atravs dapublicidade oficial, esforando-se no cumprimento da disposio constitucional e naregularidade daquela.

    A disciplina DIREITO PUBLICITRIO(13) deve ser ministrada nos cursos

    jurdicos, de comunicao social (jornalismo) e de publicidade (propaganda),preferencialmente.

    Enfim, devemos, como forma de amadurecimento do Estado Democrtico deDireito, desenvolver atividades visando, sempre, o cumprimento da vontade daConstituio.

    NOTAS

    1. O Poder de Polcia tambm cabe ao Municpio ou Distrito Federal,que pode, inclusive, autuar, notificar, impor sanes (obrigaes de fazer ou no fazer)

    e multar os infratores. Ver Jornal "Folha de S. Paulo", Prefeitura de So Jos autuaFora Sindical, Caderno dinheiro, So Paulo, 04.11.95, pg. 2-8.

    2. MAZZILLI, Hugo Nigro. Parecer,in Justitia 148, So Paulo, 1989, p.202.

    3. SCHIMER, Mrio Srgio Albuquerque, e GEBRAN NETO, JooPedro. Publicidade Estatal na Constituio Federal de 1988, in RDP 97, Ano 24, SoPaulo, p. 204.

    4. COSTA, Judith Martins. Publicidade e Ao Administrativa, in RDP

    97, Ano 24, So Paulo, p. 169.

    5. DALLARI, Adilson Abreu. Divulgao das atividades daAdministrao Pblica - Publicidade administrativa e propaganda pessoal, in RDP 98,Ano 24, So Paulo, p. 247.

    6. FERREIRA, Pinto. Comentrios Constituio Brasileira,2. vol.,So Paulo, Saraiva, 1990, p. 395.

    7. FERREIRA, Wolgran Junqueira. Comentrios Constituio de1988,Campinas, Julex, 1989, p. 474.

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    8. DALLARI, Adilson Abreu. op. cit., in RDP 98, Ano 24, So Paulo, p.247.

    9. SCHIMER e GEBRAN NETO. op. cit., in RDP 97, Ano 24, So Paulo,p. 203.

    10. COSTA, Judith Martins. op. cit., in RDP 97, Ano 24, So Paulo, p.168.

    11. OVIEDO, Jose Maria Martin. Curso de Derecho PublicitarioEspaol, Madrid, Aldus, 1975, p. 32 e ss..

    12. COSTA, Judith Martins. op. cit., in RDP 97, Ano 24, So Paulo, p.169.

    13. A respeito do Direito Publicitrio, este ramo do direito j se encontrabem delineado, quanto publicidade comercial, na Espanha, onde existem obrasespecficas, destacando-se: OVIEDO, Jos Maria Martin. Curso de DerechoPublicitrio Espaol, Madrid, Aldus, 1975; e RUTE, Jos Maria de la Cuesta. RegmenJurdico de la Publicidad, Madrid, Tecnos, 1974. Em Portugal, eleva-se a obra de JooM. LOUREIRO: Direito da Publicidade, Casa Viva, 1981. No Brasil, uma das obrasprincipais a de autoria de Hermano DURVAL:A Publicidade e a Lei, So Paulo,Revista dos Tribunais, 1975. OVIEDO define " Derecho publicitario comel conjuntode normas jurdicas que tienen por objeto directo regular la actividad publicitaria"(ob.cit., p. 13).

    Anildo Fabio de Araujo

    Procurador da Fazenda Nacional, categoria especial. Especialista em "Ordem Jurdica

    e Ministrio Pblico" pela Escola Superior do Ministrio Pblico do Distrito Federal, e

    em "Direito Processual Civil" pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual - Instituto

    Brasiliense de Ensino e Pesquisa. Doutorando em Cincias Jurdicas e Sociais na

    Universidad del Museo Social Argentino - UMSA - Buenos Aires, Argentina.

    http://jus.com.br/946320-anildo-fabio-de-araujo/publicacoeshttp://jus.com.br/946320-anildo-fabio-de-araujo/publicacoes