qualidades humanas positivas e singularidade docente

7/25/2019 Qualidades Humanas Positivas e Singularidade Docente

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Foz do Iguau PR/BrasilDe 13 a 15 de agosto de 2015.

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QUALIDADES HUMANAS POSITIVAS E SINGULARIDADE DOCENTE

lvarez Kelly da Costa Dantas1

RESUMO

A finalidade deste trabalho versar sobre a singularidade docente, com nfase nas

qualidades humanas positivas. Trabalha-se com a seguinte problemtica: de que maneira o que

torna cada indivduo singular pode ser utilizado construtiva e produtivamente no exerccio da

docncia, nas mais diversas reas de atuao e especialidades? O trabalho baseou-se na reviso

de literatura especfica da Psicologia Positiva, e pesquisa de termos referentes a qualidades

positivas em dicionrios da lngua brasileira. Explorou-se, tambm, observaes e reflexes do

autor advindos de uma dcada de atuao como docente e formador de professores em

instituies do terceiro setor. Anlises preliminares apontam para os seguintes benefcios do

reconhecimento da prpria singularidade: i)entendimento quanto rea de atuao profissionalmais indicada para o perfil docente pessoal; ii)estabelecimento de um propsito de vida; iii)

melhoria do humor e da imunidade; iv) ampliao da autoconfiana; v)melhoria da autoestima;

vi)nveis maiores de gratificao e realizao no trabalho; e vii)atua como protetor contra a

ocorrncia da sndrome de burnout. A singularidade docente, em especial com o enfoque nas

qualidades humanas positivas, ainda um tema pouco explorado, havendo bastante espao para

pesquisas sobre o tema. Mesmo sendo este um trabalho ainda inicial, embrionrio, relevante,

dados os potenciais benefcios que o conhecimento da prpria singularidade pode gerar.

Palavras-chave:Singularidade, Docncia, Qualidades humanas positivas, Psicologia Positiva.

1Graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2007). Possui ps-graduao em

Gesto de Pessoas (MBA) pela Faculdade Unio das Amricas - Uniamrica (2009) e em Psicologia Positiva pelaAVM Faculdade Integrada (2014). gestor de projetos educacionais e professor da Uniamrica. Voluntrio eminstituies do terceiro setor desde 2002, atuando em especial como docente e, desde 2004, na formao de

professores.


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IntroduoO termo singularidade em alguns dicionrios definido como a qualidade do que

singular; o que torna algo ou algum nico, invulgar, mpar, fora do comum (HOUAISS, 2009;

FERREIRA, 1999; AULETE, 2015). Pela definio possvel inferir-se que ser singular pode

relacionar-se tanto a aspectos positivos quanto negativos de coisas ou pessoas.

Mas, o que torna algum nico? E de que maneira o que torna cada indivduo invulgar

pode ser utilizado construtiva e produtivamente no exerccio da docncia, nas mais diversas

reas de atuao (ensino fundamental, mdio, tcnico ou superior) e especialidades (CinciasExatas, Biolgicas ou da Sade, por exemplo)?

Pesquisas realizadas no campo da Psicologia e em especial da Psicologia Positiva2

muito tm contribudo para a resposta a essas duas questes, em especial devido ao estudo da

personalidade humana e, ainda mais especificamente, do que h de mais funcional ou saudvel

em cada indivduo.

Abordar o que h de certo com as pessoas (SNYDER & LOPEZ, 2009, p. 17) e de que

maneira as qualidades humanas positivas que tornam cada indivduo singular podem ser

utilizadas no exerccio da docncia o objetivo deste artigo.

O interesse em pesquisar qualidades humanas positivas surgiu h 14 anos, alavancado

pela prpria necessidade de identificar e denominar talentos, pontos fortes e habilidades

pessoais, e de saber como aproveit-los construtivamente nas diversas reas da vida (pessoal,

profissional e afetiva, por exemplo).

H mais de 10 anos trabalho voluntariamente na formao de docentes em instituies do

terceiro setor, e no desempenho da atividade observo a mesma dificuldade tanto nos professores

em formao quanto em diversos colegas com quem tive o prazer de atuar em parceria. A

exposio que farei no artigo envolve conexes entre o approachterico da Psicologia Positiva

(reviso bibliogrfica), a pesquisa de definies de termos em dicionrios, somados ao resultado

preliminar de observaes e reflexes advindas da prxis como docente e formador de

professores.

2

Novo enfoque cientfico e aplicado da descoberta das qualidades humanas e da promoo do funcionamentopositivo das pessoas (SNYDER & LOPEZ, 2009, p. 17). A psicologia positiva foi proposta pelo psiclogo norte-americano Martin Seligman no final da dcada de 1990.


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Ao abordar a singularidade docente, o farei enfatizando aspectos da individualidadeconsideradas positivas, com potencial de gerar benefcios para o prprio indivduo e para os

demais. Avalio que a grande maioria das pessoas teve contato com algum(a) professor(a)

singular s avessas: aquele(a) que se destacou pela sua prepotncia, arrogncia, falta de

respeito ou de empatia pelos outros, por exemplo. Aqui no utilizarei esse vis da singularidade

e, mais especificamente, no artigo abordarei o componente da singularidade docente

relacionado s qualidades humanas positivas.

O artigo est subdivido nas seguintes sees:Introduo; Qualidades humanas positivas;Singularidade docente; Implicaes positivas do reconhecimento da prpria singularidade;

Consideraes finais eReferncias bibliogrficas.

Qualidades humanas positivas

Talvez o leitor ou leitora considere estranho ou redundante a expresso qualidades

positivas. Porm, seu uso faz todo sentido quando se conhece alguns dos significados da

palavra qualidade: a) Propriedade que determina a essncia ou a natureza de um ser ou coisa;conjunto de traos psicolgicos e/ou morais de um indivduo; carter, ndole (HOUAISS,

2009); b) Disposio moral ou intelectual das pessoas; propriedade, atributo ou condio das

coisas ou das pessoas capaz de distingui-las das outras e de lhes determinar a natureza

(FERREIRA, 1999).

Nos diversos dicionrios consultados, tambm h acepes da palavra qualidade

tratando-a como algo positivo; porm, em essncia o uso desse termo neutro:pode remeter a

aspectos positivos, negativos ou ambguos de seres ou objetos. Em razo disso, utilizarei a

expresso qualidades positivas.

Mas, o que so qualidades humanas positivas? Posso defini-las como o conjunto de

caractersticas funcionaisinatas e/ou desenvolvidasdo indivduo, utilizadas construtiva e

produtivamente em benefcio prprio e da coletividade. Reforo o aspecto que considero

essencial na definio acima: as qualidades pessoais positivas precisam promover benefcios,

melhorias, progresso ou evoluo no somente para quem as tem, mas tambm para o maior

nmero possvel de pessoas, sejam elas mais prximas familiares, amigos, colegas de

trabalho, entre outras ou com as quais no se tem nenhuma vinculao consangunea ou

afetiva.


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Qualidades humanas positivas tm sido objeto de reflexes, dilogos e ensinamentosdesde a China e Grcia Antigas. Confcio (551479 a.e.c.3), Scrates (470399 a.e.c.) e

Aristteles (384322 a.e.c.), por exemplo, as chamavam de virtudes. Outros filsofos e

pensadores, laicos e religiosos, dedicaram-se a estud-la no decorrer da histria humana, a

exemplo de Agostinho de Hipona (354430), Toms de Aquino (12251274) e Immanuel Kant

(17241804).

Desde a antiguidade a palavra virtudetem sido a mais comumente utilizada para designar

qualidades positivas. Em dicionrios da lngua brasileira, possui vrias acepes, por exemplo:a) Qualidade daquilo que est de acordo com o que considerado correto e desejvel, ou que

est de acordo com os princpios do bem (AULETE, 2015); b) Qualquer boa qualidade ou uma

qualidade moral particular do indivduo (HOUAISS, 2009); c) Disposio firme e constante

para a prtica do bem; fora moral; valor (FERREIRA, 1999).

Diversas palavras tm sido utilizadas para designar qualidades humanas positivas, e,

muitas vezes, no senso comum, utilizadas como sinnimas umas das outras e do termo virtude.

Vejamos algumas delas, seguidas de breve descrio do que significam:

a)Aptido: disposio inata ou habilidade/capacidade resultante de conhecimentos

adquiridos (FERREIRA, 1999).

b)Atributo: caracterstica ou qualidade que confere a algum um bom aspecto,

apreciao positiva ou atratividade, por exemplo (AULETE, 2015).

c)Competncia: capacidade de intervir eficazmente em diversos mbitos da vida,

mediante aes nas quais se mobilizam, ao mesmo tempo e de maneira inter-relacionada,

conhecimentos, habilidades e atitudes (ZABALA & ARNAU, 2010, p. 37).

d)Dom: dote ou qualidade natural, inata; bem ou graa recebida de divindade

(FERREIRA, 1999; HOUAISS, 2009).

e)Fora de carter: traos morais, caractersticas consideradas boas para o prprio

indivduo e para os outros (SELIGMAN, 2004).

f) Habilidade: capacidade de fazer alguma atividade com destreza e agilidade, porm

exigindo certo nvel de esforo pessoal (PORTELLA, 2013, p. 118).

3 a.e.c.: antes da era comum. Era comum corresponde ao perodo de tempo medido desde o primeiro ano docalendrio gregoriano. Acrnimo utilizado em substituio ao a.C. (antes de Cristo).


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g)Inteligncia: capacidade de compreender e resolver novos problemas e conflitos e deadaptar-se a novas situaes (HOUAISS, 2009); capacidade de resolver situaes novas e

problemticas em circunstncias em que o instinto, o conhecimento e o hbito no podem

ajudar(AULETE, 2015).

h)Ponto forte: desempenho estvel, constante e excelente em alguma atividade especfica

(BUCKINGHAM & CLIFTON, 2008, p. 30).

i) Potencialidade: conjunto de qualidades inatas pessoais (HOUAISS, 2009).

j) Predicado: qualidade positiva, virtude ou mrito de uma pessoa (HOUAISS, 2009).k)Talentos: qualquer padro recorrente de pensamento, sensao ou comportamento

que possa ser usado produtivamente (BUCKINGHAM & CLIFTON, 2008, p. 55).

l) Trao-fora (trafor): componente positivo, predicado ou virtude pessoal que

impulsiona a evoluo da conscincia (VIEIRA, 2013, p. 55).

Na Psicologia Positiva existem duas vertentes de pesquisa sobre as qualidades humanas

positivas: das virtudes e foras de carter, promovida por Martin Seligman (1942); e dos

talentos e pontos fortes, enfoque utilizado por Marcus Buckingham (1966)e Donald Clifton

(19242003).

Apesar de seguirem vieses diferentes, entendo que as duas vertentes podem ser

complementares em vrios aspectos, por exemplo, no que caracteriza uma fora de carter ou

um talento (SELIGMAN, 2011; BUCKINGHAM & CLIFTON, 2008; PORTELLA, 2013):

a)Produzem emoes positivas(satisfao, alegria, bem-estar, entusiasmo ou at xtase,

por exemplo) ao serem utilizadas.

b)H uma rpida curva de aprendizagem em reas relacionadas ao uso de foras ou

talentos pessoais, aps serem utilizados pela primeira vez.

c)Senso de necessidade ntima (atratividade ou anseio) para participar de eventos

relacionados ao uso de foras ou talentos, ou para dar-lhes nova aplicabilidade em atividades

ainda no realizadas.

d)Sensao de fortalecimento, ao invs de exausto, ao utiliz-las.

e)Geram sensao de envolvimento (engajamento, estado defluxo4).

4O estado de fluxo (flow) a condio na qual a pessoa est to envolvida em uma atividade que nada mais pareceimportar; a experincia em si to agradvel que a pessoa tende a realiz-la pela simples razo de faz-la, mesmoque a um custo bastante elevado para si prpria (CSIKSZENTMIHALYI, 2002, p. 21). Envolve os momentos


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f) Tendncia criao de projetos que girem em torno das qualidades pessoais.g)Esto relacionadas s atividades desempenhadas rotineiramente com sucesso.

h)Ocorrncia frequente de reconhecimentos diretos (elogios) ou indiretos (convites para

ajudar em alguma rea ou participar de alguma atividade especfica) nas reas de atuao dos

talentos ou foras pessoais.

Buckingham e Clifton (2008, p. 16) afirmam que os talentos pessoais so permanentes e

nicos. Entendo que sejam nicos porque foras ou talentos interagem sinergicamente entre si

e tambm com diversos outros elementos da personalidade, fazendo com que cada qualidadepessoal positiva possua caractersticas mpares. Por exemplo: a comunicabilidade (talento da

comunicao), quando aliada ao bom humor, propiciar um conjunto de caractersticas

diferentes da interlocuo quando associada objetividade ou criatividade. Observe duas

pessoas que voc considere comunicativas: ver que a forma como se comunicam difere uma

da outra.

Observaes pessoais envolvendo vivncias pessoais e as experincias dos professores

em formao com quem tive contato parecem demonstrar que quanto mais se consegue agregar

qualidades pessoais em uma mesma atividade, maiores so os nveis de satisfao (emoes

positivas) e engajamento pessoal (estado de fluxo), e melhores tendem a ser os resultados

alcanados. Por exemplo: a pessoa que possui os talentos da comunicabilidade, da criatividade,

do bom-humor, da sociabilidade e da generosidade pode exercit-los conjuntamente em uma

nica atividade, atuando como professora em um contexto que possibilite o dilogo mais

informal e tender a se sentir realizada desempenhando essa funo.

Talentos ou foras pessoais no se restringem a reas especficas da vida. Ao contrrio:

sero observveis nos mais variados contextos do cotidiano no contato com familiares, no

exerccio da profisso ou nos crculos de amizades, por exemplo.

Agora, aps a explanao inicial sobre qualidades humanas positivas, fazer o seguinte

questionamento: na condio de professor ou professora, que caractersticas peculiares e

marcantes positivas seus talentos e demais elementos constituintes da sua individualidade lhe

conferem? A resposta questo possibilitar definir qual a suasingularidade docente.

quando o corpo e a mente atingem o limite de um esforo voluntrio, na realizao de algo difcil e que vale apena. O fluxo costuma ocorrer quando uma pessoa encara um conjunto claro de metas que exigem respostasapropriadas (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 36).


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Singularidade docenteNo Brasil do sculo XXI,h profunda escassez de pesquisas sobre singularidade docente.

At a concluso desse artigo, o mais aproximado da temtica que localizei so estudos

relacionados s virtudes ou s competncias docentes. Valendo-me das acepes encontradas

em dicionrios relativas s palavrassingularidadee docente, ento, desenvolvi uma definio

preliminar para singularidade docente: o conjunto de caractersticas ou qualidades pessoais que

tornam algum nico, mpar ou original no desempenho das atividades professorais.

Esse conjunto de caractersticas pode estar relacionado a diversos aspectos, por exemplo:a) Caractersticas biotpicas como estatura, porte, peso, cor da pele, tom e timbre da voz.

b) Experincias de vida e/ou profissionais.

c) Forma de se vestir e de se apresentar, ou as preferncias estticas pessoais (estilo

pessoal).

d) Qualidades pessoais positivas.

e) Temperamento5.

f) Valores pessoais6.

Determinado(a) professor(a), por exemplo, pode ser singular ao combinar estatura e tom

de voz (caractersticas biotpicas), temperamento mais extrovertido e qualidades como

comunicabilidade e bom humor, e ser um excelente animador de plateia. Outro(a), pode se

diferenciar dos demais pela sua capacidade de conectar talentos como generosidade e

reflexividade (qualidade da pessoa reflexiva) com experincia de vida e/ou profissionais. Um(a)

terceiro(a) pode, ainda, aliar valores como justia e equanimidade (imparcialidade) com

talentos como bondade e pacificidade e se tornar mpar na promoo da paz na escola onde

trabalha.

5Temperamento o conjunto de disposies estreitamente ligadas a determinantes biolgicos e psicolgicos, emuda relativamente pouco com o desenvolvimento humano. a matria-prima, em conjunto com a inteligncia eo fsico, da qual criada a personalidade (HALL, LINDSEY & CAMPBELL, 2000, p. 229).6

Gouveia (2003, p. 432), citando diversos autores, fornece diversas definies de valores humanos: tiposespecficos de necessidades; atitudes; crenas; combinao de crenas e concepes desejveis; metas,necessidades e preferncias. Portella (2013, p. 44) define valor humano como o conjunto de pensamentos esensaes que permitem ao indivduo saber o que importante para si mesmo.


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Recomenda-se que cada professor ou professora faa uma avaliao de toda suabagagem pessoal (caractersticas biotpicas, experincias, estilo, qualidades positivas,

temperamento, valores e outros aspectos no abordados no texto), e avalie como isso molda a

prpria singularidade. um exerccio aprofundado de autoconhecimento.

E como investigar-se, visando definir a prpria singularidade? De modo mais

simplificado, algumas aes podem ser realizadas na autopesquisa (pesquisa de si mesmo), com

a finalidade de elencar o que torna cada pessoa singular:

a)Analisar as prprias caractersticas biotpicas, questionando-se como cada uma delasimpacta no desenvolvimento do prprio perfil de singularidade docente.

b)Elaborar a autobiografia, levantando fatos e experincias relevantes, bem como

averiguar quais os talentos atuantes at o presente.

c)Solicitarfeedbackde pelo menos trs pessoas prximas, de reas diferentes da sua vida

(por exemplo, da famlia, de amigos e colegas de trabalho), sobre qualidades positivas suas, e

sobre aspectos positivos do seu temperamento. Solicite, tambm, fatos que comprovem a

existncia desses aspectos positivos.

d)Listar os valores pessoais e identificar os cinco mais importantes. H, atualmente, um

teste gratuito, informal, para auxiliar na pesquisa dos valores pessoais, disponvel no website

da Fundao Estudar, no endereo https://www.napratica.org.br/e/pt-BR/meu_perfil (ltimo

acesso em 07 set.2015). Outra forma, ainda mais simplificada: liste atualmente quais so os 10

itens (pessoas, coisas, ideias, etc) mais importantes para voc, e em seguida liste em ordem

decrescente de importncia. Em seguida, busque pelo menos trs fatos recentes (no ltimo ms)

que demonstrem a existncia ou nvel de importncia de cada valor.

Especificamente em relao pesquisa dos talentos pessoais, as seguintes aes podem

ser realizadas em conjunto ou individualmente:

a)Segundo Buckingham e Clifton (2008, p. 74): Primeiro, [...] monitore suas reaes

espontneas, imediatas, diante das situaes com que se depara. Essas reaes imediatas

proporcionam a melhor pista de seus talentos.Preste ateno eme se possvel registresuas

reaes, sejam tanto no mbito profissional quanto pessoal.

b)Escreva uma lista com no mnimo cinco talentos pessoais, elencando pelo menos dois

fatos recentes que atestem a existncia de cada talento. Aps essa etapa, solicite ao mximo de

pessoas conhecidas, de diferentes reas da vida, para elas informarem no mnimo trs talentos


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seus. Por fim, faa uma compilao de todos os talentos listados, selecionando os 5 maisvotados.

c)Responda o teste informal elaborado pelo autor do artigo, das qualidades pessoais

positivas teis docncia (ver anexo no final do artigo). Em seguida, faa pelo menos trs

cpias do teste respondido por voc e solicite parapessoas que lhe conheam bem para fazer

uma crtica das respostas que voc deu no teste, corrigindo as notas de acordo com o que elas

considerarem apropriado. No final, reflita sobre osfeedbacksrecebidos.

d)Responda gratuitamente o teste VIA-IS (Values in Action Inventory of Strengths),desenvolvido pelos psiclogos positivos Martin Seligman e Christopher Peterson (19502012).

O teste est disponvel em diversos idiomas (incluindo o portugus) no website

http://www.viame.org(ltimo acesso em 07 set.2015).

e)Responda o teste Clifton StrengthsFinder, gratuito para quem adquire o livroDescubra

seus pontos fortes, de autoria dos psiclogos Marcus Buckingham e Donald O. Clifton.

Trs observaes se fazem necessrias no tocante s aes sugeridas anteriormente:

a)Os testes VIA-IS e Clifton StrengthsFinderso validados cientificamente, e ambos j

foram respondidos por mais de 2 milhes de pessoas em todo o mundo. So recursos mais

confiveis para a pesquisa de algumas qualidades pessoais positivas.

b) imprescindvel, s aes envolvendofeedbacke/ou crtica de outrem, estar aberto(a)

aos pontos de vista dos outros, sem se chatear com o que os demais vo falar sobre voc ou

retrucar o que for apontado. As heterocrticas (crticas dos demais) so valiosas para o ajuste

ou a correo da imagem que uma pessoa tem de si prpria (autoimagem) ou do que ela pensa

a respeito de si mesma (autoconceito).

c) preciso ficar atento(a) existncia de armadilhas mentais, processos pessoais

sabotadores da autopesquisa (pesquisa de si mesmo). Essas armadilhas em geral conduzem

desvalorizao ou desqualificao dos talentos ou das experincias pessoais, gerando impactos

negativos na autoconfiana e na autoestima. So exemplos de armadilhas mentais: pensar que

todos possuem os talentos que voc possui; desvalorizar os prprios talentos ao se comparar

com outras pessoas, que porventura possuam talentos similares, porm mais desenvolvidos.


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A singularidade docente est relacionada em especial com a utilizao dos talentosmelhor classificados na pesquisa anterior. Mas, como fazer com que os talentos pessoais de fato

definam a prpria singularidade no exerccio da docncia? A resposta envolve pelo menos a

realizao de duas aes: pesquisar formas de utilizar intencionalmente diversos talentos

pessoais nas atividades corriqueiras da sua funo e coloc-las em prtica; e investir no

desenvolvimento das qualidades pessoais, atravs de cursos, estudo ou do aprendizado de novas

aplicaes para essas qualidades.

Apresento alguns exemplos de como utilizar as qualidades positivas em situaescorriqueiras da funo de professor, com base na lista de talentos constante no teste em anexo

neste artigo:

a)Amoroso(a): demonstrar afeto ou compartilhar carinho com colegas de trabalho e

estudantes, dentro e fora da sala de aula.

b)Assertivo(a): envolver-se em situaes nas quais a expresso das opinies pessoais

ser necessria, como em reunies com professores ou pais de estudantes.

c)Conciliador(a): envolver-se em situaes na qual haja a necessidade de conciliao,

seja envolvendo estudantes ou mesmo colegas de trabalho.

d)Criativo(a): conhecer novas metodologias, tcnicas e recursos didtico-pedaggicos,

com o objetivo de desenvolver aulas diferentes e que favoream a aprendizagem.

e)Curioso(a): estudar algum assunto que ainda no conhea, em especial o relacionado

s perguntas dos estudantes para as quais voc inicialmente no soube responder.

f) Emptico(a): ao perceber algum em dificuldade na instituio de ensino, procurar se

colocar no lugar da outra pessoa, de sentir o que ela sente, com o intuito de tentar ajud-la.

g)Gentil: desempenhar aes de gentileza bsicas, como desejar bom dia, pedir por favor

e dizer obrigado(a), entre outras.

h)Lder: assumir alguma funo de liderana na instituio de ensino.

i) Organizado(a): organizar as prprias atividades, ou o ambiente de aprendizagem

(materiais e objetos da sala de aula), por exemplo.

j) Reflexivo(a): promover constantemente a reflexo sobre a prpria prtica docente,

visando promover o desenvolvimento profissional.


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Implicaes do reconhecimento da prpria singularidadeO reconhecimento da prpria singularidade, com base especialmente nas qualidades

pessoais positivas, acarreta diversas implicaes salutares para quem investe com afinco no

autoconhecimento.

Tendo como base os resultados pessoais obtidos com a pesquisa da prpria singularidade,

e as observaes advindas da atuao como formador de professores, elenco as seguintes

implicaes do reconhecimento da prpria singularidade:

a)Entendimento quanto rea de atuao profissional mais indicada para o perfil docentepessoal. Quando o indivduo tem maior clareza sobre quem , os talentos que possui, o que

valoriza e como pode contribuir com os demais, consegue compreender mais facilmente qual o

locusonde melhor pode desempenhar suas atribuies profissionais.

b)Reconhecer a prpria singularidade pode auxiliar no estabelecimento de um propsito

de vida (um sentido ou significado, uma causa ou algo que valha a pena investir tempo e

recursos pessoais) para quem a pesquisa.

c)A utilizao de talentos ou foras de carter pessoais gera emoes positivas

(SELIGMAN, 2011; BUCKINGHAM & CLIFTON, 2008), trazendo benefcios como a

melhoria do humor e da imunidade.

d)Ampliao da autoconfiana. Talentos ou foras de carter so ferramentas

disposio quem as tem. Deste modo, conhecer as qualidades pessoais positivas possibilita ao

indivduo saber quais recursos possui para cotidianamente resolver problemas e/ou enfrentar

desafios, profissionais ou na vida, de modo geral.

e)O conhecimento de qualidades positivas e a ampliao da autoconfiana tende a

promover impactos positivos na autoestima7.

f) O exerccio profissional, quando alinhado com a prpria singularidade, tende a ser

mais gratificante e realizador.

7De acordo com Branden (2000, p. 22), a autoestima pode ser definida como: i)a confiana na capacidade pessoalde pensar ou na habilidade de dar conta dos desafios da vida; e ii)a sensao de ter valor, de que merece e podeafirmar as prprias necessidades, e alcanar metas e colher os frutos dos esforos pessoais.


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g)Especificamente no contexto da docncia, o reconhecimento da prpria singularidadee o desempenho profissional com base nos talentos, valores e expectativas pessoais atua como

elemento protetor contra a ocorrncia dasndrome de burnout8.

Consideraes finais

A singularidade docente, em especial com o enfoque nas qualidades humanas positivas,

ainda um tema pouco explorado, tanto no Brasil quanto no mundo. Talvez isso se deva

tendncia ainda bastante comum e generalizada de, pelo menos na cultura ocidental, se abordarpredominantemente os aspectos menos saudveis do ser humano.

A Psicologia Positiva vem, desde o final da dcada de 1990, contribuindo com a

modificao dessa realidade, a partir do desenvolvimento de estudos que tm demonstrado a

importncia de se conhecer e valorizar o que cada pessoa possui de certo, saudvel, funcional.

No contexto especfico da docncia, e da Educao de modo geral, a Psicologia Positiva

possui papel fundamental no desenvolvimento e aperfeioamento pessoal e profissional de

professores e professoras, e na melhoria da educao de crianas, jovens e adultos.

Tive a oportunidade de realizar uma capacitao em Psicologia Positiva com professores

e supervisores de uma Escola Estadual em Foz do Iguau, Paran, e constatei o quanto o dilogo

em torno de temas bsicos da abordagem da Psicologia (por exemplo: investimento nas

emoes positivas; conhecimento das foras de carter, talentos e pontos fortes pessoais;

singularidade docente; educao baseada nos aspectos positivos dos demais; entre outros)

podem ser transformadores para a vida de todos, de estudantes a diretores de escola.

O estudo da singularidade docente se torna mais facilitado quando abordado a partir das

premissas da Psicologia Positiva, devido ao seu carter vivencial: teorias, tcnicas e

instrumentos j desenvolvidos so facilmente aplicveis na vida cotidiana, e convidam,

tambm, o prprio indivduo a ser o sujeito do processo autopesquisa-autoconhecimento-

autocompreenso-autoaperfeioamento.

8A sndrome de burnout a condio da pessoa que chegou ao seu limite e, por falta de energia, no consegue

mais desempenhar fsica, mental e emocionalmente as suas atividades laborais. uma experincia especfica docontexto do trabalho, e acomete principalmente os profissionais que lidam diretamente com outras pessoas, emespecial os profissionais da sade e da educao, sendo tambm chamada de a sndrome do assistente desassistido(BENEVIDES-PEREIRA, 2002).


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Conhecer, compreender e tirar partido da prpria singularidade no exerccio da docnciapode ser um aspecto importante para a manuteno da motivao e da sade de professores e

professoras, numa poca na qual os papis do educador e da educao formal esto sendo

francamente questionados, e a valorizao dessa categoria profissional comprometida.

Cabem e so necessrias, sem dvida muito mais pesquisas sobre a singularidade

docente. Por exemplo: possvel desenvolver um instrumento que possibilite pesquisas mais

objetivas sobre a temtica?

Mesmo sendo um trabalho ainda inicial, embrionrio, avalio que bastante relevante,dados os potenciais benefcios que o conhecimento da prpria singularidade pode gerar;

benefcios esses observados na trajetria pessoal e nas pessoas que se motivaram a pesquisar a

prpria singularidade nos ltimos 10 anos, com as quais tive contato.

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12. INTELIGNCIA. In: AULETE, Francisco J. Caldas. iDicionrio Aulete.Disponvel em:


13._______. In: HOUAISS, Antnio. Dicionrio eletrnico Houaiss da lngua portuguesa3.0.Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

14. PORTELLA, Mnica. Teoria da potencializao da qualidade de vida: propostas e

tcnicas da psicologia positiva.Rio de Janeiro: CPAF-RJ, 2013.

15. PREDICADO. In: HOUAISS, Antnio. Dicionrio eletrnico Houaiss da lngua

portuguesa 3.0.Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

16. QUALIDADE. In: FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Dicionrio Aurlio

Eletrnico Sculo XXI.So Paulo: Nova Fronteira, 1999.

17._______. In: HOUAISS, Antnio. Dicionrio eletrnico Houaiss da lngua portuguesa


18. SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade autntica: usando a nova Psicologia Positiva para a

realizao permanente.Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

19._______. Florescer: uma nova compreenso sobre a natureza da felicidade e do bem-estar.

Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

20. SINGULARIDADE. In: AULETE, Francisco J. Caldas. iDicionrio Aulete.Disponvel

em: . Acesso em 05 set.2015.

21._______. In: FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Dicionrio Aurlio Eletrnico


22._______. In: HOUAISS, Antnio. Dicionrio eletrnico Houaiss da lngua portuguesa


23. SNYDER, Charles Richard; LOPEZ, Shane. Psicologia Positiva: uma abordagem

cientfica e prtica das qualidades humanas.Porto Alegre: Artmed, 2009.


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- 672 -

24. VIEIRA, Waldo. Nossa evoluo. 3 ed. eletrnica. Foz do Iguau: AssociaoInternacional Editares, 2012. Disponvel em: . Acesso em 25 jun. 2015.

25. VIRTUDE. In: AULETE, Francisco J. Caldas. iDicionrio Aulete. Disponvel em:


26._______. In: FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Dicionrio Aurlio Eletrnico


27._______. In: HOUAISS, Antnio. Dicionrio eletrnico Houaiss da lngua portuguesa3.0.Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

28. ZABALA, Antoni; ARNAU, Laia. Como aprender e ensinar competncias. Porto

Alegre: Artmed, 2010.


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ANEXO: TESTE DAS QUALIDADES PESSOAIS POSITIVAS TEIS DOCNCIAFonte de consulta: HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionrio Houaiss da Lngua

Portuguesa.Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Desenvolvimento: lvarez Dantas, psiclogo (CRP 08/13534).

I nstr uo 1: tendo como base a escala abaixo, d uma nota de 0 a 10 para as 30 qualidades seguintes, utilizandocomo critrio a frequncia ou a naturalidade com que voc demonstra ou manifesta cada uma delas.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Raramente souassim

Poucas vezessou assim

Vrias vezessou assim

Quase sempresou assim

Amoroso(a):pessoa que demonstra ternura, afeto; terna, meiga, carinhosa.

Assertivo(a):pessoa que demonstra segurana, deciso e firmeza nas atitudes e palavras.Assistencial:pessoa que gosta de ajudar ou dar assistncia aos demais.

Autocrtico(a):a pessoa que faz crticas saudveis e construtivas em relao a si e aos outros.

Bem-humorado(a):pessoa que geralmente est de bom humor, alegre.

Comunicativo(a):pessoa que demonstra habilidade ou vocao para comunicar(-se); expansiva.

Conciliador(a):pessoa que tende a pacificar, apaziguar, harmonizar pessoas ou situaes.

Cooperativo(a):pessoaqueatua, juntamente com outros, para um mesmo fim; colabora com os outros.

Criativo(a):a pessoa que se distingue pela aptido para criar; criadora, inovadora.

Curioso(a):a pessoa que tem o desejo de ver, conhecer, experimentar, aprender.Democrtico(a):pessoa aberta s opinies dos outros e respeitadora dos direitos dos demais.

Didtico(a):a pessoa que apresenta facilidade para instruir, transmitir conhecimentos, ensinar.

Emptico(a):pessoa capaz de se colocar no lugar de outra pessoa, de sentir o que ela sente.

Exemplarista:a pessoa que educa os demais especialmente a partir dos prprios bons exemplos.

Flexvel:pessoa que consegue se acomodar ou se adaptar facilmente s circunstncias; malevel.

Generoso(a):pessoa que se dispe a sacrificar os prprios interesses em benefcio dos outros; bondosa.

Gentil:pessoa que agrada pela delicadeza de sentimentos ou fineza de maneiras; delicada, amvel.

Lder:pessoa que demonstra habilidade ou vocao para liderar os demais.

Objetivo(a):pessoa que age rpido e no perde tempo com assuntos desnecessrios; prtica, direta.

Organizado(a):pessoa que organiza, tem capacidade de organizar; que ordena, planeja, regulariza.

Otimista:pessoa que v as coisas pelo lado bom e espera solues favorveis, mesmo nas situaes difceis.

Pacincia:virtude da pessoa capaz de esperar com tranquilidade acontecimentos futuros.

Pacfico(a):pessoa que ama ou almeja a paz.

Perseverante:pessoa que constante, que permanece firme no alcance de determinado objetivo.

Prestativo(a):pessoa que ajuda prontamente; que gosta ou tem o hbito de ajudar.

Reflexivo(a):pessoa que reflete sobre seus atos e os impactos destes sobre si prpria e sobre os demais.

Simplicidade: ausncia de vaidade em relao ao prprio valor, s prprias realizaes, xitos; modstia.

Socivel:pessoa que gosta de reunies sociais, de fazer amigos, de frequentar a sociedade; extrovertida.


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Tranquilo(a):pessoa de nimo calmo, sem perturbaes de ordem psicolgica, emocional etc; serena.Verstil:pessoa que possui variadas habilidades, podendo aprender ou realizar diferentes coisas.

I nstr uo 2: Selecione as cinco qualidades com notas mais altas.

qualidades humanas positivas e singularidade docente

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