publico.25.11.2015

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6d70bb08-85cc-4bd3-8934-da93bab53dff A percentagem da despesa dos privados, sobretudo das famílias, é a mais alta da UE (45,7%), segundo relatório que avalia 46 países p14/15 Aviões turcos abatem Su-24 na fronteira com a Síria. Ancara diz que caça violou o seu espaço aéreo, Moscovo diz que não saiu da Síria p26 Devido a compras feitas de 2006 a 2008, o BdP tem uma das exposições mais elevadas entre todos os bancos centrais da zona euro p20 Portugal à frente no peso dos gastos das famílias no superior Turquia abate caça russo e Putin diz que foi facada nas costas Combate de Costa começa agora “Indicado” primeiro- -ministro por Cavaco Silva, o líder do PS chefia governo com 17 ministros, dos quais só quatro são mulheres. Deve tomar posse amanhã e o seu destino passa em grande parte pelo Parlamento Destaque, 2 a 13 e Editorial ENRIC VIVES-RUBIO QUA 25 NOV 2015 EDIÇÃO LISBOA TERRORISMO BÉLGICA PROCURA CÚMPLICE DO FUGITIVO DE PARIS E CAPTURA NOVO SUSPEITO Mundo, 24/25 Ano XXVI | n.º 9355 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos ISNN:0872-1548 HOJE Bernard Prince 3.º álbum: A Fronteira do Inferno Por + 5,40€ Banco de Portugal muito exposto à dívida grega António Costa ontem no Palácio de Belém, antes do encontro com o Presidente da República USPEITO undo, 24/25

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Page 1: Publico.25.11.2015

6d70bb08-85cc-4bd3-8934-da93bab53dff

A percentagem da despesa dos privados, sobretudo das famílias, é a mais alta da UE (45,7%), segundo relatório que avalia 46 países p14/15

Aviões turcos abatem Su-24 na fronteira com a Síria. Ancara diz que caça violou o seu espaço aéreo, Moscovo diz que não saiu da Síria p26

Devido a compras feitas de 2006 a 2008, o BdP tem uma das exposições mais elevadas entre todos os bancos centrais da zona euro p20

Portugal à frente no peso dos gastos das famílias no superior

Turquia abate caça russo e Putin diz que foi facada nas costas

Combate de Costa começa agora“Indicado” primeiro--ministro por Cavaco Silva, o líder do PS chefi a governo com 17 ministros, dos quais só quatro são mulheres. Deve tomar posse amanhã e o seu destino passa em grande parte pelo Parlamento Destaque, 2 a 13 e Editorial

ENRIC VIVES-RUBIO

QUA 25 NOV 2015EDIÇÃO LISBOA

TERRORISMOBÉLGICA PROCURA CÚMPLICE DO FUGITIVO DE PARIS E CAPTURA NOVO SUSPEITOMundo, 24/25

Ano XXVI | n.º 9355 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos

ISNN:0872-1548

HOJE Bernard Prince 3.º álbum: A Fronteira do Inferno Por + 5,40€

Banco de Portugal muito exposto à dívida grega

António Costa ontem no Palácio de Belém, antes do encontro com o Presidente da República

USPEITOundo, 24/25

Page 2: Publico.25.11.2015

2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

A procuradora adjunta

Francisca Van Dunem é a

primeira negra a integrar

um Governo em Portugal,

ao ocupar a pasta da

Justiça, no XXI Governo

Constitucional, apresentado ontem

pelo líder do PS, António Costa, ao

Presidente da República, Cavaco

Silva. O ineditismo do elenco gover-

nativo passa também pelo facto de

o próprio chefe do executivo ser um

português de origem goesa.

Se ao nível da origem étnica dos

ministros o Governo de António Cos-

ta inova, o mesmo já não se pode di-

zer no que respeita à igualdade de

género. Num total de 17 ministérios,

apenas quatro são tutelados por mu-

lheres: Francisca Van Dunem, minis-

tra da Justiça; Maria Manuel Leitão

Marques, ministra da Presidência

e da Modernização Administrativa;

Ana Paula Vitorino, ministra do Mar;

e Constança Urbano de Sousa, minis-

tra da Administração Interna.

O anterior executivo, liderado por

Passos Coelho e derrubado no Parla-

mento a 10 de Novembro pela moção

de rejeição ao programa de Governo,

apresentada pelo PS e aprovada tam-

bém pelo BE e pelo PCP, tinha quatro

mulheres em 15 membros, ou seja,

em proporção era mais igualitário do

que o novo executivo socialista.

Europa no MNEO escasso número de mulheres no

novo Governo está associado a uma

das baixas de relevo logo no pro-

cesso de formação do executivo. A

eurodeputada do PS Elisa Ferreira

chegou a ser pensada como minis-

tra dos Assuntos Europeus, um dos

ministérios transversais que António

Costa chegou a anunciar, ao lado do

do Mar e do da Reforma Administra-

tiva, duas áreas que serão fulcrais na

acção governativa.

No organograma fi nal do executi-

vo, os Assuntos Europeus passam a

secretaria de Estado, integram a ges-

tão dos fundos comunitários e fi cam

na tutela do ministro dos Negócios

Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

a estes sectores, qualquer que seja o

departamento de Estado em que te-

nham de interferir. São eles o Minis-

tério da Presidência e Modernização

Administrativa, ocupado por Maria

Manuel Leitão Marques, e o do Mar,

liderado por Ana Paula Vitorino.

Refi ra-se que o pendor político e

combativo do Governo leva a que

haja um ministro adjunto, lugar

ocupado por Eduardo Cabrita, que

já trabalhou com António Costa e é

seu próximo desde a universidade.

Cabrita deverá tutelar a Secretaria de

Estado da Igualdade. O peso político

do perfi l do Governo é completado

com a frente parlamentar em que Pe-

dro Nuno Santos ocupa o cargo de

secretário de Estado dos Assuntos

Parlamentares, e onde o presidente

do PS, Carlos César, é líder parlamen-

tar, tendo este lugar sido classifi cado

já por António Costa como o “núme-

ro dois do Governo”.

Oito estreiasEntre os que se estreiam neste exe-

cutivo em funções governativas

estão o professor de Direito Inter-

nacional e antigo presidente da En-

tidade Reguladora para a Comuni-

cação, Azeredo Lopes, especialista

em Direitos Humanos em confl itos

internacionais, que ocupa o lugar de

ministro da Defesa, e o ex-presiden-

te da Câmara de Lisboa João Soares,

que surge como ministro da Cultura,

depois de ter sido uma hipótese na

Defesa. A opção de ter João Soares

na Cultura justifi ca-se com o peso

político que António Costa quer dar

a este ministério.

Nos que pela primeira vez inte-

gram um Governo, confirma-se

Mário Centeno, como ministro das

Finanças, e Manuel Caldeira Cabral,

como ministro da Economia. Confi r-

madas também estão as escolhas de

Tiago Brandão Rodrigues para mi-

nistro da Educação e a de Adalberto

Campos Fernandes para ministro

da Saúde.

O Governo de António Costa tem

alguns regressados. Capoulas Santos

volta a ser ministro da Agricultura,

tendo no Parlamento Europeu sido

responsável pela elaboração do últi-

mo relatório sobre a Política Agríco-

NOVO GOVERNO

Governo de combate político coloca Assuntos Europeus nos Negócios EstrangeirosAssuntos Europeus fi cam no Ministério dos Negócios Estrangeiros e apenas o Mar e a Modernização Administrativa são ministérios transversais. Em 17 ministros, só quatro são mulheres. Posse deverá ocorrer amanhã

São José AlmeidaSerão assumidos por Margarida Mar-

ques, dirigente do PS e antiga alta

funcionária da União Europeia. Por

sua vez, a escolha de Santos Silva,

que assim volta ao Governo depois

de ter integrado as equipas de Antó-

nio Guterres e de José Sócrates, deve-

se a razões políticas que se prendem

com a necessidade de o responsável

pelo Palácio das Necessidades ser al-

guém com forte perfi l político e capa-

cidade de debate e de argumentação

política, precisamente pelo facto de

ir ser a cara de Portugal junto das

instituições da União Europeia.

A importância do enquadramento

europeu de Portugal está também

na origem da escolha de Constança

Urbano de Sousa, especialista em

justiça europeia, segurança interna,

imigração e asilo, para ocupar a pasta

da Administtração Interna.

Ainda que Assuntos Europeus

não seja ministério transversal, co-

mo estava projectado por António

Costa, há dois outros ministérios

cujas ministras terão competências

transversais a todo o Governo e com-

petências sobre tudo o que respeite

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PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESTAQUE | 3

pedido anteontem a António Cos-

ta sobre o conteúdos dos acordos

de apoio parlamentar ao Governo,

Cavaco afi rma: “O Presidente da

República tomou devida nota da

resposta do secretário-geral do PS

às dúvidas suscitadas pelos docu-

mentos subscritos com o BE, o PCP

e o PEV quanto à estabilidade e du-

rabilidade de um Governo minori-

tário do PS, no horizonte temporal

da legislatura.”

O novo primeiro-ministro prepa-

ra-se assim para ter a sua primeira

performance internacional na Cimei-

ra do Clima, que se realiza em Paris

na segunda-feira. Ainda na sexta-fei-

ra ou no início da próxima semana

deverá dar entrada na Assembleia

da República o Programa de Gover-

no, cujo debate deverá decorrer até

dia 4 de Dezembro .

A nível nacional, as prioridades de

António Costa serão a preparação

do próximo Orçamento do Estado

para 2016, bem como dossiers con-

siderados urgentes pelo primeiro-

ministro indigitado: transportes

públicos, TAP e Novo Banco.

O PS mostrou-se ontem con-

fi ante numa melhor relação

com Cavaco Silva e disse es-

perar “bom senso” de todas

as instituições. Não deve-

rá é contar com o apoio do

PSD. Os sociais-democratas declara-

ram ser “contra” o novo Governo.

E o CDS-PP assumiu frontalmente

discordar da decisão do Presidente

da República.

Foi a primeira expressão de satisfa-

ção em semanas que o PS teve relati-

vamente a uma decisão presidencial.

Satisfeito com a indigitação de Antó-

nio Costa, o presidente do PS, Carlos

César, disse confi ar no “bom senso”

de “todas as instituições”, que “de-

corre das condições para que esta

alternativa fosse a mais credível”.

A posição foi transmitida depois de

ser questionado sobre um possível

veto de Cavaco Silva ao Orçamento

do Estado para 2016. Carlos César

disse esperar que o relacionamento

institucional entre o futuro Gover-

no, a Assembleia da República e o

Presidente “seja o melhor, porque

o país vive uma situação de grande

fragilidade”.

Excluindo a apresentação de uma

moção de confi ança no Governo so-

cialista, o também líder parlamen-

tar do PS garantiu que uma even-

tual moção de censura por parte

do PSD/CDS será rejeitada pela es-

querda parlamentar em resultado

dos acordos.

Uma perspectiva mais optimista

sobre o futuro relacionamento com

o Presidente da República também

foi deixada pelo líder parlamentar do

PCP, João Oliveira. “Esperamos que

esta lógica de confronto, de nomear

um governo que não tinha condições

para governar, seja abandonada e

que a Assembleia possa exercer as

suas competências”, disse João Oli-

veira, depois de questionado sobre se

espera problemas com Cavaco Silva.

Noutro registo, a coordenadora do

Bloco de Esquerda, Catarina Martins,

preferiu salientar a nova fase que se

inicia. “Pela parte do BE seremos a

garantia e o compromisso pelos sa-

lários e pensões, segurança social,

saúde e educação”. E prometeu um

PS espera que relação com o Presidente seja agora a melhor

país “mais justo”, em declarações

aos jornalistas na sede do partido,

em Lisboa.

Nas bancadas à direita, que agora

passam à oposição, o tom do PSD e

do CDS foi duro, mas com nuances.

Marco António Costa, vice-presi-

dente do PSD, fez uma declaração

de não apoio à “solução de recurso”.

“Não queremos deixar de sublinhar

que esta nova solução de Governo

não conta com o nosso apoio políti-

co, apenas responsabilizando o PS

e os partidos da esquerda radical

que com ele se comprometeram

para sustentar politicamente o fu-

turo Governo no Parlamento, disse

o dirigente, depois de assumir que

respeita a decisão de Cavaco Silva.

O CDS adoptou uma posição mais

dura face à decisão de Cavaco Silva.

Assumiu que “tem e mantém uma

discordância de fundo” quanto à

indigitação de António Costa. “É a

primeira vez, em 40 anos de demo-

cracia, que o perdedor das eleições

é indigitado primeiro-ministro” e é a

primeira vez que “a maioria relativa

que os portugueses escolheram em

eleições é impedida de governar”,

afi rmou Nuno Magalhães, líder da

bancada, que não esteve disponível

para responder a perguntas. O CDS

considera “incompreensível” que o

PS não divulgue a carta de resposta

que enviou ao Presidente e defen-

de que a missiva deveria ser pública

“em nome da transparência demo-

crática”.

Opositor desde a primeira hora da

estratégia de António Costa, o eu-

rodeputado do PS Francisco Assis

vai deixar as suas críticas em banho-

maria e concentrar-se exclusivamen-

te no Parlamento Europeu. Assume

que a divergência com a actual di-

recção do partido “é total”, mas As-

sis, que liderou recentemente uma

corrente crítica e alternativa no PS,

não pretende assumir uma atitude

de guerrilha. Pelo menos para já.

Sofia Rodrigues

Assis assume divergência “total” com a direcção do PS, mas vai focar-se no Parlamento Europeu

la Comum. Vieira da Silva regressa

ao Ministério do Trabalho, Solida-

riedade e Segurança Social. Entre

os novos ministros mas que foram

secretários de Estado anteriormente

sublinhe-se a escolha do ministro do

Ambiente, João Pedro Matos Fernan-

des, do ministro da Ciência, Manuel

Heitor, e do ministro do Trabalho,

da Solidariedade e da Segurança So-

cial, Pedro Marques.

Em Paris, pelo climaO Governo de António Costa poderá

tomar posse já amanhã. Isto porque

o Presidente da República tem uma

deslocação a Elvas programada para

sexta-feira. A marcação da cerimó-

nia cabe a Cavaco Silva, que ontem

de manhã voltou a receber António

Costa para o indigitar primeiro-mi-

nistro.

No comunicado que emitiu em

seguida, o Presidente justifi cou a

opção por indigitar António Costa

com o argumento de que “as infor-

mações recolhidas nas reuniões com

os parceiros sociais e instituições e

personalidades da sociedade civil

Presidente justificou a indigitação de Costa com o argumento de que as personalidades auscultadas confirmaram que a manutenção do actual Governo em gestão não serviria o interesse nacional

Desta vez, António Costa saiu de Belém mandatado para formar Governo

ENRIC VIVES-RUBIO

confi rmaram que a continuação em

funções do XX Governo Constitu-

cional, limitado à prática dos actos

necessários para assegurar a gestão

dos negócios públicos, não corres-

ponderia ao interesse nacional”.

Já sobre as clarifi cações que tinha

Page 4: Publico.25.11.2015

4 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

NOVO GOVERNO

Não faltou propriamente

tempo ao secretário-geral do

PS para, desde que a solução

governativa de esquerda se

tornou plausível, há cerca

de mês e meio, preparar a

sua equipa. Estes são os 17 ministros

escolhidos por António Costa.

Um europeísta, polémico, vai chefiar a diplomaciaAugusto Santos Silva, ministro

dos Negócios Estrangeiros

Filho de enfermeiros, começou a

sua vida política como animador

cultural da Comissão de Morado-

res da Ramada Alta, no Porto. Aos

58 anos, é um dos mais experientes

ministros deste Governo. Foi secre-

tário de Estado da Administração

Educativa (1999-2000), ministro da

Educação (de 2000/2001), ministro

da Cultura (2001/2002), dos Assun-

tos Parlamentares (2005/2009) e da

Defesa (2009/2011). Integrou o “nú-

cleo político” dos executivos de José

Sócrates. É adepto do Salgueiros,

professor universitário (da Faculda-

de de Economia da Universidade do

Porto), especialista em Sociologia

da Cultura Contemporânea, foi cro-

nista do PÚBLICO e comentador da

TVI, de onde saiu agastado com a

estação. As suas críticas são, em re-

gra, duras. Gosta de polémicas. Em

2010 escreveu um livro chamado Os

Valores da Esquerda Democrática,

em que afi rmava que o diálogo do PS

com a sua esquerda não deveria ser

“preferencial”. A sério? “Sim [risos].

Espero boa polémica a esse propósi-

to...”, respondeu, divertido. Agora

que vai chefi ar a política externa,

aqui fi ca um sinal do que pensava,

em plena crise do euro: “Portugal

não pode fazer outra coisa que não

seja o consenso na Europa e na zona

Composição do novo Governo

Fonte: Presidência da República; PÚBLICO

António CostaPrimeiro-ministro

Mário CentenoMinistro das Finanças

Augusto Santos SilvaMinistro dos NegóciosEstrangeiros

José António Vieira da SilvaMinistro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

Pedro MarquesMinistro do Planeamento e Infraestruturas

Adalberto Campos FernandesMinistro da Saúde

Manuel Caldeira CabralMinistério da Economia

Mariana Vieira da SilvaSec. de Estado Adjuntado Primeiro-Ministro

Pedro Nuno SantosSec. de Estado dosAssuntos Parlamentares

Miguel Prata RoqueSec. de Estado da Presidência do Conselho de Ministros

Ana Paula VitorinoMinistra do Mar

João Pedro Matos FernandesMinistro do Ambiente

Capoulas SantosMinistro da Agricultura

M.ª Manuel Leitão MarquesMinistra da Presidência e Modernização Administrativa

Margarida MarquesSec. de Estado dosAssuntos Europeus

Azeredo LopesMinistro da Defesa

Constança Urbano de SousaMinistra da Administração Interna

Francisca Van DunemMinistra da Justiça

Eduardo CabritaMinistro Adjunto

João SoaresMinistro da Cultura

Manuel Valsassina HeitorMinistro da Ciência

Tiago Brandão RodriguesMinistro da Educação

Muitas caras conhecidas que conhecem os cantos aos ministérios

Regressam alguns antigos ministros e secretários de Estado que deixaram boa impressão quando passaram pelo Governo. Outros nomes são estreias cujo valor político nunca foi aferido

euro. Nós queremos Europa, que-

remos o euro, faremos o que for

necessário. Com a simplicidade e

a clareza que as linhas políticas de-

vem ter.” P.P.

De “ministro-sombra” a ministro das FinançasMário Centeno,

ministro das Finanças

Era um quase-desconhecido até An-

tónio Costa o ir buscar para coorde-

nar o cenário macroeconómico do

PS, mas rapidamente se tornou num

“ministro-sombra” das Finanças. O

papel que assumiu nos últimos me-

ses, em particular nas negociações

do PS com os partidos à esquerda,

colou-lhe à pele ainda mais essa fi gu-

ra. Mário Centeno, prestes a comple-

tar 49 anos, doutorado em Economia

pela Universidade de Harvard, fez

carreira no Banco de Portugal. Entre

2004 e 2013 foi director adjunto do

Departamento de Estudos Económi-

cos, até Carlos Costa o indicar como

conselheiro especial depois de o eco-

nomista tentar, sem sucesso, chegar

à liderança daquele importante de-

partamento. É especialista na área

do trabalho. Quando António Costa

o chamou, foi de imediato cunhado

como “liberal”, um “rótulo” em que

não se revê. “Culturalmente, sou de

esquerda”, comentava recentemente

à Visão. Nas últimas semanas, des-

dobrou-se em declarações a garantir

que Portugal vai cumprir as metas

orçamentais. P.C.

Um independente próximo do PS na EconomiaManuel Caldeira Cabral,

ministro da Economia

É um regresso a casa. Manuel Caldei-

ra Cabral volta ao Ministério da Eco-

nomia, já não como assessor, mas

agora na qualidade de ministro, aos

47 anos. Professor na Universidade

do Minho, o economista esteve no

grupo de peritos que elaborou o ce-

nário macroeconómico do PS. Mas a

sua ligação aos socialistas é anterior

a isso. Não só foi assessor de Manuel

Pinho e de Teixeira dos Santos, como

fez parte do grupo de conselheiros

económicos de António José Seguro.

Durante o último Governo de Sócra-

tes, pertenceu ao Conselho para a

Promoção da Internacionalização

e participou no acompanhamento

da estratégia 2020. Não tem car-

tão de militante, mas a ligação ao

PS manteve-se. Nas legislativas, foi

o cabeça-de-lista por Braga, como

independente. Do grupo dos 12 eco-

nomistas, é um dos três que chegam

a ministro. Caldeira Cabral licenciou-

se em Economia na Nova de Lisboa,

tem mestrado em Economia Aplica-

da e doutoramento pela Universida-

de de Nottingham. P.C.

Ministro para continuar o legado de Mariano GagoManuel Heitor, ministro da

Ciência e do Ensino Superior

Aos 57 anos, Manuel Heitor torna-

se ministro da Ciência e do Ensi-

no Superior – pasta que conheceu

bem como secretário de Estado

entre 2005 e 2011, em que Maria-

no Gago foi o ministro dessas duas

áreas nos governos socialistas de

José Sócrates. Professor catedrá-

tico, Manuel Heitor era até agora

director do Centro de Estudos em

Inovação, Tecnologia e Políticas de

Desenvolvimento do Instituto Supe-

rior Técnico de Lisboa (IST). Foi no

IST que se licenciou em engenharia

mecânica, em 1981. Doutorou-se no

Imperial College em 1985. Depois,

Page 5: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESTAQUE | 5

no IST, dedicou-se à mecânica de

fl uidos e combustão experimental

e interessou-se pelas políticas de

ciência. Estreou-se num governo

com o ministro Mariano Gago, co-

mo secretário de Estado da Ciência,

Tecnologia e Ensino Superior. Ga-

go, que morreu em Abril, já tinha

sido ministro da Ciência entre 1995

a 2002, nos governos de António

Guterres, e foi quem deu peso po-

lítico à ciência. Tinha escrito o livro

“Manifesto para a Ciência em Portu-

gal”, apresentado há 25 anos e que

era um programa de governo para

esta área. É a partir deste legado

que, durante 2015, Manuel Heitor

esteve envolvido em homenagens a

Mariano Gago e no lançamento de

um novo manifesto para a ciência

como desígnio nacional, no qual se

defende mais dinheiro público para

a ciência. Agora Manuel Heitor vai

decidir se vai desfazer muitas das

políticas científi cas dos últimos qua-

tro anos do governo Passos Coelho

– a começar pela avaliação muito

polémica da FCT aos centros de in-

vestigação (o programa eleitoral do

PS prometia uma nova avaliação) e a

acabar nos cortes nas bolsas. T.F.

O ministro da Educação que estudou o cancroTiago Brandão Rodrigues,

ministro da Educação

Quando António Costa o convidou

para integrar as listas do Partido

Socialista por Viana do Castelo às

legislativas de 4 de Outubro, Tiago

Brandão Rodrigues pensou em di-

zer que não. Foi esse “o primeiro

impulso”, confessou ao PÚBLICO,

em entrevista neste Verão. Aos 38

anos — e apesar de nunca ter sido

militante em nenhum partido —, o

cientista doutorado em Bioquímica

é o ministro da Educação do próxi-

mo Governo. Nasceu em Paredes

de Coura e sempre se considerou

“um homem de esquerda”. Madrid,

Dallas e Cambridge são cidades que

conhece bem: viveu, estudou e tra-

balhou em todas elas — 15 dos úl-

timos 16 anos foram passados no

estrangeiro, onde se dedicou a es-

tudar técnicas de detecção precoce

do cancro. Vê na escola pública e

na educação para todos dois “dos

pilares-mor da democracia”. Acre-

ditava que o PS conseguirá “criar as

condições para construir melhor”.

“Não temos que baixar as expectati-

vas de ter um Estado que as assista,

um Serviço Nacional de Saúde com

esperança e uma escola que as edu-

que.” A.M.H.

No Ambiente com uma encomenda em particular

João Pedro Matos Fernandes,

ministro do Ambiente

Com 47 anos, Matos Fernandes é en-

genheiro civil e já teve uma passagem

pelo Ministério do Ambiente, duran-

te o primeiro Governo de António

Guterres. Foi adjunto e depois chefe

de gabinete do secretário de Estado

Ricardo Magalhães, quando o am-

biente estava nas mãos da ministra

Elisa Ferreira, entre 1995 e 1999.

Não voltou a integrar os quadros

do ministério no segundo Governo

de Guterres, passando para o sector

privado, na Quaternaire Portugal,

uma consultora para projectos de

desenvolvimento local e regional.

Em 2005, assumiu o cargo de

vogal da Administração dos Portos

do Douro e Leixões (APDL), um mês

depois do regresso do PS ao Gover-

no, com José Sócrates. Entre 2008 e

2012 foi presidente da APDL.

Depois de uma passagem por Mo-

çambique, foi convidado a assumir

a presidência das Águas do Porto

em Janeiro de 2014, pelo recém-

empossado presidente da Câmara

Municipal, Rui Moreira. R.G.

Da Segurança Social para as Infra-estruturasPedro Marques, ministro do

Planeamento e Infra-Estruturas

As reformas da Segurança Social que

ajudou a implementar na altura do

primeiro Governo de José Sócrates,

quando foi secretário de Estado de

Vieira da Silva, são talvez o aspec-

to mais relevante do currículo do

economista que vai ser ministro do

Planeamento e Infra-Estruturas do

executivo liderado por António Cos-

ta. Com 39 anos, esteve nos dois go-

vernos de José Sócrates, e também

foi eleito deputado nas eleições de

2011, pelo distrito de Portalegre. Em

Outubro do ano passado, e numa

altura em que era vice-presidente

da bancada socialista e responsável

pelas áreas de orçamento e fi nan-

ças, renunciou ao cargo por razões

“profi ssionais”, para se dedicar à

actividade privada na área da con-

sultoria. Pedro Marques fez então

saber que suspendia a sua intenção

de se afastar da actividade política

activa, que lhe havia surgido mais

cedo, apenas para colaborar com o

esforço de vitória de António Costa,

quando este desafi ou Antonio José

Seguro para eleições primárias no

partido. L.P.

Simplexmente, ministra

Maria Manuel Leitão Marques,

ministra da Presidência e da

Modernização Administrativa

Toca piano e é especialista em Di-

reito Económico. Doutorada, com

agregação, e catedrática da Faculda-

de de Economia da Universidade de

Coimbra, tem 63 anos e é conhecida

por ter sido a criadora do Simplex,

o ambicioso plano de moderniza-

ção administrativa, cuja unidade de

missão coordenou, quando Antó-

nio Costa era ministro de Estado,

em 2005. Chegaria a secretária de

Estado da pasta. Nasceu em Que-

limane, Moçambique, mas aos 17

dias de idade já estava a caminho da

metrópole. Gosta de viajar. Já subiu,

de barco, todos os rios portugue-

ses navegáveis. Já teve um blogue

(Causa Nostra). A burocracia, diz,

“ameaça a nossa competitividade

internacional e o nosso bem-estar”.

De esquerda, do Benfi ca e da Aca-

démica, inscreveu-se no MES, logo

após o 25 de Abril, e terminou aí,

“sem grandes saudades”, a sua mi-

litância partidária. Agora ocupará

ma das pastas mais relevantes do

novo executivo. E garante que não

gosta “de falhar”. P.P.

O médico que é gestor

Adalberto Campos Fernandes,

ministro da Saúde

Médico, gestor e coordenador do

programa político do PS para a

área da Saúde, o nome de Adalberto

Campos Fernandes para esta pasta

da não surge como uma novidade.

Licenciado em Medicina e especia-

lista em Saúde Pública, o professor

da Escola Nacional de Saúde Pública

foi presidente do Centro Hospitalar

Lisboa Norte e do Hospital de Cas-

cais. De momento liderava a comis-

são executiva do SAMS, o sistema de

saúde dos bancários. Ficou conheci-

do por conseguir equilibrar as con-

tas. Menos de uma semana antes do

anúncio de que vai integrar o Gover-

no, defendeu a sua tese de doutora-

mento em Administração da Saúde,

dedicada a um tema muito actual:

“A combinação público–privado em

saúde”. Segundo descreveu o econo-

mista da Saúde Pedro Pita Barros, no

seu blogue, a dissertação “refl ecte a

experiência profi ssional” do minis-

tro, mas “a resposta não foi evasiva

(como poderia ter sido), tendo o au-

tor defendido que o sector privado

deve ter as características, incluindo

aqui a dimensão, que melhor sirva o

serviço público”. R.B.S.

A primeira mulher negra a chegar a ministra Francisca Van Dunem,

ministra da Justiça

Nasceu em Luanda há 60 anos e é a

primeira mulher negra a assumir o

cargo de ministra em Portugal. Co-

nhece a Justiça por dentro. Procu-

radora há mais de 30 anos, ocupou

nos últimos oito um dos cargos mais

importantes do Ministério Público,

como procuradora-geral distrital

de Lisboa. Dirigiu igualmente o De-

partamento de Investigação e Acção

Penal de Lisboa e esteve, nos anos

80, na Alta Autoridade Contra a Cor-

rupção. É casada com o professor

catedrático Eduardo Paz Ferreira.

“É uma magistrada altamente qua-

lifi cada e de uma honestidade a toda

a prova”, resume Pinto Nogueira,

antigo procurador-geral distrital do

Porto e seu amigo. O ano passado

concorreu ao Supremo Tribunal de

Justiça e ainda pode vir a tornar-se

juíza conselheira. A violência contra

os idosos e a violência doméstica são

dois temas que lhe são caros. Foi re-

presentante de Portugal no Comité

Europeu para os Problemas Crimi-

nais e no Observatório Europeu do

Racismo e da Xenofobia. Apesar das

funções de relevo, Van Dunem pri-

ma pela discrição. M.O. e A. H.

Um repetente na AgriculturaCapoulas Santos, ministro

da Agricultura

O novo ministro da Agricultura de

António Costa é um repetente no

cargo. Luís Manuel Capoulas Santos,

de 64 anos, foi titular deste minis-

tério entre 1998 e 2002, depois de,

entre 1995 e 1998, ter assumido a Se-

cretaria de Estado da Agricultura

17o número de ministros do Governo de António Costa. Cerca de metade dos ministros já integrou executivos do PS

4é o número de mulheres que integram o XXI Governo Constitucional, que não apostou claramente na paridade

NUNO FERREIRA SANTOS

c

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6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

e do Desenvolvimento Rural e das

Pescas. O actual deputado do PS,

licenciado em Sociologia, tem tra-

balho feito no Parlamento Euro-

peu (PE), onde esteve entre 2004

e 2014, e pelo qual recebeu o pré-

mio de melhor deputado na área da

agricultura, atribuído pela revista

de actualidade política The Parlia-

ment, em grande medida devido ao

seu trabalho como relator da mais

recente reforma da Política Agrícola

Comum (PAC). O seu nome está em,

pelo menos, sete relatórios e reco-

mendações do PE.

Amigo de José Sócrates e um dos

mais infl uentes barões do PS no

Alentejo, Capoulas dos Santos é co-

nhecido pela sua capacidade nego-

cial e de diálogo. A sua boa relação

com a poderosa CAP (Confederação

da Agricultura Portuguesa), que con-

testou abertamente a formação de

um Governo apoiado pelo PCP e pe-

lo Bloco, pode ter sido determinante

para a sua escolha. A.R.S. e M.C.

Regresso à Segurança Social onde foi felizVieira da Silva, ministro

da Segurança Social

José António Vieira da Silva, 62

anos, regressa à Praça de Londres

para assumir o cargo de ministro

da Segurança Social e do Trabalho.

O até agora deputado já tinha ocu-

pado a pasta no primeiro Governo

de José Sócrates (2005-2009) e foi o

rosto da reforma da Segurança So-

cial de 2006, muito elogiada pelas

instituições internacionais. Embora

o programa de Governo do PS fale

na necessidade de diversifi car as

fontes de fi nanciamento da Segu-

rança Social e de discutir o assunto

na concertação social, nesse do-

mínio Vieira da Silva considera-se

“conservador”. Numa entrevista

ao PÚBLICO em 2014, o deputado

criticava um eventual alargamento

do desconto das empresas à riqueza

produzida. Já fazer depender a taxa

social única da natureza dos contra-

tos era considerada “uma medida

justa”. Licenciado em Economia e

professor universitário, no último

mandato de Sócrates foi ministro da

Economia (2009-2011). R.M.

Dos Transportes para o Mar

Ana Paula Vitorino,

ministra do Mar

Já desde a anterior liderança socia-

lista de António José Seguro que esta

deputada navegava pelos assuntos

do Mar. Foi uma das pessoas que

prepararam as matérias relacio-

nadas com o tema no documento

programático que Seguro apresen-

tou antes das eleições europeias. E

teve de partilhar essas competências

quando António Costa assumiu a li-

derança do PS. A sua relação com as

questões marítimas já vem de trás.

Com a sua passagem pela secretaria

de Estado dos Transportes teve de

tratar de temas paralelos. Essa tutela

fez sentido para quem é licenciada

em Engenharia Civil, com um mes-

trado em Transportes. Mas que foi

interrompida quando entrou em

confl ito com o seu ministro, Mário

Lino. Foi directora de uma revista

sobre o Mar, denominada Cluster

do Mar. Mas nestes primeiros me-

ses terá de convencer os peritos do

sector, que ainda a encaram como

uma nomeação suportada mais pela

confi ança política do futuro primei-

ro-ministro do que pela sua compe-

tência nesta área. N.S.L.

Da comunicação para a DefesaJosé Azeredo Lopes,

ministro da Defesa

O seu cargo mais mediático foi o de

presidente da ERC – Entidade Regu-

ladora para a Comunicação Social,

entre 2006 e 2011, precisamente

durante governos socialistas, po-

rém, é na área do Direito que José

Azeredo Lopes tem feito toda a sua

carreira académica. Actualmente é

chefe de gabinete do presidente da

Câmara do Porto, Rui Moreira, de

quem foi também o mandatário da

candidatura, em 2013. É comenta-

dor televisivo e em jornais e gosta

de se apresentar como boavisteiro.

Licenciou-se em 1984 na Faculdade

de Direito da Universidade Católi-

ca do Porto, onde se mantém como

professor. Foi ali que se doutorou

em Ciências Jurídico-Políticas com

a tese Entre Solidão e Intervencio-

nismo. Direito de Autodetermina-

ção dos Povos e Reacções de Estados

Terceiros, em 2002. Diplomado no

Institut Européen des Hautes Étu-

des Internationales (Nice) em 1985.

Participou em diversos grupos de

trabalho e missões internacionais

– foi relator das missões dos obser-

vadores internacionais da consulta

popular em Timor-Leste e do sector

judicial do Banco Mundial a Timor,

ambas em 1999. Em 2002, quando

foi convidado para integrar o grupo

de trabalho sobre o serviço público

de televisão, criado por Nuno Mo-

rais Sarmento (PSD), coordenado

por Helena Vaz da Silva. M.L.

Braço político de CostaEduardo Cabrita,

Ministro adjunto

A nomeação de Eduardo Cabrita

para ministro adjunto resulta mui-

to da proximidade e confi ança que

tem com o líder do PS. Foi colega

de António Costa na universidade e

seu secretário de Estado adjunto de

quando o futuro chefe de Governo

tutelou a Justiça no último Governo

de António Guterres. Depois disso,

esteve ainda no Governo de José

Sócrates, como secretário de Esta-

do adjunto, com a tutela da Admi-

nistração Local. A sua escolha para

um ministério sem pasta resulta da

intenção de Costa poder contar com

Cabrita para a gestão das questões

políticas no quotidiano do Governo.

As últimas vezes que o cargo surgiu

num organigrama governativo foi

com Santana Lopes, que nomeou

Rui Gomes da Silva para o cargo e

Durão Barroso, que escolheu José

Luís Arnaut para o posto. Com An-

tónio Guterres, o cargo pertenceu

primeiro a José Sócrates e depois a

António José Seguro. N.S.L.

Uma especialista em segurança e emigração

Constança Urbano de Sousa,

ministra da Administração

Interna

Constança Urbano de Sousa é uma

aposta pessoal de António Costa,

com quem este trabalhou quando

foi ministro da Administração Inter-

na, entre 2005 e 2007. Nas últimas

legislativas, Constança Urbano de

Sousa foi eleita deputada pelo círcu-

lo do Porto já com o objectivo de in-

tegrar o Governo no caso de António

Costa ser primeiro-ministro. Num

momento em que a Europa vive pro-

blemas como o terrorismo e os refu-

giados, António Costa aposta numa

especialista em assuntos de justiça,

segurança, asilo e emigração. Cons-

tança Urbano de Sousa é professo-

ra na Universidade Autónoma e foi

conselheira e coordenadora da Uni-

dade Justiça e Assuntos Internos da

Representação Permanente de Por-

tugal junto da União Europeia. Du-

rante a presidência portuguesa da

UE, presidiu ao Comité Estratégico

Imigração, Fronteiras e Asilo (CEI-

FA) da União Europeia. S.J.A.

A surpresa

João Soares, ministro

da Cultura

O nome de João Soares para minis-

tro da Cultura foi uma surpresa.

Depois da morte recente de Paulo

Cunha e Silva, vereador da Cultura

do Porto, ter afastado aquela que

era apontada como a solução mais

evidente para a pasta, António Cos-

ta faz regressar este socialista de 66

anos a um passado longínquo. No

currículo do fi lho de Mário Soares e

de Maria Barroso na área da gestão

da cultura destaca-se, entre 1990 e

1995, a vereação desse pelouro na

Câmara de Lisboa, que depois veio

a presidir (1995-2002). Como verea-

dor, deve-se a João Soares a criação

da Videoteca de Lisboa, em 1991, da

Casa Fernando Pessoa, em 1993, ou

a abertura ao público do Arquivo Fo-

tográfi co Municipal em 1994. Foi du-

rante o período em que foi vereador

que se deu Lisboa Capital Europeia

da Cultura em 1994, na altura pre-

sidida por Vítor Constâncio, numa

sociedade de capitais públicos que

juntava a autarquia e a Secretaria de

Estado da Cultura. João Soares foi o

primeiro dos apoiantes de António

José Seguro que saiu em defesa do

actual líder do PS, quando se come-

çava a desenhar o acordo à esquer-

da. Foi Costa, aliás, que o repescou

para as listas do PS. Uma leitura

possível é também a de que Soares

não chegou ao Ministério da Defesa

porque o futuro primeiro-ministro

deu prioridade à pasta da Cultura,

onde precisava de um peso pesado

para substituir a malograda hipótese

de Cunha e Silva. É com a profi ssão

de editor que aparece registado na

página do grupo parlamentar do PS.

Foi no fi nal de 1975 que João Soares

lançou, com Victor Cunha Rego, a

editora Perspectivas & Realidades,

da qual ainda hoje é proprietário,

e que inaugurou a sua actividade

com a publicação de O Triunfo dos

Porcos, de George Orwell, uma sá-

tira à União Soviética de Estaline.

I.S./L.C./L.M.Q.

Os “jovens turcos”

Tal como António Guterres fez con-

sigo, em 1995, António Costa testa a

nova geração de dirigentes do PS em

importantes secretarias de Estado.

E prolongando a comparação, Pe-

dro Nuno Santos é aquele a quem

cabe a difícil tarefa de desempenhar

o primeiro lugar de Costa: secretário

de Estado dos Assuntos Parlamen-

tares. A escolha era natural, uma

vez que foi ele que negociou com

o PCP e o BE os acordos que via-

bilizarão o Governo. Nenhuma das

jovens promessas do partido chega,

directamente, a ministro. Fernando

Rocha Andrade, que está com Cos-

ta desde os tempos do guterrismo,

vai fi car com os Assuntos Fiscais. E

Ricardo Mourinho Félix, que fez

parte da equipa de negociadores

do PS com a esquerda, fi cará com a

secretaria de Estado das Finanças.

João Galamba fi ca no Parlamento,

e será o porta-voz do partido. Ana

Catarina Mendes será a secretária-

geral adjunta. P.P.

NOVO GOVERNO

DANIEL ROCHA

A morte recente de Paulo Cunha e Silva, ainda como vereador da Cultura do Porto, obrigou António Costa a fazer regressar João Soares a um passado longínquo

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8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

NOVO GOVERNO

PHILIPPE HUGUEN/AFP

O desafi o europeu mais

imediato do novo

Governo é provar que,

na zona euro, não há

um modelo único para

alcançar as metas do

défi ce e da dívida e para melhorar

a competitividade da economia.

Não será fácil. A política de Berlim

para reformar a união monetária e

a lógica “fi nanceira” que domina o

Eurogrupo têm-se revelado muito

pouco receptivas a encarar outra

forma de chegar ao mesmo sítio

(vide Atenas), exigindo do novo

Governo um esforço negocial

certamente muito maior do que

aquele que António Costa teve de

fazer com o PCP e o BE, para os

convencer que chegara o momento

de deixarem o seu cómodo

ostracismo. Esta é a prioridade

número um, que vai ser posta à

prova já com a apresentação do

próximo Orçamento em Bruxelas.

Com uma ligeira vantagem: Angela

Merkel empenhou-se a fundo

em manter a Grécia no euro,

garantindo a integridade da união

monetária, contra a vontade do seu

ministro das Finanças, Wolfgang

Schäuble e até de muitos governos

europeus, incluindo o português

(como hoje já se sabe). O BCE

continuará a garantir a estabilidade

das taxas de juro.

A chanceler alemã tomou

consciência de que os desafi os

europeus não se limitam às contas

públicas. As prioridades da agenda

europeia estão hoje sob forte

tensão, na sequência dos atentados

terroristas de Paris. Há questões

de segurança e defesa que não

podem ser evitadas. Estará em

breve em cima da mesa a fase

fi nal das negociações do TIIP

(Parceria Transatlântica para o

Investimento e o Comércio) que

a Alemanha quer e que será uma

opção estratégica com enormes

consequências para a Europa

mas que vai esbarrar com velhas

tendências proteccionistas mais

frequentes à esquerda. Ou seja, o

novo Governo terá pela frente uma

série de decisões e de negociações

de enorme complexidade, muito

para além do cumprimento

do Tratado Orçamental. Se

acrescentarmos as fracas

perspectivas para o crescimento

da economia europeia e mundial,

o quadro europeu será muito

exigente, mesmo que ainda não

completamente clarifi cado.

Falhou o novo ministérioDo ponto de vista da política

europeia, António Costa teve,

aparentemente, de encaixar uma

derrota. Queria um Ministério

para os Assuntos Europeus, que

fi zesse a ponte entre a economia

e as fi nanças, juntando a gestão

dos fundos estruturais até 2020.

Só uma fi gura muito forte e

prestigiada poderia ocupar este

lugar. A aparente recusa de Elisa

Ferreira, eurodeputada do PS, tê-

lo-á obrigado a mudar de ideias.

Essa autonomização faria sentido

porque a política europeia já não

é política externa, mas política

interna, facilitando a articulação

com o gabinete do primeiro-

ministro, onde cabem hoje as

decisões fundamentais sobre a

Europa. O tratado institucionalizou

o Conselho Europeu como o

órgão de orientação política e

de decisão máximo da União. A

crise acentuou ainda mais esta

tendência, mas veio dar também

uma importância excepcional

aos ministros das Finanças, a

quem cabe (com a Comissão) a

gestão do euro nas suas vertentes

orçamentais e económicas.

Nada disto quer dizer que o MNE

seja hoje um ministério esvaziado.

Cabe-lhe orientar quotidianamente

a diplomacia portuguesa no

quadro da diplomacia europeia e

da política comum de segurança e

defesa. Participa no Conselho de

Ministros das Relações Externas,

presidido por Federica Mogherini,

a chefe da diplomacia europeia,

que prepara as decisões dos

líderes. A NATO é outra frente

importante (cada vez mais), onde

se joga também a credibilidade

do país face aos seus aliados. O

MNE tem assento no Conselho do

Atlântico Norte (órgão supremo).

Augusto Santos Silva, com

experiência na Defesa, e inegável

capacidade política, pode exercer

estas funções em boas condições,

impedindo o seu apagamento

na agenda política nacional. As

relações com os Estados Unidos

ou os PALOP são outras frentes

importantes da acção externa, que

o seu estilo polémico não deverá

prejudicar.

Se a Secretaria de Estado dos

Assuntos Europeus for para

Margarida Marques, com uma

longa carreira feita na Comissão

que lhe permite conhecer os

complicadíssimos meandros de

Bruxelas, pode ser bastante útil

para a articulação com o primeiro-

ministro. Costa regressa a um

modelo que já deu provas com

António Guterres, Durão Barroso e

José Sócrates. Com Passos Coelho

e Paulo Portas foi diferente, na

medida em que o anterior Governo

restringiu a política europeia

praticamente à dimensão do euro

e à diplomacia económica em

nome da necessidade de recuperar

a credibilidade externa do país,

atingida pela crise da dívida em

2011. Pode perceber-se esta visão

restritiva. Mas a credibilidade

do país mede-se hoje, cada vez

mais, por um padrão bastante

mais amplo. As consequências

dos brutais atentados de Paris, do

verdadeiro “estado de sítio” nas

ruas de Bruxelas, os avisos dos EUA

sobre a probabilidade de atentados

à escala global ou a guerra na Síria

e as relações com a Rússia obrigam

os países europeus a rever muitos

dos seus cálculos. Neste clima de

crise permanente da integração

europeia, as coisas não vão ser

fáceis para Costa. O PCP não saiu

ainda da concha em que vive

fechado desde que acabou a União

Soviética. O Bloco ainda não se

libertou dos preconceitos contra o

Ocidente. Como isto vai ser gerido,

só a prática o dirá.

O novo Governo vai ter de

enfrentar, além disso, uma

situação que é nova na relação de

Portugal com a União Europeia

e a NATO: o impossível consenso

entre os dois maiores partidos,

que existiu praticamente desde

o 25 de Abril, que se refl ecte nos

programas eleitorais de ambos,

mas que vai ser agora muito

difícil de reconstruir. Se levarmos

a sério as palavras do líder do

PSD, nem neste domínio estará

disposto a viabilizar qualquer

decisão do Governo que não conte

com o apoio do Bloco e do PCP,

independentemente de estar de

acordo ou não com ela.

Costa terá também de encontrar

os seus aliados à mesa do Conselho

Europeu. Perceberá rapidamente

(se ainda não percebeu) que

não lhe vale a pena hostilizar

a chanceler, e que não é fácil

encontrar apoios numa altura em

que cada Governo tende a tratar da

sua vida e a deixar a solidariedade

europeia no frigorífi co, incluindo

os seus amigos socialistas. O novo

primeiro-ministro pode dizer que

o PS é o partido mais europeísta

do país, o que é verdade. Terá de

o provar em circunstâncias muito

difíceis.

Instabilidade na frente europeia

AnáliseTeresa de Sousa

O novo primeiro--ministro pode dizer que o PS é o partido mais europeísta do país, o que é verdade. Terá de o provar em circunstâncias muito difíceis

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PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESTAQUE | 9

Sob forte pressão de Bruxelas,

umas das primeiras prio-

ridades do Governo de

António Costa vai ser a de

apresentar uma proposta

de Orçamento do Estado

(OE) que, em simultâneo, cumpra a

promessa de “acabar com a austeri-

dade” e garanta que o limite de 3%

para o défi ce imposto pelas regras

europeias seja cumprido. Uma tarefa

repleta de incertezas e riscos.

Para muitos portugueses — e

também para as fi nanças públicas

—, os efeitos vão ser sentidos quase

de imediato. Logo no arranque do

próximo ano, mesmo antes do no-

vo orçamento entrar em vigor, os

funcionários públicos vão assistir

a uma aceleração da reversão dos

cortes salariais que ainda estiveram

em vigor em 2015. No primeiro tri-

mestre será reposto 25% do corte,

no segundo 50%, no terceiro 75% e,

fi nalmente, nos últimos três meses

do ano o salário será já recebido por

inteiro. Esta reversão é feita de for-

ma mais rápida do que aquilo que

estava previsto pelo Governo da

coligação, que apontava para uma

reversão de 25% no ano todo.

No que diz respeito ao IRS, a maio-

ria dos portugueses irá sentir, logo

em Janeiro, o efeito da eliminação

de metade da sobretaxa ainda em

vigor em 2015 (passa de 3,5% para

1,75%). Esta medida conduzirá à di-

minuição da retenção na fonte que

é feita pelo empregador, o que signi-

fi ca que o salário líquido irá aumen-

tar. Também neste caso, a redução

da sobretaxa é feita de forma mais

rápida do que o previsto.

Para os aposentados, voltará a ser

aplicada a fórmula de actualização

prevista na lei, que esteve nos últi-

mos cinco anos congelada. Os au-

mentos deverão ser muito modera-

dos (em torno de 0,3%), aplicando-

se a quem tem uma pensão inferior

a 628 euros.

Estas três medidas avançam an-

tes da proposta de OE ser apro-

vada, uma vez que os respectivos

diplomas já foram entregues pelos

partidos da maioria de esquerda e

deverão ser discutidos e aprovados

na Assembleia da República já esta

semana, garantindo que as medidas

entram em vigor logo no arranque

de 2016, seja qual for a data de apro-

vação do OE.

Para apresentar a proposta de Or-

çamento do Estado na Assembleia da

República e, ao mesmo tempo, a en-

tregar às autoridades europeias (que

têm vindo a revelar uma impaciên-

cia crescente em relação ao atraso),

o novo Governo dispõe, por lei, de

90 dias após a sua tomada de posse.

OE: uma complexa tarefaNo entanto, até para começar o seu

mandato passando sinais positivos

a Bruxelas, o executivo vai querer

ser bastante mais rápido do que

isso. Mário Centeno, o economis-

ta escolhido por Costa para liderar

o Ministério das Finanças, já disse

que não vai usar todo esse prazo,

apoiando-se no facto de, nos progra-

mas eleitoral e de Governo, o PS já

ter feito cálculos de impactos orça-

mentais e económicos, o que pode

acelerar o processo.

Ainda assim, na proposta de OE

estarão ainda mais medidas com im-

pacto signifi cativo nas contas públi-

cas e nas contas dos portugueses.

Depois de nas primeiras semanas

do ano se viver em regime de duo-

Sérgio Aníbal

“Acabar com a austeridade” já mas tentar défi ce abaixo de 3% no fi nal do ano

A partir de 1 de Janeiro muitos portugueses vão sentir um aumento do seu rendimento disponível. Em relação ao que isso signifi ca para os resultados orçamentais, as opiniões dividem-se

DANIEL ROCHA

PS espera que aumento de rendimento tenha um efeito na economia

décimos, quando o OE entrar em

vigor o IVA da restauração deverá

passar de 23% para 13%, a TSU dos

trabalhadores com salários abaixo

de 600 euros irá baixar 1,33 pontos

percentuais, a sobretaxa de IRS cai-

rá ainda mais por força do efeito da

subida do salário mínimo e várias

prestações sociais, como o abono

de família, serão colocadas de novo

aos níveis de 2011.

O Governo pretende ainda avan-

çar com um aumento do número de

escalões de IRS, numa medida em

sentido inverso à que foi adoptada

por Vítor Gaspar em 2013, quando

anunciou um “enorme aumento

de impostos”. Como isso será feito,

ainda está em discussão, sendo cer-

tamente uma das tarefas mais com-

plexas da elaboração do OE.

Perante todas estas medidas com

impacto directo negativo no orça-

mento, e incertezas relacionadas com

a evolução da economia europeia ou

as necessidades de recapitalização

da banca, surgem as dúvidas em re-

lação ao que irá acontecer ao valor

do défi ce público no próximo ano.

De acordo com as contas do PS,

feitas tendo como base as previ-

sões da Comissão Europeia, a me-

ta do défi ce para 2016 fi ca em 2,8%,

cumprindo o limite imposto pelas

regras orçamentais da UE. Isto sig-

nifi ca que o impacto esperado com

as medidas adoptadas é nulo, uma

vez que a Comissão Europeia, num

cenário de políticas inalteradas, es-

tá também à espera de um défi ce

de 2,8%.

A explicação dada pelo PS está

no facto de também haver medi-

das com impacto orçamental direc-

to positivo. É o caso da suspensão

da descida planeada no IRS (que já

não é compensada com a descida da

TSU) e do imposto sobre sucessões,

para além de medidas de redução

da despesa.

E há também a convicção, por

parte do PS, sustentada no modelo

económico que serviu de base aos

programas eleitoral e de Governo,

de que o aumento do rendimento

disponível dos portugueses terá um

efeito positivo na actividade econó-

mica que acabará por gerar também

impactos orçamentais positivos ao

nível da receita fi scal.

Ainda assim, e isso já foi assu-

mido por Mário Centeno, o que o

orçamento do novo Governo fará

é apostar num ritmo bastante mais

lento de consolidação orçamental

durante o próximo ano do que aque-

le que está previsto no programa de

estabilidade português entregue em

Abril a Bruxelas. Depois de um dé-

fi ce próximo de 3% em 2015 — que

já terá de ser o novo executivo a ga-

rantir nas últimas semanas do ano

—, o Governo PS aponta para 2,8%

em 2016, um valor que é um ponto

percentual mais alto que os 1,8% de-

sejados pelo anterior Governo.

Os 2,8% de défi ce nominal cum-

prem o limite imposto pelas regras

orçamentais europeias, mas, por se

basearem largamente na retoma da

economia, não devem garantir que

o défi ce estrutural recue 0,5 pontos

percentuais, como as regras euro-

peias também exigem.

Explicar à Comissão e aos seus par-

ceiros do Eurogrupo aquilo que leva

a apresentar estes valores será, para

Mário Centeno, uma das tarefas mais

difíceis do início do seu mandato.

1,75%O efeito da eliminação de metade da sobretaxa do IRS, que passa de 3,5% para 1,75%, vai sentir-se já em Janeiro

13%Quando o OE entrar em vigor, o IVA da restauração deverá passar de 23% para 13%

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10 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

NOVO GOVERNO

Outras prioridades e urgências

Novo Banco e Banif, dois dossiers para Costa resolver

O novo primeiro-ministro, António Costa, tem pela frente desafios importantes, como os que envolvem o

futuro do Novo Banco e do Banif. Dois casos difíceis que podem voltar a exigir apoio público para suprir necessidades de capital.

O próximo Governo dispõe de uma pequena janela para negociar com Bruxelas auxílios públicos ao sector bancário. A partir de 1 de Janeiro de 2016, as instituições financeiras só podem recorrer à ajuda do Tesouro depois de alvo de um bail-in, um resgate por meios internos. Ou seja, os obrigacionistas juniores e seniores e os grandes depositantes (com mais de 100 mil euros) serão chamados a socorrer o banco até 8% do balanço (transformando dívida e depósitos em capital). A decisão é extrema e não há quem queira ouvir falar dela, pois traduzir-se-á, provavelmente, na fuga de depósitos e no agravamento da percepção de risco do país (o que vai piorar o custo a que a banca se financia).

Mas 2015 aproxima-se do fim e é previsível que o ministro das Finanças indicado, Mário Centeno, com origem no Banco de Portugal (BdP), comece desde já a conversar com Frankfurt (BCE) e com Bruxelas (DGcom) para definir calendários e modelos de recapitalização, mas também negociar quadros de excepção.

O presidente da CGD, José Matos, veio garantir que um aumento de capital não está neste momento em cima da mesa, o que retira pressão às novas autoridades que já excluíram a hipótese de privatização do banco público (algo que Passos Coelho admitia).

Já o Banif destaca-se como um caso urgente. Em Dezembro de 2012 recebeu 1100 milhões de euros de apoio estatal: 400 milhões por via de obrigações de capital contingente (CoCos)

e 700 milhões por injecção de verbas. Em 2014, Jorge Tomé liquidou parte do empréstimo, 275 milhões, mas falhou o pagamento da última tranche de 125 milhões. De acordo com as regras europeias, por estar em incumprimento, pode ser instado a devolver o que recebeu do Estado no contexto do plano de recapitalização, o que atiraria o banco para uma má posição. E Bruxelas chumbou entretanto o plano de viabilidade do Banif (parcialmente nacionalizado) e condiciona o auxílio público a medidas draconianas contestadas.

Mas o dossier que tenderá a dar maiores dores de cabeça a Mário Centeno é o do Novo Banco: está à venda pela segunda vez; o BCE apurou novas necessidades de capital de quase 1400 milhões de euros; é alvo de um plano de reestruturação, com alienação de activos e cortes que podem deixar o banco com piores indicadores.

O tempo vai passando sem que se apresentem soluções óbvias para os problemas do Novo Banco. Hoje a principal preocupação é saber como é que as exigências de capital de 1400 milhões são asseguradas, o que terá de estar concluído até Junho de 2016. O governador do BdP, Carlos Costa, afastou a hipótese de ser o Estado a avançar e garantiu que será um privado a injectar os fundos em falta, mediante a compra da maior parte do capital. Mas que investidor se vai interessar pelo activo sem saber qual o quadro jurídico da resolução? Isto dado ser um banco de transição que terá de estar resolvido em dois anos, até Agosto de 2016, caso contrário será liquidado. O prazo pode ser estendido até mais três anos, o que depende de Bruxelas, mas o BdP ainda não esclareceu se já pediu o adiamento.

Em simultâneo, há que avaliar o impacto das perdas da resolução no sector. Os bancos concorrentes do BES colocaram 4900 milhões de euros (3900 milhões com financiamento estatal) no Fundo de Resolução, um instrumento público, para

meter no Novo Banco. Hoje é um dado adquirido que o BdP e o anterior Governo fizeram mal as contas, razão pela qual o concurso público de venda foi suspenso sem uma única oferta firme para adquirir a instituição.

Os socialistas já classificaram de opção política o esquema de resolução do BES, que deu origem ao Novo Banco, mas também o timing (antes das legislativas) para o colocar no mercado. É, por isso, expectável que António Costa procure “tirar a fotografia completa” ao Novo Banco, para evitar ser contaminado por decisões alheias. Mas não vai agravar o retrato da instituição (que tem até sábado para enviar para Bruxelas o seu plano de recapitalização), pois sabe que será o seu Governo a resolver o imbróglio herdado de Passos Coelho. Cristina Ferreira

Subconcessões dos transportes públicos na mira do PS

Os contratos de subconcessão dos sistemas de transportes públicos de Lisboa e Porto vão ser anulados,

cancelados, revertidos. A terminologia usada por cada bancada dos partidos à esquerda não foi sempre a mesma, mas a consequência imediata é só uma: os processos de subconcessão que resultaram na assinatura de contratos com a Avanza (para explorar as operações da Carris e Metro de Lisboa, com a Transdev (para operar a Metro do Porto) e com a Alsa (para operar a STCP) vão voltar à estaca zero. Se o eventual pagamento de indemnizações só pode vir a ser decidido em tribunal arbitral — sendo certo que, em termos legais, estes contratos ainda não começaram a produzir efeitos, porque ainda não foram visados pelo Tribunal de Contas —, haverá com certeza lugar a devolução de cauções e das custas que os privados já tiveram com estes processos.

RITA FRANÇA

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PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESTAQUE | 11

Estas empresas vão permanecer na esfera estatal, e a consolidar contas enquanto tal (em 2013, os resultados operacionais negativos das quatro empresas ficaram na ordem dos 330 milhões de euros). O que é possível é contabilizar as poupanças que foram anunciadas pelo anterior Governo em alguns destes contratos: por exemplo, o contrato com o grupo Avanza representaria poupanças, quer para as empresas, quer para o Estado, de 215 milhões ao longo do período dos contratos.

Depois de anulados os contratos de subconcessão, os partidos à esquerda ainda terão de se entender acerca do figurino futuro das empresas. No caso da Carris, Metro de Lisboa e STCP, se continuam sob tutela directa do Estado, que nomeia administrações e decide transferências de capital, ou se permite uma maior capacidade de gestão das autarquias (como tem defendido o BE, e o PS, no caso concreto de Lisboa); no caso da Metro do Porto, se será necessário lançar um novo concurso para encontrar um operador (a Via Porto tem contrato prorrogado até Março), ou se passa a ser a própria empresa pública a, pela primeira vez, tomar as rédeas da operação.

Já as intenções do novo Governo quanto à TAP não são claras. A privatização da companhia ficou fora dos acordos assinados à esquerda porque não há uma posição comum: o PCP, os Verdes e o Bloco querem a TAP 100% pública, enquanto o PS admite entregar 49% da empresa a privados. Mas essa é uma opção que já se tornou inviável, tendo em conta que a venda de 61% da transportadora ao consórcio Atlantic Gateway ficou fechada no dia 12. Se na véspera desta assinatura a vice-presidente da bancada socialista, Ana Paula Vitorino (que deverá ser a nova ministra do Mar), protagonizou uma jogada mais incisiva com o envio de uma carta ao presidente da Parpública, pressionando-o a não assinar o contrato, no próprio dia o PS remeteu-se ao silêncio.

Foi já no último sábado que o líder do PS acusou o Governo de “fingir” a privatização da TAP, fazendo “um favor aos privados” (David Neeleman e Humberto Pedrosa, accionistas da Gateway). “Aquilo que este Governo fez foi fingir que privatizava a TAP toda, mas ficando o risco todo do lado de cá e toda a oportunidade do lado de lá”, disse, num plenário com militantes em Coimbra, citado pela Lusa. Costa falava depois de o Expresso ter divulgado o documento em que a Parpública garante aos bancos credores da TAP que se houver riscos no pagamento da dívida, a empresa será renacionalizada, voltando o Estado a garantir os empréstimos. O futuro primeiro-ministro repetiu que aceitava, no limite, uma privatização de 49% da transportadora. Mas não explicou o que fará perante um facto consumado. Ana Brito

Menos alunos por turma, menos carga horária e menos exames

Acumprirem-se as promessas do PS na área da Educação, com o novo Governo o país vai assistir à inversão

da tendência acentuada, nos últimos anos, para centrar as aprendizagens no Português e na Matemática e para as “medir”, de preferência através da avaliação externa. Com o fim antecipado dos exames no 4.º ano, o destaque, neste aspecto, vai para a prometida redução do número de alunos por turma, para a diminuição da carga horária disciplinar dos estudantes e para a aposta numa diversificação curricular, nas artes e na cidadania. Do ponto de vista dos alunos, a mudança, a concretizar-se, será significativa; para os professores, pode representar ainda uma viragem na curva do desemprego, já que a redução do número de docentes promovida pelo ex-ministro Nuno Crato não resultou apenas da quebra da natalidade. Foi também provocada,

precisamente, pelo aumento do número de alunos por turma e pelas alterações curriculares, com a extinção da Formação Cívica, do Estudo Acompanhado e da Área de Projecto e a redução dos tempos consagrados, por exemplo, à Educação Visual e Tecnológica, em favor das chamadas disciplinas por ele consideradas “estruturantes”: a Matemática e o Português.

Outra das medidas com impacto na Educação — e, neste caso, imediato, já nesta semana — coincide com a entrada em funções do novo Governo, mas verificar-se-ia ainda que ele não existisse, graças à maioria de esquerda na Assembleia da República: trata-se do fim dos exames de Português e de Matemática no 4.º ano de escolaridade, já neste ano lectivo, que depois de amanhã será proposto pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP e que o PS já anunciou que vai apoiar. No seu programa, os socialistas propunham-se “reavaliar a realização de exames nos primeiros anos de escolaridade”.

O mesmo se passa em relação à contestadíssima prova de acesso à profissão para professores, que o PS de José Sócrates colocou no Estatuto da Carreira Docente e o ex-ministro Nuno Crato transformou numa bandeira do PSD/CDS-

PP de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. Ainda que António Costa não fosse indigitado, ela seria eliminada pela maioria parlamentar, esta sexta-feira. No seu programa de Governo, o PS prometia suspendê-la, mas vai votar a favor da eliminação. Graça Barbosa Ribeiro

Aumento do salário mínimo é para avançar já em 2016

Uma das prioridades do Governo de António Costa mal tome posse é apresentar aos parceiros sociais a sua

proposta de aumento do salário mínimo nacional (SMN), para garantir que ela entra em vigor a 1 de Janeiro de 2016.

O PS tem uma proposta muito concreta para a evolução da remuneração mínima que, em 2014, abrangia quase 20% dos trabalhadores por conta de outrem. Em 2016, o salário mínimo deverá aumentar 5%, passando dos actuais 505 para os 530 euros, e em 2017 deverá chegar aos 557 euros mensais. O objectivo é que, no final da legislatura, em 2019, o SMN chegue aos 600 euros.

De acordo com a lei, a decisão de aumentar o SMN cabe ao Governo, depois de ouvir os

parceiros sociais na Comissão Permanente de Concertação Social. A proposta em cima da mesa para o próximo ano não agrada nem a todos os patrões — que a querem ver discutida em conjunto com outras matérias e com base numa avaliação — nem à CGTP, que reclama 600 euros a 1 de Janeiro de 2016. O valor fica, contudo, muito próximo dos 535 euros propostos pela UGT.

O PS nada disse sobre se estará disponível para negociar um acordo mais abrangente. Mas, em 2006, quando era ministro da Segurança Social e do Trabalho, Vieira da Silva (que agora assume a mesma pasta) promoveu um acordo de médio prazo em torno do aumento do SMN, tendo conseguido juntar à mesma mesa as quatro confederações patronais, a UGT e a CGTP.

O objectivo era colocar o SMN nos 500 euros em 2011, o que acabou por não se concretizar. Antevendo-se o que uns meses mais tarde viria a concretizar-se, com a entrada da troika em Portugal, a ministra de então não foi além dos 485 euros.

Nos anos seguintes, esta remuneração foi congelada. Em Outubro do ano passado, após a insistência dos patrões — que desejavam ver os rendimentos dos trabalhadores aumentar para assim animarem o consumo interno — e das centrais sindicais, o salário mínimo subiu para 505 euros.

Na sequência desse aumento, foi criada uma comissão para avaliar os efeitos do aumento do SMN. Os patrões, nomeadamente a Confederação da Indústria Portuguesa, entendem que cabe a esta comissão “sugerir aos parceiros sociais que valor é possível aumentar em 2016”. “Podemos falar em utopias de 600 euros, podemos falar noutro valor qualquer, mas sem criarmos riqueza não a podemos distribuir”, alertava António Saraiva, o presidente daquela confederação. Raquel Martins

Podemos falar em utopias de 600 euros (...) mas sem criarmos riqueza não a podemos distribuir António SaraivaPresidente da Confederação da Indústria Portuguesa

DANIEL ROCHA

Page 12: Publico.25.11.2015

12 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

NOVO GOVERNO

As reuniões eram discretas,

com um grau de secretis-

mo que não servia apenas

o propósito de avançar nas

negociações sem intromis-

sões exteriores. Era uma

exigência, sobretudo do PCP. Mas

há acasos que nem o mais discre-

to negociador pode prever. Como

cruzar-se com jornalistas, depois

da meia-noite, no (escasso) trânsi-

to da Avenida António Augusto de

Aguiar, em direcção ao Marquês do

Pombal, em Lisboa. António Costa no

banco da frente do primeiro carro.

Ana Catarina Mendes e Carlos César

no banco traseiro da viatura de trás.

Todos com o telemóvel na mão.

Vinham da sede comunista, na

Rua Soeiro Pereira Gomes. Aconte-

ceu no passado dia 4, e tinham tido

uma reunião pouco conclusiva com

a direcção do PCP. Por essa altura, há

15 dias, já não havia grande celeuma

à volta das medidas concretas que o

acordo iria consagrar. O que faltava

era um acordo político que satisfi zes-

se as duas partes.

Nas várias voltas que este acordo

deu, o PCP liderou a dança. Foi Jeró-

nimo de Sousa, logo no dia 7 de Outu-

bro, que afi rmou, à saída de uma reu-

nião com António Costa, que o seu

partido estava pronto “para assumir

todas as responsabilidades, incluin-

do governativas”. Isto foi dito em pú-

blico. Dentro da sala, Costa “só não

abriu a boca de espanto porque pare-

cia mal”, garante um dirigente do PS.

Mas foi o mesmo partido que, até

ao fi m, impediu que existisse um

acordo, comum, entre todas as forças

de esquerda e se recusou a assinar um

compromisso mais explícito sobre a

duração do apoio parlamentar a um

eventual Governo do PS. Essas viriam

a ser duas das maiores críticas que

PSD e CDS fi zeram sobre a fragilidade

da maioria parlamentar da esquerda.

Para os comunistas, mais impor-

tante do que o acordo, formal, é a

“palavra dada” — têm repetido alguns

dirigentes. Costa também tem dito,

aos seus, que confi a “a 114%” no PCP.

Não menos surpreendente foi a

forma rápida como o Bloco de Es-

querda e o PS se entenderam quanto

às medidas e quanto ao alcance polí-

tico do acordo. Catarina Martins foi a

primeira dos três a estabelecer regras

para uma negociação. Fê-lo logo na

pré-campanha, num debate com An-

tónio Costa, na TVI. “Se o PS estiver

disponível para abandonar esta ideia

de cortar 1600 milhões nas pensões,

abandonar o corte na TSU e abando-

nar esta ideia do regime compensa-

tório, cá estarei no dia 5 de Outubro

para conversar sobre um Governo

que possa salvar o país.”

Não foi a 5, foi a 12 de Outubro.

Nesse primeiro encontro, Costa te-

rá percebido que o BE iria tão longe

como o PCP. E como, em simultâneo,

percebia que o diálogo com Passos e

Portas não avançava, cedo colocou

todas as fi chas nessa hipótese que

parecia, então, remota.

No entanto, num mês, os partidos

de esquerda conseguiram fechar o

Paulo Pena

O que a esquerda andou para aqui chegar

Há um mês e meio, começou uma aproximação inédita. Como Costa, Jerónimo e Catarina ultrapassaram 40 anos de divergências e assinaram um compromisso que garantem ser “duradouro”

NUNO FERREIRA SANTOS

Disponibilidade do PCP para viabilizar solução governativa à esquerda surpreendeu PS a 7 de Outubro

acordo sobre um conjunto de me-

didas que todos aceitam e que fará

parte do programa do Governo que o

PS apresentará ao Parlamento

A meio deste processo, os três lí-

deres foram falando. Umas vezes ao

telefone, outras em encontros dis-

cretos, longe dos olhares dos jorna-

listas. Nestas conversas desbloquea-

vam pontos negociais mais difíceis e

combinavam o que diriam em públi-

co sobre as negociações. Foi isso que

permitiu um discurso quase unânime

à saída da primeira audição com Ca-

vaco Silva, antes de o Presidente indi-

gitar Passos Coelho. Isso seria “uma

perda de tempo”, disseram todos.

Na altura, talvez ainda estivesse

em aberto o calendário para a de-

volução da sobretaxa do IRS, ou o

ritmo do aumento do salário míni-

mo nacional. Mas a “cola” política

do acordo já era clara. Nas palavras

do chefe dos negociadores do PS,

Pedro Nuno Santos, numa entrevis-

ta ao PÚBLICO, isso tornava-se cada

vez mais claro: “Estamos a fazer o

acordo e ele prevê como o Governo

se deve comportar em situações ex-

cepcionais. Portanto, se houver sur-

presas orçamentais, nós queremos

assumir o compromisso de que isso

não vai afectar os rendimentos dos

trabalhadores, dos pensionistas, que

não haverá cortes nas pensões, nos

salários, ou aumentos nos impostos

sobre rendimentos do trabalho.”

Enquanto o PS não se desviar des-

se rumo, BE e PCP garantem o seu

apoio. Mas há outra “cola”, porventu-

ra mais efi caz. O acordo de esquerda

é tão popular, e desejado, nas bases

eleitorais de PCP e BE que qualquer

movimento táctico de afastamento

pode causar danos imprevisíveis. Ne-

nhum dos partidos quer aparecer co-

mo “culpado” da queda do Governo

numas futuras eleições antecipadas.

Esta é a garantia mais próxima de um

acordo “estável e duradouro”, como

pediu Cavaco Silva. Mesmo que os

pontos de discórdia —política euro-

peia à cabeça — estejam assumida-

mente entre parêntesis.

Uma espécie de “núcleo duro” do

Governo de Costa começou a mos-

trar-se nestas negociações. O mais

interventivo nas reuniões de negocia-

ção, pelo PS, foi o economista Mário

Centeno. Afi nal, foram coordenados

por ele os cálculos do cenário macro-

económico que serviram de base ao

programa eleitoral do partido. E foi

por ele que passaram os principais

embates com os partidos de esquer-

da que exigiam uma mudança pro-

funda na estratégia. Questões como o

“estímulo económico” que Centeno

pretendia provocar com a baixa na

TSU e as questões laborais — de que

não queria abdicar como “símbolo”

de uma política de apoio à competi-

tividade — acabaram por cair.

Além de Centeno e de Pedro Nu-

no Santos, o PS escolheu para a sua

equipa Ricardo Mourinho Félix, eco-

nomista do Banco de Portugal, depu-

tado eleito por Setúbal. Da equipa faz

parte também um assessor especial

do grupo parlamentar, Hugo Mendes,

sociólogo, investigador universitário,

especialista em assunto sociais (é um

dos autores do livro Estado Social: De

Todos para Todos). Adalberto Campos

Fernandes e Helena Freitas também

passaram pela mesa das negociações.

O Bloco levou uma equipa de jo-

vens deputados, liderada por Jorge

Costa, vice-presidente da bancada,

e Mariana Mortágua. O PCP apostou

em três membros da comissão polí-

tica do comité central. O mais velho

é Jorge Cordeiro, de 59 anos. João

Oliveira, líder parlamentar, e Vasco

Cardoso, formado em Gestão, ainda

não chegaram aos 40.

O acordo foi assinado, à porta fe-

chada, às 13h30 de dia 10, na Sala

Tejo do Parlamento. Tem um nome

complicado, a que falta um artigo:

“Posição conjunta sobre solução

política”. Os líderes não se chega-

ram a cruzar todos na mesma sala.

Costa tem dito, para tranquilizar os

socialistas, que é com pequenos pas-

sos que o acordo se vai construindo.

Os três partidos vieram, de facto, de

longe, como cantava José Mário Bran-

co. O futuro dirá se chegam longe. Ou

se houve alguém que se enganou.

Page 13: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESTAQUE | 13

Diversas instituições fi nan-

ceiras internacionais alertam

para “várias incertezas”

relativamente à economia

portuguesa. Apesar de ser

ainda cedo para analisar ao

certo se o novo Governo socialista irá

reverter grande parte das medidas

de austeridade impostas nos últimos

anos, há preocupações com a

situação fi nanceira nacional. Além

de a consolidação orçamental

ser “complicada”, o elevado

endividamento do país e os altos

níveis de crédito malparado são

problemas que o novo Governo terá

de enfrentar.

“Estamos a seguir de perto toda a

situação. O que identifi camos nes-

te momento é que há ainda muitas

incertezas no país e que este não

está ainda em território totalmente

seguro,” disse Moritz Kraemer, di-

rector global de ratings soberanos

da Standard&Poor’s. “A consolidação

orçamental é ainda bastante compli-

cada e a dívida... É uma das maiores

no mundo”, disse Kraemer, adian-

tando que “é preciso um grande es-

forço” para resolver o problema do

endividamento e, para tal, não bas-

tará apenas uma legislatura.

De acordo com os últimos dados

da Comissão Europeia, a dívida pú-

blica nacional deverá atingir 128,2%

do PIB este ano — um decréscimo de

dois pontos percentuais face a 2014

Instituições internacionais dizem que país ainda não está em “território seguro”

Sílvia Amaro, Bruxelas— e deverá continuar a diminuir de

ano para ano, chegando aos 121,3%

no fi nal de 2017. Também o défi ce

português parece estar a seguir uma

trajectória de diminuição. Depois de

um défi ce de 7,2% em 2014, a Comis-

são prevê que fi que perto dos 3% este

ano e chegue aos 2,9% em 2016.

Mas “o processo de reforma preci-

sa de continuar,” disse ao PÚBLICO

fonte de uma organização fi nancei-

ra internacional. “A economia ainda

não é sufi cientemente competitiva

e precisa de crescer mais depres-

sa”, adiantou a mesma fonte, que

levantou também preocupações re-

lativamente ao crédito malparado.

Portugal tem registado um cresci-

mento “moderado”, benefi ciando

também de boas condições externas,

chamou a atenção para a importân-

cia de reforçar a retoma económica e

manter o caminho reformista.

“É crucial que Portugal garanta

disciplina nas fi nanças públicas e

que continue o programa de refor-

mas económicas com o objectivo de

promover o investimento, e estimu-

lar o crescimento e o emprego”, disse

Tusk. O ex-primeiro-ministro polaco

lembrou na mesma carta que é fun-

damental que Portugal mantenha a

estabilidade política e coesão social

para responder aos desafi os nacio-

nais e europeus. Na carta a Costa,

Tusk, que o irá encontrar já no do-

mingo numa cimeira extraordinária

em Bruxelas, agradeceu ainda o “em-

penho” e as “várias contribuições”

de Passos Coelho.

É crucial que Portugal garanta disciplina nas finanças públicas e que continue o programa de reformas económicas Donald TuskPresidente do Conselho Europeu

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como uma política de estímulo mo-

netário por parte do Banco Central

Europeu e da queda do preço do

petróleo. Kraemer adianta que para

a avaliação da S&P “não importam

os partidos políticos”, mas “obvia-

mente” que a instituição fi nanceira

avaliará “o que vier a seguir.”

Há organizações fi nanceiras que

vêem o acordo ente o PS, PCP e BE

como uma “situação muito instável”,

mas querem primeiro ver o progra-

ma do novo Governo, antes de tira-

rem conclusões. “Portugal já não está

num programa fi nanceiro mas tem

compromissos perante a UE”, lem-

brou fonte europeia. Numa carta de

felicitações enviada ontem ao futuro

primeiro-ministro, o presidente do

Conselho Europeu, Donald Tusk,

Page 14: Publico.25.11.2015

14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Portugal lidera aumento do peso das despesas das famílias no superior

É um recorde pela negativa o que

Portugal alcança no último retrato

dos sistemas educativos apresenta-

dos pela Organização para a Coope-

ração e Desenvolvimento Económico

(OCDE): a percentagem da despesa

dos privados, sobretudo das famílias,

no ensino superior é a mais alta da

União Europeia (UE) — 45,7%.

Segundo os dados apresentados

no relatório Education at a Glance

divulgado ontem, acompanham-

nos neste pódio, na UE, a Hungria

(45,6%) e o Reino Unido (43,1%), a

que se juntam nos 46 países analisa-

dos, 34 dos quais da OCDE, o Japão

(67,7%), o Chile (65,4%) e os Estados

Unidos (62,2%).

Em comum têm também o facto de

este aumento da contribuição privada

ser sobretudo alimentado pelas famí-

lias. Da fatia de quase 46% respeitan-

te a Portugal, 35% foram suportados

pelas famílias. Em média este valor

na UE foi de 14% e na OCDE de 21,7%.

Educação com melhores resultados, mas ainda

Qualificação da população por nível de ensino em 2014Entre os 25 e os 64 anos, Em %

Despesa por estudante no ensino públicoEm 2014, em dólares convertidosusando a paridade do poder de compra

QUEM SÃO OS PROFESSORES?Docentes por idade no ensino primário (1.º e 2.º ciclos) Em 2013 (%)

Despesa pública na EducaçãoEm % do PIB

Básico Secundário Superior

0 20 40 60 80 100

Média UE21

Média OCDE

Portugal

UE21(Média)

OCDE(Média)

Portugal

População com 25 a 34 anoscom ensino secundárioEm 2014, em %

Jovens entre os 15 e os 29 anosque não trabalham nem estudamEm 2014, em%

65

83

85

Básico e Secundário Superior

Portugal

OCDE

UE21 12.994

5727

11.913

Fonte: Education at a Glance 2015, OCDE

MulheresHomens

20122010

UE21(Média)

OCDE(Média)

Portugal 17,817,6

13,217,9

14,217,1

9066

7444

8683

4,9 4,94,5 4,8 4,65,0

UE21OCDEPortugal

Portugal

60 ou mais50-5940-4930-39Menos 30 anos

OCDE UE21

2

1311

3128 27

33

2830 31

2527

35 5

70 67 70

Professores dosexo feminino

em todosos níveis

de ensino (%)

Relatório Education at a Glance avalia sistemas educativos em 46 países. Portugal surge com um recorde pela negativa, mas tem nota positiva na despesa pública em investigação

EducaçãoClara Viana

Mas o contraste está também na

comparação dos valores portugue-

ses com as médias e tendências da

OCDE e da UE. Enquanto em Por-

tugal a despesa dos privados subiu,

entre 2010 e 2012, de 31% para quase

46%, na OCDE a média destes gastos

desceu de 31,6% para 30%, e na UE a

queda foi de 23% para 22%.

Os dados relativos às despesas na

educação neste relatório datam de

2012 e dão conta, sobretudo, do im-

pacto da crise económica no sector —

mas também de situações anteriores

e que se mantêm. Em 2012, o valor

anual das propinas no superior pú-

blico rondava os 1000 euros, perto

do actual, e no Reino Unido ultrapas-

sava os 4000 euros. Virtualmente,

na altura, Portugal era o 10.º país na

UE com propinas mais caras, mas,

devido aos apoios dos Estados e a

muitas excepções praticadas nou-

tros Estados, acabava por se situar

no terceiro lugar dos que exigiam

maior despesa das famílias.

A este cenário de base juntou-se

em 2012 o facto de “a maior parte

das famílias portuguesas ter sofri-

do uma quebra de rendimentos,

enquanto os gastos para manter os

fi lhos no ensino superior permane-

ceram iguais”, lembra ao PÚBLICO

o presidente do Conselho dos Reito-

res das Universidades Portuguesas

(CRUP), António Cunha. Soma-se

ainda “uma redução dos apoios da

Acção Social Escolar”, que então se

registou e que no superior se traduz

sobretudo nas bolsas atribuídas.

António Cunha salienta que este

panorama começou a mudar de no-

vo, para melhor, a partir de 2014.

Nesse ano foram revogadas também

as regras instituídas durante o Go-

verno de José Sócrates, em 2010, que

excluíam do direito a bolsas os alu-

nos cujas famílias tinham dívidas às

Finanças ou à Segurança Social.

Estaremos, portanto, neste rela-

tório da OCDE, face a um retrato do

passado recente, mas que dá conta

de consequências que são duradou-

ras em muitos agregados e que, em

Portugal, contribuiu para a quebra

de candidatos ao ensino superior

registada a partir e 2010 e que só se

inverteu este ano.

É uma relação directa: quando

a despesa das famílias aumenta no

ensino público, é porque o contri-

buto do Estado diminuiu. Entre

2010 e 2012 registou-se uma quebra

na despesa pública nas instituições

em 11 países da OCDE, Portugal in-

cluído.

Em cinco países essa redução foi

de 5% ou mais. São eles, segundo a

OCDE, a Hungria, Itália, Portugal,

Eslovénia e Espanha. Existem dife-

renças entre eles? Sim. Portugal foi

o que teve a maior quebra no con-

junto de todos os níveis de ensino:

14%. Só no ensino superior passou

de um peso de 69% em 2010 para

54,3% em 2012.

Mas a OCDE não traça o retrato

de Portugal só a negro. Refere, por

exemplo, que dos 23 países que ti-

nham dados separados em relação

à despesa pública em investigação,

Portugal fi gurava entre os dez em

que esta fatia representava, pelo me-

nos, 40% do custo total por aluno no

ensino superior. Que por cá continu-

ava, em 2014, a ser bem inferior às

médias da OCDE e da UE: cerca de

5400 euros em Portugal por compa-

ração a entre mais de 11 mil e 12 mil

de média na OCDE e na UE.

Há mais mestres do que licenciados

Uma alteração nos níveis da Classificação Internacional Normalizada da Educação, conhecida

pela sua sigla em inglês ISCED (International Standard Classification of Education), terá levado Portugal a um destaque pela positiva na edição de 2015 do Education at Glance, que constata que escolaridade da população é “bastante desigual”. Por um lado, continua a ser o segundo país da OCDE com uma percentagem mais elevada da população entre 25 e os 64 anos que não concluiu o ensino básico (36%). Mas, por outro, na população da mesma faixa etária “17% têm o grau de mestre, bem acima da média da OCDE, que se situa nos 11%”,5% de adultos com licenciatura e 1% com doutoramento.

Neste relatório da OCDE foram aplicados os novos níveis

do ISCED aprovados em 2011 para responder à proliferação de diferentes ofertas no superior e alterações da reforma de Bolonha. Ao PÚBLICO o consultor da OCDE Diogo Paula admite que a reforma de Bolonha “pode ser uma das explicações” para o salto na percentagem de mestres, mas alerta também que “há menos portugueses do que a média a obter um diploma de mestrado como primeira qualificação do superior, o que seria o equivalente a um programa de cinco anos”. Na verdade, 15% têm o mestrado como primeira formação contra uma média de 18% na UE. Já o valor dos que obtiveram um grau de bacharelato ou equivalente, incluindo as licenciaturas de 1.º ciclo de Bolonha, sobe para 85%, rondando a média na OCDE e na UE os 70%.

Page 15: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | PORTUGAL | 15

muito aquém da OCDE

PÚBLICO

População entre os 30 e os 34anos com ensino superiorEm%

Rácio de alunos por professorEm 2013

SALÁRIOS APÓS 15 ANOSEm dólares convertidos usando a paridade do poder de compra

NÚMERO DE HORAS DE AULAS DE ENSINO DOS PROFESSORES

Despesa suportada pelas famílias e outros privados na educação Em %

UE21(Média)

OCDE(Média)

Portugal

População entre os 55 e 64 anoscom ensino secundárioEm 2014

23

66

68

20142011

2631

39 4237

40

População 25-64 anos com ensinosecundário por tipo de formaçãoEm 2014, em%

UE21OCDEPortugalUE21OCDEPortugal

6

1622 26

13

43

29

11

47VocacionalGeralTotal

13 13 14

9

PORTUGAL UE21OCDE

1512

OCDEUE21

Portugal

14,89,4 7,2

45,7

3031,622,7 21,9

Ensino superiorBásico e Secundário2012 2010 2012 2010 2012 2010 2012

Portugal

OCDE

UE21

Pré Primária 3.º Ciclo Secundário

Portugal

OCDE

UE

Pré Primária 3.º Ciclo Secundário

36.663

38.653

38.688

36.663

41.245

40.519

36.663

42.825

42.485

36.663

44.600

44.507

2011 2013

965

994

977

960

1005

995

880

790

777

747

772

756

774

709

669

609

694

656

774

664

651

609

643

625

Básico Secundário

31

A clivagem entre gerações em Por-

tugal entre os que têm o ensino se-

cundário “é a maior dos países” da

Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Económico (OC-

DE). Em 2014, 65% do grupo entre

os 25 e os 34 anos tinham concluído

este nível de ensino, enquanto na

população dos 55 aos 64 anos esta

percentagem “era apenas de 23%”

contra 66% na OCDE.

Esta é uma das conclusões do últi-

mo relatório sobre o estado da edu-

cação divulgado ontem. Apesar do

progresso registado entre os mais

novos, a percentagem dos que con-

cluíram o secundário neste grupo

“continua aquém da média da OC-

DE, que se situa nos 83%”. É outra

das constatações presentes na edição

de 2015 do Education at Glance.

Para Joaquim Azevedo, professor

da Universidade Católica e especialis-

ta em educação, este distanciamento

de Portugal vem confi rmar, de novo,

que “o nosso atraso é mesmo estru-

tural e não se resolve com qualquer

voluntarismo ou com pressa”. “Só

mesmo o tempo cura estes desastres

do séc. XX português”, adianta.

Mas entretanto, acrescenta, “há

algo a fazer que pode ir ajudando a

acelerar o processo de escolarização

da população mais jovem”. Entre as

medidas que destaca com este fi m

fi guram “a escolaridade obrigatória

até aos 18 anos e o desenvolvimen-

to de mecanismos de fl exibilização

curricular para a realização mais di-

versifi cada do nível secundário de

ensino e formação”.

Esta última proposta pressupõe

que Portugal “tem de abandonar a

ideia de que os jovens fazem todos ou

o ensino geral ou o ensino profi ssio-

nal, o que não é verdade em nenhum

país europeu”. Por isso diz que “é

preciso fomentar outros projectos

e dinâmicas e sustentar redes locais

de instituições de ensino e formação

para se encontrar sempre uma pro-

posta educativa para cada um. E é

necessário também reforçar a boa

ligação à comunidade e aos merca-

dos de trabalho”.

Para já, os dados do Education at

Glance mostram o peso da opção pe-

Diferença entre gerações no país é a maior da OCDE

las ensino vocacional/profi ssional:

86% dos jovens portugueses com

menos de 25 anos que concluíram o

secundário fi zeram-no através destas

vias, acima da média da OCDE, que

se situa nos 83%. Entre os países com

uma experiência recente do ensino

vocacional, Portugal e a Nova Zelân-

dia são aqueles em que mais subiu a

percentagem de jovens que conclui

o secundário por esta via (mais de

40 pontos percentuais).

Prémio salarialQuanto à percentagem de adultos

com ensino superior (22%) conti-

nua a ser inferior às médias da OC-

DE (33,5%), embora por comparação

com 2011 o grupo de licenciados te-

nha aumentado mais signifi cativa-

mente em Portugal, nomeadamente

na população entre os 25 e 34 anos:

passou de 25% para 31%. Na OCDE

esta variação foi de 39% para 42%.

Segundo a agenda 2020 estabele-

cida pela Comissão Europeia, todos

os Estados-membros da União Euro-

peia (UE) deverão atingir os 40% de

licenciados no grupo dos 30 aos 34

anos. Ao contrário de Portugal, mui-

tos dos países europeus já atingiram

ou ultrapassaram esta meta.

Apesar de a OCDE não coligir da-

dos para a faixa dos 30 aos 34 anos, o

consultor Diogo Paula, que é o autor

da nota sobre a situação em Portugal,

não considera que se esteja “muito

longe” de atingir a meta da UE, tendo

em conta o “aumento de seis pontos

percentuais registado entre 2010 e

2014” no grupo entre os 25 e os 34

anos, que é aquele sobre o qual a

organização colige dados. Adianta,

contudo, que “é muito difícil avaliar

o cumprimento das metas a seis anos

de distância”, até porque as faixas

etárias eleitas para este balanço pe-

la OCDE e pela UE são diferentes.

Como tem sido habitual nos seus

estudos sobre a educação, a OCDE

volta a destacar as vantagens de ter

uma formação superior: 80% dos

adultos nesta situação têm emprego,

um valor que desce para 70% quando

o nível máximo de qualifi cação é o

secundário; os que têm o superior

concluído também ganham em mé-

dia mais 60% do que aqueles que se

fi caram pelo escalão anterior.

Em Portugal, o prémio salarial pa-

ra os que concluíram o superior é até

maior do que o registado na OCDE, já

que ganham em média mais 68% do

que aqueles que se fi caram pelo se-

cundário. Um bom sinal? Talvez não,

já que segundo a OCDE esta particu-

laridade portuguesa “refl ecte o facto

de a percentagem de jovens licencia-

dos (31%) ser inferior” à da média dos

países da organização, ou seja, está

relacionada com a escassez da oferta.

Entre 2012 e 2014 também cresceu

o número de jovens entre os 15 e os

29 anos que não estão nem a estudar,

nem a trabalhar. A percentagem dos

chamados “nem-nem” neste grupo

etário passou de 16,6% para 18%. Na

UE e na OCDE, a média dos “nem-

nem” nesta faixa etária rondava, em

2014, os 15,5%.

No editorial desta edição de 2015,

o secretário-geral da OCDE, Angel

Gurria, sublinha que “o panorama da

educação mudou enormemente nas

últimas duas décadas”, sendo uma

das diferenças principais o facto de,

em todo o mundo, existirem mais

crianças a frequentar as escolas. Nos

próximos anos o desafi o será o de

assegurar, de facto, “uma educação

inclusiva e equitativa de qualidade,

bem como assegurar a aprendizagem

ao longo da vida para todos”. São os

grandes objectivos para 2030 que in-

tegram, nesta área, a estratégia pa-

ra um desenvolvimento sustentável

aprovada pela ONU.

Para tal, acrescenta Gurria, é ne-

cessário garantir que “todas as crian-

ças tenham acesso a pelo menos 12

anos de escolaridade”, o que já acon-

tece em Portugal, e que as escolas

consigam que saiam, no mínimo,

com as competências necessárias a

um desempenho efi caz na sociedade.

Os testes PISA realizados pela OCDE

para medir a literacia dos jovens de

15 anos têm mostrado “que nem to-

dos o conseguem”, sublinha Gurria.

Em Portugal, em 2012, era esta ainda

a situação de cerca de 20% dos alu-

nos de 15 anos.

Clara Viana

Portugal “tem de abandonar a ideia de que os jovens fazem todos ou o ensino geral ou o ensino profi ssional, o que não é verdade em nenhum país europeu”Joaquim AzevedoProfessor da Universidade Católica

“O nosso atraso é estrutural e não se resolve com voluntarismo ou com pressa”, avisa Joaquim Azevedo

Page 16: Publico.25.11.2015

16 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Há cada vez mais jovens recém-

diplomados a criar empresas

sociais em França, diz Martine

Pinville, secretária de Estado

do Comércio, do Artesanato, do

Consumo e da Economia Social

e Solidária, que esteve ontem em

Lisboa para debater a Economia

Social, num seminário organizado

pelo Serviço Económico da

Embaixada da França” em

Portugal, em parceria com a Caixa

Geral de Depósitos.

Há uma fi gura legal recente,

em França, que são as

empresas sociais. São entidades

diferentes das tradicionais

associações, misericórdias

e outras instituições sociais.

Como funcionam e o que está o

Estado francês a fazer para as

promover?

Talvez seja melhor começar por

explicar como está organizada a

Economia Social e Solidária (ESS)

em França. Há um sector histórico,

constituído pelas associações, as

mutualidades, as fundações e as

cooperativas. E a Lei da Economia

Social e Solidária, publicada em

2014, permitiu-nos abrir o sector

às empresas de utilidade social. A

economia social é algo que passa

a fazer parte da economia em

geral. As empresas sociais têm de

cumprir certas características:

têm de ter uma governação

democrática, por exemplo, e uma

parte dos seus lucros tem de ser

reinvestida na própria empresa...

Que parte dos lucros? 50%?

No mínimo, 50%. Dou-lhe um

exemplo de uma empresa social:

a RogerVoice, que foi fundada

por dois jovens e que foi criada

para responder a pessoas com

difi culdades de audição que não

podiam telefonar. Estes jovens

conceberam um sistema que

permite que pessoas surdas

possam fazer telefonemas. É

uma aplicação que transcreve

em tempo real as conversações

O mais importante não é o lucro mas empresas sociais “têm de ser viáveis”

Martine Pinville Criou, recentemente, o Conselho Superior da Economia Social e Solidária, “que terá como missão defi nir uma estratégia para promover” a economia social em França

NUNO FERREIRA SANTOS

telefónicas e que já benefi ciou

milhares de pessoas.

Qual é o papel do Estado no

fi nanciamento de empresas

sociais como essa?

Não há subsídios, não há

subvenções. As associações

não lucrativas podem receber

fi nanciamento do Estado e

outro tipo de fi nanciamento. As

empresas sociais são fi nanciadas

através de empréstimos, através de

títulos com impacto social [fundos

que permitem a participação no

capital de empresas sociais, com

retorno fi nanceiro], através de

diversos instrumentos...

E há uma campanha do Estado

para promovê-las: a cada ano

o mês de Novembro em França

é “o mês da Economia Social e

Solidária”...

Sim, esse é um eixo muito

importante, dar visibilidade à

Economia Social. Com várias

iniciativas em que participo.

A ideia é que os jovens que não

encontram lugar no mercado

de trabalho tradicional, por

exemplo, que não conseguem

aplicar o seu talento no

mercado normal, possam sentir-

se levados a criar empresas

sociais? Criar empresas sociais

pode ser uma resposta ao

desemprego jovem?

Evidentemente que podem. Falei

do RogerVoice. São dois jovens que

tinham uma ideia, que decidiram

investir na economia social. E

estive recentemente num evento

chamado Social Good Week

[arrancou no Centre Pompidou

no início do mês] onde havia uma

enorme quantidade de jovens

que querem criar projectos deste

tipo, jovens recém-diplomados

nas écoles de commerce, e noutras

grandes escolas, que me dizem

que escolheram seguir o modelo

associativo, o modelo social. E

que me perguntavam num almoço

onde estivemos por que é que

as empresas sociais não têm os

mesmos benefícios que as “jeunes

entreprises innovantes” [jovens

empresas inovadoras] que têm,

Entrevista Andreia Sanches

Origem O termo “economia social” nasceu em França, no século XIX. No conceito lato de Economia Social e Solidária são integradas diferentes organizações, como cooperativas, mutualidades, fundações, associações, misericórdias, por exemplo.

União Europeia A Economia Social e Solidária emprega cerca de 14,5 milhões de pessoas na UE, ou seja, aproximadamente 6,5% da população activa, segundo dados recentemente divulgados pela Comissão Europeia. O Fundo Social Europeu 2014-2020 tem entre as suas prioridades a promoção da economia social.

França vs Portugal Em França, apesar do conceito de Economia Social e Solidária ser similar ao de Portugal, existe, ao contrário do que se passa em Portugal, a consagração legal de “empresas sociais”, uma evolução das tradicionais associações. Esta nova figura jurídica em França “permite introduzir uma lógica financeira e empresarial

na lógica social”, como se lê numa Nota Informativa sobre o Investimento Social da Embaixada de França. “O conceito de empresa social é reconhecido e integra na sua definição o conceito de lucro. O sistema permite o fácil acesso das organizações do sector a diversas fontes de financiamento, com taxas de retorno e necessidade de garantias bancárias mais baixas. Foram criados inclusivamente produtos financeiros específicos para financiar a Economia Social e Solidária”. Em Portugal a Lei de Bases da Economia Social, de 2013, não consagrou a figura de empresas sociais. Mas a Comissão do Mercado de Valores Imobiliários aprovou recentemente regras para a criação de Fundos de Empreendedorismo Social. Outra especificidade francesa são os produtos de poupança solidária: fundos de reforma que permitem aplicar 10% das poupanças em entidades sociais.

Números Em França a Economia Social e Solidária constitui

6% do PIB e cerca de 10% do emprego — são mais de 2,3 milhões de trabalhadores neste sector, segundo dados de 2013, divulgados este mês. Em 2010, a Economia Social, segundos dados do Instituto Nacional de Estatísticas, representou 2,8% da produção nacional e do Valor Acrescentado Bruto (VAB) nacional e 5,5% do emprego total remunerado. Há em Portugal 58 mil entidades que cabem no conceito lato de Economia Social. Em França são 166.400.

Características as organizações de Economia Social apresentam essencialmente as seguintes características gerais: são privadas; apresentam distribuição de benefícios/excedentes de acordo com as actividades que os membros realizam; têm como objectivo da sua actividade económica a satisfação das necessidades de famílias/pessoas; são organizações democráticas; têm personalidade jurídica e possuem autonomia de decisão.

Dados sobre Economia Social em França e em Portugal

Page 17: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | PORTUGAL | 17

A ajuda pública ao desenvolvimen-

to caiu 14% em 2014, conta com os

custos relacionados com refugiados

e continua muito associada à diplo-

macia económica, alerta o Relatório

Aid Watch, lançado ontem pela Con-

cord, a Confederação Europeia das

ONG de Ajuda ao Desenvolvimento,

Ajuda pública ao desenvolvimento caiu pelo quarto ano consecutivo

de que a Plataforma Portuguesa das

ONGD é membro fundador.

Bem vistos os números, passou de

364,4 para 315,8 milhões de euros a

ajuda pública ao desenvolvimento.

Já caíra 20,4% em 2013, 11,3% em

2012, 3% em 2011. A tendência tem

sido justifi cada pelo Governo com a

crise económica, o controlo do dé-

fi ce público e a consolidação orça-

mental. Quer isto dizer que Portugal

disponibilizou 0,19% do Rendimento

Nacional Bruto para a ajuda ao de-

senvolvimento, bem longe dos 0,7%

que prometeu alcançar até 2015. Pe-

dro Krupenski, presidente da Plata-

forma Portuguesa das ONGD, não

compreende por que reiterou o Go-

verno o compromisso já este ano, na

cimeira de Adis Abeba. “Teria sido

mais sensato comprometer-se com

uma meta intercalar”, diz.

Não basta atender aos montantes

para perceber o recuo em matéria

de Cooperação para o Desenvol-

vimento, Educação para o Desen-

volvimento e Ajuda Humanitária e

de Emergência. É também preciso

olhar para o que está inscrito em

cada parcela. Já no ano passado,

diversos países contabilizaram co-

mo ajuda ao desenvolvimento os

custos associados ao acolhimento

e à integração de refugiados, com

destaque para a Holanda (145%), a

Itália (107%), Chipre (65%) e Portu-

Desenvolvimento Ana Cristina Pereira

Relatório da AidWatch diz que 65% da cooperação bilateral está associada à diplomacia económica

gal (38%). Teme-se agora que a ten-

dência se agrave. Pedro Krupenski

não nega a natureza urgente da cri-

se. Salienta, no entanto, que a aju-

da pública ao desenvolvimento diz

respeito ao combate às causas, isto

é, à pobreza, às desigualdades e aos

confl itos em países terceiros.

Outro facto mascara as contas. A

“ajuda ligada”, isto é, os emprésti-

mos condicionados à aquisição de

bens ou serviços, representa 65% da

ajuda bilateral nacional. Menos 5%

do que no ano anterior, contrarian-

do uma tendência de crescimento

que tinha sido assinalada num re-

latório retrospectivo lançado em

2012.

segundo a lei francesa, benefícios

fi scais e sociais...

E por que é que não têm?

O modelo associativo em França

já tem certos benefícios, mas vai

haver mais desenvolvimentos nessa

área. Estamos a trabalhar nisso.

E esses jovens, que escolhem

criar empresas sociais, não vão

enriquecer, mas vão deixar a

sua marca social, é isso?

Sim. Estes jovens do RogerVoice

e outros que conheço — estou a

pensar numa empresa social que se

destina a pessoas com cancro, por

exemplo, também desenvolvida

por jovens — o intuito deles é de

facto social, mas nunca deixam

de pensar no aspecto económico.

Eles desenvolvem uma ideia,

de utilidade social, procuram

fi nanciamento, a ideia tem de ser

viável, tem de ser sustentável,

mesmo que não seja logo, a curto

prazo, tem de ser a longo prazo.

Para que haja uma verdadeira

mudança [na Economia Social]

temos de pensar nisto como um

modelo económico. Recentemente

criei o Conselho Superior da

Economia Social e Solidária que

terá como missão defi nir uma

estratégia [para o sector].

Há projectos pensados para as

comunidades mais excluídas?

Há. Estou a pensar num projecto

chamado A Gravata Solidária. Dois

jovens licenciadas nas écoles de

commerce que se aperceberam de

que outros jovens de bairros mais

desfavorecidos tinham difi culdade

em comparecer nas entrevistas

de trabalho devido à forma

como se apresentavam, a roupa

que levavam, desde logo. Este

projecto serve para os preparar,

inclusivamente fornecendo-

lhes as roupas adequadas,

incluindo as gravatas. Esses jovens

organizaram-se sob a forma de

uma associação.

Depois dos atentados terroristas

em Paris voltou a debater-se

a questão da integração de

algumas comunidades. Sei que

não é a sua área. Mas há um

problema de integração em

França?

Temos um certo número

de imigrantes com todas as

problemáticas que isso envolve, e o

nosso ministro do Interior, Bernard

Cazeneuve, tem desenvolvido

uma política de acolhimento, de

acompanhamento dessas pessoas.

Quando recebemos pessoas, temos

de ter condições para as receber e

para as acompanhar.

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Page 18: Publico.25.11.2015

18 | LOCAL | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Orçamento da Câmara de Lisboa para 2016 foi aprovado na ausência do PSD

RUI GAUDÊNCIO

A taxa destinada a financiar os serviços de protecção civil esteve mais uma vez no centro da polémica

Só os eleitos do PS, dos Cidadãos por

Lisboa e do Parque das Nações por

Nós votaram favoravelmente o or-

çamento da Câmara de Lisboa para

2016, documento que foi aprovado

ontem à tarde pela Assembleia Mu-

nicipal de Lisboa. Os deputados do

PSD não participaram na votação,

tendo abandonado a sessão em pro-

testo contra aquilo que disseram ser

“a verborreia, a má criação e a gros-

seria” do vereador das Finanças.

A saída dos eleitos sociais-demo-

cratas aconteceu logo após uma in-

tervenção do vereador João Paulo

Saraiva, em que este se referiu ao

facto de o presidente do Instituto da

Habitação e da Reabilitação Urbana,

a Santa Casa da Misericórdia de Lis-

boa e o PSD terem vindo a público

criticar, em dias consecutivos, a taxa

municipal de protecção civil (TMPC).

Aos jornalistas o autarca já tinha fala-

do num “alinhamento astral brutal”,

mas perante a assembleia foi mais

longe e falou numa “instrumentali-

zação dos serviços públicos”.

Além disso, João Paulo Saraiva deu

conta da sua “perplexidade” com “os

números e contas” apresentados pelo

PSD e criticou o partido pela sua “ló-

gica de aniquilar aqueles que estão

a fazer um bom trabalho”. “Quando

estão no poder, não baixam as taxas

e os impostos; quando passam para

a oposição, têm uma lógica muito

generosa”, acrescentou o vereador

com o pelouro das Finanças, consi-

derando que tal actuação tem “intui-

tos claramente politiqueiros”.

A resposta, apresentada como “a

defesa da honra da bancada”, veio de

Victor Gonçalves, que acusou João

Paulo Saraiva de ser “useiro e vezeiro

no insulto, na má criação e na falta

de educação”. “Em face disso, o PSD

abandona esta reunião”, anunciou

o deputado social-democrata, após

o que se levantou e saiu da sala, tal

como fi zeram todos os outros eleitos

do partido.

“O PSD reserva-se o direito de não

participar no debate, quando ele é

nivelado por baixo”, justifi cou depois

o líder da bancada social-democrata.

Em declarações aos jornalistas, já à

porta do local onde decorria a sessão

da assembleia municipal, Sérgio Aze-

vedo acusou o vereador das Finanças

Em nome do PCP, Ana Páscoa criti-

cou o executivo camarário por apos-

tar numa política que “não está di-

reccionada para a resolução dos pro-

blemas das pessoas”. Já o bloquista

Ricardo Robles defendeu a “absoluta

urgência” de o município dar “res-

posta à crise social”, nomeadamente

através da criação de um gabinete

para “acompanhar de forma siste-

mática a preocupante evolução da

situação social” e do reforço das ver-

bas do Fundo de Emergência Social.

Tanto Cláudia Madeira, do PEV, co-

mo Luísa Aldim, do CDS, lembraram

que a câmara não tem ainda uma

solução fechada para a cobrança da

taxa municipal turística, com a qual

se prevê arrecadar 15,7 milhões de

euros em 2016. Aos jornalistas João

Paulo Saraiva respondeu que “dentro

de uns 15 dias” espera poder “dizer

com pormenor” a forma como esta

questão vai ser operacionalizada.

Segundo o autarca, “a coisa está

muito tranquila” no que diz respeito

à taxa aplicada às dormidas, estando

já assente que serão os operadores a

cobrar esse valor, entregando-o de-

pois ao município. Quanto às che-

gadas, tanto ao aeroporto como ao

porto de Lisboa, João Paulo Saraiva

admite que “ainda há coisas por de-

fi nir”. Quanto à actuação do PSD, o

vereador acusou o partido de tentar

“criar factos políticos”. “Parece-me

que estava tudo preparado. Era só

encontrar um pretexto”, concluiu.

Mesmo com a ausência dos deputa-

dos sociais-democratas, o orçamen-

to para o próximo ano foi aprovado,

com os votos contra do CDS, MPT,

PCP, PEV e BE e a abstenção do PAN.

Na reunião da Assembleia Municipal

de Lisboa foram também aprovadas

as propostas relativas ao IMI, à der-

rama, ao IRS e à taxa municipal dos

direitos de passagem.

Deputados municipais do Partido Social Democrata abandonaram a sala de sessões da Assembleia Municipal, depois de um vereador da maioria ter falado na “instrumentalização dos serviços públicos”

Assembleia municipalInês Boaventura

que a actuação dos seus opositores.

Referindo-se à “bancada deserta” à

sua direita, Fernando Medina des-

valorizou o “real contributo do PSD

para a construção da cidade”, con-

siderando que das intervenções do

partido “não sobra nada de útil e efi -

caz para a governação”.

Quanto às propostas que foram

apresentadas por Sérgio Azevedo

como condições para o seu partido

viabilizar o orçamento (a substitui-

ção da TMPC por uma taxa munici-

pal de riscos e actividades conexas, a

subida da percentagem de devolução

do IRS e o reforço do investimento

no Plano de Drenagem), Fernando

Medina afi rmou que elas não podem

“ser levadas a sério”. Para o autarca

socialista, a sua concretização iria

“delapidar as fi nanças do municí-

pio, a troco de o PSD aparecer de

uma forma simpática aos olhos da

opinião pública”.

de “calúnia, insinuações e maledi-

cência” e defendeu a necessidade

de o presidente da câmara “tomar

as rédeas” da situação.

Questionado sobre quais as pala-

vras em concreto de João Paulo Sa-

raiva que levaram os deputados do

PSD a abandonar a reunião, Sérgio

Azevedo destacou as declarações re-

lativas à TMPC. “É lançar uma suspei-

ta de instrumentalização política de

serviços públicos, coisa que nunca fi -

zemos, mas que o PS porventura não

poderá dizer o mesmo”, sustentou.

Dentro do Fórum Lisboa, a sessão

prosseguiu, depois de a presidente da

assembleia municipal, Helena Rose-

ta, ter sublinhado que mesmo com a

ausência dos 16 eleitos sociais-demo-

cratas não havia falta de quórum.

Na intervenção que fez sobre o or-

çamento para 2016, que classifi cou

como “um bom orçamento”, o pre-

sidente da câmara colocou em desta-

Page 19: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 19

PEDRO MARTINHO

Proposta vai ser apresentada hoje em reunião de câmara

A instalação de uma grande su-

perfície comercial a cerca de uma

centena de metros das muralhas

do Centro Histórico de Évora está a

causar alguns engulhos ao comércio

de Badajoz, que se sente ameaçado

com o seu impacto, como refere o

diário Hoy numa das suas últimas

edições.

Se a proposta para a cedência

do terreno municipal onde os pro-

ponentes do projecto pretendem

construir a superfície comercial for

aprovado na reunião do executivo

municipal de Évora que se realiza

hoje, o seu efeito na economia da

cidade espanhola é comparado pelo

jornal extremenho a “um torpedo

na linha de fl utuação do comércio

de Badajoz”.

O seu impacto preocupa igual-

mente o alcaide de Badajoz, Francis-

co Javier Fragoso, que se habituou

a ver na capital da Extremadura “o

núcleo comercial de parte importan-

te do Alentejo”, onde os cidadãos

portugueses que “vivem em Évora

e na raia” fazem as suas compras,

sublinhou o autarca espanhol.

Por sua vez, o presidente da Câ-

mara de Évora, Carlos Pinto Sá,

confi rmou ao PÚBLICO que a ins-

talação do novo centro comercial

“terá impacto a nível regional com

um raio de acção alargado que to-

cará Badajoz, tal como Badajoz

condiciona agora o comércio em

Évora”. Daí que a apresentação de

uma proposta para a cedência de

uma parcela de terreno com 30 mil

metros quadrados tenha todas as

condições para ser aprovada pelos

eleitos da CDU, que são maioritários

no executivo municipal de Évora.

O autarca assume que “a grande

maioria da população quer o centro

comercial” que é apenas contestado

“por algumas pessoas” que alegam

ter o município instrumentos para

“impedir a sua construção, o que

não corresponde à verdade.”

Ao contrário do que é afi rmado

pelos opositores do projecto tanto

o Plano de Urbanização de Évora

como o Plano Director Municipal

“prevêem a instalação de um em-

preendimento comercial” na zona

Construção de grande centro comercial em Évora assusta comerciantes de Badajoz

da na reunião de hoje só será apro-

vada na próxima reunião de câma-

ra para possibilitar a continuação

do debate sobre o projecto de um

centro comercial em Évora, deba-

te esse que já dura “há mais de um

ano”, refere Pinto Sá, salientando

que a “câmara sempre pugnou para

que houvesse uma discussão aberta

do tema e extensivo a toda a gente:

empresários, partidos políticos, a

comunidade local, etc.”.

Entretanto, e em paralelo, o Gru-

po Pró-Évora, uma associação cria-

da em 1919 para debater as questões

relacionadas com o património, está

a realizar vários debates públicos

sobre a instalação do novo equipa-

mento. A presidente de direcção,

Aurora Carapinha, adiantou ao PÚ-

BLICO não haver ainda uma posição

assumida do grupo quando “pros-

seguem os debates sobre o tema”.

E como os membros dirigentes da

associação se recusam a assumir

posições pessoais, “só depois de

concluídos os debates é que será to-

mada uma posição pública” sobre a

superfície comercial, observou.

Os comerciantes de Badajoz estão

bem informados do peso turístico

que Évora tem nos dias de hoje,

sobretudo na afl uência de forastei-

ros que rumam à cidade alentejana

para conhecer o valor do patrimó-

nio que preserva, sobretudo o seu

centro histórico, classifi cado pela

UNESCO como Património Mundial

da Humanidade em 1986. Os núme-

ros divulgados pela autarquia e re-

lativos a 2014 revelam que pelo pos-

to de turismo da cidade passaram

mais de 147.000 visitantes, a maior

parte vinda de Espanha e Portugal,

em crescimento constante ao lon-

go dos últimos quatro anos, apesar

da crise.

onde irá ser feita a cedência do ter-

reno, acentua Pinto Sá, frisando que

a sua viabilização naquele local só

será possível “se a câmara vender

o terreno”.

Ao mesmo tempo, vai permitir

que o projecto a implantar possa

ter a intervenção do município na

defi nição da estrutura que se pre-

tende instalar. “Podemos assumir

posições e colocar propostas”, o

que não aconteceria se a proposta

escolhesse um outro local.

O novo equipamento será en-

quadrado numa área patrimonial

que “exigiu estudos aprofundados

sobre o seu impacto”, prossegue o

autarca, assinalando que, “quanto

maior for a proximidade do centro

histórico, menor será o impacto no

comércio local”.

Ao contrário do que tem sido afi r-

mado, ou seja, que já há um grupo

de investidores locais interessados

em instalar o projecto, o autarca re-

fere que “será realizado um concur-

so público e então se verá quem é

que se candidata” à construção do

empreendimento.

A proposta que vai ser apresenta-

AlentejoCarlos Dias

Proposta prevê a instalação do empreendimentojunto ao centro histórico e irá ocupar parte de um terreno municipal

O impacto da nova superfície preocupa Badajoz, que se habituou a ser “o núcleo comercial de parte importante do Alentejo”, onde vão os cidadãos portugueses

Colecção de 8 vinhos. PVP unit.: variável. Preço total da colecção: 79,09€. Periodicidade semanal à sexta-feira. De 30 de Outubro a 18 de Dezembro de 2015.

Limitado ao stock existente. A compra do produto implica a aquisição do jornal. É proibida a venda de álcool a menores de 16 anos. Seja responsável, beba com moderação.

30 OUT Quinta dos Roques Branco 2014 Encruzado 12,50€ 06 NOV Dona Matilde Tinto 2010 8,90€ | 13 NOV Kompassus Tinto

Reserva 2013 13€ | 20 NOV Herdade de São Miguel Magnum Colheita Seleccionada 2014 (1,5L) 8,99€ | 27 NOV Vinha Paz

Colheita 2013 8,50€ | 04 DEZ Herdade da Farizoa Reserva 2012 9,90€ | 11 DEZ Pios Tinto 2013 10,50€

18 DEZ Santos Jorge Tinto 2013 6,80€

Ponha

os seusà prova

sentidos

Vinha Paz Colheita 2013

A colheita deste ano já terminou e os cestos da

vindima estão arrumados.A região em destaque esta

semana é o Dão, directamente da Quinta da Leira e da Quinta da

Tremoa, situadas no coração mais profundo

da região, apresentamos um vinho tinto aveludado

e consistente, com uma cor rubi intensa onde prevalecem as notas de frutos vermelhos.

SEXTA, 27 NOVCOM O PÚBLICO

+8,50€

Page 20: Publico.25.11.2015

20 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Banco de Portugal com exposição elevada à dívida grega durante a crise

FRANÇOIS LENOIR/REUTERS

Os governos da zona euro decidiram transferir para a Grécia os lucros obtidos pelos seus bancos centrais com a dívida desse país

Por causa de compras efectuadas

entre 2006 e 2008, o Banco de Por-

tugal atravessou o auge da crise da

moeda única com uma das exposi-

ções mais elevadas à dívida pública

grega entre todos os bancos centrais

da zona euro, mostram os números

de devolução dos lucros à Grécia a

que o PÚBLICO teve acesso.

Em Novembro de 2012, na nego-

ciação do segundo programa de res-

gate grego e na tentativa de evitar os

efeitos negativos para todos de um

default, os governos da zona euro de-

cidiram que os lucros que viessem a

ser conseguidos pelos diversos ban-

cos centrais com a compra e venda

de dívida pública grega acabariam

por ser devolvidos pelos respectivos

Estados, assim que estes recebessem

nos seus cofres os dividendos das au-

toridades monetárias.

Os lucros têm sido signifi cativos,

porque, por causa do baixo valor de

mercado da dívida pública grega, os

bancos centrais puderam comprar

os títulos a um valor muito baixo e

depois receber na íntegra o valor

nominal quando as obrigações atin-

gem a maturidade.

Foram feitos dois tipos de com-

pras. O primeiro estava relaciona-

do com o programa de compras de

obrigações lançado pelo BCE no

início da crise, que levou a que os

bancos centrais adquirissem dívi-

da grega (e também portuguesa,

italiana, irlandesa e espanhola) de

acordo com o peso da sua econo-

mia e da sua população no PIB. O

segundo fez parte da normal ges-

tão de activos que um banco central

tem de fazer, investindo parte do

seu dinheiro nos mercados, com

um peso signifi cativo de títulos de

dívida pública.

Foi neste tipo de compras que o

Banco de Portugal se destacou dos

seus parceiros europeus, uma vez

que os lucros que conseguiu obter e

que teve depois de transferir para a

Grécia foram relativamente mais ele-

vados do que os dos outros países.

De acordo com os números ob-

tidos pelo PÚBLICO, depois de em

2012 não ter sido feita qualquer

transferência, em 2013 foram en-

tregues por Portugal 74,7 milhões

de euros, o segundo valor mais

A entidade agora liderada por

Carlos Costa assegura assim que,

mesmo antes de os problemas na

Grécia começarem a ser conhecidos

e de o rating ter sido reduzido para

um nível “lixo”, não foram efectu-

adas mais compras, tendo os títu-

los sido mantidos até à maturidade

por força dos acordos feitos a nível

europeu. “Em Abril de 2009, antes

do início da crise de dívida sobera-

na europeia, o Banco de Portugal

suspendeu a realização de investi-

mentos em títulos gregos, tendo-se

mantida a notação destes títulos em

níveis investment grade pelas três

principais agências de rating ain-

da por mais um ano”, diz o banco

central.

Em 2015, estava previsto no

Orçamento do Estado para 2015,

a transferência de mais 98,6 mi-

lhões de euros para “proceder à

realização da quota-parte do fi-

nanciamento do programa de

assistência fi nanceira à Grécia”.

Essa transferência, contudo, não

irá ser feita, por causa da forma tu-

multuosa como foi concluído o se-

gundo programa grego e iniciado o

terceiro. Como explicou ao PÚBLI-

CO um porta-voz do presidente do

Eurogrupo, Jeroem Dijsselbloem,

“não houve qualquer discussão

no Eurogrupo sobre uma possível

transferência dos montantes equi-

valentes aos lucros [com a dívida

pública grega] de 2015”. “Essas me-

didas tinham sido acordadas em No-

vembro de 2012 e estavam ligadas à

aplicação bem sucedida do segundo

programa da Grécia, que agora já

expirou. Qualquer nova transfe-

rência dos lucros exigiria um novo

acordo dentro do Eurogrupo”, afi r-

ma este responsável.

Esta é assim mais uma ajuda, em-

bora relativamente modesta, para a

concretização das metas do défi ce

português deste ano.

Regulador do sector bancário justifi ca que as compras de dívida pública helénica foram feitas entre 2006 e 2008, um ano antes de a Grécia ver o seu rating cair para nível “lixo”

Crise do euroSérgio Aníbal

alto entre todos os países da zona

euro, apenas atrás da França, que

transferiu 149 milhões de euros. Em

terceiro fi cou a Espanha, com 60,8

milhões. No total, as transferências

da zona euro para a Grécia foram de

681,8 milhões de euros.

Isto signifi ca que neste ano as

transferências feitas por Portugal

representaram 11% do total da zo-

na euro, muito mais do que o peso

do PIB português no PIB total que

é de 2,1%.

Em 2014, os números são seme-

lhantes. Da transferência de 580

milhões de euros feita pela zona

euro, Portugal contribuiu com 69,1

milhões, isto é, 11,9% do total. Em

termos absolutos, apenas a França

transferiu mais: 101,8 milhões de

euros.

Este peso signifi cativo do Estado

português nas transferências dos

lucros dos bancos centrais para a

Grécia já tinha sido destacado pelo

Presidente da República, quando

afi rmou que, “em termos relativos,

Portugal é o país que faz mais doa-

ções [à Grécia]”.

A dúvida, no entanto, fi ca: o que é

que levou o Banco de Portugal a ter

níveis tão elevados de dívida públi-

ca grega no seu portefólio de inves-

timento? Em resposta ao PÚBLICO,

fonte ofi cial da instituição explica

que, “tendo em vista a diversifi ca-

ção dos investimentos e no quadro

das Normas Orientadoras da Ges-

tão de Ativos Financeiros do Ban-

co de Portugal, foram adquiridos

para a carteira a vencimento títulos

de dívida governamental de diver-

sos países da área do euro, entre

os quais da Grécia”. E salienta que

“no caso da Grécia os títulos foram

adquiridos entre Junho de 2006 e

Dezembro de 2008, e, à data da úl-

tima compra, o nível creditício atri-

buído à República Helénica era de

investment grade”.

Page 21: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | ECONOMIA | 21

RUI GAUDENCIO

Dono da transportadora brasileira é o sócio norte-americano de Humberto Pedrosa na TAP

Depois da norte-americana United

Airlines, o grupo chinês HNA tam-

bém vai entrar para a lista dos ac-

cionistas da Azul Linhas Aéreas, a

transportadora brasileira de David

Neeleman, o sócio de Humberto Pe-

drosa na TAP.

A Azul é detida pela DGN, a empresa

que se juntou à HPGB (a holding de

Humberto Pedrosa) para formar a

Atlantic Gateway, o consórcio que

comprou 61% da TAP.

Enquanto a United Airlines adqui-

riu uma posição de 5% na Azul (por

cerca de 100 milhões de dólares ou

89 milhões de euros), o HNA Group

vai comprar 23,7% da empresa de

Neeleman por 450 milhões de dó-

lares (423 milhões de euros). Com

isto, o conglomerado que detém a

Hainan Airlines (que também tem

como accionista indirecto o Gover-

no da província chinesa de Hainan)

garante um lugar no conselho de ad-

ministração da Azul.

A Azul sublinha que o investimento

avalia a empresa em sete mil milhões

Neeleman abre a portaa capital chinês na Azule encaixa 424 milhões

de reais (cerca de 1,7 mil milhões de

euros), convertendo-a na mais valio-

sa do mercado brasileiro. O reforço

da tesouraria, a renovação da frota

e a amortização de dívidas foram al-

gumas das vantagens do negócio re-

alçadas num comunicado divulgado

pela empresa de David Neeleman.

A Azul admite ainda a possibilidade

de vir a entrar no mercado asiático

através, por exemplo, de acordos de

partilha de voos com a Hainan (que

tem sede no aeroporto internacional

de Haikou Meilan).

Em declarações à Reuters, o presi-

dente da empresa brasileira, Anto-

noaldo Neves, sublinhou que esta

injecção de capital chinês permite

à Azul ganhar tempo até fi nalmente

conseguir dispersar capital em bolsa

(IPO, na sigla em inglês), uma ope-

ração que a empresa já tentou três

vezes, sem sucesso. A última foi em

Junho, pouco antes de vender 5% do

capital à United Airlines.

“Não estávamos com pressão pe-

lo IPO, mas agora isso nos dá um

prazo ainda maior”, disse Neves. O

negócio também garantirá à Azul

sinergias na compra, leasing, ma-

nutenção e seguros de aeronaves,

uma vez que o grupo HNA também

tem actividade de fi nanciamento,

adiantou o responsável. A actividade

do grupo HNA vai além da aviação,

já que está igualmente presente nos

sectores fi nanceiro, industrial, logís-

tico e do turismo.

A Azul inaugurou operações no

Brasil em Dezembro de 2008 e co-

meçou com os voos directos para

os Estados Unidos em 2014. A em-

presa diz ter “a maior malha aérea”

do território brasileiro, “atendendo

mais de 100 destinos com 864 des-

colagens diárias”, o que representa

cerca de 32% do mercado. No en-

tanto, à semelhança das suas con-

géneres, enfrenta difi culdades por

causa da situação económica do país

e da desvalorização do real face ao

dólar, que pressiona os custos das

empresas, num contexto de queda

de passageiros.

Até Junho, a transportadora aérea

registou prejuízos de 236 milhões de

reais (aproximadamente 53 milhões

de euros). Os resultados foram pena-

lizados pelo agravamento de 25,8%

dos custos dos serviços prestados

(para 1,3 mil milhões de reais ou 292

milhões de euros), de acordo com

a informação enviada pela empresa

ao regulador da aviação civil brasi-

leiro, ANAC.

AviaçãoAna Brito

Novo dono da TAP procura parceiros chineses para reforçar tesouraria e amortizar dívidas da sua empresa brasileira

Elisa Ferreira diz que foi negada informação à comissão TAXE

Um ano depois do escândalo “LuxLe-

aks”, o debate sobre as práticas fi scais

agressivas na Europa está longe de

estar terminado. A prova foi o debate

de ontem no Parlamento Europeu a

propósito do relatório sobre “deci-

sões fi scais antecipadas”, do qual é

co-relatora a eurodeputada do PS Eli-

sa Ferreira, que apelou em Estrasbur-

go a uma “nova realidade” fi scal.

Por exemplo, para que os impostos

directos sobre os lucros das empresas

sejam calculados de acordo com mé-

todos comuns na União Europeia; ou

simplesmente para que as multina-

cionais passem a prestar informação

sobre os “negócios que realizam em

cada país”; ou ainda para que haja

uma “defi nição europeia de paraísos

fi scais” e tolerância zero com os cen-

tros fi nanceiros off shore. Estas foram

algumas das propostas que resulta-

ram dos oito meses de trabalho da

comissão parlamentar TAXE. Mas

como “muito fi cou por averiguar”,

Elisa Ferreira defendeu o lançamento

de uma TAXE II, uma segunda fase

dos trabalhos para manter a “pressão

política” sobre o Conselho e a Comis-

são Europeia.

Segundo a eurodeputada, que teve

como co-relator o eurodeputado ale-

mão Michael Theurer (dos liberais),

houve “muita informação” que foi

negada aos eurodeputados. A “in-

Um ano depois do caso “LuxLeaks”, a Europaainda aguarda uma“nova realidade” fiscal

quirição de responsabilidades e de

práticas desleais” ainda não está ter-

minada e interessa “reforçar a inves-

tigação sobre o passado”.

A Elisa Ferreira coube, com ironia,

sensibilizar os eurodeputados para o

problema: “Se vos anunciassem agora

que este ano iriam pagar uma taxa de

imposto sobre os vossos rendimentos

de apenas 5%, ninguém acreditaria,

apesar de estarmos tão perto do Na-

tal. Pois bem, essa é a realidade da

maior parte das grandes empresas

multinacionais na Europa, que pa-

gam taxas efectivas de 5% e por vezes

ainda inferiores, mesmo nos países

em que a taxa nominal do imposto

ronda os 30%.”

A comissão especial surgiu na se-

quência das revelações do escânda-

lo “LuxLeaks”, que permitiu pôr a

nu a celebração de acordos secretos

entre o Luxemburgo e mais de 300

multinacionais. Tudo aconteceu en-

tre 2002 e 2010, era então primeiro-

ministro do país Jean-Claude Juncker,

presidente da Comissão. O caso em-

baraçou o início da Comissão Juncker

e ainda hoje gera desconforto entre

os democratas-cristãos. No plenário,

o eurodeputado do PCP João Ferreira

questionou a eurodeputada Danuta

Maria Hübner, do Partido Popular

Europeu, se os democratas-cristãos

estão dispostos a chamar Juncker a

prestar mais esclarecimentos — pa-

ra “apurar muito melhor qual a sua

participação em todo este processo”.

A eurodeputada do PPE evitou dar

uma resposta taxativa, dizendo que

a pergunta se dirigia “mais ao coorde-

nador” do grupo parlamentar. “Não

parece que essa necessidade exista”,

afi rmou. Porém, acrescentou: “Te-

mos o maior gosto em debater essas

questões.”

Da parte da manhã Juncker prome-

teu: “A ambição da Comissão Euro-

peia consiste em fazer tudo para que

a Europa, em matéria fi scal, seja do-

tada de uma mesma base de matéria

colectável.” O comissário europeu

Pierre Moscovici salientou que o exe-

cutivo comunitário já foi “mais longe

do que alguma Comissão até agora” e

prometeu usar “todos os instrumen-

tos de que dispõe” para combater as

práticas fi scais agressivas.

Os eurodeputados da TAXE consi-

deram ainda insufi ciente o projecto

da Comissão, que obriga os Estados-

membros à troca automática de infor-

mações sobre decisões fi scais anteci-

padas. Foi o co-relator Michael Theu-

rer a dizê-lo, lembrando que “muitas

empresas internacionais conseguem

utilizar lacunas fi scais” para diminuir

os impostos que pagam.

ImpostosPedro Crisóstomo

Eurodeputados discutiram práticas tributárias agressivas. Elisa Ferreira pressiona Bruxelas a fazer mudanças na área

89Em Junho, Neeleman vendeu 5% da Azul à norte-americana United Airlines por 89 milhões. A operação ainda aguarda aprovação das autoridades

Page 22: Publico.25.11.2015

22 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

A nova versão da nota mais utili-

zada em Portugal, a de 20 euros,

entra em circulação a partir de hoje

nos países da zona euro, sendo a

terceira denominação da série Eu-

ropa a ser lançada. Precederam-lhe

a nota de dez euros, em Setembro

de 2014, e a de cinco, em Maio de

2013, num processo de renovação

que teve início há pouco mais de

dois anos.

A proxima a ser lançada será a no-

va versão da nota de 50 euros, em

data ainda por defi nir. Ao contrário

do que se verifi ca em Portugal, em

média, a denominação mais utili-

zada nos países da moeda única é

a de 50 euros.

Ontem, na apresentação da no-

va nota de 20 euros, o director

do Departamento de Emissão e

Tesouraria do Banco de Portugal

(BdP), António Marques Garcia,

revelou que a instituição está já

a produzir notas de 50 euros na

nova série, mas não quis apontar

uma data concreta o lançamento.

Sobre a entrada em circulação, o

responsável aponta para um perío-

do de espera “superior a um ano”,

referindo que não vai ser intro-

duzida no euro-sistema em 2016.

Quando foram lançadas, regis-

taram-se alguns problemas com as

novas notas de cinco e dez euros,

nomeadamente em máquinas de

pagamento automático. Tendo is-

so em conta, o BdP diz que agora

desenvolveu um trabalho prévio de

informação com os responsáveis

pelos equipamentos, para evitar

que o mesmo aconteça com a en-

trada em circulação da nova nota

de 20.

O administrador do BdP, João

Amaral Tomaz, explicou que o

objectivo de várias iniciativas de

informação, divulgação e apoio

técnico a profi ssionais levadas a

cabo pela instituição passou tam-

bém por “promover a adaptação

atempada dos equipamentos que

operam com numerário”. Assim,

a instituição avança com a in-

formação de que as “principais

empresas de transportes públi-

cos e de gestão de auto-estradas

estão desde já preparadas” para

Nova nota de 50 euros já está a ser produzida mas não vaiser lançada antes de 2017

Ainda em relação às da primeira

série do euro lançadas em 2002,

Amaral Tomaz esclarece que não

existirá um período de prescrição

tal como aconteceu com o escudo.

Ou seja, poderá sempre ser trocada

por uma da mesma denominação

da nova série.

A introdução da nota de 20 euros

da série Europa tinha já sido anun-

ciada no início do ano pelo Banco

Central Europeu, bem como a di-

ferença dos mecanismos de segu-

rança em relação à série original. A

introdução de novos elementos que

difi cultem a falsifi cação é importan-

te uma vez que é a mais contrafeita

na zona euro.

De acordo com dados do BdP,

só na primeira metade deste ano,

foram detectadas cerca de 450 mil

notas falsifi cadas em circulação no

euro-sistema, sendo perto de 249

mil de 20 euros – ou seja, mais de

metade. Ainda longe desses núme-

ros, a segunda denominação mais

contrafeita foi a de 50 euros, tendo

sido identifi cadas 140 mil notas. Em

Portugal esta tendência mantém-

se e, ao longo do mesmo período,

foram retiradas 2376 notas de 20

euros de circulação, num total de

4096 de todos os valores.

O grafi smo da nova nota segue

a mesma linha e esquema cromá-

tico das que já foram lançadas an-

teriormente e mantém a represen-

tação de um estilo arquitectónico

de diferentes períodos da história

europeia que, neste caso, é o góti-

co. Uma das diferenças da nova ver-

são é a existência de um holograma

com o rosto da Europa, a persona-

gem da mitologia grega que deu ori-

gem o nome do continente.

receber a nova nota de 20 euros.

O administrador esclarece que,

embora a responsabilidade pela

adaptação dos equipamentos se-

ja dos respectivos proprietários,

o BdP tomou “todas as medidas

que estavam ao seu alcance para

que essas adaptações fossem con-

cretizadas o mais atempadamente

possível”.

No entanto, João Amaral Tomaz

não pode garantir que todos os

equipamentos dos “demais agentes

económicos estejam prontos a acei-

tar a nova nota de 20” já a partir de

hoje. O responsável sublinhou ain-

da que não haverá necessidade de

trocar as notas antigas pelas novas,

para que se evite repetir “os casos

conhecidos em que alguns opor-

tunistas tentam ludibriar os mais

incautos”. Tal como aconteceu

com as anteriores denominações,

as notas das duas séries circularão

em paralelo e, quando as notas da

primeira série forem retiradas, tal

será “comunicado com muita an-

tecedência”.

DinheiroCamilo Soldado

Versão renovada da notade 20 euros começa hoje a circular com mais formas de combate à falsificação

KOEN VAN WEEL/AFP

As duas versões da nota de 20 vão, para já, circular em paralelo

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015

PSI 20 INDEX -0,59 5266,66 421686494 5280,21 5280,21 5194,16 1,79 9,75ALTRI -0,98 5,06 501401 5,08 5,08 4,97 2,14 103,66BANIF 0 0,00 172339019 0,00 0,00 0,00 0,00 -57,89BPI -0,98 1,11 3093552 1,12 1,12 1,07 8,64 7,99BCP 0 0,05 217145742 0,05 0,05 0,05 3,31 -23,90CTT -0,37 8,28 1365539 8,35 8,36 8,07 -8,28 3,27EDP -2,74 3,20 8623679 3,29 3,29 3,18 3,92 -0,62EDP RENOVÁVEIS -0,72 6,30 413552 6,33 6,33 6,23 3,71 16,58GALP ENERGIA 1,04 9,74 2519582 9,53 9,75 9,48 3,36 15,51IMPRESA -4,69 0,51 233167 0,53 0,53 0,50 -3,09 -35,53J MARTINS -1,27 12,83 946244 12,92 12,96 12,70 0,46 53,93MOTA ENGIL 2,61 2,13 411827 2,09 2,13 2,05 0,19 -20,11NOS -0,47 7,36 548918 7,37 7,39 7,18 3,57 40,57PHAROL -1,36 0,36 9211695 0,37 0,37 0,36 -3,40 -57,87PORTUCEL 0,84 3,84 890141 3,80 3,84 3,76 0,79 24,34REN -0,73 2,59 578742 2,60 2,60 2,55 2,88 7,73SEMAPA 0,78 12,90 104554 12,91 13,32 12,79 -1,12 28,68TEIXEIRA DUARTE -0,74 0,40 104505 0,40 0,40 0,39 6,54 -43,18SONAE -1 1,09 2654635 1,10 1,10 1,07 3,69 5,96

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 217.145.742BANIF 172.339.019PHAROL 9.211.695EDP 8.623.679BPI 3.093.552

MOTA ENGIL 2,61%GALP ENERGIA 1,04%PORTUCEL 0,84%

IMPRESA -4,69%EDP -2,74%PHAROL -1,36%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

2,30

2,55

2,80

3,05

3,30

1,06490,7065130,373,94141,0814

-0,099%-0,03%

43,871075,4

0,196%2,532%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

3000

3200

3400

3600

3800

4700

4950

5200

5450

5700

-0,0300

-0,0075

0,0150

0,0375

0,0600

-0,59%-1,04%

n.d.

Ao contrário do que se verifi ca em Portugal, em média, a versão mais utilizada nos 19 países da moeda única é a de 50 euros. É a segunda mais contrafeita na zona euro

Page 23: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | ECONOMIA | 23

A cibersegurança passa pelos electrodomésticos

GUILHERME MARQUES

O painel de cibersegurança abordou em Lisboa os desafios da análise de grandes quantidades de dados

A porta de casa pode ser um alvo

para intrusos e não da forma con-

vencional. Quando pensa em ciber-

segurança, a maioria das pessoas

preocupa-se com os dados bancá-

rios ou a privacidade do email. Mas

num mundo em que os telemóveis,

os computadores e as televisões se-

rão apenas uma pequena parte dos

aparelhos inteligentes, a panóplia

de equipamentos ligados à rede (das

janelas das casas ao automóvel),

bem como o gigantesco manancial

de dados que tudo isto põe a circu-

lar, representa um desafi o para as

empresas do sector.

“A Internet das Coisas é claramen-

te um dos principais temas” na área

da cibersegurança, observou on-

tem, em Lisboa, Francisco Fonseca,

presidente executivo da AnubisNe-

tworks, uma empresa de segurança

informática, durante uma conferên-

cia sobre big data organizada pela

EDP em parceria com o PÚBLICO.

Big data é a expressão usada para

designar gigantescas quantidades

de dados — o tipo de dados que, por

exemplo, são gerados no quotidia-

no digital por todos os utilizadores

que navegam, comunicam e fazem

compras na Internet.

Estes dados podem ser analisados

por supermercados, bancos, ope-

radores de comunicações e, even-

tualmente, alvo de um assalto. “Já

é possível ter ligados à Internet o

alarme, as luzes, a temperatura, a

água, a televisão. No futuro vamos

ter muito mais. Vai ser uma opor-

tunidade e um problema. Vamos

perceber quão criativos vão ser [os

ataques informáticos]”, completou

Francisco Fonseca.

A chamada Internet das Coisas

— em que os objectos e estruturas

físicas estão ligados à Internet, co-

municam entre si e podem ser dota-

dos de alguma inteligência artifi cial

— não é um cenário de um futuro

distante. É certo que os frigorífi cos

ainda não detectam se acabou o lei-

te e fazem encomendas online sozi-

nhos. Mas já há no mercado vários

equipamentos domésticos inteligen-

tes, que se adequam aos hábitos dos

utilizadores (por exemplo, ligando

o aquecimento a tempo de a casa

estar na temperatura certa quando

passado os 20 mil milhões de euros

e vai continuar a crescer.

Nesta era de avalanche de dados

— emails, telefonemas, compras, via-

gens —, um dos desafi os é “trazer

mais inteligência à forma como se

processam estas coisas”, afi rmou

Paulo Marques, co-fundador da Fe-

edzai, uma startup portuguesa de

cibersegurança no sector do comér-

cio. “O ponto importante não são os

dados, é o que se faz com a informa-

ção. [É preciso] ter o computador

a olhar automaticamente para os

dados e perceber como pode agir.

E em tempo real”, argumentou.

A Feedzai tem actualmente sede

nos EUA e, segundo Marques, pro-

cessa quatro mil milhões de transac-

ções por ano. A empresa recorre a

técnicas de machine learning, em

que os computadores aprendem e

tomam decisões a partir da análise

de dados, em vez de seguirem ape-

nas instruções predefi nidas. Entre

as múltiplas variáveis analisadas

pela tecnologia da Feedzai está,

por exemplo, o gasto típico de uma

pessoa com um determinado comer-

ciante, exemplifi cou Paulo Marques.

Um desvio nos comportamentos ha-

bituais poderá signifi car que algo de

errado se está a passar.

Já José Alegria, director de ciber-

segurança e privacidade na PT, su-

biu ao palco para se debruçar sobre

os desafi os para as empresas e avi-

sou que as mudanças vão ser rápi-

das. “O futuro está a chegar muito

depressa”, disse, referindo-se uma

combinação entre a Lei de Moore

(uma previsão de crescimento ex-

ponencial da capacidade de proces-

samento) e o efeito em rede. “Tudo

está fi car mais rápido e mais com-

plexo. Talvez não entendamos se-

quer o que vai acontecer dentro de

três ou quatro anos.”

Um quotidiano com múltiplos dispositivos conectados e enormes quantidades de dados a circularonline são “uma oportunidade e um problema” na era da Internet das Coisas

InternetJoão Pedro Pereira

a pessoa chegar) e que podem ser

controlados remotamente, através

de um telemóvel ou tablet.

Também os novos modelos de

automóveis são cada vez mais co-

nectados, integrando sistemas de

navegação e funcionalidades autó-

nomas de segurança, como travões

que se accionam automaticamente.

Este ano, a revista Wired narrou uma

experiência em que duas pessoas

usaram um portátil para acederem

ao sistema informático de um jipe

e controlarem várias funções do

veículo, incluindo os travões e a

direcção. E este ainda não era um

carro autónomo, uma das grandes

promessas do sector para o futuro

próximo. A analista de mercado Gar-

tner antecipa que, para o ano, o nú-

mero de equipamentos conectados,

carros incluídos, aumente 30%. Por

outro lado, o mercado do software

de cibersegurança rondou no ano

A analista Gartner antecipa que, no próximo ano, o número de equipamentos conectados, automóveis incluídos, aumente 30%. Já o mercado de software de cibersegurança rondou os 20 mil milhões de euros

Page 24: Publico.25.11.2015

24 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Bélgica procura cúmplice do fugitivo de Paris e captura novo suspeito

Salah Abdeslam está ainda em fuga e

a Bélgica lançou-se ontem numa no-

va caça ao homem. Bruxelas anun-

ciou um mandado internacional de

captura para Mohamed Abrini, de

30 anos, avistado dois dias antes dos

atentados na capital francesa com

Salah no mesmo carro que o presu-

mível atacante de Paris usou para

transportar três bombistas suicidas

ao Estádio de França. Capturar Abri-

ni poderá levar ao rasto de Salah,

que todos os dias desperta rumo-

res sobre a sua captura — ontem, a

Alemanha fez uma grande operação

de perseguição a um carro em fu-

ga que se concluiu depois não ter

quaisquer ligações com o francês.

Tal como ele, também Abrini é con-

siderado “perigoso e provavelmente

armado”.

Não é o único avanço neste eixo

da investigação aos ataques em Pa-

ris. A Justiça belga acredita que um

dos homens capturados nas opera-

ções antiterrorismo dos últimos dias

cometeu “homicídios” e participou

em “actividades de um grupo terro-

rista”. O suspeito, cuja identidade

não foi divulgada, foi formalmen-

te acusado ontem. Como tem sido

habitual, o gabinete do procurador

federal limitou-se a dar o mínimo

possível de informação aos jornalis-

tas, não adiantando por isso se este

novo arguido — o segundo a ser acu-

sado de actividades terroristas no

país em apenas dois dias — esteve

envolvido nos atentados. Também

nada avançou de novo sobre um ou-

tro homem que acusou na segunda-

feira de ter cometido um “ataque

terrorista”.

Esta é a quinta pessoa capturada

na Bélgica depois dos atentados a

ser acusada de participar em activi-

dades terroristas. Acontece o mes-

mo com os dois homens que foram

buscar Salah à capital francesa e o

conduziram a Bruxelas poucas ho-

ras depois dos ataques. E com um

outro suspeito, também não identi-

fi cado, que se pensa que lhe poderá

ter dado abrigo.

Do outro lado da fronteira, a Fran-

ça avança os seus próprios frutos da

investigação. O suposto orquestra-

dor dos atentados abatido pela po-

lícia em Saint-Denis, Abdelhamid

Abaaoud, tinha agendado um novo

ataque terrorista em Paris para os

dias 18 ou 19 de Novembro, segundo

anunciou o procurador de Paris. Es-

te atentado seria executado no dis-

trito comercial de La Défense, em

conjunto com o homem que se fez

explodir no mesmo apartamento de

Abaaoud no assalto policial de há

uma semana — foi incorrectamente

noticiado então que a bomba fora

detonada por uma prima do jihadis-

ta belga que estava no edifício e que

morreu também na operação.

Esta suspeita já fora avançada na

imprensa francesa no momento da

grande operação em Saint-Denis,

mas só agora é confi rmada ofi cial-

mente. O bombista que ajudaria

Abaaoud no novo ataque ainda não

foi identifi cado, dado o estado do

seu corpo. Mas pensa-se que este

homem foi um dos jihadistas que

atacou os bares e restaurantes no

10.º e 11.º bairros de Paris e a mesma

pessoa que mais tarde avistada no

metro com Abaaoud. O homem que

arrendou o apartamento de Saint-

Denis aos jihadistas, Jawad Benda-

oud, foi ouvido ontem por um juiz e

posto em prisão preventiva. Diz não

conhecer nenhum dos inquilinos.

Regresso à normalidadeBruxelas regressa lentamente à nor-

malidade. Ao quarto dia em alerta

de segurança máximo, grandes pa-

trulhas armadas, escolas e metro

fechados, começaram fi nalmente a

abrir alguns museus e lojas encerra-

dos desde o fi m-de-semana. Ainda

são poucos os clientes e visitantes.

Como continuam a ser poucas as

pessoas nos espaços históricos da

capital — há lá mais câmaras de te-

levisão do que militares e turistas,

como escreve o correspondente do

Wall Street Journal. Em todo o caso,

para cada rua vazia parecia haver

uma outra que recomeçava o ritmo

normal. E a chuva que caía ontem

ajudou a dar um ar de normalida-

de a uma capital europeia em parte

Militares patrulham os edifícios da Comissão Europeia, na capital belga

Agitam-se as águas na investigação aos atentados. França confi rma que jihadistas abatidos estavam a preparar um novo ataque e Bélgica anuncia um novo suspeito de terrorismo

TerrorismoFélix Ribeiro

EUA lançam alerta mundial para os seus cidadãos que forem viajar

Os Estados Unidos lançaram segunda-feira um alerta mundial sobre os riscos de viajar para os

cidadãos norte-americanos em todo o globo, por causa de “um aumento das ameaças terroristas”.

O Departamento de Estado invocou, em comunicado, “informações actuais que indicam que o EI (grupo Estado Islâmico), a Al-Qaeda, o Boko Haram e outros grupos terroristas continuam a planear ataques terroristas em múltiplas regiões”, e cita igualmente os recentes atentados ocorridos este ano “em França, na Nigéria, na Dinamarca, na Turquia e no Mali”. Também refere a ameaça

de “indivíduos não afiliados” que possam cometer atentados inspirados nestes últimos acontecimentos dramáticos.

“As autoridades pensam que continuam a existir probabilidades de ocorreram ataques terroristas à medida que os membros do EI/Daash regressam da Síria e do Iraque”, refere o comunicado, numa referência aos combatentes estrangeiros que regressam aos seus países de origem depois de terem combatido nas fileiras daquela organização jihadista.

“Os extremistas tomaram como alvo eventos desportivos, salas de espectáculos, mercados a céu aberto ou serviços aéreos”, refere o texto do Departamento

de Estado. Normalmente, os EUA emitem alertas deste género para países em concreto, dando instruções e conselhos os seus cidadãos que ali habitam ou que tencionam viajar para esse destino. Mas este aviso à escala mundial tem um carácter inédito e mostra bem a dimensão da ameaça terrorista que se traduziu numa multiplicação de atentados ao longo das últimas semanas.

Os eventuais atentados “podem ser levados a cabo recorrendo a um amplo leque de tácticas, como o recurso a armas convencionais ou não convencionais e podem visar interesses públicos ou privados”, segundo o texto do Departamento de Estado.

Page 25: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | MUNDO | 25

ainda imobilizada pelo medo de que

uma célula jihadista esteja a prepa-

rar um atentado para os próximos

dias, nas mesmas linhas de Paris.

Polícia e Governo continuam a

acreditar que é esse o caso. Foi por

isso que o primeiro-ministro belga

decidiu manter no nível máximo o

alerta de segurança na capital pelo

menos até à próxima segunda-feira.

Há o receio de que as grandes ope-

rações policiais dos últimos dias

precipitem alguma célula jihadista

a passar à acção antes do tempo e a

lançar um atentado semelhante ao

de Paris, evitando assim a captura.

Temem também que o ataque venha

da parte do fugitivo Salah, que pode

estar ainda no país e que até agora

tem sido representado na Bélgica e

em França como a sua grande ame-

aça em suspenso.

Em todo o caso, começa a modi-

fi car-se a imagem de Salah como o

jihadista que espera na escuridão

por uma oportunidade para um

novo atentado. Na segunda-feira, a

polícia francesa encontrou no lixo

um colete de explosivos semelhante

aos que foram usados pelos terroris-

tas que se fi zeram explodir na noite

dos ataques. Tudo indica que tenha

pertencido a Salah, uma vez que foi

encontrado no mesmo bairro pari-

siense em que o seu telemóvel deu

sinal pela última vez, Montrouge.

A confi rmar-se, ganha força a tese

de que o francês nascido na Bélgica

hesitou no último momento e não

foi por diante com o ataque que lhe

fora atribuído. Este aconteceria pro-

vavelmente no 18.º bairro de Paris,

onde foi encontrado um dos dois

carros que alugou. O mesmo em

que foi visto com o novo fugitivo:

um Renault Clio negro.

Escolas e metro de Bruxelas rea-

brem hoje ainda em alerta máximo

— ao resto do país aplica-se o segun-

do nível mais grave —, mas não sem

prevenção. O Governo destacou 300

agentes da polícia para patrulharem

escolas e outros 200 para fazerem

a segurança no metro de Bruxelas.

Será um passo cauteloso no sentido

da normalidade, como vivamente

disse um dos presidentes de Câ-

mara de Bruxelas, recusando-se a

cancelar um mercado de Natal na

cidade. “Não podemos continuar a

viver nestas condições”, afi rmou às

televisões Yvan Mayeur. “Não vive-

remos num regime islamista”, sen-

tenciou. “Não desejo um regresso

demasiado rápido à normalidade,

mas não quero também que nos

precipitemos para um regime que

não é nosso.”

BENOIT DOPPAGNE/AFP

Foi a promessa de uma resposta “im-

piedosa” contra o autoproclamado

Estado Islâmico, que reivindicou a

autoria dos atentados de Paris, que

levou o Presidente de França, Fran-

çois Hollande, até Washington, para

conversações na Casa Branca com

Barack Obama sobre a estratégia e a

cooperação internacional no comba-

te ao terrorismo. E a visita não saiu

gorada: os dois líderes concordaram

em intensifi car os bombardeamentos

em curso contra os alvos jihadistas,

no território que agora dominam na

Síria e no Iraque, e também reafi rma-

ram o seu apoio a todas as “forças

locais” que estão no terreno, a con-

duzir a ofensiva contra os militantes

islamistas.

Após quase três horas de reunião,

Obama abriu a conferência de im-

prensa retribuindo a solidariedade

e o apoio manifestado pela França

aos Estados Unidos depois dos aten-

tados de 2011, repetindo o refrão lan-

çado depois do ataque a Paris: “Nous

sommes tous français”, e “todos esta-

mos unidos” na luta contra o terror,

declarou. Por isso, num quadro de

assistência reforçada, os EUA vão

coordenar os assaltos aéreos com a

aviação francesa, partilhar informa-

ção secreta e melhorar a vigilância

de passageiros nos aeroportos, in-

formou.

Com os aviões de guerra franceses

a levantar do porta-aviões Charles

de Gaulle, estacionado no Mediter-

râneo oriental ao largo da Síria, para

bombardear alvos do EI, o Presidente

francês procura, esta semana, con-

gregar apoios e construir uma frente

unida de aliados para a campanha

militar contra os extremistas - que,

garantiu Hollande na Casa Branca,

não prevê a mobilização de tropas

estrangeiras para o terreno.

Além de Washington, o roteiro di-

plomático de Hollande inclui uma

paragem em Moscovo, para um en-

contro com Vladimir Putin, e contac-

tos em Paris com a chanceler da Ale-

manha, Angela Merkel, e o Presiden-

te chinês, Xi Jinping. Até domingo,

Hollande também conversará com o

novo primeiro-ministro do Canadá,

Justin Trudeau, e da Itália, Matteo

Obama garante apoio a Hollande mas não uma coligação com a Rússia para derrotar o EI

Renzi, além do presidente do Con-

selho Europeu, Donald Tusk, e do

secretário-geral da Organização das

Nações Unidas, Ban Ki-moon.

A mensagem do Presidente francês

para todos estes líderes é idêntica: a

defesa dos valores comuns ociden-

tais e a protecção das populações im-

plica a “unidade de forças” e uma

“colaboração intensa”. Um primeiro

sinal da comunidade internacional

foi a aprovação por unanimidade,

no rescaldo dos atentados de Paris,

de uma resolução do Conselho de

Segurança da ONU, apresentada pela

França, contra o Estado Islâmico.

No entanto, o discurso que Hollan-

de tem vindo a repetir desde os úl-

timos dias contém também pará-

grafos sobre a necessidade de uma

“resolução” para a guerra na Síria,

nomeadamente o fi m do regime de

Bashar al-Assad e a sua exclusão do

processo de transição política — e

Rita Sizaneste ponto, a boa vontade de al-

guns dos aliados poderá fi car àquem

das expectativas da França. Aliás,

antes do líder gaulês aterrar na ca-

pital norte-americana, a queda de

um caça aéreo russo, abatido pela

Turquia, ensombrava a agenda do

encontro bilateral, e acrescentava

um novo nível de complexidade às

negociações internacionais para a

“coligação” que Hollande reclama.

O Presidente da França lamentou

o episódio; Obama sublinhou que a

preocupação do momento é evitar

uma escalada da situação. “Julgo que

é importante notar que existe uma

coligação robusta, com 65 países,

que estão a combater o EI. A Rússia

permanece à margem”, notou Oba-

ma, acrescentando que a cooperação

de Moscovo seria “muito bem-vin-

da”, tendo em conta as suas capaci-

dades militares e “a infl uência que

tem junto de Assad”.

NICHOLAS KAMM/AFP

“Nous sommes tous français”, disse Obama a Hollande

“Existe uma coligação robusta, com 65 países, que estão a combater o EI. A Rússia permanece à margem”, disse Obama

Washington não dá pormenores sobre eventuais alvos, mas garante que vai “continuar a trabalhar de perto com os aliados face à ameaça que representa o terrorismo internacional”.

Aos viajantes norte-americanos é aconselhado, entre outras coisas, que sejam vigilantes quando estiverem em locais públicos ou transportes, que evitem grandes multidões ou lugares muito frequentados, que sejam “extracuidadosos” durante a época natalícia e nos eventos públicos que ocorrem nestas alturas, e que tentem acompanhar o noticiário local dos países onde se encontrarem.

Page 26: Publico.25.11.2015

26 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Putin acusa Turquia de ser “cúmplice de terroristas” ao abater caça russo

Aviões turcos abateram um Su-24 da Rússia na fronteira com a Síria. Ancara diz que o caça violou o seu espaço aéreo e Moscovo garante que o aparelho não saiu da Síria. Obama, ONU e NATO apelaram à calma

MAXIM SHIPENKOV/AFP

Putin afirmou que o abate do caça russo terá “consequências significativas” e classificou o caso como “uma facada nas costas”

O caos na Síria provocado por anos

de uma brutal guerra civil e meses de

bombardeamentos aéreos lançados

por vários países, com motivações

distintas, atingiu ontem um novo

ponto de tensão com consequências

imprevisíveis.

Nas primeiras horas da manhã,

dois aviões F-16 turcos abateram um

caça Su-24 russo na fronteira entre

a Turquia e a Síria, e o resto do dia

transformou-se num rodopio de

reuniões de emergência e conversas

com diplomatas um pouco por todo

o mundo, num esforço para impedir

a abertura de um novo confl ito que

pode comprometer de vez os pedi-

dos do Presidente francês, François

Hollande, para uma frente comum

contra o autoproclamado Estado Is-

lâmico, após os atentados terroris-

tas de 13 de Novembro em Paris.

Foi o primeiro caça russo a ser aba-

tido naquela região desde o início da

campanha de bombardeamentos na

Síria ordenada pelo Presidente Vla-

dimir Putin, em Setembro, mas essa

nota passa para segundo plano quan-

do se percebe que foi, acima de tudo,

um ataque de um membro da NATO

contra um avião militar da Rússia — o

primeiro de que há registo, pelo me-

nos, desde o fi m da Guerra Fria.

O que se sabe ao certo é que os

F-16 turcos abateram o Su-24, e que

o caça russo caiu em território sírio,

muito perto da fronteira com a Tur-

quia, no extremo norte da província

de Latakia. Mas a partir daí cada país

apresenta a sua versão — Ancara ga-

rante que o caça russo violou o espa-

ço aéreo turco e que os seus pilotos

avisaram dez vezes durante cinco

minutos antes de terem lançado o

ataque (informação confi rmada pelo

Pentágono); Moscovo diz que con-

segue provar que o seu avião nunca

saiu do espaço aéreo sírio, onde es-

tava integrado na campanha de ata-

ques contra os extremistas do Estado

Islâmico e os vários grupos rebeldes

que querem derrubar o Presidente

sírio, Bashar al-Assad.

O piloto russo e o seu navegador

conseguiram ejectar-se e num vídeo

que foi posto a circular na Internet

membros da milícia turcomana

Alwiya al-Ashar surgem à volta do

corpo de um homem que dizem ser

extraordinária, a Rússia desmarcou

uma viagem do seu ministro dos Ne-

gócios Estrangeiros a Ancara, que es-

tava prevista para hoje.

“O Presidente disse com clareza

que isto não pode deixar de afectar

as relações entre a Rússia e a Tur-

quia. Neste contexto, foi decidido

cancelar o encontro entre os mi-

nistros dos Negócios Estrangeiros

da Rússia e da Turquia, que estava

marcada para amanhã [hoje], em

Istambul”, disse o ministro russo

Sergei Lavrov. Os cidadãos russos

foram desaconselhados a viajar pa-

ra a Turquia.

Apesar da retórica inflamada,

muitos analistas acreditam que o

incidente não terá repercussões

graves. Num texto publicado no site

do jornal britânico The Independent,

Shashank Joshi, da Universidade de

Oxford, sublinha “o contexto da me-

lhoria de relações diplomáticas com

Moscovo e o extraordinário risco de

escalada da situação”, para defender

que “os aliados ocidentais da Tur-

quia deverão reagir com a extrema

cautela”.

De Washington, Obama fez chegar

as mensagens de que a Turquia tem o

direito de defender a sua integridade

territorial e que o melhor a fazer para

acalmar a situação é que turcos e rus-

sos falem entre si para esclarecerem

o que se passou e para que sejam “to-

madas medidas para evitar uma esca-

lada”. Também o secretário-geral das

Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu

“medidas urgentes para acalmar a

tensão”, incluindo uma investigação

que “permita clarifi car o que se pas-

sou neste incidente e evitar que se

volte a repetir”. E no fi nal da reunião

da NATO, o secretário-geral, Jens

Stoltenberg, apelou “à calma” para

travar a escalada da tensão entre os

dois países, para depois reafi rmar

que a Aliança Atlântica “está solidária

com a Turquia”.

Guerra na SíriaAlexandre Martins

um dos pilotos russos — um porta-voz

do grupo disse à CNN Turquia que os

dois foram abatidos quando desciam

de pára-quedas. Um fonte militar rus-

sa não confi rmou à Reuters a morte

de um dos pilotos e evocou a hipóte-

se de uma operação de resgate para

recuperar o segundo piloto.

A milícia Alwiya al-Ashar é apoia-

da por Ancara e combate contra as

forças do Presidente sírio, ao lado de

inúmeros grupos rebeldes, dos mais

moderados aos jihadistas da Frente

al-Nusra, o braço da Al-Qaeda na Síria

— todos eles adversários da Rússia,

que está na Síria para ajudar o Pre-

sidente Bashar al-Assad.

Numa primeira reacção, cautelo-

sa, o porta-voz do Kremlin, Dmitri

Peskov, sublinhou que era preciso

esperar por mais informações para

se perceber qual seria a resposta da

Rússia. “Temos a certeza de que o

avião estava em espaço aéreo sírio,

sobre o território sírio, mas seria er-

rado fazer suposições neste momen-

to. Temos de ser pacientes. É um inci-

dente muito sério, mas não é possível

dizer mais nada sem termos toda a

informação”, disse Peskov. Horas

depois, Vladimir Putin não poupou

nas palavras: afi rmou que o abate do

caça russo terá “consequências sig-

nifi cativas” e classifi cou o caso como

“uma facada nas costas dada pelos

cúmplices dos terroristas”, na decla-

ração mais dura dos últimos tempos

contra o Governo de Recep Tayyip

Erdogan.

Da parte turca, apenas uma decla-

ração, repetida por vários respon-

sáveis, resumida pelo primeiro-mi-

nistro, Ahmet Davutoglu, e repetida

ao fi nal do dia pelo Presidente, Er-

dogan: “A Turquia tem o direito de

tomar as medidas necessárias contra

a violação das suas fronteiras.”

Já depois de a Turquia ter pedido

aos seus parceiros da NATO que dis-

cutissem a situação numa reunião

Page 27: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 27

YANNIS BEHRAKIS/REUTERS

Iranianos entraram em greve de fome e coseram os lábios

Está frio, até nevou, mas aqueles ho-

mens estão de tronco nu e coseram

os lábios com fi o de nylon. Estão em

greve de fome. Um escreveu “Iran”

na testa. Estão sentados em cima dos

carris da linha de comboio na frontei-

ra da Grécia com a Macedónia, impe-

dindo o tráfego ferroviário entre os

dois países. “Open the border” (Abram

a fronteira), diz um cartaz improvisa-

do com um pedaço de cartão.

São iranianos, fazem parte dos

cerca de mil refugiados que se acu-

mularam nos Balcãs, desde que vá-

rios países da região decidiram que

só deixariam transitar nas fronteiras

como refugiados pessoas vindas de

países que estivessem em confl ito.

Os critérios variam um pouco de

país para país, mas aos sírios todos

deixam avançar, aos iraquianos, em

princípio, também.

Quanto aos afegãos, depende da

interpretação, mas iranianos, paquis-

taneses e africanos de várias nações

estão a ser barrados — numa viola-

ção da lei internacional, afi rmam as

Nações Unidas. “Toda a gente tem o

direito de pedir asilo e de que o seu

caso seja ouvido, seja qual for a sua

nacionalidade”, sublinhou o porta-

voz do Alto Comissariado da ONU pa-

ra os Refugiados, Adrian Edwards.

Um grupo de bangladeshianos

chama a atenção para a sua situação:

“Disparem contra nós ou salvem-nos.

Não podemos voltar ao Bangladesh”,

escreveram a vermelho no peito nu.

Cerca de 200 pessoas juntaram-se

a estes protestos, relata a Reuters.

Outros mantêm-se à espera, alguns

voltaram para a Grécia, em busca de

uma rota alternativa.

A ONU diz não ter informações de

que esta nova política de fronteiras

tenha sido suscitada pelos atenta-

dos de Paris de 13 de Novembro — ou

apenas pela falta de soluções euro-

peias para a crise dos refugiados do

Médio Oriente. A Suécia anunciou

ontem que a sua lei iria ser adapta-

da para reduzir o enorme afl uxo de

refugiados que recebeu este ano. “É

preciso aliviar a enorme pressão [so-

bre o sistema de acolhimento sueco],

para que mais pessoas peçam asilo

noutros países da UE. A legislação

Refugiados barrados na Macedónia cosem os lábios e pedem: “Abram a fronteira”

antes, recorda a AFP, tinham che-

gado 2500. A Itália também não

chegam barcos com migrantes há

vários dias.

Será uma nova tendência? As orga-

nizações humanitárias não arriscam

previsões. “Pode ser por causa do

tempo.” Há ventos violentos nesta

zona do Mediterrâneo. Podem tam-

bém ser as notícias do bloqueio nas

fronteiras dos Balcãs, ou um contro-

lo extra da Turquia, que está a ser

pressionada pela UE para travar a

partida de embarcações com refugia-

dos das suas costas, admite a AFP.

Seja o que for, é “um fenómeno

signifi cativo”, diz a OIM. Este ano,

858.805 refugiados e migrantes

chegaram à Europa através do Me-

diterrâneo, sobretudo através da

Grécia, segundo esta organização.

Na viagem, morreram 3548. Apenas

148 foram feitos seguir para outros

países da UE: Finlândia, Luxembur-

go e Suécia.

vai ser reduzida ao nível mínimo da

União Europeia por um período de

três anos”, anunciou o primeiro-

ministro, Stefan Löfven.

Não é possível manter a situação

actual, afi rmou o governante: o país

de 9,8 milhões de habitantes já re-

cebeu este ano 80 mil refugiados. À

escala da UE, disse, cita-o a AFP, é

como se tivesse recebido 25 milhões

de pessoas.

Uma pausa nas ilhas gregasMas, pela primeira vez este ano, a

chegada de refugiados às ilhas gregas

abrandou, tornou-se desde o fi m-de-

semana quase um fi o de azeite, em

vez de uma torrente. Apenas 155 pes-

soas chegaram no domingo às ilhas

e 478 aos portos de Atenas e Kavala,

vindos dessas mesmas ilhas, anun-

ciou a Organização Internacional

para as Migrações (OIM). Às praias

de Lesbos, somente 24 pessoas ti-

nham chegado até às 15h. Três dias

EuropaClara Barata

À Grécia deixaram de chegar milhares de pessoas. ONU critica política de selecção de nacionalidades por países dos Balcãs

Ilustração

oP3éa tu

a

primeiragaleria

Envia o teu portfolio para [email protected]

CONVITE AOS ASSOCIADOS DO MONTEPIOEleição dia 2 de Dezembro de 2015 para o mandato 2016-2018

A LISTA C - DEFENDER O MUTUALISMO candidata aos Órgãos Associativos da Associação Mutualista Montepio Geral, convida os associados residentes em Faro e nos con-celhos vizinhos a participarem na sessão/debate que se vai realizar no dia 25 de NOVEMBRO, pelas 18h, na CASA DO ALENTEJO, R. das Portas de Santo Antão 58, Lisboa, sobre:

- A SITUAÇÃO DO MONTEPIO E DAS POUPANÇAS DOS ASSOCIADOS;

- AS PROPOSTAS DA LISTA C.

Estarão presentes os candidatos: Eugénio Rosa, Manuel Macaísta Malheiros, José Martins Correia, Viriato Monteiro da Silva

PARTICIPE NA DEFESA DO MUTUALISMO E DAS SUAS POUPANÇAS

Page 28: Publico.25.11.2015

28 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Os jornalistas Emiliano Fittipaldi e Gianluigi Nuzzi

Começou ontem, no Estado da Ci-

dade do Vaticano, o julgamento de

dois jornalistas italianos e três fun-

cionários da Santa Sé acusados de

divulgarem ilicitamente informação

confi dencial da Igreja.

Na sequência de uma investigação

de meses que levou à prisão de um

alto funcionário da Igreja, Angelo

Vallejo Balda, e da relações públi-

cas Francesca Chaoqui, por suspeita

de fuga de informação, o tribunal

do Vaticano acusou também os jor-

nalistas Emiliano Fittipaldi e Gian-

luigi Nuzzi de “exercerem pressão,

sobretudo sobre Vallejo Balda, pa-

ra obter documentos e informações

confi denciais com a fi nalidade de

os usar nos seus livros”, nos quais,

de acordo com o Vaticano, é dada

uma versão “parcial e tendenciosa”

dos factos.

Via Crucis, de Nuzzi, e Avarezia, de

Fittipaldi, foram publicados em Itá-

lia este mês e ambos expõem casos

de corrupção, má gestão fi nanceira

e gastos extravagantes de membros

da Igreja com recurso a fundos para

a solidariedade social.

Num comunicado ofi cial emitido

no sábado, o Vaticano anunciou que,

terminada a fase de inquérito no pro-

cesso já conhecido como “Vatileaks

II”, Angelo Vallejo Balda, monsenhor

espanhol, o seu assistente Nicola

Dois jornalistas julgados no Vaticano no novo processo “Vatileaks”

Maio e Francesca Chaoqui são acu-

sados de transmitirem informação

confi dencial, “conseguida de forma

ilegítima”, aos dois jornalistas italia-

nos que foram também constituídos

arguidos.

Na primeira sessão do julgamento,

os jornalistas reivindicaram princí-

pios de liberdade de imprensa e con-

fi dencialidade das fontes, previstas

na Constituição italiana, mas que não

têm vigência na lei do Vaticano.

“Estou incrédulo por me ver na

posição de réu num país que não é

o meu”, declarou Fittipaldi ao pai-

nel de quatro juízes, reforçando que

não tinha publicado nada de falso ou

difamatório, apenas notícias: “Uma

actividade que é protegida e garan-

tida pela Constituição de Itália, pelas

convenções europeias e pela própria

Declaração Universal dos Direitos

Humanos.”

Os jornalistas enfrentam uma con-

denação que pode ir até aos oito anos

de prisão. A Santa Sé mantém, no en-

tanto, um acordo de extradição com

Itália, e, caso a sentença seja decla-

rada, o caso pode ser encaminhado

para as autoridades italianas.

Organizações como a Organização

para a Segurança e Cooperação na

Europa (OSCE), os Repórteres sem

Fronteiras e o Comité de Protecção

de Jornalistas marcaram presença no

tribunal, exigindo ao Vaticano que

levante a queixa contra os repórteres

acusados, uma vez que a liberdade

de imprensa é um direito universal

fundamental.

A acusação alegou ainda que Bal-

da, Chaouqui e Maio formaram uma

“associação criminosa organizada”

com o propósito de “divulgar infor-

mação e documentos sobre os inte-

resses fundamentais de Sua Santida-

de e do Estado do Vaticano”, reporta

a agência de notícias Reuters.

Vallajo Balda e Chaoqui foram de-

tidos a 1 de Novembro por suspeitas

de fuga de informação. Chaoqui foi,

entretanto, libertada, mas o prelado

espanhol continua em prisão preven-

tiva. As fontes das obras publicadas

remetem para a Comissão de Estudo

e Orientação das Estruturas Econó-

mico-Administrativas da Santa Sé

(COESA), entretanto extinta, de que

Balda era secretário.

Ao abrigo do artigo 248.º do Códi-

go Penal do Vaticano, promulgado

pelo Papa Francisco em Julho de

2013, os funcionários da Igreja que,

em qualquer parte do mundo, divul-

guem informação confi dencial da

instituição devem ser penalizados

pelo sistema de justiça do Vaticano.

Texto editado por Joana Amado

Igreja CatólicaInês Moreira Cabral

Autores de livros sobre corrupção na Igreja reivindicam princípios de liberdade de imprensa não previstos pela lei da Santa Sé

AFP PHOTO / KEVIN MIDIGO

Francisco aterra hoje em Nairobi, onde tem prevista uma missa para mais de um milhão de pessoas

Anuncia-se como a mais arriscada

das 11 viagens já realizadas pelo Papa,

mas também como uma das mais im-

portantes do pontífi ce que escolheu

a Igreja dos mais pobres e que, quase

três anos depois de ter sido eleito,

visita pela primeira vez a “periferia

do mundo”. No Quénia, Uganda e na

República Centro-Africana (RCA), on-

de a preocupação com a segurança

será constante, Francisco quer falar

da luta contra a pobreza e a corrup-

ção, mas sobretudo de reconciliação

e da necessidade absoluta de diálogo

entre cristãos e muçulmanos.

Francisco aterra hoje em Nairobi, a

capital queniana que foi nos últimos

anos palco de atentados reivindica-

dos pelos extremistas somalis das Al-

Shabbab, incluindo o assalto a um

centro comercial que há dois anos

terminou com a morte de 137 pesso-

as. Apesar do risco — que se repete

no Uganda, visado em 2010 por um

atentado que matou 76 pessoas —,

o Papa viajará sempre em veículos

abertos, sob o olhar ansioso de mi-

Papa em visita arriscada a África pela reconciliação e pelo diálogo entre religiões

lhares de polícias e soldados.

“Um pesadelo de segurança”, ad-

mitiu o jornal queniano The Stan-

dard, enquanto o Nation lembra que,

ao contrário do que aconteceu com

a recente visita do Presidente norte-

americano, Barack Obama, o Gover-

no convidou os habitantes a sair à rua

para receber o Papa. Entre os mo-

mentos mais delicados estará a deslo-

cação a Kangemi, bairro muito pobre

nos arredores da capital, ou a missa

que celebrará na véspera na univer-

sidade de Nairobi, onde são espera-

das mais de um milhão de pessoas.

Mais difícil será a visita a Bangui,

a capital da RCA, um país devasta-

do por um confl ito sectário que des-

de 2013 provocou cinco mil mortos

— às atrocidades cometidas pelas

forças Séleka, coligação de rebeldes

muçulmanos que governou o país en-

tre Março e Dezembro de 2013, segui-

ram-se outras iguais cometidas pelas

milícias antibalaka, maioritariamente

cristãs. A ONU têm 12 mil capacetes

azuis na RCA, a que se juntam 900

soldados franceses, mas a violência

regressou nos últimos meses à capi-

tal, ao ponto de Paris ter desaconse-

lhado a visita, temendo riscos para a

segurança do Papa e dos fi éis.

Num gesto inédito, o chefe da

segurança do Papa foi enviado a

Bangui para avaliar a situação e o

Vaticano admite que a visita pode

ser cancelada em cima da hora, ou

reduzida a uma breve escala no ae-

roporto, sob controlo dos militares

franceses. “Para o Papa seria uma

derrota. Ele pensou na República

Centro-Africana desde o momento

em que decidiu ir a África”, disse à

AFP um colaborador. Francisco pla-

neou uma visita à grande mesquita

da capital, no coração de um bairro

muçulmano que é palco frequente de

violência, a um centro de deslocados

de guerra e à catedral de Bangui.

“Quero apoiar o diálogo inter-reli-

gioso a fi m de encorajar a coexistên-

cia pacífi ca no vosso país. Eu sei que

ela é possível, porque somos todos

irmãos e irmãs”, disse Francisco no

vídeo que enviou aos centro-africa-

nos antes da visita, durante a qual se

esperam palavras fortes de repúdio

pela violência cometida em nome da

religião, mas também apelos à recon-

ciliação como único caminho para a

paz. “Esta visita será, antes de mais,

um grande consolo para um país que

se sente tão esquecido pelo mundo”,

disse ao National Catholic Reporter

Jean-Claude Nzembele, superior de

uma ordem religiosa que passou vá-

rios anos na RCA. Andrea Tornielli,

do La Stampa, sublinha que nas três

etapas desta visita “à periferia do

mundo” não faltarão oportunidades

para o Papa ir ao encontro “dos mais

pobres entre os pobres”, momentos

que, prevê, Francisco aproveitará

para denunciar a exclusão social e a

concentração das riquezas do conti-

nente nas mãos de uns poucos.

Viagem papalAna Fonseca Pereira

Às preocupações com a segurança no Quénia e no Uganda, soma-se a violência na República Centro-Africana

Page 29: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | CULTURA | 29

“Isto não é um livro, são 12 anos de vida”

NUNO FERREIRA SANTOS

Luandino Vieira esteve ontem na Gulbenkian a apresentar os seus Papéis da Prisão

“O que está aqui não é um livro.

São 12 anos da vida de uma pessoa

multiplicados por cada segundo, e

nesses 12 anos eu multiplicava cada

segundo por tudo quanto me vinha

à cabeça e nem sempre eram coisas

recomendáveis.” Foi desta forma que

José Luandino Vieira, escritor, ven-

cedor em 2006 do Prémio Camões

— que recusou receber — se referiu

a Papéis da Prisão: apontamentos,

diário, correspondência (1962-1971).

Um volume editado pela Caminho

que reúne o conjunto da sua produ-

ção diarística desde que foi detido

pela PIDE no Aljube, em Novembro

de 1961, passando por várias cadeias

em Luanda, até ao dia em que saiu

do Tarrafal, em 1972. Rui Vieira Nery,

que apresentou a obra ontem ao fi m

da tarde, na Fundação Calouste Gul-

benkian, em Lisboa, na presença do

autor, chamou ao livro um “monu-

mento literário e cívico”

“Ao reler-me encontro em tudo

ainda uma pequeníssima fagulha de

qualquer coisa que precisa de ser so-

prada”, disse Luandino Vieira sobre

a decisão de tornar agora públicos

os 17 cadernos que resultaram desse

período da sua vida, e que somam

aproximadamente duas mil folhas

manuscritas. A essa razão, juntou

outra: “publicar depois de morto

é muito fácil, ninguém assume a

responsabilidade”, ironizou, numa

curta intervenção onde se confessou

várias vezes emocionado.

Ao longo dos cerca de três anos

que decorreram desde o dia em que

ligou a Zeferino Coelho, o editor da

Caminho (onde tem publicada a sua

obra), dizendo-lhe que lhe queria

“mostrar uma coisa” até ao momen-

to em que se constituiu uma equipa

do Centro de Estudos Sociais da Uni-

versidade de Coimbra, liderada por

Margarida Calafate Ribeiro, Mónica

V. Silva e Roberto Vecchio, traçou-se

um plano que terminou num livro

difícil de catalogar.

É Margarida Calafate quem traça a

“biografi a do livro” que “foge a qual-

quer classifi cação de género”. Um

livro onde, sublinha a investigadora,

está patente a “força de um projec-

to literário e político”. Ser escritor e

“ser Angola independente e livre”.

Natural de Lagoa do Furadouro,

ou não importância destes papéis.

O nome do autor não conta. Aliás,

este livro não devia ter autor”, de-

clarou Luandino Vieira, confessan-

do o incómodo por ver o seu nome

ao lado dos grandes memorialistas

do cárcere, acrescentando: “O meu

sofrimento — não gosto nada desta

palavra — comparado com os mi-

lhões que na nossa terra sofreram e

morreram... Falar de sofrimento por

ter estado num campo de trabalho

de Chão Bom (Tarrafal) para mim

seria uma obscenidade.”

O livro é editado quando se come-

moram os 40 anos de independên-

cia de Angola, mas Luandino Vieira

não fez qualquer alusão a esta data.

A viver actualmente em Vila Nova de

Cerveira, o escritor raramente apare-

ce em público, evita dar entrevistas,

“preza a discrição”, como lembrou

ainda na apresentação o amigo de

infância, o escritor angolano Arnaldo

Santos, que quis chamar a atenção

para o Luandino poeta, visível em

toda a sua prosa.

Também está nestes papéis um

lirismo sublinhado por Vieira Nery

e Margarida Calafate, que insistem

no valor político, literário e históri-

co deste Papéis da Prisão. “Esta é

uma obra sobre a liberdade e sobre

o que temos de fazer, o que temos

de lutar quando ela falha”, afi rmou

Margarida Calafate. “Este livro é

um retrato de Luandino. É um do-

cumento extraordinário que não tem

comparação na história da literatura

de língua portuguesa”, declarou Ze-

ferino Coelho.

Já Luandino quis homenagear

também o kimbundu, a língua on-

de cresceu. “Em kimbundu, ‘não

esquece’ diz-se: kujimbé”, escreve

Luandino em epígrafe. “Quero con-

tinuar a contribuir para a constru-

ção da nossa cultura”, disse ontem

Luandino Vieira noutra lembrança,

a de uma carta, onde escreveu: “o

meu amor por Angola é afi nal uma

forma do meu amor pela humani-

dade. Nunca serei um mau nacio-

nalista.”

Luandino Vieira apresentou ontem Papéis da Prisão, livro que escapa a géneros literários e foi equiparado a outras memórias de cárcere, como as de Rosa Luxemburgo ou Gramsci. O autor evita comparações

LivrosIsabel Lucas

perto de Vila Nova de Ourém, on-

de nasceu em 1935, José Vieira Ma-

teus foi com os pais para Luanda

quando tinha três anos. Passou lá

a infância e a juventude, estudou,

tornou-se cidadão angolano, parti-

cipou no movimento de libertação

nacional — o MPLA, um apoio que

manteve até 1978 - e, em homena-

gem à cidade onde cresceu e apren-

deu kimbundu, mudou o nome para

Luandino.

Preso pela primeira vez pela PIDE

em 1959, justamente pela sua ligação

ao MPLA, voltaria à prisão em 1961,

desta vez por um longo período du-

rante o qual escreveu alguns dos seus

livros mais emblemáticos, entre os

quais Luuanda (1963), revelando nes-

ses escritos uma infl uência do bra-

sileiro Guimarães Rosa. E escreveu

ainda estes Papéis da Prisão.

Os 17 cadernos “meticulosamen-

te datados”, como se lhes referiu

Margarida Calafate, tinham por tí-

tulo “Ontem, Hoje, Amanhã...” São

compostos por fragmentos de natu-

reza diversa. Anotações diarísticas,

correspondência, postais, desenhos,

cancioneiros populares recolhidos

junto de outros presos, esboços lite-

rários e exercícios de tradução, ditos

em quimbundo, recortes jornalísti-

cos, apontamentos.

A data de início de escrita não

coincide com a entrada na prisão.

Foram precisos cerca de seis meses

para que Luandino Vieira construís-

se uma rede que lhe permitiu escre-

ver um livro que os presentes com-

pararam, pela qualidade e força do

testemunho, a Cadernos do Cárcere,

de António Gramsci, aos escritos de

Rosa Luxemburgo, Graciliano Ra-

mos ou Primo Levi.

“A arte da memória perpassa por

todos os papéis”, declarou Roberto

Vecchio, lembrando precisamente

Primo Levi e o dever da memória

em momentos extremos. “Como na

grande literatura do cárcere, o sofri-

mento torna-se aqui uma experiência

partilhada com o leitor”, disse.

“O tempo falará da importância

Page 30: Publico.25.11.2015

30 | CULTURA | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Afi nal, o que é isso de ser judeu?

O encontro entre Bruno Nogueira e Miguel Guilherme em O Meu Vizinho É Judeu faz uma exploração humorística dos preconceitos e de um mundo separado entre nós e os outros

FILIPE FERREIRA

Miguel Guilherme e Bruno Nogueira encenados por Beatriz Batarda

A mulher de um viu na Internet

que o outro é judeu. E, portanto,

ele, que quer impressionar a mulher

levando-lhe informação fi dedigna,

colhida directamente de um judeu

verdadeiro e ali à mão de semear,

tenta perceber o que é isso de ser

judeu. É deste gesto de curiosidade

e desconfi ança mútua que parte O

Meu Vizinho É Judeu, peça do francês

Jean-Claude Grumberg, encenada

por Beatriz Batarda e interpretada

por Bruno Nogueira (o não-judeu,

pelo menos de início) e Miguel Gui-

lherme (o judeu, que tenta escon-

der que o é, pelo menos de início),

em cena no Casino Estoril a partir

de hoje.

Grumberg nasceu em Paris, em

1939, quatro anos antes de o seu pai

e o seu avô terem sido enviados para

Auschwitz, onde perderam a vida.

Autor desta comédia de equívocos

(sobre o outro), Grumberg “tem

mais legitimidade do que ninguém

para brincar com o assunto”, diz

Bruno Nogueira. E o assunto que

gravita em torno do que signifi ca

ser judeu (tanto para aquele que o

é, quanto para o outro que não faz

ideia), e, de uma forma mais lata,

de como os preconceitos estão im-

pregnados no quotidiano, esboça-se

nos encontros constantes entre dois

vizinhos à porta do prédio.

Usando a ferramenta preciosa do

humor para reduzir o preconceito

ao absurdo, dir-se-ia que estamos

perante uma lição básica de “judaís-

mo para totós”, graças às interroga-

ções de uma personagem que quer

saber o que faz do seu vizinho um

judeu — afi nal, a que se dedica um

judeu? — e se espanta com a reve-

lação de que o vizinho nasceu na

Bretanha francesa e não numa terra

longínqua e estranha. “Neste caso,

acho que a comédia é muito efi caz,

porque acho que o preconceito na

maior parte das vezes nasce do me-

do do desconhecido”, acredita Bru-

no Nogueira, acrescentando que, no

entanto, “outras vezes nasce mesmo

de idiotice”.

Nós e outrosAo escolher dois vizinhos para

personagens, Grumberg coloca de

imediato a tónica numa ideia de en-

dos confl itos no Médio Oriente”.

E, nesse empolamento, sublinha

Batarda, não há propriamente um

movimento de aproximação ou de

compreensão. O Meu Vizinho É Judeu

traz consigo também uma ideia de

que a aceitação do outro é mais có-

moda e indutora de uma ilusão de

convivência saudável que, na ver-

dade, nunca vai tão longe que che-

gue à compreensão. Fica pela rama.

Também por isso, parece haver uma

quase redenção da personagem de

Bruno Nogueira, aquela que começa

por metralhar perguntas e dúvidas

sobre o que é ser judeu e caminha

para a sua própria conversão (e da

mulher) ao judaísmo, ainda que

por achar que é “uma coisa elitista

e chique fazer parte da mais antiga

religião do mundo”, descreve a en-

cenadora.

“Este volte-face um bocadinho

ridículo”, atira Miguel Guilherme,

“refl ecte um pouco a posição do

autor em relação a estas questões

e não creio que tenha uma posição

muito optimista em relação a haver

uma total compreensão. Pode haver

bondade, claro, mas refl ecte uma

posição, senão não tinha feito algo

tão insólito.”

Esse insólito é, talvez de forma ca-

ricatural, a imagem da defi nição de

ambos em relação ao judaísmo. Se

um se converte, meio atraído, meio

conduzido pela culpa, o outro deixa

de se esconder e supera o medo de

ser reconhecido publicamente como

judeu. E, ao fazê-lo, assume também

uma história e uma cultura.

A omnipresença, essa, é apresen-

tada num duplo sentido. Já não é

apenas Deus que tudo vê. Também

a Internet sabe de tudo e observa

em permanência.

Teatro Gonçalo Frota

ganadora proximidade. Depois, a

personagem desconfi ada de Bruno

Nogueira, sempre com perguntas

e teorias de algibeira que a mulher

vai descobrindo na Internet, tenta

uma aproximação. Mas uma aproxi-

mação cheia de equívocos.

É esse o tipo de humor que mais

agrada também à encenadora Bea-

triz Batarda, um “humor à inglesa,

mais shakespeareano, de desencon-

tros e de jogos de palavras”, diz. Foi

Batarda quem, sabendo da vonta-

de mútua dos actores de voltarem

a juntar-se em palco (depois de É

como Diz o Outro, em 2011), come-

çou a pesquisar textos para dois ac-

tores e descobriu Pour en Finir avec

la Question Juive (título original do

texto levado à cena em França como

Être ou Pas). “Isto do humor é como

as tragédias, tem muitos registos, e

achei que este era um humor que

encaixava no deles”, refere a ence-

nadora.

Para Beatriz Batarda, este é um

texto que “serve de pretexto para

pôr uma lupa sobre estas necessida-

de que as pessoas têm de organizar

a sociedade em dois rótulos — ‘nós’

e ‘outros’”. “E a linha que separa

os dois é muito ténue, basta criar

um vínculo com alguém dos outros

para esse outro passar a fazer parte

do nós. No fundo, eles estão a peça

toda a tentar encontrar um diálogo

e a tentar criar uma linguagem.”

Mas isso é depois, porque de início

aquilo a que assistimos é um homem

exasperado e defensivo, farto de in-

terrogatórios e de ser perseguido

por ser judeu, e um outro que papa-

gueia informações avulsas recolhi-

das na Internet, “infl uenciado pela

informação, pelos media, pela Inter-

net, pelo empolamento novelesco

Page 31: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 31

DR

O humor negro é a marca de Yuck Factor

Este ano, a companhia Visões Úteis

andou a refl ectir sobre questões da

identidade colectiva, explorando

as contradições que surgem sobre-

tudo na forma como nos relacio-

namos com os outros. Evocamos

valores humanistas, recheados de

racionalidade, mas, na hora de

agir, o que fazemos esbarra contra

aquilo que acreditamos que nos

define. São sobretudo estes pa-

radoxos ligados à identidade que

este grupo de teatro tem tratado.

O primeiro momento dessa re-

fl exão aconteceu em Maio, quando

estrearam no Teatro Rivoli Trans/

missão, uma criação em torno da

identidade nacional — um pouco

sobre aquela tendência de deixar a

revolução para amanhã.

Agora, o Visões Úteis volta a tra-

balhar sobre as mesmas dúvidas e

inquietações, desta vez focando a

identidade europeia. Tudo isso é

posto (literalmente) em cima da me-

sa em Yuck Factor, a nova criação da

companhia de Ana Vitorino e Carlos

Costa, que se estreia hoje no Teatro

Carlos Alberto, às 21h, onde fi cará

em cena até domingo.

Tudo começou a ser preparado há

cerca de ano e meio, numa altura em

que o debate mediático se centrava

na Europa, concretamente nas con-

sequências de uma crise fi nanceira

onde sobressaía uma espécie de ci-

são entre países do Norte e países

do Sul. Foi a partir desse contexto

que Ana Vitorino e Carlos Costa —

também eles protagonistas — con-

ceberam este espectáculo.

Inicialmente, seria sobre a frag-

mentação da Europa, sobretudo

sobre a nossa relação com o outro,

mas um “outro” europeu. Mas o

texto foi evoluindo à medida que

a narrativa mediática descrevia os

acontecimentos reais e, no último

ano, com a crise humanitária dos

refugiados, a peça “ganhou outra

carga”, porque surge “‘outro’ ainda

mais diferente”, explica Ana Vitori-

no. “Queríamos retratar como a re-

pugnância interfere na forma como

nos relacionamos com os outros”. E

no caso da chegada dos refugiados,

“a repugnância ainda vem com mais

A Europa discutida à mesa

cultural de sucesso. Se seguirmos o

protocolo, teremos um evento de su-

cesso. Há sempre comida envolvida,

mesmo quando não se está a falar

de comida. Aliás, na verdade, não

se está bem a falar de comida. Esta

é apenas uma imagem para se falar

de tudo o resto: “Sobre como olha-

mos para os outros, sobre como va-

mos ou não receber os outros, sobre

respeitar ou furar as regras, sobre o

nojo ou não ter nojo. Tem muito a

ver com empatia”, diz a actriz.

“Há muita semelhança entre a po-

lítica europeia e as regras de distri-

buição de comida na Europa”, diz

Carlos Costa, ilustrando essa realida-

de com as apertadas regras que exis-

tem para que uma maçã seja consi-

derada de facto uma maçã: “Tem de

ter o tamanho certo, o peso certo.”

E isso — acrescenta — serve também

para levantar as mesmas questões

em relação às pessoas: “O que é que

uma pessoa tem de ter para ser, de

facto, tratada como pessoa?”

São estes paradoxos que Yuck Fac-

tor atira para os espectadores, e a

presença de uma actriz espanhola

acaba por realçar isso. Ainhoa Hevia

tem um papel diferente: “Há uma

ligeira depreciação que impusemos

nela. Parece que somos os quatro

iguais, mas, como diria Orwell, ‘uns

são mais iguais do que outros’. E ela

é essa fi gura menos igual, pois é a

fi gura estranha”, diz Ana.

O assunto é controverso, por ve-

zes desconfortante, mas há também

momentos hilariantes. Aliás, o hu-

mor negro é a marca de Yuck Factor.

“Gostamos de escrever coisas que

nos fazem rir a propósito de assun-

tos sérios”, justifi cam os fundadores

do Visões Úteis. No Teatro Carlos Al-

berto, a mesa vai estar posta — para

o debate. Texto editado por Isabel Coutinho

força”, realça a actriz e encenadora.

Foi então que descobriram um

conceito que ilustrava tudo isso, yu-

ck factor, que acabou por ser o título

da peça. É defi nido como a “crença

no instinto de repugnância”, e foi te-

orizado por Leon Kass, que escreveu

mais ou menos isto: “A convicção de

que se uma coisa nos enjoa é porque

ela é efectivamente má ou perigo-

sa.” “Percebemos que esta ideia está

presente numa série de tomada de

decisões, desde a forma como se le-

gisla até reacções no nosso dia-a-dia.

Por exemplo, quando alguém dizia

que os alemães eram nazis, porque

queriam dominar os países do Sul,

ou quando chamava ‘preguiçosos’

aos gregos, que mereciam estar onde

estavam”, explica Ana Vitorino.

“Esticámos este conceito para jus-

tifi car a falta de tolerância, de com-

preensão e empatia para com os ou-

tros. Isso, para nós, é interessante”,

continua. Foi a partir desse discurso

“veiculado pelos media” que o Vi-

sões Úteis criou este espectáculo

sobre a retórica do preconceito e a

maneira como esses clichés identi-

tários infl uenciam algumas decisões

numa Europa que se diz unida.

Para ilustrar tudo isto, Ana Vito-

rino e Carlos Costa focaram-se nos

costumes associados à alimentação.

A comida é o ponto central da peça:

“A sua distribuição, o modo de servir

e de consumir, as regras implícitas

ou defi nidas por protocolo para es-

tar à mesa com os outros servem de

pretexto para falar dos impasses na

construção de uma identidade plu-

ral, e da intolerância entre culturas.”

Em cena, Ana Vitorino, Carlos Costa,

Cristóvão Carvalheiro e a actriz espa-

nhola Ainhoa Hevia são uma equipa

de catering que nos apresenta uma

espécie de manual de boas práticas

para se organizar um evento multi-

Teatro Hugo Morgadinho

Yuck Factor explora o processo ligado à alimentação para questionaros paradoxos associados à política europeia

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CONHEÇA A NOSSA SELECÇÃO DE ACESSÓRIOS

AVISOPor aviso n.º 13499/2015, publicado no Diário da República, 2.ª Série n.º 227, de 19/11/2015, também publicitado na Bolsa de Emprego Público (www.bep.gov.pt) - oferta de emprego n.º OE201511/0171 - encontra-se aberto procedimento concursal comum, por 10 dias úteis, contados a partir de 19/11/2015, para recrutamento e seleção de um Técnico Superior, de entre Licenciados(as) em estudos euro-peus, para celebração de um contrato de trabalho em funções públi-cas por tempo indeterminado, para ocupação de um posto de traba-lho do mapa de pessoal da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), com a seguinte caraterização: técnico superior, para desempenho da atividade AA/2, no Núcleo de Relações Externas, da Divisão de Relações Externas, com a seguinte descrição: “Estudo, planeamento, programação, avaliação, aplicação de métodos e pro-cessos científi cos/técnicos de preparação da decisão, exercidas com responsabilidade e autonomia técnica, com enquadramento superior qualifi cado nos domínios das relações externas (nacionais e interna-cionais) e da comunicação externa, promoção e imagem da FLUL, através do desenvolvimento da estratégia de comunicação externa, promoção e publicidade, da organização e participação em eventos de divulgação dentro e fora das instalações, do desenvolvimento de material de divulgação, da colaboração na elaboração de protocolos, convénios e demais formas de relacionamento institucional a nível na-cional e internacional e da respetiva gestão administrativa, bem como da elaboração de estudos de apoio ao planeamento de actividades e à gestão estratégica no domínio da divulgação institucional”.

Faculdade de Letras da Universidade de LisboaO Diretor,

Prof. Doutor Paulo Farmhouse Alberto

AVISO

Por aviso n.º 13498/2015, publicado no Diário da República, 2.ª Série n.º 227 de 19/11/2015, também publicitado na Bolsa de Emprego Público (www.bep.gov.pt) - oferta de emprego n.º OE201511/0170 - encontra-se aberto procedimento concursal comum, por 10 dias úteis, contados a partir de 19/11/2015, para recrutamento e seleção de um Técnico Superior, de entre Licenciados(as) em contabilidade, para celebração de um contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, para ocupação de um posto de trabalho do mapa de pessoal da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), com a seguinte caraterização: Técnico Superior, para desem-penho da atividade S/7, na Divisão de Gestão Financeira e Patrimo-nial, com a seguinte descrição: “Estudo, planeamento, programação, avaliação, aplicação de métodos e processos científi cos/técnicos de preparação da decisão, exercidas com responsabilidade e autono-mia técnica, com enquadramento superior qualifi cado, nos domínios da contabilidade orçamental, patrimonial e analítica, nomeadamente classifi cação dos processos de arrecadação de receitas e realização de despesas, controlo de contas correntes, preparação das contas de gerência, acompanhamento da execução orçamental e respetivos reportes mensais obrigatórios, realização de reconciliações bancá-rias, apuramento do IVA, elaboração de reportes fi scais obrigatórios, elaboração de manuais de procedimentos para a área contabilística e colaboração nas demais tarefas dos serviços fi nanceiros”.

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

O Diretor,Prof. Doutor Paulo Farmhouse Alberto

Page 32: Publico.25.11.2015

32 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Dos carvalhos do Mediterrâneo

Equipa coordenada por investigador português acaba de descobrir a origem selvagem das leveduras vínicas mais utilizadas na fermentação das uvas. Este é um novo capítulo da história da domesticação do nosso melhor “microamigo”

Ao longo da histó-

ria, o homem tem

domesticado ani-

mais, plantas e até

microrganismos,

através da selec-

ção e propagação

de características

consideradas úteis

ou interessantes.

Foi o que aconteceu também com a

levedura do vinho. Actualmente, as

leveduras que existem nas uvas, nas

vinhas, nos lagares e nas adegas — e

que são responsáveis pela fermen-

tação da uva para produzir vinho

— são muito semelhantes em todo o

mundo: pertencem a uma popula-

ção global da espécie Saccharomyces

cerevisiae. Até agora, não se sabia de

onde vinham estas leveduras. Mas

a equipa de José Paulo Sampaio, da

Faculdade de Ciências e Tecnologia

da Universidade Nova de Lisboa

(FCT-UNL), descobriu o “parente sel-

vagem” das principais leveduras do

vinho: vive nas cascas de carvalhos

da região mediterrânica.

As leveduras vínicas pertencem

a um grande grupo de leveduras de

cuja ecologia pouco se sabe, embora

sejam muito estudadas em labora-

tório e com aplicações industriais.

“Pasteur foi o primeiro a estudar [as

leveduras do género] Saccharomyces

e muitos outros lhe seguiram as pisa-

das. No entanto, apesar de receber

tanta atenção desde os primórdios da

microbiologia, ainda hoje ninguém

sabe com exactidão como e onde vi-

vem na natureza”, conta o biólogo

José Paulo Sampaio.

No caso da levedura Saccharomyces

cerevisiae, ela acompanha o homem

há milhares de anos e é utilizada não

só para a produção de vinho — há es-

tirpes com características diferentes

usadas para levedar a massa de pão

e para produzir algumas cervejas e

bioetanol.

Os novos resultados da equipa do

de vinho e poderá também ser útil

para os produtores de vinho que se

interessem em saber por que é que

algumas estirpes são melhores do

que outras na produção de vinho.”

O vinho é produzido através da

fermentação das uvas (esmagadas)

por acção das leveduras, que trans-

formam o açúcar da fruta em álco-

ol e dióxido de carbono. Embora a

Saccharomyces cerevisiae não seja a

única levedura envolvida na produ-

ção de vinho, é a mais importante.

“No mosto inicial, há uma multidão

de leveduras. No processo de produ-

ção do vinho, ocorre naturalmente

uma sucessão de microrganismos,

acabando por predominar a levedura

Saccharomyces cerevisiae”, explica

José Paulo Sampaio.

O processo industrial é muito se-

melhante, mas neste caso há a in-

tervenção do próprio produtor de

vinho — “são adicionadas leveduras

seleccionadas, para que estas pre-

dominem”.

José Paulo Sampaio dedica-se ao

estudo da evolução e diversidade

de leveduras desde o seu doutora-

mento, na década de 1990, e este

é o tema principal de investigação

do grupo que lidera na Unidade de

Ciências Biomoleculares Aplicadas

na FCT-UNL. “A [nossa] investigação

consiste em compreender as trans-

formações que estão por detrás da

domesticação microbiana, ou seja,

as modifi cações genéticas que deram

origem às leveduras que hoje utiliza-

mos para produzir produtos como

o vinho”, explica. “Estes assuntos

têm interesse académico, porque se

relacionam com a evolução. E têm

interesse aplicado, porque a compre-

ensão destes fenómenos ajuda-nos a

melhorar e a diversifi car os produtos

industriais.”

Este grupo de investigação tem es-

tudado a origem das leveduras res-

ponsáveis pela fermentação na pro-

dução de cerveja e cidra, além dos

vinhos, recolhendo amostras destes

microrganismo por todo o mundo.

“Já viajei pela Patagónia argentina,

Rita Ponceinvestigador português foram publi-

cados na Molecular Ecology e esta re-

vista decidiu convidar especialistas

nesta área a escrever um comentário

sobre o trabalho para ser publicado

em simultâneo. “Para conhecer a ori-

gem das leveduras do vinho, preci-

sávamos de conhecer o seu parente

mais próximo em condições naturais

— e foi isto que este trabalho identifi -

cou”, sublinha ao PÚBLICO Christian

Landry, da Universidade de Laval, no

Canadá, um dos três autores do co-

mentário. Para estes especialistas, os

novos resultados científi cos esclare-

cem o processo de domesticação “do

melhor microamigo do homem”.

“Agora podemos perceber se as

leveduras do vinho foram domesti-

cadas uma ou mais vezes ao longo da

história da humanidade. Permite-nos

também perceber de onde vêm os ge-

nes destas leveduras que as tornam

boas produtoras de vinho”, acrescen-

ta o investigador canadiano. “A lon-

go prazo, este estudo ajudar-nos-á a

compreender a história da produção

De onde vêm as principais leveduras do

vinho?

Page 33: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | CIÊNCIA | 33

pelo Cerrado brasileiro, regiões mon-

tanhosas na Nova Zelândia e fl ores-

tas na Austrália e Nova Caledónia. E

encontrámos leveduras selvagens da

Saccharomyces que nunca ninguém

tinha encontrado”, relata o cientista.

Indiana Jones dos micróbiosO projecto de investigação que es-

teve na base do artigo na Molecular

Ecology iniciou-se em 2005, com a

procura de populações selvagens de

Saccharomyces cerevisiae em árvo-

res em Portugal. E foi nas cascas de

carvalhos que os cientistas as desco-

briram.

Mais tarde, estenderam o trabalho

a ambientes naturais por outras re-

giões do globo — Espanha, França,

Itália, Eslovénia, Grécia e Japão —,

escolhendo locais de amostragem

representativos da diversidade das

regiões e em colaboração com cien-

tistas de outros países. Por todo o

mundo, recolheram muitas amos-

tras em espécies de carvalhos e de

outras árvores.

“O trabalho de campo tem um

pouco de Indiana Jones da micro-

biologia. Mas é sobretudo cansativo

e repetitivo. Há calor, moscas e pó”,

considera José Paulo Sampaio. “Em

cada saída recolhemos dezenas ou

centenas de amostras de casca ou

de solo debaixo da árvore. E anota-

mos a localização de cada colheita.

As amostras são colhidas asseptica-

mente e colocadas em sacos estéreis.

A parte laboratorial começa quando

colocamos as amostras em frasqui-

nhos”, descreve ainda.

Entre as amostras de leveduras

recolhidas, a equipa sequenciou o

genoma de 90 delas. A comparação

dos genomas dessas 90 amostras e

de outras amostras de todo o mundo

disponíveis em bancos de dados re-

velou a identidade dos parentes sel-

vagens mais próximos das leveduras

do vinho: são leveduras que existem

em cascas de carvalho na bacia medi-

terrânica. E foi na Península Ibérica,

no Sul de França, em Itália, na Grécia

e Eslovénia que as encontraram.

A surpresa não foi tanto pela des-

coberta das leveduras selvagens no

Mediterrâneo — afi nal, essa é a região

de origem da vinha e do vinho —, mas

por ter sido nas cascas de carvalhos.

Mais exactamente, encontraram-nas

no carvalho-português (Quercus fa-

ginea), no carvalho-negral (Quercus

pyrenaica), na azinheira (Quercus

ilex) e no carvalho-alvarinho (Quer-

cus robur). Porém, no sobreiro (Quer-

cus suber), que é uma das espécies

de carvalhos mais frequente em

Portugal, não se detectaram estas

leveduras.

“Parece um paradoxo termos en-

contrado esta levedura em carvalhos,

e não onde há muita fruta. Mas, em-

bora existam centenas de espécies de

carvalho, apenas a encontrámos em

espécies de carvalho que têm cascas

onde há vestígios de açúcar”, refere

o investigador. “As bebidas alcoóli-

cas surgem em todas as civilizações

e têm uma história muito antiga: os

registos mais antigos são da China so-

bre a fermentação do arroz. O vinho

teve origem na bacia mediterrânica e

disseminou-se a partir daí. Por isso,

não fi cámos muito surpreendidos

por termos encontrado a população

selvagem aqui.”

As análises genéticas mostraram

que as leveduras das cascas de carva-

lho são da mesma espécie do que as

leveduras vínicas — a Saccharomyces

cerevisiae —, mas já pertencem a po-

pulações diferentes. A separação en-

tre elas terá ocorrido entre há 1300 e

10.300 anos. O que, de acordo com o

artigo, é coincidente com os primei-

ros registos de produção de vinho,

que remontam a 5400 a 5000 anos

a.C. Ou seja, esses registos têm 7400

a 7000 anos e são relativos a vestí-

gios químicos da presença de vinho

num recipiente encontrado numa

aldeia do Neolítico na região do Irão.

A análise dos genomas das levedu-

ras trouxe outras novidades. A leve-

dura vínica tem genes importantes

para a fermentação e produção de

vinho, uma vez que contêm as ins-

truções de fabrico de moléculas que

transportam açúcares e compostos

azotados para dentro das células.

Mas a equipa descobriu que esses

genes não existem nas leveduras

Saccharomyces selvagens. Em con-

trapartida, há leveduras de outros

géneros — como a Zygossacharomy-

ces — que têm estes genes relevantes

para a fermentação.

Portanto, esses genes na estirpe

domesticada da Saccharomyces ce-

revisiae não vieram das suas con-

géneres selvagens e foram assim

adquiridos de outras leveduras, ao

longo de milénios de selecção para

a produção de vinho. O facto de não

existirem nas leveduras selvagens

signifi ca que a aquisição desses ge-

nes pela levedura do vinho ocorreu

após a sua separação das popula-

ções selvagens. Ainda não se sabe

como é que tal aconteceu: uma pos-

sibilidade é ter sido através de cru-

zamentos com outras leveduras e,

como estes genes tinham efeitos fa-

voráveis para a produção de vinho,

foram seleccionados e propagados.

“Fomos nós que forçámos a aqui-

sição destas características — esta

é uma característica da domestica-

ção”, remata José Paulo Sampaio.

“Acho muito engraçado começar

a transpor o conhecimento da do-

mesticação para os micróbios”,

considera o investigador, subli-

nhando que as espécies domesti-

cadas, sejam animais, plantas ou

micróbios, têm características re-

levantes para o homem que não

existem nos parentes selvagens.

“As espécies domesticadas estão

associadas a um ambiente criado

pelo homem — a levedura do vinho

existe nas vinhas, nos lagares e nas

adegas, onde fi cam todo o ano de

modo dormente”, acrescenta.

“Este trabalho representa um

esforço gigantesco e inclui muitas

componentes: recolha de amostras

no campo, trabalho laboratorial de

cultura e identifi cação dos micror-

ganismos, sequenciação genética e

a análise bioinformática”, frisa João

Paulo Sampaio, referindo-se à im-

portância das colaborações com in-

vestigadores de Itália, França, Reino

Unido, Eslovénia e Japão para o su-

cesso deste projecto. “Algumas eta-

pas demoraram mais de seis anos.

É um trabalho quase fora de moda

nos dias que correm.”

Os resultados estão já disponíveis

para investigadores no mundo in-

teiro: as sequências de ADN das

amostras de leveduras recolhidas

pela equipa estão em bancos públi-

cos de dados (como o GenBank) e

as leveduras selvagens encontram-

se guardadas na FCT-UNL, numa

colecção destinada a investiga-

ção científi ca. Texto editado porTeresa Firmino

FERNANDO VELUDO

O investigador José Paulo Sampaio a recolher cascas de árvores no Alentejo para o trabalho de investigação; e amostras da Saccharomyces cerevisiae, a principal levedura responsável pela fermentação das uvas na produção de vinho

FOTOS: JOSÉ PAULO SAMPAIO

Page 34: Publico.25.11.2015

34 PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H

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Insolvência de “Domínio do Espaço,Consultoria Projectos e Construção, Lda.”

Processo n.º 1667/14.8T8VFX na Comarca de Lisboa Norte, V. F. de Xira - Inst. Central - Sec. Comércio - J2 de Loures

Por determinação do Exmo. Administrador de Insolvência proceder-se-á à venda através de proposta por carta fechada, dos bens que a seguir se identifi cam:Verba Um: Terreno para construção, sito na Estrada da Lapa, lote 19, na Ven-da do Pinheiro, inscrito na matriz predial da União das freguesias de Venda do Pinheiro e Santo Estêvão das Galés sob o artigo 112, com o valor-base de € 117.647,06.Verba Dois: Prédio em propriedade total sem andares nem divisões susceptíveis de utilização independentes, destinado a habitação, com 3 pisos e 8 divisões, sito na Urbanização Encosta S. Silvestre, lote 31, em Gradil, inscrito na matriz da União das freguesias de Enxara do Bispo, Gradil e Vila Franca do Rosário sob o artigo 2472, com o valor-base de € 177.470,58.REGULAMENTO:1 - Serão consideradas as propostas de valor não inferior a 85% dos supra-indicados, recebidas, em envelope fechado, até às 17 horas do dia 02 de De-zembro de 2015.2 - A abertura das propostas será efectuada imediatamente após a hora indicada no número anterior.3 - Os envelopes contendo as propostas deverão ter a indicação na frente “Proposta de compra por carta fechada - Insolvência de Domínio do Espaço, Consultoria Projectos e Construção, Lda. - Proc. 1667/14.8T8VFX”, deverão ser acompanhadas de um cheque/caução de 5% do valor proposto, à ordem da massa insolvente, e ser enviadas para o Administrador de Insolvência:

Dr. Pedro Ortins de Bettencourt, Praceta Aldegalega, n.º 21, R/C Esq., 2870-239 Montijo

4 - As propostas deverão conter: nome ou denominação do proponente; mora-da; número de contribuinte; representante, em caso de pessoa colectiva, indica-ção de telefone e/ou email de contacto e valor oferecido por extenso. 5 - Os imóveis serão vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus e encargos, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos relacionados com a venda. 6 - A aceitação ou não aceitação da proposta será comunicada ao proponente de maior valor no prazo máximo de 30 dias após a abertura de propostas7 - A escritura notarial será efectuada em data e hora a avisar ao comprador com a antecedência mínima de 15 dias.8 - Se não for possível realizar a escritura na data fi xada, por razões inerentes ao comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.9 - Se por motivos alheios à vontade do Administrador de Insolvência, nomeada-mente exercício do direito de remissão ou de preferência, decisão de Comissão de Credores ou decisão judicial, a venda for considerada sem efeito, as quantias recebidas serão devolvidas em singelo.Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Administrador de Insol-vência, através do endereço de correio electrónico: [email protected]

Público, 25/11/2015

Insolvência de “Rui Miguel Ceita Lopes”Processo n.º 6534/12.7TBSXL na Comarca de Lisboa,

Barreiro - Inst. Central - 2.ª Sec. Comércio - J1 de BarreiroPor determinação do Exmo. Administrador de Insolvência proceder-se-á à ven-da através de proposta por carta fechada, do bem que a seguir se identifi ca:VERBA ÚNICA: metade indivisa da fracção autónoma designada pela letra “D” no rés-do-chão frente, destinada a habitação, do tipo T3, com área bruta priva-tiva de 86,97 m2, e área bruta dependente de 8,17 m2, do prédio urbano afecto ao regime da propriedade horizontal, sito na Rua Mécia Mouzinho de Albuquer-que, n.º 6 e Praceta Teresa Gomes, nºs 6 e 6-A, da freguesia de Arrentela, concelho de Seixal, inscrito na matriz urbana sob o artigo n.º 1574-D, descrito na Conservatória do Registo Predial de Seixal, sob o n.º 2149/19900423, com o valor-base de € 65.432,04REGULAMENTO:1 - Serão consideradas as propostas de valor não inferior a 85% do supra-indicado, recebidas, em envelope fechado, até às 17 horas do dia 02 de De-zembro de 2015.2 - A abertura das propostas será efectuada imediatamente após a hora indi-cada no número anterior.3 - Os envelopes contendo as propostas deverão ter a indicação na frente “Pro-posta de compra por carta fechada - Insolvência de Rui Miguel Ceita Lopes - Proc. 6534/12.7TBSXL”, deverão ser acompanhadas de um cheque/caução de 5% do valor proposto, à ordem da massa insolvente, e ser enviadas para o Administrador de Insolvência:

Dr. Pedro Ortins de Bettencourt, Praceta Aldegalega, n.º 21, R/C Esq.º

2870-239 Montijo4 - As propostas deverão conter: nome ou denominação do proponente; mora-da; número de contribuinte; representante, em caso de pessoa colectiva, indi-cação de telefone e/ou email de contacto e valor oferecido por extenso. 5 - Os imóveis serão vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus e encargos, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos relacionados com a venda. 6 - A aceitação ou não aceitação da proposta será comunicada ao proponente de maior valor no prazo máximo de 30 dias após a abertura de propostas7 - A escritura notarial será efectuada em data e hora a avisar ao comprador com a antecedência mínima de 15 dias.8 - Se não for possível realizar a escritura na data fi xada, por razões inerentes ao comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.9 - Se por motivos alheios à vontade do Administrador de Insolvência, nome-adamente exercício do direito de remissão ou de preferência, decisão de Co-missão de Credores ou decisão judicial, a venda for considerada sem efeito, as quantias recebidas serão devolvidas em singelo.Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Administrador de Insol-vência, através do endereço de correio electrónico: [email protected]

Público, 25/11/2015

EGAS MONIZ - COOPERATIVA DE ENSINO SUPERIOR, CRL

C O N V O C A T Ó R I ANos termos do n.º 1 do Artigo 24.º dos Estatutos, convoco a Assembleia Geral da EGAS MONIZ - Cooperativa de Ensino Superior, CRL, para reunir em sessão ordinária, às 20H30, do dia 17 de Dezembro, na respectiva sede, com a seguinte:

ORDEM DE TRABALHOS

- Apreciação, discussão e votação do plano e orçamento para o ano de 2016.

Nos termos do n.º 1 do Artigo 25.º, se à hora marcada não estiver presente mais de metade dos cooperadores com direito a voto, reunirá a Assembleia decorridos trinta minutos, com qualquer número de cooperadores presentes.

Monte de Caparica, 18 de Novembro de 2015

O PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA GERALProf. Doutor Pedro Miguel Antunes Oliveira

ANGELICAL SPAAcolhedor e semprec/novidades. Sinta-sebem connosco.Tel.: 214 058 336 969 212 744

INSOLVÊNCIA DE“ANA DA CONCEIÇÃO VIVEIROS ALVES”

Processo sob o n.º 209/14.0T8RGR Instância Local - Secção Cível - J2

Comarca dos Açores Ribeira GrandeE DE

“ANTÓNIO FERNANDO MEDEIROS CÂMARA”Processo sob o n.º 210/14.3T8RGR Instância Local - Secção Cível - J1

Comarca dos Açores Ribeira GrandeConforme deliberado nas Assembleias de Credores, vão os Exmos. Senhores Administradores da Insolvência, nos suprarreferenciados pro-cessos, proceder à venda nos termos que abaixo se explanam, do bem imóvel que adiante se especifi ca, no estado físico e jurídico em que se encontra e que é o seguinte: - Prédio urbano, denominado por lote 2, sito na Rua da Praia n.º 4, freguesia de Ribeira Seca, concelho de Ribeira Grande, descrito na Conservatória do Registo Predial de Ribeira Grande sob o n.º 1488 da dita freguesia e inscrito na respetiva matriz sob o art.º 2312.º;- Valor mínimo: €85.400,00Qualquer interessado que pretenda visitar o identifi cado prédio, poderá contactar, para o efeito, os Senhores Administradores da Insolvência, Telf. 21 446 70 77/8 ou Telf. 296385051. As propostas deverão ser for-muladas por escrito, em carta registada dirigida a “Insolvência de ANA DA CONCEIÇÃO VIVEIROS ALVES e ANTÓNIO FERNANDO MEDEI-ROS CÂMARA”, Rua Quinta das Palmeiras, n.º 28, 2780-145 Oeiras, até ao dia 9 de dezembro de 2015 e deverão conter a identifi cação com-pleta do proponente, acompanhadas de fotocópias do bilhete de identi-dade e cartão de contribuinte fi scal e/ou certidão comercial da empresa, bem como cheque caução no valor de 10% da proposta efetuada.Os Ex.mos. Senhores Administradores da Insolvência e o credor hipo-tecário, no dia 11 de dezembro de 2015, pelas 15 horas e na indicada morada, apreciarão as ofertas apresentadas, reservando-se o direito de não aceitar as propostas recebidas que não atinjam o indicado valor mí-nimo. Caso existam propostas de igual valor será aberta licitação entre os proponentes.Público, 25/11/2015

COMARCADE ÉVORA

Vila Viçosa - Inst. Local- Sec. Comp. Gen. - J1

Processo: 188/15.6T8VVC

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Beatriz Isabel Delgado CourelaFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Beatriz Isa-bel Delgado Courela, com residência em domicílio: Lar Juvenil Maria Amália Cordei-ro Vinagre, Rua Dr. António José Almeida, 7160-275 Vila Viçosa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 24755541

Vila Viçosa, 16-11-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Hortense MatosO Ofi cial de Justiça

José Borracha

Público, 25/11/2015

SEMAPA - Sociedade de Investimento e Gestão, SGPS, S.A.Sociedade Aberta

Sede: Av. Fontes Pereira de Melo, n.º 14, 10.º, LisboaCapital Social: 81.645.523 Euros

N.º Pessoa Colectiva e Matrícula na C.R.C. de Lisboa: 502.593.130

ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIACONVOCATÓRIA

A solicitação do Conselho de Administração e nos termos previstos nos estatutos e na lei, convoco os Senhores Accionistas da SEMAPA - Sociedade de Investimento e Gestão, SGPS, S.A. (a “Sociedade”) para reunirem em Assembleia Geral Extraordinária, no próximo dia 18 de Dezembro de 2015, pelas 12 horas, no Hotel Ritz, em Lisboa, na Rua Rodrigo da Fonseca, n.º 88, por a sede social não permitir a reunião em condições satisfatórias, com a seguinte

ORDEM DE TRABALHOS:Ponto Único - Deliberar sobre a distribuição parcial de reservas livres.I. InformaçãoA partir da data da divulgação da presente Convocatória será facultada à consulta dos Accionistas, na sede social, no sítio da Sociedade na Internet (www.semapa.pt) e no sítio da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários na Internet (www.cmvm.pt), a informação prevista por lei e referida no artigo 21.º-C do Código dos Valores Mobiliários e no artigo 289.º do Código das Sociedades Comerciais, incluindo os documentos e as propostas a submeter à Assembleia Geral e que sejam conhecidos, nessa data, pela Sociedade.Não existem na Sociedade procedimentos especiais a respeitar pelos Accionistas para o exercício, no decorrer da Assembleia Geral, do direito de informação a que se refere o artigo 290.º do Código das Sociedades Comerciais, sem prejuízo da gestão do tempo disponível e do juízo sobre a proporcionalidade das informações requeridas, por parte do Presidente da Mesa da Assembleia Geral, como é da sua competência.II. Participação na Assembleia GeralApenas poderão assistir e participar na Assembleia Geral, além dos membros dos corpos sociais e do representante comum dos obrigacionistas, os Accionistas que, por si ou agrupados nos termos legais, possuam o mínimo de 83 (oitenta e três) acções, quantidade a que corresponde 1 (um) voto.A participação na Assembleia Geral depende da comprovação da qualidade de accionista com direito de voto às 00:00 horas (GMT) do dia 11 de Dezembro de 2015, adiante Data de Registo, que corresponde ao 5.º dia de negociação anterior ao da realização da Assembleia Geral.Os Accionistas que pretendam participar na Assembleia Geral devem declará-lo, através de comunicações dirigidas, respectivamente, ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral e ao Intermediário Financeiro junto do qual a conta de registo individualizado dessas acções esteja aberta, devendo essas comunicações ser recebidas, o mais tardar, até às 23:59 horas (GMT) do dia 10 de Dezembro de 2015, podendo os Accionistas, para o efeito, utilizar os formulários disponíveis na sede social e no sítio da Sociedade na Internet (www.semapa.pt); as referidas declarações para o Presidente da Mesa da Assembleia Geral podem ser remetidas por correio electrónico para o endereço [email protected].

O Intermediário Financeiro que tenha sido informado da intenção do Accionista de participar na Assembleia Geral deve enviar ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral a informação sobre o número de acções registadas em nome desse Accionista, com referência à Data de Registo, devendo essa informação ser recebida, o mais tardar, até às 23:59 horas (GMT) do dia 11 de Dezembro de 2015; essas comunicações podem, igualmente, ser remetidas por correio electrónico para o endereço [email protected] participação e o exercício do direito de voto na Assembleia Geral não é prejudicado pela transmissão de acções em momento posterior à Data de Registo, nem depende do bloqueio das mesmas entre esta data e a data da Assembleia Geral.Os Accionistas que, tendo declarado a intenção de participar na Assembleia Geral, vierem a transmitir a titularidade de acções no período compreendido entre a Data de Registo e o fi m da Assembleia Geral, deverão comunicar essa transmissão imediatamente ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral e à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, podendo, para o efeito, e no caso da comunicação a dirigir ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, remeter essa informação por correio electrónico para o endereço [email protected] Accionistas que, a título profi ssional, detenham acções em nome próprio mas por conta de clientes e que pretendam votar em sentido diverso com as suas acções, para além da declaração de intenção de participação na Assembleia Geral e do envio, pelo respectivo Intermediário Financeiro, da informação sobre o número de acções registadas em nome do seu cliente, deverão apresentar ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, até às 23:59 horas (GMT) do dia 10 de Dezembro de 2015, e com recurso a meios de prova sufi cientes e proporcionais, (i) a identifi cação de cada cliente e o número de acções a votar por sua conta e, ainda, (ii) as instruções de voto, específi cas para cada ponto da ordem de trabalhos, dadas por cada cliente.III. Representação na Assembleia GeralOs Accionistas podem fazer-se representar, na Assembleia Geral, por quem entenderem, podendo, para o efeito, obter um formulário de procuração através do sítio da sociedade na Internet (www.semapa.pt) ou mediante solicitação na sede social.Sem prejuízo da regra da unidade de voto prevista no artigo 385.º do Código das Sociedades Comerciais, qualquer Accionista pode nomear diferentes representantes relativamente às acções que detiver em diferentes contas de valores mobiliários.Os instrumentos de representação voluntária dos Accionistas, quer sejam pessoas singulares ou colectivas, deverão ser entregues ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, por forma a que sejam recebidos até ao dia 14 de Dezembro de 2015, podendo, igualmente, ser remetidos por

correio electrónico para o endereço [email protected]. Voto por correspondênciaOs Accionistas podem, também, votar por correspondência, nos termos legais e estatutários, processando-se o voto da seguinte forma:a) Deve ser dirigido ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, e recebido na sede social até ao dia 17 de Dezembro de 2015 um sobrescrito contendo as declarações de voto;b) O sobrescrito deve conter (1) carta dirigida ao Presidente da Mesa, com assinatura reconhecida, manifestando a vontade de votar, e (2) as declarações de voto, uma para cada ponto da Ordem de Trabalhos, em sobrescrito fechado e independente com a indicação exterior do ponto da Ordem de Trabalhos a que se destina;c) Os votos emitidos são computados no momento de apuramento dos votos emitidos presencialmente na assembleia, valendo como votos negativos em relação às propostas apresentadas ulteriormente à sua emissão;d) Os Accionistas podem igualmente obter o modelo de carta para o exercício do voto por correspondência através do sítio da sociedade na Internet (www.semapa.pt) ou mediante a sua solicitação na sede social.Os Accionistas podem, igualmente, votar por correio electrónico, desde que o voto seja recebido em condições equivalentes ao voto por correspondência em papel, no que respeita ao prazo, à inteligibilidade, à garantia de autenticidade, à confi dencialidade e demais formalismos. Para o efeito, os Accionistas deverão utilizar o endereço [email protected], sendo os reconhecimentos substituídos por assinatura digital de valor equivalente e os sobrescritos fechados e independentes para cada ponto da ordem de trabalhos substituídos por anexos independentes ao correio electrónico, devendo a votação ser recebida até ao dia 17 de Dezembro de 2015.V. Direito de inclusão de assuntos na ordem de trabalhos e de apresentação de propostas de deliberaçãoOs Accionistas que, por si ou agrupados nos termos legais, possuam acções correspondentes a, pelo menos, 2% do capital social da Sociedade podem, mediante requerimento escrito dirigido ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral nos 5 (cinco) dias seguintes à divulgação desta convocatória, solicitar a inclusão de (i) novos assuntos na ordem de trabalhos, devendo tal requerimento ser acompanhado da proposta de deliberação para cada assunto cuja inclusão se requeira e da informação que a deva acompanhar, e de (ii) propostas de deliberação relativas aos assuntos constantes da ordem de trabalhos ou que a esta tenham sido aditados, devendo esse requerimento incluir a proposta de deliberação e a informação que a deva acompanhar.

Lisboa, 23 de Novembro de 2015

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral,

Francisco Xavier Zea Mantero

A ALZHEIMER PORTUGAL é uma Instituição Particular de Solidariedade Social fundada em 1988. É a única organização em Portugal especifi camente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores.A ALZHEIMER PORTUGAL apoia as Pessoas com Demência e as suas Famílias através de uma equipa multidisciplinar de profi ssionais, com experiência na Doença de Alzheimer.Os serviços prestados pela ALZHEIMER PORTUGAL incluem Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio Domiciliário, Centros de Dia, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas de Especialidade.

ContactosSede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: [email protected]

Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00Lar e Centro de Dia “Casa do Alecrim”: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145 - E-mail: [email protected]

Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: [email protected]ção Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Tel. 236 219 469 - E-mail: [email protected]

Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL - Tel. 291 772 021 - E-mail: [email protected]úcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: [email protected]

Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro - Tel. 23 494 04 80 - E-mail: [email protected]

www.alzheimerportugal.org

Page 35: Publico.25.11.2015

LICENÇA DE FUNCIONAMENTO N.º 32/2015/Centro Distrital de Lisboa (1)

LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL

(1) Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.

Os dados constantes neste documento serão objeto de registo informático na base de dadosda Segurança Social. Poderá consultar pessoalmente a informação que lhe diz respeito,

bem como solicitar a sua correção.As falsas declarações são punidas nos termos da lei.

CENTRO DISTRITAL DE LISBOA

1. Identifi cação do estabelecimento

Denominação do estabelecimento: MIMINHO AOS AVÓS - CENTRO GERIÁTRICOLocalização do estabelecimento: ESTRADA DO ALGUEIRÃO, N.º 26ACódigo Postal: 2725-019 MEM MARTINS Localidade: ALGUEIRÃODistrito: LISBOA Concelho: SINTRA Freguesia: ALGUEIRÃO-M. MARTINSTelefone: 219 264 970 Fax: E-mail: [email protected]

2. Identifi cação da entidade gestora

Nome completo: ESPIRAL SÉNIOR - COMÉRCIO E SERVIÇOS DE APOIO AO ENVELHECI-MENTO UNIPESSOAL, LDAMorada: ESTRADA DO ALGUEIRÃO, N.º 26ACódigo Postal: 2725-019 MEM MARTINS Localidade: ALGUEIRÃO

3. Resposta social a desenvolver no estabelecimento

SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO

4. Capacidade máxima

O estabelecimento pode abranger o número máximo de 80 (oitenta) utentes.

5. Emissão

Data: 29/04/2015Fernanda Fitas

Diretora do Centro Distrital de Lisboa

LICENÇA DE FUNCIONAMENTO N.º 31/2015/Centro Distrital de Lisboa (1)

LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL

(1) Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.

Os dados constantes neste documento serão objeto de registo informático na base de dadosda Segurança Social. Poderá consultar pessoalmente a informação que lhe diz respeito,

bem como solicitar a sua correção.As falsas declarações são punidas nos termos da lei.

CENTRO DISTRITAL DE LISBOA

1. Identifi cação do estabelecimento

Denominação do estabelecimento: CAFAP - CPELocalização do estabelecimento: RUA CAMPO SANTO, 441Código Postal: 2765-307 ESTORIL Localidade: GALIZADistrito: LISBOA Concelho: CASCAIS Freguesia: ESTORILTelefone: 214 678 610 Fax: 214 678 613 E-mail: [email protected]

2. Identifi cação da entidade gestora

Nome completo: CENTRO PAROQUIAL DO ESTORILMorada: RUA DOM AFONSO HENRIQUES, 1760Código Postal: 2765-576 ESTORIL Localidade: ESTORIL

3. Resposta social a desenvolver no estabelecimento

CAFAP - Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental

4. Capacidade máxima

O estabelecimento pode abranger o número máximo de 100 (cem) utentes.

5. Emissão

Data: 17/04/2015Fernanda Fitas

Diretora do Centro Distrital de Lisboa

LICENÇA DE FUNCIONAMENTO N.º 48/2015/Centro Distrital de Lisboa (1)

LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL

(1) Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.

Os dados constantes neste documento serão objeto de registo informático na base de dadosda Segurança Social. Poderá consultar pessoalmente a informação que lhe diz respeito,

bem como solicitar a sua correção.As falsas declarações são punidas nos termos da lei.

CENTRO DISTRITAL DE LISBOA

1. Identifi cação do estabelecimento

Denominação do estabelecimento: CRECHE O MUNDO DOS SONHOSLocalização do estabelecimento: AVENIDA CARLOS ARROJADO, N.º 5, LOJA 1Código Postal: 2625-251 VIALONGA Localidade: VIALONGADistrito: LISBOA Concelho: V. FRANCA XIRA Freguesia: VIALONGATelefone: 965 335 898 Fax: E-mail: [email protected]

2. Identifi cação da entidade gestora

Nome completo: TERNURA MÉTRICA, LDAMorada: AVENIDA CARLOS ARROJADO, N.º 5, LOJA 1Código Postal: 2625-251 VIALONGA Localidade: VIALONGA

3. Resposta social a desenvolver no estabelecimento

CRECHE: 1 Sala de aquisição de marcha aos 24 meses - 9 crianças1 Sala dos 24 aos 36 meses - 9 crianças

4. Capacidade máxima

O estabelecimento pode abranger o número máximo de 18 (dezoito) utentes.

5. Emissão

Data: 19/06/2015Fernanda Fitas

Diretora do Centro Distrital de Lisboa

LICENÇA DE FUNCIONAMENTO N.º 30/2015/Centro Distrital de Lisboa (1)

LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL

(1) Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.

Os dados constantes neste documento serão objeto de registo informático na base de dadosda Segurança Social. Poderá consultar pessoalmente a informação que lhe diz respeito,

bem como solicitar a sua correção.As falsas declarações são punidas nos termos da lei.

CENTRO DISTRITAL DE LISBOA

1. Identifi cação do estabelecimento

Denominação do estabelecimento: FUNDAÇÃO DO SANTO NOME DE DEUSLocalização do estabelecimento: RUA ABRANCHES FERRÃO, 15Código Postal: 1600-296 LISBOA Localidade: LISBOADistrito: LISBOA Concelho: LISBOA Freguesia: SÃO DOMINGOS DE BENFICATelefone: 217 248 340 Fax: 217 248 349 E-mail: [email protected]

2. Identifi cação da entidade gestora

Nome completo: FUNDAÇÃO DO SANTO NOME DE DEUSMorada: RUA ABRANCHES FERRÃO, 15Código Postal: 1600-296 LISBOA Localidade: LISBOA

3. Resposta social a desenvolver no estabelecimento

ESTRUTURA RESIDENCIAL PARA PESSOAS IDOSAS

4. Capacidade máxima

O estabelecimento pode abranger o número máximo de 63 (sessenta e três) utentes.

5. Emissão

Data: 16/04/2015Fernanda Fitas

Diretora do Centro Distrital de Lisboa

LICENÇA DE FUNCIONAMENTO N.º 47/2015/Centro Distrital de Lisboa (1)

LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL

(1) Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.

Os dados constantes neste documento serão objeto de registo informático na base de dadosda Segurança Social. Poderá consultar pessoalmente a informação que lhe diz respeito,

bem como solicitar a sua correção.As falsas declarações são punidas nos termos da lei.

CENTRO DISTRITAL DE LISBOA

1. Identifi cação do estabelecimento

Denominação do estabelecimento: CAO DO CENTRO HELEN KELLERLocalização do estabelecimento: AV. DOS BOMBEIROS, N.º 1Código Postal: 1400-036 LISBOA Localidade: LISBOADistrito: LISBOA Concelho: LISBOA Freguesia: S. FRANCISCO XAVIERTelefone: 213 011 932 Fax: 213 014 959 E-mail:

2. Identifi cação da entidade gestora

Nome completo: CENTRO HELEN KELLERMorada: AV. DOS BOMBEIROS, N.º 1Código Postal: 1400-036 LISBOA Localidade: LISBOA

3. Resposta social a desenvolver no estabelecimento

CAO - CENTRO DE ATIVIDADES OCUPACIONAIS

4. Capacidade máxima

O estabelecimento pode abranger o número máximo de 30 (trinta) utentes.

5. Emissão

Data: 19/06/2015Fernanda Fitas

Diretora do Centro Distrital de Lisboa

UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOAUNIVERSIDADE NOVA DE LISBOAINSTITUTO DE TECNOLOGIA QUÍMICA E INSTITUTO DE TECNOLOGIA QUÍMICA E

BIOLÓGICA ANTÓNIO XAVIERBIOLÓGICA ANTÓNIO XAVIERConcursos ref.ªs 006/TRC-TS/2015 e 007/TRC-TS/2015Concursos ref.ªs 006/TRC-TS/2015 e 007/TRC-TS/2015

O Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB) pretende contratar, O Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB) pretende contratar, em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo,em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo,• 1 Técnico Superior,• 1 Técnico Superior, Ref.ª 006/TRC-TS/2015 - Serviço de Ressonância Magnética Ref.ª 006/TRC-TS/2015 - Serviço de Ressonância Magnética

Nuclear (RMN);Nuclear (RMN);• 1 Técnico Superior,• 1 Técnico Superior, Ref.ª 007/TRC-TS/2015 - Gabinete de Gestão de Ciência, Ref.ª 007/TRC-TS/2015 - Gabinete de Gestão de Ciência,ambos por um período de 12 meses (eventualmente renovável), inseridos na Unidade ambos por um período de 12 meses (eventualmente renovável), inseridos na Unidade de I & D, com a referência UID/CBQ/04612/2013, e intitulada “Molecular, Structural de I & D, com a referência UID/CBQ/04612/2013, e intitulada “Molecular, Structural and Cellular Microbiology” (MOSTMICRO), com o apoio fi nanceiro da FCT/MEC para and Cellular Microbiology” (MOSTMICRO), com o apoio fi nanceiro da FCT/MEC para as Novas Unidades de I & D, através de fundos nacionais e, quando aplicável, co-as Novas Unidades de I & D, através de fundos nacionais e, quando aplicável, co-fi nanciado pelo FEDER, no âmbito do novo acordo de parceria PT2020.fi nanciado pelo FEDER, no âmbito do novo acordo de parceria PT2020.Local de trabalho: Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, Oeiras.Local de trabalho: Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, Oeiras.As candidaturas deverão incluir: i) Carta de motivação onde deverá constar uma As candidaturas deverão incluir: i) Carta de motivação onde deverá constar uma breve descrição dos seus interesses presentes e futuros, no campo da investigação breve descrição dos seus interesses presentes e futuros, no campo da investigação científi ca; científi ca; ii) Curriculum vitaeii) Curriculum vitae detalhado, datado e assinado; detalhado, datado e assinado; iii)iii) Certifi cado da Certifi cado da habilitação académica requerida.habilitação académica requerida.Mais informações disponíveis na página do ITQB em: Mais informações disponíveis na página do ITQB em: http://www.itqb.unl.pt/jobshttp://www.itqb.unl.pt/jobs

A data-limite para entrega das candidaturas éA data-limite para entrega das candidaturas é 10 de dezembro de 201510 de dezembro de 2015. As candidaturas . As candidaturas devem ser formalizadas, obrigatoriamente, através de candidatura eletrónica, devem ser formalizadas, obrigatoriamente, através de candidatura eletrónica, contendo toda a documentação referida bem como a referência da posição a que se contendo toda a documentação referida bem como a referência da posição a que se candidatam, sob pena de exclusão, para o e-mailcandidatam, sob pena de exclusão, para o e-mail [email protected] [email protected]

O DiretorO Diretor

MARIA MANUEL MARQUES, 1.ª Vice-Presidente do Conselho de Deontologia do Porto da Ordem dos Advogados Portugueses, com competências delegadas para o ato - Despacho n.º 12173/2015, de 9 de outubro, publicado na 2.ª Série do DR de 29 de outubro, n.º 212 -, em cumprimento do disposto nos artigos n.ºs 137.º e 169.º do Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pela Lei 15/2005, de 26 de janeiro;Faz saber publicamente que, por Acórdão do Conselho de Deonto-logia do Porto de 25 de setembro de 2015, foi aplicada ao Sr. Dr. António Gonçalves Calheno, que profi ssionalmente usa o nome abreviado António Calheno, titular da Cédula Profi ssional n.º 7516P, com domicílio profi ssional na Rua do Almada, 254, 3.º Dt.º, sala 33, no Porto, a pena disciplinar de suspensão do exercício da advo-cacia pelo período de 6 (seis) meses, por violação dos deveres previstos nos artigos 83.º/1 e 86.º/a) e 92º/1/2 do Estatuto da Ordem dos Advogados em vigor à data – Lei 15/2005, de 26 de janeiro.O cumprimento da presente pena teve o seu início em 19 de outu-bro de 2015, dia seguinte ao que o aludido Acórdão do Conselho de Deontologia formou caso resolvido na ordem jurídica interna da Ordem dos Advogados.

Porto, 20 de novembro de 2015

Maria Manuel Marques1.ª Vice-Presidente do Conselho de Deontologia do Porto

Margarida Santos - Diretora de Serviços

ORDEM DOS ADVOGADOSCONSELHO DE DEONTOLOGIA DO PORTO

EDITAL

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICAComissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social

ÀS ORGANIZAÇÕES SINDICAIS E TODAS AS ESTRUTURAS REPRESENTATIVAS DOS TRABALHADORES

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Nos termos e para os efeitos do artigo 16.º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, aprovada em anexo à Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, e do artigo 134.º do Regimento da Assembleia da República, com as devidas adaptações, avisam-se estas entidades de que se encontra para apreciação, de 25 de novembro a 25 de dezembro de 2015, os diplomas seguintes:

Projetos de lei n.ºs 7/XIII (1.ª) - Repõe as 35 horas por semana como período normal de trabalho na função pública, procedendo à 3.ª alteração à Lei n.º 35/2014, de 20 de junho (PCP) e 18/XIII (1.ª) - Reposição das 35 horas de trabalho semanal na Administração Pública (Os Verdes).

As sugestões e pareceres deverão ser enviados, até à data-limite acima indicada, por correio eletrónico dirigido a: [email protected]; ou em carta, dirigida à Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social, Assembleia da República, Palácio de São Bento, 1249-068 Lisboa; ou através de formulário disponível emhttp://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/IniciativasemApreciacaoPublica.aspx.Dentro do mesmo prazo, as comissões de trabalhadores ou as comissões coordenadoras, as associações sindicais e associações de empregadores poderão solicitar audiências à Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social, devendo fazê-lo por escrito, com indicação do assunto e fundamento do pedido.

O texto do citado diploma encontra-se publicado na Separata n.º 2/XIII do Diário da Assembleia da República, de 25 de novembro de 2015, e pode ser consultado na “Página” Internet da Assembleia da República, na morada: http://www.parlamento.pt/paginas/separatas.aspx

35PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 CLASSIFICADOS

Dando cumprimento ao disposto na alínea d), no n.º 1 do art.º 5.º da Portaria n.º 207/2011, de 24/05, alterada pela Portaria n.º 229-A/2015, de 03/08, informam-se os interessados que foram publicados na 2.ª Série do Diário da República, do dia 20 de novembro de 2015, os avisos n.ºs 13554/2015 e 13555/2015, relativos à abertura de procedimentos concursais para a categoria de assistente graduado sénior, das áreas de saúde pública e de medicina geral e familiar, da carreira es-pecial médica, com vista ao preenchimento de postos de trabalho, na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, no âmbito do Mapa de Pessoal desta instituição.

24/11/2015

O Conselho Diretivo

Ministério da SaúdeAdministração Regional de Saúde do Norte, I.P.

Page 36: Publico.25.11.2015

36 | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

SAIR

CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h30, 18h30, 21h30 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040007 Spectre M12. 12h20, 15h20, 18h20, 21h20; As Sufragistas M12. 13h20, 15h25, 17h30, 19h45, 21h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h15 (V.Port.); Steve Jobs M12. 15h10, 21h45; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; Deus Não Está Morto M12. 17h40; Perdida em Mim M12. 19h50 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Portugal - Um Dia de cada Vez M12. 15h30; Montanha M12. 13h50, 18h15, 20h, 21h45 CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420Mune, O Guardião da Lua M6. 13h30, 15h25(V.P.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h40, 17h20, 18h30, 21h20, 21h55, 00h10 (2D), 13h20, 16h10, 19h, 21h45, 00h30 (3D); Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h55, 15h50, 17h30, 20h05; 007 Spectre M12. 13h15, 15h55, 16h15, 17h50, 18h50, 19h10, 21h25, 21h50, 24h; Steve Jobs M12. 22h05, 13h20, 00h35; À Procura de Uma Estrela M12. 13h15, 15h15, 17h15; Sicario - Infiltrado M12. 19h20; Perdido em Marte M12. 21h30; O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 15h20, 19h15, 21h40, 00h20 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996007 Spectre M12. 16h50, 21h10; Steve Jobs M12. 15h50, 18h35, 21h20; Profissionais da Crise 16h20, 19h, 21h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h40, 18h35, 21h30; Perdido em Marte M12. 17h, 20h50; O Estagiário M12. 20h45; Black Mass - Jogo Sujo M16. 16h, 18h45, 21h35; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 15h30, 18h10, 21h15; À Procura de Uma Estrela M12. 16h40, 19h10, 21h45; Mune, O Guardião da Lua M6. 15h20, 17h30 (V.P.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 16h30, 21h; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h20, 18h55 (V.P.); O Último Caçador de Bruxas M12. 16h10, 19h05, 21h40; Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie M12. 21h55 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Mune, O Guardião da Lua M6. 12h45, 15h, 17h10 (V.Port.), 19h20 (V.Orig.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h30, 17h30 (2D), 21h, 00h20 (3D); O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 15h50, 18h20, 21h40, 00h30; 13 Minutos 21h50, 00h25; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h50, 16h, 20h50, 23h10; As Sufragistas M12. 13h20, 16h20, 19h, 21h30, 00h05; Steve Jobs M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h10, 23h50 Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Mune, O Guardião da Lua M6. 13h35, 15h45 (V.Port.); Steve Jobs M12. 13h05, 15h50, 21h25, 00h20; 007 Spectre M12. 13h, 16h30, 20h50, 00h05; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h35, 15h, 15h35, 18h05, 18h35, 21h35, 00h35 (2D), 21h05, 00h20 (3D); Profissionais da Crise 13h10, 15h40, 18h15, 21h10, 23h55; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h20 (V.Port.); Ela é Mesmo... o Máximo M12. 18h10, 00h15; As Sufragistas M12. 15h55, 18h25, 23h50; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12.

00h10; O Último Caçador de Bruxas M12. 12h55, 15h25, 18h, 21h15; 007 Spectre M12. Sala IMAX ? 13h30, 17h30, 21h20, 00h30; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 18h35 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996O Último Caçador de Bruxas M12. 13h20, 15h50, 18h20, 21h10, 23h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40 (V.P.); Steve Jobs M12. 21h50, 00h40; O Segredo dos Seus Olhos 13h, 15h40, 18h10, 21h40, 00h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h30 (V.P.); 007 Spectre M12. 14h, 17h40, 21h, 00h10; As Sufragistas M12. 16h, 18h40, 21h20, 24h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h30, 18h30 (2D), 21h30, 00h30 (3D) Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223007 Spectre M12. 19h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h40, 16h20, 21h45; Um Anjo à Minha Mesa 13h; Montanha M12. 15h15, 17h15, 19h15, 21h30; O Segredo dos Seus Olhos 12h30, 14h45, 17h, 22h; Da Natureza M12. 19h30; As Sufragistas M12. 16h40, 19h; Steve Jobs M12. 21h30; Tudo Vai Ficar Bem 12h15, 14h30 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Amnésia M12. 13h30, 15h30, 17h30, 21h45; More M16. 19h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221À Procura de Uma Estrela M12. 14h15, 19h20, 21h50; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 16h50, 00h15; A Hora do Lobo M12. 13h45, 19h; Tudo Vai Ficar Bem 16h25, 21h30, 00h05; Ela é Mesmo... Máximo M12. 13h50, 16h15, 21h20, 23h45; Sicario - Infiltrado M12. 00h25; O Estagiário M12. 13h40, 16h20, 21h50; Profissionais da Crise 14h05, 16h30, 18h55, 21h40, 00h05; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h, 21h30, 00h30 (3D), 18h15 (2D); Marguerite M12. 13h55; O Senhor Manglehorn M12. 16h45, 19h15, 21h25, 23h50; 13 Minutos 14h05, 16h35, 19h10, 21h55, 00h25; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h, 17h, 21h15, 00h15; A Canção de Uma Vida M12. 14h20, 16h45, 18h50, 21h25, 23h35; Steve Jobs M12. 13h45, 16h20, 19h, 21h40, 00h20; 007 Spectre M12. 14h30, 18h, 21h10, 00h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h45; O Segredo dos Seus Olhos 13h55, 16h40, 19h10, 21h45, 00h20; As Sufragistas M12. 14h10, 16h30, 19h05, 21h35, 00h10

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996007 Spectre M12. 13h10, 15h10, 17h35, 18h30, 21h, 21h50, 00h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h45, 15h50, 20h50, 23h55 (3D), 13h30, 18h, 21h15, 00h25 (2D); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h35, 16h10, 18h50 (V.Port.); O Segredo dos Seus Olhos 12h45, 15h20, 18h10, 21h25, 00h05; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 21h40, 00h25; O Último Caçador de Bruxas M12. 13h05, 15h40, 21h55, 00h25; Perdido em Marte M12. 13h40, 20h45; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 18h55; Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie M12. 17h50, 23h50; As Sufragistas M12. 12h50, 15h35, 18h10, 20h50, 23h45; Profissionais da Crise 12h55, 15h35, 18h15, 21h30, 00h05; À Procura de Uma Estrela M12. 13h, 15h45, 20h55, 23h35; Steve Jobs M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h10, 00h05; Montanha M12. 13h25, 16h20, 18h50, 21h55, 00h20; Knock

A Canção de Uma VidaDe Kate Barker-Froyland. Com Anne Hathaway, Johnny Flynn, Mary Steenburgen. EUA. 2014. 86m. Drama, Musical. M12. Franny regressa aos EUA ao

saber que o seu irmão Henry,

músico de profi ssão, sofreu

um acidente que o deixou em

estado vegetativo. Já em casa,

determinada a conhecer o

irmão mais intimamente, decide

consultar o computador dele.

Assim, descobre-lhe as aspirações

mais íntimas, os gostos musicais e

artistas predilectos.

AmnesiaDe Barbet Schroeder. Com Marthe Keller, Max Riemelt, Corinna Kirchhoff, Bruno Ganz. SUI/FRA. 2015. 96m. Drama. M12. Início dos anos 1990. Jo é um

alemão de 25 anos que chega a

Ibiza (Espanha) decidido a fazer

carreira como DJ numa das mais

conhecidas discotecas da cidade.

Na casa ao lado da que arrendou

vive Martha, uma mulher

solitária que decidiu deixar a

Alemanha, há mais de 40 anos.

Os dois tornam-se amigos e, com

o tempo, vão-se desvendando

pequenos segredos que ela

guardou durante décadas...

Da NaturezaDe Ole Giæver, Marte Vold. Com Ole Giæver, Rebekka Nystabakk, Marte Magnusdotter, Sivert Giæver Solem. NOR. 2014. 77m. Comédia Dramática. M12. Martin tem um emprego, uma

mulher e um fi lho pequeno.

Apesar de tudo isso, sente-se

totalmente desligado dos colegas

de trabalho e da família. A sua

sensação de inadequação à vida

parece ganhar novas proporções

a cada dia que passa. Até que

decide passar um fi m-de-semana

inteiro a sós, na montanha, longe

de tudo e de todos. Nessa solidão,

Martin dá livre curso aos seus

sentimentos, pensamentos e

fantasias mais profundas.

Deus Não Está MortoDe Harold Cronk. Com Shane Harper, Kevin Sorbo, David A.R. White. EUA. 2014. 113m. Drama. M12. Josh é um jovem estudante

universitário habituado a viver

segundo os preceitos cristãos.

Um dia, numa aula de Filosofi a,

vê-se numa discussão acesa

com o professor Radisson, um

ateísta convicto que, irritado

com a devoção de Josh, o desafi a

a comprovar a existência de

Deus. Inicia-se assim uma batalha

intelectual entre professor e

aluno...

MontanhaDe João Salaviza. Com Carloto Cotta, Maria João Pinho, Rodrigo Perdigão, David Mourato, Ema Tavares, Cheyenne Domingues. ALE/POR/FRA. 2015. 90m. Drama. M12. É Verão em Lisboa. David,

de 14 anos, foi criado com a

mãe e o avô. Quando o velho

senhor fi ca gravemente doente

e é hospitalizado, a mãe decide

passar lá as noites. David recusa-

se a entrar no hospital ou a

encarar a possibilidade da partida

do homem que o criou. O vazio

pela falta do avô e da mãe obriga

o rapaz a tornar-se o homem da

casa e a entrar precocemente na

idade adulta...

MoreDe Barbet Schroeder. Com Mimsy Farmer, Klaus Grünberg, Heinz Engelmann, Michel Chanderli. ESP/FRA. 1969. 112m. Drama. M16. Stefan é um alemão que, logo

após terminar a Licenciatura

em Matemática, decide viver

em Paris (França). Lá, conhece

Estelle, uma jovem e excêntrica

americana, por quem se

apaixona irremediavelmente.

Mesmo tendo sido aconselhado

a afastar-se da sua infl uência, ele

não resiste à paixão e segue-a até

Ibiza (Espanha) onde, ao mesmo

tempo que vive um tórrido

romance, inicia uma autêntica

descida aos infernos...

O Segredo dos Seus OlhosDe Billy Ray. Com Chiwetel Ejiofor, Nicole Kidman, Julia Roberts, Dean Norris, Michael Kelly, Joe Cole, Alfred Molina. GB/EUA/ESP. 2015. 111m. Drama, Policial. A vida de Claire, procuradora

do Ministério Público, e de Ray

e Jess, agentes do FBI, é abalada

quando descobrem que a fi lha de

Jess é a última vítima do assassino

em série que perseguiam havia

meses. Apesar dos esforços

de todos, o culpado nunca é

encontrado e o caso é arquivado.

Treze anos após o sucedido, Ray

encontra uma pista que pode

fi nalmente desvendar o crime.

Perdida em MimDe Jan Schomburg. Com Maria Schrader, Johannes Krisch, Ronald Zehrfeld. ALE. 2014. 95m. Drama. M12. Casados há vários anos, Lena

e Tore sempre foram felizes.

Um dia ela sente-se mal e é

levada para o hospital, onde

lhe é diagnosticada uma

meningite. Apesar de estar fora

de perigo, a memória de Lena

é profundamente afectada.

Após a alta hospitalar, tudo

leva a crer que a amnésia seja

episódica e que em breve voltará

à normalidade. Porém, tudo nela

é diferente...

Profissionais da CriseDe David Gordon Green. Com Sandra Bullock, Billy Bob Thornton, Anthony Mackie, Joaquim de Almeida. EUA. 2015. 107m. Drama, Comédia. Um grupo de consultores

políticos norte-americano é

contratado para trabalhar para

um candidato à presidência

de um país da América do Sul.

Percebendo o desafi o que têm

pela frente, decidem pedir ajuda

a Jane Bodine, uma consultora

conhecida tanto pela genialidade

como pelas suas estratégias

pouco ortodoxas. Apesar de

reticente em voltar ao activo, ela

aceita o desafi o. Porém, com o

passar do tempo, dá-se conta da

vida miserável dos habitantes.

Isso vai fazê-la pôr em causa se

ele é merecedor do cargo...

The Hunger Games: A Revolta - Parte 2De Francis Lawrence. Com Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth. EUA. 2015. 136m. Drama, Aventura. M12. Depois de uma luta desesperada

na 75.ª edição dos Jogos da Fome,

Katniss Everdeen é resgatada

da arena e enviada para o 13.º

Distrito, que agora lidera uma

rebelião organizada contra o

Capitólio. Vista como o símbolo

de um povo que anseia pela

liberdade, Katniss entrega-se de

corpo e alma ao que sabe ser a

última oportunidade de revolta

contra o poder instituído.

Em [email protected]@publico.pt

Deus Não Está Morto

Page 37: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 37

A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

A Canção de uma Vida – mmmmm mmmmm

Amnésia mmmmm – –Da Natureza mmmmm – –Ela é Mesmo... o Máximo mmmmm mmmmm mmmmm

More mmmmm – –Montanha mmmmm mmmmm mmmmm

Portugal – Um dia de cada vez mmmmm mmmmm mmmmm

O Segredo dos Seus Olhos mmmmm – –Steve Jobs mmmmm mmmmm –Tudo Vai Ficar Bem – mmmmm mmmmm

Knock - Perigosas Tentações M16. 21h45, 00h10; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h20,15h40, 17h50 (V.Port.); Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 18h20

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h10, 15h40, 17h55, 18h30, 21h20, 21h30, 00h10 (2D), 13h20, 16h10, 19h00, 21h45, 00h30 (3D); O Estagiário M12. 13h10, 22h05; À Procura de Uma Estrela M12. 17h55; 007 Spectre M12. 13h15, 15h30, 16h15, 17h45, 18h40, 19h10, 21h50, 21h25, 24h; Steve Jobs M12. 13h05, 15h25, 22h, 00h20; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h05; O Último Caçador de Bruxas M12. 15h20, 19h55, 00h25; Perdido em Marte M12. 21h35; Profissionais da Crise 13h40, 15h45, 17h25, 19h30, 21h45, 00h25; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 00h35; Lendas do Crime M12. 23h55; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50 (V.P.); As Sufragistas M12. 13h20, 15h25, 17h30, 19h35, 21h40, 00h15; Mínimos M6. 15h55 (V.P.) UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h05,16h35 (V.P.); O Último Caçador de Bruxas M12. 19h, 21h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h, 15h, 17h, 18h15, 21h15, 21h30; A Canção de Uma Vida M12. 13h55, 16h25, 18h50, 21h25; A Ovelha Choné - O Filme M6. 14h (V.P.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 16h10 (V.P.); Lendas do Crime M12. 18h45; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 14h05, 16h45, 19h10, 21h20; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 21h45; O Segredo dos Seus Olhos 13h50, 16h30, 19h15, 21h50; Profissionais da Crise 14h10, 16h40, 19h05, 21h40; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 21h55; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h35, 15h50, 17h50, 19h50 (V.Port.); 007 Spectre M12. 14h15, 17h30, 21h10; Steve Jobs M12. 13h40, 16h20, 18h55, 21h40

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h (V.Port.); Steve Jobs M12. 15h30, 18h30, 21h30, 00h15; Profissionais da Crise 12h40, 15h10, 18h, 21h10, 23h40; 007 Spectre M12. 13h20, 17h30, 21h20, 00h25; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h30, 15h20, 18h20, 21h40; À Procura de Uma Estrela M12. 20h50, 23h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h10, 15h40, 17h50 (V.P.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h, 16h30 (2D), 21h, 00h10 (3D); O Último Caçador de Bruxas M12. 21h05, 23h30; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 12h50, 15h50, 18h40 O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla Shopping Center). T. 215887311007 Spectre M12. 16h15, 19h; As Sufragistas M12. 17h30, 19h35; Steve Jobs M12. 14h, 21h45; Deus Não Está Morto M12. 14h30, 19h15; Mune, O Guardião da Lua M6. 14h, 15h45; Montanha M12. 21h45; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 16h45, 21h30

Sintra Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12.

16h10, 19h, 21h45 (3D); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h40, 17h20, 18h30, 21h20 (2D); 007 Spectre M12. 15h20, 16h, 18h25, 19h10, 21h30, 21h50; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 15h25, 17h45, 20h05; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h50, 15h45, 17h35 (V.P.); O Segredo dos Seus Olhos 13h, 15h10, 19h40, 21h55; As Sufragistas M12. 15h25, 17h30, 19h35, 21h40; O Estagiário M12. 21h50; A Hora do Lobo M12. 22h05; Steve Jobs M12. 19h30 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789007 Spectre M12. 15h30, 18h25, 21h25; Deus Não Está Morto M12. 18h50; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 15h10, 17h10, 19h10, 21h20; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 21h40; O Último Caçador de Bruxas M12. 16h, 21h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 16h, 21h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 21h30; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 15h (V.P.); Ela é Mesmo... o Máximo M12. 17h, 19h15, 21h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 18h40; Mune, O Guardião da Lua M6. 15h15, 17h15 (V.P.); Steve Jobs M12. 19h, 21h45; Profissionais da Crise 15h40, 18h20, 21h40

Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003 - Centro Comercial Loures Shopping. Profissionais da Crise 14h, 17h, 19h20, 21h40; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 16h40; O Último Caçador de Bruxas M12. 14h20, 19h, 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h40 (V.Port.); O Segredo dos Seus Olhos 18h, 20h, 22h; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 19h40, 21h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 15h30, 17h40 (V.Port.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 21h30 (2D), 18h40 (3D)

Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Tudo Vai Ficar Bem 13h10, 15h50, 21h50, 00h05; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h30, 15h30, 18h30 (2D), 21h30, 00h30 (3D); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 00h15; 007 Spectre M12. 13h, 17h30, 21h10, 00h25; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 18h10; As Sufragistas M12. 13h05, 15h40, 18h40, 21h45; O Segredo

dos Seus Olhos 12h40, 15h15, 18h, 21h40, 00h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 12h45 (V.P.); Steve Jobs M12. 15h20, 18h15, 21h20, 00h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h30, 17h45, 20h50, 24h

Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h15, 19h (V.P.); O Último Caçador de Bruxas M12. 15h40, 18h15, 21h; Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie M12. 21h50; 007 Spectre M12. 14h45, 18h, 21h15; Steve Jobs M12. 16h, 18h45, 21h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h30, 18h30 (2D), 21h30 (3D)

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Mune, O Guardião da Lua M6. 15h, 17h10 (V.P.); Steve Jobs M12. 19h, 21h50; 007 Spectre M12. 15h30, 18h25, 21h20; O Último Caçador de Bruxas M12. 15h50, 18h40, 21h; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; O Segredo dos Seus Olhos 15h40, 18h20, 21h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h, 15h50, 21h30, 21h40 (2D), 16h, 18h40 (3D)

Setúbal Cinema City Alegro SetúbalC. Com. Alegro Setúbal. T. 265239853Perdido em Marte M12. 21h25; Deus Não Está Morto M12. 19h45; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h20, 16h10, 19h, 21h45, 00h30 (3D), 15h40, 17h50, 18h30, 21h20, 21h35, 00h10 (2D); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h15, 00h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h30 (V.P.); Mune, O Guardião da Lua M6. 13h50, 15h50,17h35, 19h30; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h35 (V.P.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h30 (V.P.); O Estagiário M12. 22h05; À Procura de Uma Estrela M12. 00h15; O Último Caçador de Bruxas M12. 13h30, 15h35, 22h, 00h15; 007 Spectre M12. 13h10, 15h25, 16h10, 17h50, 18h20, 19h10, 21h10, 21h30, 00h25; O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50, 00h10; Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 17h40, 00h35; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 13h25, 15h30, 00h20

Faro

Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h10 (V.Port.); O Último Caçador de Bruxas M12. 16h, 18h40, 21h10, 23h40; 007 Spectre M12. 12h20, 15h20, 18h30, 21h30, 00h35; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h20, 15h50;Steve Jobs M12. 18h, 21h, 23h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h30, 18h20 (2D), 21h20, 00h10 (3D); O Segredo dos Seus Olhos 13h, 15h40, 18h10, 21h40, 00h20

TEATROLisboaHospital Júlio de MatosAv. Brasil, 53. T. 217917000 E Morreram Felizes para Sempre De Nuno Moreira. Enc. Ana Padrão. Mús. Jorge Queijo. Coreog. Catarina Trota. De 11/9 a 19/12. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 22h. De 29/11 a 13/12. Dom às 19h. M/18. Duração: 90m. Teatro Armando CortezEstrada da Pontinha, 7. T. 217110890 Cinderela De Charles Perrault. Comp.: TIL - Teatro Infantil de Lisboa. Enc. Fernando Gomes. Coreog. Vítor Linhares. A partir de 17/10. Sáb e Dom às 15h. 3ª a 6ª às 11h e 14h30 (para escolas). M/3. Teatro da CornucópiaRua Tenente Raúl Cascais, 1A. T. 213961515 Da Imortalidade De Gilgameš (a partir). Comp.: Propositário Azul. Enc. Nuno Nunes. De 25/11 a 13/12. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. 4ª às 19h. M/12. Duração: 180m. Teatro da LuzLargo da Luz. T. 217120600 Conto de Natal De Charles Dickens. Comp.: Companhia da Esquina. Até 27/12. Sáb às 16h. Dom às 11h. 2ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas). Reservas: 968060047. M/6. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 O Tempo De Lluïsa Cunillé. Comp.: Artistas Unidos. Enc. Jorge Silva Melo. De 6/11 a 12/12. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h (Dia 6, estreia às 19h). M/12. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 Allo, Allo! De Jeremy Lloyd, David Croft. Enc. Paulo Sousa Costa, João Didelet. De 11/11 a 27/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 18h. Teatro MeridionalR. Açúcar, 64 (Poço do Bispo). T. 218689245 A Colectividade Enc. Natália Luíza. De 22/10 a 6/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 A República das Bananas De Filipe La Féria. Maestro Mário Rui, Telmo Lopes. Enc. Filipe La Féria. A partir de 30/9. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. Teatro TabordaRua da Costa do Castelo, 75. T. 218854190 Para Uma Encenação de Hamlet Enc. Carlos J. Pessoa. De 19/11 a 29/11. 4ª a Dom às 21h30. M/12. Duração: 70m.

AlmadaCine-Teatro da Academia de Instrução e Recreio Familiar AlmadenseR. Capitão Leitão, 64. T. 212729750 Deus já foi Mulher Grupo: Alpha Teatro. Enc. Sofia de Portugal. Até 26/11. 4ª às 21h30. 5ª às 15h (19.ª Mostra de Teatro de Almada). M/12. Duração: 60m.

Teatro-Estúdio António AssunçãoRua Conde Ferreira. T. 212723660 Contos Negros para os Filhos dos Brancos De Blaise Cendrars. Grupo: Teatro ABC.Pi. Enc. Laurinda Chiungue. Mús. Teresa Gentil. De 24/11 a 25/11. 3ª e 4ª às 14h (19.ª Mostra de Teatro de Almada). M/6.

CascaisAuditório Fernando Lopes-Graça Av. Marginal (Parque Palmela). T. 214825447 O Protagonista De Luís Lobão. Comp.: Palco 13. Enc. Marco Medeiros. De 16/10 a 28/11. 4ª a Sáb às 21h30. M/16. Reservas: 934495034 ou [email protected]. Teatro Municipal Mirita CasimiroAvenida Fausto Figueiredo. T. 214670320 Macbeth De William Shakespeare. Comp.: TEC - Teatro Experimental de Cascais. Enc. Carlos Avilez. Até 27/12. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. M/12. Informações e reservas: 214670320 ou [email protected].

EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 O Meu Vizinho é Judeu Enc. Beatriz Batarda. Hoje às 21h30 (Estreia, no Auditório). A partir de 26/11. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h (no Auditório). M/12.

EXPOSIÇÕESLisboa3 + 1 Arte ContemporâneaRua António Maria Cardoso, 31. T. 210170765 Banhados pela luz brilhante do pôr do sol De Carlos Noronha Feio. Até 9/1. 3ª a 6ª das 14h às 20h. Sáb das 11h às 16h. Pintura. Biblioteca Municipal CamõesLargo do Calhariz, 17 - 2º Esq.. T. 213422157 Horizon De Joana Roberto. Até 30/11. 3ª a 6ª das 10h30 às 18h (aberto Sáb 28 e 2ª 30). Carpe Diem Arte e PesquisaR. de O Século, 79. T. 211924175 20.º Ciclo de Exposições Até 18/12. 4ª a Sáb das 13h às 19h. Pintura, Instalação. Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Carrilho da Graça: Lisboa De 22/9 a 14/2. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Arquitectura. Cristina Guerra - Contemporary ArtR. Santo António à Estrela, 33. T. 213959559 Captura Transitória De Diogo Pimentão. De 20/11 a 9/1. 3ª a 6ª das 12h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Escultura, Desenho. CulturgestEdifício Sede da CGD. T. 217905155 nenhuma entrada entrem De Projecto Teatral. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Escultura, Performance, Outros. Oximoroboro De Von Calhau!. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Instalação. Edifício TransBoavistaRua da Boavista, 84. T. 213433259 Artfutura - Inteligência Colectiva De vários autores. Até 28/11. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Outros. Geração 2015. Proyectos de arte Fundación Montemadrid De vários autores. Até 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Vídeo, Fotografia, Escultura, Pintura, Desenho. I stood up and... never sat down again De vários autores. Até 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Outros. Pierre Larauza, Cazenga vs Luanda Até 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Fotografia.

A Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, abre as portas à Festa dos Livros, onde é possível adquirir exemplares com a chancela da casa, a preços reduzidos. À semelhança de anos anteriores, é destacado um livro por dia, cujo título poderá ser consultado em www.gulbenkian.pt. A iniciativa prolonga-se até 23 de Dezembro, todos os dias entre as 10h e as 20h, e inclui a venda de objectos associados à colecção do museu e das exposições temporárias e apresentações de livros (segundas e quintas, às 18h30, na cafetaria). A entrada é livre.

Festa dos LivrosADRIANO MIRANDA

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Últimos dias para ver O Protagonista, uma produção da Palco 13

DR

SAIRErmida de Nossa Senhora da ConceiçãoTravessa do Marta Pinto, 12. T. 213637700 Naked Girls De Luís Paulo Costa. De 7/11 a 20/12. 3ª a 6ª das 11h às 13h e das 14h às 17h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Pintura. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 No Atelier De Teresa Magalhães. Até 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho. Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Galeria BangbangRua Dr. Almeida Amaral, 30B. T. 213148018 Selected Stories De Catarina Lira Pereira. Até 9/1. 3ª a Sáb das 12h30 às 20h. Pintura. Galeria DiferençaRua São Filipe Neri, 42 - Cave. T. 213832193 Perfect Link De Fátima Ferreira. De 7/11 a 23/12. 3ª a 6ª das 14h às 19h. Sáb das 15h às 20h. Escultura, Objectos. Trabalhos Recentes De Nuno Lorena. De 7/11 a 23/12. 3ª a 6ª das 14h às 19h. Sáb das 15h às 20h. Desenho, Pintura. Galeria MillenniumRua Augusta, nº84. Within Light. Inside Glass De vários autores. De 16/9 a 9/1. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Instalação. Galeria Pedro CeraRua do Patrocínio, 67E. T. 218162032 Truncado De Carlos Correia. De 18/9 a 7/11. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h30 às 19h. Pintura. Galeria Quadrado AzulR. Reinaldo Ferreira, 20-A. T. 213476280 Make do De Paulo Nozolino. De 2/10 a 24/12. 2ª a Sáb das 15h às 19h30. Fotografia. Hangar - Centro de Investigação ArtísticaRua Damasceno Monteiro, 12. T. 218870490 Ghosts De vários autores. De 22/10 a 27/11. 4ª a Sáb das 15h às 19h. Fotografia. Largo do IntendenteLargo do Intendente. Kit Garden De Joana Vasconcelos. A partir de 5/10. Todos os dias. Escultura, Instalação. Lisboa Story CentreTerreiro do Paço. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h. Documental.

Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Objectos, Outros. Museu Rafael Bordalo PinheiroCampo Grande, 382. T. 218170667 Bordalo à Mesa De Bordalo Pinheiro. De 18/5 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Ilustração. Luís Filipe e a Farsa da Vida De 19/9 a 30/12. 3ª a Dom das 10h às 18h Na Galeria. Documental, Desenho. Padrão dos DescobrimentosAv. Brasília . T. 213031950 Alguma Mezinha lá dessa Terra do Cabo do Mundo De 20/6 a 30/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Documental, Ciência. Perve Galeria de AlfamaR. das Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 Artur Bual De 2/11 a 19/12. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Pintura. Picadeiro Real/Museu dos CochesPç. Afonso de Albuquerque. T. 213610850 As Far As The Eye Can’t See De vários autores. De 13/11 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 17h30. Design. EXD’15 Praça do Comércio (Terreiro do Paço)A Luz de Lisboa De Nuno Cera, Maria do Rosário Pedreira, Jorge Martins. De 16/7 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 20h Até 25/10, das 10h às 18h A partir de 27/10. Fotografia, Pintura, Outros. São Roque TooRua de São Bento, 269. T. 213970197 Costa Pinheiro, O Pintor Ele-Mesmo De 24/9 a 31/12. 2ª a Sáb das 10h30 às 19h30. Pintura. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Música no D. Maria II - A Colecção de Partituras De 11/9 a 30/12. 3ª a Sáb das 15h às 18h 4ª e Dom. 30 min antes do início dos espectáculos da Sala Garrett. Documental.

Vera Cortês - Agência de ArteAvenida 24 de Julho, 54 - 1ºE. T. 213950177 Wilderness De Nuno da Luz. De 20/11 a 16/1. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação, Outros.

MÚSICALisboaArmazém FRua Cintura Porto Lisboa. T. 213220160 Tremonti Hoje às 21h (M/16). B.LezaR. Cintura do Porto de Lisboa. Márcia Mah Hoje às 22h30. MusicBoxRua Nova do Carvalho, 24. T. 213430107 Mr. Fresh + Deadfred Hoje às 00h. Teatro do BairroR. Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T. 213473358 Nega Jaci Hoje às 21h30.

EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 Ciclo de Fado De 4/11 a 25/11. 4ª às 22h (no Lounge D). Com Maria João Quadros e Salvador Taborda.

DANÇA AmadoraCentro Comercial Alegro AlfragideAv. dos Cavaleiros. T. 217125403 A Branca de Neve no Gelo Enc. João A. Guimarães. De 20/11 a 10/1. Todos os dias (vários horários). Reservas: 707100079 ou [email protected].

Montemor-o-NovoCine-Teatro Curvo SemedoLg. Dr. Ant. José de Almeida. T. 266898104 Le Bouc Com Susana Nunes. Coreog. Susana Nunes. De 25/11 a 29/11. 4ª, 5ª, 6ª e Dom às 21h30.

SAIRLumiar CitéR. Tomás del Negro, 8-A. T. 213521155 Y - and half a year later there was a lot of concrete De Lisa Schmidt-Colinet, Alexander Schmoeger, Florian Zeyfang. De 19/11 a 17/1. 4ª a Dom das 15h às 19h. Escultura, Instalação. Miguel Justino Contemporary ArtR. Rodrigues Sampaio, 31 - 1.º. T. 964081283 A Cuca Ajuda a Upa, A Nocal Ajuda Portugal! De Nuno Nunes Ferreira. Até 19/12. Sáb das 15h às 19h. 3ª a 6ª das 13h às 19h30. Outros. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Civilizações de Tipo I, II e III De Rui Toscano. De 31/10 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Vídeo, Outros. Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) De vários autores. Até 12/6. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Prémio Sonae Media Art 2015 De Diogo Evangelista, Musa paradisiaca, Patrícia Portela, Rui Penha, Tatiana Macedo. Até 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Progresso De Ana Cardoso. Até 29/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Rui Toscano Até 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Vídeo. Temps D’Images Loops. Lisboa De vários autores. Até 24/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Vídeo. Mude - Museu do Design e da ModaRua Augusta, 24. T. 218886117 Design em Portugal (1960-74): Expor, Debater, Protagonizar Até 7/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design, Documental. Ensaio para um Arquivo: O Tempo e a Palavra Design em Portugal (1960-1974) De 22/10 a 7/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design. Único e Múltiplo. 2 Séculos de Design A partir de 27/5. 3ª a Dom das 10h às 18h (horário de Inverno), das 10h às 20h (horário de Verão). Design. Exposição permanente. Vocação Infinita De 12/11 a 27/3. 3ª a Dom das 10h às 18h. Documental, Outros. Museu Colecção BerardoPraça do Império - CCB T. 213612878 Colecção Berardo De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter,

Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. 3ª a Dom das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. Quatro variações à volta de nada ou falar do que não tem nome De Nicolás Paris. De 18/11 a 6/3. Todos os dias das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Instalação, Outros. Stan Douglas. Interregnum De Stan Douglas. De 21/10 a 14/2. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Filme, Outros. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 3/4. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Obra Gráfica, Design, Outros. Museu da Cidade de LisboaCampo Grande, 245. T. 217513200 Lisboa 1755. A Cidade à Beira do Terramoto - Reconstituição virtual da Lisboa pré-pombalina A partir de 25/11. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (encerra 24, 25, 31 de Dezembro e 1 de Janeiro). Documental, Outros. Permanente. Tambor De Armanda Duarte. De 21/11 a 21/2. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Outros. Museu da ElectricidadeEdifício Central Tejo. T. 210028190 Afinidades Electivas. Julião Sarmento Coleccionador De Andy Warhol, Cristina Iglesias, Nan Goldin, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, entre outros. De 16/10 a 3/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Escultura, Fotografia, Vídeo, Instalação. One’s Own Arena De José Pedro Cortes. De 16/10 a 13/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia. Suite Rivolta: O Feminismo Radical de Carla Lonzi e A Arte da Revolta De 16/10 a 6/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Museu de CiênciaRua da Escola Politécnica, 56. T. 213921808 Jogos Matemáticos Através dos Tempos A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Exposição Interactiva.

FARMÁCIASLisboa/Serviço PermanenteBruxellas (À Estrada da Luz - Metro Laranjeiras) - Rua Manuel da Silva, Leal, 11 - B - Tel. 217210561 Ferrão - Rua Mouraria, 12 - Tel. 218860464 Martins (Estrela) - Calçada da Estrela, 165-167 - Tel. 213960823 Romano Baptista (Junto à Av. de Berlim) - Rua Passos Manuel, 6-10 - Tel. 213570593 Exposul (Santa Maria dos Olivais) - Alameda dos Oceanos, Lote 2.06.05, Loja H - Tel. 218967033 Alta de Lisboa (Lumiar) - Rua António Lopes Ribeiro, 6A - Tel. 217542650

Outras Localidades/Serviço PermanenteAbrantes - Sousa Trincão (S.Miguel do Rio Torto) Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Campeão Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - da Barrada Aljustrel - Pereira Almada - Vale de Figueira , Nuno Álvares Almeirim - Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça - Leitão Alter do Chão - Alter , Portugal

(Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Helenica , Nova Ansião - Teixeira Botelho , Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista , Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Silva Inácio Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Silveira Suc. Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens , Mendes (Porto Alto) Bombarral - Miguel Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Misericórdia , Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Rainha Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Das Fontainhas , da Madorna (Madorna), do Junqueiro (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco

- Leal Mendes Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Santa Catarina (Carregueira) Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Frazão Covilhã - São Cosme Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Calado Entroncamento - Carlos Pereira Lucas Estremoz - Carapeta Irmão Évora - Teixeira Faro - Caniné Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Sena Padez (Fatela) Gavião - Gavião , Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - Ribeiro Lopes Leiria - Central Loulé - Pinto , Paula (Salir) Loures - Pinheirense , Nova da Portela (Portela) Lourinhã - Marteleirense , Ribamar (Ribamar) Mação - Catarino Mafra - Coral , Nogueira (Venda do Pinheiro) Marinha Grande - Roldão

Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Tágide (Alhos Vedros) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Central Montijo - Nova Montijo Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Nova de Moura Mourão - Central Nazaré - Ascenso , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Cipriano , Nova de Odivelas Oeiras - Central Park (Linda-a-Velha) , Ferreira Bastos (Porto Salvo), Costa Pinto (Queijas) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Rocha Ourém - Beato Nuno , Verdasca Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Brás (Brejos de Assa) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Higiénica Pombal - Barros Ponte de Sor - Cruz Bucho Portel - Fialho Portimão - Pedra Mourinha Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de Monsaraz - Martins Rio

Maior - Candido Barbosa Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Helena (Vale de Figueira) Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Universo Serpa - Oliveira Carrasco Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia Setúbal - Monte Belo , Nova Silves - Cruz de Portugal , Dias Neves Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Silva Duarte (Cacém) , Idanha (Idanha), De Fitares (Rinchoa) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Dos Olivais Torres Novas - Nicolau Torres Vedras - Calquinha (Carvoeiro-Runa) Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Mercado (Alverca) , Quinta da Piedade (Quinta da Piedade), Roldão Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia

Page 39: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 39

FICAR

SÉRIEChicago Med TVSéries, 23h15Estreia. Depois dos bombeiros

de Chicago Fire e dos polícias de

Chicago P. D., chega agora a vez de

ver os médicos em acção numa

das mais populosas cidades dos

Estados Unidos. Chicago volta a dar

nome a uma série que toma agora

um grande hospital como centro

de acção, onde se segue o caótico

dia-a-dia de uma corajosa equipa de

médicos e enfermeiros. Muitos dos

casos vão ter origem nas duas séries

referidas, havendo cruzamento de

histórias e personagens. Às quartas.

CINEMA

Centurião [Centurion]TVC1, 19h50Ano 117 a.C. O Império Romano

governa todo o Ocidente. Nos

confi ns gelados do Norte, os

soldados romanos enfrentam

bárbaros sanguinários perfeitamente

adaptados ao ambiente hostil onde

vivem. A fi m de eliminar a ameaça,

o governador local apela à lendária

IX Legião do general Titus Flavius

Virilus, uma guarnição conhecida

pela sua bravura e coragem. Porém,

apanhada numa emboscada, a

legião é massacrada e o seu general

feito prisioneiro. Apenas Quintus

Dias e mais seis companheiros

escapam à carnifi cina. Agora,

enfrentando o desconhecido, eles

farão de tudo para salvar o seu

general e regressar a Roma.

Gladiador [Gladiator]FOX Movies, 21h15O imperador Marco Aurélio

(Richard Harris) é assassinado

antes de poder nomear o fi el

braço-direito, Narcissus Maximus

(Russell Crowe), regente do

decadente império. Commodus

( Joaquin Phoenix), fi lho e legítimo

herdeiro de Marco Aurélio, decide

então destruir Maximus e a sua

família. Ele escapa com vida mas

acaba nas mãos de um negociador

de escravos e tem de mostrar

o que vale nas arenas, como

gladiador. De Ridley Scott.

O Livro de Eli [The Book of Eli]Hollywood, 23h00Eli (Denzel Washington) é um

viajante com um único propósito

em mente: proteger um livro

sagrado e levá-lo ao seu longínquo

destino, pois nele reside a

esperança de um futuro para a

humanidade. Na sua travessia

por um país transformado em

deserto, após uma catástrofe

a nível planetário, o caminho

de Eli vai cruzar-se com todo o

género de pessoas que, tal como

ele, lutam pela sua vida e a quem

apenas resta a sobrevivência a

cada dia. Mas ele é um guerreiro

com poderes extraordinários,

capaz de lutar até com os mais

temerários e perigosos fora-da-

-lei, e nada o fará vacilar no seu

objectivo...

Mar adentro [Mar adentro]RTP2, 23h07Ramón ( Javier Bardem) é um

tetraplégico que está preso a uma

cama há 30 anos. A sua única

janela para o mundo é a do seu

quarto, perto do mar em que

tanto viajou mas também onde

teve o acidente que lhe roubou a

juventude e a vida. Desde então

Ramón luta pelo direito a pôr

termo à vida dignamente, pelo

direito à eutanásia. A chegada de

duas mulheres vai alterar a sua

existência: Julia é uma advogada

que está disposta a apoiar a sua

luta a favor da eutanásia, Rosa

é uma vizinha que não desiste

enquanto não o convencer que

viver vale a pena. De Alejandro

Amenábar.

Os Agentes do Destino [The Adjustment Bureau]FOX Movies, 23h41Na noite em que perde a eleição

para senador, um jovem e

promissor deputado norte-

-americano, David Norris (Matt

Damon), conhece a bailarina

Elise Sellas (Emily Blunt). Os

dois vivem uma noite perfeita

e David apaixona-se por ela.

Porém, no dia seguinte, esbarra

com um grupo de homens

misteriosos com conhecimentos

e poderes sobre-humanos, que

o informam que a sua relação

com Elise não faz parte do seu

destino e que, por isso, ele terá

de a esquecer ou ambos sofrerão

as consequências… Estreia na

realização de George Nolfi .

DESPORTO

Futebol: Liga dos CampeõesSPTV1, 15h00 | Astana x Benfi ca

SPTV2, 19h45 | At. Madrid x

Galatasaray

Invencível, TVC1, [email protected]

RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.10 Memórias da Revolução 14.26 Os Nossos Dias 15.15 Agora Nós - Directo 16.50 Futebol: Liga dos Campeões - Resumos 18.00 Portugal em Directo 19.07 O Preço Certo 19.52 Direito de Antena 20.00 Telejornal 20.55 19 Meses Depois 21.40 Memórias da Revolução 21.52 Bem-vindos a Beirais 22.41 Futebol: Liga dos Campeões - Resumos 23.43 A Arte Eléctrica em Portugal - A Música Moderna 00.53 5 Para a Meia-Noite 2.01 The Flash 2.44 Grande Entrevista - Nuno Morais Sarmento 3.38 Os Nossos Dias

RTP 27.00 Zig Zag 10.54 O Meu Outro País 11.51 Desalinhado 14.00 Sociedade Civil 15.04 A Fé dos Homens 15.37 Euronews 16.00 Zig Zag 20.07 Pais Desesperados 21.00 Jornal 2 - Directo 21.49 Página 2 22.08 Os Homens da Fé 23.07 Filme: Mar Adentro 1.10 Cinemax Curtas 2.02 Sociedade Civil 3.06 Euronews

SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.40 Dancin Days 16.00 Grande Tarde 18.35 Babilónia 20.00 Jornal da Noite 21.40 Coração d´Ouro 22.55 Poderosas 23.45 Totoloto 00.00 A Regra do Jogo 00.55 Blacklist 1.40 Os Agentes S.H.I.E.L.D 2.50 Podia Acabar o Mundo

TVI6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Mundo Meu 16.00 A Tarde é Sua 19.12 A Quinta - Diário 20.00 Jornal das 8 21.40 A Única Mulher 22.57 Santa Bárbara 00.00 A Quinta - Extra 1.00 Os Irmãos Donnelly 1.58 Ora Acerta 3.00 Fascínios 3.39 Águas Profundas 4.24 Sonhos Traídos

TVC19.35 Bairro 13 11.05 Les Apaches 12.35 Step Up 5 - Todos Dançam 14.25 Black Nativity - Um Espetáculo de Natal 16.15 Sniper: O Legado 17.55 Matem o Mensageiro 19.50 Centurião 21.30 Invencível 23.50 Bairro 13 1.20 Yves Saint Laurent 3.10 Matem o Mensageiro 5.05 Centurião

FOX MOVIES10.10 Academia de Polícia 3 - De Volta aos Treinos 11.32 Academia de Polícia 4 - A Patrulha do Cidadão 12.58 Top Gun - Ases Indomáveis 14.45 12 Desafios 16.30 Ágora 18.29 Academia de Polícia 5 - Missão em Miami 19.55 Academia de Polícia 6 - Cidade Sitiada 21.15 Gladiador 23.41 Os Agentes do Destino 1.20 Academia de Polícia 2.54 Academia de Polícia 2: A Primeira Missão 4.19 Blood: O Último Vampiro

HOLLYWOOD10.10 Contacto 12.35 Regresso ao Futuro III 14.35 48 Horas 16.10 Voo da Fénix 18.10 Van Damme Implacável 19.45 Porcos & Selvagens 21.30 O Irmão Secreto 23.00 O Livro de Eli 1.00 Espécie Mortal 2.55 RoboCop 3 - Fora da Lei 4.40 Ligações Perigosas

AXN14.14 O Mentalista 15.41 C.S.I. 17.14 Investigação Criminal 18.58 O Mentalista 20.34 C.S.I. 21.22 Mentes Criminosas 23.09 Chicago Fire 00.10 Mentes Criminosas 1.01 Investigação Criminal 1.52 O Mentalista 4.47 Mentes Criminosas 5.30 Chicago Fire

AXN BLACK15.35 Rapto Brutal 17.00 Experiência do Caos 18.26 Route Irish - A Outra Verdade 20.09 22 Balas 22.00 Obsessão Mortal 23.41 Fomos Soldados... 1.54 Route Irish - A Outra Verdade 3.31 22 Balas

AXN WHITE13.09 Filme: Ace Ventura em África 14.34 Trocadas à Nascença 15.19 Franklin e Bash 16.04 Filme: Ace Ventura em África 17.30 Descobrindo Nina 19.04 Pequenas Mentirosas 21.30 Filme: Ace Ventura em África 22.58 Filme: O Novo Namorado da Minha Mãe 00.35 Pequenas Mentirosas 1.22 Criadas e Malvadas 2.09 Pequenas Mentirosas 3.43 Gossip Girl 4.30 Trocadas à Nascença

FOX13.46 Hawai Força Especial 15.18 Investigação Criminal: Los Angeles 16.55 Sob Suspeita 18.37 Investigação Criminal: Los Angeles 20.30 Hawai Força Especial 22.15 Scorpion 00.08 Investigação Criminal: Los Angeles 00.58 Hawai Força Especial 1.49 Sob Suspeita 3.23 Spartacus: A Vingança

FOX LIFE13.10 A Patologista 14.00 Filme: Sworn to Silence 15.30 A Patologista 17.10 Filme: An Officer and a Murderer 18.45 Rizzoli & Isles 19.34 A Patologista 21.26 Rizzoli & Isles 22.20 Anatomia de Grey 23.10 Scandal 00.15 Filme: Presumed Dead in Paradise 1.55 My Kitchen Rules 2.32 Clínica Privada 4.16 Ossos 5.17 The Good Wife

DISNEY15.00 Aladdin 15.50 Galáxia Wander 16.15 Gravity Falls 16.40 Phineas e Ferb 17.05 Os 7A 17.30 The Next Step 17.52 Videoclip - Descendentes: Evil Like Me 18.00 Violetta 18.55 Jessie 19.20 Liv e Maddie 19.43 Austin & Ally 20.05 The Next Step 20.30 K.C. Agente Secreta 20.55 Violetta 21.50 Jessie 22.13 O Meu Cão Tem um Blog 22.35 Randy Cunningham: Ninja Total 22.57 Rekkit Rabbit 23.20 Casper - O Fantasminha 23.45 Randy Cunningham: Ninja Total 00.10 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 00.33 Casper - O Fantasminha

DISCOVERY17.30 Pesca Radical 18.20 A Febre do Ouro 20.05 Já Estavas Avisado! 21.55 Acção, Reacção 22.55 O Que Poderá Ter Falhado? 23.50 Escapa Como Puderes 00.40 Já Estavas Avisado! 1.30 Acção, Reacção 2.20 JFK, as Últimas Gravações 3.05 Os Segredos do Caso Kennedy 3.50 Os Caçadores de Mitos 4.35 Negócio Fechado 5.00 Container Wars

HISTÓRIA17.41 Alienígenas 18.24 O Preço da História 19.07 Alvo: Terra 20.33 O Universo 21.18 O Preço da História 22.00 Caça Tesouros 23.28 Regatear à Antiga 1.34 O Preço da História 2.15 Restaure Se Puder 3.00 Loucos por Carros 3.42 O Preço da História 5.10 Alienígenas 5.53 O Preço da História

ODISSEIA17.04 Planeta Humano 17.53 A Evolução do Urso Polar 18.45 O Anel de Fogo do Pacífico 19.29 Gigantes da Engenharia 20.29 Aviões Extraordinários 21.24 1.000 Formas de Morrer 22.06 Armas Empenhadas 22.50 As Armas Mais Invulgares do Mundo 23.38 O Assalto a Juno 1.04 1.000 Formas de Morrer 1.46 Armas Empenhadas 2.30 As Armas Mais Invulgares do Mundo 3.19 O Assalto a Juno 4.45 Gigantes da Engenharia

Os mais vistos da TVSegunda-feira, 23

FONTE: CAEM

TVISICTVISIC

RTP1

15,813,912,412,310,7

Aud.% Share

31,627,924,624,226,2

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

A Única Mulher IICoração d’OuroJornal das 8Jornal da NoiteO Preço Certo

15,6%%

1,9

18,7

23,7

29,[email protected]

Page 40: Publico.25.11.2015

40 | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

JOGOSCRUZADAS 9355

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

18º

Viana do Castelo

Braga5º 16º

Porto9º 16º

Vila Real5º 14º

7º 15º

Bragança5º 15º

Guarda3º 10º

Penhas Douradas3º 9º

Viseu5º 13º

Aveiro10º 16º

Coimbra5º 15º

Leiria6º 17º

Santarém10º 18º

Portalegre9º 15º

Lisboa13º 17º

Setúbal10º 19º Évora

7º 18º

Beja7º 18º

Castelo Branco7º 17º

Sines10º 18º

Sagres10º 18º

Faro9º 19º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

16º 19º

14º 19º

Flores

Terceira16º 19º

16º 20º

17º 21º

14º 19º

18º

19º

07h29

Cheia

17h18

22h4425 Nov.

0,5-1m

1-2m

18º

2m

21º1m

21º2-2,5m

14h13 3,602h35* 3,7

07h59 0,420h20 0,4

13h48 3,602h10* 3,7

07h34 0,619h54 0,6

13h54 3,502h17* 3,6

07h30 0,419h51 0,4

2,5-3,5m

2,5-3,5m

2m

17º

17º

*de amanhã

Horizontais: 1. Espécie de pato. Tirar o alheio com violência. 2. Contentamento. Ponto cardeal. 3. Antiga flauta pasto-ril. Fardo. 4. Chutar à baliza adversária. Memória de computador. 5. Época. Grainha seca. 6. Sociedade Anónima. O qual. Césio (s.q.). 7. Tenho a natureza de. Prefixo que exprime a ideia de priva-ção. Vai à rua. 8. Funesto. 9. Consentir. Tem medo de. 10. Batráquio. Membro da maçonaria (pedreiro-livre). Medida itinerária chinesa (576 m). 11. Somatório. Ministrar uma substância com o efeito de acalmar.

Verticais: 1. Laços de crina de cavalo para armar às perdizes. Pequeno veícu-lo automóvel de competição, com um só lugar. 2. Verdadeiramente. Partícula de negação. 3. Inchação. Organização das Nações Unidas (acrónimo). 4. Jazigo de minérios. Incineração. 5. Nó que se usa nas adriças para levar ao to-po dos mastros uma bandeira enrola-da e que, com um puxão, se desfaz, e a bandeira desfralda. Almofariz. 6. Prefixo (repetição). Limpar com areia, cinza, etc. 7. Acreditei. Vindouros. 8. Serve-se de. Sexta nota musical. Dá gemidos. 9. Asno. O tio dos americanos. 10. Planta criptogâmica aquática. Fêmea do cão. 11. O que vive com mulher com a qual não é casado. Seguir até. Depois do problema resolvido encon-tre o provérbio nele inscrito (6 pala-vras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Fama. Aspas. 2. Tirana. Orbe. 3. Acasalar. Al. 4. Lar. Tarrafa. 5. Ar. Foreiro. 6. BEM. Ara. 7. Cariar. VAI. 8. Gilvaz. Teso. 9. OCDE. Ocular. 10. Mio. Cardada. 11. Oo. Vário. Or.Verticais: 1. Talar. Gomo. 2. FICAR. Cicio. 3. Arar. Baldo. 4. Mas. Ferve. 5. Anatomia. Cá. 6. Alar. Azoar. 7. Arear. Cri. 8. Sorrir. TUDO. 9. PR. Aravela. 10. Abafo. Asado. 11. Sela. Piorar.Título do Filme: Tudo Vai Ficar Bem.

Oeste Norte Este Sul 1♠passo 2ST (1) passo 3♠ (2)passo 4♥ passo 4STpasso 5♠ passo 6♠

Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Jacoby – fit de quatro ou mais cartas a espadas e força para partida (2) 17 ou mais pontos, pede controlos

Carteio: Saída: J♥. Qual a linha de jo-go a adotar para cumprir este pequeno cheleme?

Solução: É perfeitamente natural ten-tar as passagens a ouros e a paus. Começando pela passagem ao Rei de paus que, caso falhe, pode ainda benefi-ciar de uma repartição 3-3 do naipe para poder baldar a perdente a ouros. Nesse caso, a probabilidade de êxito passa de 75% para 84%. Mas é possível fazer melhor! Cobrir os ca-sos de um Rei de paus seco ou à segunda em Oeste graças a um jogo eliminação muito preciso: após fazer o Ás de espa-das, corte a terceira copa com a Dama de espadas e tire o Ás de paus! Joga agora espada para o Rei e pau para a Dama: - Se a Dama fizer a vaza, volte ao morto

Dador: SulVul: EO

Problema 6484 Dificuldade: fácil

Problema 6485 Dificuldade: médio

Solução do problema 6482

Solução do problema 6483

NORTE♠ K10965♥ AK4♦ 83♣ 952

SUL♠ AQ874♥ 52♦ AQ♣ AQJ6

OESTE♠ J2♥ J1096♦ K10752♣ K3

ESTE♠ 3♥ Q873♦ J964♣ 10874

João Fanha/Pedro Morbey ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

no 9 de espadas para renovar a mano-bra, e quando o Rei aparecer em Este, ficará ainda uma vaza a fazer para baldar um ouro do morto. - Se Oeste fizer a vaza, como é o caso aqui, terá uma de duas opções: não tem mais paus para jogar e tem de jogar ou-ros, para a forquilha, ou copas para corte e balda; se tiver paus para jogar teremos ainda tempo para verificar se o naipe es-tá 3-3 e caso não esteja sobrará ainda a passagem a ouros em último recurso.Jogando assim, só irá para o cabide uma em cada dez vezes, quando Oeste tiver ambos os Reis, e o de paus pelo menos à quarta.

Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul ?

O que abriria em Sul, com cada uma das seguintes mãos?1. ♠AQ ♥K5 ♦KQ2 ♣AJ10983 2. ♠A52 ♥AKJ ♦AQJ872 ♣23. ♠3 ♥A2 ♦AK9862 ♣AKQJ 4. ♠K ♥A105 ♦KQ62 ♣AKQ102

Respostas: 1. 2ST – As mãos 6322 (com um menor sexto) devem ser associadas às mãos re-gulares. Por outro lado, é necessário va-lorizar dois pontos pelo naipe sexto.2. 1♦ – Um dois forte em menor promete 7 cartas. Abra num ouro e se o parceiro marcar 1 copa ou 1 espada marque 2 es-padas ou 2 copas para mostrar uma in-versa.3. 1♦ – É preferível anunciar naturalmente as mãos que podem jogar em dois naipes.4. 1♣ – Abrir em 2ST seria uma alterna-tiva, mas com duas desvantagens evi-dentes: a pesquisa de um cheleme em menor tornar-se-ia praticamente impos-sível; a saída a espadas pode colocar o contrato de sem trunfo em cheque logo à partida.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo

Page 41: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESPORTO | 41

O “jogo mais importante do ano” deixou o FC Porto perto do KO

A duas jornadas do fi m da fase de

grupos da Liga dos Campeões bastava

um ponto para o FC Porto garantir o

apuramento para os oitavos-de-fi nal,

mas dentro de três semanas, quando

os “dragões” entrarem em Stamford

Bridge para defrontarem o Chelsea

de José Mourinho, Julen Lopetegui

terá uma certeza: apenas uma vitó-

ria contra os londrinos garantirá ao

espanhol, sem se preocupar com o

resultado do Dínamo Kiev-Maccabi,

um lugar no top-2 do Grupo G. A re-

viravolta nas contas dos portistas,

que pareciam ter via aberta para a

qualifi cação, surgiu depois de uma

derrota com uma prestação paupér-

rima contra o Dínamo Kiev (0-2). Os

golos de Yarmolenko e Derlis Gon-

zález ditaram o primeiro desaire da

época do FC Porto.

O presidente do Dínamo Kiev afi r-

mou, antes de viajar para o Porto,

que a sua equipa teria no Estádio do

Dragão o “jogo mais importante do

ano”. Confrontado com as declara-

ções do dirigente ucraniano, Lope-

tegui concordou, colocou o mesmo

peso para o lado portista e disse es-

perar “uma resposta séria” da sua

equipa. “Quando fazemos bem as

coisas, somos fortes”, acrescentou. O

FC Porto, no entanto, fez quase tudo

mal e deixou que o Dínamo tornasse

o “dragão” num concorrente fraco.

Após a folga dada por Lopetegui a

praticamente todos os habituais titu-

lares no fi m-de-semana nos Açores,

no jogo com o Angrense, na Taça de

Portugal, os principais trunfos vol-

taram ao “onze”, mas pela primei-

ra vez o treinador espanhol deixou

André André fora dos titulares na

Liga dos Campeões. Sem o interna-

cional português, habitual patrão do

meio-campo “azul e branco”, o sec-

tor fi cou entregue a Danilo, Imbula

e Rúben Neves. Com isso, o FC Porto

ganhou músculo e poder de choque,

mas perdeu criatividade e presença

na área ucraniana.

Invicto em casa nas competições

europeias desde Outubro de 2013,

o FC Porto foi superior no primeiro

quarto de hora, mas o tradicional fu-

tebol lateralizado e lento da equipa

de Lopetegui resultou numa mão-

cheia de nada e, depois de medir o

pulso ao rival, o Dínamo começou a

Os “dragões” foram derrotados pelo Dínamo Kiev e precisam de vencer em Stamford Bridge, na última jornada da Liga dos Campeões, para garantirem um lugar nos “oitavos” sem dependerem de terceiros

Crónica de jogo David Andrade

FRANCISCO LEONG/AFP

Aboubakar e Antunes na discussão de um lance aéreo

ganhar confi ança. Obrigados a ven-

cerem para se manterem na luta pelo

apuramento, os ucranianos aos pou-

cos foram assumindo o controlo do

jogo e deixaram a primeira ameaça

aos 25’, com um remate de Derlis

que Casillas defendeu para canto. O

aviso não foi sufi ciente para acabar

com a letargia portista e, apenas três

minutos depois, Garmash (cabeceou

ao poste) e Junior Moraes (com a ba-

liza aberta rematou ao lado) fi zeram

o mais difícil: manter o resultado a

zero. O Dínamo ameaçava e acabou

mesmo por chegar ao merecido golo.

Aos 35’, Rybalka foi tocado na área

por Imbula, o árbitro assinalou pe-

nálti e, na marcação, Yarmolenko,

de pé esquerdo, fez o 1-0.

Com um meio-campo inoperante

ofensivamente e dois extremos (Tello

e Brahimi) inofensivos, a bola não

chegava a Aboubakar e o intervalo

chegou com a tradicional superiori-

dade na posse de bola do FC Porto

(55%), mas superioridade evidente

nos remates à baliza por parte do

Dínamo: nove contra cinco.

Após o falhanço absoluto estratégi-

co na primeira parte, Lopetegui, com

uma substituição, mexeu em quase

tudo na retaguarda. Com a entrada

de André André para o lugar de Ma-

FC Porto 0

Dínamo Kiev 2Yarmolenko 35’, Derlis González 64’

Positivo/Negativo

Estádio do Dragão, no Porto.Espectadores 31.220

FC Porto Casillas, Maxi Pereira (André André, 46’), Martins Indi, Marcano, Layún, Danilo, Rúben Neves, Imbula (Corona, 67’), Tello, Brahimi (Osvaldo, 67’), Aboubakar. Treinador Julen Lopetegui

Dínamo Kiev Shovkovskiy, Danilo Silva a36’, Khacheridi, Dragovic, Antunes, Sydorchuk (Buyalskiy, 84’), Rybalka, Yarmolenko, Garmash a38’, Derlis González (Belhanda, 77’), Júnior Moraes (Teodorczyk, 86’). Treinador Serhiy Rebrov

Árbitro Velasco Carballo (Espanha)

YarmolenkoÉ indiscutivelmente o melhor jogador do Dínamo e, quando a sua equipa mais precisou, não fraquejou. Generoso no apoio defensivo, Yarmolenko exibiu no Dragão todo o seu talento ofensivamente e, contando os dois jogos da selecção da Ucrânia no play-off de acesso ao Euro 2016, fez o quinto golo nas últimas quatro partidas.

ImbulaO médio francês foi, a par de Marcano, um dos dois titulares contra o Angrense e Dínamo, mas, pelo que se viu, precisava de descanso depois do jogo nos Açores.

Tello e BrahimiOs dois extremos complicaram mais do que ajudaram.

Casillas O guarda-redes espanhol voltou a dar-se mal contra o Dínamo e teve muitas culpas no golo marcado por Derlis González.

CLASSIFICAÇÃO

GRUPO G

5.ª JornadaFC PORTO-Dínamo Kiev 0-2Maccabi Telavive-Chelsea 0-4

J V E D G PChelsea 5 3 1 1 11-3 10FC PORTO 5 3 1 1 9-6 10Dínamo Kiev 5 2 2 1 7-4 8Maccabi Telavive 5 0 0 5 1-15 0

Próxima jornada (9 Dez.)Chelsea-FC PORTO, Dínamo Kiev-Maccabi Tel.

REACÇÃO

“Depois do penálti a equipa perdeu tranquilidade e na segunda parte jogámos mais com o coração do que com a cabeça. Não está nada perdido, dependemos de nós”

Julen Lopetegui FC Porto

xi, Layún foi para lateral direito, Indi

para a esquerda e Danilo Pereira pa-

ra central. Os problemas, na frente,

mantiveram-se. Apesar da boa vonta-

de e esforço de André André, Tello e

Brahimi nunca criaram os desequilí-

brios necessários e o Dínamo tapava

facilmente os caminhos para a baliza

do quarentão Shovkovskiy e era Ca-

sillas que continuava a ter mais tra-

balho. Aos 62’, o guarda-redes ainda

evitou que Garmash fi zesse o 2-0,

mas, dois minutos depois, Derlis cor-

reu sem oposição em direcção à bali-

za e, apesar de ter rematado fraco, o

ex-benfi quista contou com a ajuda de

Casillas para repetir um feito que já

tinha conseguido na época passada,

pelo Basileia: marcar ao FC Porto.

Perto do KO após 22 jogos sem per-

derem em casa, os portistas conse-

guiram fi nalmente criar algum perigo

— Rybalka acertou no ferro e quase

marcou na própria baliza, antes de

André André rematar ao poste —,

mas o desastre já era inevitável. Pa-

ra se qualifi car, o FC Porto tem ago-

ra de ganhar em Londres, na última

jornada do Grupo G. Se empatarem

ou perderem com o Chelsea, os “dra-

gões” precisam de um pequeno “mi-

lagre”: um empate ou derrota do Dí-

namo frente ao frágil Maccabi.

Page 42: Publico.25.11.2015

42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Para os demais jogadores do PSG

que viajaram até à Suécia, o emba-

te com o Malmö será o jogo que po-

derá garantir o apuramento para os

oitavos-de-fi nal da Liga dos Campe-

õs. Para Zlatan Ibrahimovic, porém,

será bem mais do que isso. É o re-

gresso às raízes do maior futebolista

sueco dos últimos anos. O reviver do

início do sonho. “Foi onde tudo co-

meçou. Enfrentá-los na Champions

é surreal”, admite.

Com o Real Madrid já qualifi cado

para a fase seguinte, o PSG tem hoje

a possibilidade de lhe seguir as pi-

sadas no Grupo A. Para isso, preci-

sa de vencer no Swedbank Stadion

ou então esperar por um deslize do

Shakhtar Donetsk frente aos “me-

rengues”. Um cenário que acaba de

vez com a réstia de esperança dos

campeões da Suécia de continuar

em prova.

Nesse sentido, não há uma equa-

ção perfeita para Ibrahimovic. Não

há hipótese de se apurarem os dois,

o clube que representa e o clube que

o formou, quando era apenas um

adolescente que se apoiou no fute-

bol para ultrapassar os dramas de

uma vida difícil no problemático

bairro de Rosengärd. Foi no Mal-

mö que deu os primeiros pontapés

como sénior, em 1999, e é nas ime-

diações do seu estádio que o nome

do avançado está gravado para a

eternidade. Em 2012, o apelido de

origem bósnia juntou-se ao Passeio

da Fama do Desporto na cidade.

Por todas as razões, independen-

temente do desfecho, esta será sem-

pre uma noite especial para Zlatan.

Mas o que seria para o goleador de

34 anos um encontro perfeito, neste

contexto? “Ganhar o jogo, eu mar-

car três golos e toda a gente gritar o

meu nome”, expõe, entre sorrisos,

na conferência de imprensa de lan-

çamento da partida.

Se no Grupo A a hierarquia está

praticamente defi nida, no Grupo B

o clima é de maior indefi nição, com

o primeiro (Manchester United) e

o último (CSKA Moscovo) separa-

dos apenas por três pontos. Hoje,

decide-se essencialmente a lide-

rança, com um embate entre “red

Ibrahimovic volta a pisar o passeio da fama

devils” e o PSV, em Old Traff ord.

Também os dois primeiros do

Grupo D colidem esta noite, com a

Juventus a poder tomar de assalto o

comando, se vencer o Manchester

City, em Turim. Caso se confi rme

este cenário, quem fi ca de imediato

de fora da prova é o Sevilha.

Nuno Sousa

Sem grandes problemas, o Bayern

de Munique garantiu ontem o apu-

ramento para os oitavos-de-fi nal da

Liga dos Campeões, ao bater o Olym-

piacos de Marco Silva por 4-0, em

jogo da 5.ª jornada do Grupo F. O

Bayern é a única equipa do grupo a

garantir o lugar e nem precisou de

acelerar muito para bater os gregos,

chegando aos 3-0 em 20 minutos,

com golos de Douglas Costa (8’),

Lewandowsky (16’) e Müller (20’).

Coman fechou as contas, aos 70’.

Mas a derrota não compromete,

por enquanto, as hipóteses de Mar-

co Silva de seguir em frente, tendo

ainda três pontos de vantagem em

relação ao Arsenal, que triunfou em

casa sobre o Dínamo de Zagreb, por

3-0. Os gregos continuam a depen-

der de si próprios para se qualifi ca-

rem, já que recebem os londrinos na

última jornada.

No Grupo E, o Barcelona derrotou

a AS Roma por 6-1, em Camp Nou,

num jogo em que Messi voltou a ser

titular (e marcou dois golos). O triun-

fo do Barça no Grupo E garante-lhe

o apuramento com o primeiro lugar,

mas deixa o segundo posto em aber-

to para qualquer uma das outras três

equipas, até porque, no outro jogo

do agrupamento, o BATE Borisov e o

Bayer Leverkusen empataram (1-1).

Depois de ter poupado Messi (só

jogou na segunda parte) na goleada

frente ao Real Madrid, Luis Enrique

promoveu o regresso do argentino

à titularidade dois meses volvidos e

deu-se bem. O número 10 marcou

dois dos golos num jogo de sentido

único em que Luis Suárez (dois), Pi-

qué (um) e Adriano (um) também

facturaram para a equipa catalã. O

bósnio Edin Dzeko marcou o golo

solitário da formação romana já em

tempo de compensação e depois de

ter desperdiçado um penálti.

No Grupo G, o do FC Porto, o Chel-

sea assumiu a liderança com um

triunfo por 4-0 sobre o Maccabi Te-

lavive, passando a somar 10 pontos,

tantos quanto os portistas (que per-

deram 2-0 com o Dínamo de Kiev),

mas com melhor diferença de golos.

Ainda ninguém está apurado neste

agrupamento, com a equipa de José

Bayern Munique segue tranquilamente para a fase seguinte

Mourinho a receber o FC Porto na

última ronda, enquanto o Dínamo

recebe os campeões israelitas.

No Grupo H, o Zenit manteve-se

perfeito, com um triunfo em São Pe-

tersburgo, sobre o Valência, por 2-0,

confi rmando o seu absoluto domí-

nio, somando cinco vitórias em cin-

co jogos. Este desaire na Rússia, mais

o triunfo do Gent em França sobre

o Lyon (1-2), faz com que a equipa

de Nuno Espírito Santo desça para o

terceiro lugar do agrupamento, por

troca com a formação belga, e já não

dependa de si própria para seguir

em frente.

No duelo português entre André

Villas-Boas e Nuno Espírito Santo,

as coisas voltaram a correr de feição

ao antigo técnico do FC Porto, que

conseguiu manter o registo perfei-

to de cinco vitórias em cinco jogos.

Os russos, que já tinham garantido

o apuramento para os “oitavos” an-

tes desta ronda, colocaram-se em

vantagem logo aos 15’, por Shatov,

e, na segunda parte, fi xaram o resul-

tado fi nal aos 74’, por Dzyuba, numa

excelente combinação com Danny.

Pouco depois, aos 80’, Ruben Vezo

foi expulso e deixou o Valência a jo-

gar com menos um.

Em Lyon, a equipa da casa entrou

melhor, com um golo de Jordan Fer-

ri, mas os visitantes conseguiram

empatar, ainda na primeira parte,

por Milicevic, aos 32’. Quando o em-

pate parecia o resultado mais cer-

to, Coulibaly fez o golo do triunfo

dos visitantes (1-2) já em tempo de

compensação. Os belgas passaram

a somar sete pontos, mais um do

que o Valência, recebendo, na úl-

tima jornada, o Zenit, enquanto a

equipa de Nuno defronta o Lyon, no

Mestalla.

Marco Vaza

PAU BARRENA/AFP

Messi e Luis Suárez, dois dos obreiros da goleada do Barcelona

Zlatan Ibrahimovic define este regresso a casa como “surreal”

“Fizemos um jogo muito inteligente e o resultado é merecido”André Villas-BoasZenit S. Petersburgo

CLASSIFICAÇÕESGRUPO E

GRUPO F

GRUPO H

5.ª JornadaBATE Borisov-Bayer Leverkusen 1-1Barcelona-Roma 6-1

5.ª JornadaArsenal-Dínamo Zagreb 3-0Bayern Munique-Olympiacos 4-0

5.ª JornadaZenit-Valência 2-0Lyon-Gent 1-2

J V E D G P

J V E D G P

J V E D G P

Barcelona 5 4 1 0 14-3 13Roma 5 1 2 2 11-16 5Bayer Leverkusen 5 1 2 2 12-11 5BATE Borisov 5 1 1 3 5-12 4

Bayern Munique 5 4 0 1 17-3 12Olympiacos 5 3 0 2 6-10 9Arsenal 5 2 0 3 9-10 6Dínamo Zagreb 5 1 0 4 3-12 3

Zenit 5 5 0 0 12-4 15Gent 5 2 1 2 6-6 7Valência 5 2 0 3 5-7 6Lyon 5 0 1 4 3-9 1

CLASSIFICAÇÕESGRUPO A

GRUPO B

GRUPO D

5.ª JornadaShakhtar Donetsk-Real Madrid 19h45, SP-TV1Malmö-PSG 19h45, SP-TV5

5.ª JornadaCSKA Moscovo-Wolfsburgo 17h, SP-TV2Manchester United-PSV 19h45, SP-TV4

5.ª JornadaB. Mönchengladbach-Sevilha 19h45Juventus-Manchester City 19h45, SP-TV3

J V E D G P

J V E D G P

J V E D G P

Real Madrid 4 3 1 0 7-0 10PSG 4 2 1 1 5-1 7Shakhtar Donetsk 4 1 0 3 4-8 3Malmö 4 1 0 3 1-8 3

Manchester United 4 2 1 1 5-4 7PSV Eindhoven 4 2 0 2 6-6 6Wolfsburgo 4 2 0 2 4-4 6CSKA Moscovo 4 1 1 2 4-5 4

Manchester City 4 3 0 1 8-5 9Juventus 4 2 2 0 5-2 8Sevilha 4 1 0 3 5-7 3B. Mönchengladbach 4 0 2 2 2-6 2

Page 43: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | DESPORTO | 43

Deixar para trás a derrota no derby com a passagem aos oitavos-de-final

O Benfi ca tem urgência em esquecer

a derrota frente ao Sporting, a tercei-

ra da temporada em outros tantos

duelos com o ex-treinador Jorge Je-

sus, a contar para a Taça de Portugal.

Os “encarnados” foram batidos em

Alvalade por 2-1, após prolongamen-

to, mas o treinador Rui Vitória acre-

dita que o sabor amargo desse resul-

tado negativo pode ser amenizado

com o apuramento para os oitavos-

de-fi nal da Liga dos Campeões.

O emblema da Luz viajou mais de

6000 quilómetros até ao Cazaquis-

tão, onde hoje defronta o Astana

(15h, SP-TV1), e garantirá um lugar

na próxima fase da principal compe-

tição europeia se vencer. Em caso de

vitória do Benfi ca, e se no outro jogo

do Grupo C o Atlético de Madrid não

ganhar ao Galatasaray, os “encarna-

dos” asseguram também o primeiro

lugar. O empate também pode ser-

vir ao Benfi ca, se em Madrid houver

empate ou um triunfo do Atlético de

Madrid.

“Queremos que a motivação nes-

ta competição se sobreponha àqui-

lo que não foi tão agradável. Com a

adversidade vêem-se as equipas. É

um jogo completamente diferente,

num contexto diferente e no qual

queremos selar essa passagem aos

oitavos-de-fi nal. Uma das coisas boas

da nossa equipa é que as competi-

ções se sucedem-se e tem já um jo-

go de grande importância, grande

motivação, uma jornada muito im-

portante”, apontou Rui Vitória em

conferência de imprensa.

A presença nos oitavos-de-fi nal da

Liga dos Campeões vale um prémio

monetário de 5,5 milhões de euros,

mas para que esse montante entre

nos cofres da Luz a equipa de Rui

Vitória precisa de superar o Astana.

Os estreantes cazaques, a primeira

equipa daquele país a disputar a fase

de grupos da Champions, consegui-

ram ainda não perder em casa: não

só empataram com Galatasaray (2-

2) e Atlético de Madrid (0-0), como

somaram vitórias nos jogos caseiros

disputados nas pré-eliminatórias e

play-off de acesso à mais importante

competição europeia de clubes.

“Tivemos difi culdades [frente ao

Astana] na Luz, mas vencemos por

2-0. As outras equipas também ti-

veram difi culdades aqui. O Astana

é uma equipa com boa capacidade

física e organização colectiva”, resu-

miu Rui Vitória, que não pode con-

tar, entre outros, com o castigado

Gaitán e o lesionado Luisão. Nada

que tire o sono ao treinador “encar-

nado”: “Os jogadores têm dado uma

Tiago Pimentel

REUTERS/SHAMIL ZHUMATOV

André Almeida, João Teixeira e Cristante no treino de ontem

resposta cabal. Não me preocupo

muito com os que não estão, por-

que quem vai entrar vai dar conta

do recado. Temos um lote alargado

de jogadores para precaver essas

situações. Tivemos três operações

que não queríamos, é verdade, mas

não estou aqui para me lamentar.

Amanhã [hoje], as soluções darão

conta do recado.”

À hora do jogo, a temperatura

em Astana deverá estar próxima

(ou mesmo abaixo) dos zero graus.

O treinador Stanimir Stoilov, que no

fi m-de-semana viu a sua equipa per-

der na fi nal da Taça do Cazaquistão

diante do Kairat Almaty, deseja que

essa não seja a única difi culdade que

o Benfi ca vai enfrentar: “Após a der-

rota no derby contra o Sporting, o

Benfi ca fi cou contra a parede, mas

isso também lhes dará uma motiva-

ção extra. Espero um grande apoio

dos nossos adeptos, porque se es-

tivermos todos juntos temos mais

possibilidades de ganhar. O nosso

estádio é a nossa casa e o nosso cas-

telo, devemos procurar sempre che-

gar à vitória aqui, mesmo contra as

melhores equipas da Europa”, vin-

cou o técnico búlgaro, que enquanto

jogador passou por Portugal, tendo

representado o Campomaiorense.

Vitória no Cazaquistão põe o Benfica nos “oitavos” da Champions. Primeiro lugar no Grupo C depende do resultado do outro jogo

Astana 4-4-2

Benfica 4-1-3-2

ShomkoPostnikovIlic

Anicic

Eric

Júlio César

Jonas

Talisca

SílvioLisandroJardel

Eliseu

Pizzi

Samaris

Cañas

KabanangaTwumasi

Astana Arena,Astana

Árbitro: Ruddy Buquet França

15h00SP-TV1

Maksimovic

Zhukov Kethevoama

G. Guedes

Mitroglou

O lugar de Rui Vitória não está em questão, garantiu Rui Costa, administrador da SAD do

Benfica, em Astana. Apesar do mau momento que os “encarnados” atravessam, tendo sido eliminados na Taça de Portugal pelo Sporting (a terceira derrota em outras tantas partidas contra Jorge Jesus), o treinador está seguro: “[Em] Rui Vitória não se toca, não é uma questão para ser abordada. Não vamos responsabilizar ninguém pelo que fazemos de menos bem e aquilo que é responsabilidade nossa. Trabalharemos para estar ao nível do que os nossos adeptos querem”, afirmou Rui Costa, comentando uma suposta campanha para prejudicar o Benfica. “Tem-se falado muito, isso inevitavelmente condiciona e temos sentido na pele”, disse.

“Em Rui Vitória não se toca”

“Não me preocupo com quem não está. Quem entrar dará conta do recado”Rui VitóriaBenfica

Breves

Futebol

I Liga

FIFA

Finalistas da Bola de Ouro conhecidos a 30 de Novembro

Artur Soares Dias volta a apitar um jogo do Sporting

Comissão de Ética pede erradicação de Michel Platini

A FIFA anunciou que os finalistas à nomeação para a Bola de Ouro vão ser revelados na segunda-feira, numa cerimónia que terá início às 13h (hora de Lisboa), através do canal do organismo no YouTube. Além da Bola de Ouro, a cerimónia servirá também para anunciar os três nomeados para os prémios de Jogadora Feminina do Ano, Treinador do Ano, Treinador do Ano de Futebol Feminino e o Prémio Puskas, para o melhor golo da época.

O árbitro Artur Soares Dias foi nomeado para dirigir na segunda-feira o Sporting-Belenenses, da 11.ª jornada da I Liga, dois meses depois de ter sido muito contestado pelos “leões” após o Boavista-Sporting, que terminou 0-0. O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol nomeou ainda Hugo Miguel para o Sp. Braga-Benfica. Manuel Mota estará no Tondela-FC Porto.

A Comissão de Ética da FIFA pediu a erradicação de Michel Platini do futebol, revelou o advogado do presidente da UEFA à agência AFP. Uma medida “desproporcionada”, num processo que Thibaut d’Alès classificou como um “escândalo”. Platini está a ser investigado por ter recebido em 2011 um pagamento de 1,8 milhões de euros do presidente demissionário da FIFA, Joseph Blatter.

CLASSIFICAÇÃO

GRUPO C

5.ª JornadaAstana-BENFICA 15h, SP-TV1Atlético de Madrid-Galatasaray 19h45, SP-TV2

J V E D G PBENFICA 4 3 0 1 7-4 9Atlético de Madrid 4 2 1 1 7-2 7Galatasaray 4 1 1 2 5-7 4Astana 4 0 2 2 2-8 1

Próxima jornada (8 de Dezembro)Galatasaray-Astana, BENFICA-Atlético de Madrid

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44 | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

CARTAS A DIRECTORA

O segredo de Costa e César

Muito contrariado, Cavaco Silva

acabou por “indicar” António

Costa e não indigitar, como refere a

Constituição. A troca de verbo não

é um acaso, mas antes a deliberada

exposição pública do estado de alma do

Presidente na hora de anunciar a decisão

sobre o nome do futuro primeiro-ministro.

Esse acto selou, em defi nitivo, a natureza do

próximo Governo. PSD e CDS não tardaram

a mostrar um descontentamento visceral,

prenúncio de que a solidão bem poderá ser

a grande companhia de Cavaco nestes seus

últimos dias em Belém.

Indiferente às feridas abertas à direita,

António Costa foi célere em tirar o Governo

do bolso. A expectativa era grande não só

sobre os nomes, mas sobretudo no capítulo

da organização e estrutura da nova equipa.

Falou-se em ministros transversais, capazes

O destino deste Governo passa muito pelas mãos deles

de intervir em vários sectores, mas a ideia

parece ter sido reduzida às áreas do Mar e

da Modernização Administrativa. Pensava-

-se que era desta que o país ia ombrear com

os padrões nórdicos em termos de exigência

paritária e, afi nal, num Governo com 17

pastas, António Costa só conseguiu incluir

quatro mulheres. Onde está o autarca de

Lisboa que tinha um executivo paritário?

Em vez de um Governo de combate, com

predomínio das áreas políticas e com forte

tutela de ministros políticos, temos, pelo

contrário, uma equipa com muita gente

sem experiência governativa e a extinção

dos titulares dos Assuntos Parlamentares e

da Presidência do Conselho de Ministros.

É certo que Costa tem a vantagem de estar

rodeado da sua gente, capaz de blindar

decisões, unifi car a acção e concentrar

a mensagem. Mas não corre o risco de

se isolar? É uma incógnita porque, no

essencial, o destino deste Governo depende

mais do que se passar em S. Bento do que

das reuniões semanais na Gomes Teixeira.

Porque não há apenas António Costa e a sua

equipa, mas também Carlos César e o seu

grupo de negociadores. O segredo está na

qualidade da articulação entre ambos.

25 de Novembro, sempre!Para um verdadeiro democrata

em Portugal, as datas de 25 de

Abril (25A) e de 25 de Novembro

(25N) serão sempre inseparáveis.

Na primeira, comemoramos

a democracia, que se seguiu a

um longo período de regime

autoritário. Na segunda,

comemoramos o esforço heróico

de alguns valorosos militares

do 25A, que não se ajoelharam

perante a tentativa militar e

civil golpista, que visaria a

reintrodução de um novo regime

autoritário, mas desta vez de

alegada “esquerda”. Um desses

militares, tenente-coronel Melo

Antunes, conseguiu à última hora,

que o PCP de Cunhal não viesse

apoiar na rua os golpistas, como

todos previam acontecer. São por

isso datas indissociáveis, porque

sem o 25N o 25A imaginado pelos

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

militares que o proporcionaram

teria sido liquidado. As liberdades

seriam para os membros do novo

partido único, nova censura

“revolucionária” seria imposta

e os opositores encarcerados ou

mortos (Otelo Saraiva de Carvalho

até teve o desplante de nos avisar,

tal foi o seu poder). Na área civil,

para além, naturalmente, dos

partidos do centro e direita (PSD

e CDS), é da mais elementar

justiça salientar o papel do Partido

Socialista e do seu líder Mário

Soares (faço-o com o à-vontade

moral de nunca neles ter votado

na vida). Mário Soares, apoiado

obviamente pelo então chamado

“Grupo dos Nove” da área

militar, convocou-nos a todos,

democratas, para comparecermos

na Fonte Luminosa em Lisboa,

que em 27 de Julho de 1975.

Constituiu uma das mais bonitas e

corajosas manifestações até então.

É preciso recordar aos mais novos

que, nesses tempos de golpismo

de esquerda, um comício no Porto

do CDS foi seriamente ameaçado

e os seus militantes insultados e

agredidos fi sicamente. A própria

Assembleia Constituinte, em 13

de Novembro de 1975, esteve

cercada dois dias por operários

da construção civil (manobrados

pela CGTP comunista) e os

seus deputados impedidos de

sair. O poder estava na rua. E

os heróis do 25N conseguiram

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

vencer os golpistas. Agora, que

se cumprem 40 anos dessa data

inesquecível, nada mais natural

do que na sede da democracia,

que é a Assembleia da República,

a data ser comemorada. É por

isso muito triste, e até um sinal

muito preocupante dos tempos

que aí vêm, que este novo PS de

António Costa, por um tacticismo

a todos os títulos condenável,

queira reescrever a história. Ao

recusar a comemoração, fi nge que

não houve uma tentativa de golpe

totalitário, desconsiderando

assim os valorosos militares

que rechaçaram o golpe de 25N.

E também os políticos, com

destaque para o socialista Mário

Soares, que soube estar no local

certo, na hora certa. Costa hoje

prefere estar com os inimigos

do PS em 75. Que lhe faça bom

proveito, porque aos democratas

não fará com certeza.

Manuel Martins, Cascais

Síria, um palco propício a incidentes

“Nós queremos juntar todos os países.

Não queremos excluir ninguém.”

Foi, muito resumidamente, a

mensagem que François Hollande

levou à Casa Branca. Mas a tentativa

do Presidente francês de criar uma grande

aliança para combater o autoproclamado

Estado Islâmico (EI) sofreu um grande revés,

depois de os turcos terem abatido um caça

Su-24 russo na fronteira entre a Turquia

e a Síria. Terá sido a primeira vez desde o

fi nal da Segunda Guerra Mundial que um

avião russo é abatido por um membro da

NATO. Este incidente, que Vladimir Putin

classifi cou como “uma facada nas costas”,

vem azedar ainda mais as relações entre

Rússia e Turquia e, por arrasto, com os EUA.

E vem pôr a nu a precariedade da actual

situação na Síria, onde todos dizem estar a

combater o EI, mas uns bombardeiam o EI

e outros a oposição moderada ao regime de

Assad. E com isto cria-se um palco propício

a incidentes, com consequências graves e

desconhecidas.

Page 45: Publico.25.11.2015

PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | 45

BARTOON LUÍS AFONSO

O mito de Einstein

Carlos Fiolhais

Um dos pontos altos deste

Ano Internacional da Luz é

a celebração precisamente

hoje, dia 25 de Novembro,

do centenário da obra maior

de Albert Einstein, a teoria

da relatividade geral, que

descreve a força da gravidade,

ultrapassando Newton. Foi um

dos maiores empreendimentos

do espírito humano: percebeu-se que

conceitos aparentemente tão díspares

como o espaço, o tempo, a matéria e a

energia estavam ligados por uma equação

matemática que culminava longos esforços

em demanda de uma descrição unifi cada

do Universo. Ainda hoje essa equação

se mantém de pé, apesar de todas as

investidas teóricas e experimentais para a

derrubar. De facto, a Natureza nada revelou

até agora que nos faça duvidar da solidez

da descrição einsteiniana.

Para mim como para tantos outros

que escolherem a Física como profi ssão,

Einstein foi um herói da juventude. Não

me sentia tanto seduzido pelo lado icónico,

seguramente o mais visível: o sábio de ar

bondoso, farta cabeleira, camisola de lã e

sandálias. Tratava-se antes da atracção pelo

invisível, que a sua fi gura personifi cava

melhor do que qualquer outra. Ele encarna

a ideia de que o mundo é compreensível.

Não sabemos porquê, mas é. O físico

Einstein foi um pouco fi lósofo ao declarar:

“O que há de mais incompreensível no

mundo é o facto de ele ser compreensível.”

Pode ser difícil, mas é possível decifrar os

mistérios do mundo. O sábio suíço, nascido

na Alemanha, também disse um dia que:

“Deus é subtil, mas não é malicioso.” Não

sendo ele uma pessoa religiosa no sentido

comum, queria ele dizer que o Universo é

intrincado, mas os seus mecanismos são

acessíveis à mente humana. O trabalho

continuado dos físicos e dos outros

cientistas tem confi rmado essa afi rmação.

Incompreensível é também o facto de o

mundo se revelar compreensível através de

equações. O cérebro de Einstein produziu

há cem anos uma equação cuja beleza

espantou o próprio autor (“A teoria é de

uma beleza incomparável”, comentou), que

permitiu previsões que se haveriam de

revelar certeiras a respeito do mundo: um

minúsculo desvio da órbita de Mercúrio

em relação ao previsto usando as leis de

Newton; uma pequena defl exão pelo Sol da

luz proveniente de estrelas por detrás dele;

buracos negros, abismos cósmicos que são

fi ns locais do espaço-tempo; e o Big Bang,

que é o início global do espaço-tempo a

partir de uma prodigiosa concentração

de energia. Galileu tinha dito que “o Livro

da Natureza está escrito em caracteres

matemáticos”. E Newton tinha escrito os

Princípios Matemáticos de Filosofi a Natural,

contendo a sua lei da gravitação universal.

Mas Einstein veio acrescentar, numa base

matemática, que a geometria do espaço-

tempo (espaço e tempo tinham sido ligados

em 1905 na sua teoria da relatividade

restrita) é comandada pela matéria-energia

(os dois também ligados na mesma altura).

A força da gravidade mais não é do que

o encurvamento do espaço-tempo, às

ordens da matéria-energia. Para usar uma

metáfora visual, um astro como o Sol está

no espaço-tempo como uma bola em cima

de um lençol esticado. Se colocarmos um

berlinde, que será a Terra, com velocidade

adequada, ele rodará em torno da bola

central.

Roland Barthes, o semiólogo e

fi lósofo francês que, tal como a teoria

maior de Einstein, nasceu há cem anos

(designadanente a 12 de Novembro

de 1915), escreveu nas suas Mitologias

(Edições 70, 1978): “(...) o produto da sua

invenção assumia uma condição mágica,

reincarnava a velha imagem esotérica

e uma ciência inteiramente encerrada

nalgumas letras. Há um único segredo do

mundo e esse segredo condensa-se numa

palavra, o Universo é um cofre-forte de

que a humanidade procura a cifra: Einstein

chegou quase a encontrá-la, é esse o mito

de Einstein; aí se nos deparam de novo

todos os temas gnósticos: a unidade da

Natureza, a possibilidade irreal de uma

redução fundamental do mundo, o poder

de abertura da palavra, a luta ancestral

entre um segredo e uma linguagem, a ideia

de que o saber total não pode descobrir-

se senão de um só golpe, como uma

fechadura que cede bruscamente depois

de mil tacteamentos

infrutuosos.”

O prolongado

confronto do

cérebro humano

com o Universo (um

confronto natural,

pois o nosso

cérebro é a única

parte do Universo

que o consegue

compreender) vai

tendo resultados

felizes, como a

epifania de Einstein

há cem anos. A

história da ciência

ensina-nos que cada

revelação não é o

fi m de nada, mas

um novo princípio.

Einstein não foi o

fi m de Newton, cuja

teoria da gravitação

universal continua

a ser válida em

certas condições.

Foi o início de uma

cosmovisão bem mais fantástica do que a

de Newton, pois o mundo do sábio inglês

não podia albergar buracos negros nem

provir de uma explosão inicial. Escreveu o

padre Teilhard de Chardin, paleontólogo

e teólogo francês contemporâneo de

Einstein: “À escala do cósmico só o fantástico

pode ser verdadeiro.”

Professor universitário. [email protected] Escreve mensalmente à quarta-feira

O prolongado confronto do cérebro humano com o Universo vai tendo resultados felizes, como a epifania de Einstein há cem anos

Viva a Casa Pereira!

Só entrar na Casa Pereira é um

prazer para os olhos, para as

narinas e para a alma. É lá, n.º 38

da Rua Garrett, em Lisboa, que

se pode comprar o Arábica São

Tomé mais fi no, cheirosinho e

delicioso que conheço.

No mundo das pressas e da

Internet dir-se-ia que a Casa

Pereira ocupa um lugar nas

antípodas. E é verdade que, para quem lá

pode ir, há vagar, educação e paciência para

todos. E, no entanto, quando é preciso...

É fácil vender cafés de uma só quinta

mas fazer lotes — misturar vários cafés

diferentes para obter um café superior à

soma das partes — é uma questão de talento,

experiência e bom gosto.

A Casa Pereira tem lotes para todos os

gostos e para todas as bolsas. Comprar

cápsulas e cafés mofentos já empacotados e

moídos é um barrete caríssimo.

Na Casa Pereira pode-se comprar 100

gramas de café em grão (muito recente e

sabiamente torrado) e pedir que moam à

nossa frente, conforme o equipamento que

vai usar. Ninguém tem ou pode ter em casa

um moinho tão bom como o da Casa Pereira.

Para as pressas, desde que nos conheçam,

mandam café pelo correio, embalado

à antiga, como deve ser. A rapidez bate

qualquer interneteiro: encomendei na

sexta-feira e na segunda de manhã já cá

estava, à cobrança, pelo serviço normal,

barato e excelente dos CTT. (A Nespresso

é mais lenta.) A Casa Pereira é maravilhosa

mas também é gastronómica e —

economicamente — invencível. Fez 85 anos e

continua a dar lições elegantes, saborosas e

modernas, como sempre.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

Page 46: Publico.25.11.2015

46 | PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015

Liberdade “condicionada”

Defender os doentes e combater a corrupção

Pese embora o instituto da

liberdade condicional (LC),

tal como vem desenhado na

lei, faça teoricamente todo o

sentido, na prática revela-se um

absoluto fracasso. De facto, a sua

concepção pressupõe que haja

um efectivo acompanhamento

dos reclusos para a avaliação da

sua eventual concessão. Acontece

que na maioria dos casos tal não ocorre.

A LC consiste na colocação em liberdade de

um condenado a pena de prisão em momento

anterior ao termo da pena. A lei impõe que

esta avaliação seja levada a cabo pelos juízes

do tribunal de execução de penas em três

momentos distintos: atingida a metade da

pena, os dois terços e os cinco sextos.

Para que o recluso possa benefi ciar da LC

atingida a metade da pena, necessário se

torna que seja “fundadamente de esperar,

atentas as circunstâncias do caso, a vida

anterior do agente, a sua personalidade e a

evolução desta durante a execução da pena

de prisão, que o condenado, uma vez em

liberdade, conduzirá a sua vida de modo

socialmente responsável, sem cometer

crimes” e também que “a libertação se

revela compatível com a ordem e paz social”.

A malha alarga atingidos os dois terços da

pena, caso em que bastará o preenchimento

do primeiro conjunto de pressupostos. Têm

por isso aqueles juízes a tarefa de fazer esta

avaliação no tocante a cada recluso que

atinja aqueles dois momentos da pena. Até

aqui, tudo bem.

O problema é que os juízes nunca viram os

reclusos nem tão-pouco acompanham o seu

percurso prisional e, apesar de terem acesso

aos factos constantes da sentença que os

condenou, a verdade é que não têm forma,

só com esses elementos, de aquilatar a sua

personalidade e a evolução desta na prisão.

Estabeleceu então o legislador que, para a

avaliação da LC, os juízes devem-se socorrer

dos relatórios elaborados pelos técnicos

da DGSP e DGRS sobre cada recluso e dos

quais deverão constar, nomeadamente, a

apreciação da evolução da sua personalidade

durante a pena, da sua conduta prisional e da

relação com o crime cometido.

Ora, tudo estaria ainda menos mal se

esses técnicos conhecessem os reclusos,

os acompanhassem periodicamente no

estabelecimento prisional de modo a

poderem emitir um parecer esclarecido e bem

assim elucidarem o juiz para a sua tomada

de decisão. A realidade é que, na maioria

dos casos, os relatórios dos técnicos são

elaborados com base nos escassos minutos

em que estes permitem sentar-se à frente do

recluso, marcando então as suas “cruzinhas”

no papel e emitindo, quanto a cada

avaliando, o seu parecer fi nal relativo à LC.

Nunca como hoje o acto médico

foi alvo de tantas agressões.

Na relação médico-doente os

atropelos externos sucedem-se

em catadupa. Como acontece

com a imposição de tempos

de consulta absurdamente

curtos, a sobreposição

de tarefas e os tempos

prolongados de actividade

consecutiva, o não-cumprimento de

descansos compensatórios, o acesso

limitado ou negado a tratamentos,

dispositivos médicos, materiais clínicos ou

equipamentos, a informatização excessiva

e disfuncional com refl exos negativos

na humanização. Estes são apenas

alguns exemplos de práticas impostas

superiormente e que fazem perigar a

qualidade do acto médico e a segurança

dos doentes.

É no acto médico que se evidencia a

relação de confi ança médico-doente, trave

mestra no exercício da medicina, e que

tem sido, de forma imprudente, ignorado

pelos responsáveis políticos, que centram

excessivamente as suas preocupações

nos números e no fi nanciamento, em

detrimento, claro, das pessoas.

Não é por acaso que, nos últimos anos,

milhares de médicos emigraram ou se

aposentaram de forma antecipada.

Por outro lado, a indefi nição jurídica sobre

o acto médico permite que outras pessoas e

outros profi ssionais não-médicos exerçam

“medicina” sem que lhes possa ser imputada

responsabilidade profi ssional ou outra,

desde que não se intitulem formalmente

médicos. Já para não falar daqueles outros

que invadem a esfera de competências dos

médicos, praticando actos para os quais

apenas e só os médicos se encontram

preparados e que, desse modo, cometem o

crime de usurpação de funções mas nunca

são penalizados, porque a lei não defi ne tais

actos como médicos.

Nesta medida, os verdadeiros

Será naturalmente para eles tarefa fácil

emitir parecer negativo se o recluso não

se mostrar arrependido do crime que

cometeu ou não assumir que o praticou,

o que nos parece aliás compreensível,

sendo legítimo pensar-se que se alguém

não admite um erro, o mais provável é que

o volte a repetir. Todavia, não raras são as

vezes em que os condenados se arrependem

verdadeiramente depois de refl ectirem

sobre a sua conduta durante o período de

cárcere. Mas para que se compreenda o grau

de interiorização do seu comportamento

ilícito é necessário um trabalho sério e

um acompanhamento constante de cada

um, o que nem sempre sucede, quer

pelo número insufi ciente de técnicos nos

estabelecimentos prisionais (com lotação

mais que esgotada), quer por encararem

estes processos com demasiada ligeireza.

Reunidos aqueles relatórios, é marcado

o “conselho técnico” no estabelecimento

prisional, no âmbito do qual, na ausência

do recluso e do

seu defensor, o

juiz, o Ministério

Público e os serviços

consultados trocam

umas breves

impressões sobre a

possibilidade de se

colocar em LC uma

enorme quantidade

de reclusos. Segue-

se a sua “audição”

pelo juiz, ocasião em

que, na maioria dos

casos, este não lhe

coloca mais que três

simples questões —

se aceita a LC caso

lhe seja concedida, para onde irá residir e

que ocupação irá ter. Ou seja, na primeira

e única oportunidade em que quem toma

a decisão fi nal está fi nalmente perante o

recluso, já nenhum interesse tem em ouvi-lo,

claro está, porque o processo tem já naquele

momento todos os elementos necessários

para a sua tomada de decisão.

A verdade é que, com excepção dos

casos em que a postura ou a personalidade

dos reclusos resulta patente, seja pelo seu

percurso prisional atribulado, seja pelo

arrependimento que não mostraram ao

longo do mesmo, muitos deles chegam ao

termo da sua pena sem que nenhum dos

consultados saiba verdadeiramente o que

lhes vai na alma. E o juiz, aquele que foi

decidindo negar-lhe a LC, limitou-se muitas

vezes a confi ar nas “cruzinhas” que os

técnicos foram pondo nos seus relatórios.

No fundo, a LC está muitas vezes

condicionada também a um sistema

desatento, a um trabalho ligeiro e a decisões

pouco esclarecidas. E o tempo, esse, corre

sempre a desfavor do recluso.

prejudicados com esta falta de defi nição são

os doentes, que não estão preparados para

distinguir o trigo do joio. E são muitos.

É essencial informar a sociedade civil e

alertar os decisores políticos da necessidade

de enquadrar juridicamente o acto médico

como imperativo constitucional, imperativo

este já concretizado em praticamente todas

as outras profi ssões na área da saúde.

Muitos outros argumentos poderiam ser

dados para fundamentar a necessidade

do referido enquadramento jurídico. No

entanto, para

defender os doentes

e aumentar a sua

segurança e o seu

direito a informação

verdadeira,

daria apenas

três: combater

a corrupção,

privilegiar a

transparência

de processos e

procedimentos e

eliminar os confl itos

de interesses.

Não se entende de

que é que o poder

político tem medo

ou quais são as

amarras ou estigmas

que o limitam. Será

que consideram os

médicos cidadãos

incómodos por,

independentemente

da cor política do

Governo, lutarem

pela dignidade e pelos direitos dos doentes?

Todos estes motivos impulsionaram a

Ordem dos Médicos a eleger como tema

central do seu congresso nacional o acto

médico, reunindo durante três dias [de 26

a 28 de Novembro] a comunidade médica

e a sociedade civil a analisar e debater

este tema premente para o exercício da

medicina em Portugal.

O tempo, esse, corre sempre a desfavor do recluso

Advogado, associado sénior de PLMJ

Presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Debate Acto médicoDebate Liberdade condicionalMiguel GuimarãesPedro Barosa

A indefinição jurídica sobre o acto médico permite que outras pessoas e outros profissionais não-médicos exerçam “medicina”

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PÚBLICO, QUA 25 NOV 2015 | INICIATIVAS | 47

AGENDA DA COLECÇÃO

26 de Novembro1.º VolumeAlmanaque (1959)

3 de Dezembro2.º VolumeCivilização (1929)

10 de Dezembro3.º VolumePanorama (1941)

17 de Dezembro4.º Volume&etc (1973) +A Paródia (1900)

24 de Dezembro5.º VolumeSema (1979)

31 de Dezembro6.º VolumeRevista dos Arquitectos (1938)

7 de Janeiro7.º VolumeCineRevista (1917)

14 de Janeiro8.º VolumeLusíada (1952)

21 de Janeiro9.º VolumeLácio (1938) +Crónica Cinematográfica (1930)

28 de Janeiro10.º VolumeEuropa (1925)

No ano em que se encerram as comemorações do Ano Português do Design, e depois do grande sucesso da colecção Design Português, o PÚBLICO edita agora uma colecção de algumas das mais icónicas revistas portuguesas de ilustração, design e tipografi a, publicadas maioritariamente na primeira metade do século XX. A colecção Almanaque Português reúne um conjunto de primeiras edições em versão fac-similada e produzidas nos formatos originais de 10 volumes, que englobam 12 revistas, do melhor que se fez em Portugal, trazendo uma mostra bastante diversifi cada e rica, quer gráfi ca, quer artisticamente. Todas as quintas-feiras, por mais 6,90 euros com o PÚBLICO.

Na fi cha técnica do primeiro número da Almanaque, publicado em Outubro de 1959, apenas dois nomes são creditados: o director, Joaquim Figueiredo Magalhães e o orientador gráfi co Sebastião Rodrigues.

Figueiredo Magalhães, um dos mais importantes editores contemporâneos portugueses e Sebastião Rodrigues, o mais determinante designer gráfi co português do século XX já haviam trabalhado juntos: Sebastião desenhou algumas notáveis capas para editora Ulisseia, de que O labirinto Branco de Lawrence Durrell ou Um rapaz da Geórgia de Erskine Caldwell são bons exemplos, editora na qual Figueiredo Magalhães foi capaz de reunir um conjunto de talentosos capistas como António Garcia, Câmara Leme ou Paulo Guilherme, este último autor da capa de Pela Estrada Fora, romance Beat de Jack Kerouac publicado em 1959 em desafi o face à censura do Estado Novo.

Joaquim Figueiredo Magalhães e Sebastião Rodrigues já haviam trabalhado juntos, mas nunca com a liberdade e continuidade que irão encontrar na produção dos 18 números (e um suplemento) da revista Almanaque que saíram entre Outubro de 1959 e Maio de 1961.

A nota de abertura do primeiro número, escrita por Figueiredo Magalhães, ditava o tom e, literalmente, lançava o projecto da revista Almanaque para uma geografi a sócio-política estranha ao Portugal de Salazar no fi nal dos anos 1950:

“Este Almanaque (…) vem ao gosto moderno, segundo a linha 1959, trata por tu o teatro de Beckett e Ionesco, os escritores da Beat Generation, os Pat Boone ou os Georges Brassens, os íntimos de Françoise Hardy e as verdadeiras causas do caso Pasternak. Só não conhece os segredos dos painéis de

Nuno Gonçalves, mas há-de chegar lá um dia.”

A revista revisitava um género editorial particularmente popular em Portugal, os almanaques, e mantinha algumas das suas características (diversidade de conteúdos podendo cobrir áreas desde a astrologia, agricultura, literatura, divulgação científi ca para além de passatempos e recordação de efemérides). À data do início da publicação da revista, o Almanaque Bertrand (coordenado por M. Fernandes Costa) ou o Almanaque do Porto (editado pela Livraria Figueirinhas) eram exemplos de publicações grafi camente cuidadas embora herdeiras de um género de publicação cujas origens remetiam para o fi nal do século XIX.

Desse velho almanaque que nas palavras de Figueiredo Magalhães “tem um certo sabor a ornato, a antiqualha e a papel amarelecido. Cheira a naftalina e anda salpicado de provérbios muito conselhariais, que se contradizem uns aos outros, e de anedotas de soldados que não conhecem a mão esquerda” não encontramos nesta revista moderna, experimental e irreverente nenhuma semelhança.

Sebastião Rodrigues foi encontrar inspiração para o modelo do formato, tratamento das capas e algumas soluções gráfi cas à revista norte-americana Perspectives, desenhada por Alvin Lusting, publicada a partir de 1952. Ao longo dos 18 números notam-se infl uências várias, alguns grafi smos recordam-nos experiências testadas na Portfólio, criada por Brodovitch, na revista brasileira Senhor, numa ou noutra Graphis e nos trabalhos da designer brasileira Bea Feitler, mas sobretudo nota-se uma capacidade de invenção e reinvenção, de aventura e experimentação, por parte de Sebastião Rodrigues, notáveis. Se é evidente uma matriz moderna, via Estilo Internacional, ela oferece a grelha ou estrutura de composição para a exploração de vazios, jogos tipográfi cos, intervenções caligráfi cas e invenções gráfi cas, dialogando com uma miscelânea de textos, criando narrativas com as imagens (fotogramas de fi lmes, fotografi as de

dos diferentes exercícios de impressão que o levam a fazer da Ofi cina Casa Portuguesa, onde a revista era impressa, uma extensão do seu atelier.

A capa do n.º 3 (Março de 1960) parece citar a capa criada por Carlos Scliar para o primeiro número da Senhor, com as pedras da calçada a compor uma paisagem gráfi ca. Nos números seguintes, parece haver um amadurecimento do projecto gráfi co, marcado por uma grande consistência na qualidade das capas, na paginação e uma capacidade, controlada, mas sedutora, de invenção (folhas em harmónio, exploração de diferentes tipos de papel).

É na capa de Julho de 1960 que aparece a famosa ilustração da melancia, que tornar-se-á numa das referências mais icónicas e mais citadas do design gráfi co português.

Nos últimos números, sobretudo nos quatro últimos, a Almanaque exterioriza no grafi smo e nos conteúdos uma equipa de trabalho mais alargada. A direcção gráfi ca é agora partilhada por Sebastião Rodrigues e João Abel Manta, a eles se juntam Pilo da Silva nos desenhos, Eduardo Gageiro e Armando Rosário na fotografi a. Sebastião Rodrigues passa a acompanhar menos o trabalho de impressão, agora entregue a João Miranda e Alejandro Corona. Também a equipa de redacção se alarga reunindo agora Baptista Bastos, Cardoso Pires, Stau Monteiro, Augusto Abelaria, Cutileiro e Vasco Pulido Valente.

No número de Maio de 1961, um dos últimos, a capa é de Abel Manta e no interior são, igualmente, as suas ilustrações que dominam, não obstante alguns momentos de notável composição (veja-se a dupla página 48-49) da responsabilidade de Sebastião Rodrigues.

Os 18 números da Almanaque, no seu conjunto, formam um dos mais sedutores projectos editoriais portugueses, o último a nascer no contexto constrangedor do Estado Novo, o primeiro a anunciar, numa força talvez irrepetível, o novo design português.

OpiniãoJosé Bártolo

A Almanaque e o novo design português

publicidade, ilustrações) e apelando à participação do leitor.

A capa do n.º 1 é um exercício aparentemente simples de colagem. Trabalhando sobre fundo preto, cria uma ilustração através da colagem da fotografi a e de elementos gráfi cos despretensiosos e bem-humorados. A tipografi a usada para o título e também na maioria dos textos corridos é a Akzidenz-Grotesk.

O imaginário da space age – marcado pelo lançamento do satélite russo Sputnik 1, em 1957, e do satélite norte-americano Explorer 1, em 1958 – pontua este número, tal como o universo do cinema e da música jazz. Planos como os das páginas 32-33 são exemplos da inovação gráfi ca que Sebastião Rodrigues soube introduzir; a novela gráfi ca Um fi lme por mês, que se mantêm em vários números, exemplifi ca um exercício contemporâneo de edição e “samplagem” de conteúdos gráfi cos e tipográfi cos.

Se o uso da cor nos trabalhos de Sebastião Rodrigues anteriores ao Almanaque se deve muito à disciplina artesanal adquirida no atelier de Manuel Rodrigues, a partir do n.º 2 da Almanaque a infl uência da viagem à Finlândia (realizada em 1959) e sobretudo da linguagem de Armi Ratia faz-se, pontualmente, notar. Notória é, também, a crescente experimentação que Sebastião vai introduzindo nos projectos, que se refl ectem nas páginas da Almanaque através das experiências tipográfi cas e

Investigador, crítico e professor de Design

A Colecção Almanaque Português contou com o apoio da ESAD IDEA Investigação em Design e Arte, instituição responsável pela produção da exposição Almanaque – Um Século de Design Português em Revista (2013)

Page 48: Publico.25.11.2015

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ESCRITO NA PEDRA

“Raros são aqueles que decidem após madura reflexão; os outros andam ao sabor das ondas e longe de se conduzirem deixam-se levar pelos primeiros” Séneca (-4/65), filósofo e escritor da Roma Antiga

QUA 25 NOV 2015

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Refugiados acumulam-se nos Balcãs, com a ONU a criticar política de selecção p27

Dinamo Kiev ganhou no Dragão e complica vida do FC Porto na Champions p41

Desvendado novo capítulo da domesticação do nosso melhor “microamigo” p32/33

Refugiados cosem os lábios e pedem: “Abram a fronteira”

FC Porto ficou perto do KO no “jogo mais importante do ano”

As leveduras do vinho vêm dos carvalhos do Mediterrâneo

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CONSOANTE MUDA

Apesar de Cavaco

Para alguém que dominou

a política portuguesa nos

últimos 30 anos, Cavaco

Silva fez dos seus últimos

tempos em Belém um

exercício penoso. Em 2013

não se importaria de antecipar

eleições, desde que isso forçasse

PSD e o PS a um entendimento

que nenhum dos partidos queria.

Em 2014 recusou-se a antecipar

eleições, ainda que por alguns

meses, apesar de saber que isso

difi cultaria a apresentação de um

orçamento atempado para o país

e para o cumprimento das regras

europeias. Contudo, foi esse

mesmo cumprimento das regras

europeias que o levou a exprimir

preferências mais ou menos

veladas sobre o futuro governo,

até quando fi nalmente convocou

as eleições legislativas.

De cada vez que Cavaco

Silva foi claro — e às vezes

foi claríssimo —, acabou

sistematicamente a desdizer-se.

Foi claro quando disse que só

daria posse a um governo estável

e maioritário. Acabou dando

posse a um governo que não tinha

maioria no Parlamento e que

caiu como previsto 11 dias depois.

Disse também que um governo

Rui Tavares

de gestão seria preferível a um

governo apoiado pelo BE e pelo

PCP. Ontem foi provavelmente o

último português a reconhecer

o oposto: que um governo de

gestão seria contrário ao interesse

nacional. Ou melhor, Cavaco não

o reconheceu: escreveu apenas

que foi isso que lhe foi dito pelas

pessoas que consultou.

Há muitos anos Cavaco Silva

disse que nunca se enganava

e raramente tinha dúvidas. Na

última decisão substancial da sua

presidência, Cavaco Silva dá a

sensação de só fazer o que está

certo, se for contrariado.

Adireita usou estes 50

dias para criar sobre

a possibilidade de um

governo à esquerda uma

sensação de ilegitimidade,

primeiro, e anormalidade,

depois.

A esquerda, por seu lado, não

esteve perdida em combate.

Usou estes quase dois meses

para consumar posições e deixar

claro onde estava a nova maioria

na Assembleia da República,

desde a eleição do presidente do

Parlamento até às votações de

propostas de lei sobre questões

de progresso e igualdade de

direitos. Está na Assembleia da

República, para os próximos

tempos, o centro do poder.

Se o novo governo seguir

uma linha semelhante, deverá

começar por marcar a diferença

em relação à governação

anterior, tão cedo quanto

possível. Isso faz-se pela

implementação das medidas

que já conhecemos e que foram

acordadas entre os partidos à

esquerda. Mas faz-se também

sendo consequente nas grandes

causas (que é aquilo que alguns

teimam em chamar de apenas

“simbólico”). Nesse sentido

é uma pena que haja apenas

quatro mulheres entre os

ministros neste governo. Em

2015, num país desenvolvido, um

executivo deve ser tão paritário

quanto possível, e aqui estamos

ainda longe. Portugal vai ter

também pela primeira vez uma

ministra negra, e é importante

notá-lo, além de Francisca

van Dunem ser uma excelente

escolha como ministra da Justiça

pelo seu mérito, percurso e

capacidades.

Finalmente, apesar de Cavaco,

temos pela primeira vez um

governo apoiado à esquerda no

nosso país. Houve progresso. E

agora, ao trabalho. O país quer

mais.

Historiador, dirigente do Livre

A explosão de um autocarro que

transportava elementos do corpo da

segurança presidencial no centro de

Tunes provocou ontem pelo menos

12 mortos e 16 feridos. Em respos-

ta, o Presidente da República, Béji

Caid Essebsi, decretou o estado de

emergência nos próximos 30 dias

e recolher obrigatório até hoje na

área metropolitana da capital entre

as 21h de ontem e as 5h.

Tal como François Hollande, o

Presidente Béji Caid Essebsi decla-

rou “guerra ao terrorismo” e pediu

a colaboração internacional para o

derrotar. “Quero garantir ao povo

da Tunísia que vamos derrotar o

terrorismo”, afi rmou. Em Julho, já

tinha decretado o estado de emer-

gência, após o atentado contra tu-

ristas numa praia em Sousse.

O mais recente balanço, feito pelo

Ministério do Interior, reviu em bai-

xa o número de mortos, que inicial-

mente tinha sido colocado em 14. As

autoridades avançaram também que

o ataque deve ter sido cometido por

um bombista suicida, que provavel-

mente estava dentro do veículo, diz

Tunísia decreta estado de emergência após atentado contra guarda presidencial

a AFP. O autocarro fi cou completa-

mente calcinado pelas chamas e a

Avenida Mohamed V, onde estava

estacionado, foi cortada. A maior

parte das pessoas que estavam den-

tro do autocarro morreram, disse

uma fonte dos serviços de segurança

ao jornal francês Libération.

O veículo estava nas proximida-

des do Ministério do Turismo e da

sede do RDC, o partido do antigo

regime do ditador Ben Ali. Ali per-

to decorria o Festival de Cinema de

Cartago, um dos mais importantes

do continente africano. Numa das

salas do Festival de Cartago, can-

tou-se o hino nacional, ao saber-se

do atentado, relatam várias fontes

tunisinas.

A explosão ocorreu em plena ho-

ra de ponta, ao fi nal do dia, com o

trânsito intenso a difi cultar o acesso

das ambulâncias ao local. Houve en-

tretanto um alarme de atentado no

aeroporto de Tunes, que foi encer-

rado, dizem jornalistas do Le Monde

Afrique, através do Twitter. Ter-se-

á tratado de um falso alarme, mas

a polícia no local, muito nervosa,

agrediu repórteres.

Terrorismo

Explosão de autocarro no centro de Tunes fez 12 mortos e 16 feridos. Haverá ainda recolher obrigatório até hoje na capital

A maior parte dos que estavam no autocarro morreram, disseram os serviços de segurança

“A esquerda está na Assembleia da República, para os próximos tempos, o centro do poder”

ESPECIAL VINHOSDE INVERNO

SÁBADO

Grandes vinhos parauma estação especial

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