"quando o rio paraguai vira um festival"
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Matéria publicada na Revista Pesca Brasil 13, em novembro de 2008. (txt sem aplicação da Nova Ortografia): De 20 a 28 de setembro, Cáceres - MT sediou o maior evento de pesca esportiva do mundo. Emoção, esportividade, preservação do peixe e integração cultural registraram a sua marca no evento que agora deixa um gostinho pantaneiro de quero maisTRANSCRIPT
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»Por: Janaína Quitério [email protected]
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Espetáculos da pesca
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Nessas águas tão serenas, onde outrora navegara a chalana levando consigo um magoado amor, os rumores de mais de trezentos motores fazem a
baía do rio Paraguai estremecer, e os corações de mais de mil pescadores vibrarem de expectativa e emoção. É quando a música-tema do Pantanal — na voz de Almir Sater — cede lugar à competição esportiva de pesca embarcada em pleno rio Paraguai. No último dia do 29º Festival Internacional de Pesca Esportiva (FIP), realizado em Cáceres – MT, acontece a competição mais esperada — já demarcada no Guiness Book como o maior evento de pesca embarcada em água doce do mundo. São 277 equipes masculinas e 42 femininas — cujos participantes são amantes da pesca — inscritas no torneio em busca de fisgar o maior peixe, o máximo que puderem para chegarem ao topo da pontuação. O FIP nasceu de uma brincadeira entre pescadores do local e hoje foi emancipado à categoria de espetáculo internacional, figurando como exemplo de organização em prol da pesca esportiva e da conscientização ambiental. O slogan repetido na largada enfatizava: “Esta é a competição onde o pescador aprende que a emoção de soltar o peixe é muito maior que a emoção da fisgada”. Mas, dez anos antes, não era assim. “Não se tinha a conscientização do pesque e solte. Antes, os peixes fisgados eram recolhidos e doados para entidades. Com parte deles era feita uma grande peixada, oferecida aos participantes no final do
campeonato”, conta-nos o guia de turismo regional Claudionor Duarte Corrêa. Preservar o peixe está inscrito no próprio regulamento da competição. Entretanto, o FIP também dá vida ao objetivo de estimular o potencial turístico — sobretudo o ecoturismo — de Cáceres em particular, e de Mato Grosso no geral. Além disso, pretende resgatar a história e a cultura regionais, promover a educação ambiental e a própria integração e lazer entre os amantes da pesca. São oito dias com diversificada programação esportiva e cultural, colocando o rio Paraguai — e toda a cultura e costumes provenientes dele — como atração principal.
De 20 a 28 de setembro, Cáceres - MT sediou o maior evento de pesca esportiva do mundo. Emoção, esportividade, preservação do peixe e
integração cultural registraram a sua marca no evento que agora deixa um gostinho pantaneiro de quero mais
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Barcos partem rio acima para início da Prova de Pesca Embarcada, no 29º FIP
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É muita emoção A equipe de número 184 está inscrita na prova de pesca embarcada motorizada com o nome de “Arroz Tio Dito”. Seus integrantes — Leonardo, Júnior e Alexandre — competem juntos há dez anos no FIP e conquistaram ano passado o segundo lugar no campeonato estadual, cuja final acontece no próprio FIP. O que faz pescadores participarem de competição? “Os festivais são mais emocionantes. Como amantes da pesca esportiva, voltamos todos os anos a Cáceres”, revelam os integrantes. Segundo o guia Claudionor Duarte Corrêa, 75% dos participantes ainda são da região de Cáceres e do estado de Mato Grosso. Muitos não costumam pescar o ano todo, mas vão ao festival em busca de adrenalina, do barco, da festa, da premiação e do inesperado do rio. Não é incomum ver pescadores levarem churrasqueira no barco e tocarem violão enquanto descansam da jornada. A prova de pesca esportiva embarcada tem duração de até oito horas. Para a pontuação, a comissão de arbitragem leva em conta a esportividade do peixe: “O dourado é considerado o rei do rio. Briga bastante, se debate, e não é qualquer pescador que consegue fisgá-lo e tirá-lo da água. Para cada peixe existe um grau de dificuldade, e isso deve ser valorizado”, explica o presidente da comissão de arbitragem, Claumir César Muniz. Nessa prova os peixes mais pontuados são pacu e dourado: para cada centímetro de um desses
dois peixes capturados são computados 100 pontos. Outras espécies pontuadas são: jaú (acima de 40 cm), pintado, cachara — 70 pontos para cada centímetro; piraputanga, jurupensém, jurupoca — 50 pontos para cada centímetro; corvina, barbado, piavuçu e palmito — 30 pontos por centímetro. Todas as espécies válidas para pontuação, assim que fisgadas, são medidas por fiscais e devolvidas com vida ao rio. É a magia do pesque e solte. O peixe fisgado pelo pescador-competidor volta ao seu ambiente para se reproduzir em poucos meses.
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Equipe 184 na concentração: “Os festivais são mais emocionantes”
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Quando uma equipe fisga um peixe válido para a pontuação, os pescadores chamam os fiscais para medi-lo. Em seguida, o peixe volta às águas
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Três quilômetros e meio de raia A emoção começa na largada: na primeira bateria, soltam-se os barcos com potências de motores acima de 60 Hp. Na segunda, é a vez dos motores de 30 a 60 Hp. Por fim, saem rumo ao rio as embarcações com potência de motores abaixo de 30 Hp. É uma explosão de fogos e de ansiedade que faz a temperatura da água subir. A raia é demarcada rio acima numa extensão de 3,5 quilômetros. A pesca é apoitada, não vale corrico. Os fiscais de pesca são todos voluntários. É a população de Cáceres vestindo a camisa do festival. São pessoas que pescam, que têm consciência ecológica, conhecem o rio e sabem manusear o peixe. Juntos com órgãos de segurança — PM, Exército e Marinha — a fiscalização(ecológica e esportiva) fica garantida. Durante todo o dia, os peixes do rio Paraguai saltam, brigam, escapam e engordam com as iscas perdidas até os barcos satisfeitos retornarem da brincadeira, deixando os peixes pantaneiros sãos e salvos.
Cada equipe posiciona-se na raia de 3,5 Km. São oito horas de duração
Pescadores recebem brinde da Revista Pesca Brasil enquanto pescam
Premiação da Pesca Embarcada Motorizada Na prova masculina de pesca embarcada, a equipe vencedora foi a Carajás, que fisgou 17 peixes, somando 29.230 pontos. Pois foi a equipe Flor de Carajás que levou o 1º lugar na categoria feminina, com seis peixes fisgados e 10.640 pontos somados. Assim, a família Reis (que compôs as equipes feminina e masculina) levou para casa duas lanchas com motores 25 Hp. E mais: a equipe masculina também ganhou o 1º lugar do campeonato estadual, levando um carro 0Km como premiação. O maior peixe pontuado foi um dourado, de 70 centímetros, capturado por uma equipe feminina.
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Foto: Sirlei Vieira
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PESCA INFANTIL Imagina 1.800 crianças a postos ansiosas para a prova de pesca infantil começar: — Tia, tia, já começou?! São duas etapas de prova: a primeira, para crianças de 4 a 8 anos e, a segunda, de 9 a 12. Os pais ficam do lado de fora. A adrenalina é total: a criança corre, pula, enrosca a linha, enverga a vara e vai entrando na água do rio. É quando o fiscal grita: — Ei, número 80, volta para a beira! Cada peixe fisgado é levado ao fiscal, que o mede na régua especial e ajuda o mini-pescador a devolver o peixe ao rio. É o futuro do pesque e solte. No final da prova, todos ganham uma medalha de participação. Os maiores peixes fisgados são premiados.
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CORRIDA DE CAIAQUE E CANOA Para valorizar a cultura pantaneira e sua ligação com o rio, o 29º FIP organizou a corrida de caiaque e canoa, nas categorias feminina e masculina. A Revista Pesca Brasil distribuiu bonés como brindes aos competidores.
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Foto: Marcelo Pinheiro
PESCA ARTESANAL DE CANOA Na pesca artesanal de canoa, a descontração dá o clima da pescaria.
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Foto: Antonio Carlos Brandão
Foto: Antonio Carlos Brandão
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