publico.25.11.2015
DESCRIPTION
Jornal Publico - 25.11.2015TRANSCRIPT
6d70bb08-85cc-4bd3-8934-da93bab53dff
A percentagem da despesa dos privados, sobretudo das famílias, é a mais alta da UE (45,7%), segundo relatório que avalia 46 países p14/15
Aviões turcos abatem Su-24 na fronteira com a Síria. Ancara diz que caça violou o seu espaço aéreo, Moscovo diz que não saiu da Síria p26
Devido a compras feitas de 2006 a 2008, o BdP tem uma das exposições mais elevadas entre todos os bancos centrais da zona euro p20
Portugal à frente no peso dos gastos das famílias no superior
Turquia abate caça russo e Putin diz que foi facada nas costas
Combate de Costa começa agora“Indicado” primeiro--ministro por Cavaco Silva, o líder do PS chefi a governo com 17 ministros, dos quais só quatro são mulheres. Deve tomar posse amanhã e o seu destino passa em grande parte pelo Parlamento Destaque, 2 a 13 e Editorial
ENRIC VIVES-RUBIO
QUA 25 NOV 2015EDIÇÃO LISBOA
TERRORISMOBÉLGICA PROCURA CÚMPLICE DO FUGITIVO DE PARIS E CAPTURA NOVO SUSPEITOMundo, 24/25
Ano XXVI | n.º 9355 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos
ISNN:0872-1548
HOJE Bernard Prince 3.º álbum: A Fronteira do Inferno Por + 5,40€
Banco de Portugal muito exposto à dívida grega
António Costa ontem no Palácio de Belém, antes do encontro com o Presidente da República
USPEITOundo, 24/25
2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
A procuradora adjunta
Francisca Van Dunem é a
primeira negra a integrar
um Governo em Portugal,
ao ocupar a pasta da
Justiça, no XXI Governo
Constitucional, apresentado ontem
pelo líder do PS, António Costa, ao
Presidente da República, Cavaco
Silva. O ineditismo do elenco gover-
nativo passa também pelo facto de
o próprio chefe do executivo ser um
português de origem goesa.
Se ao nível da origem étnica dos
ministros o Governo de António Cos-
ta inova, o mesmo já não se pode di-
zer no que respeita à igualdade de
género. Num total de 17 ministérios,
apenas quatro são tutelados por mu-
lheres: Francisca Van Dunem, minis-
tra da Justiça; Maria Manuel Leitão
Marques, ministra da Presidência
e da Modernização Administrativa;
Ana Paula Vitorino, ministra do Mar;
e Constança Urbano de Sousa, minis-
tra da Administração Interna.
O anterior executivo, liderado por
Passos Coelho e derrubado no Parla-
mento a 10 de Novembro pela moção
de rejeição ao programa de Governo,
apresentada pelo PS e aprovada tam-
bém pelo BE e pelo PCP, tinha quatro
mulheres em 15 membros, ou seja,
em proporção era mais igualitário do
que o novo executivo socialista.
Europa no MNEO escasso número de mulheres no
novo Governo está associado a uma
das baixas de relevo logo no pro-
cesso de formação do executivo. A
eurodeputada do PS Elisa Ferreira
chegou a ser pensada como minis-
tra dos Assuntos Europeus, um dos
ministérios transversais que António
Costa chegou a anunciar, ao lado do
do Mar e do da Reforma Administra-
tiva, duas áreas que serão fulcrais na
acção governativa.
No organograma fi nal do executi-
vo, os Assuntos Europeus passam a
secretaria de Estado, integram a ges-
tão dos fundos comunitários e fi cam
na tutela do ministro dos Negócios
Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
a estes sectores, qualquer que seja o
departamento de Estado em que te-
nham de interferir. São eles o Minis-
tério da Presidência e Modernização
Administrativa, ocupado por Maria
Manuel Leitão Marques, e o do Mar,
liderado por Ana Paula Vitorino.
Refi ra-se que o pendor político e
combativo do Governo leva a que
haja um ministro adjunto, lugar
ocupado por Eduardo Cabrita, que
já trabalhou com António Costa e é
seu próximo desde a universidade.
Cabrita deverá tutelar a Secretaria de
Estado da Igualdade. O peso político
do perfi l do Governo é completado
com a frente parlamentar em que Pe-
dro Nuno Santos ocupa o cargo de
secretário de Estado dos Assuntos
Parlamentares, e onde o presidente
do PS, Carlos César, é líder parlamen-
tar, tendo este lugar sido classifi cado
já por António Costa como o “núme-
ro dois do Governo”.
Oito estreiasEntre os que se estreiam neste exe-
cutivo em funções governativas
estão o professor de Direito Inter-
nacional e antigo presidente da En-
tidade Reguladora para a Comuni-
cação, Azeredo Lopes, especialista
em Direitos Humanos em confl itos
internacionais, que ocupa o lugar de
ministro da Defesa, e o ex-presiden-
te da Câmara de Lisboa João Soares,
que surge como ministro da Cultura,
depois de ter sido uma hipótese na
Defesa. A opção de ter João Soares
na Cultura justifi ca-se com o peso
político que António Costa quer dar
a este ministério.
Nos que pela primeira vez inte-
gram um Governo, confirma-se
Mário Centeno, como ministro das
Finanças, e Manuel Caldeira Cabral,
como ministro da Economia. Confi r-
madas também estão as escolhas de
Tiago Brandão Rodrigues para mi-
nistro da Educação e a de Adalberto
Campos Fernandes para ministro
da Saúde.
O Governo de António Costa tem
alguns regressados. Capoulas Santos
volta a ser ministro da Agricultura,
tendo no Parlamento Europeu sido
responsável pela elaboração do últi-
mo relatório sobre a Política Agríco-
NOVO GOVERNO
Governo de combate político coloca Assuntos Europeus nos Negócios EstrangeirosAssuntos Europeus fi cam no Ministério dos Negócios Estrangeiros e apenas o Mar e a Modernização Administrativa são ministérios transversais. Em 17 ministros, só quatro são mulheres. Posse deverá ocorrer amanhã
São José AlmeidaSerão assumidos por Margarida Mar-
ques, dirigente do PS e antiga alta
funcionária da União Europeia. Por
sua vez, a escolha de Santos Silva,
que assim volta ao Governo depois
de ter integrado as equipas de Antó-
nio Guterres e de José Sócrates, deve-
se a razões políticas que se prendem
com a necessidade de o responsável
pelo Palácio das Necessidades ser al-
guém com forte perfi l político e capa-
cidade de debate e de argumentação
política, precisamente pelo facto de
ir ser a cara de Portugal junto das
instituições da União Europeia.
A importância do enquadramento
europeu de Portugal está também
na origem da escolha de Constança
Urbano de Sousa, especialista em
justiça europeia, segurança interna,
imigração e asilo, para ocupar a pasta
da Administtração Interna.
Ainda que Assuntos Europeus
não seja ministério transversal, co-
mo estava projectado por António
Costa, há dois outros ministérios
cujas ministras terão competências
transversais a todo o Governo e com-
petências sobre tudo o que respeite
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESTAQUE | 3
pedido anteontem a António Cos-
ta sobre o conteúdos dos acordos
de apoio parlamentar ao Governo,
Cavaco afi rma: “O Presidente da
República tomou devida nota da
resposta do secretário-geral do PS
às dúvidas suscitadas pelos docu-
mentos subscritos com o BE, o PCP
e o PEV quanto à estabilidade e du-
rabilidade de um Governo minori-
tário do PS, no horizonte temporal
da legislatura.”
O novo primeiro-ministro prepa-
ra-se assim para ter a sua primeira
performance internacional na Cimei-
ra do Clima, que se realiza em Paris
na segunda-feira. Ainda na sexta-fei-
ra ou no início da próxima semana
deverá dar entrada na Assembleia
da República o Programa de Gover-
no, cujo debate deverá decorrer até
dia 4 de Dezembro .
A nível nacional, as prioridades de
António Costa serão a preparação
do próximo Orçamento do Estado
para 2016, bem como dossiers con-
siderados urgentes pelo primeiro-
ministro indigitado: transportes
públicos, TAP e Novo Banco.
O PS mostrou-se ontem con-
fi ante numa melhor relação
com Cavaco Silva e disse es-
perar “bom senso” de todas
as instituições. Não deve-
rá é contar com o apoio do
PSD. Os sociais-democratas declara-
ram ser “contra” o novo Governo.
E o CDS-PP assumiu frontalmente
discordar da decisão do Presidente
da República.
Foi a primeira expressão de satisfa-
ção em semanas que o PS teve relati-
vamente a uma decisão presidencial.
Satisfeito com a indigitação de Antó-
nio Costa, o presidente do PS, Carlos
César, disse confi ar no “bom senso”
de “todas as instituições”, que “de-
corre das condições para que esta
alternativa fosse a mais credível”.
A posição foi transmitida depois de
ser questionado sobre um possível
veto de Cavaco Silva ao Orçamento
do Estado para 2016. Carlos César
disse esperar que o relacionamento
institucional entre o futuro Gover-
no, a Assembleia da República e o
Presidente “seja o melhor, porque
o país vive uma situação de grande
fragilidade”.
Excluindo a apresentação de uma
moção de confi ança no Governo so-
cialista, o também líder parlamen-
tar do PS garantiu que uma even-
tual moção de censura por parte
do PSD/CDS será rejeitada pela es-
querda parlamentar em resultado
dos acordos.
Uma perspectiva mais optimista
sobre o futuro relacionamento com
o Presidente da República também
foi deixada pelo líder parlamentar do
PCP, João Oliveira. “Esperamos que
esta lógica de confronto, de nomear
um governo que não tinha condições
para governar, seja abandonada e
que a Assembleia possa exercer as
suas competências”, disse João Oli-
veira, depois de questionado sobre se
espera problemas com Cavaco Silva.
Noutro registo, a coordenadora do
Bloco de Esquerda, Catarina Martins,
preferiu salientar a nova fase que se
inicia. “Pela parte do BE seremos a
garantia e o compromisso pelos sa-
lários e pensões, segurança social,
saúde e educação”. E prometeu um
PS espera que relação com o Presidente seja agora a melhor
país “mais justo”, em declarações
aos jornalistas na sede do partido,
em Lisboa.
Nas bancadas à direita, que agora
passam à oposição, o tom do PSD e
do CDS foi duro, mas com nuances.
Marco António Costa, vice-presi-
dente do PSD, fez uma declaração
de não apoio à “solução de recurso”.
“Não queremos deixar de sublinhar
que esta nova solução de Governo
não conta com o nosso apoio políti-
co, apenas responsabilizando o PS
e os partidos da esquerda radical
que com ele se comprometeram
para sustentar politicamente o fu-
turo Governo no Parlamento, disse
o dirigente, depois de assumir que
respeita a decisão de Cavaco Silva.
O CDS adoptou uma posição mais
dura face à decisão de Cavaco Silva.
Assumiu que “tem e mantém uma
discordância de fundo” quanto à
indigitação de António Costa. “É a
primeira vez, em 40 anos de demo-
cracia, que o perdedor das eleições
é indigitado primeiro-ministro” e é a
primeira vez que “a maioria relativa
que os portugueses escolheram em
eleições é impedida de governar”,
afi rmou Nuno Magalhães, líder da
bancada, que não esteve disponível
para responder a perguntas. O CDS
considera “incompreensível” que o
PS não divulgue a carta de resposta
que enviou ao Presidente e defen-
de que a missiva deveria ser pública
“em nome da transparência demo-
crática”.
Opositor desde a primeira hora da
estratégia de António Costa, o eu-
rodeputado do PS Francisco Assis
vai deixar as suas críticas em banho-
maria e concentrar-se exclusivamen-
te no Parlamento Europeu. Assume
que a divergência com a actual di-
recção do partido “é total”, mas As-
sis, que liderou recentemente uma
corrente crítica e alternativa no PS,
não pretende assumir uma atitude
de guerrilha. Pelo menos para já.
Sofia Rodrigues
Assis assume divergência “total” com a direcção do PS, mas vai focar-se no Parlamento Europeu
la Comum. Vieira da Silva regressa
ao Ministério do Trabalho, Solida-
riedade e Segurança Social. Entre
os novos ministros mas que foram
secretários de Estado anteriormente
sublinhe-se a escolha do ministro do
Ambiente, João Pedro Matos Fernan-
des, do ministro da Ciência, Manuel
Heitor, e do ministro do Trabalho,
da Solidariedade e da Segurança So-
cial, Pedro Marques.
Em Paris, pelo climaO Governo de António Costa poderá
tomar posse já amanhã. Isto porque
o Presidente da República tem uma
deslocação a Elvas programada para
sexta-feira. A marcação da cerimó-
nia cabe a Cavaco Silva, que ontem
de manhã voltou a receber António
Costa para o indigitar primeiro-mi-
nistro.
No comunicado que emitiu em
seguida, o Presidente justifi cou a
opção por indigitar António Costa
com o argumento de que “as infor-
mações recolhidas nas reuniões com
os parceiros sociais e instituições e
personalidades da sociedade civil
Presidente justificou a indigitação de Costa com o argumento de que as personalidades auscultadas confirmaram que a manutenção do actual Governo em gestão não serviria o interesse nacional
Desta vez, António Costa saiu de Belém mandatado para formar Governo
ENRIC VIVES-RUBIO
confi rmaram que a continuação em
funções do XX Governo Constitu-
cional, limitado à prática dos actos
necessários para assegurar a gestão
dos negócios públicos, não corres-
ponderia ao interesse nacional”.
Já sobre as clarifi cações que tinha
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
NOVO GOVERNO
Não faltou propriamente
tempo ao secretário-geral do
PS para, desde que a solução
governativa de esquerda se
tornou plausível, há cerca
de mês e meio, preparar a
sua equipa. Estes são os 17 ministros
escolhidos por António Costa.
Um europeísta, polémico, vai chefiar a diplomaciaAugusto Santos Silva, ministro
dos Negócios Estrangeiros
Filho de enfermeiros, começou a
sua vida política como animador
cultural da Comissão de Morado-
res da Ramada Alta, no Porto. Aos
58 anos, é um dos mais experientes
ministros deste Governo. Foi secre-
tário de Estado da Administração
Educativa (1999-2000), ministro da
Educação (de 2000/2001), ministro
da Cultura (2001/2002), dos Assun-
tos Parlamentares (2005/2009) e da
Defesa (2009/2011). Integrou o “nú-
cleo político” dos executivos de José
Sócrates. É adepto do Salgueiros,
professor universitário (da Faculda-
de de Economia da Universidade do
Porto), especialista em Sociologia
da Cultura Contemporânea, foi cro-
nista do PÚBLICO e comentador da
TVI, de onde saiu agastado com a
estação. As suas críticas são, em re-
gra, duras. Gosta de polémicas. Em
2010 escreveu um livro chamado Os
Valores da Esquerda Democrática,
em que afi rmava que o diálogo do PS
com a sua esquerda não deveria ser
“preferencial”. A sério? “Sim [risos].
Espero boa polémica a esse propósi-
to...”, respondeu, divertido. Agora
que vai chefi ar a política externa,
aqui fi ca um sinal do que pensava,
em plena crise do euro: “Portugal
não pode fazer outra coisa que não
seja o consenso na Europa e na zona
Composição do novo Governo
Fonte: Presidência da República; PÚBLICO
António CostaPrimeiro-ministro
Mário CentenoMinistro das Finanças
Augusto Santos SilvaMinistro dos NegóciosEstrangeiros
José António Vieira da SilvaMinistro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social
Pedro MarquesMinistro do Planeamento e Infraestruturas
Adalberto Campos FernandesMinistro da Saúde
Manuel Caldeira CabralMinistério da Economia
Mariana Vieira da SilvaSec. de Estado Adjuntado Primeiro-Ministro
Pedro Nuno SantosSec. de Estado dosAssuntos Parlamentares
Miguel Prata RoqueSec. de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Ana Paula VitorinoMinistra do Mar
João Pedro Matos FernandesMinistro do Ambiente
Capoulas SantosMinistro da Agricultura
M.ª Manuel Leitão MarquesMinistra da Presidência e Modernização Administrativa
Margarida MarquesSec. de Estado dosAssuntos Europeus
Azeredo LopesMinistro da Defesa
Constança Urbano de SousaMinistra da Administração Interna
Francisca Van DunemMinistra da Justiça
Eduardo CabritaMinistro Adjunto
João SoaresMinistro da Cultura
Manuel Valsassina HeitorMinistro da Ciência
Tiago Brandão RodriguesMinistro da Educação
Muitas caras conhecidas que conhecem os cantos aos ministérios
Regressam alguns antigos ministros e secretários de Estado que deixaram boa impressão quando passaram pelo Governo. Outros nomes são estreias cujo valor político nunca foi aferido
euro. Nós queremos Europa, que-
remos o euro, faremos o que for
necessário. Com a simplicidade e
a clareza que as linhas políticas de-
vem ter.” P.P.
De “ministro-sombra” a ministro das FinançasMário Centeno,
ministro das Finanças
Era um quase-desconhecido até An-
tónio Costa o ir buscar para coorde-
nar o cenário macroeconómico do
PS, mas rapidamente se tornou num
“ministro-sombra” das Finanças. O
papel que assumiu nos últimos me-
ses, em particular nas negociações
do PS com os partidos à esquerda,
colou-lhe à pele ainda mais essa fi gu-
ra. Mário Centeno, prestes a comple-
tar 49 anos, doutorado em Economia
pela Universidade de Harvard, fez
carreira no Banco de Portugal. Entre
2004 e 2013 foi director adjunto do
Departamento de Estudos Económi-
cos, até Carlos Costa o indicar como
conselheiro especial depois de o eco-
nomista tentar, sem sucesso, chegar
à liderança daquele importante de-
partamento. É especialista na área
do trabalho. Quando António Costa
o chamou, foi de imediato cunhado
como “liberal”, um “rótulo” em que
não se revê. “Culturalmente, sou de
esquerda”, comentava recentemente
à Visão. Nas últimas semanas, des-
dobrou-se em declarações a garantir
que Portugal vai cumprir as metas
orçamentais. P.C.
Um independente próximo do PS na EconomiaManuel Caldeira Cabral,
ministro da Economia
É um regresso a casa. Manuel Caldei-
ra Cabral volta ao Ministério da Eco-
nomia, já não como assessor, mas
agora na qualidade de ministro, aos
47 anos. Professor na Universidade
do Minho, o economista esteve no
grupo de peritos que elaborou o ce-
nário macroeconómico do PS. Mas a
sua ligação aos socialistas é anterior
a isso. Não só foi assessor de Manuel
Pinho e de Teixeira dos Santos, como
fez parte do grupo de conselheiros
económicos de António José Seguro.
Durante o último Governo de Sócra-
tes, pertenceu ao Conselho para a
Promoção da Internacionalização
e participou no acompanhamento
da estratégia 2020. Não tem car-
tão de militante, mas a ligação ao
PS manteve-se. Nas legislativas, foi
o cabeça-de-lista por Braga, como
independente. Do grupo dos 12 eco-
nomistas, é um dos três que chegam
a ministro. Caldeira Cabral licenciou-
se em Economia na Nova de Lisboa,
tem mestrado em Economia Aplica-
da e doutoramento pela Universida-
de de Nottingham. P.C.
Ministro para continuar o legado de Mariano GagoManuel Heitor, ministro da
Ciência e do Ensino Superior
Aos 57 anos, Manuel Heitor torna-
se ministro da Ciência e do Ensi-
no Superior – pasta que conheceu
bem como secretário de Estado
entre 2005 e 2011, em que Maria-
no Gago foi o ministro dessas duas
áreas nos governos socialistas de
José Sócrates. Professor catedrá-
tico, Manuel Heitor era até agora
director do Centro de Estudos em
Inovação, Tecnologia e Políticas de
Desenvolvimento do Instituto Supe-
rior Técnico de Lisboa (IST). Foi no
IST que se licenciou em engenharia
mecânica, em 1981. Doutorou-se no
Imperial College em 1985. Depois,
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESTAQUE | 5
no IST, dedicou-se à mecânica de
fl uidos e combustão experimental
e interessou-se pelas políticas de
ciência. Estreou-se num governo
com o ministro Mariano Gago, co-
mo secretário de Estado da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior. Ga-
go, que morreu em Abril, já tinha
sido ministro da Ciência entre 1995
a 2002, nos governos de António
Guterres, e foi quem deu peso po-
lítico à ciência. Tinha escrito o livro
“Manifesto para a Ciência em Portu-
gal”, apresentado há 25 anos e que
era um programa de governo para
esta área. É a partir deste legado
que, durante 2015, Manuel Heitor
esteve envolvido em homenagens a
Mariano Gago e no lançamento de
um novo manifesto para a ciência
como desígnio nacional, no qual se
defende mais dinheiro público para
a ciência. Agora Manuel Heitor vai
decidir se vai desfazer muitas das
políticas científi cas dos últimos qua-
tro anos do governo Passos Coelho
– a começar pela avaliação muito
polémica da FCT aos centros de in-
vestigação (o programa eleitoral do
PS prometia uma nova avaliação) e a
acabar nos cortes nas bolsas. T.F.
O ministro da Educação que estudou o cancroTiago Brandão Rodrigues,
ministro da Educação
Quando António Costa o convidou
para integrar as listas do Partido
Socialista por Viana do Castelo às
legislativas de 4 de Outubro, Tiago
Brandão Rodrigues pensou em di-
zer que não. Foi esse “o primeiro
impulso”, confessou ao PÚBLICO,
em entrevista neste Verão. Aos 38
anos — e apesar de nunca ter sido
militante em nenhum partido —, o
cientista doutorado em Bioquímica
é o ministro da Educação do próxi-
mo Governo. Nasceu em Paredes
de Coura e sempre se considerou
“um homem de esquerda”. Madrid,
Dallas e Cambridge são cidades que
conhece bem: viveu, estudou e tra-
balhou em todas elas — 15 dos úl-
timos 16 anos foram passados no
estrangeiro, onde se dedicou a es-
tudar técnicas de detecção precoce
do cancro. Vê na escola pública e
na educação para todos dois “dos
pilares-mor da democracia”. Acre-
ditava que o PS conseguirá “criar as
condições para construir melhor”.
“Não temos que baixar as expectati-
vas de ter um Estado que as assista,
um Serviço Nacional de Saúde com
esperança e uma escola que as edu-
que.” A.M.H.
No Ambiente com uma encomenda em particular
João Pedro Matos Fernandes,
ministro do Ambiente
Com 47 anos, Matos Fernandes é en-
genheiro civil e já teve uma passagem
pelo Ministério do Ambiente, duran-
te o primeiro Governo de António
Guterres. Foi adjunto e depois chefe
de gabinete do secretário de Estado
Ricardo Magalhães, quando o am-
biente estava nas mãos da ministra
Elisa Ferreira, entre 1995 e 1999.
Não voltou a integrar os quadros
do ministério no segundo Governo
de Guterres, passando para o sector
privado, na Quaternaire Portugal,
uma consultora para projectos de
desenvolvimento local e regional.
Em 2005, assumiu o cargo de
vogal da Administração dos Portos
do Douro e Leixões (APDL), um mês
depois do regresso do PS ao Gover-
no, com José Sócrates. Entre 2008 e
2012 foi presidente da APDL.
Depois de uma passagem por Mo-
çambique, foi convidado a assumir
a presidência das Águas do Porto
em Janeiro de 2014, pelo recém-
empossado presidente da Câmara
Municipal, Rui Moreira. R.G.
Da Segurança Social para as Infra-estruturasPedro Marques, ministro do
Planeamento e Infra-Estruturas
As reformas da Segurança Social que
ajudou a implementar na altura do
primeiro Governo de José Sócrates,
quando foi secretário de Estado de
Vieira da Silva, são talvez o aspec-
to mais relevante do currículo do
economista que vai ser ministro do
Planeamento e Infra-Estruturas do
executivo liderado por António Cos-
ta. Com 39 anos, esteve nos dois go-
vernos de José Sócrates, e também
foi eleito deputado nas eleições de
2011, pelo distrito de Portalegre. Em
Outubro do ano passado, e numa
altura em que era vice-presidente
da bancada socialista e responsável
pelas áreas de orçamento e fi nan-
ças, renunciou ao cargo por razões
“profi ssionais”, para se dedicar à
actividade privada na área da con-
sultoria. Pedro Marques fez então
saber que suspendia a sua intenção
de se afastar da actividade política
activa, que lhe havia surgido mais
cedo, apenas para colaborar com o
esforço de vitória de António Costa,
quando este desafi ou Antonio José
Seguro para eleições primárias no
partido. L.P.
Simplexmente, ministra
Maria Manuel Leitão Marques,
ministra da Presidência e da
Modernização Administrativa
Toca piano e é especialista em Di-
reito Económico. Doutorada, com
agregação, e catedrática da Faculda-
de de Economia da Universidade de
Coimbra, tem 63 anos e é conhecida
por ter sido a criadora do Simplex,
o ambicioso plano de moderniza-
ção administrativa, cuja unidade de
missão coordenou, quando Antó-
nio Costa era ministro de Estado,
em 2005. Chegaria a secretária de
Estado da pasta. Nasceu em Que-
limane, Moçambique, mas aos 17
dias de idade já estava a caminho da
metrópole. Gosta de viajar. Já subiu,
de barco, todos os rios portugue-
ses navegáveis. Já teve um blogue
(Causa Nostra). A burocracia, diz,
“ameaça a nossa competitividade
internacional e o nosso bem-estar”.
De esquerda, do Benfi ca e da Aca-
démica, inscreveu-se no MES, logo
após o 25 de Abril, e terminou aí,
“sem grandes saudades”, a sua mi-
litância partidária. Agora ocupará
ma das pastas mais relevantes do
novo executivo. E garante que não
gosta “de falhar”. P.P.
O médico que é gestor
Adalberto Campos Fernandes,
ministro da Saúde
Médico, gestor e coordenador do
programa político do PS para a
área da Saúde, o nome de Adalberto
Campos Fernandes para esta pasta
da não surge como uma novidade.
Licenciado em Medicina e especia-
lista em Saúde Pública, o professor
da Escola Nacional de Saúde Pública
foi presidente do Centro Hospitalar
Lisboa Norte e do Hospital de Cas-
cais. De momento liderava a comis-
são executiva do SAMS, o sistema de
saúde dos bancários. Ficou conheci-
do por conseguir equilibrar as con-
tas. Menos de uma semana antes do
anúncio de que vai integrar o Gover-
no, defendeu a sua tese de doutora-
mento em Administração da Saúde,
dedicada a um tema muito actual:
“A combinação público–privado em
saúde”. Segundo descreveu o econo-
mista da Saúde Pedro Pita Barros, no
seu blogue, a dissertação “refl ecte a
experiência profi ssional” do minis-
tro, mas “a resposta não foi evasiva
(como poderia ter sido), tendo o au-
tor defendido que o sector privado
deve ter as características, incluindo
aqui a dimensão, que melhor sirva o
serviço público”. R.B.S.
A primeira mulher negra a chegar a ministra Francisca Van Dunem,
ministra da Justiça
Nasceu em Luanda há 60 anos e é a
primeira mulher negra a assumir o
cargo de ministra em Portugal. Co-
nhece a Justiça por dentro. Procu-
radora há mais de 30 anos, ocupou
nos últimos oito um dos cargos mais
importantes do Ministério Público,
como procuradora-geral distrital
de Lisboa. Dirigiu igualmente o De-
partamento de Investigação e Acção
Penal de Lisboa e esteve, nos anos
80, na Alta Autoridade Contra a Cor-
rupção. É casada com o professor
catedrático Eduardo Paz Ferreira.
“É uma magistrada altamente qua-
lifi cada e de uma honestidade a toda
a prova”, resume Pinto Nogueira,
antigo procurador-geral distrital do
Porto e seu amigo. O ano passado
concorreu ao Supremo Tribunal de
Justiça e ainda pode vir a tornar-se
juíza conselheira. A violência contra
os idosos e a violência doméstica são
dois temas que lhe são caros. Foi re-
presentante de Portugal no Comité
Europeu para os Problemas Crimi-
nais e no Observatório Europeu do
Racismo e da Xenofobia. Apesar das
funções de relevo, Van Dunem pri-
ma pela discrição. M.O. e A. H.
Um repetente na AgriculturaCapoulas Santos, ministro
da Agricultura
O novo ministro da Agricultura de
António Costa é um repetente no
cargo. Luís Manuel Capoulas Santos,
de 64 anos, foi titular deste minis-
tério entre 1998 e 2002, depois de,
entre 1995 e 1998, ter assumido a Se-
cretaria de Estado da Agricultura
17o número de ministros do Governo de António Costa. Cerca de metade dos ministros já integrou executivos do PS
4é o número de mulheres que integram o XXI Governo Constitucional, que não apostou claramente na paridade
NUNO FERREIRA SANTOS
c
6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
e do Desenvolvimento Rural e das
Pescas. O actual deputado do PS,
licenciado em Sociologia, tem tra-
balho feito no Parlamento Euro-
peu (PE), onde esteve entre 2004
e 2014, e pelo qual recebeu o pré-
mio de melhor deputado na área da
agricultura, atribuído pela revista
de actualidade política The Parlia-
ment, em grande medida devido ao
seu trabalho como relator da mais
recente reforma da Política Agrícola
Comum (PAC). O seu nome está em,
pelo menos, sete relatórios e reco-
mendações do PE.
Amigo de José Sócrates e um dos
mais infl uentes barões do PS no
Alentejo, Capoulas dos Santos é co-
nhecido pela sua capacidade nego-
cial e de diálogo. A sua boa relação
com a poderosa CAP (Confederação
da Agricultura Portuguesa), que con-
testou abertamente a formação de
um Governo apoiado pelo PCP e pe-
lo Bloco, pode ter sido determinante
para a sua escolha. A.R.S. e M.C.
Regresso à Segurança Social onde foi felizVieira da Silva, ministro
da Segurança Social
José António Vieira da Silva, 62
anos, regressa à Praça de Londres
para assumir o cargo de ministro
da Segurança Social e do Trabalho.
O até agora deputado já tinha ocu-
pado a pasta no primeiro Governo
de José Sócrates (2005-2009) e foi o
rosto da reforma da Segurança So-
cial de 2006, muito elogiada pelas
instituições internacionais. Embora
o programa de Governo do PS fale
na necessidade de diversifi car as
fontes de fi nanciamento da Segu-
rança Social e de discutir o assunto
na concertação social, nesse do-
mínio Vieira da Silva considera-se
“conservador”. Numa entrevista
ao PÚBLICO em 2014, o deputado
criticava um eventual alargamento
do desconto das empresas à riqueza
produzida. Já fazer depender a taxa
social única da natureza dos contra-
tos era considerada “uma medida
justa”. Licenciado em Economia e
professor universitário, no último
mandato de Sócrates foi ministro da
Economia (2009-2011). R.M.
Dos Transportes para o Mar
Ana Paula Vitorino,
ministra do Mar
Já desde a anterior liderança socia-
lista de António José Seguro que esta
deputada navegava pelos assuntos
do Mar. Foi uma das pessoas que
prepararam as matérias relacio-
nadas com o tema no documento
programático que Seguro apresen-
tou antes das eleições europeias. E
teve de partilhar essas competências
quando António Costa assumiu a li-
derança do PS. A sua relação com as
questões marítimas já vem de trás.
Com a sua passagem pela secretaria
de Estado dos Transportes teve de
tratar de temas paralelos. Essa tutela
fez sentido para quem é licenciada
em Engenharia Civil, com um mes-
trado em Transportes. Mas que foi
interrompida quando entrou em
confl ito com o seu ministro, Mário
Lino. Foi directora de uma revista
sobre o Mar, denominada Cluster
do Mar. Mas nestes primeiros me-
ses terá de convencer os peritos do
sector, que ainda a encaram como
uma nomeação suportada mais pela
confi ança política do futuro primei-
ro-ministro do que pela sua compe-
tência nesta área. N.S.L.
Da comunicação para a DefesaJosé Azeredo Lopes,
ministro da Defesa
O seu cargo mais mediático foi o de
presidente da ERC – Entidade Regu-
ladora para a Comunicação Social,
entre 2006 e 2011, precisamente
durante governos socialistas, po-
rém, é na área do Direito que José
Azeredo Lopes tem feito toda a sua
carreira académica. Actualmente é
chefe de gabinete do presidente da
Câmara do Porto, Rui Moreira, de
quem foi também o mandatário da
candidatura, em 2013. É comenta-
dor televisivo e em jornais e gosta
de se apresentar como boavisteiro.
Licenciou-se em 1984 na Faculdade
de Direito da Universidade Católi-
ca do Porto, onde se mantém como
professor. Foi ali que se doutorou
em Ciências Jurídico-Políticas com
a tese Entre Solidão e Intervencio-
nismo. Direito de Autodetermina-
ção dos Povos e Reacções de Estados
Terceiros, em 2002. Diplomado no
Institut Européen des Hautes Étu-
des Internationales (Nice) em 1985.
Participou em diversos grupos de
trabalho e missões internacionais
– foi relator das missões dos obser-
vadores internacionais da consulta
popular em Timor-Leste e do sector
judicial do Banco Mundial a Timor,
ambas em 1999. Em 2002, quando
foi convidado para integrar o grupo
de trabalho sobre o serviço público
de televisão, criado por Nuno Mo-
rais Sarmento (PSD), coordenado
por Helena Vaz da Silva. M.L.
Braço político de CostaEduardo Cabrita,
Ministro adjunto
A nomeação de Eduardo Cabrita
para ministro adjunto resulta mui-
to da proximidade e confi ança que
tem com o líder do PS. Foi colega
de António Costa na universidade e
seu secretário de Estado adjunto de
quando o futuro chefe de Governo
tutelou a Justiça no último Governo
de António Guterres. Depois disso,
esteve ainda no Governo de José
Sócrates, como secretário de Esta-
do adjunto, com a tutela da Admi-
nistração Local. A sua escolha para
um ministério sem pasta resulta da
intenção de Costa poder contar com
Cabrita para a gestão das questões
políticas no quotidiano do Governo.
As últimas vezes que o cargo surgiu
num organigrama governativo foi
com Santana Lopes, que nomeou
Rui Gomes da Silva para o cargo e
Durão Barroso, que escolheu José
Luís Arnaut para o posto. Com An-
tónio Guterres, o cargo pertenceu
primeiro a José Sócrates e depois a
António José Seguro. N.S.L.
Uma especialista em segurança e emigração
Constança Urbano de Sousa,
ministra da Administração
Interna
Constança Urbano de Sousa é uma
aposta pessoal de António Costa,
com quem este trabalhou quando
foi ministro da Administração Inter-
na, entre 2005 e 2007. Nas últimas
legislativas, Constança Urbano de
Sousa foi eleita deputada pelo círcu-
lo do Porto já com o objectivo de in-
tegrar o Governo no caso de António
Costa ser primeiro-ministro. Num
momento em que a Europa vive pro-
blemas como o terrorismo e os refu-
giados, António Costa aposta numa
especialista em assuntos de justiça,
segurança, asilo e emigração. Cons-
tança Urbano de Sousa é professo-
ra na Universidade Autónoma e foi
conselheira e coordenadora da Uni-
dade Justiça e Assuntos Internos da
Representação Permanente de Por-
tugal junto da União Europeia. Du-
rante a presidência portuguesa da
UE, presidiu ao Comité Estratégico
Imigração, Fronteiras e Asilo (CEI-
FA) da União Europeia. S.J.A.
A surpresa
João Soares, ministro
da Cultura
O nome de João Soares para minis-
tro da Cultura foi uma surpresa.
Depois da morte recente de Paulo
Cunha e Silva, vereador da Cultura
do Porto, ter afastado aquela que
era apontada como a solução mais
evidente para a pasta, António Cos-
ta faz regressar este socialista de 66
anos a um passado longínquo. No
currículo do fi lho de Mário Soares e
de Maria Barroso na área da gestão
da cultura destaca-se, entre 1990 e
1995, a vereação desse pelouro na
Câmara de Lisboa, que depois veio
a presidir (1995-2002). Como verea-
dor, deve-se a João Soares a criação
da Videoteca de Lisboa, em 1991, da
Casa Fernando Pessoa, em 1993, ou
a abertura ao público do Arquivo Fo-
tográfi co Municipal em 1994. Foi du-
rante o período em que foi vereador
que se deu Lisboa Capital Europeia
da Cultura em 1994, na altura pre-
sidida por Vítor Constâncio, numa
sociedade de capitais públicos que
juntava a autarquia e a Secretaria de
Estado da Cultura. João Soares foi o
primeiro dos apoiantes de António
José Seguro que saiu em defesa do
actual líder do PS, quando se come-
çava a desenhar o acordo à esquer-
da. Foi Costa, aliás, que o repescou
para as listas do PS. Uma leitura
possível é também a de que Soares
não chegou ao Ministério da Defesa
porque o futuro primeiro-ministro
deu prioridade à pasta da Cultura,
onde precisava de um peso pesado
para substituir a malograda hipótese
de Cunha e Silva. É com a profi ssão
de editor que aparece registado na
página do grupo parlamentar do PS.
Foi no fi nal de 1975 que João Soares
lançou, com Victor Cunha Rego, a
editora Perspectivas & Realidades,
da qual ainda hoje é proprietário,
e que inaugurou a sua actividade
com a publicação de O Triunfo dos
Porcos, de George Orwell, uma sá-
tira à União Soviética de Estaline.
I.S./L.C./L.M.Q.
Os “jovens turcos”
Tal como António Guterres fez con-
sigo, em 1995, António Costa testa a
nova geração de dirigentes do PS em
importantes secretarias de Estado.
E prolongando a comparação, Pe-
dro Nuno Santos é aquele a quem
cabe a difícil tarefa de desempenhar
o primeiro lugar de Costa: secretário
de Estado dos Assuntos Parlamen-
tares. A escolha era natural, uma
vez que foi ele que negociou com
o PCP e o BE os acordos que via-
bilizarão o Governo. Nenhuma das
jovens promessas do partido chega,
directamente, a ministro. Fernando
Rocha Andrade, que está com Cos-
ta desde os tempos do guterrismo,
vai fi car com os Assuntos Fiscais. E
Ricardo Mourinho Félix, que fez
parte da equipa de negociadores
do PS com a esquerda, fi cará com a
secretaria de Estado das Finanças.
João Galamba fi ca no Parlamento,
e será o porta-voz do partido. Ana
Catarina Mendes será a secretária-
geral adjunta. P.P.
NOVO GOVERNO
DANIEL ROCHA
A morte recente de Paulo Cunha e Silva, ainda como vereador da Cultura do Porto, obrigou António Costa a fazer regressar João Soares a um passado longínquo
8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
NOVO GOVERNO
PHILIPPE HUGUEN/AFP
O desafi o europeu mais
imediato do novo
Governo é provar que,
na zona euro, não há
um modelo único para
alcançar as metas do
défi ce e da dívida e para melhorar
a competitividade da economia.
Não será fácil. A política de Berlim
para reformar a união monetária e
a lógica “fi nanceira” que domina o
Eurogrupo têm-se revelado muito
pouco receptivas a encarar outra
forma de chegar ao mesmo sítio
(vide Atenas), exigindo do novo
Governo um esforço negocial
certamente muito maior do que
aquele que António Costa teve de
fazer com o PCP e o BE, para os
convencer que chegara o momento
de deixarem o seu cómodo
ostracismo. Esta é a prioridade
número um, que vai ser posta à
prova já com a apresentação do
próximo Orçamento em Bruxelas.
Com uma ligeira vantagem: Angela
Merkel empenhou-se a fundo
em manter a Grécia no euro,
garantindo a integridade da união
monetária, contra a vontade do seu
ministro das Finanças, Wolfgang
Schäuble e até de muitos governos
europeus, incluindo o português
(como hoje já se sabe). O BCE
continuará a garantir a estabilidade
das taxas de juro.
A chanceler alemã tomou
consciência de que os desafi os
europeus não se limitam às contas
públicas. As prioridades da agenda
europeia estão hoje sob forte
tensão, na sequência dos atentados
terroristas de Paris. Há questões
de segurança e defesa que não
podem ser evitadas. Estará em
breve em cima da mesa a fase
fi nal das negociações do TIIP
(Parceria Transatlântica para o
Investimento e o Comércio) que
a Alemanha quer e que será uma
opção estratégica com enormes
consequências para a Europa
mas que vai esbarrar com velhas
tendências proteccionistas mais
frequentes à esquerda. Ou seja, o
novo Governo terá pela frente uma
série de decisões e de negociações
de enorme complexidade, muito
para além do cumprimento
do Tratado Orçamental. Se
acrescentarmos as fracas
perspectivas para o crescimento
da economia europeia e mundial,
o quadro europeu será muito
exigente, mesmo que ainda não
completamente clarifi cado.
Falhou o novo ministérioDo ponto de vista da política
europeia, António Costa teve,
aparentemente, de encaixar uma
derrota. Queria um Ministério
para os Assuntos Europeus, que
fi zesse a ponte entre a economia
e as fi nanças, juntando a gestão
dos fundos estruturais até 2020.
Só uma fi gura muito forte e
prestigiada poderia ocupar este
lugar. A aparente recusa de Elisa
Ferreira, eurodeputada do PS, tê-
lo-á obrigado a mudar de ideias.
Essa autonomização faria sentido
porque a política europeia já não
é política externa, mas política
interna, facilitando a articulação
com o gabinete do primeiro-
ministro, onde cabem hoje as
decisões fundamentais sobre a
Europa. O tratado institucionalizou
o Conselho Europeu como o
órgão de orientação política e
de decisão máximo da União. A
crise acentuou ainda mais esta
tendência, mas veio dar também
uma importância excepcional
aos ministros das Finanças, a
quem cabe (com a Comissão) a
gestão do euro nas suas vertentes
orçamentais e económicas.
Nada disto quer dizer que o MNE
seja hoje um ministério esvaziado.
Cabe-lhe orientar quotidianamente
a diplomacia portuguesa no
quadro da diplomacia europeia e
da política comum de segurança e
defesa. Participa no Conselho de
Ministros das Relações Externas,
presidido por Federica Mogherini,
a chefe da diplomacia europeia,
que prepara as decisões dos
líderes. A NATO é outra frente
importante (cada vez mais), onde
se joga também a credibilidade
do país face aos seus aliados. O
MNE tem assento no Conselho do
Atlântico Norte (órgão supremo).
Augusto Santos Silva, com
experiência na Defesa, e inegável
capacidade política, pode exercer
estas funções em boas condições,
impedindo o seu apagamento
na agenda política nacional. As
relações com os Estados Unidos
ou os PALOP são outras frentes
importantes da acção externa, que
o seu estilo polémico não deverá
prejudicar.
Se a Secretaria de Estado dos
Assuntos Europeus for para
Margarida Marques, com uma
longa carreira feita na Comissão
que lhe permite conhecer os
complicadíssimos meandros de
Bruxelas, pode ser bastante útil
para a articulação com o primeiro-
ministro. Costa regressa a um
modelo que já deu provas com
António Guterres, Durão Barroso e
José Sócrates. Com Passos Coelho
e Paulo Portas foi diferente, na
medida em que o anterior Governo
restringiu a política europeia
praticamente à dimensão do euro
e à diplomacia económica em
nome da necessidade de recuperar
a credibilidade externa do país,
atingida pela crise da dívida em
2011. Pode perceber-se esta visão
restritiva. Mas a credibilidade
do país mede-se hoje, cada vez
mais, por um padrão bastante
mais amplo. As consequências
dos brutais atentados de Paris, do
verdadeiro “estado de sítio” nas
ruas de Bruxelas, os avisos dos EUA
sobre a probabilidade de atentados
à escala global ou a guerra na Síria
e as relações com a Rússia obrigam
os países europeus a rever muitos
dos seus cálculos. Neste clima de
crise permanente da integração
europeia, as coisas não vão ser
fáceis para Costa. O PCP não saiu
ainda da concha em que vive
fechado desde que acabou a União
Soviética. O Bloco ainda não se
libertou dos preconceitos contra o
Ocidente. Como isto vai ser gerido,
só a prática o dirá.
O novo Governo vai ter de
enfrentar, além disso, uma
situação que é nova na relação de
Portugal com a União Europeia
e a NATO: o impossível consenso
entre os dois maiores partidos,
que existiu praticamente desde
o 25 de Abril, que se refl ecte nos
programas eleitorais de ambos,
mas que vai ser agora muito
difícil de reconstruir. Se levarmos
a sério as palavras do líder do
PSD, nem neste domínio estará
disposto a viabilizar qualquer
decisão do Governo que não conte
com o apoio do Bloco e do PCP,
independentemente de estar de
acordo ou não com ela.
Costa terá também de encontrar
os seus aliados à mesa do Conselho
Europeu. Perceberá rapidamente
(se ainda não percebeu) que
não lhe vale a pena hostilizar
a chanceler, e que não é fácil
encontrar apoios numa altura em
que cada Governo tende a tratar da
sua vida e a deixar a solidariedade
europeia no frigorífi co, incluindo
os seus amigos socialistas. O novo
primeiro-ministro pode dizer que
o PS é o partido mais europeísta
do país, o que é verdade. Terá de
o provar em circunstâncias muito
difíceis.
Instabilidade na frente europeia
AnáliseTeresa de Sousa
O novo primeiro--ministro pode dizer que o PS é o partido mais europeísta do país, o que é verdade. Terá de o provar em circunstâncias muito difíceis
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESTAQUE | 9
Sob forte pressão de Bruxelas,
umas das primeiras prio-
ridades do Governo de
António Costa vai ser a de
apresentar uma proposta
de Orçamento do Estado
(OE) que, em simultâneo, cumpra a
promessa de “acabar com a austeri-
dade” e garanta que o limite de 3%
para o défi ce imposto pelas regras
europeias seja cumprido. Uma tarefa
repleta de incertezas e riscos.
Para muitos portugueses — e
também para as fi nanças públicas
—, os efeitos vão ser sentidos quase
de imediato. Logo no arranque do
próximo ano, mesmo antes do no-
vo orçamento entrar em vigor, os
funcionários públicos vão assistir
a uma aceleração da reversão dos
cortes salariais que ainda estiveram
em vigor em 2015. No primeiro tri-
mestre será reposto 25% do corte,
no segundo 50%, no terceiro 75% e,
fi nalmente, nos últimos três meses
do ano o salário será já recebido por
inteiro. Esta reversão é feita de for-
ma mais rápida do que aquilo que
estava previsto pelo Governo da
coligação, que apontava para uma
reversão de 25% no ano todo.
No que diz respeito ao IRS, a maio-
ria dos portugueses irá sentir, logo
em Janeiro, o efeito da eliminação
de metade da sobretaxa ainda em
vigor em 2015 (passa de 3,5% para
1,75%). Esta medida conduzirá à di-
minuição da retenção na fonte que
é feita pelo empregador, o que signi-
fi ca que o salário líquido irá aumen-
tar. Também neste caso, a redução
da sobretaxa é feita de forma mais
rápida do que o previsto.
Para os aposentados, voltará a ser
aplicada a fórmula de actualização
prevista na lei, que esteve nos últi-
mos cinco anos congelada. Os au-
mentos deverão ser muito modera-
dos (em torno de 0,3%), aplicando-
se a quem tem uma pensão inferior
a 628 euros.
Estas três medidas avançam an-
tes da proposta de OE ser apro-
vada, uma vez que os respectivos
diplomas já foram entregues pelos
partidos da maioria de esquerda e
deverão ser discutidos e aprovados
na Assembleia da República já esta
semana, garantindo que as medidas
entram em vigor logo no arranque
de 2016, seja qual for a data de apro-
vação do OE.
Para apresentar a proposta de Or-
çamento do Estado na Assembleia da
República e, ao mesmo tempo, a en-
tregar às autoridades europeias (que
têm vindo a revelar uma impaciên-
cia crescente em relação ao atraso),
o novo Governo dispõe, por lei, de
90 dias após a sua tomada de posse.
OE: uma complexa tarefaNo entanto, até para começar o seu
mandato passando sinais positivos
a Bruxelas, o executivo vai querer
ser bastante mais rápido do que
isso. Mário Centeno, o economis-
ta escolhido por Costa para liderar
o Ministério das Finanças, já disse
que não vai usar todo esse prazo,
apoiando-se no facto de, nos progra-
mas eleitoral e de Governo, o PS já
ter feito cálculos de impactos orça-
mentais e económicos, o que pode
acelerar o processo.
Ainda assim, na proposta de OE
estarão ainda mais medidas com im-
pacto signifi cativo nas contas públi-
cas e nas contas dos portugueses.
Depois de nas primeiras semanas
do ano se viver em regime de duo-
Sérgio Aníbal
“Acabar com a austeridade” já mas tentar défi ce abaixo de 3% no fi nal do ano
A partir de 1 de Janeiro muitos portugueses vão sentir um aumento do seu rendimento disponível. Em relação ao que isso signifi ca para os resultados orçamentais, as opiniões dividem-se
DANIEL ROCHA
PS espera que aumento de rendimento tenha um efeito na economia
décimos, quando o OE entrar em
vigor o IVA da restauração deverá
passar de 23% para 13%, a TSU dos
trabalhadores com salários abaixo
de 600 euros irá baixar 1,33 pontos
percentuais, a sobretaxa de IRS cai-
rá ainda mais por força do efeito da
subida do salário mínimo e várias
prestações sociais, como o abono
de família, serão colocadas de novo
aos níveis de 2011.
O Governo pretende ainda avan-
çar com um aumento do número de
escalões de IRS, numa medida em
sentido inverso à que foi adoptada
por Vítor Gaspar em 2013, quando
anunciou um “enorme aumento
de impostos”. Como isso será feito,
ainda está em discussão, sendo cer-
tamente uma das tarefas mais com-
plexas da elaboração do OE.
Perante todas estas medidas com
impacto directo negativo no orça-
mento, e incertezas relacionadas com
a evolução da economia europeia ou
as necessidades de recapitalização
da banca, surgem as dúvidas em re-
lação ao que irá acontecer ao valor
do défi ce público no próximo ano.
De acordo com as contas do PS,
feitas tendo como base as previ-
sões da Comissão Europeia, a me-
ta do défi ce para 2016 fi ca em 2,8%,
cumprindo o limite imposto pelas
regras orçamentais da UE. Isto sig-
nifi ca que o impacto esperado com
as medidas adoptadas é nulo, uma
vez que a Comissão Europeia, num
cenário de políticas inalteradas, es-
tá também à espera de um défi ce
de 2,8%.
A explicação dada pelo PS está
no facto de também haver medi-
das com impacto orçamental direc-
to positivo. É o caso da suspensão
da descida planeada no IRS (que já
não é compensada com a descida da
TSU) e do imposto sobre sucessões,
para além de medidas de redução
da despesa.
E há também a convicção, por
parte do PS, sustentada no modelo
económico que serviu de base aos
programas eleitoral e de Governo,
de que o aumento do rendimento
disponível dos portugueses terá um
efeito positivo na actividade econó-
mica que acabará por gerar também
impactos orçamentais positivos ao
nível da receita fi scal.
Ainda assim, e isso já foi assu-
mido por Mário Centeno, o que o
orçamento do novo Governo fará
é apostar num ritmo bastante mais
lento de consolidação orçamental
durante o próximo ano do que aque-
le que está previsto no programa de
estabilidade português entregue em
Abril a Bruxelas. Depois de um dé-
fi ce próximo de 3% em 2015 — que
já terá de ser o novo executivo a ga-
rantir nas últimas semanas do ano
—, o Governo PS aponta para 2,8%
em 2016, um valor que é um ponto
percentual mais alto que os 1,8% de-
sejados pelo anterior Governo.
Os 2,8% de défi ce nominal cum-
prem o limite imposto pelas regras
orçamentais europeias, mas, por se
basearem largamente na retoma da
economia, não devem garantir que
o défi ce estrutural recue 0,5 pontos
percentuais, como as regras euro-
peias também exigem.
Explicar à Comissão e aos seus par-
ceiros do Eurogrupo aquilo que leva
a apresentar estes valores será, para
Mário Centeno, uma das tarefas mais
difíceis do início do seu mandato.
1,75%O efeito da eliminação de metade da sobretaxa do IRS, que passa de 3,5% para 1,75%, vai sentir-se já em Janeiro
13%Quando o OE entrar em vigor, o IVA da restauração deverá passar de 23% para 13%
10 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
NOVO GOVERNO
Outras prioridades e urgências
Novo Banco e Banif, dois dossiers para Costa resolver
O novo primeiro-ministro, António Costa, tem pela frente desafios importantes, como os que envolvem o
futuro do Novo Banco e do Banif. Dois casos difíceis que podem voltar a exigir apoio público para suprir necessidades de capital.
O próximo Governo dispõe de uma pequena janela para negociar com Bruxelas auxílios públicos ao sector bancário. A partir de 1 de Janeiro de 2016, as instituições financeiras só podem recorrer à ajuda do Tesouro depois de alvo de um bail-in, um resgate por meios internos. Ou seja, os obrigacionistas juniores e seniores e os grandes depositantes (com mais de 100 mil euros) serão chamados a socorrer o banco até 8% do balanço (transformando dívida e depósitos em capital). A decisão é extrema e não há quem queira ouvir falar dela, pois traduzir-se-á, provavelmente, na fuga de depósitos e no agravamento da percepção de risco do país (o que vai piorar o custo a que a banca se financia).
Mas 2015 aproxima-se do fim e é previsível que o ministro das Finanças indicado, Mário Centeno, com origem no Banco de Portugal (BdP), comece desde já a conversar com Frankfurt (BCE) e com Bruxelas (DGcom) para definir calendários e modelos de recapitalização, mas também negociar quadros de excepção.
O presidente da CGD, José Matos, veio garantir que um aumento de capital não está neste momento em cima da mesa, o que retira pressão às novas autoridades que já excluíram a hipótese de privatização do banco público (algo que Passos Coelho admitia).
Já o Banif destaca-se como um caso urgente. Em Dezembro de 2012 recebeu 1100 milhões de euros de apoio estatal: 400 milhões por via de obrigações de capital contingente (CoCos)
e 700 milhões por injecção de verbas. Em 2014, Jorge Tomé liquidou parte do empréstimo, 275 milhões, mas falhou o pagamento da última tranche de 125 milhões. De acordo com as regras europeias, por estar em incumprimento, pode ser instado a devolver o que recebeu do Estado no contexto do plano de recapitalização, o que atiraria o banco para uma má posição. E Bruxelas chumbou entretanto o plano de viabilidade do Banif (parcialmente nacionalizado) e condiciona o auxílio público a medidas draconianas contestadas.
Mas o dossier que tenderá a dar maiores dores de cabeça a Mário Centeno é o do Novo Banco: está à venda pela segunda vez; o BCE apurou novas necessidades de capital de quase 1400 milhões de euros; é alvo de um plano de reestruturação, com alienação de activos e cortes que podem deixar o banco com piores indicadores.
O tempo vai passando sem que se apresentem soluções óbvias para os problemas do Novo Banco. Hoje a principal preocupação é saber como é que as exigências de capital de 1400 milhões são asseguradas, o que terá de estar concluído até Junho de 2016. O governador do BdP, Carlos Costa, afastou a hipótese de ser o Estado a avançar e garantiu que será um privado a injectar os fundos em falta, mediante a compra da maior parte do capital. Mas que investidor se vai interessar pelo activo sem saber qual o quadro jurídico da resolução? Isto dado ser um banco de transição que terá de estar resolvido em dois anos, até Agosto de 2016, caso contrário será liquidado. O prazo pode ser estendido até mais três anos, o que depende de Bruxelas, mas o BdP ainda não esclareceu se já pediu o adiamento.
Em simultâneo, há que avaliar o impacto das perdas da resolução no sector. Os bancos concorrentes do BES colocaram 4900 milhões de euros (3900 milhões com financiamento estatal) no Fundo de Resolução, um instrumento público, para
meter no Novo Banco. Hoje é um dado adquirido que o BdP e o anterior Governo fizeram mal as contas, razão pela qual o concurso público de venda foi suspenso sem uma única oferta firme para adquirir a instituição.
Os socialistas já classificaram de opção política o esquema de resolução do BES, que deu origem ao Novo Banco, mas também o timing (antes das legislativas) para o colocar no mercado. É, por isso, expectável que António Costa procure “tirar a fotografia completa” ao Novo Banco, para evitar ser contaminado por decisões alheias. Mas não vai agravar o retrato da instituição (que tem até sábado para enviar para Bruxelas o seu plano de recapitalização), pois sabe que será o seu Governo a resolver o imbróglio herdado de Passos Coelho. Cristina Ferreira
Subconcessões dos transportes públicos na mira do PS
Os contratos de subconcessão dos sistemas de transportes públicos de Lisboa e Porto vão ser anulados,
cancelados, revertidos. A terminologia usada por cada bancada dos partidos à esquerda não foi sempre a mesma, mas a consequência imediata é só uma: os processos de subconcessão que resultaram na assinatura de contratos com a Avanza (para explorar as operações da Carris e Metro de Lisboa, com a Transdev (para operar a Metro do Porto) e com a Alsa (para operar a STCP) vão voltar à estaca zero. Se o eventual pagamento de indemnizações só pode vir a ser decidido em tribunal arbitral — sendo certo que, em termos legais, estes contratos ainda não começaram a produzir efeitos, porque ainda não foram visados pelo Tribunal de Contas —, haverá com certeza lugar a devolução de cauções e das custas que os privados já tiveram com estes processos.
RITA FRANÇA
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESTAQUE | 11
Estas empresas vão permanecer na esfera estatal, e a consolidar contas enquanto tal (em 2013, os resultados operacionais negativos das quatro empresas ficaram na ordem dos 330 milhões de euros). O que é possível é contabilizar as poupanças que foram anunciadas pelo anterior Governo em alguns destes contratos: por exemplo, o contrato com o grupo Avanza representaria poupanças, quer para as empresas, quer para o Estado, de 215 milhões ao longo do período dos contratos.
Depois de anulados os contratos de subconcessão, os partidos à esquerda ainda terão de se entender acerca do figurino futuro das empresas. No caso da Carris, Metro de Lisboa e STCP, se continuam sob tutela directa do Estado, que nomeia administrações e decide transferências de capital, ou se permite uma maior capacidade de gestão das autarquias (como tem defendido o BE, e o PS, no caso concreto de Lisboa); no caso da Metro do Porto, se será necessário lançar um novo concurso para encontrar um operador (a Via Porto tem contrato prorrogado até Março), ou se passa a ser a própria empresa pública a, pela primeira vez, tomar as rédeas da operação.
Já as intenções do novo Governo quanto à TAP não são claras. A privatização da companhia ficou fora dos acordos assinados à esquerda porque não há uma posição comum: o PCP, os Verdes e o Bloco querem a TAP 100% pública, enquanto o PS admite entregar 49% da empresa a privados. Mas essa é uma opção que já se tornou inviável, tendo em conta que a venda de 61% da transportadora ao consórcio Atlantic Gateway ficou fechada no dia 12. Se na véspera desta assinatura a vice-presidente da bancada socialista, Ana Paula Vitorino (que deverá ser a nova ministra do Mar), protagonizou uma jogada mais incisiva com o envio de uma carta ao presidente da Parpública, pressionando-o a não assinar o contrato, no próprio dia o PS remeteu-se ao silêncio.
Foi já no último sábado que o líder do PS acusou o Governo de “fingir” a privatização da TAP, fazendo “um favor aos privados” (David Neeleman e Humberto Pedrosa, accionistas da Gateway). “Aquilo que este Governo fez foi fingir que privatizava a TAP toda, mas ficando o risco todo do lado de cá e toda a oportunidade do lado de lá”, disse, num plenário com militantes em Coimbra, citado pela Lusa. Costa falava depois de o Expresso ter divulgado o documento em que a Parpública garante aos bancos credores da TAP que se houver riscos no pagamento da dívida, a empresa será renacionalizada, voltando o Estado a garantir os empréstimos. O futuro primeiro-ministro repetiu que aceitava, no limite, uma privatização de 49% da transportadora. Mas não explicou o que fará perante um facto consumado. Ana Brito
Menos alunos por turma, menos carga horária e menos exames
Acumprirem-se as promessas do PS na área da Educação, com o novo Governo o país vai assistir à inversão
da tendência acentuada, nos últimos anos, para centrar as aprendizagens no Português e na Matemática e para as “medir”, de preferência através da avaliação externa. Com o fim antecipado dos exames no 4.º ano, o destaque, neste aspecto, vai para a prometida redução do número de alunos por turma, para a diminuição da carga horária disciplinar dos estudantes e para a aposta numa diversificação curricular, nas artes e na cidadania. Do ponto de vista dos alunos, a mudança, a concretizar-se, será significativa; para os professores, pode representar ainda uma viragem na curva do desemprego, já que a redução do número de docentes promovida pelo ex-ministro Nuno Crato não resultou apenas da quebra da natalidade. Foi também provocada,
precisamente, pelo aumento do número de alunos por turma e pelas alterações curriculares, com a extinção da Formação Cívica, do Estudo Acompanhado e da Área de Projecto e a redução dos tempos consagrados, por exemplo, à Educação Visual e Tecnológica, em favor das chamadas disciplinas por ele consideradas “estruturantes”: a Matemática e o Português.
Outra das medidas com impacto na Educação — e, neste caso, imediato, já nesta semana — coincide com a entrada em funções do novo Governo, mas verificar-se-ia ainda que ele não existisse, graças à maioria de esquerda na Assembleia da República: trata-se do fim dos exames de Português e de Matemática no 4.º ano de escolaridade, já neste ano lectivo, que depois de amanhã será proposto pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP e que o PS já anunciou que vai apoiar. No seu programa, os socialistas propunham-se “reavaliar a realização de exames nos primeiros anos de escolaridade”.
O mesmo se passa em relação à contestadíssima prova de acesso à profissão para professores, que o PS de José Sócrates colocou no Estatuto da Carreira Docente e o ex-ministro Nuno Crato transformou numa bandeira do PSD/CDS-
PP de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. Ainda que António Costa não fosse indigitado, ela seria eliminada pela maioria parlamentar, esta sexta-feira. No seu programa de Governo, o PS prometia suspendê-la, mas vai votar a favor da eliminação. Graça Barbosa Ribeiro
Aumento do salário mínimo é para avançar já em 2016
Uma das prioridades do Governo de António Costa mal tome posse é apresentar aos parceiros sociais a sua
proposta de aumento do salário mínimo nacional (SMN), para garantir que ela entra em vigor a 1 de Janeiro de 2016.
O PS tem uma proposta muito concreta para a evolução da remuneração mínima que, em 2014, abrangia quase 20% dos trabalhadores por conta de outrem. Em 2016, o salário mínimo deverá aumentar 5%, passando dos actuais 505 para os 530 euros, e em 2017 deverá chegar aos 557 euros mensais. O objectivo é que, no final da legislatura, em 2019, o SMN chegue aos 600 euros.
De acordo com a lei, a decisão de aumentar o SMN cabe ao Governo, depois de ouvir os
parceiros sociais na Comissão Permanente de Concertação Social. A proposta em cima da mesa para o próximo ano não agrada nem a todos os patrões — que a querem ver discutida em conjunto com outras matérias e com base numa avaliação — nem à CGTP, que reclama 600 euros a 1 de Janeiro de 2016. O valor fica, contudo, muito próximo dos 535 euros propostos pela UGT.
O PS nada disse sobre se estará disponível para negociar um acordo mais abrangente. Mas, em 2006, quando era ministro da Segurança Social e do Trabalho, Vieira da Silva (que agora assume a mesma pasta) promoveu um acordo de médio prazo em torno do aumento do SMN, tendo conseguido juntar à mesma mesa as quatro confederações patronais, a UGT e a CGTP.
O objectivo era colocar o SMN nos 500 euros em 2011, o que acabou por não se concretizar. Antevendo-se o que uns meses mais tarde viria a concretizar-se, com a entrada da troika em Portugal, a ministra de então não foi além dos 485 euros.
Nos anos seguintes, esta remuneração foi congelada. Em Outubro do ano passado, após a insistência dos patrões — que desejavam ver os rendimentos dos trabalhadores aumentar para assim animarem o consumo interno — e das centrais sindicais, o salário mínimo subiu para 505 euros.
Na sequência desse aumento, foi criada uma comissão para avaliar os efeitos do aumento do SMN. Os patrões, nomeadamente a Confederação da Indústria Portuguesa, entendem que cabe a esta comissão “sugerir aos parceiros sociais que valor é possível aumentar em 2016”. “Podemos falar em utopias de 600 euros, podemos falar noutro valor qualquer, mas sem criarmos riqueza não a podemos distribuir”, alertava António Saraiva, o presidente daquela confederação. Raquel Martins
Podemos falar em utopias de 600 euros (...) mas sem criarmos riqueza não a podemos distribuir António SaraivaPresidente da Confederação da Indústria Portuguesa
DANIEL ROCHA
12 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
NOVO GOVERNO
As reuniões eram discretas,
com um grau de secretis-
mo que não servia apenas
o propósito de avançar nas
negociações sem intromis-
sões exteriores. Era uma
exigência, sobretudo do PCP. Mas
há acasos que nem o mais discre-
to negociador pode prever. Como
cruzar-se com jornalistas, depois
da meia-noite, no (escasso) trânsi-
to da Avenida António Augusto de
Aguiar, em direcção ao Marquês do
Pombal, em Lisboa. António Costa no
banco da frente do primeiro carro.
Ana Catarina Mendes e Carlos César
no banco traseiro da viatura de trás.
Todos com o telemóvel na mão.
Vinham da sede comunista, na
Rua Soeiro Pereira Gomes. Aconte-
ceu no passado dia 4, e tinham tido
uma reunião pouco conclusiva com
a direcção do PCP. Por essa altura, há
15 dias, já não havia grande celeuma
à volta das medidas concretas que o
acordo iria consagrar. O que faltava
era um acordo político que satisfi zes-
se as duas partes.
Nas várias voltas que este acordo
deu, o PCP liderou a dança. Foi Jeró-
nimo de Sousa, logo no dia 7 de Outu-
bro, que afi rmou, à saída de uma reu-
nião com António Costa, que o seu
partido estava pronto “para assumir
todas as responsabilidades, incluin-
do governativas”. Isto foi dito em pú-
blico. Dentro da sala, Costa “só não
abriu a boca de espanto porque pare-
cia mal”, garante um dirigente do PS.
Mas foi o mesmo partido que, até
ao fi m, impediu que existisse um
acordo, comum, entre todas as forças
de esquerda e se recusou a assinar um
compromisso mais explícito sobre a
duração do apoio parlamentar a um
eventual Governo do PS. Essas viriam
a ser duas das maiores críticas que
PSD e CDS fi zeram sobre a fragilidade
da maioria parlamentar da esquerda.
Para os comunistas, mais impor-
tante do que o acordo, formal, é a
“palavra dada” — têm repetido alguns
dirigentes. Costa também tem dito,
aos seus, que confi a “a 114%” no PCP.
Não menos surpreendente foi a
forma rápida como o Bloco de Es-
querda e o PS se entenderam quanto
às medidas e quanto ao alcance polí-
tico do acordo. Catarina Martins foi a
primeira dos três a estabelecer regras
para uma negociação. Fê-lo logo na
pré-campanha, num debate com An-
tónio Costa, na TVI. “Se o PS estiver
disponível para abandonar esta ideia
de cortar 1600 milhões nas pensões,
abandonar o corte na TSU e abando-
nar esta ideia do regime compensa-
tório, cá estarei no dia 5 de Outubro
para conversar sobre um Governo
que possa salvar o país.”
Não foi a 5, foi a 12 de Outubro.
Nesse primeiro encontro, Costa te-
rá percebido que o BE iria tão longe
como o PCP. E como, em simultâneo,
percebia que o diálogo com Passos e
Portas não avançava, cedo colocou
todas as fi chas nessa hipótese que
parecia, então, remota.
No entanto, num mês, os partidos
de esquerda conseguiram fechar o
Paulo Pena
O que a esquerda andou para aqui chegar
Há um mês e meio, começou uma aproximação inédita. Como Costa, Jerónimo e Catarina ultrapassaram 40 anos de divergências e assinaram um compromisso que garantem ser “duradouro”
NUNO FERREIRA SANTOS
Disponibilidade do PCP para viabilizar solução governativa à esquerda surpreendeu PS a 7 de Outubro
acordo sobre um conjunto de me-
didas que todos aceitam e que fará
parte do programa do Governo que o
PS apresentará ao Parlamento
A meio deste processo, os três lí-
deres foram falando. Umas vezes ao
telefone, outras em encontros dis-
cretos, longe dos olhares dos jorna-
listas. Nestas conversas desbloquea-
vam pontos negociais mais difíceis e
combinavam o que diriam em públi-
co sobre as negociações. Foi isso que
permitiu um discurso quase unânime
à saída da primeira audição com Ca-
vaco Silva, antes de o Presidente indi-
gitar Passos Coelho. Isso seria “uma
perda de tempo”, disseram todos.
Na altura, talvez ainda estivesse
em aberto o calendário para a de-
volução da sobretaxa do IRS, ou o
ritmo do aumento do salário míni-
mo nacional. Mas a “cola” política
do acordo já era clara. Nas palavras
do chefe dos negociadores do PS,
Pedro Nuno Santos, numa entrevis-
ta ao PÚBLICO, isso tornava-se cada
vez mais claro: “Estamos a fazer o
acordo e ele prevê como o Governo
se deve comportar em situações ex-
cepcionais. Portanto, se houver sur-
presas orçamentais, nós queremos
assumir o compromisso de que isso
não vai afectar os rendimentos dos
trabalhadores, dos pensionistas, que
não haverá cortes nas pensões, nos
salários, ou aumentos nos impostos
sobre rendimentos do trabalho.”
Enquanto o PS não se desviar des-
se rumo, BE e PCP garantem o seu
apoio. Mas há outra “cola”, porventu-
ra mais efi caz. O acordo de esquerda
é tão popular, e desejado, nas bases
eleitorais de PCP e BE que qualquer
movimento táctico de afastamento
pode causar danos imprevisíveis. Ne-
nhum dos partidos quer aparecer co-
mo “culpado” da queda do Governo
numas futuras eleições antecipadas.
Esta é a garantia mais próxima de um
acordo “estável e duradouro”, como
pediu Cavaco Silva. Mesmo que os
pontos de discórdia —política euro-
peia à cabeça — estejam assumida-
mente entre parêntesis.
Uma espécie de “núcleo duro” do
Governo de Costa começou a mos-
trar-se nestas negociações. O mais
interventivo nas reuniões de negocia-
ção, pelo PS, foi o economista Mário
Centeno. Afi nal, foram coordenados
por ele os cálculos do cenário macro-
económico que serviram de base ao
programa eleitoral do partido. E foi
por ele que passaram os principais
embates com os partidos de esquer-
da que exigiam uma mudança pro-
funda na estratégia. Questões como o
“estímulo económico” que Centeno
pretendia provocar com a baixa na
TSU e as questões laborais — de que
não queria abdicar como “símbolo”
de uma política de apoio à competi-
tividade — acabaram por cair.
Além de Centeno e de Pedro Nu-
no Santos, o PS escolheu para a sua
equipa Ricardo Mourinho Félix, eco-
nomista do Banco de Portugal, depu-
tado eleito por Setúbal. Da equipa faz
parte também um assessor especial
do grupo parlamentar, Hugo Mendes,
sociólogo, investigador universitário,
especialista em assunto sociais (é um
dos autores do livro Estado Social: De
Todos para Todos). Adalberto Campos
Fernandes e Helena Freitas também
passaram pela mesa das negociações.
O Bloco levou uma equipa de jo-
vens deputados, liderada por Jorge
Costa, vice-presidente da bancada,
e Mariana Mortágua. O PCP apostou
em três membros da comissão polí-
tica do comité central. O mais velho
é Jorge Cordeiro, de 59 anos. João
Oliveira, líder parlamentar, e Vasco
Cardoso, formado em Gestão, ainda
não chegaram aos 40.
O acordo foi assinado, à porta fe-
chada, às 13h30 de dia 10, na Sala
Tejo do Parlamento. Tem um nome
complicado, a que falta um artigo:
“Posição conjunta sobre solução
política”. Os líderes não se chega-
ram a cruzar todos na mesma sala.
Costa tem dito, para tranquilizar os
socialistas, que é com pequenos pas-
sos que o acordo se vai construindo.
Os três partidos vieram, de facto, de
longe, como cantava José Mário Bran-
co. O futuro dirá se chegam longe. Ou
se houve alguém que se enganou.
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESTAQUE | 13
Diversas instituições fi nan-
ceiras internacionais alertam
para “várias incertezas”
relativamente à economia
portuguesa. Apesar de ser
ainda cedo para analisar ao
certo se o novo Governo socialista irá
reverter grande parte das medidas
de austeridade impostas nos últimos
anos, há preocupações com a
situação fi nanceira nacional. Além
de a consolidação orçamental
ser “complicada”, o elevado
endividamento do país e os altos
níveis de crédito malparado são
problemas que o novo Governo terá
de enfrentar.
“Estamos a seguir de perto toda a
situação. O que identifi camos nes-
te momento é que há ainda muitas
incertezas no país e que este não
está ainda em território totalmente
seguro,” disse Moritz Kraemer, di-
rector global de ratings soberanos
da Standard&Poor’s. “A consolidação
orçamental é ainda bastante compli-
cada e a dívida... É uma das maiores
no mundo”, disse Kraemer, adian-
tando que “é preciso um grande es-
forço” para resolver o problema do
endividamento e, para tal, não bas-
tará apenas uma legislatura.
De acordo com os últimos dados
da Comissão Europeia, a dívida pú-
blica nacional deverá atingir 128,2%
do PIB este ano — um decréscimo de
dois pontos percentuais face a 2014
Instituições internacionais dizem que país ainda não está em “território seguro”
Sílvia Amaro, Bruxelas— e deverá continuar a diminuir de
ano para ano, chegando aos 121,3%
no fi nal de 2017. Também o défi ce
português parece estar a seguir uma
trajectória de diminuição. Depois de
um défi ce de 7,2% em 2014, a Comis-
são prevê que fi que perto dos 3% este
ano e chegue aos 2,9% em 2016.
Mas “o processo de reforma preci-
sa de continuar,” disse ao PÚBLICO
fonte de uma organização fi nancei-
ra internacional. “A economia ainda
não é sufi cientemente competitiva
e precisa de crescer mais depres-
sa”, adiantou a mesma fonte, que
levantou também preocupações re-
lativamente ao crédito malparado.
Portugal tem registado um cresci-
mento “moderado”, benefi ciando
também de boas condições externas,
chamou a atenção para a importân-
cia de reforçar a retoma económica e
manter o caminho reformista.
“É crucial que Portugal garanta
disciplina nas fi nanças públicas e
que continue o programa de refor-
mas económicas com o objectivo de
promover o investimento, e estimu-
lar o crescimento e o emprego”, disse
Tusk. O ex-primeiro-ministro polaco
lembrou na mesma carta que é fun-
damental que Portugal mantenha a
estabilidade política e coesão social
para responder aos desafi os nacio-
nais e europeus. Na carta a Costa,
Tusk, que o irá encontrar já no do-
mingo numa cimeira extraordinária
em Bruxelas, agradeceu ainda o “em-
penho” e as “várias contribuições”
de Passos Coelho.
É crucial que Portugal garanta disciplina nas finanças públicas e que continue o programa de reformas económicas Donald TuskPresidente do Conselho Europeu
PUBLICIDADE
como uma política de estímulo mo-
netário por parte do Banco Central
Europeu e da queda do preço do
petróleo. Kraemer adianta que para
a avaliação da S&P “não importam
os partidos políticos”, mas “obvia-
mente” que a instituição fi nanceira
avaliará “o que vier a seguir.”
Há organizações fi nanceiras que
vêem o acordo ente o PS, PCP e BE
como uma “situação muito instável”,
mas querem primeiro ver o progra-
ma do novo Governo, antes de tira-
rem conclusões. “Portugal já não está
num programa fi nanceiro mas tem
compromissos perante a UE”, lem-
brou fonte europeia. Numa carta de
felicitações enviada ontem ao futuro
primeiro-ministro, o presidente do
Conselho Europeu, Donald Tusk,
14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Portugal lidera aumento do peso das despesas das famílias no superior
É um recorde pela negativa o que
Portugal alcança no último retrato
dos sistemas educativos apresenta-
dos pela Organização para a Coope-
ração e Desenvolvimento Económico
(OCDE): a percentagem da despesa
dos privados, sobretudo das famílias,
no ensino superior é a mais alta da
União Europeia (UE) — 45,7%.
Segundo os dados apresentados
no relatório Education at a Glance
divulgado ontem, acompanham-
nos neste pódio, na UE, a Hungria
(45,6%) e o Reino Unido (43,1%), a
que se juntam nos 46 países analisa-
dos, 34 dos quais da OCDE, o Japão
(67,7%), o Chile (65,4%) e os Estados
Unidos (62,2%).
Em comum têm também o facto de
este aumento da contribuição privada
ser sobretudo alimentado pelas famí-
lias. Da fatia de quase 46% respeitan-
te a Portugal, 35% foram suportados
pelas famílias. Em média este valor
na UE foi de 14% e na OCDE de 21,7%.
Educação com melhores resultados, mas ainda
Qualificação da população por nível de ensino em 2014Entre os 25 e os 64 anos, Em %
Despesa por estudante no ensino públicoEm 2014, em dólares convertidosusando a paridade do poder de compra
QUEM SÃO OS PROFESSORES?Docentes por idade no ensino primário (1.º e 2.º ciclos) Em 2013 (%)
Despesa pública na EducaçãoEm % do PIB
Básico Secundário Superior
0 20 40 60 80 100
Média UE21
Média OCDE
Portugal
UE21(Média)
OCDE(Média)
Portugal
População com 25 a 34 anoscom ensino secundárioEm 2014, em %
Jovens entre os 15 e os 29 anosque não trabalham nem estudamEm 2014, em%
65
83
85
Básico e Secundário Superior
Portugal
OCDE
UE21 12.994
5727
11.913
Fonte: Education at a Glance 2015, OCDE
MulheresHomens
20122010
UE21(Média)
OCDE(Média)
Portugal 17,817,6
13,217,9
14,217,1
9066
7444
8683
4,9 4,94,5 4,8 4,65,0
UE21OCDEPortugal
Portugal
60 ou mais50-5940-4930-39Menos 30 anos
OCDE UE21
2
1311
3128 27
33
2830 31
2527
35 5
70 67 70
Professores dosexo feminino
em todosos níveis
de ensino (%)
Relatório Education at a Glance avalia sistemas educativos em 46 países. Portugal surge com um recorde pela negativa, mas tem nota positiva na despesa pública em investigação
EducaçãoClara Viana
Mas o contraste está também na
comparação dos valores portugue-
ses com as médias e tendências da
OCDE e da UE. Enquanto em Por-
tugal a despesa dos privados subiu,
entre 2010 e 2012, de 31% para quase
46%, na OCDE a média destes gastos
desceu de 31,6% para 30%, e na UE a
queda foi de 23% para 22%.
Os dados relativos às despesas na
educação neste relatório datam de
2012 e dão conta, sobretudo, do im-
pacto da crise económica no sector —
mas também de situações anteriores
e que se mantêm. Em 2012, o valor
anual das propinas no superior pú-
blico rondava os 1000 euros, perto
do actual, e no Reino Unido ultrapas-
sava os 4000 euros. Virtualmente,
na altura, Portugal era o 10.º país na
UE com propinas mais caras, mas,
devido aos apoios dos Estados e a
muitas excepções praticadas nou-
tros Estados, acabava por se situar
no terceiro lugar dos que exigiam
maior despesa das famílias.
A este cenário de base juntou-se
em 2012 o facto de “a maior parte
das famílias portuguesas ter sofri-
do uma quebra de rendimentos,
enquanto os gastos para manter os
fi lhos no ensino superior permane-
ceram iguais”, lembra ao PÚBLICO
o presidente do Conselho dos Reito-
res das Universidades Portuguesas
(CRUP), António Cunha. Soma-se
ainda “uma redução dos apoios da
Acção Social Escolar”, que então se
registou e que no superior se traduz
sobretudo nas bolsas atribuídas.
António Cunha salienta que este
panorama começou a mudar de no-
vo, para melhor, a partir de 2014.
Nesse ano foram revogadas também
as regras instituídas durante o Go-
verno de José Sócrates, em 2010, que
excluíam do direito a bolsas os alu-
nos cujas famílias tinham dívidas às
Finanças ou à Segurança Social.
Estaremos, portanto, neste rela-
tório da OCDE, face a um retrato do
passado recente, mas que dá conta
de consequências que são duradou-
ras em muitos agregados e que, em
Portugal, contribuiu para a quebra
de candidatos ao ensino superior
registada a partir e 2010 e que só se
inverteu este ano.
É uma relação directa: quando
a despesa das famílias aumenta no
ensino público, é porque o contri-
buto do Estado diminuiu. Entre
2010 e 2012 registou-se uma quebra
na despesa pública nas instituições
em 11 países da OCDE, Portugal in-
cluído.
Em cinco países essa redução foi
de 5% ou mais. São eles, segundo a
OCDE, a Hungria, Itália, Portugal,
Eslovénia e Espanha. Existem dife-
renças entre eles? Sim. Portugal foi
o que teve a maior quebra no con-
junto de todos os níveis de ensino:
14%. Só no ensino superior passou
de um peso de 69% em 2010 para
54,3% em 2012.
Mas a OCDE não traça o retrato
de Portugal só a negro. Refere, por
exemplo, que dos 23 países que ti-
nham dados separados em relação
à despesa pública em investigação,
Portugal fi gurava entre os dez em
que esta fatia representava, pelo me-
nos, 40% do custo total por aluno no
ensino superior. Que por cá continu-
ava, em 2014, a ser bem inferior às
médias da OCDE e da UE: cerca de
5400 euros em Portugal por compa-
ração a entre mais de 11 mil e 12 mil
de média na OCDE e na UE.
Há mais mestres do que licenciados
Uma alteração nos níveis da Classificação Internacional Normalizada da Educação, conhecida
pela sua sigla em inglês ISCED (International Standard Classification of Education), terá levado Portugal a um destaque pela positiva na edição de 2015 do Education at Glance, que constata que escolaridade da população é “bastante desigual”. Por um lado, continua a ser o segundo país da OCDE com uma percentagem mais elevada da população entre 25 e os 64 anos que não concluiu o ensino básico (36%). Mas, por outro, na população da mesma faixa etária “17% têm o grau de mestre, bem acima da média da OCDE, que se situa nos 11%”,5% de adultos com licenciatura e 1% com doutoramento.
Neste relatório da OCDE foram aplicados os novos níveis
do ISCED aprovados em 2011 para responder à proliferação de diferentes ofertas no superior e alterações da reforma de Bolonha. Ao PÚBLICO o consultor da OCDE Diogo Paula admite que a reforma de Bolonha “pode ser uma das explicações” para o salto na percentagem de mestres, mas alerta também que “há menos portugueses do que a média a obter um diploma de mestrado como primeira qualificação do superior, o que seria o equivalente a um programa de cinco anos”. Na verdade, 15% têm o mestrado como primeira formação contra uma média de 18% na UE. Já o valor dos que obtiveram um grau de bacharelato ou equivalente, incluindo as licenciaturas de 1.º ciclo de Bolonha, sobe para 85%, rondando a média na OCDE e na UE os 70%.
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | PORTUGAL | 15
muito aquém da OCDE
PÚBLICO
População entre os 30 e os 34anos com ensino superiorEm%
Rácio de alunos por professorEm 2013
SALÁRIOS APÓS 15 ANOSEm dólares convertidos usando a paridade do poder de compra
NÚMERO DE HORAS DE AULAS DE ENSINO DOS PROFESSORES
Despesa suportada pelas famílias e outros privados na educação Em %
UE21(Média)
OCDE(Média)
Portugal
População entre os 55 e 64 anoscom ensino secundárioEm 2014
23
66
68
20142011
2631
39 4237
40
População 25-64 anos com ensinosecundário por tipo de formaçãoEm 2014, em%
UE21OCDEPortugalUE21OCDEPortugal
6
1622 26
13
43
29
11
47VocacionalGeralTotal
13 13 14
9
PORTUGAL UE21OCDE
1512
OCDEUE21
Portugal
14,89,4 7,2
45,7
3031,622,7 21,9
Ensino superiorBásico e Secundário2012 2010 2012 2010 2012 2010 2012
Portugal
OCDE
UE21
Pré Primária 3.º Ciclo Secundário
Portugal
OCDE
UE
Pré Primária 3.º Ciclo Secundário
36.663
38.653
38.688
36.663
41.245
40.519
36.663
42.825
42.485
36.663
44.600
44.507
2011 2013
965
994
977
960
1005
995
880
790
777
747
772
756
774
709
669
609
694
656
774
664
651
609
643
625
Básico Secundário
31
A clivagem entre gerações em Por-
tugal entre os que têm o ensino se-
cundário “é a maior dos países” da
Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OC-
DE). Em 2014, 65% do grupo entre
os 25 e os 34 anos tinham concluído
este nível de ensino, enquanto na
população dos 55 aos 64 anos esta
percentagem “era apenas de 23%”
contra 66% na OCDE.
Esta é uma das conclusões do últi-
mo relatório sobre o estado da edu-
cação divulgado ontem. Apesar do
progresso registado entre os mais
novos, a percentagem dos que con-
cluíram o secundário neste grupo
“continua aquém da média da OC-
DE, que se situa nos 83%”. É outra
das constatações presentes na edição
de 2015 do Education at Glance.
Para Joaquim Azevedo, professor
da Universidade Católica e especialis-
ta em educação, este distanciamento
de Portugal vem confi rmar, de novo,
que “o nosso atraso é mesmo estru-
tural e não se resolve com qualquer
voluntarismo ou com pressa”. “Só
mesmo o tempo cura estes desastres
do séc. XX português”, adianta.
Mas entretanto, acrescenta, “há
algo a fazer que pode ir ajudando a
acelerar o processo de escolarização
da população mais jovem”. Entre as
medidas que destaca com este fi m
fi guram “a escolaridade obrigatória
até aos 18 anos e o desenvolvimen-
to de mecanismos de fl exibilização
curricular para a realização mais di-
versifi cada do nível secundário de
ensino e formação”.
Esta última proposta pressupõe
que Portugal “tem de abandonar a
ideia de que os jovens fazem todos ou
o ensino geral ou o ensino profi ssio-
nal, o que não é verdade em nenhum
país europeu”. Por isso diz que “é
preciso fomentar outros projectos
e dinâmicas e sustentar redes locais
de instituições de ensino e formação
para se encontrar sempre uma pro-
posta educativa para cada um. E é
necessário também reforçar a boa
ligação à comunidade e aos merca-
dos de trabalho”.
Para já, os dados do Education at
Glance mostram o peso da opção pe-
Diferença entre gerações no país é a maior da OCDE
las ensino vocacional/profi ssional:
86% dos jovens portugueses com
menos de 25 anos que concluíram o
secundário fi zeram-no através destas
vias, acima da média da OCDE, que
se situa nos 83%. Entre os países com
uma experiência recente do ensino
vocacional, Portugal e a Nova Zelân-
dia são aqueles em que mais subiu a
percentagem de jovens que conclui
o secundário por esta via (mais de
40 pontos percentuais).
Prémio salarialQuanto à percentagem de adultos
com ensino superior (22%) conti-
nua a ser inferior às médias da OC-
DE (33,5%), embora por comparação
com 2011 o grupo de licenciados te-
nha aumentado mais signifi cativa-
mente em Portugal, nomeadamente
na população entre os 25 e 34 anos:
passou de 25% para 31%. Na OCDE
esta variação foi de 39% para 42%.
Segundo a agenda 2020 estabele-
cida pela Comissão Europeia, todos
os Estados-membros da União Euro-
peia (UE) deverão atingir os 40% de
licenciados no grupo dos 30 aos 34
anos. Ao contrário de Portugal, mui-
tos dos países europeus já atingiram
ou ultrapassaram esta meta.
Apesar de a OCDE não coligir da-
dos para a faixa dos 30 aos 34 anos, o
consultor Diogo Paula, que é o autor
da nota sobre a situação em Portugal,
não considera que se esteja “muito
longe” de atingir a meta da UE, tendo
em conta o “aumento de seis pontos
percentuais registado entre 2010 e
2014” no grupo entre os 25 e os 34
anos, que é aquele sobre o qual a
organização colige dados. Adianta,
contudo, que “é muito difícil avaliar
o cumprimento das metas a seis anos
de distância”, até porque as faixas
etárias eleitas para este balanço pe-
la OCDE e pela UE são diferentes.
Como tem sido habitual nos seus
estudos sobre a educação, a OCDE
volta a destacar as vantagens de ter
uma formação superior: 80% dos
adultos nesta situação têm emprego,
um valor que desce para 70% quando
o nível máximo de qualifi cação é o
secundário; os que têm o superior
concluído também ganham em mé-
dia mais 60% do que aqueles que se
fi caram pelo escalão anterior.
Em Portugal, o prémio salarial pa-
ra os que concluíram o superior é até
maior do que o registado na OCDE, já
que ganham em média mais 68% do
que aqueles que se fi caram pelo se-
cundário. Um bom sinal? Talvez não,
já que segundo a OCDE esta particu-
laridade portuguesa “refl ecte o facto
de a percentagem de jovens licencia-
dos (31%) ser inferior” à da média dos
países da organização, ou seja, está
relacionada com a escassez da oferta.
Entre 2012 e 2014 também cresceu
o número de jovens entre os 15 e os
29 anos que não estão nem a estudar,
nem a trabalhar. A percentagem dos
chamados “nem-nem” neste grupo
etário passou de 16,6% para 18%. Na
UE e na OCDE, a média dos “nem-
nem” nesta faixa etária rondava, em
2014, os 15,5%.
No editorial desta edição de 2015,
o secretário-geral da OCDE, Angel
Gurria, sublinha que “o panorama da
educação mudou enormemente nas
últimas duas décadas”, sendo uma
das diferenças principais o facto de,
em todo o mundo, existirem mais
crianças a frequentar as escolas. Nos
próximos anos o desafi o será o de
assegurar, de facto, “uma educação
inclusiva e equitativa de qualidade,
bem como assegurar a aprendizagem
ao longo da vida para todos”. São os
grandes objectivos para 2030 que in-
tegram, nesta área, a estratégia pa-
ra um desenvolvimento sustentável
aprovada pela ONU.
Para tal, acrescenta Gurria, é ne-
cessário garantir que “todas as crian-
ças tenham acesso a pelo menos 12
anos de escolaridade”, o que já acon-
tece em Portugal, e que as escolas
consigam que saiam, no mínimo,
com as competências necessárias a
um desempenho efi caz na sociedade.
Os testes PISA realizados pela OCDE
para medir a literacia dos jovens de
15 anos têm mostrado “que nem to-
dos o conseguem”, sublinha Gurria.
Em Portugal, em 2012, era esta ainda
a situação de cerca de 20% dos alu-
nos de 15 anos.
Clara Viana
Portugal “tem de abandonar a ideia de que os jovens fazem todos ou o ensino geral ou o ensino profi ssional, o que não é verdade em nenhum país europeu”Joaquim AzevedoProfessor da Universidade Católica
“O nosso atraso é estrutural e não se resolve com voluntarismo ou com pressa”, avisa Joaquim Azevedo
16 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Há cada vez mais jovens recém-
diplomados a criar empresas
sociais em França, diz Martine
Pinville, secretária de Estado
do Comércio, do Artesanato, do
Consumo e da Economia Social
e Solidária, que esteve ontem em
Lisboa para debater a Economia
Social, num seminário organizado
pelo Serviço Económico da
Embaixada da França” em
Portugal, em parceria com a Caixa
Geral de Depósitos.
Há uma fi gura legal recente,
em França, que são as
empresas sociais. São entidades
diferentes das tradicionais
associações, misericórdias
e outras instituições sociais.
Como funcionam e o que está o
Estado francês a fazer para as
promover?
Talvez seja melhor começar por
explicar como está organizada a
Economia Social e Solidária (ESS)
em França. Há um sector histórico,
constituído pelas associações, as
mutualidades, as fundações e as
cooperativas. E a Lei da Economia
Social e Solidária, publicada em
2014, permitiu-nos abrir o sector
às empresas de utilidade social. A
economia social é algo que passa
a fazer parte da economia em
geral. As empresas sociais têm de
cumprir certas características:
têm de ter uma governação
democrática, por exemplo, e uma
parte dos seus lucros tem de ser
reinvestida na própria empresa...
Que parte dos lucros? 50%?
No mínimo, 50%. Dou-lhe um
exemplo de uma empresa social:
a RogerVoice, que foi fundada
por dois jovens e que foi criada
para responder a pessoas com
difi culdades de audição que não
podiam telefonar. Estes jovens
conceberam um sistema que
permite que pessoas surdas
possam fazer telefonemas. É
uma aplicação que transcreve
em tempo real as conversações
O mais importante não é o lucro mas empresas sociais “têm de ser viáveis”
Martine Pinville Criou, recentemente, o Conselho Superior da Economia Social e Solidária, “que terá como missão defi nir uma estratégia para promover” a economia social em França
NUNO FERREIRA SANTOS
telefónicas e que já benefi ciou
milhares de pessoas.
Qual é o papel do Estado no
fi nanciamento de empresas
sociais como essa?
Não há subsídios, não há
subvenções. As associações
não lucrativas podem receber
fi nanciamento do Estado e
outro tipo de fi nanciamento. As
empresas sociais são fi nanciadas
através de empréstimos, através de
títulos com impacto social [fundos
que permitem a participação no
capital de empresas sociais, com
retorno fi nanceiro], através de
diversos instrumentos...
E há uma campanha do Estado
para promovê-las: a cada ano
o mês de Novembro em França
é “o mês da Economia Social e
Solidária”...
Sim, esse é um eixo muito
importante, dar visibilidade à
Economia Social. Com várias
iniciativas em que participo.
A ideia é que os jovens que não
encontram lugar no mercado
de trabalho tradicional, por
exemplo, que não conseguem
aplicar o seu talento no
mercado normal, possam sentir-
se levados a criar empresas
sociais? Criar empresas sociais
pode ser uma resposta ao
desemprego jovem?
Evidentemente que podem. Falei
do RogerVoice. São dois jovens que
tinham uma ideia, que decidiram
investir na economia social. E
estive recentemente num evento
chamado Social Good Week
[arrancou no Centre Pompidou
no início do mês] onde havia uma
enorme quantidade de jovens
que querem criar projectos deste
tipo, jovens recém-diplomados
nas écoles de commerce, e noutras
grandes escolas, que me dizem
que escolheram seguir o modelo
associativo, o modelo social. E
que me perguntavam num almoço
onde estivemos por que é que
as empresas sociais não têm os
mesmos benefícios que as “jeunes
entreprises innovantes” [jovens
empresas inovadoras] que têm,
Entrevista Andreia Sanches
Origem O termo “economia social” nasceu em França, no século XIX. No conceito lato de Economia Social e Solidária são integradas diferentes organizações, como cooperativas, mutualidades, fundações, associações, misericórdias, por exemplo.
União Europeia A Economia Social e Solidária emprega cerca de 14,5 milhões de pessoas na UE, ou seja, aproximadamente 6,5% da população activa, segundo dados recentemente divulgados pela Comissão Europeia. O Fundo Social Europeu 2014-2020 tem entre as suas prioridades a promoção da economia social.
França vs Portugal Em França, apesar do conceito de Economia Social e Solidária ser similar ao de Portugal, existe, ao contrário do que se passa em Portugal, a consagração legal de “empresas sociais”, uma evolução das tradicionais associações. Esta nova figura jurídica em França “permite introduzir uma lógica financeira e empresarial
na lógica social”, como se lê numa Nota Informativa sobre o Investimento Social da Embaixada de França. “O conceito de empresa social é reconhecido e integra na sua definição o conceito de lucro. O sistema permite o fácil acesso das organizações do sector a diversas fontes de financiamento, com taxas de retorno e necessidade de garantias bancárias mais baixas. Foram criados inclusivamente produtos financeiros específicos para financiar a Economia Social e Solidária”. Em Portugal a Lei de Bases da Economia Social, de 2013, não consagrou a figura de empresas sociais. Mas a Comissão do Mercado de Valores Imobiliários aprovou recentemente regras para a criação de Fundos de Empreendedorismo Social. Outra especificidade francesa são os produtos de poupança solidária: fundos de reforma que permitem aplicar 10% das poupanças em entidades sociais.
Números Em França a Economia Social e Solidária constitui
6% do PIB e cerca de 10% do emprego — são mais de 2,3 milhões de trabalhadores neste sector, segundo dados de 2013, divulgados este mês. Em 2010, a Economia Social, segundos dados do Instituto Nacional de Estatísticas, representou 2,8% da produção nacional e do Valor Acrescentado Bruto (VAB) nacional e 5,5% do emprego total remunerado. Há em Portugal 58 mil entidades que cabem no conceito lato de Economia Social. Em França são 166.400.
Características as organizações de Economia Social apresentam essencialmente as seguintes características gerais: são privadas; apresentam distribuição de benefícios/excedentes de acordo com as actividades que os membros realizam; têm como objectivo da sua actividade económica a satisfação das necessidades de famílias/pessoas; são organizações democráticas; têm personalidade jurídica e possuem autonomia de decisão.
Dados sobre Economia Social em França e em Portugal
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | PORTUGAL | 17
A ajuda pública ao desenvolvimen-
to caiu 14% em 2014, conta com os
custos relacionados com refugiados
e continua muito associada à diplo-
macia económica, alerta o Relatório
Aid Watch, lançado ontem pela Con-
cord, a Confederação Europeia das
ONG de Ajuda ao Desenvolvimento,
Ajuda pública ao desenvolvimento caiu pelo quarto ano consecutivo
de que a Plataforma Portuguesa das
ONGD é membro fundador.
Bem vistos os números, passou de
364,4 para 315,8 milhões de euros a
ajuda pública ao desenvolvimento.
Já caíra 20,4% em 2013, 11,3% em
2012, 3% em 2011. A tendência tem
sido justifi cada pelo Governo com a
crise económica, o controlo do dé-
fi ce público e a consolidação orça-
mental. Quer isto dizer que Portugal
disponibilizou 0,19% do Rendimento
Nacional Bruto para a ajuda ao de-
senvolvimento, bem longe dos 0,7%
que prometeu alcançar até 2015. Pe-
dro Krupenski, presidente da Plata-
forma Portuguesa das ONGD, não
compreende por que reiterou o Go-
verno o compromisso já este ano, na
cimeira de Adis Abeba. “Teria sido
mais sensato comprometer-se com
uma meta intercalar”, diz.
Não basta atender aos montantes
para perceber o recuo em matéria
de Cooperação para o Desenvol-
vimento, Educação para o Desen-
volvimento e Ajuda Humanitária e
de Emergência. É também preciso
olhar para o que está inscrito em
cada parcela. Já no ano passado,
diversos países contabilizaram co-
mo ajuda ao desenvolvimento os
custos associados ao acolhimento
e à integração de refugiados, com
destaque para a Holanda (145%), a
Itália (107%), Chipre (65%) e Portu-
Desenvolvimento Ana Cristina Pereira
Relatório da AidWatch diz que 65% da cooperação bilateral está associada à diplomacia económica
gal (38%). Teme-se agora que a ten-
dência se agrave. Pedro Krupenski
não nega a natureza urgente da cri-
se. Salienta, no entanto, que a aju-
da pública ao desenvolvimento diz
respeito ao combate às causas, isto
é, à pobreza, às desigualdades e aos
confl itos em países terceiros.
Outro facto mascara as contas. A
“ajuda ligada”, isto é, os emprésti-
mos condicionados à aquisição de
bens ou serviços, representa 65% da
ajuda bilateral nacional. Menos 5%
do que no ano anterior, contrarian-
do uma tendência de crescimento
que tinha sido assinalada num re-
latório retrospectivo lançado em
2012.
segundo a lei francesa, benefícios
fi scais e sociais...
E por que é que não têm?
O modelo associativo em França
já tem certos benefícios, mas vai
haver mais desenvolvimentos nessa
área. Estamos a trabalhar nisso.
E esses jovens, que escolhem
criar empresas sociais, não vão
enriquecer, mas vão deixar a
sua marca social, é isso?
Sim. Estes jovens do RogerVoice
e outros que conheço — estou a
pensar numa empresa social que se
destina a pessoas com cancro, por
exemplo, também desenvolvida
por jovens — o intuito deles é de
facto social, mas nunca deixam
de pensar no aspecto económico.
Eles desenvolvem uma ideia,
de utilidade social, procuram
fi nanciamento, a ideia tem de ser
viável, tem de ser sustentável,
mesmo que não seja logo, a curto
prazo, tem de ser a longo prazo.
Para que haja uma verdadeira
mudança [na Economia Social]
temos de pensar nisto como um
modelo económico. Recentemente
criei o Conselho Superior da
Economia Social e Solidária que
terá como missão defi nir uma
estratégia [para o sector].
Há projectos pensados para as
comunidades mais excluídas?
Há. Estou a pensar num projecto
chamado A Gravata Solidária. Dois
jovens licenciadas nas écoles de
commerce que se aperceberam de
que outros jovens de bairros mais
desfavorecidos tinham difi culdade
em comparecer nas entrevistas
de trabalho devido à forma
como se apresentavam, a roupa
que levavam, desde logo. Este
projecto serve para os preparar,
inclusivamente fornecendo-
lhes as roupas adequadas,
incluindo as gravatas. Esses jovens
organizaram-se sob a forma de
uma associação.
Depois dos atentados terroristas
em Paris voltou a debater-se
a questão da integração de
algumas comunidades. Sei que
não é a sua área. Mas há um
problema de integração em
França?
Temos um certo número
de imigrantes com todas as
problemáticas que isso envolve, e o
nosso ministro do Interior, Bernard
Cazeneuve, tem desenvolvido
uma política de acolhimento, de
acompanhamento dessas pessoas.
Quando recebemos pessoas, temos
de ter condições para as receber e
para as acompanhar.
Descontos exclusivos em combustível para estudantes!
Com o apoio:
Descobre já emwww.universia.pt
18 | LOCAL | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Orçamento da Câmara de Lisboa para 2016 foi aprovado na ausência do PSD
RUI GAUDÊNCIO
A taxa destinada a financiar os serviços de protecção civil esteve mais uma vez no centro da polémica
Só os eleitos do PS, dos Cidadãos por
Lisboa e do Parque das Nações por
Nós votaram favoravelmente o or-
çamento da Câmara de Lisboa para
2016, documento que foi aprovado
ontem à tarde pela Assembleia Mu-
nicipal de Lisboa. Os deputados do
PSD não participaram na votação,
tendo abandonado a sessão em pro-
testo contra aquilo que disseram ser
“a verborreia, a má criação e a gros-
seria” do vereador das Finanças.
A saída dos eleitos sociais-demo-
cratas aconteceu logo após uma in-
tervenção do vereador João Paulo
Saraiva, em que este se referiu ao
facto de o presidente do Instituto da
Habitação e da Reabilitação Urbana,
a Santa Casa da Misericórdia de Lis-
boa e o PSD terem vindo a público
criticar, em dias consecutivos, a taxa
municipal de protecção civil (TMPC).
Aos jornalistas o autarca já tinha fala-
do num “alinhamento astral brutal”,
mas perante a assembleia foi mais
longe e falou numa “instrumentali-
zação dos serviços públicos”.
Além disso, João Paulo Saraiva deu
conta da sua “perplexidade” com “os
números e contas” apresentados pelo
PSD e criticou o partido pela sua “ló-
gica de aniquilar aqueles que estão
a fazer um bom trabalho”. “Quando
estão no poder, não baixam as taxas
e os impostos; quando passam para
a oposição, têm uma lógica muito
generosa”, acrescentou o vereador
com o pelouro das Finanças, consi-
derando que tal actuação tem “intui-
tos claramente politiqueiros”.
A resposta, apresentada como “a
defesa da honra da bancada”, veio de
Victor Gonçalves, que acusou João
Paulo Saraiva de ser “useiro e vezeiro
no insulto, na má criação e na falta
de educação”. “Em face disso, o PSD
abandona esta reunião”, anunciou
o deputado social-democrata, após
o que se levantou e saiu da sala, tal
como fi zeram todos os outros eleitos
do partido.
“O PSD reserva-se o direito de não
participar no debate, quando ele é
nivelado por baixo”, justifi cou depois
o líder da bancada social-democrata.
Em declarações aos jornalistas, já à
porta do local onde decorria a sessão
da assembleia municipal, Sérgio Aze-
vedo acusou o vereador das Finanças
Em nome do PCP, Ana Páscoa criti-
cou o executivo camarário por apos-
tar numa política que “não está di-
reccionada para a resolução dos pro-
blemas das pessoas”. Já o bloquista
Ricardo Robles defendeu a “absoluta
urgência” de o município dar “res-
posta à crise social”, nomeadamente
através da criação de um gabinete
para “acompanhar de forma siste-
mática a preocupante evolução da
situação social” e do reforço das ver-
bas do Fundo de Emergência Social.
Tanto Cláudia Madeira, do PEV, co-
mo Luísa Aldim, do CDS, lembraram
que a câmara não tem ainda uma
solução fechada para a cobrança da
taxa municipal turística, com a qual
se prevê arrecadar 15,7 milhões de
euros em 2016. Aos jornalistas João
Paulo Saraiva respondeu que “dentro
de uns 15 dias” espera poder “dizer
com pormenor” a forma como esta
questão vai ser operacionalizada.
Segundo o autarca, “a coisa está
muito tranquila” no que diz respeito
à taxa aplicada às dormidas, estando
já assente que serão os operadores a
cobrar esse valor, entregando-o de-
pois ao município. Quanto às che-
gadas, tanto ao aeroporto como ao
porto de Lisboa, João Paulo Saraiva
admite que “ainda há coisas por de-
fi nir”. Quanto à actuação do PSD, o
vereador acusou o partido de tentar
“criar factos políticos”. “Parece-me
que estava tudo preparado. Era só
encontrar um pretexto”, concluiu.
Mesmo com a ausência dos deputa-
dos sociais-democratas, o orçamen-
to para o próximo ano foi aprovado,
com os votos contra do CDS, MPT,
PCP, PEV e BE e a abstenção do PAN.
Na reunião da Assembleia Municipal
de Lisboa foram também aprovadas
as propostas relativas ao IMI, à der-
rama, ao IRS e à taxa municipal dos
direitos de passagem.
Deputados municipais do Partido Social Democrata abandonaram a sala de sessões da Assembleia Municipal, depois de um vereador da maioria ter falado na “instrumentalização dos serviços públicos”
Assembleia municipalInês Boaventura
que a actuação dos seus opositores.
Referindo-se à “bancada deserta” à
sua direita, Fernando Medina des-
valorizou o “real contributo do PSD
para a construção da cidade”, con-
siderando que das intervenções do
partido “não sobra nada de útil e efi -
caz para a governação”.
Quanto às propostas que foram
apresentadas por Sérgio Azevedo
como condições para o seu partido
viabilizar o orçamento (a substitui-
ção da TMPC por uma taxa munici-
pal de riscos e actividades conexas, a
subida da percentagem de devolução
do IRS e o reforço do investimento
no Plano de Drenagem), Fernando
Medina afi rmou que elas não podem
“ser levadas a sério”. Para o autarca
socialista, a sua concretização iria
“delapidar as fi nanças do municí-
pio, a troco de o PSD aparecer de
uma forma simpática aos olhos da
opinião pública”.
de “calúnia, insinuações e maledi-
cência” e defendeu a necessidade
de o presidente da câmara “tomar
as rédeas” da situação.
Questionado sobre quais as pala-
vras em concreto de João Paulo Sa-
raiva que levaram os deputados do
PSD a abandonar a reunião, Sérgio
Azevedo destacou as declarações re-
lativas à TMPC. “É lançar uma suspei-
ta de instrumentalização política de
serviços públicos, coisa que nunca fi -
zemos, mas que o PS porventura não
poderá dizer o mesmo”, sustentou.
Dentro do Fórum Lisboa, a sessão
prosseguiu, depois de a presidente da
assembleia municipal, Helena Rose-
ta, ter sublinhado que mesmo com a
ausência dos 16 eleitos sociais-demo-
cratas não havia falta de quórum.
Na intervenção que fez sobre o or-
çamento para 2016, que classifi cou
como “um bom orçamento”, o pre-
sidente da câmara colocou em desta-
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 19
PEDRO MARTINHO
Proposta vai ser apresentada hoje em reunião de câmara
A instalação de uma grande su-
perfície comercial a cerca de uma
centena de metros das muralhas
do Centro Histórico de Évora está a
causar alguns engulhos ao comércio
de Badajoz, que se sente ameaçado
com o seu impacto, como refere o
diário Hoy numa das suas últimas
edições.
Se a proposta para a cedência
do terreno municipal onde os pro-
ponentes do projecto pretendem
construir a superfície comercial for
aprovado na reunião do executivo
municipal de Évora que se realiza
hoje, o seu efeito na economia da
cidade espanhola é comparado pelo
jornal extremenho a “um torpedo
na linha de fl utuação do comércio
de Badajoz”.
O seu impacto preocupa igual-
mente o alcaide de Badajoz, Francis-
co Javier Fragoso, que se habituou
a ver na capital da Extremadura “o
núcleo comercial de parte importan-
te do Alentejo”, onde os cidadãos
portugueses que “vivem em Évora
e na raia” fazem as suas compras,
sublinhou o autarca espanhol.
Por sua vez, o presidente da Câ-
mara de Évora, Carlos Pinto Sá,
confi rmou ao PÚBLICO que a ins-
talação do novo centro comercial
“terá impacto a nível regional com
um raio de acção alargado que to-
cará Badajoz, tal como Badajoz
condiciona agora o comércio em
Évora”. Daí que a apresentação de
uma proposta para a cedência de
uma parcela de terreno com 30 mil
metros quadrados tenha todas as
condições para ser aprovada pelos
eleitos da CDU, que são maioritários
no executivo municipal de Évora.
O autarca assume que “a grande
maioria da população quer o centro
comercial” que é apenas contestado
“por algumas pessoas” que alegam
ter o município instrumentos para
“impedir a sua construção, o que
não corresponde à verdade.”
Ao contrário do que é afi rmado
pelos opositores do projecto tanto
o Plano de Urbanização de Évora
como o Plano Director Municipal
“prevêem a instalação de um em-
preendimento comercial” na zona
Construção de grande centro comercial em Évora assusta comerciantes de Badajoz
da na reunião de hoje só será apro-
vada na próxima reunião de câma-
ra para possibilitar a continuação
do debate sobre o projecto de um
centro comercial em Évora, deba-
te esse que já dura “há mais de um
ano”, refere Pinto Sá, salientando
que a “câmara sempre pugnou para
que houvesse uma discussão aberta
do tema e extensivo a toda a gente:
empresários, partidos políticos, a
comunidade local, etc.”.
Entretanto, e em paralelo, o Gru-
po Pró-Évora, uma associação cria-
da em 1919 para debater as questões
relacionadas com o património, está
a realizar vários debates públicos
sobre a instalação do novo equipa-
mento. A presidente de direcção,
Aurora Carapinha, adiantou ao PÚ-
BLICO não haver ainda uma posição
assumida do grupo quando “pros-
seguem os debates sobre o tema”.
E como os membros dirigentes da
associação se recusam a assumir
posições pessoais, “só depois de
concluídos os debates é que será to-
mada uma posição pública” sobre a
superfície comercial, observou.
Os comerciantes de Badajoz estão
bem informados do peso turístico
que Évora tem nos dias de hoje,
sobretudo na afl uência de forastei-
ros que rumam à cidade alentejana
para conhecer o valor do patrimó-
nio que preserva, sobretudo o seu
centro histórico, classifi cado pela
UNESCO como Património Mundial
da Humanidade em 1986. Os núme-
ros divulgados pela autarquia e re-
lativos a 2014 revelam que pelo pos-
to de turismo da cidade passaram
mais de 147.000 visitantes, a maior
parte vinda de Espanha e Portugal,
em crescimento constante ao lon-
go dos últimos quatro anos, apesar
da crise.
onde irá ser feita a cedência do ter-
reno, acentua Pinto Sá, frisando que
a sua viabilização naquele local só
será possível “se a câmara vender
o terreno”.
Ao mesmo tempo, vai permitir
que o projecto a implantar possa
ter a intervenção do município na
defi nição da estrutura que se pre-
tende instalar. “Podemos assumir
posições e colocar propostas”, o
que não aconteceria se a proposta
escolhesse um outro local.
O novo equipamento será en-
quadrado numa área patrimonial
que “exigiu estudos aprofundados
sobre o seu impacto”, prossegue o
autarca, assinalando que, “quanto
maior for a proximidade do centro
histórico, menor será o impacto no
comércio local”.
Ao contrário do que tem sido afi r-
mado, ou seja, que já há um grupo
de investidores locais interessados
em instalar o projecto, o autarca re-
fere que “será realizado um concur-
so público e então se verá quem é
que se candidata” à construção do
empreendimento.
A proposta que vai ser apresenta-
AlentejoCarlos Dias
Proposta prevê a instalação do empreendimentojunto ao centro histórico e irá ocupar parte de um terreno municipal
O impacto da nova superfície preocupa Badajoz, que se habituou a ser “o núcleo comercial de parte importante do Alentejo”, onde vão os cidadãos portugueses
Colecção de 8 vinhos. PVP unit.: variável. Preço total da colecção: 79,09€. Periodicidade semanal à sexta-feira. De 30 de Outubro a 18 de Dezembro de 2015.
Limitado ao stock existente. A compra do produto implica a aquisição do jornal. É proibida a venda de álcool a menores de 16 anos. Seja responsável, beba com moderação.
30 OUT Quinta dos Roques Branco 2014 Encruzado 12,50€ 06 NOV Dona Matilde Tinto 2010 8,90€ | 13 NOV Kompassus Tinto
Reserva 2013 13€ | 20 NOV Herdade de São Miguel Magnum Colheita Seleccionada 2014 (1,5L) 8,99€ | 27 NOV Vinha Paz
Colheita 2013 8,50€ | 04 DEZ Herdade da Farizoa Reserva 2012 9,90€ | 11 DEZ Pios Tinto 2013 10,50€
18 DEZ Santos Jorge Tinto 2013 6,80€
Ponha
os seusà prova
sentidos
Vinha Paz Colheita 2013
A colheita deste ano já terminou e os cestos da
vindima estão arrumados.A região em destaque esta
semana é o Dão, directamente da Quinta da Leira e da Quinta da
Tremoa, situadas no coração mais profundo
da região, apresentamos um vinho tinto aveludado
e consistente, com uma cor rubi intensa onde prevalecem as notas de frutos vermelhos.
SEXTA, 27 NOVCOM O PÚBLICO
+8,50€
20 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Banco de Portugal com exposição elevada à dívida grega durante a crise
FRANÇOIS LENOIR/REUTERS
Os governos da zona euro decidiram transferir para a Grécia os lucros obtidos pelos seus bancos centrais com a dívida desse país
Por causa de compras efectuadas
entre 2006 e 2008, o Banco de Por-
tugal atravessou o auge da crise da
moeda única com uma das exposi-
ções mais elevadas à dívida pública
grega entre todos os bancos centrais
da zona euro, mostram os números
de devolução dos lucros à Grécia a
que o PÚBLICO teve acesso.
Em Novembro de 2012, na nego-
ciação do segundo programa de res-
gate grego e na tentativa de evitar os
efeitos negativos para todos de um
default, os governos da zona euro de-
cidiram que os lucros que viessem a
ser conseguidos pelos diversos ban-
cos centrais com a compra e venda
de dívida pública grega acabariam
por ser devolvidos pelos respectivos
Estados, assim que estes recebessem
nos seus cofres os dividendos das au-
toridades monetárias.
Os lucros têm sido signifi cativos,
porque, por causa do baixo valor de
mercado da dívida pública grega, os
bancos centrais puderam comprar
os títulos a um valor muito baixo e
depois receber na íntegra o valor
nominal quando as obrigações atin-
gem a maturidade.
Foram feitos dois tipos de com-
pras. O primeiro estava relaciona-
do com o programa de compras de
obrigações lançado pelo BCE no
início da crise, que levou a que os
bancos centrais adquirissem dívi-
da grega (e também portuguesa,
italiana, irlandesa e espanhola) de
acordo com o peso da sua econo-
mia e da sua população no PIB. O
segundo fez parte da normal ges-
tão de activos que um banco central
tem de fazer, investindo parte do
seu dinheiro nos mercados, com
um peso signifi cativo de títulos de
dívida pública.
Foi neste tipo de compras que o
Banco de Portugal se destacou dos
seus parceiros europeus, uma vez
que os lucros que conseguiu obter e
que teve depois de transferir para a
Grécia foram relativamente mais ele-
vados do que os dos outros países.
De acordo com os números ob-
tidos pelo PÚBLICO, depois de em
2012 não ter sido feita qualquer
transferência, em 2013 foram en-
tregues por Portugal 74,7 milhões
de euros, o segundo valor mais
A entidade agora liderada por
Carlos Costa assegura assim que,
mesmo antes de os problemas na
Grécia começarem a ser conhecidos
e de o rating ter sido reduzido para
um nível “lixo”, não foram efectu-
adas mais compras, tendo os títu-
los sido mantidos até à maturidade
por força dos acordos feitos a nível
europeu. “Em Abril de 2009, antes
do início da crise de dívida sobera-
na europeia, o Banco de Portugal
suspendeu a realização de investi-
mentos em títulos gregos, tendo-se
mantida a notação destes títulos em
níveis investment grade pelas três
principais agências de rating ain-
da por mais um ano”, diz o banco
central.
Em 2015, estava previsto no
Orçamento do Estado para 2015,
a transferência de mais 98,6 mi-
lhões de euros para “proceder à
realização da quota-parte do fi-
nanciamento do programa de
assistência fi nanceira à Grécia”.
Essa transferência, contudo, não
irá ser feita, por causa da forma tu-
multuosa como foi concluído o se-
gundo programa grego e iniciado o
terceiro. Como explicou ao PÚBLI-
CO um porta-voz do presidente do
Eurogrupo, Jeroem Dijsselbloem,
“não houve qualquer discussão
no Eurogrupo sobre uma possível
transferência dos montantes equi-
valentes aos lucros [com a dívida
pública grega] de 2015”. “Essas me-
didas tinham sido acordadas em No-
vembro de 2012 e estavam ligadas à
aplicação bem sucedida do segundo
programa da Grécia, que agora já
expirou. Qualquer nova transfe-
rência dos lucros exigiria um novo
acordo dentro do Eurogrupo”, afi r-
ma este responsável.
Esta é assim mais uma ajuda, em-
bora relativamente modesta, para a
concretização das metas do défi ce
português deste ano.
Regulador do sector bancário justifi ca que as compras de dívida pública helénica foram feitas entre 2006 e 2008, um ano antes de a Grécia ver o seu rating cair para nível “lixo”
Crise do euroSérgio Aníbal
alto entre todos os países da zona
euro, apenas atrás da França, que
transferiu 149 milhões de euros. Em
terceiro fi cou a Espanha, com 60,8
milhões. No total, as transferências
da zona euro para a Grécia foram de
681,8 milhões de euros.
Isto signifi ca que neste ano as
transferências feitas por Portugal
representaram 11% do total da zo-
na euro, muito mais do que o peso
do PIB português no PIB total que
é de 2,1%.
Em 2014, os números são seme-
lhantes. Da transferência de 580
milhões de euros feita pela zona
euro, Portugal contribuiu com 69,1
milhões, isto é, 11,9% do total. Em
termos absolutos, apenas a França
transferiu mais: 101,8 milhões de
euros.
Este peso signifi cativo do Estado
português nas transferências dos
lucros dos bancos centrais para a
Grécia já tinha sido destacado pelo
Presidente da República, quando
afi rmou que, “em termos relativos,
Portugal é o país que faz mais doa-
ções [à Grécia]”.
A dúvida, no entanto, fi ca: o que é
que levou o Banco de Portugal a ter
níveis tão elevados de dívida públi-
ca grega no seu portefólio de inves-
timento? Em resposta ao PÚBLICO,
fonte ofi cial da instituição explica
que, “tendo em vista a diversifi ca-
ção dos investimentos e no quadro
das Normas Orientadoras da Ges-
tão de Ativos Financeiros do Ban-
co de Portugal, foram adquiridos
para a carteira a vencimento títulos
de dívida governamental de diver-
sos países da área do euro, entre
os quais da Grécia”. E salienta que
“no caso da Grécia os títulos foram
adquiridos entre Junho de 2006 e
Dezembro de 2008, e, à data da úl-
tima compra, o nível creditício atri-
buído à República Helénica era de
investment grade”.
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | ECONOMIA | 21
RUI GAUDENCIO
Dono da transportadora brasileira é o sócio norte-americano de Humberto Pedrosa na TAP
Depois da norte-americana United
Airlines, o grupo chinês HNA tam-
bém vai entrar para a lista dos ac-
cionistas da Azul Linhas Aéreas, a
transportadora brasileira de David
Neeleman, o sócio de Humberto Pe-
drosa na TAP.
A Azul é detida pela DGN, a empresa
que se juntou à HPGB (a holding de
Humberto Pedrosa) para formar a
Atlantic Gateway, o consórcio que
comprou 61% da TAP.
Enquanto a United Airlines adqui-
riu uma posição de 5% na Azul (por
cerca de 100 milhões de dólares ou
89 milhões de euros), o HNA Group
vai comprar 23,7% da empresa de
Neeleman por 450 milhões de dó-
lares (423 milhões de euros). Com
isto, o conglomerado que detém a
Hainan Airlines (que também tem
como accionista indirecto o Gover-
no da província chinesa de Hainan)
garante um lugar no conselho de ad-
ministração da Azul.
A Azul sublinha que o investimento
avalia a empresa em sete mil milhões
Neeleman abre a portaa capital chinês na Azule encaixa 424 milhões
de reais (cerca de 1,7 mil milhões de
euros), convertendo-a na mais valio-
sa do mercado brasileiro. O reforço
da tesouraria, a renovação da frota
e a amortização de dívidas foram al-
gumas das vantagens do negócio re-
alçadas num comunicado divulgado
pela empresa de David Neeleman.
A Azul admite ainda a possibilidade
de vir a entrar no mercado asiático
através, por exemplo, de acordos de
partilha de voos com a Hainan (que
tem sede no aeroporto internacional
de Haikou Meilan).
Em declarações à Reuters, o presi-
dente da empresa brasileira, Anto-
noaldo Neves, sublinhou que esta
injecção de capital chinês permite
à Azul ganhar tempo até fi nalmente
conseguir dispersar capital em bolsa
(IPO, na sigla em inglês), uma ope-
ração que a empresa já tentou três
vezes, sem sucesso. A última foi em
Junho, pouco antes de vender 5% do
capital à United Airlines.
“Não estávamos com pressão pe-
lo IPO, mas agora isso nos dá um
prazo ainda maior”, disse Neves. O
negócio também garantirá à Azul
sinergias na compra, leasing, ma-
nutenção e seguros de aeronaves,
uma vez que o grupo HNA também
tem actividade de fi nanciamento,
adiantou o responsável. A actividade
do grupo HNA vai além da aviação,
já que está igualmente presente nos
sectores fi nanceiro, industrial, logís-
tico e do turismo.
A Azul inaugurou operações no
Brasil em Dezembro de 2008 e co-
meçou com os voos directos para
os Estados Unidos em 2014. A em-
presa diz ter “a maior malha aérea”
do território brasileiro, “atendendo
mais de 100 destinos com 864 des-
colagens diárias”, o que representa
cerca de 32% do mercado. No en-
tanto, à semelhança das suas con-
géneres, enfrenta difi culdades por
causa da situação económica do país
e da desvalorização do real face ao
dólar, que pressiona os custos das
empresas, num contexto de queda
de passageiros.
Até Junho, a transportadora aérea
registou prejuízos de 236 milhões de
reais (aproximadamente 53 milhões
de euros). Os resultados foram pena-
lizados pelo agravamento de 25,8%
dos custos dos serviços prestados
(para 1,3 mil milhões de reais ou 292
milhões de euros), de acordo com
a informação enviada pela empresa
ao regulador da aviação civil brasi-
leiro, ANAC.
AviaçãoAna Brito
Novo dono da TAP procura parceiros chineses para reforçar tesouraria e amortizar dívidas da sua empresa brasileira
Elisa Ferreira diz que foi negada informação à comissão TAXE
Um ano depois do escândalo “LuxLe-
aks”, o debate sobre as práticas fi scais
agressivas na Europa está longe de
estar terminado. A prova foi o debate
de ontem no Parlamento Europeu a
propósito do relatório sobre “deci-
sões fi scais antecipadas”, do qual é
co-relatora a eurodeputada do PS Eli-
sa Ferreira, que apelou em Estrasbur-
go a uma “nova realidade” fi scal.
Por exemplo, para que os impostos
directos sobre os lucros das empresas
sejam calculados de acordo com mé-
todos comuns na União Europeia; ou
simplesmente para que as multina-
cionais passem a prestar informação
sobre os “negócios que realizam em
cada país”; ou ainda para que haja
uma “defi nição europeia de paraísos
fi scais” e tolerância zero com os cen-
tros fi nanceiros off shore. Estas foram
algumas das propostas que resulta-
ram dos oito meses de trabalho da
comissão parlamentar TAXE. Mas
como “muito fi cou por averiguar”,
Elisa Ferreira defendeu o lançamento
de uma TAXE II, uma segunda fase
dos trabalhos para manter a “pressão
política” sobre o Conselho e a Comis-
são Europeia.
Segundo a eurodeputada, que teve
como co-relator o eurodeputado ale-
mão Michael Theurer (dos liberais),
houve “muita informação” que foi
negada aos eurodeputados. A “in-
Um ano depois do caso “LuxLeaks”, a Europaainda aguarda uma“nova realidade” fiscal
quirição de responsabilidades e de
práticas desleais” ainda não está ter-
minada e interessa “reforçar a inves-
tigação sobre o passado”.
A Elisa Ferreira coube, com ironia,
sensibilizar os eurodeputados para o
problema: “Se vos anunciassem agora
que este ano iriam pagar uma taxa de
imposto sobre os vossos rendimentos
de apenas 5%, ninguém acreditaria,
apesar de estarmos tão perto do Na-
tal. Pois bem, essa é a realidade da
maior parte das grandes empresas
multinacionais na Europa, que pa-
gam taxas efectivas de 5% e por vezes
ainda inferiores, mesmo nos países
em que a taxa nominal do imposto
ronda os 30%.”
A comissão especial surgiu na se-
quência das revelações do escânda-
lo “LuxLeaks”, que permitiu pôr a
nu a celebração de acordos secretos
entre o Luxemburgo e mais de 300
multinacionais. Tudo aconteceu en-
tre 2002 e 2010, era então primeiro-
ministro do país Jean-Claude Juncker,
presidente da Comissão. O caso em-
baraçou o início da Comissão Juncker
e ainda hoje gera desconforto entre
os democratas-cristãos. No plenário,
o eurodeputado do PCP João Ferreira
questionou a eurodeputada Danuta
Maria Hübner, do Partido Popular
Europeu, se os democratas-cristãos
estão dispostos a chamar Juncker a
prestar mais esclarecimentos — pa-
ra “apurar muito melhor qual a sua
participação em todo este processo”.
A eurodeputada do PPE evitou dar
uma resposta taxativa, dizendo que
a pergunta se dirigia “mais ao coorde-
nador” do grupo parlamentar. “Não
parece que essa necessidade exista”,
afi rmou. Porém, acrescentou: “Te-
mos o maior gosto em debater essas
questões.”
Da parte da manhã Juncker prome-
teu: “A ambição da Comissão Euro-
peia consiste em fazer tudo para que
a Europa, em matéria fi scal, seja do-
tada de uma mesma base de matéria
colectável.” O comissário europeu
Pierre Moscovici salientou que o exe-
cutivo comunitário já foi “mais longe
do que alguma Comissão até agora” e
prometeu usar “todos os instrumen-
tos de que dispõe” para combater as
práticas fi scais agressivas.
Os eurodeputados da TAXE consi-
deram ainda insufi ciente o projecto
da Comissão, que obriga os Estados-
membros à troca automática de infor-
mações sobre decisões fi scais anteci-
padas. Foi o co-relator Michael Theu-
rer a dizê-lo, lembrando que “muitas
empresas internacionais conseguem
utilizar lacunas fi scais” para diminuir
os impostos que pagam.
ImpostosPedro Crisóstomo
Eurodeputados discutiram práticas tributárias agressivas. Elisa Ferreira pressiona Bruxelas a fazer mudanças na área
89Em Junho, Neeleman vendeu 5% da Azul à norte-americana United Airlines por 89 milhões. A operação ainda aguarda aprovação das autoridades
22 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
A nova versão da nota mais utili-
zada em Portugal, a de 20 euros,
entra em circulação a partir de hoje
nos países da zona euro, sendo a
terceira denominação da série Eu-
ropa a ser lançada. Precederam-lhe
a nota de dez euros, em Setembro
de 2014, e a de cinco, em Maio de
2013, num processo de renovação
que teve início há pouco mais de
dois anos.
A proxima a ser lançada será a no-
va versão da nota de 50 euros, em
data ainda por defi nir. Ao contrário
do que se verifi ca em Portugal, em
média, a denominação mais utili-
zada nos países da moeda única é
a de 50 euros.
Ontem, na apresentação da no-
va nota de 20 euros, o director
do Departamento de Emissão e
Tesouraria do Banco de Portugal
(BdP), António Marques Garcia,
revelou que a instituição está já
a produzir notas de 50 euros na
nova série, mas não quis apontar
uma data concreta o lançamento.
Sobre a entrada em circulação, o
responsável aponta para um perío-
do de espera “superior a um ano”,
referindo que não vai ser intro-
duzida no euro-sistema em 2016.
Quando foram lançadas, regis-
taram-se alguns problemas com as
novas notas de cinco e dez euros,
nomeadamente em máquinas de
pagamento automático. Tendo is-
so em conta, o BdP diz que agora
desenvolveu um trabalho prévio de
informação com os responsáveis
pelos equipamentos, para evitar
que o mesmo aconteça com a en-
trada em circulação da nova nota
de 20.
O administrador do BdP, João
Amaral Tomaz, explicou que o
objectivo de várias iniciativas de
informação, divulgação e apoio
técnico a profi ssionais levadas a
cabo pela instituição passou tam-
bém por “promover a adaptação
atempada dos equipamentos que
operam com numerário”. Assim,
a instituição avança com a in-
formação de que as “principais
empresas de transportes públi-
cos e de gestão de auto-estradas
estão desde já preparadas” para
Nova nota de 50 euros já está a ser produzida mas não vaiser lançada antes de 2017
Ainda em relação às da primeira
série do euro lançadas em 2002,
Amaral Tomaz esclarece que não
existirá um período de prescrição
tal como aconteceu com o escudo.
Ou seja, poderá sempre ser trocada
por uma da mesma denominação
da nova série.
A introdução da nota de 20 euros
da série Europa tinha já sido anun-
ciada no início do ano pelo Banco
Central Europeu, bem como a di-
ferença dos mecanismos de segu-
rança em relação à série original. A
introdução de novos elementos que
difi cultem a falsifi cação é importan-
te uma vez que é a mais contrafeita
na zona euro.
De acordo com dados do BdP,
só na primeira metade deste ano,
foram detectadas cerca de 450 mil
notas falsifi cadas em circulação no
euro-sistema, sendo perto de 249
mil de 20 euros – ou seja, mais de
metade. Ainda longe desses núme-
ros, a segunda denominação mais
contrafeita foi a de 50 euros, tendo
sido identifi cadas 140 mil notas. Em
Portugal esta tendência mantém-
se e, ao longo do mesmo período,
foram retiradas 2376 notas de 20
euros de circulação, num total de
4096 de todos os valores.
O grafi smo da nova nota segue
a mesma linha e esquema cromá-
tico das que já foram lançadas an-
teriormente e mantém a represen-
tação de um estilo arquitectónico
de diferentes períodos da história
europeia que, neste caso, é o góti-
co. Uma das diferenças da nova ver-
são é a existência de um holograma
com o rosto da Europa, a persona-
gem da mitologia grega que deu ori-
gem o nome do continente.
receber a nova nota de 20 euros.
O administrador esclarece que,
embora a responsabilidade pela
adaptação dos equipamentos se-
ja dos respectivos proprietários,
o BdP tomou “todas as medidas
que estavam ao seu alcance para
que essas adaptações fossem con-
cretizadas o mais atempadamente
possível”.
No entanto, João Amaral Tomaz
não pode garantir que todos os
equipamentos dos “demais agentes
económicos estejam prontos a acei-
tar a nova nota de 20” já a partir de
hoje. O responsável sublinhou ain-
da que não haverá necessidade de
trocar as notas antigas pelas novas,
para que se evite repetir “os casos
conhecidos em que alguns opor-
tunistas tentam ludibriar os mais
incautos”. Tal como aconteceu
com as anteriores denominações,
as notas das duas séries circularão
em paralelo e, quando as notas da
primeira série forem retiradas, tal
será “comunicado com muita an-
tecedência”.
DinheiroCamilo Soldado
Versão renovada da notade 20 euros começa hoje a circular com mais formas de combate à falsificação
KOEN VAN WEEL/AFP
As duas versões da nota de 20 vão, para já, circular em paralelo
Bolsas
PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015
PSI 20 INDEX -0,59 5266,66 421686494 5280,21 5280,21 5194,16 1,79 9,75ALTRI -0,98 5,06 501401 5,08 5,08 4,97 2,14 103,66BANIF 0 0,00 172339019 0,00 0,00 0,00 0,00 -57,89BPI -0,98 1,11 3093552 1,12 1,12 1,07 8,64 7,99BCP 0 0,05 217145742 0,05 0,05 0,05 3,31 -23,90CTT -0,37 8,28 1365539 8,35 8,36 8,07 -8,28 3,27EDP -2,74 3,20 8623679 3,29 3,29 3,18 3,92 -0,62EDP RENOVÁVEIS -0,72 6,30 413552 6,33 6,33 6,23 3,71 16,58GALP ENERGIA 1,04 9,74 2519582 9,53 9,75 9,48 3,36 15,51IMPRESA -4,69 0,51 233167 0,53 0,53 0,50 -3,09 -35,53J MARTINS -1,27 12,83 946244 12,92 12,96 12,70 0,46 53,93MOTA ENGIL 2,61 2,13 411827 2,09 2,13 2,05 0,19 -20,11NOS -0,47 7,36 548918 7,37 7,39 7,18 3,57 40,57PHAROL -1,36 0,36 9211695 0,37 0,37 0,36 -3,40 -57,87PORTUCEL 0,84 3,84 890141 3,80 3,84 3,76 0,79 24,34REN -0,73 2,59 578742 2,60 2,60 2,55 2,88 7,73SEMAPA 0,78 12,90 104554 12,91 13,32 12,79 -1,12 28,68TEIXEIRA DUARTE -0,74 0,40 104505 0,40 0,40 0,39 6,54 -43,18SONAE -1 1,09 2654635 1,10 1,10 1,07 3,69 5,96
O DIA NOS MERCADOS
Acções
Divisas Valor por euro
Diário de bolsa
Dinheiro, activos e dívida
Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares
MercadoriasPetróleoOuro
ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos
Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses
Euribor 6 meses
Portugal PSI20
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Obrigações 10 anos
Mais Transaccionadas Volume
Variação
Variação
Melhores
Piores
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Europa Euro Stoxx 50
BCP 217.145.742BANIF 172.339.019PHAROL 9.211.695EDP 8.623.679BPI 3.093.552
MOTA ENGIL 2,61%GALP ENERGIA 1,04%PORTUCEL 0,84%
IMPRESA -4,69%EDP -2,74%PHAROL -1,36%
Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço
2,30
2,55
2,80
3,05
3,30
1,06490,7065130,373,94141,0814
-0,099%-0,03%
43,871075,4
0,196%2,532%
PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones
Variação dos índices face à sessão anterior
3000
3200
3400
3600
3800
4700
4950
5200
5450
5700
-0,0300
-0,0075
0,0150
0,0375
0,0600
-0,59%-1,04%
n.d.
Ao contrário do que se verifi ca em Portugal, em média, a versão mais utilizada nos 19 países da moeda única é a de 50 euros. É a segunda mais contrafeita na zona euro
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | ECONOMIA | 23
A cibersegurança passa pelos electrodomésticos
GUILHERME MARQUES
O painel de cibersegurança abordou em Lisboa os desafios da análise de grandes quantidades de dados
A porta de casa pode ser um alvo
para intrusos e não da forma con-
vencional. Quando pensa em ciber-
segurança, a maioria das pessoas
preocupa-se com os dados bancá-
rios ou a privacidade do email. Mas
num mundo em que os telemóveis,
os computadores e as televisões se-
rão apenas uma pequena parte dos
aparelhos inteligentes, a panóplia
de equipamentos ligados à rede (das
janelas das casas ao automóvel),
bem como o gigantesco manancial
de dados que tudo isto põe a circu-
lar, representa um desafi o para as
empresas do sector.
“A Internet das Coisas é claramen-
te um dos principais temas” na área
da cibersegurança, observou on-
tem, em Lisboa, Francisco Fonseca,
presidente executivo da AnubisNe-
tworks, uma empresa de segurança
informática, durante uma conferên-
cia sobre big data organizada pela
EDP em parceria com o PÚBLICO.
Big data é a expressão usada para
designar gigantescas quantidades
de dados — o tipo de dados que, por
exemplo, são gerados no quotidia-
no digital por todos os utilizadores
que navegam, comunicam e fazem
compras na Internet.
Estes dados podem ser analisados
por supermercados, bancos, ope-
radores de comunicações e, even-
tualmente, alvo de um assalto. “Já
é possível ter ligados à Internet o
alarme, as luzes, a temperatura, a
água, a televisão. No futuro vamos
ter muito mais. Vai ser uma opor-
tunidade e um problema. Vamos
perceber quão criativos vão ser [os
ataques informáticos]”, completou
Francisco Fonseca.
A chamada Internet das Coisas
— em que os objectos e estruturas
físicas estão ligados à Internet, co-
municam entre si e podem ser dota-
dos de alguma inteligência artifi cial
— não é um cenário de um futuro
distante. É certo que os frigorífi cos
ainda não detectam se acabou o lei-
te e fazem encomendas online sozi-
nhos. Mas já há no mercado vários
equipamentos domésticos inteligen-
tes, que se adequam aos hábitos dos
utilizadores (por exemplo, ligando
o aquecimento a tempo de a casa
estar na temperatura certa quando
passado os 20 mil milhões de euros
e vai continuar a crescer.
Nesta era de avalanche de dados
— emails, telefonemas, compras, via-
gens —, um dos desafi os é “trazer
mais inteligência à forma como se
processam estas coisas”, afi rmou
Paulo Marques, co-fundador da Fe-
edzai, uma startup portuguesa de
cibersegurança no sector do comér-
cio. “O ponto importante não são os
dados, é o que se faz com a informa-
ção. [É preciso] ter o computador
a olhar automaticamente para os
dados e perceber como pode agir.
E em tempo real”, argumentou.
A Feedzai tem actualmente sede
nos EUA e, segundo Marques, pro-
cessa quatro mil milhões de transac-
ções por ano. A empresa recorre a
técnicas de machine learning, em
que os computadores aprendem e
tomam decisões a partir da análise
de dados, em vez de seguirem ape-
nas instruções predefi nidas. Entre
as múltiplas variáveis analisadas
pela tecnologia da Feedzai está,
por exemplo, o gasto típico de uma
pessoa com um determinado comer-
ciante, exemplifi cou Paulo Marques.
Um desvio nos comportamentos ha-
bituais poderá signifi car que algo de
errado se está a passar.
Já José Alegria, director de ciber-
segurança e privacidade na PT, su-
biu ao palco para se debruçar sobre
os desafi os para as empresas e avi-
sou que as mudanças vão ser rápi-
das. “O futuro está a chegar muito
depressa”, disse, referindo-se uma
combinação entre a Lei de Moore
(uma previsão de crescimento ex-
ponencial da capacidade de proces-
samento) e o efeito em rede. “Tudo
está fi car mais rápido e mais com-
plexo. Talvez não entendamos se-
quer o que vai acontecer dentro de
três ou quatro anos.”
Um quotidiano com múltiplos dispositivos conectados e enormes quantidades de dados a circularonline são “uma oportunidade e um problema” na era da Internet das Coisas
InternetJoão Pedro Pereira
a pessoa chegar) e que podem ser
controlados remotamente, através
de um telemóvel ou tablet.
Também os novos modelos de
automóveis são cada vez mais co-
nectados, integrando sistemas de
navegação e funcionalidades autó-
nomas de segurança, como travões
que se accionam automaticamente.
Este ano, a revista Wired narrou uma
experiência em que duas pessoas
usaram um portátil para acederem
ao sistema informático de um jipe
e controlarem várias funções do
veículo, incluindo os travões e a
direcção. E este ainda não era um
carro autónomo, uma das grandes
promessas do sector para o futuro
próximo. A analista de mercado Gar-
tner antecipa que, para o ano, o nú-
mero de equipamentos conectados,
carros incluídos, aumente 30%. Por
outro lado, o mercado do software
de cibersegurança rondou no ano
A analista Gartner antecipa que, no próximo ano, o número de equipamentos conectados, automóveis incluídos, aumente 30%. Já o mercado de software de cibersegurança rondou os 20 mil milhões de euros
24 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Bélgica procura cúmplice do fugitivo de Paris e captura novo suspeito
Salah Abdeslam está ainda em fuga e
a Bélgica lançou-se ontem numa no-
va caça ao homem. Bruxelas anun-
ciou um mandado internacional de
captura para Mohamed Abrini, de
30 anos, avistado dois dias antes dos
atentados na capital francesa com
Salah no mesmo carro que o presu-
mível atacante de Paris usou para
transportar três bombistas suicidas
ao Estádio de França. Capturar Abri-
ni poderá levar ao rasto de Salah,
que todos os dias desperta rumo-
res sobre a sua captura — ontem, a
Alemanha fez uma grande operação
de perseguição a um carro em fu-
ga que se concluiu depois não ter
quaisquer ligações com o francês.
Tal como ele, também Abrini é con-
siderado “perigoso e provavelmente
armado”.
Não é o único avanço neste eixo
da investigação aos ataques em Pa-
ris. A Justiça belga acredita que um
dos homens capturados nas opera-
ções antiterrorismo dos últimos dias
cometeu “homicídios” e participou
em “actividades de um grupo terro-
rista”. O suspeito, cuja identidade
não foi divulgada, foi formalmen-
te acusado ontem. Como tem sido
habitual, o gabinete do procurador
federal limitou-se a dar o mínimo
possível de informação aos jornalis-
tas, não adiantando por isso se este
novo arguido — o segundo a ser acu-
sado de actividades terroristas no
país em apenas dois dias — esteve
envolvido nos atentados. Também
nada avançou de novo sobre um ou-
tro homem que acusou na segunda-
feira de ter cometido um “ataque
terrorista”.
Esta é a quinta pessoa capturada
na Bélgica depois dos atentados a
ser acusada de participar em activi-
dades terroristas. Acontece o mes-
mo com os dois homens que foram
buscar Salah à capital francesa e o
conduziram a Bruxelas poucas ho-
ras depois dos ataques. E com um
outro suspeito, também não identi-
fi cado, que se pensa que lhe poderá
ter dado abrigo.
Do outro lado da fronteira, a Fran-
ça avança os seus próprios frutos da
investigação. O suposto orquestra-
dor dos atentados abatido pela po-
lícia em Saint-Denis, Abdelhamid
Abaaoud, tinha agendado um novo
ataque terrorista em Paris para os
dias 18 ou 19 de Novembro, segundo
anunciou o procurador de Paris. Es-
te atentado seria executado no dis-
trito comercial de La Défense, em
conjunto com o homem que se fez
explodir no mesmo apartamento de
Abaaoud no assalto policial de há
uma semana — foi incorrectamente
noticiado então que a bomba fora
detonada por uma prima do jihadis-
ta belga que estava no edifício e que
morreu também na operação.
Esta suspeita já fora avançada na
imprensa francesa no momento da
grande operação em Saint-Denis,
mas só agora é confi rmada ofi cial-
mente. O bombista que ajudaria
Abaaoud no novo ataque ainda não
foi identifi cado, dado o estado do
seu corpo. Mas pensa-se que este
homem foi um dos jihadistas que
atacou os bares e restaurantes no
10.º e 11.º bairros de Paris e a mesma
pessoa que mais tarde avistada no
metro com Abaaoud. O homem que
arrendou o apartamento de Saint-
Denis aos jihadistas, Jawad Benda-
oud, foi ouvido ontem por um juiz e
posto em prisão preventiva. Diz não
conhecer nenhum dos inquilinos.
Regresso à normalidadeBruxelas regressa lentamente à nor-
malidade. Ao quarto dia em alerta
de segurança máximo, grandes pa-
trulhas armadas, escolas e metro
fechados, começaram fi nalmente a
abrir alguns museus e lojas encerra-
dos desde o fi m-de-semana. Ainda
são poucos os clientes e visitantes.
Como continuam a ser poucas as
pessoas nos espaços históricos da
capital — há lá mais câmaras de te-
levisão do que militares e turistas,
como escreve o correspondente do
Wall Street Journal. Em todo o caso,
para cada rua vazia parecia haver
uma outra que recomeçava o ritmo
normal. E a chuva que caía ontem
ajudou a dar um ar de normalida-
de a uma capital europeia em parte
Militares patrulham os edifícios da Comissão Europeia, na capital belga
Agitam-se as águas na investigação aos atentados. França confi rma que jihadistas abatidos estavam a preparar um novo ataque e Bélgica anuncia um novo suspeito de terrorismo
TerrorismoFélix Ribeiro
EUA lançam alerta mundial para os seus cidadãos que forem viajar
Os Estados Unidos lançaram segunda-feira um alerta mundial sobre os riscos de viajar para os
cidadãos norte-americanos em todo o globo, por causa de “um aumento das ameaças terroristas”.
O Departamento de Estado invocou, em comunicado, “informações actuais que indicam que o EI (grupo Estado Islâmico), a Al-Qaeda, o Boko Haram e outros grupos terroristas continuam a planear ataques terroristas em múltiplas regiões”, e cita igualmente os recentes atentados ocorridos este ano “em França, na Nigéria, na Dinamarca, na Turquia e no Mali”. Também refere a ameaça
de “indivíduos não afiliados” que possam cometer atentados inspirados nestes últimos acontecimentos dramáticos.
“As autoridades pensam que continuam a existir probabilidades de ocorreram ataques terroristas à medida que os membros do EI/Daash regressam da Síria e do Iraque”, refere o comunicado, numa referência aos combatentes estrangeiros que regressam aos seus países de origem depois de terem combatido nas fileiras daquela organização jihadista.
“Os extremistas tomaram como alvo eventos desportivos, salas de espectáculos, mercados a céu aberto ou serviços aéreos”, refere o texto do Departamento
de Estado. Normalmente, os EUA emitem alertas deste género para países em concreto, dando instruções e conselhos os seus cidadãos que ali habitam ou que tencionam viajar para esse destino. Mas este aviso à escala mundial tem um carácter inédito e mostra bem a dimensão da ameaça terrorista que se traduziu numa multiplicação de atentados ao longo das últimas semanas.
Os eventuais atentados “podem ser levados a cabo recorrendo a um amplo leque de tácticas, como o recurso a armas convencionais ou não convencionais e podem visar interesses públicos ou privados”, segundo o texto do Departamento de Estado.
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | MUNDO | 25
ainda imobilizada pelo medo de que
uma célula jihadista esteja a prepa-
rar um atentado para os próximos
dias, nas mesmas linhas de Paris.
Polícia e Governo continuam a
acreditar que é esse o caso. Foi por
isso que o primeiro-ministro belga
decidiu manter no nível máximo o
alerta de segurança na capital pelo
menos até à próxima segunda-feira.
Há o receio de que as grandes ope-
rações policiais dos últimos dias
precipitem alguma célula jihadista
a passar à acção antes do tempo e a
lançar um atentado semelhante ao
de Paris, evitando assim a captura.
Temem também que o ataque venha
da parte do fugitivo Salah, que pode
estar ainda no país e que até agora
tem sido representado na Bélgica e
em França como a sua grande ame-
aça em suspenso.
Em todo o caso, começa a modi-
fi car-se a imagem de Salah como o
jihadista que espera na escuridão
por uma oportunidade para um
novo atentado. Na segunda-feira, a
polícia francesa encontrou no lixo
um colete de explosivos semelhante
aos que foram usados pelos terroris-
tas que se fi zeram explodir na noite
dos ataques. Tudo indica que tenha
pertencido a Salah, uma vez que foi
encontrado no mesmo bairro pari-
siense em que o seu telemóvel deu
sinal pela última vez, Montrouge.
A confi rmar-se, ganha força a tese
de que o francês nascido na Bélgica
hesitou no último momento e não
foi por diante com o ataque que lhe
fora atribuído. Este aconteceria pro-
vavelmente no 18.º bairro de Paris,
onde foi encontrado um dos dois
carros que alugou. O mesmo em
que foi visto com o novo fugitivo:
um Renault Clio negro.
Escolas e metro de Bruxelas rea-
brem hoje ainda em alerta máximo
— ao resto do país aplica-se o segun-
do nível mais grave —, mas não sem
prevenção. O Governo destacou 300
agentes da polícia para patrulharem
escolas e outros 200 para fazerem
a segurança no metro de Bruxelas.
Será um passo cauteloso no sentido
da normalidade, como vivamente
disse um dos presidentes de Câ-
mara de Bruxelas, recusando-se a
cancelar um mercado de Natal na
cidade. “Não podemos continuar a
viver nestas condições”, afi rmou às
televisões Yvan Mayeur. “Não vive-
remos num regime islamista”, sen-
tenciou. “Não desejo um regresso
demasiado rápido à normalidade,
mas não quero também que nos
precipitemos para um regime que
não é nosso.”
BENOIT DOPPAGNE/AFP
Foi a promessa de uma resposta “im-
piedosa” contra o autoproclamado
Estado Islâmico, que reivindicou a
autoria dos atentados de Paris, que
levou o Presidente de França, Fran-
çois Hollande, até Washington, para
conversações na Casa Branca com
Barack Obama sobre a estratégia e a
cooperação internacional no comba-
te ao terrorismo. E a visita não saiu
gorada: os dois líderes concordaram
em intensifi car os bombardeamentos
em curso contra os alvos jihadistas,
no território que agora dominam na
Síria e no Iraque, e também reafi rma-
ram o seu apoio a todas as “forças
locais” que estão no terreno, a con-
duzir a ofensiva contra os militantes
islamistas.
Após quase três horas de reunião,
Obama abriu a conferência de im-
prensa retribuindo a solidariedade
e o apoio manifestado pela França
aos Estados Unidos depois dos aten-
tados de 2011, repetindo o refrão lan-
çado depois do ataque a Paris: “Nous
sommes tous français”, e “todos esta-
mos unidos” na luta contra o terror,
declarou. Por isso, num quadro de
assistência reforçada, os EUA vão
coordenar os assaltos aéreos com a
aviação francesa, partilhar informa-
ção secreta e melhorar a vigilância
de passageiros nos aeroportos, in-
formou.
Com os aviões de guerra franceses
a levantar do porta-aviões Charles
de Gaulle, estacionado no Mediter-
râneo oriental ao largo da Síria, para
bombardear alvos do EI, o Presidente
francês procura, esta semana, con-
gregar apoios e construir uma frente
unida de aliados para a campanha
militar contra os extremistas - que,
garantiu Hollande na Casa Branca,
não prevê a mobilização de tropas
estrangeiras para o terreno.
Além de Washington, o roteiro di-
plomático de Hollande inclui uma
paragem em Moscovo, para um en-
contro com Vladimir Putin, e contac-
tos em Paris com a chanceler da Ale-
manha, Angela Merkel, e o Presiden-
te chinês, Xi Jinping. Até domingo,
Hollande também conversará com o
novo primeiro-ministro do Canadá,
Justin Trudeau, e da Itália, Matteo
Obama garante apoio a Hollande mas não uma coligação com a Rússia para derrotar o EI
Renzi, além do presidente do Con-
selho Europeu, Donald Tusk, e do
secretário-geral da Organização das
Nações Unidas, Ban Ki-moon.
A mensagem do Presidente francês
para todos estes líderes é idêntica: a
defesa dos valores comuns ociden-
tais e a protecção das populações im-
plica a “unidade de forças” e uma
“colaboração intensa”. Um primeiro
sinal da comunidade internacional
foi a aprovação por unanimidade,
no rescaldo dos atentados de Paris,
de uma resolução do Conselho de
Segurança da ONU, apresentada pela
França, contra o Estado Islâmico.
No entanto, o discurso que Hollan-
de tem vindo a repetir desde os úl-
timos dias contém também pará-
grafos sobre a necessidade de uma
“resolução” para a guerra na Síria,
nomeadamente o fi m do regime de
Bashar al-Assad e a sua exclusão do
processo de transição política — e
Rita Sizaneste ponto, a boa vontade de al-
guns dos aliados poderá fi car àquem
das expectativas da França. Aliás,
antes do líder gaulês aterrar na ca-
pital norte-americana, a queda de
um caça aéreo russo, abatido pela
Turquia, ensombrava a agenda do
encontro bilateral, e acrescentava
um novo nível de complexidade às
negociações internacionais para a
“coligação” que Hollande reclama.
O Presidente da França lamentou
o episódio; Obama sublinhou que a
preocupação do momento é evitar
uma escalada da situação. “Julgo que
é importante notar que existe uma
coligação robusta, com 65 países,
que estão a combater o EI. A Rússia
permanece à margem”, notou Oba-
ma, acrescentando que a cooperação
de Moscovo seria “muito bem-vin-
da”, tendo em conta as suas capaci-
dades militares e “a infl uência que
tem junto de Assad”.
NICHOLAS KAMM/AFP
“Nous sommes tous français”, disse Obama a Hollande
“Existe uma coligação robusta, com 65 países, que estão a combater o EI. A Rússia permanece à margem”, disse Obama
Washington não dá pormenores sobre eventuais alvos, mas garante que vai “continuar a trabalhar de perto com os aliados face à ameaça que representa o terrorismo internacional”.
Aos viajantes norte-americanos é aconselhado, entre outras coisas, que sejam vigilantes quando estiverem em locais públicos ou transportes, que evitem grandes multidões ou lugares muito frequentados, que sejam “extracuidadosos” durante a época natalícia e nos eventos públicos que ocorrem nestas alturas, e que tentem acompanhar o noticiário local dos países onde se encontrarem.
26 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Putin acusa Turquia de ser “cúmplice de terroristas” ao abater caça russo
Aviões turcos abateram um Su-24 da Rússia na fronteira com a Síria. Ancara diz que o caça violou o seu espaço aéreo e Moscovo garante que o aparelho não saiu da Síria. Obama, ONU e NATO apelaram à calma
MAXIM SHIPENKOV/AFP
Putin afirmou que o abate do caça russo terá “consequências significativas” e classificou o caso como “uma facada nas costas”
O caos na Síria provocado por anos
de uma brutal guerra civil e meses de
bombardeamentos aéreos lançados
por vários países, com motivações
distintas, atingiu ontem um novo
ponto de tensão com consequências
imprevisíveis.
Nas primeiras horas da manhã,
dois aviões F-16 turcos abateram um
caça Su-24 russo na fronteira entre
a Turquia e a Síria, e o resto do dia
transformou-se num rodopio de
reuniões de emergência e conversas
com diplomatas um pouco por todo
o mundo, num esforço para impedir
a abertura de um novo confl ito que
pode comprometer de vez os pedi-
dos do Presidente francês, François
Hollande, para uma frente comum
contra o autoproclamado Estado Is-
lâmico, após os atentados terroris-
tas de 13 de Novembro em Paris.
Foi o primeiro caça russo a ser aba-
tido naquela região desde o início da
campanha de bombardeamentos na
Síria ordenada pelo Presidente Vla-
dimir Putin, em Setembro, mas essa
nota passa para segundo plano quan-
do se percebe que foi, acima de tudo,
um ataque de um membro da NATO
contra um avião militar da Rússia — o
primeiro de que há registo, pelo me-
nos, desde o fi m da Guerra Fria.
O que se sabe ao certo é que os
F-16 turcos abateram o Su-24, e que
o caça russo caiu em território sírio,
muito perto da fronteira com a Tur-
quia, no extremo norte da província
de Latakia. Mas a partir daí cada país
apresenta a sua versão — Ancara ga-
rante que o caça russo violou o espa-
ço aéreo turco e que os seus pilotos
avisaram dez vezes durante cinco
minutos antes de terem lançado o
ataque (informação confi rmada pelo
Pentágono); Moscovo diz que con-
segue provar que o seu avião nunca
saiu do espaço aéreo sírio, onde es-
tava integrado na campanha de ata-
ques contra os extremistas do Estado
Islâmico e os vários grupos rebeldes
que querem derrubar o Presidente
sírio, Bashar al-Assad.
O piloto russo e o seu navegador
conseguiram ejectar-se e num vídeo
que foi posto a circular na Internet
membros da milícia turcomana
Alwiya al-Ashar surgem à volta do
corpo de um homem que dizem ser
extraordinária, a Rússia desmarcou
uma viagem do seu ministro dos Ne-
gócios Estrangeiros a Ancara, que es-
tava prevista para hoje.
“O Presidente disse com clareza
que isto não pode deixar de afectar
as relações entre a Rússia e a Tur-
quia. Neste contexto, foi decidido
cancelar o encontro entre os mi-
nistros dos Negócios Estrangeiros
da Rússia e da Turquia, que estava
marcada para amanhã [hoje], em
Istambul”, disse o ministro russo
Sergei Lavrov. Os cidadãos russos
foram desaconselhados a viajar pa-
ra a Turquia.
Apesar da retórica inflamada,
muitos analistas acreditam que o
incidente não terá repercussões
graves. Num texto publicado no site
do jornal britânico The Independent,
Shashank Joshi, da Universidade de
Oxford, sublinha “o contexto da me-
lhoria de relações diplomáticas com
Moscovo e o extraordinário risco de
escalada da situação”, para defender
que “os aliados ocidentais da Tur-
quia deverão reagir com a extrema
cautela”.
De Washington, Obama fez chegar
as mensagens de que a Turquia tem o
direito de defender a sua integridade
territorial e que o melhor a fazer para
acalmar a situação é que turcos e rus-
sos falem entre si para esclarecerem
o que se passou e para que sejam “to-
madas medidas para evitar uma esca-
lada”. Também o secretário-geral das
Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu
“medidas urgentes para acalmar a
tensão”, incluindo uma investigação
que “permita clarifi car o que se pas-
sou neste incidente e evitar que se
volte a repetir”. E no fi nal da reunião
da NATO, o secretário-geral, Jens
Stoltenberg, apelou “à calma” para
travar a escalada da tensão entre os
dois países, para depois reafi rmar
que a Aliança Atlântica “está solidária
com a Turquia”.
Guerra na SíriaAlexandre Martins
um dos pilotos russos — um porta-voz
do grupo disse à CNN Turquia que os
dois foram abatidos quando desciam
de pára-quedas. Um fonte militar rus-
sa não confi rmou à Reuters a morte
de um dos pilotos e evocou a hipóte-
se de uma operação de resgate para
recuperar o segundo piloto.
A milícia Alwiya al-Ashar é apoia-
da por Ancara e combate contra as
forças do Presidente sírio, ao lado de
inúmeros grupos rebeldes, dos mais
moderados aos jihadistas da Frente
al-Nusra, o braço da Al-Qaeda na Síria
— todos eles adversários da Rússia,
que está na Síria para ajudar o Pre-
sidente Bashar al-Assad.
Numa primeira reacção, cautelo-
sa, o porta-voz do Kremlin, Dmitri
Peskov, sublinhou que era preciso
esperar por mais informações para
se perceber qual seria a resposta da
Rússia. “Temos a certeza de que o
avião estava em espaço aéreo sírio,
sobre o território sírio, mas seria er-
rado fazer suposições neste momen-
to. Temos de ser pacientes. É um inci-
dente muito sério, mas não é possível
dizer mais nada sem termos toda a
informação”, disse Peskov. Horas
depois, Vladimir Putin não poupou
nas palavras: afi rmou que o abate do
caça russo terá “consequências sig-
nifi cativas” e classifi cou o caso como
“uma facada nas costas dada pelos
cúmplices dos terroristas”, na decla-
ração mais dura dos últimos tempos
contra o Governo de Recep Tayyip
Erdogan.
Da parte turca, apenas uma decla-
ração, repetida por vários respon-
sáveis, resumida pelo primeiro-mi-
nistro, Ahmet Davutoglu, e repetida
ao fi nal do dia pelo Presidente, Er-
dogan: “A Turquia tem o direito de
tomar as medidas necessárias contra
a violação das suas fronteiras.”
Já depois de a Turquia ter pedido
aos seus parceiros da NATO que dis-
cutissem a situação numa reunião
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 27
YANNIS BEHRAKIS/REUTERS
Iranianos entraram em greve de fome e coseram os lábios
Está frio, até nevou, mas aqueles ho-
mens estão de tronco nu e coseram
os lábios com fi o de nylon. Estão em
greve de fome. Um escreveu “Iran”
na testa. Estão sentados em cima dos
carris da linha de comboio na frontei-
ra da Grécia com a Macedónia, impe-
dindo o tráfego ferroviário entre os
dois países. “Open the border” (Abram
a fronteira), diz um cartaz improvisa-
do com um pedaço de cartão.
São iranianos, fazem parte dos
cerca de mil refugiados que se acu-
mularam nos Balcãs, desde que vá-
rios países da região decidiram que
só deixariam transitar nas fronteiras
como refugiados pessoas vindas de
países que estivessem em confl ito.
Os critérios variam um pouco de
país para país, mas aos sírios todos
deixam avançar, aos iraquianos, em
princípio, também.
Quanto aos afegãos, depende da
interpretação, mas iranianos, paquis-
taneses e africanos de várias nações
estão a ser barrados — numa viola-
ção da lei internacional, afi rmam as
Nações Unidas. “Toda a gente tem o
direito de pedir asilo e de que o seu
caso seja ouvido, seja qual for a sua
nacionalidade”, sublinhou o porta-
voz do Alto Comissariado da ONU pa-
ra os Refugiados, Adrian Edwards.
Um grupo de bangladeshianos
chama a atenção para a sua situação:
“Disparem contra nós ou salvem-nos.
Não podemos voltar ao Bangladesh”,
escreveram a vermelho no peito nu.
Cerca de 200 pessoas juntaram-se
a estes protestos, relata a Reuters.
Outros mantêm-se à espera, alguns
voltaram para a Grécia, em busca de
uma rota alternativa.
A ONU diz não ter informações de
que esta nova política de fronteiras
tenha sido suscitada pelos atenta-
dos de Paris de 13 de Novembro — ou
apenas pela falta de soluções euro-
peias para a crise dos refugiados do
Médio Oriente. A Suécia anunciou
ontem que a sua lei iria ser adapta-
da para reduzir o enorme afl uxo de
refugiados que recebeu este ano. “É
preciso aliviar a enorme pressão [so-
bre o sistema de acolhimento sueco],
para que mais pessoas peçam asilo
noutros países da UE. A legislação
Refugiados barrados na Macedónia cosem os lábios e pedem: “Abram a fronteira”
antes, recorda a AFP, tinham che-
gado 2500. A Itália também não
chegam barcos com migrantes há
vários dias.
Será uma nova tendência? As orga-
nizações humanitárias não arriscam
previsões. “Pode ser por causa do
tempo.” Há ventos violentos nesta
zona do Mediterrâneo. Podem tam-
bém ser as notícias do bloqueio nas
fronteiras dos Balcãs, ou um contro-
lo extra da Turquia, que está a ser
pressionada pela UE para travar a
partida de embarcações com refugia-
dos das suas costas, admite a AFP.
Seja o que for, é “um fenómeno
signifi cativo”, diz a OIM. Este ano,
858.805 refugiados e migrantes
chegaram à Europa através do Me-
diterrâneo, sobretudo através da
Grécia, segundo esta organização.
Na viagem, morreram 3548. Apenas
148 foram feitos seguir para outros
países da UE: Finlândia, Luxembur-
go e Suécia.
vai ser reduzida ao nível mínimo da
União Europeia por um período de
três anos”, anunciou o primeiro-
ministro, Stefan Löfven.
Não é possível manter a situação
actual, afi rmou o governante: o país
de 9,8 milhões de habitantes já re-
cebeu este ano 80 mil refugiados. À
escala da UE, disse, cita-o a AFP, é
como se tivesse recebido 25 milhões
de pessoas.
Uma pausa nas ilhas gregasMas, pela primeira vez este ano, a
chegada de refugiados às ilhas gregas
abrandou, tornou-se desde o fi m-de-
semana quase um fi o de azeite, em
vez de uma torrente. Apenas 155 pes-
soas chegaram no domingo às ilhas
e 478 aos portos de Atenas e Kavala,
vindos dessas mesmas ilhas, anun-
ciou a Organização Internacional
para as Migrações (OIM). Às praias
de Lesbos, somente 24 pessoas ti-
nham chegado até às 15h. Três dias
EuropaClara Barata
À Grécia deixaram de chegar milhares de pessoas. ONU critica política de selecção de nacionalidades por países dos Balcãs
Ilustração
oP3éa tu
a
primeiragaleria
Envia o teu portfolio para [email protected]
CONVITE AOS ASSOCIADOS DO MONTEPIOEleição dia 2 de Dezembro de 2015 para o mandato 2016-2018
A LISTA C - DEFENDER O MUTUALISMO candidata aos Órgãos Associativos da Associação Mutualista Montepio Geral, convida os associados residentes em Faro e nos con-celhos vizinhos a participarem na sessão/debate que se vai realizar no dia 25 de NOVEMBRO, pelas 18h, na CASA DO ALENTEJO, R. das Portas de Santo Antão 58, Lisboa, sobre:
- A SITUAÇÃO DO MONTEPIO E DAS POUPANÇAS DOS ASSOCIADOS;
- AS PROPOSTAS DA LISTA C.
Estarão presentes os candidatos: Eugénio Rosa, Manuel Macaísta Malheiros, José Martins Correia, Viriato Monteiro da Silva
PARTICIPE NA DEFESA DO MUTUALISMO E DAS SUAS POUPANÇAS
28 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Os jornalistas Emiliano Fittipaldi e Gianluigi Nuzzi
Começou ontem, no Estado da Ci-
dade do Vaticano, o julgamento de
dois jornalistas italianos e três fun-
cionários da Santa Sé acusados de
divulgarem ilicitamente informação
confi dencial da Igreja.
Na sequência de uma investigação
de meses que levou à prisão de um
alto funcionário da Igreja, Angelo
Vallejo Balda, e da relações públi-
cas Francesca Chaoqui, por suspeita
de fuga de informação, o tribunal
do Vaticano acusou também os jor-
nalistas Emiliano Fittipaldi e Gian-
luigi Nuzzi de “exercerem pressão,
sobretudo sobre Vallejo Balda, pa-
ra obter documentos e informações
confi denciais com a fi nalidade de
os usar nos seus livros”, nos quais,
de acordo com o Vaticano, é dada
uma versão “parcial e tendenciosa”
dos factos.
Via Crucis, de Nuzzi, e Avarezia, de
Fittipaldi, foram publicados em Itá-
lia este mês e ambos expõem casos
de corrupção, má gestão fi nanceira
e gastos extravagantes de membros
da Igreja com recurso a fundos para
a solidariedade social.
Num comunicado ofi cial emitido
no sábado, o Vaticano anunciou que,
terminada a fase de inquérito no pro-
cesso já conhecido como “Vatileaks
II”, Angelo Vallejo Balda, monsenhor
espanhol, o seu assistente Nicola
Dois jornalistas julgados no Vaticano no novo processo “Vatileaks”
Maio e Francesca Chaoqui são acu-
sados de transmitirem informação
confi dencial, “conseguida de forma
ilegítima”, aos dois jornalistas italia-
nos que foram também constituídos
arguidos.
Na primeira sessão do julgamento,
os jornalistas reivindicaram princí-
pios de liberdade de imprensa e con-
fi dencialidade das fontes, previstas
na Constituição italiana, mas que não
têm vigência na lei do Vaticano.
“Estou incrédulo por me ver na
posição de réu num país que não é
o meu”, declarou Fittipaldi ao pai-
nel de quatro juízes, reforçando que
não tinha publicado nada de falso ou
difamatório, apenas notícias: “Uma
actividade que é protegida e garan-
tida pela Constituição de Itália, pelas
convenções europeias e pela própria
Declaração Universal dos Direitos
Humanos.”
Os jornalistas enfrentam uma con-
denação que pode ir até aos oito anos
de prisão. A Santa Sé mantém, no en-
tanto, um acordo de extradição com
Itália, e, caso a sentença seja decla-
rada, o caso pode ser encaminhado
para as autoridades italianas.
Organizações como a Organização
para a Segurança e Cooperação na
Europa (OSCE), os Repórteres sem
Fronteiras e o Comité de Protecção
de Jornalistas marcaram presença no
tribunal, exigindo ao Vaticano que
levante a queixa contra os repórteres
acusados, uma vez que a liberdade
de imprensa é um direito universal
fundamental.
A acusação alegou ainda que Bal-
da, Chaouqui e Maio formaram uma
“associação criminosa organizada”
com o propósito de “divulgar infor-
mação e documentos sobre os inte-
resses fundamentais de Sua Santida-
de e do Estado do Vaticano”, reporta
a agência de notícias Reuters.
Vallajo Balda e Chaoqui foram de-
tidos a 1 de Novembro por suspeitas
de fuga de informação. Chaoqui foi,
entretanto, libertada, mas o prelado
espanhol continua em prisão preven-
tiva. As fontes das obras publicadas
remetem para a Comissão de Estudo
e Orientação das Estruturas Econó-
mico-Administrativas da Santa Sé
(COESA), entretanto extinta, de que
Balda era secretário.
Ao abrigo do artigo 248.º do Códi-
go Penal do Vaticano, promulgado
pelo Papa Francisco em Julho de
2013, os funcionários da Igreja que,
em qualquer parte do mundo, divul-
guem informação confi dencial da
instituição devem ser penalizados
pelo sistema de justiça do Vaticano.
Texto editado por Joana Amado
Igreja CatólicaInês Moreira Cabral
Autores de livros sobre corrupção na Igreja reivindicam princípios de liberdade de imprensa não previstos pela lei da Santa Sé
AFP PHOTO / KEVIN MIDIGO
Francisco aterra hoje em Nairobi, onde tem prevista uma missa para mais de um milhão de pessoas
Anuncia-se como a mais arriscada
das 11 viagens já realizadas pelo Papa,
mas também como uma das mais im-
portantes do pontífi ce que escolheu
a Igreja dos mais pobres e que, quase
três anos depois de ter sido eleito,
visita pela primeira vez a “periferia
do mundo”. No Quénia, Uganda e na
República Centro-Africana (RCA), on-
de a preocupação com a segurança
será constante, Francisco quer falar
da luta contra a pobreza e a corrup-
ção, mas sobretudo de reconciliação
e da necessidade absoluta de diálogo
entre cristãos e muçulmanos.
Francisco aterra hoje em Nairobi, a
capital queniana que foi nos últimos
anos palco de atentados reivindica-
dos pelos extremistas somalis das Al-
Shabbab, incluindo o assalto a um
centro comercial que há dois anos
terminou com a morte de 137 pesso-
as. Apesar do risco — que se repete
no Uganda, visado em 2010 por um
atentado que matou 76 pessoas —,
o Papa viajará sempre em veículos
abertos, sob o olhar ansioso de mi-
Papa em visita arriscada a África pela reconciliação e pelo diálogo entre religiões
lhares de polícias e soldados.
“Um pesadelo de segurança”, ad-
mitiu o jornal queniano The Stan-
dard, enquanto o Nation lembra que,
ao contrário do que aconteceu com
a recente visita do Presidente norte-
americano, Barack Obama, o Gover-
no convidou os habitantes a sair à rua
para receber o Papa. Entre os mo-
mentos mais delicados estará a deslo-
cação a Kangemi, bairro muito pobre
nos arredores da capital, ou a missa
que celebrará na véspera na univer-
sidade de Nairobi, onde são espera-
das mais de um milhão de pessoas.
Mais difícil será a visita a Bangui,
a capital da RCA, um país devasta-
do por um confl ito sectário que des-
de 2013 provocou cinco mil mortos
— às atrocidades cometidas pelas
forças Séleka, coligação de rebeldes
muçulmanos que governou o país en-
tre Março e Dezembro de 2013, segui-
ram-se outras iguais cometidas pelas
milícias antibalaka, maioritariamente
cristãs. A ONU têm 12 mil capacetes
azuis na RCA, a que se juntam 900
soldados franceses, mas a violência
regressou nos últimos meses à capi-
tal, ao ponto de Paris ter desaconse-
lhado a visita, temendo riscos para a
segurança do Papa e dos fi éis.
Num gesto inédito, o chefe da
segurança do Papa foi enviado a
Bangui para avaliar a situação e o
Vaticano admite que a visita pode
ser cancelada em cima da hora, ou
reduzida a uma breve escala no ae-
roporto, sob controlo dos militares
franceses. “Para o Papa seria uma
derrota. Ele pensou na República
Centro-Africana desde o momento
em que decidiu ir a África”, disse à
AFP um colaborador. Francisco pla-
neou uma visita à grande mesquita
da capital, no coração de um bairro
muçulmano que é palco frequente de
violência, a um centro de deslocados
de guerra e à catedral de Bangui.
“Quero apoiar o diálogo inter-reli-
gioso a fi m de encorajar a coexistên-
cia pacífi ca no vosso país. Eu sei que
ela é possível, porque somos todos
irmãos e irmãs”, disse Francisco no
vídeo que enviou aos centro-africa-
nos antes da visita, durante a qual se
esperam palavras fortes de repúdio
pela violência cometida em nome da
religião, mas também apelos à recon-
ciliação como único caminho para a
paz. “Esta visita será, antes de mais,
um grande consolo para um país que
se sente tão esquecido pelo mundo”,
disse ao National Catholic Reporter
Jean-Claude Nzembele, superior de
uma ordem religiosa que passou vá-
rios anos na RCA. Andrea Tornielli,
do La Stampa, sublinha que nas três
etapas desta visita “à periferia do
mundo” não faltarão oportunidades
para o Papa ir ao encontro “dos mais
pobres entre os pobres”, momentos
que, prevê, Francisco aproveitará
para denunciar a exclusão social e a
concentração das riquezas do conti-
nente nas mãos de uns poucos.
Viagem papalAna Fonseca Pereira
Às preocupações com a segurança no Quénia e no Uganda, soma-se a violência na República Centro-Africana
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | CULTURA | 29
“Isto não é um livro, são 12 anos de vida”
NUNO FERREIRA SANTOS
Luandino Vieira esteve ontem na Gulbenkian a apresentar os seus Papéis da Prisão
“O que está aqui não é um livro.
São 12 anos da vida de uma pessoa
multiplicados por cada segundo, e
nesses 12 anos eu multiplicava cada
segundo por tudo quanto me vinha
à cabeça e nem sempre eram coisas
recomendáveis.” Foi desta forma que
José Luandino Vieira, escritor, ven-
cedor em 2006 do Prémio Camões
— que recusou receber — se referiu
a Papéis da Prisão: apontamentos,
diário, correspondência (1962-1971).
Um volume editado pela Caminho
que reúne o conjunto da sua produ-
ção diarística desde que foi detido
pela PIDE no Aljube, em Novembro
de 1961, passando por várias cadeias
em Luanda, até ao dia em que saiu
do Tarrafal, em 1972. Rui Vieira Nery,
que apresentou a obra ontem ao fi m
da tarde, na Fundação Calouste Gul-
benkian, em Lisboa, na presença do
autor, chamou ao livro um “monu-
mento literário e cívico”
“Ao reler-me encontro em tudo
ainda uma pequeníssima fagulha de
qualquer coisa que precisa de ser so-
prada”, disse Luandino Vieira sobre
a decisão de tornar agora públicos
os 17 cadernos que resultaram desse
período da sua vida, e que somam
aproximadamente duas mil folhas
manuscritas. A essa razão, juntou
outra: “publicar depois de morto
é muito fácil, ninguém assume a
responsabilidade”, ironizou, numa
curta intervenção onde se confessou
várias vezes emocionado.
Ao longo dos cerca de três anos
que decorreram desde o dia em que
ligou a Zeferino Coelho, o editor da
Caminho (onde tem publicada a sua
obra), dizendo-lhe que lhe queria
“mostrar uma coisa” até ao momen-
to em que se constituiu uma equipa
do Centro de Estudos Sociais da Uni-
versidade de Coimbra, liderada por
Margarida Calafate Ribeiro, Mónica
V. Silva e Roberto Vecchio, traçou-se
um plano que terminou num livro
difícil de catalogar.
É Margarida Calafate quem traça a
“biografi a do livro” que “foge a qual-
quer classifi cação de género”. Um
livro onde, sublinha a investigadora,
está patente a “força de um projec-
to literário e político”. Ser escritor e
“ser Angola independente e livre”.
Natural de Lagoa do Furadouro,
ou não importância destes papéis.
O nome do autor não conta. Aliás,
este livro não devia ter autor”, de-
clarou Luandino Vieira, confessan-
do o incómodo por ver o seu nome
ao lado dos grandes memorialistas
do cárcere, acrescentando: “O meu
sofrimento — não gosto nada desta
palavra — comparado com os mi-
lhões que na nossa terra sofreram e
morreram... Falar de sofrimento por
ter estado num campo de trabalho
de Chão Bom (Tarrafal) para mim
seria uma obscenidade.”
O livro é editado quando se come-
moram os 40 anos de independên-
cia de Angola, mas Luandino Vieira
não fez qualquer alusão a esta data.
A viver actualmente em Vila Nova de
Cerveira, o escritor raramente apare-
ce em público, evita dar entrevistas,
“preza a discrição”, como lembrou
ainda na apresentação o amigo de
infância, o escritor angolano Arnaldo
Santos, que quis chamar a atenção
para o Luandino poeta, visível em
toda a sua prosa.
Também está nestes papéis um
lirismo sublinhado por Vieira Nery
e Margarida Calafate, que insistem
no valor político, literário e históri-
co deste Papéis da Prisão. “Esta é
uma obra sobre a liberdade e sobre
o que temos de fazer, o que temos
de lutar quando ela falha”, afi rmou
Margarida Calafate. “Este livro é
um retrato de Luandino. É um do-
cumento extraordinário que não tem
comparação na história da literatura
de língua portuguesa”, declarou Ze-
ferino Coelho.
Já Luandino quis homenagear
também o kimbundu, a língua on-
de cresceu. “Em kimbundu, ‘não
esquece’ diz-se: kujimbé”, escreve
Luandino em epígrafe. “Quero con-
tinuar a contribuir para a constru-
ção da nossa cultura”, disse ontem
Luandino Vieira noutra lembrança,
a de uma carta, onde escreveu: “o
meu amor por Angola é afi nal uma
forma do meu amor pela humani-
dade. Nunca serei um mau nacio-
nalista.”
Luandino Vieira apresentou ontem Papéis da Prisão, livro que escapa a géneros literários e foi equiparado a outras memórias de cárcere, como as de Rosa Luxemburgo ou Gramsci. O autor evita comparações
LivrosIsabel Lucas
perto de Vila Nova de Ourém, on-
de nasceu em 1935, José Vieira Ma-
teus foi com os pais para Luanda
quando tinha três anos. Passou lá
a infância e a juventude, estudou,
tornou-se cidadão angolano, parti-
cipou no movimento de libertação
nacional — o MPLA, um apoio que
manteve até 1978 - e, em homena-
gem à cidade onde cresceu e apren-
deu kimbundu, mudou o nome para
Luandino.
Preso pela primeira vez pela PIDE
em 1959, justamente pela sua ligação
ao MPLA, voltaria à prisão em 1961,
desta vez por um longo período du-
rante o qual escreveu alguns dos seus
livros mais emblemáticos, entre os
quais Luuanda (1963), revelando nes-
ses escritos uma infl uência do bra-
sileiro Guimarães Rosa. E escreveu
ainda estes Papéis da Prisão.
Os 17 cadernos “meticulosamen-
te datados”, como se lhes referiu
Margarida Calafate, tinham por tí-
tulo “Ontem, Hoje, Amanhã...” São
compostos por fragmentos de natu-
reza diversa. Anotações diarísticas,
correspondência, postais, desenhos,
cancioneiros populares recolhidos
junto de outros presos, esboços lite-
rários e exercícios de tradução, ditos
em quimbundo, recortes jornalísti-
cos, apontamentos.
A data de início de escrita não
coincide com a entrada na prisão.
Foram precisos cerca de seis meses
para que Luandino Vieira construís-
se uma rede que lhe permitiu escre-
ver um livro que os presentes com-
pararam, pela qualidade e força do
testemunho, a Cadernos do Cárcere,
de António Gramsci, aos escritos de
Rosa Luxemburgo, Graciliano Ra-
mos ou Primo Levi.
“A arte da memória perpassa por
todos os papéis”, declarou Roberto
Vecchio, lembrando precisamente
Primo Levi e o dever da memória
em momentos extremos. “Como na
grande literatura do cárcere, o sofri-
mento torna-se aqui uma experiência
partilhada com o leitor”, disse.
“O tempo falará da importância
30 | CULTURA | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Afi nal, o que é isso de ser judeu?
O encontro entre Bruno Nogueira e Miguel Guilherme em O Meu Vizinho É Judeu faz uma exploração humorística dos preconceitos e de um mundo separado entre nós e os outros
FILIPE FERREIRA
Miguel Guilherme e Bruno Nogueira encenados por Beatriz Batarda
A mulher de um viu na Internet
que o outro é judeu. E, portanto,
ele, que quer impressionar a mulher
levando-lhe informação fi dedigna,
colhida directamente de um judeu
verdadeiro e ali à mão de semear,
tenta perceber o que é isso de ser
judeu. É deste gesto de curiosidade
e desconfi ança mútua que parte O
Meu Vizinho É Judeu, peça do francês
Jean-Claude Grumberg, encenada
por Beatriz Batarda e interpretada
por Bruno Nogueira (o não-judeu,
pelo menos de início) e Miguel Gui-
lherme (o judeu, que tenta escon-
der que o é, pelo menos de início),
em cena no Casino Estoril a partir
de hoje.
Grumberg nasceu em Paris, em
1939, quatro anos antes de o seu pai
e o seu avô terem sido enviados para
Auschwitz, onde perderam a vida.
Autor desta comédia de equívocos
(sobre o outro), Grumberg “tem
mais legitimidade do que ninguém
para brincar com o assunto”, diz
Bruno Nogueira. E o assunto que
gravita em torno do que signifi ca
ser judeu (tanto para aquele que o
é, quanto para o outro que não faz
ideia), e, de uma forma mais lata,
de como os preconceitos estão im-
pregnados no quotidiano, esboça-se
nos encontros constantes entre dois
vizinhos à porta do prédio.
Usando a ferramenta preciosa do
humor para reduzir o preconceito
ao absurdo, dir-se-ia que estamos
perante uma lição básica de “judaís-
mo para totós”, graças às interroga-
ções de uma personagem que quer
saber o que faz do seu vizinho um
judeu — afi nal, a que se dedica um
judeu? — e se espanta com a reve-
lação de que o vizinho nasceu na
Bretanha francesa e não numa terra
longínqua e estranha. “Neste caso,
acho que a comédia é muito efi caz,
porque acho que o preconceito na
maior parte das vezes nasce do me-
do do desconhecido”, acredita Bru-
no Nogueira, acrescentando que, no
entanto, “outras vezes nasce mesmo
de idiotice”.
Nós e outrosAo escolher dois vizinhos para
personagens, Grumberg coloca de
imediato a tónica numa ideia de en-
dos confl itos no Médio Oriente”.
E, nesse empolamento, sublinha
Batarda, não há propriamente um
movimento de aproximação ou de
compreensão. O Meu Vizinho É Judeu
traz consigo também uma ideia de
que a aceitação do outro é mais có-
moda e indutora de uma ilusão de
convivência saudável que, na ver-
dade, nunca vai tão longe que che-
gue à compreensão. Fica pela rama.
Também por isso, parece haver uma
quase redenção da personagem de
Bruno Nogueira, aquela que começa
por metralhar perguntas e dúvidas
sobre o que é ser judeu e caminha
para a sua própria conversão (e da
mulher) ao judaísmo, ainda que
por achar que é “uma coisa elitista
e chique fazer parte da mais antiga
religião do mundo”, descreve a en-
cenadora.
“Este volte-face um bocadinho
ridículo”, atira Miguel Guilherme,
“refl ecte um pouco a posição do
autor em relação a estas questões
e não creio que tenha uma posição
muito optimista em relação a haver
uma total compreensão. Pode haver
bondade, claro, mas refl ecte uma
posição, senão não tinha feito algo
tão insólito.”
Esse insólito é, talvez de forma ca-
ricatural, a imagem da defi nição de
ambos em relação ao judaísmo. Se
um se converte, meio atraído, meio
conduzido pela culpa, o outro deixa
de se esconder e supera o medo de
ser reconhecido publicamente como
judeu. E, ao fazê-lo, assume também
uma história e uma cultura.
A omnipresença, essa, é apresen-
tada num duplo sentido. Já não é
apenas Deus que tudo vê. Também
a Internet sabe de tudo e observa
em permanência.
Teatro Gonçalo Frota
ganadora proximidade. Depois, a
personagem desconfi ada de Bruno
Nogueira, sempre com perguntas
e teorias de algibeira que a mulher
vai descobrindo na Internet, tenta
uma aproximação. Mas uma aproxi-
mação cheia de equívocos.
É esse o tipo de humor que mais
agrada também à encenadora Bea-
triz Batarda, um “humor à inglesa,
mais shakespeareano, de desencon-
tros e de jogos de palavras”, diz. Foi
Batarda quem, sabendo da vonta-
de mútua dos actores de voltarem
a juntar-se em palco (depois de É
como Diz o Outro, em 2011), come-
çou a pesquisar textos para dois ac-
tores e descobriu Pour en Finir avec
la Question Juive (título original do
texto levado à cena em França como
Être ou Pas). “Isto do humor é como
as tragédias, tem muitos registos, e
achei que este era um humor que
encaixava no deles”, refere a ence-
nadora.
Para Beatriz Batarda, este é um
texto que “serve de pretexto para
pôr uma lupa sobre estas necessida-
de que as pessoas têm de organizar
a sociedade em dois rótulos — ‘nós’
e ‘outros’”. “E a linha que separa
os dois é muito ténue, basta criar
um vínculo com alguém dos outros
para esse outro passar a fazer parte
do nós. No fundo, eles estão a peça
toda a tentar encontrar um diálogo
e a tentar criar uma linguagem.”
Mas isso é depois, porque de início
aquilo a que assistimos é um homem
exasperado e defensivo, farto de in-
terrogatórios e de ser perseguido
por ser judeu, e um outro que papa-
gueia informações avulsas recolhi-
das na Internet, “infl uenciado pela
informação, pelos media, pela Inter-
net, pelo empolamento novelesco
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 31
DR
O humor negro é a marca de Yuck Factor
Este ano, a companhia Visões Úteis
andou a refl ectir sobre questões da
identidade colectiva, explorando
as contradições que surgem sobre-
tudo na forma como nos relacio-
namos com os outros. Evocamos
valores humanistas, recheados de
racionalidade, mas, na hora de
agir, o que fazemos esbarra contra
aquilo que acreditamos que nos
define. São sobretudo estes pa-
radoxos ligados à identidade que
este grupo de teatro tem tratado.
O primeiro momento dessa re-
fl exão aconteceu em Maio, quando
estrearam no Teatro Rivoli Trans/
missão, uma criação em torno da
identidade nacional — um pouco
sobre aquela tendência de deixar a
revolução para amanhã.
Agora, o Visões Úteis volta a tra-
balhar sobre as mesmas dúvidas e
inquietações, desta vez focando a
identidade europeia. Tudo isso é
posto (literalmente) em cima da me-
sa em Yuck Factor, a nova criação da
companhia de Ana Vitorino e Carlos
Costa, que se estreia hoje no Teatro
Carlos Alberto, às 21h, onde fi cará
em cena até domingo.
Tudo começou a ser preparado há
cerca de ano e meio, numa altura em
que o debate mediático se centrava
na Europa, concretamente nas con-
sequências de uma crise fi nanceira
onde sobressaía uma espécie de ci-
são entre países do Norte e países
do Sul. Foi a partir desse contexto
que Ana Vitorino e Carlos Costa —
também eles protagonistas — con-
ceberam este espectáculo.
Inicialmente, seria sobre a frag-
mentação da Europa, sobretudo
sobre a nossa relação com o outro,
mas um “outro” europeu. Mas o
texto foi evoluindo à medida que
a narrativa mediática descrevia os
acontecimentos reais e, no último
ano, com a crise humanitária dos
refugiados, a peça “ganhou outra
carga”, porque surge “‘outro’ ainda
mais diferente”, explica Ana Vitori-
no. “Queríamos retratar como a re-
pugnância interfere na forma como
nos relacionamos com os outros”. E
no caso da chegada dos refugiados,
“a repugnância ainda vem com mais
A Europa discutida à mesa
cultural de sucesso. Se seguirmos o
protocolo, teremos um evento de su-
cesso. Há sempre comida envolvida,
mesmo quando não se está a falar
de comida. Aliás, na verdade, não
se está bem a falar de comida. Esta
é apenas uma imagem para se falar
de tudo o resto: “Sobre como olha-
mos para os outros, sobre como va-
mos ou não receber os outros, sobre
respeitar ou furar as regras, sobre o
nojo ou não ter nojo. Tem muito a
ver com empatia”, diz a actriz.
“Há muita semelhança entre a po-
lítica europeia e as regras de distri-
buição de comida na Europa”, diz
Carlos Costa, ilustrando essa realida-
de com as apertadas regras que exis-
tem para que uma maçã seja consi-
derada de facto uma maçã: “Tem de
ter o tamanho certo, o peso certo.”
E isso — acrescenta — serve também
para levantar as mesmas questões
em relação às pessoas: “O que é que
uma pessoa tem de ter para ser, de
facto, tratada como pessoa?”
São estes paradoxos que Yuck Fac-
tor atira para os espectadores, e a
presença de uma actriz espanhola
acaba por realçar isso. Ainhoa Hevia
tem um papel diferente: “Há uma
ligeira depreciação que impusemos
nela. Parece que somos os quatro
iguais, mas, como diria Orwell, ‘uns
são mais iguais do que outros’. E ela
é essa fi gura menos igual, pois é a
fi gura estranha”, diz Ana.
O assunto é controverso, por ve-
zes desconfortante, mas há também
momentos hilariantes. Aliás, o hu-
mor negro é a marca de Yuck Factor.
“Gostamos de escrever coisas que
nos fazem rir a propósito de assun-
tos sérios”, justifi cam os fundadores
do Visões Úteis. No Teatro Carlos Al-
berto, a mesa vai estar posta — para
o debate. Texto editado por Isabel Coutinho
força”, realça a actriz e encenadora.
Foi então que descobriram um
conceito que ilustrava tudo isso, yu-
ck factor, que acabou por ser o título
da peça. É defi nido como a “crença
no instinto de repugnância”, e foi te-
orizado por Leon Kass, que escreveu
mais ou menos isto: “A convicção de
que se uma coisa nos enjoa é porque
ela é efectivamente má ou perigo-
sa.” “Percebemos que esta ideia está
presente numa série de tomada de
decisões, desde a forma como se le-
gisla até reacções no nosso dia-a-dia.
Por exemplo, quando alguém dizia
que os alemães eram nazis, porque
queriam dominar os países do Sul,
ou quando chamava ‘preguiçosos’
aos gregos, que mereciam estar onde
estavam”, explica Ana Vitorino.
“Esticámos este conceito para jus-
tifi car a falta de tolerância, de com-
preensão e empatia para com os ou-
tros. Isso, para nós, é interessante”,
continua. Foi a partir desse discurso
“veiculado pelos media” que o Vi-
sões Úteis criou este espectáculo
sobre a retórica do preconceito e a
maneira como esses clichés identi-
tários infl uenciam algumas decisões
numa Europa que se diz unida.
Para ilustrar tudo isto, Ana Vito-
rino e Carlos Costa focaram-se nos
costumes associados à alimentação.
A comida é o ponto central da peça:
“A sua distribuição, o modo de servir
e de consumir, as regras implícitas
ou defi nidas por protocolo para es-
tar à mesa com os outros servem de
pretexto para falar dos impasses na
construção de uma identidade plu-
ral, e da intolerância entre culturas.”
Em cena, Ana Vitorino, Carlos Costa,
Cristóvão Carvalheiro e a actriz espa-
nhola Ainhoa Hevia são uma equipa
de catering que nos apresenta uma
espécie de manual de boas práticas
para se organizar um evento multi-
Teatro Hugo Morgadinho
Yuck Factor explora o processo ligado à alimentação para questionaros paradoxos associados à política europeia
MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
CONHEÇA A NOSSA SELECÇÃO DE ACESSÓRIOS
AVISOPor aviso n.º 13499/2015, publicado no Diário da República, 2.ª Série n.º 227, de 19/11/2015, também publicitado na Bolsa de Emprego Público (www.bep.gov.pt) - oferta de emprego n.º OE201511/0171 - encontra-se aberto procedimento concursal comum, por 10 dias úteis, contados a partir de 19/11/2015, para recrutamento e seleção de um Técnico Superior, de entre Licenciados(as) em estudos euro-peus, para celebração de um contrato de trabalho em funções públi-cas por tempo indeterminado, para ocupação de um posto de traba-lho do mapa de pessoal da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), com a seguinte caraterização: técnico superior, para desempenho da atividade AA/2, no Núcleo de Relações Externas, da Divisão de Relações Externas, com a seguinte descrição: “Estudo, planeamento, programação, avaliação, aplicação de métodos e pro-cessos científi cos/técnicos de preparação da decisão, exercidas com responsabilidade e autonomia técnica, com enquadramento superior qualifi cado nos domínios das relações externas (nacionais e interna-cionais) e da comunicação externa, promoção e imagem da FLUL, através do desenvolvimento da estratégia de comunicação externa, promoção e publicidade, da organização e participação em eventos de divulgação dentro e fora das instalações, do desenvolvimento de material de divulgação, da colaboração na elaboração de protocolos, convénios e demais formas de relacionamento institucional a nível na-cional e internacional e da respetiva gestão administrativa, bem como da elaboração de estudos de apoio ao planeamento de actividades e à gestão estratégica no domínio da divulgação institucional”.
Faculdade de Letras da Universidade de LisboaO Diretor,
Prof. Doutor Paulo Farmhouse Alberto
AVISO
Por aviso n.º 13498/2015, publicado no Diário da República, 2.ª Série n.º 227 de 19/11/2015, também publicitado na Bolsa de Emprego Público (www.bep.gov.pt) - oferta de emprego n.º OE201511/0170 - encontra-se aberto procedimento concursal comum, por 10 dias úteis, contados a partir de 19/11/2015, para recrutamento e seleção de um Técnico Superior, de entre Licenciados(as) em contabilidade, para celebração de um contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, para ocupação de um posto de trabalho do mapa de pessoal da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), com a seguinte caraterização: Técnico Superior, para desem-penho da atividade S/7, na Divisão de Gestão Financeira e Patrimo-nial, com a seguinte descrição: “Estudo, planeamento, programação, avaliação, aplicação de métodos e processos científi cos/técnicos de preparação da decisão, exercidas com responsabilidade e autono-mia técnica, com enquadramento superior qualifi cado, nos domínios da contabilidade orçamental, patrimonial e analítica, nomeadamente classifi cação dos processos de arrecadação de receitas e realização de despesas, controlo de contas correntes, preparação das contas de gerência, acompanhamento da execução orçamental e respetivos reportes mensais obrigatórios, realização de reconciliações bancá-rias, apuramento do IVA, elaboração de reportes fi scais obrigatórios, elaboração de manuais de procedimentos para a área contabilística e colaboração nas demais tarefas dos serviços fi nanceiros”.
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
O Diretor,Prof. Doutor Paulo Farmhouse Alberto
32 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Dos carvalhos do Mediterrâneo
Equipa coordenada por investigador português acaba de descobrir a origem selvagem das leveduras vínicas mais utilizadas na fermentação das uvas. Este é um novo capítulo da história da domesticação do nosso melhor “microamigo”
Ao longo da histó-
ria, o homem tem
domesticado ani-
mais, plantas e até
microrganismos,
através da selec-
ção e propagação
de características
consideradas úteis
ou interessantes.
Foi o que aconteceu também com a
levedura do vinho. Actualmente, as
leveduras que existem nas uvas, nas
vinhas, nos lagares e nas adegas — e
que são responsáveis pela fermen-
tação da uva para produzir vinho
— são muito semelhantes em todo o
mundo: pertencem a uma popula-
ção global da espécie Saccharomyces
cerevisiae. Até agora, não se sabia de
onde vinham estas leveduras. Mas
a equipa de José Paulo Sampaio, da
Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade Nova de Lisboa
(FCT-UNL), descobriu o “parente sel-
vagem” das principais leveduras do
vinho: vive nas cascas de carvalhos
da região mediterrânica.
As leveduras vínicas pertencem
a um grande grupo de leveduras de
cuja ecologia pouco se sabe, embora
sejam muito estudadas em labora-
tório e com aplicações industriais.
“Pasteur foi o primeiro a estudar [as
leveduras do género] Saccharomyces
e muitos outros lhe seguiram as pisa-
das. No entanto, apesar de receber
tanta atenção desde os primórdios da
microbiologia, ainda hoje ninguém
sabe com exactidão como e onde vi-
vem na natureza”, conta o biólogo
José Paulo Sampaio.
No caso da levedura Saccharomyces
cerevisiae, ela acompanha o homem
há milhares de anos e é utilizada não
só para a produção de vinho — há es-
tirpes com características diferentes
usadas para levedar a massa de pão
e para produzir algumas cervejas e
bioetanol.
Os novos resultados da equipa do
de vinho e poderá também ser útil
para os produtores de vinho que se
interessem em saber por que é que
algumas estirpes são melhores do
que outras na produção de vinho.”
O vinho é produzido através da
fermentação das uvas (esmagadas)
por acção das leveduras, que trans-
formam o açúcar da fruta em álco-
ol e dióxido de carbono. Embora a
Saccharomyces cerevisiae não seja a
única levedura envolvida na produ-
ção de vinho, é a mais importante.
“No mosto inicial, há uma multidão
de leveduras. No processo de produ-
ção do vinho, ocorre naturalmente
uma sucessão de microrganismos,
acabando por predominar a levedura
Saccharomyces cerevisiae”, explica
José Paulo Sampaio.
O processo industrial é muito se-
melhante, mas neste caso há a in-
tervenção do próprio produtor de
vinho — “são adicionadas leveduras
seleccionadas, para que estas pre-
dominem”.
José Paulo Sampaio dedica-se ao
estudo da evolução e diversidade
de leveduras desde o seu doutora-
mento, na década de 1990, e este
é o tema principal de investigação
do grupo que lidera na Unidade de
Ciências Biomoleculares Aplicadas
na FCT-UNL. “A [nossa] investigação
consiste em compreender as trans-
formações que estão por detrás da
domesticação microbiana, ou seja,
as modifi cações genéticas que deram
origem às leveduras que hoje utiliza-
mos para produzir produtos como
o vinho”, explica. “Estes assuntos
têm interesse académico, porque se
relacionam com a evolução. E têm
interesse aplicado, porque a compre-
ensão destes fenómenos ajuda-nos a
melhorar e a diversifi car os produtos
industriais.”
Este grupo de investigação tem es-
tudado a origem das leveduras res-
ponsáveis pela fermentação na pro-
dução de cerveja e cidra, além dos
vinhos, recolhendo amostras destes
microrganismo por todo o mundo.
“Já viajei pela Patagónia argentina,
Rita Ponceinvestigador português foram publi-
cados na Molecular Ecology e esta re-
vista decidiu convidar especialistas
nesta área a escrever um comentário
sobre o trabalho para ser publicado
em simultâneo. “Para conhecer a ori-
gem das leveduras do vinho, preci-
sávamos de conhecer o seu parente
mais próximo em condições naturais
— e foi isto que este trabalho identifi -
cou”, sublinha ao PÚBLICO Christian
Landry, da Universidade de Laval, no
Canadá, um dos três autores do co-
mentário. Para estes especialistas, os
novos resultados científi cos esclare-
cem o processo de domesticação “do
melhor microamigo do homem”.
“Agora podemos perceber se as
leveduras do vinho foram domesti-
cadas uma ou mais vezes ao longo da
história da humanidade. Permite-nos
também perceber de onde vêm os ge-
nes destas leveduras que as tornam
boas produtoras de vinho”, acrescen-
ta o investigador canadiano. “A lon-
go prazo, este estudo ajudar-nos-á a
compreender a história da produção
De onde vêm as principais leveduras do
vinho?
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | CIÊNCIA | 33
pelo Cerrado brasileiro, regiões mon-
tanhosas na Nova Zelândia e fl ores-
tas na Austrália e Nova Caledónia. E
encontrámos leveduras selvagens da
Saccharomyces que nunca ninguém
tinha encontrado”, relata o cientista.
Indiana Jones dos micróbiosO projecto de investigação que es-
teve na base do artigo na Molecular
Ecology iniciou-se em 2005, com a
procura de populações selvagens de
Saccharomyces cerevisiae em árvo-
res em Portugal. E foi nas cascas de
carvalhos que os cientistas as desco-
briram.
Mais tarde, estenderam o trabalho
a ambientes naturais por outras re-
giões do globo — Espanha, França,
Itália, Eslovénia, Grécia e Japão —,
escolhendo locais de amostragem
representativos da diversidade das
regiões e em colaboração com cien-
tistas de outros países. Por todo o
mundo, recolheram muitas amos-
tras em espécies de carvalhos e de
outras árvores.
“O trabalho de campo tem um
pouco de Indiana Jones da micro-
biologia. Mas é sobretudo cansativo
e repetitivo. Há calor, moscas e pó”,
considera José Paulo Sampaio. “Em
cada saída recolhemos dezenas ou
centenas de amostras de casca ou
de solo debaixo da árvore. E anota-
mos a localização de cada colheita.
As amostras são colhidas asseptica-
mente e colocadas em sacos estéreis.
A parte laboratorial começa quando
colocamos as amostras em frasqui-
nhos”, descreve ainda.
Entre as amostras de leveduras
recolhidas, a equipa sequenciou o
genoma de 90 delas. A comparação
dos genomas dessas 90 amostras e
de outras amostras de todo o mundo
disponíveis em bancos de dados re-
velou a identidade dos parentes sel-
vagens mais próximos das leveduras
do vinho: são leveduras que existem
em cascas de carvalho na bacia medi-
terrânica. E foi na Península Ibérica,
no Sul de França, em Itália, na Grécia
e Eslovénia que as encontraram.
A surpresa não foi tanto pela des-
coberta das leveduras selvagens no
Mediterrâneo — afi nal, essa é a região
de origem da vinha e do vinho —, mas
por ter sido nas cascas de carvalhos.
Mais exactamente, encontraram-nas
no carvalho-português (Quercus fa-
ginea), no carvalho-negral (Quercus
pyrenaica), na azinheira (Quercus
ilex) e no carvalho-alvarinho (Quer-
cus robur). Porém, no sobreiro (Quer-
cus suber), que é uma das espécies
de carvalhos mais frequente em
Portugal, não se detectaram estas
leveduras.
“Parece um paradoxo termos en-
contrado esta levedura em carvalhos,
e não onde há muita fruta. Mas, em-
bora existam centenas de espécies de
carvalho, apenas a encontrámos em
espécies de carvalho que têm cascas
onde há vestígios de açúcar”, refere
o investigador. “As bebidas alcoóli-
cas surgem em todas as civilizações
e têm uma história muito antiga: os
registos mais antigos são da China so-
bre a fermentação do arroz. O vinho
teve origem na bacia mediterrânica e
disseminou-se a partir daí. Por isso,
não fi cámos muito surpreendidos
por termos encontrado a população
selvagem aqui.”
As análises genéticas mostraram
que as leveduras das cascas de carva-
lho são da mesma espécie do que as
leveduras vínicas — a Saccharomyces
cerevisiae —, mas já pertencem a po-
pulações diferentes. A separação en-
tre elas terá ocorrido entre há 1300 e
10.300 anos. O que, de acordo com o
artigo, é coincidente com os primei-
ros registos de produção de vinho,
que remontam a 5400 a 5000 anos
a.C. Ou seja, esses registos têm 7400
a 7000 anos e são relativos a vestí-
gios químicos da presença de vinho
num recipiente encontrado numa
aldeia do Neolítico na região do Irão.
A análise dos genomas das levedu-
ras trouxe outras novidades. A leve-
dura vínica tem genes importantes
para a fermentação e produção de
vinho, uma vez que contêm as ins-
truções de fabrico de moléculas que
transportam açúcares e compostos
azotados para dentro das células.
Mas a equipa descobriu que esses
genes não existem nas leveduras
Saccharomyces selvagens. Em con-
trapartida, há leveduras de outros
géneros — como a Zygossacharomy-
ces — que têm estes genes relevantes
para a fermentação.
Portanto, esses genes na estirpe
domesticada da Saccharomyces ce-
revisiae não vieram das suas con-
géneres selvagens e foram assim
adquiridos de outras leveduras, ao
longo de milénios de selecção para
a produção de vinho. O facto de não
existirem nas leveduras selvagens
signifi ca que a aquisição desses ge-
nes pela levedura do vinho ocorreu
após a sua separação das popula-
ções selvagens. Ainda não se sabe
como é que tal aconteceu: uma pos-
sibilidade é ter sido através de cru-
zamentos com outras leveduras e,
como estes genes tinham efeitos fa-
voráveis para a produção de vinho,
foram seleccionados e propagados.
“Fomos nós que forçámos a aqui-
sição destas características — esta
é uma característica da domestica-
ção”, remata José Paulo Sampaio.
“Acho muito engraçado começar
a transpor o conhecimento da do-
mesticação para os micróbios”,
considera o investigador, subli-
nhando que as espécies domesti-
cadas, sejam animais, plantas ou
micróbios, têm características re-
levantes para o homem que não
existem nos parentes selvagens.
“As espécies domesticadas estão
associadas a um ambiente criado
pelo homem — a levedura do vinho
existe nas vinhas, nos lagares e nas
adegas, onde fi cam todo o ano de
modo dormente”, acrescenta.
“Este trabalho representa um
esforço gigantesco e inclui muitas
componentes: recolha de amostras
no campo, trabalho laboratorial de
cultura e identifi cação dos micror-
ganismos, sequenciação genética e
a análise bioinformática”, frisa João
Paulo Sampaio, referindo-se à im-
portância das colaborações com in-
vestigadores de Itália, França, Reino
Unido, Eslovénia e Japão para o su-
cesso deste projecto. “Algumas eta-
pas demoraram mais de seis anos.
É um trabalho quase fora de moda
nos dias que correm.”
Os resultados estão já disponíveis
para investigadores no mundo in-
teiro: as sequências de ADN das
amostras de leveduras recolhidas
pela equipa estão em bancos públi-
cos de dados (como o GenBank) e
as leveduras selvagens encontram-
se guardadas na FCT-UNL, numa
colecção destinada a investiga-
ção científi ca. Texto editado porTeresa Firmino
FERNANDO VELUDO
O investigador José Paulo Sampaio a recolher cascas de árvores no Alentejo para o trabalho de investigação; e amostras da Saccharomyces cerevisiae, a principal levedura responsável pela fermentação das uvas na produção de vinho
FOTOS: JOSÉ PAULO SAMPAIO
34 PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H
Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 Lisboa
MensagensANA JOVEMMASSGTA - Dipl.,bonita, simpática,elegante. Terap.Orientais & Sensuais.Telm.: 912 788 312
AREEIRO -Menina 28A, morena,depilada, mto atraente,belas curvas. Ligue-me!Telm.: 962 623 142
AREEIRO -Sra. 49A, elegante, loira,convive c/mta discrição.2ª a sáb.Telm.: 964 256 319
CENTRO10 MASSAGISTAS -Prof. e sensuais.Av. Berna, C. Peq.www.relax-corpo.comTelm.: 964 842 005
DOMINADORA SUB EMASSG - Teu + secretofetiche. Morena, bonita eelegante. M. Pombal.Telm: 969 941 198
MASSAGEMMarquesa, senhoraport., 40A. Novidade.Algo + privado.Telm: 92 518 51 95
PARA DESVENDARO MISTÉRIO DOTANTRA...www.tantricmoments.ptTelfs: 924 425 094 213 545 249
THE SECRET IN THEANNE’S WORLD -Discovery. Massagensde relaxamento e tera-pias alternativas.Telm.:918 047 446
Insolvência de “Domínio do Espaço,Consultoria Projectos e Construção, Lda.”
Processo n.º 1667/14.8T8VFX na Comarca de Lisboa Norte, V. F. de Xira - Inst. Central - Sec. Comércio - J2 de Loures
Por determinação do Exmo. Administrador de Insolvência proceder-se-á à venda através de proposta por carta fechada, dos bens que a seguir se identifi cam:Verba Um: Terreno para construção, sito na Estrada da Lapa, lote 19, na Ven-da do Pinheiro, inscrito na matriz predial da União das freguesias de Venda do Pinheiro e Santo Estêvão das Galés sob o artigo 112, com o valor-base de € 117.647,06.Verba Dois: Prédio em propriedade total sem andares nem divisões susceptíveis de utilização independentes, destinado a habitação, com 3 pisos e 8 divisões, sito na Urbanização Encosta S. Silvestre, lote 31, em Gradil, inscrito na matriz da União das freguesias de Enxara do Bispo, Gradil e Vila Franca do Rosário sob o artigo 2472, com o valor-base de € 177.470,58.REGULAMENTO:1 - Serão consideradas as propostas de valor não inferior a 85% dos supra-indicados, recebidas, em envelope fechado, até às 17 horas do dia 02 de De-zembro de 2015.2 - A abertura das propostas será efectuada imediatamente após a hora indicada no número anterior.3 - Os envelopes contendo as propostas deverão ter a indicação na frente “Proposta de compra por carta fechada - Insolvência de Domínio do Espaço, Consultoria Projectos e Construção, Lda. - Proc. 1667/14.8T8VFX”, deverão ser acompanhadas de um cheque/caução de 5% do valor proposto, à ordem da massa insolvente, e ser enviadas para o Administrador de Insolvência:
Dr. Pedro Ortins de Bettencourt, Praceta Aldegalega, n.º 21, R/C Esq., 2870-239 Montijo
4 - As propostas deverão conter: nome ou denominação do proponente; mora-da; número de contribuinte; representante, em caso de pessoa colectiva, indica-ção de telefone e/ou email de contacto e valor oferecido por extenso. 5 - Os imóveis serão vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus e encargos, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos relacionados com a venda. 6 - A aceitação ou não aceitação da proposta será comunicada ao proponente de maior valor no prazo máximo de 30 dias após a abertura de propostas7 - A escritura notarial será efectuada em data e hora a avisar ao comprador com a antecedência mínima de 15 dias.8 - Se não for possível realizar a escritura na data fi xada, por razões inerentes ao comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.9 - Se por motivos alheios à vontade do Administrador de Insolvência, nomeada-mente exercício do direito de remissão ou de preferência, decisão de Comissão de Credores ou decisão judicial, a venda for considerada sem efeito, as quantias recebidas serão devolvidas em singelo.Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Administrador de Insol-vência, através do endereço de correio electrónico: [email protected]
Público, 25/11/2015
Insolvência de “Rui Miguel Ceita Lopes”Processo n.º 6534/12.7TBSXL na Comarca de Lisboa,
Barreiro - Inst. Central - 2.ª Sec. Comércio - J1 de BarreiroPor determinação do Exmo. Administrador de Insolvência proceder-se-á à ven-da através de proposta por carta fechada, do bem que a seguir se identifi ca:VERBA ÚNICA: metade indivisa da fracção autónoma designada pela letra “D” no rés-do-chão frente, destinada a habitação, do tipo T3, com área bruta priva-tiva de 86,97 m2, e área bruta dependente de 8,17 m2, do prédio urbano afecto ao regime da propriedade horizontal, sito na Rua Mécia Mouzinho de Albuquer-que, n.º 6 e Praceta Teresa Gomes, nºs 6 e 6-A, da freguesia de Arrentela, concelho de Seixal, inscrito na matriz urbana sob o artigo n.º 1574-D, descrito na Conservatória do Registo Predial de Seixal, sob o n.º 2149/19900423, com o valor-base de € 65.432,04REGULAMENTO:1 - Serão consideradas as propostas de valor não inferior a 85% do supra-indicado, recebidas, em envelope fechado, até às 17 horas do dia 02 de De-zembro de 2015.2 - A abertura das propostas será efectuada imediatamente após a hora indi-cada no número anterior.3 - Os envelopes contendo as propostas deverão ter a indicação na frente “Pro-posta de compra por carta fechada - Insolvência de Rui Miguel Ceita Lopes - Proc. 6534/12.7TBSXL”, deverão ser acompanhadas de um cheque/caução de 5% do valor proposto, à ordem da massa insolvente, e ser enviadas para o Administrador de Insolvência:
Dr. Pedro Ortins de Bettencourt, Praceta Aldegalega, n.º 21, R/C Esq.º
2870-239 Montijo4 - As propostas deverão conter: nome ou denominação do proponente; mora-da; número de contribuinte; representante, em caso de pessoa colectiva, indi-cação de telefone e/ou email de contacto e valor oferecido por extenso. 5 - Os imóveis serão vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus e encargos, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos relacionados com a venda. 6 - A aceitação ou não aceitação da proposta será comunicada ao proponente de maior valor no prazo máximo de 30 dias após a abertura de propostas7 - A escritura notarial será efectuada em data e hora a avisar ao comprador com a antecedência mínima de 15 dias.8 - Se não for possível realizar a escritura na data fi xada, por razões inerentes ao comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.9 - Se por motivos alheios à vontade do Administrador de Insolvência, nome-adamente exercício do direito de remissão ou de preferência, decisão de Co-missão de Credores ou decisão judicial, a venda for considerada sem efeito, as quantias recebidas serão devolvidas em singelo.Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Administrador de Insol-vência, através do endereço de correio electrónico: [email protected]
Público, 25/11/2015
EGAS MONIZ - COOPERATIVA DE ENSINO SUPERIOR, CRL
C O N V O C A T Ó R I ANos termos do n.º 1 do Artigo 24.º dos Estatutos, convoco a Assembleia Geral da EGAS MONIZ - Cooperativa de Ensino Superior, CRL, para reunir em sessão ordinária, às 20H30, do dia 17 de Dezembro, na respectiva sede, com a seguinte:
ORDEM DE TRABALHOS
- Apreciação, discussão e votação do plano e orçamento para o ano de 2016.
Nos termos do n.º 1 do Artigo 25.º, se à hora marcada não estiver presente mais de metade dos cooperadores com direito a voto, reunirá a Assembleia decorridos trinta minutos, com qualquer número de cooperadores presentes.
Monte de Caparica, 18 de Novembro de 2015
O PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA GERALProf. Doutor Pedro Miguel Antunes Oliveira
ANGELICAL SPAAcolhedor e semprec/novidades. Sinta-sebem connosco.Tel.: 214 058 336 969 212 744
INSOLVÊNCIA DE“ANA DA CONCEIÇÃO VIVEIROS ALVES”
Processo sob o n.º 209/14.0T8RGR Instância Local - Secção Cível - J2
Comarca dos Açores Ribeira GrandeE DE
“ANTÓNIO FERNANDO MEDEIROS CÂMARA”Processo sob o n.º 210/14.3T8RGR Instância Local - Secção Cível - J1
Comarca dos Açores Ribeira GrandeConforme deliberado nas Assembleias de Credores, vão os Exmos. Senhores Administradores da Insolvência, nos suprarreferenciados pro-cessos, proceder à venda nos termos que abaixo se explanam, do bem imóvel que adiante se especifi ca, no estado físico e jurídico em que se encontra e que é o seguinte: - Prédio urbano, denominado por lote 2, sito na Rua da Praia n.º 4, freguesia de Ribeira Seca, concelho de Ribeira Grande, descrito na Conservatória do Registo Predial de Ribeira Grande sob o n.º 1488 da dita freguesia e inscrito na respetiva matriz sob o art.º 2312.º;- Valor mínimo: €85.400,00Qualquer interessado que pretenda visitar o identifi cado prédio, poderá contactar, para o efeito, os Senhores Administradores da Insolvência, Telf. 21 446 70 77/8 ou Telf. 296385051. As propostas deverão ser for-muladas por escrito, em carta registada dirigida a “Insolvência de ANA DA CONCEIÇÃO VIVEIROS ALVES e ANTÓNIO FERNANDO MEDEI-ROS CÂMARA”, Rua Quinta das Palmeiras, n.º 28, 2780-145 Oeiras, até ao dia 9 de dezembro de 2015 e deverão conter a identifi cação com-pleta do proponente, acompanhadas de fotocópias do bilhete de identi-dade e cartão de contribuinte fi scal e/ou certidão comercial da empresa, bem como cheque caução no valor de 10% da proposta efetuada.Os Ex.mos. Senhores Administradores da Insolvência e o credor hipo-tecário, no dia 11 de dezembro de 2015, pelas 15 horas e na indicada morada, apreciarão as ofertas apresentadas, reservando-se o direito de não aceitar as propostas recebidas que não atinjam o indicado valor mí-nimo. Caso existam propostas de igual valor será aberta licitação entre os proponentes.Público, 25/11/2015
COMARCADE ÉVORA
Vila Viçosa - Inst. Local- Sec. Comp. Gen. - J1
Processo: 188/15.6T8VVC
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Beatriz Isabel Delgado CourelaFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Beatriz Isa-bel Delgado Courela, com residência em domicílio: Lar Juvenil Maria Amália Cordei-ro Vinagre, Rua Dr. António José Almeida, 7160-275 Vila Viçosa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 24755541
Vila Viçosa, 16-11-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Hortense MatosO Ofi cial de Justiça
José Borracha
Público, 25/11/2015
SEMAPA - Sociedade de Investimento e Gestão, SGPS, S.A.Sociedade Aberta
Sede: Av. Fontes Pereira de Melo, n.º 14, 10.º, LisboaCapital Social: 81.645.523 Euros
N.º Pessoa Colectiva e Matrícula na C.R.C. de Lisboa: 502.593.130
ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIACONVOCATÓRIA
A solicitação do Conselho de Administração e nos termos previstos nos estatutos e na lei, convoco os Senhores Accionistas da SEMAPA - Sociedade de Investimento e Gestão, SGPS, S.A. (a “Sociedade”) para reunirem em Assembleia Geral Extraordinária, no próximo dia 18 de Dezembro de 2015, pelas 12 horas, no Hotel Ritz, em Lisboa, na Rua Rodrigo da Fonseca, n.º 88, por a sede social não permitir a reunião em condições satisfatórias, com a seguinte
ORDEM DE TRABALHOS:Ponto Único - Deliberar sobre a distribuição parcial de reservas livres.I. InformaçãoA partir da data da divulgação da presente Convocatória será facultada à consulta dos Accionistas, na sede social, no sítio da Sociedade na Internet (www.semapa.pt) e no sítio da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários na Internet (www.cmvm.pt), a informação prevista por lei e referida no artigo 21.º-C do Código dos Valores Mobiliários e no artigo 289.º do Código das Sociedades Comerciais, incluindo os documentos e as propostas a submeter à Assembleia Geral e que sejam conhecidos, nessa data, pela Sociedade.Não existem na Sociedade procedimentos especiais a respeitar pelos Accionistas para o exercício, no decorrer da Assembleia Geral, do direito de informação a que se refere o artigo 290.º do Código das Sociedades Comerciais, sem prejuízo da gestão do tempo disponível e do juízo sobre a proporcionalidade das informações requeridas, por parte do Presidente da Mesa da Assembleia Geral, como é da sua competência.II. Participação na Assembleia GeralApenas poderão assistir e participar na Assembleia Geral, além dos membros dos corpos sociais e do representante comum dos obrigacionistas, os Accionistas que, por si ou agrupados nos termos legais, possuam o mínimo de 83 (oitenta e três) acções, quantidade a que corresponde 1 (um) voto.A participação na Assembleia Geral depende da comprovação da qualidade de accionista com direito de voto às 00:00 horas (GMT) do dia 11 de Dezembro de 2015, adiante Data de Registo, que corresponde ao 5.º dia de negociação anterior ao da realização da Assembleia Geral.Os Accionistas que pretendam participar na Assembleia Geral devem declará-lo, através de comunicações dirigidas, respectivamente, ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral e ao Intermediário Financeiro junto do qual a conta de registo individualizado dessas acções esteja aberta, devendo essas comunicações ser recebidas, o mais tardar, até às 23:59 horas (GMT) do dia 10 de Dezembro de 2015, podendo os Accionistas, para o efeito, utilizar os formulários disponíveis na sede social e no sítio da Sociedade na Internet (www.semapa.pt); as referidas declarações para o Presidente da Mesa da Assembleia Geral podem ser remetidas por correio electrónico para o endereço [email protected].
O Intermediário Financeiro que tenha sido informado da intenção do Accionista de participar na Assembleia Geral deve enviar ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral a informação sobre o número de acções registadas em nome desse Accionista, com referência à Data de Registo, devendo essa informação ser recebida, o mais tardar, até às 23:59 horas (GMT) do dia 11 de Dezembro de 2015; essas comunicações podem, igualmente, ser remetidas por correio electrónico para o endereço [email protected] participação e o exercício do direito de voto na Assembleia Geral não é prejudicado pela transmissão de acções em momento posterior à Data de Registo, nem depende do bloqueio das mesmas entre esta data e a data da Assembleia Geral.Os Accionistas que, tendo declarado a intenção de participar na Assembleia Geral, vierem a transmitir a titularidade de acções no período compreendido entre a Data de Registo e o fi m da Assembleia Geral, deverão comunicar essa transmissão imediatamente ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral e à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, podendo, para o efeito, e no caso da comunicação a dirigir ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, remeter essa informação por correio electrónico para o endereço [email protected] Accionistas que, a título profi ssional, detenham acções em nome próprio mas por conta de clientes e que pretendam votar em sentido diverso com as suas acções, para além da declaração de intenção de participação na Assembleia Geral e do envio, pelo respectivo Intermediário Financeiro, da informação sobre o número de acções registadas em nome do seu cliente, deverão apresentar ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, até às 23:59 horas (GMT) do dia 10 de Dezembro de 2015, e com recurso a meios de prova sufi cientes e proporcionais, (i) a identifi cação de cada cliente e o número de acções a votar por sua conta e, ainda, (ii) as instruções de voto, específi cas para cada ponto da ordem de trabalhos, dadas por cada cliente.III. Representação na Assembleia GeralOs Accionistas podem fazer-se representar, na Assembleia Geral, por quem entenderem, podendo, para o efeito, obter um formulário de procuração através do sítio da sociedade na Internet (www.semapa.pt) ou mediante solicitação na sede social.Sem prejuízo da regra da unidade de voto prevista no artigo 385.º do Código das Sociedades Comerciais, qualquer Accionista pode nomear diferentes representantes relativamente às acções que detiver em diferentes contas de valores mobiliários.Os instrumentos de representação voluntária dos Accionistas, quer sejam pessoas singulares ou colectivas, deverão ser entregues ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, por forma a que sejam recebidos até ao dia 14 de Dezembro de 2015, podendo, igualmente, ser remetidos por
correio electrónico para o endereço [email protected]. Voto por correspondênciaOs Accionistas podem, também, votar por correspondência, nos termos legais e estatutários, processando-se o voto da seguinte forma:a) Deve ser dirigido ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, e recebido na sede social até ao dia 17 de Dezembro de 2015 um sobrescrito contendo as declarações de voto;b) O sobrescrito deve conter (1) carta dirigida ao Presidente da Mesa, com assinatura reconhecida, manifestando a vontade de votar, e (2) as declarações de voto, uma para cada ponto da Ordem de Trabalhos, em sobrescrito fechado e independente com a indicação exterior do ponto da Ordem de Trabalhos a que se destina;c) Os votos emitidos são computados no momento de apuramento dos votos emitidos presencialmente na assembleia, valendo como votos negativos em relação às propostas apresentadas ulteriormente à sua emissão;d) Os Accionistas podem igualmente obter o modelo de carta para o exercício do voto por correspondência através do sítio da sociedade na Internet (www.semapa.pt) ou mediante a sua solicitação na sede social.Os Accionistas podem, igualmente, votar por correio electrónico, desde que o voto seja recebido em condições equivalentes ao voto por correspondência em papel, no que respeita ao prazo, à inteligibilidade, à garantia de autenticidade, à confi dencialidade e demais formalismos. Para o efeito, os Accionistas deverão utilizar o endereço [email protected], sendo os reconhecimentos substituídos por assinatura digital de valor equivalente e os sobrescritos fechados e independentes para cada ponto da ordem de trabalhos substituídos por anexos independentes ao correio electrónico, devendo a votação ser recebida até ao dia 17 de Dezembro de 2015.V. Direito de inclusão de assuntos na ordem de trabalhos e de apresentação de propostas de deliberaçãoOs Accionistas que, por si ou agrupados nos termos legais, possuam acções correspondentes a, pelo menos, 2% do capital social da Sociedade podem, mediante requerimento escrito dirigido ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral nos 5 (cinco) dias seguintes à divulgação desta convocatória, solicitar a inclusão de (i) novos assuntos na ordem de trabalhos, devendo tal requerimento ser acompanhado da proposta de deliberação para cada assunto cuja inclusão se requeira e da informação que a deva acompanhar, e de (ii) propostas de deliberação relativas aos assuntos constantes da ordem de trabalhos ou que a esta tenham sido aditados, devendo esse requerimento incluir a proposta de deliberação e a informação que a deva acompanhar.
Lisboa, 23 de Novembro de 2015
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral,
Francisco Xavier Zea Mantero
A ALZHEIMER PORTUGAL é uma Instituição Particular de Solidariedade Social fundada em 1988. É a única organização em Portugal especifi camente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores.A ALZHEIMER PORTUGAL apoia as Pessoas com Demência e as suas Famílias através de uma equipa multidisciplinar de profi ssionais, com experiência na Doença de Alzheimer.Os serviços prestados pela ALZHEIMER PORTUGAL incluem Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio Domiciliário, Centros de Dia, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas de Especialidade.
ContactosSede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: [email protected]
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00Lar e Centro de Dia “Casa do Alecrim”: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145 - E-mail: [email protected]
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: [email protected]ção Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Tel. 236 219 469 - E-mail: [email protected]
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL - Tel. 291 772 021 - E-mail: [email protected]úcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: [email protected]
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro - Tel. 23 494 04 80 - E-mail: [email protected]
www.alzheimerportugal.org
LICENÇA DE FUNCIONAMENTO N.º 32/2015/Centro Distrital de Lisboa (1)
LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL
(1) Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.
Os dados constantes neste documento serão objeto de registo informático na base de dadosda Segurança Social. Poderá consultar pessoalmente a informação que lhe diz respeito,
bem como solicitar a sua correção.As falsas declarações são punidas nos termos da lei.
CENTRO DISTRITAL DE LISBOA
1. Identifi cação do estabelecimento
Denominação do estabelecimento: MIMINHO AOS AVÓS - CENTRO GERIÁTRICOLocalização do estabelecimento: ESTRADA DO ALGUEIRÃO, N.º 26ACódigo Postal: 2725-019 MEM MARTINS Localidade: ALGUEIRÃODistrito: LISBOA Concelho: SINTRA Freguesia: ALGUEIRÃO-M. MARTINSTelefone: 219 264 970 Fax: E-mail: [email protected]
2. Identifi cação da entidade gestora
Nome completo: ESPIRAL SÉNIOR - COMÉRCIO E SERVIÇOS DE APOIO AO ENVELHECI-MENTO UNIPESSOAL, LDAMorada: ESTRADA DO ALGUEIRÃO, N.º 26ACódigo Postal: 2725-019 MEM MARTINS Localidade: ALGUEIRÃO
3. Resposta social a desenvolver no estabelecimento
SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO
4. Capacidade máxima
O estabelecimento pode abranger o número máximo de 80 (oitenta) utentes.
5. Emissão
Data: 29/04/2015Fernanda Fitas
Diretora do Centro Distrital de Lisboa
LICENÇA DE FUNCIONAMENTO N.º 31/2015/Centro Distrital de Lisboa (1)
LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL
(1) Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.
Os dados constantes neste documento serão objeto de registo informático na base de dadosda Segurança Social. Poderá consultar pessoalmente a informação que lhe diz respeito,
bem como solicitar a sua correção.As falsas declarações são punidas nos termos da lei.
CENTRO DISTRITAL DE LISBOA
1. Identifi cação do estabelecimento
Denominação do estabelecimento: CAFAP - CPELocalização do estabelecimento: RUA CAMPO SANTO, 441Código Postal: 2765-307 ESTORIL Localidade: GALIZADistrito: LISBOA Concelho: CASCAIS Freguesia: ESTORILTelefone: 214 678 610 Fax: 214 678 613 E-mail: [email protected]
2. Identifi cação da entidade gestora
Nome completo: CENTRO PAROQUIAL DO ESTORILMorada: RUA DOM AFONSO HENRIQUES, 1760Código Postal: 2765-576 ESTORIL Localidade: ESTORIL
3. Resposta social a desenvolver no estabelecimento
CAFAP - Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental
4. Capacidade máxima
O estabelecimento pode abranger o número máximo de 100 (cem) utentes.
5. Emissão
Data: 17/04/2015Fernanda Fitas
Diretora do Centro Distrital de Lisboa
LICENÇA DE FUNCIONAMENTO N.º 48/2015/Centro Distrital de Lisboa (1)
LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL
(1) Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.
Os dados constantes neste documento serão objeto de registo informático na base de dadosda Segurança Social. Poderá consultar pessoalmente a informação que lhe diz respeito,
bem como solicitar a sua correção.As falsas declarações são punidas nos termos da lei.
CENTRO DISTRITAL DE LISBOA
1. Identifi cação do estabelecimento
Denominação do estabelecimento: CRECHE O MUNDO DOS SONHOSLocalização do estabelecimento: AVENIDA CARLOS ARROJADO, N.º 5, LOJA 1Código Postal: 2625-251 VIALONGA Localidade: VIALONGADistrito: LISBOA Concelho: V. FRANCA XIRA Freguesia: VIALONGATelefone: 965 335 898 Fax: E-mail: [email protected]
2. Identifi cação da entidade gestora
Nome completo: TERNURA MÉTRICA, LDAMorada: AVENIDA CARLOS ARROJADO, N.º 5, LOJA 1Código Postal: 2625-251 VIALONGA Localidade: VIALONGA
3. Resposta social a desenvolver no estabelecimento
CRECHE: 1 Sala de aquisição de marcha aos 24 meses - 9 crianças1 Sala dos 24 aos 36 meses - 9 crianças
4. Capacidade máxima
O estabelecimento pode abranger o número máximo de 18 (dezoito) utentes.
5. Emissão
Data: 19/06/2015Fernanda Fitas
Diretora do Centro Distrital de Lisboa
LICENÇA DE FUNCIONAMENTO N.º 30/2015/Centro Distrital de Lisboa (1)
LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL
(1) Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.
Os dados constantes neste documento serão objeto de registo informático na base de dadosda Segurança Social. Poderá consultar pessoalmente a informação que lhe diz respeito,
bem como solicitar a sua correção.As falsas declarações são punidas nos termos da lei.
CENTRO DISTRITAL DE LISBOA
1. Identifi cação do estabelecimento
Denominação do estabelecimento: FUNDAÇÃO DO SANTO NOME DE DEUSLocalização do estabelecimento: RUA ABRANCHES FERRÃO, 15Código Postal: 1600-296 LISBOA Localidade: LISBOADistrito: LISBOA Concelho: LISBOA Freguesia: SÃO DOMINGOS DE BENFICATelefone: 217 248 340 Fax: 217 248 349 E-mail: [email protected]
2. Identifi cação da entidade gestora
Nome completo: FUNDAÇÃO DO SANTO NOME DE DEUSMorada: RUA ABRANCHES FERRÃO, 15Código Postal: 1600-296 LISBOA Localidade: LISBOA
3. Resposta social a desenvolver no estabelecimento
ESTRUTURA RESIDENCIAL PARA PESSOAS IDOSAS
4. Capacidade máxima
O estabelecimento pode abranger o número máximo de 63 (sessenta e três) utentes.
5. Emissão
Data: 16/04/2015Fernanda Fitas
Diretora do Centro Distrital de Lisboa
LICENÇA DE FUNCIONAMENTO N.º 47/2015/Centro Distrital de Lisboa (1)
LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL
(1) Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.
Os dados constantes neste documento serão objeto de registo informático na base de dadosda Segurança Social. Poderá consultar pessoalmente a informação que lhe diz respeito,
bem como solicitar a sua correção.As falsas declarações são punidas nos termos da lei.
CENTRO DISTRITAL DE LISBOA
1. Identifi cação do estabelecimento
Denominação do estabelecimento: CAO DO CENTRO HELEN KELLERLocalização do estabelecimento: AV. DOS BOMBEIROS, N.º 1Código Postal: 1400-036 LISBOA Localidade: LISBOADistrito: LISBOA Concelho: LISBOA Freguesia: S. FRANCISCO XAVIERTelefone: 213 011 932 Fax: 213 014 959 E-mail:
2. Identifi cação da entidade gestora
Nome completo: CENTRO HELEN KELLERMorada: AV. DOS BOMBEIROS, N.º 1Código Postal: 1400-036 LISBOA Localidade: LISBOA
3. Resposta social a desenvolver no estabelecimento
CAO - CENTRO DE ATIVIDADES OCUPACIONAIS
4. Capacidade máxima
O estabelecimento pode abranger o número máximo de 30 (trinta) utentes.
5. Emissão
Data: 19/06/2015Fernanda Fitas
Diretora do Centro Distrital de Lisboa
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOAUNIVERSIDADE NOVA DE LISBOAINSTITUTO DE TECNOLOGIA QUÍMICA E INSTITUTO DE TECNOLOGIA QUÍMICA E
BIOLÓGICA ANTÓNIO XAVIERBIOLÓGICA ANTÓNIO XAVIERConcursos ref.ªs 006/TRC-TS/2015 e 007/TRC-TS/2015Concursos ref.ªs 006/TRC-TS/2015 e 007/TRC-TS/2015
O Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB) pretende contratar, O Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB) pretende contratar, em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo,em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo,• 1 Técnico Superior,• 1 Técnico Superior, Ref.ª 006/TRC-TS/2015 - Serviço de Ressonância Magnética Ref.ª 006/TRC-TS/2015 - Serviço de Ressonância Magnética
Nuclear (RMN);Nuclear (RMN);• 1 Técnico Superior,• 1 Técnico Superior, Ref.ª 007/TRC-TS/2015 - Gabinete de Gestão de Ciência, Ref.ª 007/TRC-TS/2015 - Gabinete de Gestão de Ciência,ambos por um período de 12 meses (eventualmente renovável), inseridos na Unidade ambos por um período de 12 meses (eventualmente renovável), inseridos na Unidade de I & D, com a referência UID/CBQ/04612/2013, e intitulada “Molecular, Structural de I & D, com a referência UID/CBQ/04612/2013, e intitulada “Molecular, Structural and Cellular Microbiology” (MOSTMICRO), com o apoio fi nanceiro da FCT/MEC para and Cellular Microbiology” (MOSTMICRO), com o apoio fi nanceiro da FCT/MEC para as Novas Unidades de I & D, através de fundos nacionais e, quando aplicável, co-as Novas Unidades de I & D, através de fundos nacionais e, quando aplicável, co-fi nanciado pelo FEDER, no âmbito do novo acordo de parceria PT2020.fi nanciado pelo FEDER, no âmbito do novo acordo de parceria PT2020.Local de trabalho: Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, Oeiras.Local de trabalho: Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, Oeiras.As candidaturas deverão incluir: i) Carta de motivação onde deverá constar uma As candidaturas deverão incluir: i) Carta de motivação onde deverá constar uma breve descrição dos seus interesses presentes e futuros, no campo da investigação breve descrição dos seus interesses presentes e futuros, no campo da investigação científi ca; científi ca; ii) Curriculum vitaeii) Curriculum vitae detalhado, datado e assinado; detalhado, datado e assinado; iii)iii) Certifi cado da Certifi cado da habilitação académica requerida.habilitação académica requerida.Mais informações disponíveis na página do ITQB em: Mais informações disponíveis na página do ITQB em: http://www.itqb.unl.pt/jobshttp://www.itqb.unl.pt/jobs
A data-limite para entrega das candidaturas éA data-limite para entrega das candidaturas é 10 de dezembro de 201510 de dezembro de 2015. As candidaturas . As candidaturas devem ser formalizadas, obrigatoriamente, através de candidatura eletrónica, devem ser formalizadas, obrigatoriamente, através de candidatura eletrónica, contendo toda a documentação referida bem como a referência da posição a que se contendo toda a documentação referida bem como a referência da posição a que se candidatam, sob pena de exclusão, para o e-mailcandidatam, sob pena de exclusão, para o e-mail [email protected] [email protected]
O DiretorO Diretor
MARIA MANUEL MARQUES, 1.ª Vice-Presidente do Conselho de Deontologia do Porto da Ordem dos Advogados Portugueses, com competências delegadas para o ato - Despacho n.º 12173/2015, de 9 de outubro, publicado na 2.ª Série do DR de 29 de outubro, n.º 212 -, em cumprimento do disposto nos artigos n.ºs 137.º e 169.º do Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pela Lei 15/2005, de 26 de janeiro;Faz saber publicamente que, por Acórdão do Conselho de Deonto-logia do Porto de 25 de setembro de 2015, foi aplicada ao Sr. Dr. António Gonçalves Calheno, que profi ssionalmente usa o nome abreviado António Calheno, titular da Cédula Profi ssional n.º 7516P, com domicílio profi ssional na Rua do Almada, 254, 3.º Dt.º, sala 33, no Porto, a pena disciplinar de suspensão do exercício da advo-cacia pelo período de 6 (seis) meses, por violação dos deveres previstos nos artigos 83.º/1 e 86.º/a) e 92º/1/2 do Estatuto da Ordem dos Advogados em vigor à data – Lei 15/2005, de 26 de janeiro.O cumprimento da presente pena teve o seu início em 19 de outu-bro de 2015, dia seguinte ao que o aludido Acórdão do Conselho de Deontologia formou caso resolvido na ordem jurídica interna da Ordem dos Advogados.
Porto, 20 de novembro de 2015
Maria Manuel Marques1.ª Vice-Presidente do Conselho de Deontologia do Porto
Margarida Santos - Diretora de Serviços
ORDEM DOS ADVOGADOSCONSELHO DE DEONTOLOGIA DO PORTO
EDITAL
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICAComissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social
ÀS ORGANIZAÇÕES SINDICAIS E TODAS AS ESTRUTURAS REPRESENTATIVAS DOS TRABALHADORES
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Nos termos e para os efeitos do artigo 16.º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, aprovada em anexo à Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, e do artigo 134.º do Regimento da Assembleia da República, com as devidas adaptações, avisam-se estas entidades de que se encontra para apreciação, de 25 de novembro a 25 de dezembro de 2015, os diplomas seguintes:
Projetos de lei n.ºs 7/XIII (1.ª) - Repõe as 35 horas por semana como período normal de trabalho na função pública, procedendo à 3.ª alteração à Lei n.º 35/2014, de 20 de junho (PCP) e 18/XIII (1.ª) - Reposição das 35 horas de trabalho semanal na Administração Pública (Os Verdes).
As sugestões e pareceres deverão ser enviados, até à data-limite acima indicada, por correio eletrónico dirigido a: [email protected]; ou em carta, dirigida à Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social, Assembleia da República, Palácio de São Bento, 1249-068 Lisboa; ou através de formulário disponível emhttp://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/IniciativasemApreciacaoPublica.aspx.Dentro do mesmo prazo, as comissões de trabalhadores ou as comissões coordenadoras, as associações sindicais e associações de empregadores poderão solicitar audiências à Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social, devendo fazê-lo por escrito, com indicação do assunto e fundamento do pedido.
O texto do citado diploma encontra-se publicado na Separata n.º 2/XIII do Diário da Assembleia da República, de 25 de novembro de 2015, e pode ser consultado na “Página” Internet da Assembleia da República, na morada: http://www.parlamento.pt/paginas/separatas.aspx
35PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 CLASSIFICADOS
Dando cumprimento ao disposto na alínea d), no n.º 1 do art.º 5.º da Portaria n.º 207/2011, de 24/05, alterada pela Portaria n.º 229-A/2015, de 03/08, informam-se os interessados que foram publicados na 2.ª Série do Diário da República, do dia 20 de novembro de 2015, os avisos n.ºs 13554/2015 e 13555/2015, relativos à abertura de procedimentos concursais para a categoria de assistente graduado sénior, das áreas de saúde pública e de medicina geral e familiar, da carreira es-pecial médica, com vista ao preenchimento de postos de trabalho, na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, no âmbito do Mapa de Pessoal desta instituição.
24/11/2015
O Conselho Diretivo
Ministério da SaúdeAdministração Regional de Saúde do Norte, I.P.
36 | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
SAIR
CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h30, 18h30, 21h30 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040007 Spectre M12. 12h20, 15h20, 18h20, 21h20; As Sufragistas M12. 13h20, 15h25, 17h30, 19h45, 21h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h15 (V.Port.); Steve Jobs M12. 15h10, 21h45; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; Deus Não Está Morto M12. 17h40; Perdida em Mim M12. 19h50 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Portugal - Um Dia de cada Vez M12. 15h30; Montanha M12. 13h50, 18h15, 20h, 21h45 CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420Mune, O Guardião da Lua M6. 13h30, 15h25(V.P.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h40, 17h20, 18h30, 21h20, 21h55, 00h10 (2D), 13h20, 16h10, 19h, 21h45, 00h30 (3D); Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h55, 15h50, 17h30, 20h05; 007 Spectre M12. 13h15, 15h55, 16h15, 17h50, 18h50, 19h10, 21h25, 21h50, 24h; Steve Jobs M12. 22h05, 13h20, 00h35; À Procura de Uma Estrela M12. 13h15, 15h15, 17h15; Sicario - Infiltrado M12. 19h20; Perdido em Marte M12. 21h30; O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 15h20, 19h15, 21h40, 00h20 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996007 Spectre M12. 16h50, 21h10; Steve Jobs M12. 15h50, 18h35, 21h20; Profissionais da Crise 16h20, 19h, 21h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h40, 18h35, 21h30; Perdido em Marte M12. 17h, 20h50; O Estagiário M12. 20h45; Black Mass - Jogo Sujo M16. 16h, 18h45, 21h35; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 15h30, 18h10, 21h15; À Procura de Uma Estrela M12. 16h40, 19h10, 21h45; Mune, O Guardião da Lua M6. 15h20, 17h30 (V.P.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 16h30, 21h; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h20, 18h55 (V.P.); O Último Caçador de Bruxas M12. 16h10, 19h05, 21h40; Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie M12. 21h55 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Mune, O Guardião da Lua M6. 12h45, 15h, 17h10 (V.Port.), 19h20 (V.Orig.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h30, 17h30 (2D), 21h, 00h20 (3D); O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 15h50, 18h20, 21h40, 00h30; 13 Minutos 21h50, 00h25; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h50, 16h, 20h50, 23h10; As Sufragistas M12. 13h20, 16h20, 19h, 21h30, 00h05; Steve Jobs M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h10, 23h50 Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Mune, O Guardião da Lua M6. 13h35, 15h45 (V.Port.); Steve Jobs M12. 13h05, 15h50, 21h25, 00h20; 007 Spectre M12. 13h, 16h30, 20h50, 00h05; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h35, 15h, 15h35, 18h05, 18h35, 21h35, 00h35 (2D), 21h05, 00h20 (3D); Profissionais da Crise 13h10, 15h40, 18h15, 21h10, 23h55; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h20 (V.Port.); Ela é Mesmo... o Máximo M12. 18h10, 00h15; As Sufragistas M12. 15h55, 18h25, 23h50; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12.
00h10; O Último Caçador de Bruxas M12. 12h55, 15h25, 18h, 21h15; 007 Spectre M12. Sala IMAX ? 13h30, 17h30, 21h20, 00h30; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 18h35 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996O Último Caçador de Bruxas M12. 13h20, 15h50, 18h20, 21h10, 23h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40 (V.P.); Steve Jobs M12. 21h50, 00h40; O Segredo dos Seus Olhos 13h, 15h40, 18h10, 21h40, 00h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h30 (V.P.); 007 Spectre M12. 14h, 17h40, 21h, 00h10; As Sufragistas M12. 16h, 18h40, 21h20, 24h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h30, 18h30 (2D), 21h30, 00h30 (3D) Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223007 Spectre M12. 19h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h40, 16h20, 21h45; Um Anjo à Minha Mesa 13h; Montanha M12. 15h15, 17h15, 19h15, 21h30; O Segredo dos Seus Olhos 12h30, 14h45, 17h, 22h; Da Natureza M12. 19h30; As Sufragistas M12. 16h40, 19h; Steve Jobs M12. 21h30; Tudo Vai Ficar Bem 12h15, 14h30 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Amnésia M12. 13h30, 15h30, 17h30, 21h45; More M16. 19h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221À Procura de Uma Estrela M12. 14h15, 19h20, 21h50; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 16h50, 00h15; A Hora do Lobo M12. 13h45, 19h; Tudo Vai Ficar Bem 16h25, 21h30, 00h05; Ela é Mesmo... Máximo M12. 13h50, 16h15, 21h20, 23h45; Sicario - Infiltrado M12. 00h25; O Estagiário M12. 13h40, 16h20, 21h50; Profissionais da Crise 14h05, 16h30, 18h55, 21h40, 00h05; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h, 21h30, 00h30 (3D), 18h15 (2D); Marguerite M12. 13h55; O Senhor Manglehorn M12. 16h45, 19h15, 21h25, 23h50; 13 Minutos 14h05, 16h35, 19h10, 21h55, 00h25; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h, 17h, 21h15, 00h15; A Canção de Uma Vida M12. 14h20, 16h45, 18h50, 21h25, 23h35; Steve Jobs M12. 13h45, 16h20, 19h, 21h40, 00h20; 007 Spectre M12. 14h30, 18h, 21h10, 00h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h45; O Segredo dos Seus Olhos 13h55, 16h40, 19h10, 21h45, 00h20; As Sufragistas M12. 14h10, 16h30, 19h05, 21h35, 00h10
Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996007 Spectre M12. 13h10, 15h10, 17h35, 18h30, 21h, 21h50, 00h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h45, 15h50, 20h50, 23h55 (3D), 13h30, 18h, 21h15, 00h25 (2D); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h35, 16h10, 18h50 (V.Port.); O Segredo dos Seus Olhos 12h45, 15h20, 18h10, 21h25, 00h05; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 21h40, 00h25; O Último Caçador de Bruxas M12. 13h05, 15h40, 21h55, 00h25; Perdido em Marte M12. 13h40, 20h45; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 18h55; Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie M12. 17h50, 23h50; As Sufragistas M12. 12h50, 15h35, 18h10, 20h50, 23h45; Profissionais da Crise 12h55, 15h35, 18h15, 21h30, 00h05; À Procura de Uma Estrela M12. 13h, 15h45, 20h55, 23h35; Steve Jobs M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h10, 00h05; Montanha M12. 13h25, 16h20, 18h50, 21h55, 00h20; Knock
A Canção de Uma VidaDe Kate Barker-Froyland. Com Anne Hathaway, Johnny Flynn, Mary Steenburgen. EUA. 2014. 86m. Drama, Musical. M12. Franny regressa aos EUA ao
saber que o seu irmão Henry,
músico de profi ssão, sofreu
um acidente que o deixou em
estado vegetativo. Já em casa,
determinada a conhecer o
irmão mais intimamente, decide
consultar o computador dele.
Assim, descobre-lhe as aspirações
mais íntimas, os gostos musicais e
artistas predilectos.
AmnesiaDe Barbet Schroeder. Com Marthe Keller, Max Riemelt, Corinna Kirchhoff, Bruno Ganz. SUI/FRA. 2015. 96m. Drama. M12. Início dos anos 1990. Jo é um
alemão de 25 anos que chega a
Ibiza (Espanha) decidido a fazer
carreira como DJ numa das mais
conhecidas discotecas da cidade.
Na casa ao lado da que arrendou
vive Martha, uma mulher
solitária que decidiu deixar a
Alemanha, há mais de 40 anos.
Os dois tornam-se amigos e, com
o tempo, vão-se desvendando
pequenos segredos que ela
guardou durante décadas...
Da NaturezaDe Ole Giæver, Marte Vold. Com Ole Giæver, Rebekka Nystabakk, Marte Magnusdotter, Sivert Giæver Solem. NOR. 2014. 77m. Comédia Dramática. M12. Martin tem um emprego, uma
mulher e um fi lho pequeno.
Apesar de tudo isso, sente-se
totalmente desligado dos colegas
de trabalho e da família. A sua
sensação de inadequação à vida
parece ganhar novas proporções
a cada dia que passa. Até que
decide passar um fi m-de-semana
inteiro a sós, na montanha, longe
de tudo e de todos. Nessa solidão,
Martin dá livre curso aos seus
sentimentos, pensamentos e
fantasias mais profundas.
Deus Não Está MortoDe Harold Cronk. Com Shane Harper, Kevin Sorbo, David A.R. White. EUA. 2014. 113m. Drama. M12. Josh é um jovem estudante
universitário habituado a viver
segundo os preceitos cristãos.
Um dia, numa aula de Filosofi a,
vê-se numa discussão acesa
com o professor Radisson, um
ateísta convicto que, irritado
com a devoção de Josh, o desafi a
a comprovar a existência de
Deus. Inicia-se assim uma batalha
intelectual entre professor e
aluno...
MontanhaDe João Salaviza. Com Carloto Cotta, Maria João Pinho, Rodrigo Perdigão, David Mourato, Ema Tavares, Cheyenne Domingues. ALE/POR/FRA. 2015. 90m. Drama. M12. É Verão em Lisboa. David,
de 14 anos, foi criado com a
mãe e o avô. Quando o velho
senhor fi ca gravemente doente
e é hospitalizado, a mãe decide
passar lá as noites. David recusa-
se a entrar no hospital ou a
encarar a possibilidade da partida
do homem que o criou. O vazio
pela falta do avô e da mãe obriga
o rapaz a tornar-se o homem da
casa e a entrar precocemente na
idade adulta...
MoreDe Barbet Schroeder. Com Mimsy Farmer, Klaus Grünberg, Heinz Engelmann, Michel Chanderli. ESP/FRA. 1969. 112m. Drama. M16. Stefan é um alemão que, logo
após terminar a Licenciatura
em Matemática, decide viver
em Paris (França). Lá, conhece
Estelle, uma jovem e excêntrica
americana, por quem se
apaixona irremediavelmente.
Mesmo tendo sido aconselhado
a afastar-se da sua infl uência, ele
não resiste à paixão e segue-a até
Ibiza (Espanha) onde, ao mesmo
tempo que vive um tórrido
romance, inicia uma autêntica
descida aos infernos...
O Segredo dos Seus OlhosDe Billy Ray. Com Chiwetel Ejiofor, Nicole Kidman, Julia Roberts, Dean Norris, Michael Kelly, Joe Cole, Alfred Molina. GB/EUA/ESP. 2015. 111m. Drama, Policial. A vida de Claire, procuradora
do Ministério Público, e de Ray
e Jess, agentes do FBI, é abalada
quando descobrem que a fi lha de
Jess é a última vítima do assassino
em série que perseguiam havia
meses. Apesar dos esforços
de todos, o culpado nunca é
encontrado e o caso é arquivado.
Treze anos após o sucedido, Ray
encontra uma pista que pode
fi nalmente desvendar o crime.
Perdida em MimDe Jan Schomburg. Com Maria Schrader, Johannes Krisch, Ronald Zehrfeld. ALE. 2014. 95m. Drama. M12. Casados há vários anos, Lena
e Tore sempre foram felizes.
Um dia ela sente-se mal e é
levada para o hospital, onde
lhe é diagnosticada uma
meningite. Apesar de estar fora
de perigo, a memória de Lena
é profundamente afectada.
Após a alta hospitalar, tudo
leva a crer que a amnésia seja
episódica e que em breve voltará
à normalidade. Porém, tudo nela
é diferente...
Profissionais da CriseDe David Gordon Green. Com Sandra Bullock, Billy Bob Thornton, Anthony Mackie, Joaquim de Almeida. EUA. 2015. 107m. Drama, Comédia. Um grupo de consultores
políticos norte-americano é
contratado para trabalhar para
um candidato à presidência
de um país da América do Sul.
Percebendo o desafi o que têm
pela frente, decidem pedir ajuda
a Jane Bodine, uma consultora
conhecida tanto pela genialidade
como pelas suas estratégias
pouco ortodoxas. Apesar de
reticente em voltar ao activo, ela
aceita o desafi o. Porém, com o
passar do tempo, dá-se conta da
vida miserável dos habitantes.
Isso vai fazê-la pôr em causa se
ele é merecedor do cargo...
The Hunger Games: A Revolta - Parte 2De Francis Lawrence. Com Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth. EUA. 2015. 136m. Drama, Aventura. M12. Depois de uma luta desesperada
na 75.ª edição dos Jogos da Fome,
Katniss Everdeen é resgatada
da arena e enviada para o 13.º
Distrito, que agora lidera uma
rebelião organizada contra o
Capitólio. Vista como o símbolo
de um povo que anseia pela
liberdade, Katniss entrega-se de
corpo e alma ao que sabe ser a
última oportunidade de revolta
contra o poder instituído.
Em [email protected]@publico.pt
Deus Não Está Morto
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 37
A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
A Canção de uma Vida – mmmmm mmmmm
Amnésia mmmmm – –Da Natureza mmmmm – –Ela é Mesmo... o Máximo mmmmm mmmmm mmmmm
More mmmmm – –Montanha mmmmm mmmmm mmmmm
Portugal – Um dia de cada vez mmmmm mmmmm mmmmm
O Segredo dos Seus Olhos mmmmm – –Steve Jobs mmmmm mmmmm –Tudo Vai Ficar Bem – mmmmm mmmmm
Knock - Perigosas Tentações M16. 21h45, 00h10; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h20,15h40, 17h50 (V.Port.); Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 18h20
Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h10, 15h40, 17h55, 18h30, 21h20, 21h30, 00h10 (2D), 13h20, 16h10, 19h00, 21h45, 00h30 (3D); O Estagiário M12. 13h10, 22h05; À Procura de Uma Estrela M12. 17h55; 007 Spectre M12. 13h15, 15h30, 16h15, 17h45, 18h40, 19h10, 21h50, 21h25, 24h; Steve Jobs M12. 13h05, 15h25, 22h, 00h20; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h05; O Último Caçador de Bruxas M12. 15h20, 19h55, 00h25; Perdido em Marte M12. 21h35; Profissionais da Crise 13h40, 15h45, 17h25, 19h30, 21h45, 00h25; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 00h35; Lendas do Crime M12. 23h55; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50 (V.P.); As Sufragistas M12. 13h20, 15h25, 17h30, 19h35, 21h40, 00h15; Mínimos M6. 15h55 (V.P.) UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h05,16h35 (V.P.); O Último Caçador de Bruxas M12. 19h, 21h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h, 15h, 17h, 18h15, 21h15, 21h30; A Canção de Uma Vida M12. 13h55, 16h25, 18h50, 21h25; A Ovelha Choné - O Filme M6. 14h (V.P.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 16h10 (V.P.); Lendas do Crime M12. 18h45; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 14h05, 16h45, 19h10, 21h20; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 21h45; O Segredo dos Seus Olhos 13h50, 16h30, 19h15, 21h50; Profissionais da Crise 14h10, 16h40, 19h05, 21h40; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 21h55; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h35, 15h50, 17h50, 19h50 (V.Port.); 007 Spectre M12. 14h15, 17h30, 21h10; Steve Jobs M12. 13h40, 16h20, 18h55, 21h40
Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h (V.Port.); Steve Jobs M12. 15h30, 18h30, 21h30, 00h15; Profissionais da Crise 12h40, 15h10, 18h, 21h10, 23h40; 007 Spectre M12. 13h20, 17h30, 21h20, 00h25; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h30, 15h20, 18h20, 21h40; À Procura de Uma Estrela M12. 20h50, 23h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h10, 15h40, 17h50 (V.P.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h, 16h30 (2D), 21h, 00h10 (3D); O Último Caçador de Bruxas M12. 21h05, 23h30; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 12h50, 15h50, 18h40 O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla Shopping Center). T. 215887311007 Spectre M12. 16h15, 19h; As Sufragistas M12. 17h30, 19h35; Steve Jobs M12. 14h, 21h45; Deus Não Está Morto M12. 14h30, 19h15; Mune, O Guardião da Lua M6. 14h, 15h45; Montanha M12. 21h45; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 16h45, 21h30
Sintra Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12.
16h10, 19h, 21h45 (3D); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h40, 17h20, 18h30, 21h20 (2D); 007 Spectre M12. 15h20, 16h, 18h25, 19h10, 21h30, 21h50; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 15h25, 17h45, 20h05; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h50, 15h45, 17h35 (V.P.); O Segredo dos Seus Olhos 13h, 15h10, 19h40, 21h55; As Sufragistas M12. 15h25, 17h30, 19h35, 21h40; O Estagiário M12. 21h50; A Hora do Lobo M12. 22h05; Steve Jobs M12. 19h30 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789007 Spectre M12. 15h30, 18h25, 21h25; Deus Não Está Morto M12. 18h50; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 15h10, 17h10, 19h10, 21h20; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 21h40; O Último Caçador de Bruxas M12. 16h, 21h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 16h, 21h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 21h30; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 15h (V.P.); Ela é Mesmo... o Máximo M12. 17h, 19h15, 21h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 18h40; Mune, O Guardião da Lua M6. 15h15, 17h15 (V.P.); Steve Jobs M12. 19h, 21h45; Profissionais da Crise 15h40, 18h20, 21h40
Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003 - Centro Comercial Loures Shopping. Profissionais da Crise 14h, 17h, 19h20, 21h40; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 16h40; O Último Caçador de Bruxas M12. 14h20, 19h, 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h40 (V.Port.); O Segredo dos Seus Olhos 18h, 20h, 22h; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 19h40, 21h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 15h30, 17h40 (V.Port.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 21h30 (2D), 18h40 (3D)
Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Tudo Vai Ficar Bem 13h10, 15h50, 21h50, 00h05; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h30, 15h30, 18h30 (2D), 21h30, 00h30 (3D); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 00h15; 007 Spectre M12. 13h, 17h30, 21h10, 00h25; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 18h10; As Sufragistas M12. 13h05, 15h40, 18h40, 21h45; O Segredo
dos Seus Olhos 12h40, 15h15, 18h, 21h40, 00h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 12h45 (V.P.); Steve Jobs M12. 15h20, 18h15, 21h20, 00h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h30, 17h45, 20h50, 24h
Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h15, 19h (V.P.); O Último Caçador de Bruxas M12. 15h40, 18h15, 21h; Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie M12. 21h50; 007 Spectre M12. 14h45, 18h, 21h15; Steve Jobs M12. 16h, 18h45, 21h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h30, 18h30 (2D), 21h30 (3D)
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Mune, O Guardião da Lua M6. 15h, 17h10 (V.P.); Steve Jobs M12. 19h, 21h50; 007 Spectre M12. 15h30, 18h25, 21h20; O Último Caçador de Bruxas M12. 15h50, 18h40, 21h; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; O Segredo dos Seus Olhos 15h40, 18h20, 21h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h, 15h50, 21h30, 21h40 (2D), 16h, 18h40 (3D)
Setúbal Cinema City Alegro SetúbalC. Com. Alegro Setúbal. T. 265239853Perdido em Marte M12. 21h25; Deus Não Está Morto M12. 19h45; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h20, 16h10, 19h, 21h45, 00h30 (3D), 15h40, 17h50, 18h30, 21h20, 21h35, 00h10 (2D); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h15, 00h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h30 (V.P.); Mune, O Guardião da Lua M6. 13h50, 15h50,17h35, 19h30; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h35 (V.P.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h30 (V.P.); O Estagiário M12. 22h05; À Procura de Uma Estrela M12. 00h15; O Último Caçador de Bruxas M12. 13h30, 15h35, 22h, 00h15; 007 Spectre M12. 13h10, 15h25, 16h10, 17h50, 18h20, 19h10, 21h10, 21h30, 00h25; O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50, 00h10; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 17h40, 00h35; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 13h25, 15h30, 00h20
Faro
Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h10 (V.Port.); O Último Caçador de Bruxas M12. 16h, 18h40, 21h10, 23h40; 007 Spectre M12. 12h20, 15h20, 18h30, 21h30, 00h35; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h20, 15h50;Steve Jobs M12. 18h, 21h, 23h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h30, 18h20 (2D), 21h20, 00h10 (3D); O Segredo dos Seus Olhos 13h, 15h40, 18h10, 21h40, 00h20
TEATROLisboaHospital Júlio de MatosAv. Brasil, 53. T. 217917000 E Morreram Felizes para Sempre De Nuno Moreira. Enc. Ana Padrão. Mús. Jorge Queijo. Coreog. Catarina Trota. De 11/9 a 19/12. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 22h. De 29/11 a 13/12. Dom às 19h. M/18. Duração: 90m. Teatro Armando CortezEstrada da Pontinha, 7. T. 217110890 Cinderela De Charles Perrault. Comp.: TIL - Teatro Infantil de Lisboa. Enc. Fernando Gomes. Coreog. Vítor Linhares. A partir de 17/10. Sáb e Dom às 15h. 3ª a 6ª às 11h e 14h30 (para escolas). M/3. Teatro da CornucópiaRua Tenente Raúl Cascais, 1A. T. 213961515 Da Imortalidade De Gilgameš (a partir). Comp.: Propositário Azul. Enc. Nuno Nunes. De 25/11 a 13/12. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. 4ª às 19h. M/12. Duração: 180m. Teatro da LuzLargo da Luz. T. 217120600 Conto de Natal De Charles Dickens. Comp.: Companhia da Esquina. Até 27/12. Sáb às 16h. Dom às 11h. 2ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas). Reservas: 968060047. M/6. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 O Tempo De Lluïsa Cunillé. Comp.: Artistas Unidos. Enc. Jorge Silva Melo. De 6/11 a 12/12. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h (Dia 6, estreia às 19h). M/12. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 Allo, Allo! De Jeremy Lloyd, David Croft. Enc. Paulo Sousa Costa, João Didelet. De 11/11 a 27/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 18h. Teatro MeridionalR. Açúcar, 64 (Poço do Bispo). T. 218689245 A Colectividade Enc. Natália Luíza. De 22/10 a 6/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 A República das Bananas De Filipe La Féria. Maestro Mário Rui, Telmo Lopes. Enc. Filipe La Féria. A partir de 30/9. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. Teatro TabordaRua da Costa do Castelo, 75. T. 218854190 Para Uma Encenação de Hamlet Enc. Carlos J. Pessoa. De 19/11 a 29/11. 4ª a Dom às 21h30. M/12. Duração: 70m.
AlmadaCine-Teatro da Academia de Instrução e Recreio Familiar AlmadenseR. Capitão Leitão, 64. T. 212729750 Deus já foi Mulher Grupo: Alpha Teatro. Enc. Sofia de Portugal. Até 26/11. 4ª às 21h30. 5ª às 15h (19.ª Mostra de Teatro de Almada). M/12. Duração: 60m.
Teatro-Estúdio António AssunçãoRua Conde Ferreira. T. 212723660 Contos Negros para os Filhos dos Brancos De Blaise Cendrars. Grupo: Teatro ABC.Pi. Enc. Laurinda Chiungue. Mús. Teresa Gentil. De 24/11 a 25/11. 3ª e 4ª às 14h (19.ª Mostra de Teatro de Almada). M/6.
CascaisAuditório Fernando Lopes-Graça Av. Marginal (Parque Palmela). T. 214825447 O Protagonista De Luís Lobão. Comp.: Palco 13. Enc. Marco Medeiros. De 16/10 a 28/11. 4ª a Sáb às 21h30. M/16. Reservas: 934495034 ou [email protected]. Teatro Municipal Mirita CasimiroAvenida Fausto Figueiredo. T. 214670320 Macbeth De William Shakespeare. Comp.: TEC - Teatro Experimental de Cascais. Enc. Carlos Avilez. Até 27/12. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. M/12. Informações e reservas: 214670320 ou [email protected].
EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 O Meu Vizinho é Judeu Enc. Beatriz Batarda. Hoje às 21h30 (Estreia, no Auditório). A partir de 26/11. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h (no Auditório). M/12.
EXPOSIÇÕESLisboa3 + 1 Arte ContemporâneaRua António Maria Cardoso, 31. T. 210170765 Banhados pela luz brilhante do pôr do sol De Carlos Noronha Feio. Até 9/1. 3ª a 6ª das 14h às 20h. Sáb das 11h às 16h. Pintura. Biblioteca Municipal CamõesLargo do Calhariz, 17 - 2º Esq.. T. 213422157 Horizon De Joana Roberto. Até 30/11. 3ª a 6ª das 10h30 às 18h (aberto Sáb 28 e 2ª 30). Carpe Diem Arte e PesquisaR. de O Século, 79. T. 211924175 20.º Ciclo de Exposições Até 18/12. 4ª a Sáb das 13h às 19h. Pintura, Instalação. Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Carrilho da Graça: Lisboa De 22/9 a 14/2. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Arquitectura. Cristina Guerra - Contemporary ArtR. Santo António à Estrela, 33. T. 213959559 Captura Transitória De Diogo Pimentão. De 20/11 a 9/1. 3ª a 6ª das 12h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Escultura, Desenho. CulturgestEdifício Sede da CGD. T. 217905155 nenhuma entrada entrem De Projecto Teatral. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Escultura, Performance, Outros. Oximoroboro De Von Calhau!. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Instalação. Edifício TransBoavistaRua da Boavista, 84. T. 213433259 Artfutura - Inteligência Colectiva De vários autores. Até 28/11. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Outros. Geração 2015. Proyectos de arte Fundación Montemadrid De vários autores. Até 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Vídeo, Fotografia, Escultura, Pintura, Desenho. I stood up and... never sat down again De vários autores. Até 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Outros. Pierre Larauza, Cazenga vs Luanda Até 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Fotografia.
A Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, abre as portas à Festa dos Livros, onde é possível adquirir exemplares com a chancela da casa, a preços reduzidos. À semelhança de anos anteriores, é destacado um livro por dia, cujo título poderá ser consultado em www.gulbenkian.pt. A iniciativa prolonga-se até 23 de Dezembro, todos os dias entre as 10h e as 20h, e inclui a venda de objectos associados à colecção do museu e das exposições temporárias e apresentações de livros (segundas e quintas, às 18h30, na cafetaria). A entrada é livre.
Festa dos LivrosADRIANO MIRANDA
38 | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Últimos dias para ver O Protagonista, uma produção da Palco 13
DR
SAIRErmida de Nossa Senhora da ConceiçãoTravessa do Marta Pinto, 12. T. 213637700 Naked Girls De Luís Paulo Costa. De 7/11 a 20/12. 3ª a 6ª das 11h às 13h e das 14h às 17h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Pintura. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 No Atelier De Teresa Magalhães. Até 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho. Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Galeria BangbangRua Dr. Almeida Amaral, 30B. T. 213148018 Selected Stories De Catarina Lira Pereira. Até 9/1. 3ª a Sáb das 12h30 às 20h. Pintura. Galeria DiferençaRua São Filipe Neri, 42 - Cave. T. 213832193 Perfect Link De Fátima Ferreira. De 7/11 a 23/12. 3ª a 6ª das 14h às 19h. Sáb das 15h às 20h. Escultura, Objectos. Trabalhos Recentes De Nuno Lorena. De 7/11 a 23/12. 3ª a 6ª das 14h às 19h. Sáb das 15h às 20h. Desenho, Pintura. Galeria MillenniumRua Augusta, nº84. Within Light. Inside Glass De vários autores. De 16/9 a 9/1. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Instalação. Galeria Pedro CeraRua do Patrocínio, 67E. T. 218162032 Truncado De Carlos Correia. De 18/9 a 7/11. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h30 às 19h. Pintura. Galeria Quadrado AzulR. Reinaldo Ferreira, 20-A. T. 213476280 Make do De Paulo Nozolino. De 2/10 a 24/12. 2ª a Sáb das 15h às 19h30. Fotografia. Hangar - Centro de Investigação ArtísticaRua Damasceno Monteiro, 12. T. 218870490 Ghosts De vários autores. De 22/10 a 27/11. 4ª a Sáb das 15h às 19h. Fotografia. Largo do IntendenteLargo do Intendente. Kit Garden De Joana Vasconcelos. A partir de 5/10. Todos os dias. Escultura, Instalação. Lisboa Story CentreTerreiro do Paço. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h. Documental.
Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Objectos, Outros. Museu Rafael Bordalo PinheiroCampo Grande, 382. T. 218170667 Bordalo à Mesa De Bordalo Pinheiro. De 18/5 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Ilustração. Luís Filipe e a Farsa da Vida De 19/9 a 30/12. 3ª a Dom das 10h às 18h Na Galeria. Documental, Desenho. Padrão dos DescobrimentosAv. Brasília . T. 213031950 Alguma Mezinha lá dessa Terra do Cabo do Mundo De 20/6 a 30/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Documental, Ciência. Perve Galeria de AlfamaR. das Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 Artur Bual De 2/11 a 19/12. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Pintura. Picadeiro Real/Museu dos CochesPç. Afonso de Albuquerque. T. 213610850 As Far As The Eye Can’t See De vários autores. De 13/11 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 17h30. Design. EXD’15 Praça do Comércio (Terreiro do Paço)A Luz de Lisboa De Nuno Cera, Maria do Rosário Pedreira, Jorge Martins. De 16/7 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 20h Até 25/10, das 10h às 18h A partir de 27/10. Fotografia, Pintura, Outros. São Roque TooRua de São Bento, 269. T. 213970197 Costa Pinheiro, O Pintor Ele-Mesmo De 24/9 a 31/12. 2ª a Sáb das 10h30 às 19h30. Pintura. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Música no D. Maria II - A Colecção de Partituras De 11/9 a 30/12. 3ª a Sáb das 15h às 18h 4ª e Dom. 30 min antes do início dos espectáculos da Sala Garrett. Documental.
Vera Cortês - Agência de ArteAvenida 24 de Julho, 54 - 1ºE. T. 213950177 Wilderness De Nuno da Luz. De 20/11 a 16/1. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação, Outros.
MÚSICALisboaArmazém FRua Cintura Porto Lisboa. T. 213220160 Tremonti Hoje às 21h (M/16). B.LezaR. Cintura do Porto de Lisboa. Márcia Mah Hoje às 22h30. MusicBoxRua Nova do Carvalho, 24. T. 213430107 Mr. Fresh + Deadfred Hoje às 00h. Teatro do BairroR. Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T. 213473358 Nega Jaci Hoje às 21h30.
EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 Ciclo de Fado De 4/11 a 25/11. 4ª às 22h (no Lounge D). Com Maria João Quadros e Salvador Taborda.
DANÇA AmadoraCentro Comercial Alegro AlfragideAv. dos Cavaleiros. T. 217125403 A Branca de Neve no Gelo Enc. João A. Guimarães. De 20/11 a 10/1. Todos os dias (vários horários). Reservas: 707100079 ou [email protected].
Montemor-o-NovoCine-Teatro Curvo SemedoLg. Dr. Ant. José de Almeida. T. 266898104 Le Bouc Com Susana Nunes. Coreog. Susana Nunes. De 25/11 a 29/11. 4ª, 5ª, 6ª e Dom às 21h30.
SAIRLumiar CitéR. Tomás del Negro, 8-A. T. 213521155 Y - and half a year later there was a lot of concrete De Lisa Schmidt-Colinet, Alexander Schmoeger, Florian Zeyfang. De 19/11 a 17/1. 4ª a Dom das 15h às 19h. Escultura, Instalação. Miguel Justino Contemporary ArtR. Rodrigues Sampaio, 31 - 1.º. T. 964081283 A Cuca Ajuda a Upa, A Nocal Ajuda Portugal! De Nuno Nunes Ferreira. Até 19/12. Sáb das 15h às 19h. 3ª a 6ª das 13h às 19h30. Outros. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Civilizações de Tipo I, II e III De Rui Toscano. De 31/10 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Vídeo, Outros. Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) De vários autores. Até 12/6. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Prémio Sonae Media Art 2015 De Diogo Evangelista, Musa paradisiaca, Patrícia Portela, Rui Penha, Tatiana Macedo. Até 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Progresso De Ana Cardoso. Até 29/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Rui Toscano Até 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Vídeo. Temps D’Images Loops. Lisboa De vários autores. Até 24/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Vídeo. Mude - Museu do Design e da ModaRua Augusta, 24. T. 218886117 Design em Portugal (1960-74): Expor, Debater, Protagonizar Até 7/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design, Documental. Ensaio para um Arquivo: O Tempo e a Palavra Design em Portugal (1960-1974) De 22/10 a 7/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design. Único e Múltiplo. 2 Séculos de Design A partir de 27/5. 3ª a Dom das 10h às 18h (horário de Inverno), das 10h às 20h (horário de Verão). Design. Exposição permanente. Vocação Infinita De 12/11 a 27/3. 3ª a Dom das 10h às 18h. Documental, Outros. Museu Colecção BerardoPraça do Império - CCB T. 213612878 Colecção Berardo De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter,
Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. 3ª a Dom das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. Quatro variações à volta de nada ou falar do que não tem nome De Nicolás Paris. De 18/11 a 6/3. Todos os dias das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Instalação, Outros. Stan Douglas. Interregnum De Stan Douglas. De 21/10 a 14/2. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Filme, Outros. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 3/4. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Obra Gráfica, Design, Outros. Museu da Cidade de LisboaCampo Grande, 245. T. 217513200 Lisboa 1755. A Cidade à Beira do Terramoto - Reconstituição virtual da Lisboa pré-pombalina A partir de 25/11. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (encerra 24, 25, 31 de Dezembro e 1 de Janeiro). Documental, Outros. Permanente. Tambor De Armanda Duarte. De 21/11 a 21/2. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Outros. Museu da ElectricidadeEdifício Central Tejo. T. 210028190 Afinidades Electivas. Julião Sarmento Coleccionador De Andy Warhol, Cristina Iglesias, Nan Goldin, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, entre outros. De 16/10 a 3/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Escultura, Fotografia, Vídeo, Instalação. One’s Own Arena De José Pedro Cortes. De 16/10 a 13/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia. Suite Rivolta: O Feminismo Radical de Carla Lonzi e A Arte da Revolta De 16/10 a 6/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Museu de CiênciaRua da Escola Politécnica, 56. T. 213921808 Jogos Matemáticos Através dos Tempos A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Exposição Interactiva.
FARMÁCIASLisboa/Serviço PermanenteBruxellas (À Estrada da Luz - Metro Laranjeiras) - Rua Manuel da Silva, Leal, 11 - B - Tel. 217210561 Ferrão - Rua Mouraria, 12 - Tel. 218860464 Martins (Estrela) - Calçada da Estrela, 165-167 - Tel. 213960823 Romano Baptista (Junto à Av. de Berlim) - Rua Passos Manuel, 6-10 - Tel. 213570593 Exposul (Santa Maria dos Olivais) - Alameda dos Oceanos, Lote 2.06.05, Loja H - Tel. 218967033 Alta de Lisboa (Lumiar) - Rua António Lopes Ribeiro, 6A - Tel. 217542650
Outras Localidades/Serviço PermanenteAbrantes - Sousa Trincão (S.Miguel do Rio Torto) Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Campeão Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - da Barrada Aljustrel - Pereira Almada - Vale de Figueira , Nuno Álvares Almeirim - Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça - Leitão Alter do Chão - Alter , Portugal
(Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Helenica , Nova Ansião - Teixeira Botelho , Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista , Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Silva Inácio Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Silveira Suc. Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens , Mendes (Porto Alto) Bombarral - Miguel Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Misericórdia , Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Rainha Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Das Fontainhas , da Madorna (Madorna), do Junqueiro (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco
- Leal Mendes Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Santa Catarina (Carregueira) Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Frazão Covilhã - São Cosme Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Calado Entroncamento - Carlos Pereira Lucas Estremoz - Carapeta Irmão Évora - Teixeira Faro - Caniné Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Sena Padez (Fatela) Gavião - Gavião , Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - Ribeiro Lopes Leiria - Central Loulé - Pinto , Paula (Salir) Loures - Pinheirense , Nova da Portela (Portela) Lourinhã - Marteleirense , Ribamar (Ribamar) Mação - Catarino Mafra - Coral , Nogueira (Venda do Pinheiro) Marinha Grande - Roldão
Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Tágide (Alhos Vedros) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Central Montijo - Nova Montijo Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Nova de Moura Mourão - Central Nazaré - Ascenso , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Cipriano , Nova de Odivelas Oeiras - Central Park (Linda-a-Velha) , Ferreira Bastos (Porto Salvo), Costa Pinto (Queijas) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Rocha Ourém - Beato Nuno , Verdasca Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Brás (Brejos de Assa) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Higiénica Pombal - Barros Ponte de Sor - Cruz Bucho Portel - Fialho Portimão - Pedra Mourinha Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de Monsaraz - Martins Rio
Maior - Candido Barbosa Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Helena (Vale de Figueira) Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Universo Serpa - Oliveira Carrasco Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia Setúbal - Monte Belo , Nova Silves - Cruz de Portugal , Dias Neves Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Silva Duarte (Cacém) , Idanha (Idanha), De Fitares (Rinchoa) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Dos Olivais Torres Novas - Nicolau Torres Vedras - Calquinha (Carvoeiro-Runa) Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Mercado (Alverca) , Quinta da Piedade (Quinta da Piedade), Roldão Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 39
FICAR
SÉRIEChicago Med TVSéries, 23h15Estreia. Depois dos bombeiros
de Chicago Fire e dos polícias de
Chicago P. D., chega agora a vez de
ver os médicos em acção numa
das mais populosas cidades dos
Estados Unidos. Chicago volta a dar
nome a uma série que toma agora
um grande hospital como centro
de acção, onde se segue o caótico
dia-a-dia de uma corajosa equipa de
médicos e enfermeiros. Muitos dos
casos vão ter origem nas duas séries
referidas, havendo cruzamento de
histórias e personagens. Às quartas.
CINEMA
Centurião [Centurion]TVC1, 19h50Ano 117 a.C. O Império Romano
governa todo o Ocidente. Nos
confi ns gelados do Norte, os
soldados romanos enfrentam
bárbaros sanguinários perfeitamente
adaptados ao ambiente hostil onde
vivem. A fi m de eliminar a ameaça,
o governador local apela à lendária
IX Legião do general Titus Flavius
Virilus, uma guarnição conhecida
pela sua bravura e coragem. Porém,
apanhada numa emboscada, a
legião é massacrada e o seu general
feito prisioneiro. Apenas Quintus
Dias e mais seis companheiros
escapam à carnifi cina. Agora,
enfrentando o desconhecido, eles
farão de tudo para salvar o seu
general e regressar a Roma.
Gladiador [Gladiator]FOX Movies, 21h15O imperador Marco Aurélio
(Richard Harris) é assassinado
antes de poder nomear o fi el
braço-direito, Narcissus Maximus
(Russell Crowe), regente do
decadente império. Commodus
( Joaquin Phoenix), fi lho e legítimo
herdeiro de Marco Aurélio, decide
então destruir Maximus e a sua
família. Ele escapa com vida mas
acaba nas mãos de um negociador
de escravos e tem de mostrar
o que vale nas arenas, como
gladiador. De Ridley Scott.
O Livro de Eli [The Book of Eli]Hollywood, 23h00Eli (Denzel Washington) é um
viajante com um único propósito
em mente: proteger um livro
sagrado e levá-lo ao seu longínquo
destino, pois nele reside a
esperança de um futuro para a
humanidade. Na sua travessia
por um país transformado em
deserto, após uma catástrofe
a nível planetário, o caminho
de Eli vai cruzar-se com todo o
género de pessoas que, tal como
ele, lutam pela sua vida e a quem
apenas resta a sobrevivência a
cada dia. Mas ele é um guerreiro
com poderes extraordinários,
capaz de lutar até com os mais
temerários e perigosos fora-da-
-lei, e nada o fará vacilar no seu
objectivo...
Mar adentro [Mar adentro]RTP2, 23h07Ramón ( Javier Bardem) é um
tetraplégico que está preso a uma
cama há 30 anos. A sua única
janela para o mundo é a do seu
quarto, perto do mar em que
tanto viajou mas também onde
teve o acidente que lhe roubou a
juventude e a vida. Desde então
Ramón luta pelo direito a pôr
termo à vida dignamente, pelo
direito à eutanásia. A chegada de
duas mulheres vai alterar a sua
existência: Julia é uma advogada
que está disposta a apoiar a sua
luta a favor da eutanásia, Rosa
é uma vizinha que não desiste
enquanto não o convencer que
viver vale a pena. De Alejandro
Amenábar.
Os Agentes do Destino [The Adjustment Bureau]FOX Movies, 23h41Na noite em que perde a eleição
para senador, um jovem e
promissor deputado norte-
-americano, David Norris (Matt
Damon), conhece a bailarina
Elise Sellas (Emily Blunt). Os
dois vivem uma noite perfeita
e David apaixona-se por ela.
Porém, no dia seguinte, esbarra
com um grupo de homens
misteriosos com conhecimentos
e poderes sobre-humanos, que
o informam que a sua relação
com Elise não faz parte do seu
destino e que, por isso, ele terá
de a esquecer ou ambos sofrerão
as consequências… Estreia na
realização de George Nolfi .
DESPORTO
Futebol: Liga dos CampeõesSPTV1, 15h00 | Astana x Benfi ca
SPTV2, 19h45 | At. Madrid x
Galatasaray
Invencível, TVC1, [email protected]
RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.10 Memórias da Revolução 14.26 Os Nossos Dias 15.15 Agora Nós - Directo 16.50 Futebol: Liga dos Campeões - Resumos 18.00 Portugal em Directo 19.07 O Preço Certo 19.52 Direito de Antena 20.00 Telejornal 20.55 19 Meses Depois 21.40 Memórias da Revolução 21.52 Bem-vindos a Beirais 22.41 Futebol: Liga dos Campeões - Resumos 23.43 A Arte Eléctrica em Portugal - A Música Moderna 00.53 5 Para a Meia-Noite 2.01 The Flash 2.44 Grande Entrevista - Nuno Morais Sarmento 3.38 Os Nossos Dias
RTP 27.00 Zig Zag 10.54 O Meu Outro País 11.51 Desalinhado 14.00 Sociedade Civil 15.04 A Fé dos Homens 15.37 Euronews 16.00 Zig Zag 20.07 Pais Desesperados 21.00 Jornal 2 - Directo 21.49 Página 2 22.08 Os Homens da Fé 23.07 Filme: Mar Adentro 1.10 Cinemax Curtas 2.02 Sociedade Civil 3.06 Euronews
SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.40 Dancin Days 16.00 Grande Tarde 18.35 Babilónia 20.00 Jornal da Noite 21.40 Coração d´Ouro 22.55 Poderosas 23.45 Totoloto 00.00 A Regra do Jogo 00.55 Blacklist 1.40 Os Agentes S.H.I.E.L.D 2.50 Podia Acabar o Mundo
TVI6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Mundo Meu 16.00 A Tarde é Sua 19.12 A Quinta - Diário 20.00 Jornal das 8 21.40 A Única Mulher 22.57 Santa Bárbara 00.00 A Quinta - Extra 1.00 Os Irmãos Donnelly 1.58 Ora Acerta 3.00 Fascínios 3.39 Águas Profundas 4.24 Sonhos Traídos
TVC19.35 Bairro 13 11.05 Les Apaches 12.35 Step Up 5 - Todos Dançam 14.25 Black Nativity - Um Espetáculo de Natal 16.15 Sniper: O Legado 17.55 Matem o Mensageiro 19.50 Centurião 21.30 Invencível 23.50 Bairro 13 1.20 Yves Saint Laurent 3.10 Matem o Mensageiro 5.05 Centurião
FOX MOVIES10.10 Academia de Polícia 3 - De Volta aos Treinos 11.32 Academia de Polícia 4 - A Patrulha do Cidadão 12.58 Top Gun - Ases Indomáveis 14.45 12 Desafios 16.30 Ágora 18.29 Academia de Polícia 5 - Missão em Miami 19.55 Academia de Polícia 6 - Cidade Sitiada 21.15 Gladiador 23.41 Os Agentes do Destino 1.20 Academia de Polícia 2.54 Academia de Polícia 2: A Primeira Missão 4.19 Blood: O Último Vampiro
HOLLYWOOD10.10 Contacto 12.35 Regresso ao Futuro III 14.35 48 Horas 16.10 Voo da Fénix 18.10 Van Damme Implacável 19.45 Porcos & Selvagens 21.30 O Irmão Secreto 23.00 O Livro de Eli 1.00 Espécie Mortal 2.55 RoboCop 3 - Fora da Lei 4.40 Ligações Perigosas
AXN14.14 O Mentalista 15.41 C.S.I. 17.14 Investigação Criminal 18.58 O Mentalista 20.34 C.S.I. 21.22 Mentes Criminosas 23.09 Chicago Fire 00.10 Mentes Criminosas 1.01 Investigação Criminal 1.52 O Mentalista 4.47 Mentes Criminosas 5.30 Chicago Fire
AXN BLACK15.35 Rapto Brutal 17.00 Experiência do Caos 18.26 Route Irish - A Outra Verdade 20.09 22 Balas 22.00 Obsessão Mortal 23.41 Fomos Soldados... 1.54 Route Irish - A Outra Verdade 3.31 22 Balas
AXN WHITE13.09 Filme: Ace Ventura em África 14.34 Trocadas à Nascença 15.19 Franklin e Bash 16.04 Filme: Ace Ventura em África 17.30 Descobrindo Nina 19.04 Pequenas Mentirosas 21.30 Filme: Ace Ventura em África 22.58 Filme: O Novo Namorado da Minha Mãe 00.35 Pequenas Mentirosas 1.22 Criadas e Malvadas 2.09 Pequenas Mentirosas 3.43 Gossip Girl 4.30 Trocadas à Nascença
FOX13.46 Hawai Força Especial 15.18 Investigação Criminal: Los Angeles 16.55 Sob Suspeita 18.37 Investigação Criminal: Los Angeles 20.30 Hawai Força Especial 22.15 Scorpion 00.08 Investigação Criminal: Los Angeles 00.58 Hawai Força Especial 1.49 Sob Suspeita 3.23 Spartacus: A Vingança
FOX LIFE13.10 A Patologista 14.00 Filme: Sworn to Silence 15.30 A Patologista 17.10 Filme: An Officer and a Murderer 18.45 Rizzoli & Isles 19.34 A Patologista 21.26 Rizzoli & Isles 22.20 Anatomia de Grey 23.10 Scandal 00.15 Filme: Presumed Dead in Paradise 1.55 My Kitchen Rules 2.32 Clínica Privada 4.16 Ossos 5.17 The Good Wife
DISNEY15.00 Aladdin 15.50 Galáxia Wander 16.15 Gravity Falls 16.40 Phineas e Ferb 17.05 Os 7A 17.30 The Next Step 17.52 Videoclip - Descendentes: Evil Like Me 18.00 Violetta 18.55 Jessie 19.20 Liv e Maddie 19.43 Austin & Ally 20.05 The Next Step 20.30 K.C. Agente Secreta 20.55 Violetta 21.50 Jessie 22.13 O Meu Cão Tem um Blog 22.35 Randy Cunningham: Ninja Total 22.57 Rekkit Rabbit 23.20 Casper - O Fantasminha 23.45 Randy Cunningham: Ninja Total 00.10 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 00.33 Casper - O Fantasminha
DISCOVERY17.30 Pesca Radical 18.20 A Febre do Ouro 20.05 Já Estavas Avisado! 21.55 Acção, Reacção 22.55 O Que Poderá Ter Falhado? 23.50 Escapa Como Puderes 00.40 Já Estavas Avisado! 1.30 Acção, Reacção 2.20 JFK, as Últimas Gravações 3.05 Os Segredos do Caso Kennedy 3.50 Os Caçadores de Mitos 4.35 Negócio Fechado 5.00 Container Wars
HISTÓRIA17.41 Alienígenas 18.24 O Preço da História 19.07 Alvo: Terra 20.33 O Universo 21.18 O Preço da História 22.00 Caça Tesouros 23.28 Regatear à Antiga 1.34 O Preço da História 2.15 Restaure Se Puder 3.00 Loucos por Carros 3.42 O Preço da História 5.10 Alienígenas 5.53 O Preço da História
ODISSEIA17.04 Planeta Humano 17.53 A Evolução do Urso Polar 18.45 O Anel de Fogo do Pacífico 19.29 Gigantes da Engenharia 20.29 Aviões Extraordinários 21.24 1.000 Formas de Morrer 22.06 Armas Empenhadas 22.50 As Armas Mais Invulgares do Mundo 23.38 O Assalto a Juno 1.04 1.000 Formas de Morrer 1.46 Armas Empenhadas 2.30 As Armas Mais Invulgares do Mundo 3.19 O Assalto a Juno 4.45 Gigantes da Engenharia
Os mais vistos da TVSegunda-feira, 23
FONTE: CAEM
TVISICTVISIC
RTP1
15,813,912,412,310,7
Aud.% Share
31,627,924,624,226,2
RTP1
RTP2
SICTVI
Cabo
A Única Mulher IICoração d’OuroJornal das 8Jornal da NoiteO Preço Certo
15,6%%
1,9
18,7
23,7
40 | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
JOGOSCRUZADAS 9355
BRIDGE SUDOKU
TEMPO PARA HOJE
A M A N H Ã
Açores
Madeira
Lua
NascentePoente
Marés
Preia-mar
Leixões Cascais Faro
Baixa-mar
Fonte: www.AccuWeather.com
PontaDelgada
Funchal
Sol
18º
Viana do Castelo
Braga5º 16º
Porto9º 16º
Vila Real5º 14º
7º 15º
Bragança5º 15º
Guarda3º 10º
Penhas Douradas3º 9º
Viseu5º 13º
Aveiro10º 16º
Coimbra5º 15º
Leiria6º 17º
Santarém10º 18º
Portalegre9º 15º
Lisboa13º 17º
Setúbal10º 19º Évora
7º 18º
Beja7º 18º
Castelo Branco7º 17º
Sines10º 18º
Sagres10º 18º
Faro9º 19º
Corvo
Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
16º 19º
14º 19º
Flores
Terceira16º 19º
16º 20º
17º 21º
14º 19º
18º
19º
07h29
Cheia
17h18
22h4425 Nov.
0,5-1m
1-2m
18º
2m
21º1m
21º2-2,5m
14h13 3,602h35* 3,7
07h59 0,420h20 0,4
13h48 3,602h10* 3,7
07h34 0,619h54 0,6
13h54 3,502h17* 3,6
07h30 0,419h51 0,4
2,5-3,5m
2,5-3,5m
2m
17º
17º
*de amanhã
Horizontais: 1. Espécie de pato. Tirar o alheio com violência. 2. Contentamento. Ponto cardeal. 3. Antiga flauta pasto-ril. Fardo. 4. Chutar à baliza adversária. Memória de computador. 5. Época. Grainha seca. 6. Sociedade Anónima. O qual. Césio (s.q.). 7. Tenho a natureza de. Prefixo que exprime a ideia de priva-ção. Vai à rua. 8. Funesto. 9. Consentir. Tem medo de. 10. Batráquio. Membro da maçonaria (pedreiro-livre). Medida itinerária chinesa (576 m). 11. Somatório. Ministrar uma substância com o efeito de acalmar.
Verticais: 1. Laços de crina de cavalo para armar às perdizes. Pequeno veícu-lo automóvel de competição, com um só lugar. 2. Verdadeiramente. Partícula de negação. 3. Inchação. Organização das Nações Unidas (acrónimo). 4. Jazigo de minérios. Incineração. 5. Nó que se usa nas adriças para levar ao to-po dos mastros uma bandeira enrola-da e que, com um puxão, se desfaz, e a bandeira desfralda. Almofariz. 6. Prefixo (repetição). Limpar com areia, cinza, etc. 7. Acreditei. Vindouros. 8. Serve-se de. Sexta nota musical. Dá gemidos. 9. Asno. O tio dos americanos. 10. Planta criptogâmica aquática. Fêmea do cão. 11. O que vive com mulher com a qual não é casado. Seguir até. Depois do problema resolvido encon-tre o provérbio nele inscrito (6 pala-vras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Fama. Aspas. 2. Tirana. Orbe. 3. Acasalar. Al. 4. Lar. Tarrafa. 5. Ar. Foreiro. 6. BEM. Ara. 7. Cariar. VAI. 8. Gilvaz. Teso. 9. OCDE. Ocular. 10. Mio. Cardada. 11. Oo. Vário. Or.Verticais: 1. Talar. Gomo. 2. FICAR. Cicio. 3. Arar. Baldo. 4. Mas. Ferve. 5. Anatomia. Cá. 6. Alar. Azoar. 7. Arear. Cri. 8. Sorrir. TUDO. 9. PR. Aravela. 10. Abafo. Asado. 11. Sela. Piorar.Título do Filme: Tudo Vai Ficar Bem.
Oeste Norte Este Sul 1♠passo 2ST (1) passo 3♠ (2)passo 4♥ passo 4STpasso 5♠ passo 6♠
Todos passam
Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Jacoby – fit de quatro ou mais cartas a espadas e força para partida (2) 17 ou mais pontos, pede controlos
Carteio: Saída: J♥. Qual a linha de jo-go a adotar para cumprir este pequeno cheleme?
Solução: É perfeitamente natural ten-tar as passagens a ouros e a paus. Começando pela passagem ao Rei de paus que, caso falhe, pode ainda benefi-ciar de uma repartição 3-3 do naipe para poder baldar a perdente a ouros. Nesse caso, a probabilidade de êxito passa de 75% para 84%. Mas é possível fazer melhor! Cobrir os ca-sos de um Rei de paus seco ou à segunda em Oeste graças a um jogo eliminação muito preciso: após fazer o Ás de espa-das, corte a terceira copa com a Dama de espadas e tire o Ás de paus! Joga agora espada para o Rei e pau para a Dama: - Se a Dama fizer a vaza, volte ao morto
Dador: SulVul: EO
Problema 6484 Dificuldade: fácil
Problema 6485 Dificuldade: médio
Solução do problema 6482
Solução do problema 6483
NORTE♠ K10965♥ AK4♦ 83♣ 952
SUL♠ AQ874♥ 52♦ AQ♣ AQJ6
OESTE♠ J2♥ J1096♦ K10752♣ K3
ESTE♠ 3♥ Q873♦ J964♣ 10874
João Fanha/Pedro Morbey ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
no 9 de espadas para renovar a mano-bra, e quando o Rei aparecer em Este, ficará ainda uma vaza a fazer para baldar um ouro do morto. - Se Oeste fizer a vaza, como é o caso aqui, terá uma de duas opções: não tem mais paus para jogar e tem de jogar ou-ros, para a forquilha, ou copas para corte e balda; se tiver paus para jogar teremos ainda tempo para verificar se o naipe es-tá 3-3 e caso não esteja sobrará ainda a passagem a ouros em último recurso.Jogando assim, só irá para o cabide uma em cada dez vezes, quando Oeste tiver ambos os Reis, e o de paus pelo menos à quarta.
Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul ?
O que abriria em Sul, com cada uma das seguintes mãos?1. ♠AQ ♥K5 ♦KQ2 ♣AJ10983 2. ♠A52 ♥AKJ ♦AQJ872 ♣23. ♠3 ♥A2 ♦AK9862 ♣AKQJ 4. ♠K ♥A105 ♦KQ62 ♣AKQ102
Respostas: 1. 2ST – As mãos 6322 (com um menor sexto) devem ser associadas às mãos re-gulares. Por outro lado, é necessário va-lorizar dois pontos pelo naipe sexto.2. 1♦ – Um dois forte em menor promete 7 cartas. Abra num ouro e se o parceiro marcar 1 copa ou 1 espada marque 2 es-padas ou 2 copas para mostrar uma in-versa.3. 1♦ – É preferível anunciar naturalmente as mãos que podem jogar em dois naipes.4. 1♣ – Abrir em 2ST seria uma alterna-tiva, mas com duas desvantagens evi-dentes: a pesquisa de um cheleme em menor tornar-se-ia praticamente impos-sível; a saída a espadas pode colocar o contrato de sem trunfo em cheque logo à partida.
MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESPORTO | 41
O “jogo mais importante do ano” deixou o FC Porto perto do KO
A duas jornadas do fi m da fase de
grupos da Liga dos Campeões bastava
um ponto para o FC Porto garantir o
apuramento para os oitavos-de-fi nal,
mas dentro de três semanas, quando
os “dragões” entrarem em Stamford
Bridge para defrontarem o Chelsea
de José Mourinho, Julen Lopetegui
terá uma certeza: apenas uma vitó-
ria contra os londrinos garantirá ao
espanhol, sem se preocupar com o
resultado do Dínamo Kiev-Maccabi,
um lugar no top-2 do Grupo G. A re-
viravolta nas contas dos portistas,
que pareciam ter via aberta para a
qualifi cação, surgiu depois de uma
derrota com uma prestação paupér-
rima contra o Dínamo Kiev (0-2). Os
golos de Yarmolenko e Derlis Gon-
zález ditaram o primeiro desaire da
época do FC Porto.
O presidente do Dínamo Kiev afi r-
mou, antes de viajar para o Porto,
que a sua equipa teria no Estádio do
Dragão o “jogo mais importante do
ano”. Confrontado com as declara-
ções do dirigente ucraniano, Lope-
tegui concordou, colocou o mesmo
peso para o lado portista e disse es-
perar “uma resposta séria” da sua
equipa. “Quando fazemos bem as
coisas, somos fortes”, acrescentou. O
FC Porto, no entanto, fez quase tudo
mal e deixou que o Dínamo tornasse
o “dragão” num concorrente fraco.
Após a folga dada por Lopetegui a
praticamente todos os habituais titu-
lares no fi m-de-semana nos Açores,
no jogo com o Angrense, na Taça de
Portugal, os principais trunfos vol-
taram ao “onze”, mas pela primei-
ra vez o treinador espanhol deixou
André André fora dos titulares na
Liga dos Campeões. Sem o interna-
cional português, habitual patrão do
meio-campo “azul e branco”, o sec-
tor fi cou entregue a Danilo, Imbula
e Rúben Neves. Com isso, o FC Porto
ganhou músculo e poder de choque,
mas perdeu criatividade e presença
na área ucraniana.
Invicto em casa nas competições
europeias desde Outubro de 2013,
o FC Porto foi superior no primeiro
quarto de hora, mas o tradicional fu-
tebol lateralizado e lento da equipa
de Lopetegui resultou numa mão-
cheia de nada e, depois de medir o
pulso ao rival, o Dínamo começou a
Os “dragões” foram derrotados pelo Dínamo Kiev e precisam de vencer em Stamford Bridge, na última jornada da Liga dos Campeões, para garantirem um lugar nos “oitavos” sem dependerem de terceiros
Crónica de jogo David Andrade
FRANCISCO LEONG/AFP
Aboubakar e Antunes na discussão de um lance aéreo
ganhar confi ança. Obrigados a ven-
cerem para se manterem na luta pelo
apuramento, os ucranianos aos pou-
cos foram assumindo o controlo do
jogo e deixaram a primeira ameaça
aos 25’, com um remate de Derlis
que Casillas defendeu para canto. O
aviso não foi sufi ciente para acabar
com a letargia portista e, apenas três
minutos depois, Garmash (cabeceou
ao poste) e Junior Moraes (com a ba-
liza aberta rematou ao lado) fi zeram
o mais difícil: manter o resultado a
zero. O Dínamo ameaçava e acabou
mesmo por chegar ao merecido golo.
Aos 35’, Rybalka foi tocado na área
por Imbula, o árbitro assinalou pe-
nálti e, na marcação, Yarmolenko,
de pé esquerdo, fez o 1-0.
Com um meio-campo inoperante
ofensivamente e dois extremos (Tello
e Brahimi) inofensivos, a bola não
chegava a Aboubakar e o intervalo
chegou com a tradicional superiori-
dade na posse de bola do FC Porto
(55%), mas superioridade evidente
nos remates à baliza por parte do
Dínamo: nove contra cinco.
Após o falhanço absoluto estratégi-
co na primeira parte, Lopetegui, com
uma substituição, mexeu em quase
tudo na retaguarda. Com a entrada
de André André para o lugar de Ma-
FC Porto 0
Dínamo Kiev 2Yarmolenko 35’, Derlis González 64’
Positivo/Negativo
Estádio do Dragão, no Porto.Espectadores 31.220
FC Porto Casillas, Maxi Pereira (André André, 46’), Martins Indi, Marcano, Layún, Danilo, Rúben Neves, Imbula (Corona, 67’), Tello, Brahimi (Osvaldo, 67’), Aboubakar. Treinador Julen Lopetegui
Dínamo Kiev Shovkovskiy, Danilo Silva a36’, Khacheridi, Dragovic, Antunes, Sydorchuk (Buyalskiy, 84’), Rybalka, Yarmolenko, Garmash a38’, Derlis González (Belhanda, 77’), Júnior Moraes (Teodorczyk, 86’). Treinador Serhiy Rebrov
Árbitro Velasco Carballo (Espanha)
YarmolenkoÉ indiscutivelmente o melhor jogador do Dínamo e, quando a sua equipa mais precisou, não fraquejou. Generoso no apoio defensivo, Yarmolenko exibiu no Dragão todo o seu talento ofensivamente e, contando os dois jogos da selecção da Ucrânia no play-off de acesso ao Euro 2016, fez o quinto golo nas últimas quatro partidas.
ImbulaO médio francês foi, a par de Marcano, um dos dois titulares contra o Angrense e Dínamo, mas, pelo que se viu, precisava de descanso depois do jogo nos Açores.
Tello e BrahimiOs dois extremos complicaram mais do que ajudaram.
Casillas O guarda-redes espanhol voltou a dar-se mal contra o Dínamo e teve muitas culpas no golo marcado por Derlis González.
CLASSIFICAÇÃO
GRUPO G
5.ª JornadaFC PORTO-Dínamo Kiev 0-2Maccabi Telavive-Chelsea 0-4
J V E D G PChelsea 5 3 1 1 11-3 10FC PORTO 5 3 1 1 9-6 10Dínamo Kiev 5 2 2 1 7-4 8Maccabi Telavive 5 0 0 5 1-15 0
Próxima jornada (9 Dez.)Chelsea-FC PORTO, Dínamo Kiev-Maccabi Tel.
REACÇÃO
“Depois do penálti a equipa perdeu tranquilidade e na segunda parte jogámos mais com o coração do que com a cabeça. Não está nada perdido, dependemos de nós”
Julen Lopetegui FC Porto
xi, Layún foi para lateral direito, Indi
para a esquerda e Danilo Pereira pa-
ra central. Os problemas, na frente,
mantiveram-se. Apesar da boa vonta-
de e esforço de André André, Tello e
Brahimi nunca criaram os desequilí-
brios necessários e o Dínamo tapava
facilmente os caminhos para a baliza
do quarentão Shovkovskiy e era Ca-
sillas que continuava a ter mais tra-
balho. Aos 62’, o guarda-redes ainda
evitou que Garmash fi zesse o 2-0,
mas, dois minutos depois, Derlis cor-
reu sem oposição em direcção à bali-
za e, apesar de ter rematado fraco, o
ex-benfi quista contou com a ajuda de
Casillas para repetir um feito que já
tinha conseguido na época passada,
pelo Basileia: marcar ao FC Porto.
Perto do KO após 22 jogos sem per-
derem em casa, os portistas conse-
guiram fi nalmente criar algum perigo
— Rybalka acertou no ferro e quase
marcou na própria baliza, antes de
André André rematar ao poste —,
mas o desastre já era inevitável. Pa-
ra se qualifi car, o FC Porto tem ago-
ra de ganhar em Londres, na última
jornada do Grupo G. Se empatarem
ou perderem com o Chelsea, os “dra-
gões” precisam de um pequeno “mi-
lagre”: um empate ou derrota do Dí-
namo frente ao frágil Maccabi.
42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Para os demais jogadores do PSG
que viajaram até à Suécia, o emba-
te com o Malmö será o jogo que po-
derá garantir o apuramento para os
oitavos-de-fi nal da Liga dos Campe-
õs. Para Zlatan Ibrahimovic, porém,
será bem mais do que isso. É o re-
gresso às raízes do maior futebolista
sueco dos últimos anos. O reviver do
início do sonho. “Foi onde tudo co-
meçou. Enfrentá-los na Champions
é surreal”, admite.
Com o Real Madrid já qualifi cado
para a fase seguinte, o PSG tem hoje
a possibilidade de lhe seguir as pi-
sadas no Grupo A. Para isso, preci-
sa de vencer no Swedbank Stadion
ou então esperar por um deslize do
Shakhtar Donetsk frente aos “me-
rengues”. Um cenário que acaba de
vez com a réstia de esperança dos
campeões da Suécia de continuar
em prova.
Nesse sentido, não há uma equa-
ção perfeita para Ibrahimovic. Não
há hipótese de se apurarem os dois,
o clube que representa e o clube que
o formou, quando era apenas um
adolescente que se apoiou no fute-
bol para ultrapassar os dramas de
uma vida difícil no problemático
bairro de Rosengärd. Foi no Mal-
mö que deu os primeiros pontapés
como sénior, em 1999, e é nas ime-
diações do seu estádio que o nome
do avançado está gravado para a
eternidade. Em 2012, o apelido de
origem bósnia juntou-se ao Passeio
da Fama do Desporto na cidade.
Por todas as razões, independen-
temente do desfecho, esta será sem-
pre uma noite especial para Zlatan.
Mas o que seria para o goleador de
34 anos um encontro perfeito, neste
contexto? “Ganhar o jogo, eu mar-
car três golos e toda a gente gritar o
meu nome”, expõe, entre sorrisos,
na conferência de imprensa de lan-
çamento da partida.
Se no Grupo A a hierarquia está
praticamente defi nida, no Grupo B
o clima é de maior indefi nição, com
o primeiro (Manchester United) e
o último (CSKA Moscovo) separa-
dos apenas por três pontos. Hoje,
decide-se essencialmente a lide-
rança, com um embate entre “red
Ibrahimovic volta a pisar o passeio da fama
devils” e o PSV, em Old Traff ord.
Também os dois primeiros do
Grupo D colidem esta noite, com a
Juventus a poder tomar de assalto o
comando, se vencer o Manchester
City, em Turim. Caso se confi rme
este cenário, quem fi ca de imediato
de fora da prova é o Sevilha.
Nuno Sousa
Sem grandes problemas, o Bayern
de Munique garantiu ontem o apu-
ramento para os oitavos-de-fi nal da
Liga dos Campeões, ao bater o Olym-
piacos de Marco Silva por 4-0, em
jogo da 5.ª jornada do Grupo F. O
Bayern é a única equipa do grupo a
garantir o lugar e nem precisou de
acelerar muito para bater os gregos,
chegando aos 3-0 em 20 minutos,
com golos de Douglas Costa (8’),
Lewandowsky (16’) e Müller (20’).
Coman fechou as contas, aos 70’.
Mas a derrota não compromete,
por enquanto, as hipóteses de Mar-
co Silva de seguir em frente, tendo
ainda três pontos de vantagem em
relação ao Arsenal, que triunfou em
casa sobre o Dínamo de Zagreb, por
3-0. Os gregos continuam a depen-
der de si próprios para se qualifi ca-
rem, já que recebem os londrinos na
última jornada.
No Grupo E, o Barcelona derrotou
a AS Roma por 6-1, em Camp Nou,
num jogo em que Messi voltou a ser
titular (e marcou dois golos). O triun-
fo do Barça no Grupo E garante-lhe
o apuramento com o primeiro lugar,
mas deixa o segundo posto em aber-
to para qualquer uma das outras três
equipas, até porque, no outro jogo
do agrupamento, o BATE Borisov e o
Bayer Leverkusen empataram (1-1).
Depois de ter poupado Messi (só
jogou na segunda parte) na goleada
frente ao Real Madrid, Luis Enrique
promoveu o regresso do argentino
à titularidade dois meses volvidos e
deu-se bem. O número 10 marcou
dois dos golos num jogo de sentido
único em que Luis Suárez (dois), Pi-
qué (um) e Adriano (um) também
facturaram para a equipa catalã. O
bósnio Edin Dzeko marcou o golo
solitário da formação romana já em
tempo de compensação e depois de
ter desperdiçado um penálti.
No Grupo G, o do FC Porto, o Chel-
sea assumiu a liderança com um
triunfo por 4-0 sobre o Maccabi Te-
lavive, passando a somar 10 pontos,
tantos quanto os portistas (que per-
deram 2-0 com o Dínamo de Kiev),
mas com melhor diferença de golos.
Ainda ninguém está apurado neste
agrupamento, com a equipa de José
Bayern Munique segue tranquilamente para a fase seguinte
Mourinho a receber o FC Porto na
última ronda, enquanto o Dínamo
recebe os campeões israelitas.
No Grupo H, o Zenit manteve-se
perfeito, com um triunfo em São Pe-
tersburgo, sobre o Valência, por 2-0,
confi rmando o seu absoluto domí-
nio, somando cinco vitórias em cin-
co jogos. Este desaire na Rússia, mais
o triunfo do Gent em França sobre
o Lyon (1-2), faz com que a equipa
de Nuno Espírito Santo desça para o
terceiro lugar do agrupamento, por
troca com a formação belga, e já não
dependa de si própria para seguir
em frente.
No duelo português entre André
Villas-Boas e Nuno Espírito Santo,
as coisas voltaram a correr de feição
ao antigo técnico do FC Porto, que
conseguiu manter o registo perfei-
to de cinco vitórias em cinco jogos.
Os russos, que já tinham garantido
o apuramento para os “oitavos” an-
tes desta ronda, colocaram-se em
vantagem logo aos 15’, por Shatov,
e, na segunda parte, fi xaram o resul-
tado fi nal aos 74’, por Dzyuba, numa
excelente combinação com Danny.
Pouco depois, aos 80’, Ruben Vezo
foi expulso e deixou o Valência a jo-
gar com menos um.
Em Lyon, a equipa da casa entrou
melhor, com um golo de Jordan Fer-
ri, mas os visitantes conseguiram
empatar, ainda na primeira parte,
por Milicevic, aos 32’. Quando o em-
pate parecia o resultado mais cer-
to, Coulibaly fez o golo do triunfo
dos visitantes (1-2) já em tempo de
compensação. Os belgas passaram
a somar sete pontos, mais um do
que o Valência, recebendo, na úl-
tima jornada, o Zenit, enquanto a
equipa de Nuno defronta o Lyon, no
Mestalla.
Marco Vaza
PAU BARRENA/AFP
Messi e Luis Suárez, dois dos obreiros da goleada do Barcelona
Zlatan Ibrahimovic define este regresso a casa como “surreal”
“Fizemos um jogo muito inteligente e o resultado é merecido”André Villas-BoasZenit S. Petersburgo
CLASSIFICAÇÕESGRUPO E
GRUPO F
GRUPO H
5.ª JornadaBATE Borisov-Bayer Leverkusen 1-1Barcelona-Roma 6-1
5.ª JornadaArsenal-Dínamo Zagreb 3-0Bayern Munique-Olympiacos 4-0
5.ª JornadaZenit-Valência 2-0Lyon-Gent 1-2
J V E D G P
J V E D G P
J V E D G P
Barcelona 5 4 1 0 14-3 13Roma 5 1 2 2 11-16 5Bayer Leverkusen 5 1 2 2 12-11 5BATE Borisov 5 1 1 3 5-12 4
Bayern Munique 5 4 0 1 17-3 12Olympiacos 5 3 0 2 6-10 9Arsenal 5 2 0 3 9-10 6Dínamo Zagreb 5 1 0 4 3-12 3
Zenit 5 5 0 0 12-4 15Gent 5 2 1 2 6-6 7Valência 5 2 0 3 5-7 6Lyon 5 0 1 4 3-9 1
CLASSIFICAÇÕESGRUPO A
GRUPO B
GRUPO D
5.ª JornadaShakhtar Donetsk-Real Madrid 19h45, SP-TV1Malmö-PSG 19h45, SP-TV5
5.ª JornadaCSKA Moscovo-Wolfsburgo 17h, SP-TV2Manchester United-PSV 19h45, SP-TV4
5.ª JornadaB. Mönchengladbach-Sevilha 19h45Juventus-Manchester City 19h45, SP-TV3
J V E D G P
J V E D G P
J V E D G P
Real Madrid 4 3 1 0 7-0 10PSG 4 2 1 1 5-1 7Shakhtar Donetsk 4 1 0 3 4-8 3Malmö 4 1 0 3 1-8 3
Manchester United 4 2 1 1 5-4 7PSV Eindhoven 4 2 0 2 6-6 6Wolfsburgo 4 2 0 2 4-4 6CSKA Moscovo 4 1 1 2 4-5 4
Manchester City 4 3 0 1 8-5 9Juventus 4 2 2 0 5-2 8Sevilha 4 1 0 3 5-7 3B. Mönchengladbach 4 0 2 2 2-6 2
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESPORTO | 43
Deixar para trás a derrota no derby com a passagem aos oitavos-de-final
O Benfi ca tem urgência em esquecer
a derrota frente ao Sporting, a tercei-
ra da temporada em outros tantos
duelos com o ex-treinador Jorge Je-
sus, a contar para a Taça de Portugal.
Os “encarnados” foram batidos em
Alvalade por 2-1, após prolongamen-
to, mas o treinador Rui Vitória acre-
dita que o sabor amargo desse resul-
tado negativo pode ser amenizado
com o apuramento para os oitavos-
de-fi nal da Liga dos Campeões.
O emblema da Luz viajou mais de
6000 quilómetros até ao Cazaquis-
tão, onde hoje defronta o Astana
(15h, SP-TV1), e garantirá um lugar
na próxima fase da principal compe-
tição europeia se vencer. Em caso de
vitória do Benfi ca, e se no outro jogo
do Grupo C o Atlético de Madrid não
ganhar ao Galatasaray, os “encarna-
dos” asseguram também o primeiro
lugar. O empate também pode ser-
vir ao Benfi ca, se em Madrid houver
empate ou um triunfo do Atlético de
Madrid.
“Queremos que a motivação nes-
ta competição se sobreponha àqui-
lo que não foi tão agradável. Com a
adversidade vêem-se as equipas. É
um jogo completamente diferente,
num contexto diferente e no qual
queremos selar essa passagem aos
oitavos-de-fi nal. Uma das coisas boas
da nossa equipa é que as competi-
ções se sucedem-se e tem já um jo-
go de grande importância, grande
motivação, uma jornada muito im-
portante”, apontou Rui Vitória em
conferência de imprensa.
A presença nos oitavos-de-fi nal da
Liga dos Campeões vale um prémio
monetário de 5,5 milhões de euros,
mas para que esse montante entre
nos cofres da Luz a equipa de Rui
Vitória precisa de superar o Astana.
Os estreantes cazaques, a primeira
equipa daquele país a disputar a fase
de grupos da Champions, consegui-
ram ainda não perder em casa: não
só empataram com Galatasaray (2-
2) e Atlético de Madrid (0-0), como
somaram vitórias nos jogos caseiros
disputados nas pré-eliminatórias e
play-off de acesso à mais importante
competição europeia de clubes.
“Tivemos difi culdades [frente ao
Astana] na Luz, mas vencemos por
2-0. As outras equipas também ti-
veram difi culdades aqui. O Astana
é uma equipa com boa capacidade
física e organização colectiva”, resu-
miu Rui Vitória, que não pode con-
tar, entre outros, com o castigado
Gaitán e o lesionado Luisão. Nada
que tire o sono ao treinador “encar-
nado”: “Os jogadores têm dado uma
Tiago Pimentel
REUTERS/SHAMIL ZHUMATOV
André Almeida, João Teixeira e Cristante no treino de ontem
resposta cabal. Não me preocupo
muito com os que não estão, por-
que quem vai entrar vai dar conta
do recado. Temos um lote alargado
de jogadores para precaver essas
situações. Tivemos três operações
que não queríamos, é verdade, mas
não estou aqui para me lamentar.
Amanhã [hoje], as soluções darão
conta do recado.”
À hora do jogo, a temperatura
em Astana deverá estar próxima
(ou mesmo abaixo) dos zero graus.
O treinador Stanimir Stoilov, que no
fi m-de-semana viu a sua equipa per-
der na fi nal da Taça do Cazaquistão
diante do Kairat Almaty, deseja que
essa não seja a única difi culdade que
o Benfi ca vai enfrentar: “Após a der-
rota no derby contra o Sporting, o
Benfi ca fi cou contra a parede, mas
isso também lhes dará uma motiva-
ção extra. Espero um grande apoio
dos nossos adeptos, porque se es-
tivermos todos juntos temos mais
possibilidades de ganhar. O nosso
estádio é a nossa casa e o nosso cas-
telo, devemos procurar sempre che-
gar à vitória aqui, mesmo contra as
melhores equipas da Europa”, vin-
cou o técnico búlgaro, que enquanto
jogador passou por Portugal, tendo
representado o Campomaiorense.
Vitória no Cazaquistão põe o Benfica nos “oitavos” da Champions. Primeiro lugar no Grupo C depende do resultado do outro jogo
Astana 4-4-2
Benfica 4-1-3-2
ShomkoPostnikovIlic
Anicic
Eric
Júlio César
Jonas
Talisca
SílvioLisandroJardel
Eliseu
Pizzi
Samaris
Cañas
KabanangaTwumasi
Astana Arena,Astana
Árbitro: Ruddy Buquet França
15h00SP-TV1
Maksimovic
Zhukov Kethevoama
G. Guedes
Mitroglou
O lugar de Rui Vitória não está em questão, garantiu Rui Costa, administrador da SAD do
Benfica, em Astana. Apesar do mau momento que os “encarnados” atravessam, tendo sido eliminados na Taça de Portugal pelo Sporting (a terceira derrota em outras tantas partidas contra Jorge Jesus), o treinador está seguro: “[Em] Rui Vitória não se toca, não é uma questão para ser abordada. Não vamos responsabilizar ninguém pelo que fazemos de menos bem e aquilo que é responsabilidade nossa. Trabalharemos para estar ao nível do que os nossos adeptos querem”, afirmou Rui Costa, comentando uma suposta campanha para prejudicar o Benfica. “Tem-se falado muito, isso inevitavelmente condiciona e temos sentido na pele”, disse.
“Em Rui Vitória não se toca”
“Não me preocupo com quem não está. Quem entrar dará conta do recado”Rui VitóriaBenfica
Breves
Futebol
I Liga
FIFA
Finalistas da Bola de Ouro conhecidos a 30 de Novembro
Artur Soares Dias volta a apitar um jogo do Sporting
Comissão de Ética pede erradicação de Michel Platini
A FIFA anunciou que os finalistas à nomeação para a Bola de Ouro vão ser revelados na segunda-feira, numa cerimónia que terá início às 13h (hora de Lisboa), através do canal do organismo no YouTube. Além da Bola de Ouro, a cerimónia servirá também para anunciar os três nomeados para os prémios de Jogadora Feminina do Ano, Treinador do Ano, Treinador do Ano de Futebol Feminino e o Prémio Puskas, para o melhor golo da época.
O árbitro Artur Soares Dias foi nomeado para dirigir na segunda-feira o Sporting-Belenenses, da 11.ª jornada da I Liga, dois meses depois de ter sido muito contestado pelos “leões” após o Boavista-Sporting, que terminou 0-0. O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol nomeou ainda Hugo Miguel para o Sp. Braga-Benfica. Manuel Mota estará no Tondela-FC Porto.
A Comissão de Ética da FIFA pediu a erradicação de Michel Platini do futebol, revelou o advogado do presidente da UEFA à agência AFP. Uma medida “desproporcionada”, num processo que Thibaut d’Alès classificou como um “escândalo”. Platini está a ser investigado por ter recebido em 2011 um pagamento de 1,8 milhões de euros do presidente demissionário da FIFA, Joseph Blatter.
CLASSIFICAÇÃO
GRUPO C
5.ª JornadaAstana-BENFICA 15h, SP-TV1Atlético de Madrid-Galatasaray 19h45, SP-TV2
J V E D G PBENFICA 4 3 0 1 7-4 9Atlético de Madrid 4 2 1 1 7-2 7Galatasaray 4 1 1 2 5-7 4Astana 4 0 2 2 2-8 1
Próxima jornada (8 de Dezembro)Galatasaray-Astana, BENFICA-Atlético de Madrid
44 | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
CARTAS A DIRECTORA
O segredo de Costa e César
Muito contrariado, Cavaco Silva
acabou por “indicar” António
Costa e não indigitar, como refere a
Constituição. A troca de verbo não
é um acaso, mas antes a deliberada
exposição pública do estado de alma do
Presidente na hora de anunciar a decisão
sobre o nome do futuro primeiro-ministro.
Esse acto selou, em defi nitivo, a natureza do
próximo Governo. PSD e CDS não tardaram
a mostrar um descontentamento visceral,
prenúncio de que a solidão bem poderá ser
a grande companhia de Cavaco nestes seus
últimos dias em Belém.
Indiferente às feridas abertas à direita,
António Costa foi célere em tirar o Governo
do bolso. A expectativa era grande não só
sobre os nomes, mas sobretudo no capítulo
da organização e estrutura da nova equipa.
Falou-se em ministros transversais, capazes
O destino deste Governo passa muito pelas mãos deles
de intervir em vários sectores, mas a ideia
parece ter sido reduzida às áreas do Mar e
da Modernização Administrativa. Pensava-
-se que era desta que o país ia ombrear com
os padrões nórdicos em termos de exigência
paritária e, afi nal, num Governo com 17
pastas, António Costa só conseguiu incluir
quatro mulheres. Onde está o autarca de
Lisboa que tinha um executivo paritário?
Em vez de um Governo de combate, com
predomínio das áreas políticas e com forte
tutela de ministros políticos, temos, pelo
contrário, uma equipa com muita gente
sem experiência governativa e a extinção
dos titulares dos Assuntos Parlamentares e
da Presidência do Conselho de Ministros.
É certo que Costa tem a vantagem de estar
rodeado da sua gente, capaz de blindar
decisões, unifi car a acção e concentrar
a mensagem. Mas não corre o risco de
se isolar? É uma incógnita porque, no
essencial, o destino deste Governo depende
mais do que se passar em S. Bento do que
das reuniões semanais na Gomes Teixeira.
Porque não há apenas António Costa e a sua
equipa, mas também Carlos César e o seu
grupo de negociadores. O segredo está na
qualidade da articulação entre ambos.
25 de Novembro, sempre!Para um verdadeiro democrata
em Portugal, as datas de 25 de
Abril (25A) e de 25 de Novembro
(25N) serão sempre inseparáveis.
Na primeira, comemoramos
a democracia, que se seguiu a
um longo período de regime
autoritário. Na segunda,
comemoramos o esforço heróico
de alguns valorosos militares
do 25A, que não se ajoelharam
perante a tentativa militar e
civil golpista, que visaria a
reintrodução de um novo regime
autoritário, mas desta vez de
alegada “esquerda”. Um desses
militares, tenente-coronel Melo
Antunes, conseguiu à última hora,
que o PCP de Cunhal não viesse
apoiar na rua os golpistas, como
todos previam acontecer. São por
isso datas indissociáveis, porque
sem o 25N o 25A imaginado pelos
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: [email protected]
Contactos do provedor do Leitor
Email: [email protected]
Telefone: 210 111 000
militares que o proporcionaram
teria sido liquidado. As liberdades
seriam para os membros do novo
partido único, nova censura
“revolucionária” seria imposta
e os opositores encarcerados ou
mortos (Otelo Saraiva de Carvalho
até teve o desplante de nos avisar,
tal foi o seu poder). Na área civil,
para além, naturalmente, dos
partidos do centro e direita (PSD
e CDS), é da mais elementar
justiça salientar o papel do Partido
Socialista e do seu líder Mário
Soares (faço-o com o à-vontade
moral de nunca neles ter votado
na vida). Mário Soares, apoiado
obviamente pelo então chamado
“Grupo dos Nove” da área
militar, convocou-nos a todos,
democratas, para comparecermos
na Fonte Luminosa em Lisboa,
que em 27 de Julho de 1975.
Constituiu uma das mais bonitas e
corajosas manifestações até então.
É preciso recordar aos mais novos
que, nesses tempos de golpismo
de esquerda, um comício no Porto
do CDS foi seriamente ameaçado
e os seus militantes insultados e
agredidos fi sicamente. A própria
Assembleia Constituinte, em 13
de Novembro de 1975, esteve
cercada dois dias por operários
da construção civil (manobrados
pela CGTP comunista) e os
seus deputados impedidos de
sair. O poder estava na rua. E
os heróis do 25N conseguiram
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
vencer os golpistas. Agora, que
se cumprem 40 anos dessa data
inesquecível, nada mais natural
do que na sede da democracia,
que é a Assembleia da República,
a data ser comemorada. É por
isso muito triste, e até um sinal
muito preocupante dos tempos
que aí vêm, que este novo PS de
António Costa, por um tacticismo
a todos os títulos condenável,
queira reescrever a história. Ao
recusar a comemoração, fi nge que
não houve uma tentativa de golpe
totalitário, desconsiderando
assim os valorosos militares
que rechaçaram o golpe de 25N.
E também os políticos, com
destaque para o socialista Mário
Soares, que soube estar no local
certo, na hora certa. Costa hoje
prefere estar com os inimigos
do PS em 75. Que lhe faça bom
proveito, porque aos democratas
não fará com certeza.
Manuel Martins, Cascais
Síria, um palco propício a incidentes
“Nós queremos juntar todos os países.
Não queremos excluir ninguém.”
Foi, muito resumidamente, a
mensagem que François Hollande
levou à Casa Branca. Mas a tentativa
do Presidente francês de criar uma grande
aliança para combater o autoproclamado
Estado Islâmico (EI) sofreu um grande revés,
depois de os turcos terem abatido um caça
Su-24 russo na fronteira entre a Turquia
e a Síria. Terá sido a primeira vez desde o
fi nal da Segunda Guerra Mundial que um
avião russo é abatido por um membro da
NATO. Este incidente, que Vladimir Putin
classifi cou como “uma facada nas costas”,
vem azedar ainda mais as relações entre
Rússia e Turquia e, por arrasto, com os EUA.
E vem pôr a nu a precariedade da actual
situação na Síria, onde todos dizem estar a
combater o EI, mas uns bombardeiam o EI
e outros a oposição moderada ao regime de
Assad. E com isto cria-se um palco propício
a incidentes, com consequências graves e
desconhecidas.
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 45
BARTOON LUÍS AFONSO
O mito de Einstein
Carlos Fiolhais
Um dos pontos altos deste
Ano Internacional da Luz é
a celebração precisamente
hoje, dia 25 de Novembro,
do centenário da obra maior
de Albert Einstein, a teoria
da relatividade geral, que
descreve a força da gravidade,
ultrapassando Newton. Foi um
dos maiores empreendimentos
do espírito humano: percebeu-se que
conceitos aparentemente tão díspares
como o espaço, o tempo, a matéria e a
energia estavam ligados por uma equação
matemática que culminava longos esforços
em demanda de uma descrição unifi cada
do Universo. Ainda hoje essa equação
se mantém de pé, apesar de todas as
investidas teóricas e experimentais para a
derrubar. De facto, a Natureza nada revelou
até agora que nos faça duvidar da solidez
da descrição einsteiniana.
Para mim como para tantos outros
que escolherem a Física como profi ssão,
Einstein foi um herói da juventude. Não
me sentia tanto seduzido pelo lado icónico,
seguramente o mais visível: o sábio de ar
bondoso, farta cabeleira, camisola de lã e
sandálias. Tratava-se antes da atracção pelo
invisível, que a sua fi gura personifi cava
melhor do que qualquer outra. Ele encarna
a ideia de que o mundo é compreensível.
Não sabemos porquê, mas é. O físico
Einstein foi um pouco fi lósofo ao declarar:
“O que há de mais incompreensível no
mundo é o facto de ele ser compreensível.”
Pode ser difícil, mas é possível decifrar os
mistérios do mundo. O sábio suíço, nascido
na Alemanha, também disse um dia que:
“Deus é subtil, mas não é malicioso.” Não
sendo ele uma pessoa religiosa no sentido
comum, queria ele dizer que o Universo é
intrincado, mas os seus mecanismos são
acessíveis à mente humana. O trabalho
continuado dos físicos e dos outros
cientistas tem confi rmado essa afi rmação.
Incompreensível é também o facto de o
mundo se revelar compreensível através de
equações. O cérebro de Einstein produziu
há cem anos uma equação cuja beleza
espantou o próprio autor (“A teoria é de
uma beleza incomparável”, comentou), que
permitiu previsões que se haveriam de
revelar certeiras a respeito do mundo: um
minúsculo desvio da órbita de Mercúrio
em relação ao previsto usando as leis de
Newton; uma pequena defl exão pelo Sol da
luz proveniente de estrelas por detrás dele;
buracos negros, abismos cósmicos que são
fi ns locais do espaço-tempo; e o Big Bang,
que é o início global do espaço-tempo a
partir de uma prodigiosa concentração
de energia. Galileu tinha dito que “o Livro
da Natureza está escrito em caracteres
matemáticos”. E Newton tinha escrito os
Princípios Matemáticos de Filosofi a Natural,
contendo a sua lei da gravitação universal.
Mas Einstein veio acrescentar, numa base
matemática, que a geometria do espaço-
tempo (espaço e tempo tinham sido ligados
em 1905 na sua teoria da relatividade
restrita) é comandada pela matéria-energia
(os dois também ligados na mesma altura).
A força da gravidade mais não é do que
o encurvamento do espaço-tempo, às
ordens da matéria-energia. Para usar uma
metáfora visual, um astro como o Sol está
no espaço-tempo como uma bola em cima
de um lençol esticado. Se colocarmos um
berlinde, que será a Terra, com velocidade
adequada, ele rodará em torno da bola
central.
Roland Barthes, o semiólogo e
fi lósofo francês que, tal como a teoria
maior de Einstein, nasceu há cem anos
(designadanente a 12 de Novembro
de 1915), escreveu nas suas Mitologias
(Edições 70, 1978): “(...) o produto da sua
invenção assumia uma condição mágica,
reincarnava a velha imagem esotérica
e uma ciência inteiramente encerrada
nalgumas letras. Há um único segredo do
mundo e esse segredo condensa-se numa
palavra, o Universo é um cofre-forte de
que a humanidade procura a cifra: Einstein
chegou quase a encontrá-la, é esse o mito
de Einstein; aí se nos deparam de novo
todos os temas gnósticos: a unidade da
Natureza, a possibilidade irreal de uma
redução fundamental do mundo, o poder
de abertura da palavra, a luta ancestral
entre um segredo e uma linguagem, a ideia
de que o saber total não pode descobrir-
se senão de um só golpe, como uma
fechadura que cede bruscamente depois
de mil tacteamentos
infrutuosos.”
O prolongado
confronto do
cérebro humano
com o Universo (um
confronto natural,
pois o nosso
cérebro é a única
parte do Universo
que o consegue
compreender) vai
tendo resultados
felizes, como a
epifania de Einstein
há cem anos. A
história da ciência
ensina-nos que cada
revelação não é o
fi m de nada, mas
um novo princípio.
Einstein não foi o
fi m de Newton, cuja
teoria da gravitação
universal continua
a ser válida em
certas condições.
Foi o início de uma
cosmovisão bem mais fantástica do que a
de Newton, pois o mundo do sábio inglês
não podia albergar buracos negros nem
provir de uma explosão inicial. Escreveu o
padre Teilhard de Chardin, paleontólogo
e teólogo francês contemporâneo de
Einstein: “À escala do cósmico só o fantástico
pode ser verdadeiro.”
Professor universitário. [email protected] Escreve mensalmente à quarta-feira
O prolongado confronto do cérebro humano com o Universo vai tendo resultados felizes, como a epifania de Einstein há cem anos
Viva a Casa Pereira!
Só entrar na Casa Pereira é um
prazer para os olhos, para as
narinas e para a alma. É lá, n.º 38
da Rua Garrett, em Lisboa, que
se pode comprar o Arábica São
Tomé mais fi no, cheirosinho e
delicioso que conheço.
No mundo das pressas e da
Internet dir-se-ia que a Casa
Pereira ocupa um lugar nas
antípodas. E é verdade que, para quem lá
pode ir, há vagar, educação e paciência para
todos. E, no entanto, quando é preciso...
É fácil vender cafés de uma só quinta
mas fazer lotes — misturar vários cafés
diferentes para obter um café superior à
soma das partes — é uma questão de talento,
experiência e bom gosto.
A Casa Pereira tem lotes para todos os
gostos e para todas as bolsas. Comprar
cápsulas e cafés mofentos já empacotados e
moídos é um barrete caríssimo.
Na Casa Pereira pode-se comprar 100
gramas de café em grão (muito recente e
sabiamente torrado) e pedir que moam à
nossa frente, conforme o equipamento que
vai usar. Ninguém tem ou pode ter em casa
um moinho tão bom como o da Casa Pereira.
Para as pressas, desde que nos conheçam,
mandam café pelo correio, embalado
à antiga, como deve ser. A rapidez bate
qualquer interneteiro: encomendei na
sexta-feira e na segunda de manhã já cá
estava, à cobrança, pelo serviço normal,
barato e excelente dos CTT. (A Nespresso
é mais lenta.) A Casa Pereira é maravilhosa
mas também é gastronómica e —
economicamente — invencível. Fez 85 anos e
continua a dar lições elegantes, saborosas e
modernas, como sempre.
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
46 | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015
Liberdade “condicionada”
Defender os doentes e combater a corrupção
Pese embora o instituto da
liberdade condicional (LC),
tal como vem desenhado na
lei, faça teoricamente todo o
sentido, na prática revela-se um
absoluto fracasso. De facto, a sua
concepção pressupõe que haja
um efectivo acompanhamento
dos reclusos para a avaliação da
sua eventual concessão. Acontece
que na maioria dos casos tal não ocorre.
A LC consiste na colocação em liberdade de
um condenado a pena de prisão em momento
anterior ao termo da pena. A lei impõe que
esta avaliação seja levada a cabo pelos juízes
do tribunal de execução de penas em três
momentos distintos: atingida a metade da
pena, os dois terços e os cinco sextos.
Para que o recluso possa benefi ciar da LC
atingida a metade da pena, necessário se
torna que seja “fundadamente de esperar,
atentas as circunstâncias do caso, a vida
anterior do agente, a sua personalidade e a
evolução desta durante a execução da pena
de prisão, que o condenado, uma vez em
liberdade, conduzirá a sua vida de modo
socialmente responsável, sem cometer
crimes” e também que “a libertação se
revela compatível com a ordem e paz social”.
A malha alarga atingidos os dois terços da
pena, caso em que bastará o preenchimento
do primeiro conjunto de pressupostos. Têm
por isso aqueles juízes a tarefa de fazer esta
avaliação no tocante a cada recluso que
atinja aqueles dois momentos da pena. Até
aqui, tudo bem.
O problema é que os juízes nunca viram os
reclusos nem tão-pouco acompanham o seu
percurso prisional e, apesar de terem acesso
aos factos constantes da sentença que os
condenou, a verdade é que não têm forma,
só com esses elementos, de aquilatar a sua
personalidade e a evolução desta na prisão.
Estabeleceu então o legislador que, para a
avaliação da LC, os juízes devem-se socorrer
dos relatórios elaborados pelos técnicos
da DGSP e DGRS sobre cada recluso e dos
quais deverão constar, nomeadamente, a
apreciação da evolução da sua personalidade
durante a pena, da sua conduta prisional e da
relação com o crime cometido.
Ora, tudo estaria ainda menos mal se
esses técnicos conhecessem os reclusos,
os acompanhassem periodicamente no
estabelecimento prisional de modo a
poderem emitir um parecer esclarecido e bem
assim elucidarem o juiz para a sua tomada
de decisão. A realidade é que, na maioria
dos casos, os relatórios dos técnicos são
elaborados com base nos escassos minutos
em que estes permitem sentar-se à frente do
recluso, marcando então as suas “cruzinhas”
no papel e emitindo, quanto a cada
avaliando, o seu parecer fi nal relativo à LC.
Nunca como hoje o acto médico
foi alvo de tantas agressões.
Na relação médico-doente os
atropelos externos sucedem-se
em catadupa. Como acontece
com a imposição de tempos
de consulta absurdamente
curtos, a sobreposição
de tarefas e os tempos
prolongados de actividade
consecutiva, o não-cumprimento de
descansos compensatórios, o acesso
limitado ou negado a tratamentos,
dispositivos médicos, materiais clínicos ou
equipamentos, a informatização excessiva
e disfuncional com refl exos negativos
na humanização. Estes são apenas
alguns exemplos de práticas impostas
superiormente e que fazem perigar a
qualidade do acto médico e a segurança
dos doentes.
É no acto médico que se evidencia a
relação de confi ança médico-doente, trave
mestra no exercício da medicina, e que
tem sido, de forma imprudente, ignorado
pelos responsáveis políticos, que centram
excessivamente as suas preocupações
nos números e no fi nanciamento, em
detrimento, claro, das pessoas.
Não é por acaso que, nos últimos anos,
milhares de médicos emigraram ou se
aposentaram de forma antecipada.
Por outro lado, a indefi nição jurídica sobre
o acto médico permite que outras pessoas e
outros profi ssionais não-médicos exerçam
“medicina” sem que lhes possa ser imputada
responsabilidade profi ssional ou outra,
desde que não se intitulem formalmente
médicos. Já para não falar daqueles outros
que invadem a esfera de competências dos
médicos, praticando actos para os quais
apenas e só os médicos se encontram
preparados e que, desse modo, cometem o
crime de usurpação de funções mas nunca
são penalizados, porque a lei não defi ne tais
actos como médicos.
Nesta medida, os verdadeiros
Será naturalmente para eles tarefa fácil
emitir parecer negativo se o recluso não
se mostrar arrependido do crime que
cometeu ou não assumir que o praticou,
o que nos parece aliás compreensível,
sendo legítimo pensar-se que se alguém
não admite um erro, o mais provável é que
o volte a repetir. Todavia, não raras são as
vezes em que os condenados se arrependem
verdadeiramente depois de refl ectirem
sobre a sua conduta durante o período de
cárcere. Mas para que se compreenda o grau
de interiorização do seu comportamento
ilícito é necessário um trabalho sério e
um acompanhamento constante de cada
um, o que nem sempre sucede, quer
pelo número insufi ciente de técnicos nos
estabelecimentos prisionais (com lotação
mais que esgotada), quer por encararem
estes processos com demasiada ligeireza.
Reunidos aqueles relatórios, é marcado
o “conselho técnico” no estabelecimento
prisional, no âmbito do qual, na ausência
do recluso e do
seu defensor, o
juiz, o Ministério
Público e os serviços
consultados trocam
umas breves
impressões sobre a
possibilidade de se
colocar em LC uma
enorme quantidade
de reclusos. Segue-
se a sua “audição”
pelo juiz, ocasião em
que, na maioria dos
casos, este não lhe
coloca mais que três
simples questões —
se aceita a LC caso
lhe seja concedida, para onde irá residir e
que ocupação irá ter. Ou seja, na primeira
e única oportunidade em que quem toma
a decisão fi nal está fi nalmente perante o
recluso, já nenhum interesse tem em ouvi-lo,
claro está, porque o processo tem já naquele
momento todos os elementos necessários
para a sua tomada de decisão.
A verdade é que, com excepção dos
casos em que a postura ou a personalidade
dos reclusos resulta patente, seja pelo seu
percurso prisional atribulado, seja pelo
arrependimento que não mostraram ao
longo do mesmo, muitos deles chegam ao
termo da sua pena sem que nenhum dos
consultados saiba verdadeiramente o que
lhes vai na alma. E o juiz, aquele que foi
decidindo negar-lhe a LC, limitou-se muitas
vezes a confi ar nas “cruzinhas” que os
técnicos foram pondo nos seus relatórios.
No fundo, a LC está muitas vezes
condicionada também a um sistema
desatento, a um trabalho ligeiro e a decisões
pouco esclarecidas. E o tempo, esse, corre
sempre a desfavor do recluso.
prejudicados com esta falta de defi nição são
os doentes, que não estão preparados para
distinguir o trigo do joio. E são muitos.
É essencial informar a sociedade civil e
alertar os decisores políticos da necessidade
de enquadrar juridicamente o acto médico
como imperativo constitucional, imperativo
este já concretizado em praticamente todas
as outras profi ssões na área da saúde.
Muitos outros argumentos poderiam ser
dados para fundamentar a necessidade
do referido enquadramento jurídico. No
entanto, para
defender os doentes
e aumentar a sua
segurança e o seu
direito a informação
verdadeira,
daria apenas
três: combater
a corrupção,
privilegiar a
transparência
de processos e
procedimentos e
eliminar os confl itos
de interesses.
Não se entende de
que é que o poder
político tem medo
ou quais são as
amarras ou estigmas
que o limitam. Será
que consideram os
médicos cidadãos
incómodos por,
independentemente
da cor política do
Governo, lutarem
pela dignidade e pelos direitos dos doentes?
Todos estes motivos impulsionaram a
Ordem dos Médicos a eleger como tema
central do seu congresso nacional o acto
médico, reunindo durante três dias [de 26
a 28 de Novembro] a comunidade médica
e a sociedade civil a analisar e debater
este tema premente para o exercício da
medicina em Portugal.
O tempo, esse, corre sempre a desfavor do recluso
Advogado, associado sénior de PLMJ
Presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
Debate Acto médicoDebate Liberdade condicionalMiguel GuimarãesPedro Barosa
A indefinição jurídica sobre o acto médico permite que outras pessoas e outros profissionais não-médicos exerçam “medicina”
PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | INICIATIVAS | 47
AGENDA DA COLECÇÃO
26 de Novembro1.º VolumeAlmanaque (1959)
3 de Dezembro2.º VolumeCivilização (1929)
10 de Dezembro3.º VolumePanorama (1941)
17 de Dezembro4.º Volume&etc (1973) +A Paródia (1900)
24 de Dezembro5.º VolumeSema (1979)
31 de Dezembro6.º VolumeRevista dos Arquitectos (1938)
7 de Janeiro7.º VolumeCineRevista (1917)
14 de Janeiro8.º VolumeLusíada (1952)
21 de Janeiro9.º VolumeLácio (1938) +Crónica Cinematográfica (1930)
28 de Janeiro10.º VolumeEuropa (1925)
No ano em que se encerram as comemorações do Ano Português do Design, e depois do grande sucesso da colecção Design Português, o PÚBLICO edita agora uma colecção de algumas das mais icónicas revistas portuguesas de ilustração, design e tipografi a, publicadas maioritariamente na primeira metade do século XX. A colecção Almanaque Português reúne um conjunto de primeiras edições em versão fac-similada e produzidas nos formatos originais de 10 volumes, que englobam 12 revistas, do melhor que se fez em Portugal, trazendo uma mostra bastante diversifi cada e rica, quer gráfi ca, quer artisticamente. Todas as quintas-feiras, por mais 6,90 euros com o PÚBLICO.
Na fi cha técnica do primeiro número da Almanaque, publicado em Outubro de 1959, apenas dois nomes são creditados: o director, Joaquim Figueiredo Magalhães e o orientador gráfi co Sebastião Rodrigues.
Figueiredo Magalhães, um dos mais importantes editores contemporâneos portugueses e Sebastião Rodrigues, o mais determinante designer gráfi co português do século XX já haviam trabalhado juntos: Sebastião desenhou algumas notáveis capas para editora Ulisseia, de que O labirinto Branco de Lawrence Durrell ou Um rapaz da Geórgia de Erskine Caldwell são bons exemplos, editora na qual Figueiredo Magalhães foi capaz de reunir um conjunto de talentosos capistas como António Garcia, Câmara Leme ou Paulo Guilherme, este último autor da capa de Pela Estrada Fora, romance Beat de Jack Kerouac publicado em 1959 em desafi o face à censura do Estado Novo.
Joaquim Figueiredo Magalhães e Sebastião Rodrigues já haviam trabalhado juntos, mas nunca com a liberdade e continuidade que irão encontrar na produção dos 18 números (e um suplemento) da revista Almanaque que saíram entre Outubro de 1959 e Maio de 1961.
A nota de abertura do primeiro número, escrita por Figueiredo Magalhães, ditava o tom e, literalmente, lançava o projecto da revista Almanaque para uma geografi a sócio-política estranha ao Portugal de Salazar no fi nal dos anos 1950:
“Este Almanaque (…) vem ao gosto moderno, segundo a linha 1959, trata por tu o teatro de Beckett e Ionesco, os escritores da Beat Generation, os Pat Boone ou os Georges Brassens, os íntimos de Françoise Hardy e as verdadeiras causas do caso Pasternak. Só não conhece os segredos dos painéis de
Nuno Gonçalves, mas há-de chegar lá um dia.”
A revista revisitava um género editorial particularmente popular em Portugal, os almanaques, e mantinha algumas das suas características (diversidade de conteúdos podendo cobrir áreas desde a astrologia, agricultura, literatura, divulgação científi ca para além de passatempos e recordação de efemérides). À data do início da publicação da revista, o Almanaque Bertrand (coordenado por M. Fernandes Costa) ou o Almanaque do Porto (editado pela Livraria Figueirinhas) eram exemplos de publicações grafi camente cuidadas embora herdeiras de um género de publicação cujas origens remetiam para o fi nal do século XIX.
Desse velho almanaque que nas palavras de Figueiredo Magalhães “tem um certo sabor a ornato, a antiqualha e a papel amarelecido. Cheira a naftalina e anda salpicado de provérbios muito conselhariais, que se contradizem uns aos outros, e de anedotas de soldados que não conhecem a mão esquerda” não encontramos nesta revista moderna, experimental e irreverente nenhuma semelhança.
Sebastião Rodrigues foi encontrar inspiração para o modelo do formato, tratamento das capas e algumas soluções gráfi cas à revista norte-americana Perspectives, desenhada por Alvin Lusting, publicada a partir de 1952. Ao longo dos 18 números notam-se infl uências várias, alguns grafi smos recordam-nos experiências testadas na Portfólio, criada por Brodovitch, na revista brasileira Senhor, numa ou noutra Graphis e nos trabalhos da designer brasileira Bea Feitler, mas sobretudo nota-se uma capacidade de invenção e reinvenção, de aventura e experimentação, por parte de Sebastião Rodrigues, notáveis. Se é evidente uma matriz moderna, via Estilo Internacional, ela oferece a grelha ou estrutura de composição para a exploração de vazios, jogos tipográfi cos, intervenções caligráfi cas e invenções gráfi cas, dialogando com uma miscelânea de textos, criando narrativas com as imagens (fotogramas de fi lmes, fotografi as de
dos diferentes exercícios de impressão que o levam a fazer da Ofi cina Casa Portuguesa, onde a revista era impressa, uma extensão do seu atelier.
A capa do n.º 3 (Março de 1960) parece citar a capa criada por Carlos Scliar para o primeiro número da Senhor, com as pedras da calçada a compor uma paisagem gráfi ca. Nos números seguintes, parece haver um amadurecimento do projecto gráfi co, marcado por uma grande consistência na qualidade das capas, na paginação e uma capacidade, controlada, mas sedutora, de invenção (folhas em harmónio, exploração de diferentes tipos de papel).
É na capa de Julho de 1960 que aparece a famosa ilustração da melancia, que tornar-se-á numa das referências mais icónicas e mais citadas do design gráfi co português.
Nos últimos números, sobretudo nos quatro últimos, a Almanaque exterioriza no grafi smo e nos conteúdos uma equipa de trabalho mais alargada. A direcção gráfi ca é agora partilhada por Sebastião Rodrigues e João Abel Manta, a eles se juntam Pilo da Silva nos desenhos, Eduardo Gageiro e Armando Rosário na fotografi a. Sebastião Rodrigues passa a acompanhar menos o trabalho de impressão, agora entregue a João Miranda e Alejandro Corona. Também a equipa de redacção se alarga reunindo agora Baptista Bastos, Cardoso Pires, Stau Monteiro, Augusto Abelaria, Cutileiro e Vasco Pulido Valente.
No número de Maio de 1961, um dos últimos, a capa é de Abel Manta e no interior são, igualmente, as suas ilustrações que dominam, não obstante alguns momentos de notável composição (veja-se a dupla página 48-49) da responsabilidade de Sebastião Rodrigues.
Os 18 números da Almanaque, no seu conjunto, formam um dos mais sedutores projectos editoriais portugueses, o último a nascer no contexto constrangedor do Estado Novo, o primeiro a anunciar, numa força talvez irrepetível, o novo design português.
OpiniãoJosé Bártolo
A Almanaque e o novo design português
publicidade, ilustrações) e apelando à participação do leitor.
A capa do n.º 1 é um exercício aparentemente simples de colagem. Trabalhando sobre fundo preto, cria uma ilustração através da colagem da fotografi a e de elementos gráfi cos despretensiosos e bem-humorados. A tipografi a usada para o título e também na maioria dos textos corridos é a Akzidenz-Grotesk.
O imaginário da space age – marcado pelo lançamento do satélite russo Sputnik 1, em 1957, e do satélite norte-americano Explorer 1, em 1958 – pontua este número, tal como o universo do cinema e da música jazz. Planos como os das páginas 32-33 são exemplos da inovação gráfi ca que Sebastião Rodrigues soube introduzir; a novela gráfi ca Um fi lme por mês, que se mantêm em vários números, exemplifi ca um exercício contemporâneo de edição e “samplagem” de conteúdos gráfi cos e tipográfi cos.
Se o uso da cor nos trabalhos de Sebastião Rodrigues anteriores ao Almanaque se deve muito à disciplina artesanal adquirida no atelier de Manuel Rodrigues, a partir do n.º 2 da Almanaque a infl uência da viagem à Finlândia (realizada em 1959) e sobretudo da linguagem de Armi Ratia faz-se, pontualmente, notar. Notória é, também, a crescente experimentação que Sebastião vai introduzindo nos projectos, que se refl ectem nas páginas da Almanaque através das experiências tipográfi cas e
Investigador, crítico e professor de Design
A Colecção Almanaque Português contou com o apoio da ESAD IDEA Investigação em Design e Arte, instituição responsável pela produção da exposição Almanaque – Um Século de Design Português em Revista (2013)
6d70bb08-85cc-4bd3-8934-da93bab53dff
PUBLICIDADE
ESCRITO NA PEDRA
“Raros são aqueles que decidem após madura reflexão; os outros andam ao sabor das ondas e longe de se conduzirem deixam-se levar pelos primeiros” Séneca (-4/65), filósofo e escritor da Roma Antiga
QUA 25 NOV 2015
Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Outubro 33.573 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem
Refugiados acumulam-se nos Balcãs, com a ONU a criticar política de selecção p27
Dinamo Kiev ganhou no Dragão e complica vida do FC Porto na Champions p41
Desvendado novo capítulo da domesticação do nosso melhor “microamigo” p32/33
Refugiados cosem os lábios e pedem: “Abram a fronteira”
FC Porto ficou perto do KO no “jogo mais importante do ano”
As leveduras do vinho vêm dos carvalhos do Mediterrâneo
Euromilhões
9 14 16 17 26 10 11
15.000.000€1.º Prémio
CONSOANTE MUDA
Apesar de Cavaco
Para alguém que dominou
a política portuguesa nos
últimos 30 anos, Cavaco
Silva fez dos seus últimos
tempos em Belém um
exercício penoso. Em 2013
não se importaria de antecipar
eleições, desde que isso forçasse
PSD e o PS a um entendimento
que nenhum dos partidos queria.
Em 2014 recusou-se a antecipar
eleições, ainda que por alguns
meses, apesar de saber que isso
difi cultaria a apresentação de um
orçamento atempado para o país
e para o cumprimento das regras
europeias. Contudo, foi esse
mesmo cumprimento das regras
europeias que o levou a exprimir
preferências mais ou menos
veladas sobre o futuro governo,
até quando fi nalmente convocou
as eleições legislativas.
De cada vez que Cavaco
Silva foi claro — e às vezes
foi claríssimo —, acabou
sistematicamente a desdizer-se.
Foi claro quando disse que só
daria posse a um governo estável
e maioritário. Acabou dando
posse a um governo que não tinha
maioria no Parlamento e que
caiu como previsto 11 dias depois.
Disse também que um governo
Rui Tavares
de gestão seria preferível a um
governo apoiado pelo BE e pelo
PCP. Ontem foi provavelmente o
último português a reconhecer
o oposto: que um governo de
gestão seria contrário ao interesse
nacional. Ou melhor, Cavaco não
o reconheceu: escreveu apenas
que foi isso que lhe foi dito pelas
pessoas que consultou.
Há muitos anos Cavaco Silva
disse que nunca se enganava
e raramente tinha dúvidas. Na
última decisão substancial da sua
presidência, Cavaco Silva dá a
sensação de só fazer o que está
certo, se for contrariado.
Adireita usou estes 50
dias para criar sobre
a possibilidade de um
governo à esquerda uma
sensação de ilegitimidade,
primeiro, e anormalidade,
depois.
A esquerda, por seu lado, não
esteve perdida em combate.
Usou estes quase dois meses
para consumar posições e deixar
claro onde estava a nova maioria
na Assembleia da República,
desde a eleição do presidente do
Parlamento até às votações de
propostas de lei sobre questões
de progresso e igualdade de
direitos. Está na Assembleia da
República, para os próximos
tempos, o centro do poder.
Se o novo governo seguir
uma linha semelhante, deverá
começar por marcar a diferença
em relação à governação
anterior, tão cedo quanto
possível. Isso faz-se pela
implementação das medidas
que já conhecemos e que foram
acordadas entre os partidos à
esquerda. Mas faz-se também
sendo consequente nas grandes
causas (que é aquilo que alguns
teimam em chamar de apenas
“simbólico”). Nesse sentido
é uma pena que haja apenas
quatro mulheres entre os
ministros neste governo. Em
2015, num país desenvolvido, um
executivo deve ser tão paritário
quanto possível, e aqui estamos
ainda longe. Portugal vai ter
também pela primeira vez uma
ministra negra, e é importante
notá-lo, além de Francisca
van Dunem ser uma excelente
escolha como ministra da Justiça
pelo seu mérito, percurso e
capacidades.
Finalmente, apesar de Cavaco,
temos pela primeira vez um
governo apoiado à esquerda no
nosso país. Houve progresso. E
agora, ao trabalho. O país quer
mais.
Historiador, dirigente do Livre
A explosão de um autocarro que
transportava elementos do corpo da
segurança presidencial no centro de
Tunes provocou ontem pelo menos
12 mortos e 16 feridos. Em respos-
ta, o Presidente da República, Béji
Caid Essebsi, decretou o estado de
emergência nos próximos 30 dias
e recolher obrigatório até hoje na
área metropolitana da capital entre
as 21h de ontem e as 5h.
Tal como François Hollande, o
Presidente Béji Caid Essebsi decla-
rou “guerra ao terrorismo” e pediu
a colaboração internacional para o
derrotar. “Quero garantir ao povo
da Tunísia que vamos derrotar o
terrorismo”, afi rmou. Em Julho, já
tinha decretado o estado de emer-
gência, após o atentado contra tu-
ristas numa praia em Sousse.
O mais recente balanço, feito pelo
Ministério do Interior, reviu em bai-
xa o número de mortos, que inicial-
mente tinha sido colocado em 14. As
autoridades avançaram também que
o ataque deve ter sido cometido por
um bombista suicida, que provavel-
mente estava dentro do veículo, diz
Tunísia decreta estado de emergência após atentado contra guarda presidencial
a AFP. O autocarro fi cou completa-
mente calcinado pelas chamas e a
Avenida Mohamed V, onde estava
estacionado, foi cortada. A maior
parte das pessoas que estavam den-
tro do autocarro morreram, disse
uma fonte dos serviços de segurança
ao jornal francês Libération.
O veículo estava nas proximida-
des do Ministério do Turismo e da
sede do RDC, o partido do antigo
regime do ditador Ben Ali. Ali per-
to decorria o Festival de Cinema de
Cartago, um dos mais importantes
do continente africano. Numa das
salas do Festival de Cartago, can-
tou-se o hino nacional, ao saber-se
do atentado, relatam várias fontes
tunisinas.
A explosão ocorreu em plena ho-
ra de ponta, ao fi nal do dia, com o
trânsito intenso a difi cultar o acesso
das ambulâncias ao local. Houve en-
tretanto um alarme de atentado no
aeroporto de Tunes, que foi encer-
rado, dizem jornalistas do Le Monde
Afrique, através do Twitter. Ter-se-
á tratado de um falso alarme, mas
a polícia no local, muito nervosa,
agrediu repórteres.
Terrorismo
Explosão de autocarro no centro de Tunes fez 12 mortos e 16 feridos. Haverá ainda recolher obrigatório até hoje na capital
A maior parte dos que estavam no autocarro morreram, disseram os serviços de segurança
“A esquerda está na Assembleia da República, para os próximos tempos, o centro do poder”
ESPECIAL VINHOSDE INVERNO
SÁBADO
Grandes vinhos parauma estação especial
6D70BB08-85CC-4BD3-8934-DA93BAB53DFF