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Sofia Cristina Nunes Ricardo
Quantificação do teor de ergosterol por HPLC-UV e
determinação da actividade antioxidante no cogumelo
Pleurotus ostreatus comercializado e cultivado em borras de
café e palha de trigo
Coimbra
2013
Sofia Cristina Nunes Ricardo
Quantificação do teor de ergosterol por HPLC-UV e
determinação da actividade antioxidante no cogumelo
Pleurotus ostreatus comercializado e cultivado em borras de
café e palha de trigo
Coimbra
2013
Dissertação apresentada à Faculdade de
Farmácia da Universidade de Coimbra
para a obtenção do grau de Mestre em
Segurança Alimentar sob a orientação da
Professora Doutora Maria Conceição
Castilho e da Doutora Ana Sanches Silva.
“Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se
arrepende.”
Leonardo Da Vinci.
Aos meus Pais e Irmãos, em especial à Patrícia;
a todos aqueles que me acompanharam e me deram força
para continuar.
AGRADECIMENTOS
i
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Maria Conceição Castilho, da Faculdade de Farmácia da Universidade
de Coimbra, o meu agradecimento por me ter proporcionado a oportunidade de realizar
este trabalho, pelos ensinamentos transmitidos e pelo tempo generosamente despendido
desde o início das actividades experimentais.
À Doutora Ana Sanches Silva, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, a quem
coube a co-orientação desta dissertação, agradeço o apoio na concretização deste projecto,
orientação técnico-científica, disponibilidade, atenção e pelo conhecimento transmitido, os
quais foram fundamentais para a realização deste estudo.
À Doutora Maria Antónia Calhau, coordenadora do Departamento de Alimentação e
Nutrição, à Doutora Helena Soares Costa, responsável pela Unidade de Investigação &
Desenvolvimento, e ao Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge que possibilitaram
a concretização de parte deste trabalho.
Ao Professor Doutor Fernando Ramos, da Faculdade de Farmácia da Universidade de
Coimbra, pelo apoio técnico-científico prestado.
Agradeço a toda equipa do Laboratório de Bromatologia e Nutrição da Faculdade de
Farmácia da Universidade de Coimbra por toda a colaboração durante toda actividade
experimental e que tornaram este trabalho possível.
À Patrícia Ricardo, à Rute Gomes, à Patrícia Vicente, à Diana Lourenço, à Andreia Vicente e
ao Ricardo Pereira pelas longas horas de companhia, amizade e entreajuda.
Aos meus amigos que se mostraram interessados, dispostos em ajudar-me e tiveram sempre
uma palavra de ânimo.
Aos meus pais e irmãos o meu profundo agradecimento por todo o apoio, compreensão e
por nunca terem deixado de acreditar em mim.
ABREVIATURAS
ii
ABREVIATURAS
ABTS - Ácido 2,2'-azino-bis (3-etilbenzotiazolin-6-sulfonico)
AGS - Ácidos gordos saturados
ATP - Adenosina trifosfato
BHA - Butil hidroxianisol
BHT - Butil hidroxitolueno
CBG - Cogumelo cultivado em borras de café
CBP - Cogumelo cultivado em borras de café e papelão
CES - Cogumelo enlatado (origem Portugal)
CFE - Cogumelo comercializado (origem Espanha)
CFP - Cogumelo comercializado (origem Portugal)
CPG - Cogumelo cultivado em palha de trigo
CSD - Cogumelo Lentinula edodes comercializado desidratado (origem China).
DAD - Detector de diodos (Diode-Array Detection)
DNA - Ácido desoxirribonucleico
DPPH• - Radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazilo
EFSA - Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (European Food Safety Authority)
ET - Transferência de electrões (Electron Transfer)
FDA - Administração da Alimentação e Drogas (Food and Drugs Administration)
FRAP - Poder redutor férrico (Ferric Reducing Antioxidant Power)
GC-FID - Cromatografia gasosa com detector de Ionização de chama (Gas
Chromatography - Flame Ionization Detector)
HAT - Tranferência de átomos de hidrogénio (Hydrogen Atom Transfer)
HPLC - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (High-Performance Liquid
Chromatography)
ICH - Conferência Internacional de Harmonização (Internacional Conference on
Harmonization)
LD - Limite de Detecção
LDL - Lipoproteínas de baixa densidade
LQ - Limite de Quantificação
min. - minuto
mL - mililitro
MUFA - Ácidos gordos monoinsaturados
ABREVIATURAS
iii
n - Número de réplicas
NP - Norma Portuguesa
ºC - graus Celsius
ORAC - Capacidade de absorção de radicais de oxigénio (Oxygen Radical Absorbance
Capacity)
PI - Percentagem de Inibição
PITP - Posfatidilinositol
PUFA - Ácidos gordos polinsaturados
r - Coeficiente de correlação
r2 - Coeficiente de determinação
REDOX - Reacções de Oxidação-Redução
RNA - Ácido ribonucleico
RNS - Espécies Reactivas de Azoto
ROO• - Radical Peroxilo
ROS - Espécies Reactivas de Oxigénio
Rpm - Rotações por minuto
RSD - Desvio padrão relativo
RSD - Desvio-padrão relativo
RT- Tempo de retenção
TRAP - Total Reactive Antioxidant Potential (Total Reactive Antioxidant Potential)
USDA - Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (United States
Department of Agriculture)
USP - Farmacopeia dos Estados Unidos (The United States Pharmacopeia)
UV - Ultra-violeta
UV-Vis - Ultravioleta-Visível
ND – Não detectado
RESUMO
iv
RESUMO
Os cogumelos comestíveis são apreciados em todo o mundo não só pela sua textura
e sabor, mas também pelas suas propriedades nutricionais e funcionais.
Estas propriedades devem-se ao facto dos cogumelos possuírem compostos bioactivos,
nomeadamente, ergosterol (precursor da vitamina D2), compostos fenólicos, tocoferóis,
ácido ascórbico e carotenóides, responsáveis pela actividade antioxidante, pelo que podem
ser associados à promoção da saúde.
Um dos cogumelos comestíveis que tem suscitado maior interesse nos últimos anos
é o Pleurotus ostreatus, conhecido como cogumelo ostra, devido à facilidade de cultivo e ao
seu grande potencial económico e qualidade nutricional. Existe, assim, a necessidade de
estudar o seu índice qualitativo e quantitativo de nutrientes e de compostos bioactivos por
forma a sobrevalorizar o seu cultivo.
Este estudo tem por objectivo centrar-se, fundamentalmente, na quantificação do
teor de ergosterol por HPLC-UV (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência – detector UV-
Vis) e na determinação da actividade antioxidante pelo método da actividade captadora do
radical livre DPPH• (2,2-difenil-1-picril-hidrazilo) do cogumelo Pleurotus ostreatus cultivado
em diferentes substratos, nomeadamente, borras de café e palha de trigo, dada a sua possível
influência no teor de compostos bioactivos na matriz em estudo.
Os resultados obtidos para a actividade antioxidante, expressos em EC50, indicaram
uma maior actividade antioxidante no caso das amostras de cogumelo P. ostreatus cultivado
em borras de café (17 mg/mL) e em borras de café e papelão (14 mg/mL), comparativamente
à amostra cultivada em palha de trigo (26 mg/mL) e às restantes amostras obtidas
comercialmente. Estes resultados também sugerem a influência da composição do substrato
utilizado no cultivo no teor de compostos antioxidantes no cogumelo Pleurotus, sendo que
tal pode ser justificado pelo facto das borras de café apresentarem teores consideráveis de
compostos fenólicos totais na sua composição.
O método cromatográfico desenvolvido para a determinação do ergosterol provou
ser específico, selectivo e rápido, apresentando a detecção do ergosterol a um RT de
aproximadamente, 3,2 minutos. A lineariedade estudada foi satisfatória (r2 = 0,9969) num
intervalo de 200 a 2000 µg/mL. A precisão intra-dia e inter-dia para a amostra de cogumelo
cultivado em borras de café (n=3) apresentou valores de desvio padrão relativo (% RSD) de
4,9 % e e 7,8 %, respectivamente. No caso da amostra de cogumelo cultivado em palha de
trigo (n=3), os valores de precisão intra-dia e inter-dia foram de 2 % e de 5,8 %,
RESUMO
v
respectivamente. A metodologia de extracção desenvolvida apresentou resultados variáveis
de recuperação do ergosterol (78,2 % a 101 %) para os três níveis de concentração
estudados.
Verificou-se que a amostra de cogumelo P. ostreatus cultivado em borras de café
apresentou uma concentração de ergosterol superior (4,06 mg/g ± 0,32 de matéria seca)
relativamente à amostra de cogumelo P. ostreatus cultivado em palha de trigo (3,34 mg/g ±
0,19 de matéria seca), sendo que os resultados indicam que o substrato à base de borras de
café poderá ter uma influência no aumento da concentração de ergosterol, embora os
teores sejam relativamente próximos.
O conhecimento científico de determinados compostos, como o ergosterol, e da
actividade antioxidante em cogumelos ostra cultivados em Portugal é escasso, sendo o seu
estudo fundamental para sobrevalorizar e incentivar o cultivo e o consumo deste alimento
funcional, que constitui, também, uma fonte promissora de compostos bioactivos para
alimentação humana e para a produção de preparados farmacêuticos e suplementos
alimentares.
Palavras-chave: Ergosterol; DPPH; Pleurotus ostreatus; Actividade Antioxidante; Borras de
café; HPLC-UV.
ABSTRACT
vi
ABSTRACT
Edible mushrooms are appreciated throughout the world not only for their taste and
texture, but also for their nutritional and functional properties.
These properties are due to the presence of bioactive compounds in mushrooms, such as,
ergosterol (precursor of vitamin D2), phenolic compounds, tocopherols, ascorbic acid and
carotenoids, responsible for the antioxidant activity so they may be associated with health
promotion.
The mushroom Pleurotus ostreatus (oyster mushroom) is an edible mushroom that has
sparked greater interest in recent years due to the facility of cultivation and its potential
economic and nutritional quality. Thus, it becomes essential to study their qualitative and
quantitative content on nutrients and bioactive compounds.
The aim of the present work was to determine the ergosterol content by HPLC-UV
(High-Pressure Liquid Chromatography - Ultra Violet detector) and to carry out the
determination of the antioxidant activity by DPPH radical scavenging activity assay in the
Pleurotus ostreatus mushrooms grown on different substrates, namely coffee grounds and
wheat straw, due to their possible influence on the content of bioactive compounds of
mushrooms.
The results obtained for antioxidant activity, expressed as EC50, showed an increased
antioxidant activity for samples of P. ostreatus grown on coffee grounds (17 mg/ml) and
coffee grounds and cardboard (14 mg/ml) compared to those grown on wheat straw (26
mg/mL) and the remaining samples obtained commercially. These results also suggest the
influence of the substrate used in the content of antioxidant compounds of Pleurotus
mushrooms, and that may be justified by the fact that coffee grounds have considerable
levels of phenolic compounds in their composition.
The chromatographic method developed for the determination of ergosterol proved
to be specific, selective and rapid. Ergosterol as a retention time of approximately, 3.2
minutes. Linearity was satisfactory (r2 = 0.9969) in the range 200-2000 mg / mL.
Regarding the intra-assay and inter-essay precision, sample of mushroom grown in coffee
grounds (n = 3) was obtained relative standard deviation (RSD %) values of 4.9 % and 7.8 %,
respectively. Regarding cultivated in wheat straw (n = 3), the relative standard deviation
(RSD %) values of intra-assay and inter-assay precision were 2 % and 5.8 %, respectively. The
extraction process of ergosterol showed variables recovery results for the concentration
levels studied (78.2 % to 101 %).
ABSTRACT
vii
P. ostreatus mushroom grown in coffee grounds had the highest concentration of ergosterol
(4.06 mg/g dry matter ± 0.32) compared with sample of mushroom P. ostreatus grown on
wheat straw (3.34 mg/g dry matter ± 0.19). These results indicate that the substrate based
on coffee grounds may have an influence on the increase of the concentration of ergosterol.
The scientific knowledge of certain compounds, such as ergosterol, and the
antioxidant activity of oyster mushrooms grown in Portugal is scarce. Thus, this study is
fundamental to overestimate and encourage the cultivation and consumption of functional
food, which is also a promising source of bioactive compounds for human consumption and
for the production of pharmaceutical preparations and dietary supplements.
Keywords: Ergosterol; DPPH; Pleurotus ostreatus; Antioxidant activity; Coffee grounds;
HPLC-UV.
ÍNDICE DE TABELAS
viii
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................. i
ABREVIATURAS ......................................................................................................................................... ii
RESUMO………………...…………………………………………………..…….….………...iv
ABSTRACT……………………………………………………………….……………………vi
ÍNDICE GERAL ........................................................................................................................................ viii
ÍNDICE DE FIGURAS .............................................................................................................................. xii
INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................................................ xiv
1. Introdução ........................................................................................................................................... 1
1.1. Considerações gerais sobre os cogumelos ................................................................................ 1
1.2. A importância dos cogumelos comestíveis na alimentação humana .................................... 3
1.3. Caracterização do cogumelo Pleurotus ostreatus ....................................................................... 4
1.3.1. Descrição Morfológica .............................................................................................................. 5
1.3.2. O cultivo ....................................................................................................................................... 5
1.3.3. Composição nutricional ............................................................................................................ 7
1.3.3.1. Proteínas e aminoácidos ..................................................................................................... 7
1.3.3.2. Lípidos ..................................................................................................................................... 8
1.3.3.3. Hidratos de Carbono .......................................................................................................... 9
1.3.3.4. Fibras alimentares ............................................................................................................... 10
1.3.3.5. Vitaminas .............................................................................................................................. 11
1.3.3.6. Minerais ................................................................................................................................ 11
1.4. Actividade antioxidante ................................................................................................................ 12
1.4.1. Os radicais livres ...................................................................................................................... 13
1.4.2. O stresse oxidativo .................................................................................................................. 14
1.4.3. O contributo dos cogumelos contra o stresse oxidativo ............................................... 15
1.4.4. Compostos Antioxidantes ...................................................................................................... 16
ÍNDICE DE TABELAS
ix
1.4.4.1. Compostos fenólicos ....................................................................................................... 18
1.4.4.2. Vitamina E (α-tocoferol) ................................................................................................. 19
1.4.4.3. Ácido ascórbico (Vitamina C) ........................................................................................ 20
1.4.4.4. β – Caroteno ..................................................................................................................... 21
1.5. Os esteróis ...................................................................................................................................... 22
1.5.1. O papel fisiológico dos esteróis ............................................................................................ 23
1.5.2. Ergosterol ................................................................................................................................... 23
1.5.2.1. Caracterização química ................................................................................................... 23
1.5.2.2. Ergosterol versus colesterol ........................................................................................... 25
1.5.2.3. As funções do ergosterol ............................................................................................... 25
1.5.2.4. A Conversão do ergosterol dos cogumelos em vitamina D2 ................................. 26
1.5.2.5. Fontes de ergosterol ........................................................................................................ 29
1.5.2.6. Os benefícios para a saúde do ergosterol e dos seus produtos ............................ 32
1.6. Métodos de pré-tratamento, extracção e quantificação ....................................................... 34
1.6.1. Métodos utilizados para a determinação da actividade antioxidante em cogumelos in
vitro…………………………………………………………………………………………34
1.6.2. Processos de pré-tratamento da amostra para extracção do ergosterol ................... 36
1.6.3. Processos de extracção do ergosterol da amostra .......................................................... 37
1.6.4. Métodos analíticos para a quantificação do ergosterol .................................................... 38
2. Material e Métodos ..................................................................................................................... 40
2.1. Determinação da humidade ......................................................................................................... 40
2.2. Determinação da actividade antioxidante ................................................................................ 42
2.2.1. Amostras biológicas ................................................................................................................. 42
2.2.1.1. Produção do cogumelo Pleurotus ostreatus a partir de borras de café e papelão 42
2.2.2. Reagentes ................................................................................................................................... 44
2.2.3. Material e Equipamentos ......................................................................................................... 44
2.2.4. Determinação da actividade antioxidante in vitro dos extractos de cogumelo ........... 45
ÍNDICE DE TABELAS
x
2.2.4.1. Preparação dos extractos de cogumelo para a determinação da actividade
antioxidante…………………………………………………………………………………...45
2.2.4.2. Avaliação da actividade antioxidante pelo método do radical DPPH• ................ 46
2.3. Determinação do ergosterol no cogumelo Pleurotus ostreatus cultivado em borras de
café e em palha de trigo .......................................................................................................................... 48
2.3.1. Amostras biológicas ................................................................................................................. 48
2.3.2. Reagentes e Padrões ................................................................................................................ 49
2.3.3. Material e Equipamentos ......................................................................................................... 49
2.3.4. Preparação de soluções .......................................................................................................... 50
2.3.4.1. Soluções padrão.................................................................................................................. 50
2.3.4.2. Preparação da fase móvel ................................................................................................. 50
2.3.5. Preparação da amostra para a determinação do ergosterol por HPLC-UV ............... 50
2.3.5.1. Processo de extracção do ergosterol .......................................................................... 51
2.3.6. Análise cromatográfica ............................................................................................................ 52
2.3.6.1. Sistema cromatográfico...................................................................................................... 52
2.3.6.2. Condições cromatográficas ............................................................................................ 53
3. Resultados e Discussão ................................................................................................................ 54
3.1. Determinação da humidade ......................................................................................................... 54
3.2. Avaliação da actividade antioxidante pelo método do radical DPPH• ............................... 56
3.3. Determinação do ergosterol ....................................................................................................... 61
3.3.1. Justificação do método de extracção e das condições cromatográficas utilizados ... 61
3.3.2. Validação da metodologia analítica ....................................................................................... 61
3.3.3. Parâmetros de validação ......................................................................................................... 62
3.3.4. Discussão dos resultados ....................................................................................................... 68
4. Conclusões e considerações finais .......................................................................................... 71
5. Referências bibliográficas ........................................................................................................... 74
Anexo I – Equações utilizadas na validação da metodologia ........................................................... 89
ÍNDICE DE TABELAS
xi
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação taxonómica do cogumelo Pleurotus ostreatus (Fonte: Alexopoulos et
al., 1996) ....................................................................................................................................................... 4
Tabela 2 - Valor nutricional do cogumelo P. ostreatus expresso em g/100 g de matéria seca.
........................................................................................................................................................................ 7
Tabela 3 - Principais Espécies Radicalares (Fonte: Magalhães, 2009) ......................................... 13
Tabela 4 - Teor de fenóis totais expresso em equivalentes de ácido gálico (GAE) no P.
ostreatus e em outras espécies de cogumelos utilizando o método Folin-Ciocalteu. a Amostras
secas em estufa; bAmostras liofilizadas................................................................................................. 17
Tabela 5 - Teor de tocoferóis, α-tocoferol, ácido ascórbico e β-caroteno presente no P.
ostreatus e em outras espécies. .............................................................................................................. 18
Tabela 6 - Concentração de ergosterol livre, ergosterol esterificado e ergosterol total
(mg/g de matéria seca) em várias espécies de cogumelos comestíveis e respectivos tecidos. I
– Amostras cultivadas; aAmostras secas em estufa; bAmostras liofilizadas. ................................. 31
Tabela 7 - Condições do sistema de cromatografia líquida para a determinação do
ergosterol em amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus ................................................................ 53
Tabela 8 - Percentagem de humidade presente em 100 g de amostra de cogumelo Pleurotus
ostreatus fresco e enlatado. ..................................................................................................................... 54
Tabela 9 - Percentagem de humidade (%) presente em 100 g de amostra de cogumelo
pertencentes a várias espécies. .............................................................................................................. 55
Tabela 10 - Coeficiente de determinação (r2) obtido para as amostras de cogumelo P.
ostreatus e Lentinula edodes (Shiitake) na determinação da actividade antioxidante pelo
método do radical DPPH•. ..................................................................................................................... 57
Tabela 11 - Capacidade antioxidante, expressa em EC50 (mg/mL), dos extractos
metanólicos das amostras de P. ostreatus utilizando o método do radical livre DPPH•.
Percentagem de inibição obtida para a concentração de 18, 75 mg/mL para cada amostra. .. 58
Tabela 12 - Precisão da determinação do ergosterol em análises intra-dia e inter-dia nas
amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus cultivado em diferentes substratos........................... 65
Tabela 13 - Valores de recuperação (%) obtidos para os 3 níveis de concentrações na
amostra de P. ostreatus cultivado em borras de café. ....................................................................... 67
ÍNDICE DE FIGURAS
xii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Estrutura de um Basidiomycota (Adaptado: Kalac, 2000). ........................................... 2
Figura 2 - Partes principais de um corpo frutífero da espécie Pleurotus ostreatus. (A)
Chapéu; (B) Lâminas; (C) Pé/Caule (Fonte: Bruschi, 2013). ............................................................. 5
Figura 3 - Produção de cogumelos Pleurotus ostreatus na fase de frutificação (Fonte:
Micosylva, 2012). ......................................................................................................................................... 6
Figura 4 - As principais causas relacionadas com o excesso de produção de radicais livres
(stresse oxidativo), possíveis alvos celulares e consequências associadas ao stresse oxidativo
(Fonte: Ferreira & Abreu, 2007). .......................................................................................................... 14
Figura 5 - Estruturas químicas para os ácidos fenólicos derivados do: (a) - ácido cinâmico e
(b) - ácido benzóico (Fonte: Campos, 1999). ..................................................................................... 19
Figura 6 - Estrutura base para os flavonóides (Fonte: Sandhar, 2011). ...................................... 19
Figura 7 - Estrutura química dos tocoferóis (Fonte: Ramalho et al., 2006)............................... 20
Figura 8 - Estrutura química do ácido L-ascórbico (Batista, 2012) ............................................. 21
Figura 9 - Estrutura química do β-caroteno (Fonte: EFSA, 2012) ............................................... 22
Figura 10 - Representação da fórmula geral dos esteróides (Fonte: Casimir, 2008) ............. 22
Figura 11 - Estrutura química de uma molécula de ergosterol (Yuan et al., 2006). ................ 24
Figura 12 - Estrutura dos principais esteróis em mamíferos e em fungos, colesterol e
ergosterol, respectivamente (Fonte: Cordeiro et al., 2009). .......................................................... 25
Figura 13 - O mecanismo de conversão do ergosterol em vitamina D2. (A) Clivagem
fotoquímica do anel B por UV; (B) Rearranjo térmico (Fonte: Horst & Reinhardt, 1997). .... 27
Figura 14 - Fluxograma de produção do cogumelo P. ostreatus. ................................................. 43
Figura 15 - (A) Início da frutificação (B) Fim da frutificação (C) Após a colheita. ................... 44
Figura 16 - Redução da molécula de DPPH. DPPH na forma de radical livre (Violeta); DPPH
na forma reduzida (Amarelo pálido) (Fonte: Santos et al., 2011). ................................................. 46
Figura 17 - Produto da empresa Gumelo (Fonte: Gumelo, 2013).............................................. 48
Figura 18 - Saponificação (aquecimento sob refluxo). ................................................................... 51
Figura 19 - Sistema de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) utilizado na
determinação do ergosterol. .................................................................................................................. 52
Figura 20 - (A) Extracto metanólico de cogumelo; (B) Extracto etanólico de cogumelo. .... 56
Figura 21 - Pico cromatográfico do padrão do ergosterol (400 µg/mL), a 282 nm, tempo de
retenção de 3,2 minutos. ........................................................................................................................ 63
ÍNDICE DE FIGURAS
xiii
Figura 22 - (A) Pico cromatográfico do ergosterol a 282 nm na amostra de cogumelo P.
ostreatus cultivada em borras de café a 282 nm (Tempo de retenção 3,2 min); (B) Pico
cromatográfico do ergosterol na amostra de cogumelo P. ostreatus cultivada em palha de
trigo a 282 nm (Tempo de retenção de 3,2 min.). ............................................................................ 63
Figura 23 - Representação gráfica da curva de calibração do ergosterol num intervalo de
concetrações de 200 a 2000 µg/mL. ..................................................................................................... 64
INTRODUÇÃO GERAL
xiv
INTRODUÇÃO GERAL
Os cogumelos comestíveis têm sido amplamente utilizados na alimentação humana
durante séculos e têm sido apreciados pelas suas características organolépticas. No entanto,
o conhecimento de que os cogumelos comestíveis são um alimento saudável, rico em
compostos biologicamente activos com valor medicinal, só surgiu recentemente (Lindequist
et al., 2005).
Nesta dissertação estudou-se especificamente o cogumelo Pleurotus ostreatus devido à
sua qualidade nutricional e facilidade de cultivo que o tornam um grande potencial
económico. Uma particularidade importante no cultivo desta espécie é a possibilidade da
utilização de resíduos agro-alimentares, como é o caso das borras de café.
Portugal é um dos países importadores de café, sendo co-responsável por resíduos
como as borras de café, que constitui um volume de resíduos representativos. Estima-se
uma produção nacinal de 40 mil toneladas/ano de borras de café, sendo que o seu destino
continua a ser aterros sanitários ou incineradoras, constituindo uma ameaça ambiental por
ser um resíduo tóxico (Ferreira, 2011).
O uso das borras de café no substrato de crescimento Pleurotus ostreatus revelou-se
ser bastante vantajoso pois permite produzir cogumelos de elevado valor comercial, e o
resíduo restante torna-se menos tóxico devido à degradação parcial da cafeína e de taninos,
promovida pelo fungo (Fan & Soccol, 2005).
O tipo de substrato utilizado no cultivo do cogumelo Pleurotus tem influência no teor
de compostos biactivos, nomeadamente, no teor de esteróis totais no cogumelo (Savón et
al. 2002). Uma vez que existem poucos estudos que reportem esta influência, sendo
inexistentes em Portugal, decidiu-se realizar a quantificação por HPLC-UV do esterol
maioritário presente nos fungos, o ergosterol, em amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus
cultivadas em borras de café e em palha de trigo, nas mesmas condições ambientais, sendo
este o principal objectivo desta dissertação.
O ergosterol é um composto com actividades farmacológicas interessantes, as quais
se destacam a actividade antimicrobiana, antitumoral e antioxidante (Yuan et al., 2006),
sendo que até ao momento não foram publicados estudos nacionais sobre a sua
quantificação em cogumelos.
Um outro objectivo desta dissertação foi a determinação da actividade antioxidante
pelo método do radical DPPH• em amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus cultivado em
borras de café e em palha de trigo, por forma a verificar se o tipo de substrato utilizado
INTRODUÇÃO GERAL
xv
também teria influência no teor de compostos antioxidantes desta matriz, até ao momento
não estudada. Nesta determinação também se utilizou uma amostra de Pleurotus ostreatus
cultivada in loco em borras de café e papelão e diferentes amostras de cogumelo Pleurotus
ostreatus e Lentinula edodes, obtidas comercialmente, de modo a estabelecer-se uma
comparação.
Organização da Dissertação
A presente dissertação encontra-se estruturada em cinco partes fundamentais,
nomeadamente, a revisão bibliográfica (1), material e métodos (2), resultados e discussão (3),
conclusões e considerações finais (4) e referências bibliográficas (5).
Na introdução aborda-se inicialmente os cogumelos comestíveis de um modo geral e
a sua importância na alimentação humana. É realizada a caracterização do cogumelo Pleurotus
ostreatus sob o ponto de vista morfológico, taxonómico, das particularidades do seu cultivo e
da sua composição nutricional. A actividade antioxidante é abordada, descrevendo-se a
problemática do stresse oxidativo, o contributo dos cogumelos contra o stress oxidativo e
os compostos antioxidantes presentes no cogumelo P. ostreatus. O ergosterol é explorado
no que diz respeito à sua caracterização química, às sua funções, à sua conversão em
vitamina D2, às suas principais fontes e aos seus benefícios para a saúde humana. No final é
realizada uma revisão dos métodos utilizados para a determinação da actividade antioxidante
em cogumelos e das metodologias analíticas desenvolvidas para a determinação do
ergosterol em cogumelos nessa mesma matriz.
Na parte de material e métodos caracterizam-se as amostras usadas, os reagentes,
materiais e equipamentos utilizados na determinação da humidade, da determinação da
actividade antioxidante e na quantificação do teor de ergosterol.
Na parte dos resultados e discussão, faz-se em primeiro lugar a apresentação e
discussão dos resultados da determinação da humidade. Os resuldados da actividade
antioxidante nas diferentes amostras de P. ostreatus e de Lentinula edodes são discutidos e
comparados entre si. É realizado o estudo dos parâmetros de validação de acordo com os
critérios estabelecidos pelas organizações internacionais, apresentando-se e discutindo-se os
resultados obtidos nas amostras de cogumelo cultivados em borras de café e em palha de
trigo.
No final, apresenta-se uma compilação das conclusões gerais retiradas do trabalho
efectuado, de acordo com os resultados obtidos.
Introdução
1
1. Introdução
1.1. Considerações gerais sobre os cogumelos
Os cogumelos constituem um grupo de organismos que foi enquadrado durante
longos anos entre os vegetais. Porém, a partir da década de 60, os cogumelos foram
colocados num reino autónomo devido às suas características peculiares, denominado, Reino
Fungi (Alexopoulos et al., 1996).
Os fungos foram definidos com base nas suas características como organismos
eucariotas que produzem esporos, não sintetizam clorofila e não possuem celulose na sua
parede celular, sendo esta constituída, na maioria das vezes, por α-quitina. São seres
heterotróficos, obtendo o seu alimento por absorção e armazenam o glicogénio como
substância de reserva (Kirk et al. 2008).
Os fungos na sua grande maioria são saprófitas, ou seja, produzem enzimas que
hidrolisam a matéria orgânica morta que os rodeia, sendo que nesta categoria estão
inseridos os cogumelos comestíveis do género Pleurotus. Todavia, podem ser, também,
parasitas que recebem o alimento do corpo dos hospedeiros, prejudicando-os, ou com
benefício para ambos. (Alexopoulos et al., 1996; Bononi et al., 1999).
Algumas espécies de fungos podem ser tanto saprófitas como parasitas,
ocasionalmente, o que lhes permite agirem de acordo com a oportunidade apresentada pelo
ambiente, pelas condições do substrato e pela suscetibilidade do hospedeiro (Alexopoulos et
al., 1996).
Os cogumelos são a parte visível de certos fungos, o chamado “fruto” portador de
esporos necessários para se reproduzir. Neste tipo de fungos, a parte vegetativa é formada
por uma rede de filamentos ramificados chamados hifas. Estas contêm citoplasma e núcleos,
e podem apresentar diferentes formas. As hifas iniciam-se como formações tubulares a partir
de esporos, ramificando-se repetidamente. Constituem, assim, uma rede mais ou menos
densa que forma o micélio (Carlile et al., 2001).
Os fungos podem reproduzir-se sexual e/ou assexuadamente por gemiparidade ou
por formação de vários esporos. O tipo de reprodução que apresentam bem como outras
características tais como as suas microestruturas, especializações de acordo com o modo de
vida, enzimas produzidas, entre outras, permitem classificar os fungos em vários grupos,
considerando-se quatro divisões fundamentais, nomeadamente, Zygomycota, Ascomycota,
Basidiomycota e Deuteromycota (Bononi et al., 1999).
Introdução
2
Os fungos pertencentes à divisão Basidiomycota apresentam um processo de
reprodução sexuada que envolve a produção de basidiósporos, contidos num basídio, nos
quais o núcleo sofre meiose. O cogumelo da espécie Pleurotus ostreatus pertence a esta
divisão (Alexopoulos et al., 1996). A estrutura de um Basidiomycota encontra-se representada
na Figura 1.
Figura 1 - Estrutura de um Basidiomycota (Adaptado: Kalac, 2000).
Na Figura 1 encontram-se representadas as lâminas radiais existentes na face interior
do chapéu, que contêm hifas especializadas chamadas basídios que originam esporos
sexuados designados basidiósporos. O conjunto dos basídios forma assim uma estrutura
reprodutora complexa denominada basidiocarpo (Trabulsi, 1991).
Os esporos, quando maduros, caem no solo e germinam formando hifas que darão
origem aos micélios primários. Quando se encontram duas hifas compatíveis juntam-se célula
a célula e dão origem a micélios secundários, sendo estas as estruturas que irão produzir
novos cogumelos (Trabulsi, 1991).
Introdução
3
1.2. A importância dos cogumelos comestíveis na alimentação
humana
Os cogumelos têm sido utilizados pela humanidade desde sempre e são apreciados
não só enquanto alimento, mas também para outros fins, dos quais se destacam a sua
utilização como agente terapêutico (Azevedo et al., 2012)
Os cogumelos comestíveis fazem parte de duas grandes divisões: Ascomycota e
Basidiomycota (Agaricus e Pleurotus), (Bononi et al., 1999). Apesar de Portugal e de outros
países não apresentarem legislação específica que regule o comércio dos cogumelos, é
possível a comercialização de espécies cultivadas sem risco para a Saúde Pública e com
interesse sob o ponto de vista alimentar, sendo o caso de algumas espécies, nomeadamente,
o Pleurotus ostreatus (repolgas ou cogumelo ostra), o Lentinela edodes (shiitake), ambos com
propriedades medicinais, o Pleurotus eryngi, (setas de cardo), Lepista nuda (pé azul) e Agaricus
bisporus (cogumelos de Paris), entre outros (Martins, 2004).
Para além das características organolépticas e da versatilidade gastronómica, os
cogumelos comestíveis são também considerados um alimento atractivo do ponto de vista
nutricional.
Os cogumelos comestíveis contêm 90% de água e, dependendo da espécie, o
conteúdo proteico pode variar entre 27% a 48%, face à matéria seca. Apresentam uma
percentagem de hidratos de carbono na ordem dos 60% e um nível de lípidos residual (2-8%
face à matéria seca), e baixas percentagens de sódio, sendo por isso alimentos interessantes
para dietas específicas (Azevedo et al., 2012). Possuem ainda inúmeras vitaminas e minerais
essenciais, tais como, o fósforo, o magnésio, o cobre e o selénio (Manzi et al., 1999; Bernas
et al., 2006; Rai & Paul, 2007; Azevedo et al., 2012).
Actualmente surgem evidências científicas que demonstram os benefícios do
consumo de cogumelos devido às suas propriedades terapêuticas. Desta forma, têm sido
reportadas actividades pré-biótica, antioxidante e anti-inflamatória (Azevedo et al., 2012).
Algumas espécies demonstram ter acção imunomoduladora, isto é, actuam ao nível do
sistema imunitário, condicionando a resposta imunológica, com efeito anti-tumoral ou
imunossupressor. São também usadas para o tratamento e prevenção de doenças
cardiovasculares como hipertensão, hipercolesterolemia, cancro e diabetes (Helm et al.,
2009).
Introdução
4
1.3. Caracterização do cogumelo Pleurotus ostreatus
O cogumelo comestível Pleurotus ostreatus encontra-se distribuído em todo o mundo,
sendo usualmente denominado por cogumelo ostra devido à sua forma característica (Apati,
2004).
O cultivo desta espécie à escala industrial tomou ênfase a partir da década de 70,
tornando-se um dos cogumelos comestíveis mais cultivados no mundo (Apati, 2004).
O Pleurotus apresenta um ciclo de produção bastante curto uma vez que são
necessários menos de 30 dias desde o início de seu crescimento vegetativo até à primeira
colheita, num total de três ciclos de produção. Esta espécie além de apresentar um ciclo
produtivo reduzido requer uma tecnologia de produção menos complexa, sendo estas
características determinantes na viabilidade técnica e económica de um cultivo à escala
industrial (Apati, 2004; Mandeel et al., 2005; Coelho, 2012).
O Pleurotus ostreatus é um cogumelo decompositor da matéria vegetal. Esta espécie
bem como outras espécies de cogumelos produzem enzimas ligninolíticas extracelulares
como a lignina peroxidase, a manganês peroxidase e a lacase, que estão envolvidas na
degradação da lignina. Esta particularidade confere aos cogumelos a capacidade de crescerem
em troncos de árvores vivas ou mortas (Martinez et al., 2001; Regina et al., 2009; Coelho,
2012).
No que diz respeito ao ponto de vista taxonómico a espécie Pleurotus ostreatus pode
ser classificada de acordo com a Tabela 1.
Tabela 1 - Classificação taxonómica do cogumelo Pleurotus ostreatus (Fonte: Alexopoulos et
al., 1996)
Reino Fungi
Subreino Fungi Superior
Divisão Basidiomycota
Subdivisão Basidiomycotina
Classe Himenomycetes
Ordem Agaricales
Família Tricholomataceae
Género Pleurotus
Espécie ostreatus
Introdução
5
1.3.1. Descrição Morfológica
A espécie Pleurotus ostreatus (Figura 2) apresenta um chapéu convexo a plano-
convexo, de cor acizentada ou esbranquiçada e com um diâmetro de 5 a 15 centímetros. Na
parte inferior do chapéu, as lâminas encontram-se dispostas radialmente, sendo
esbranquiçadas e bastante estreitas. Esta espécie apresenta ainda um pé lateral piloso e
muito curto face ao diâmetro do chapêu. A parte edível apresenta uma coloração
esbranquiçada com aroma agradável e intenso (Barbado, 2003; Coelho 2012).
Figura 2 - Partes principais de um corpo frutífero da espécie Pleurotus ostreatus. (A) Chapéu;
(B) Lâminas; (C) Pé/Caule (Fonte: Bruschi, 2013).
1.3.2. O cultivo
Os cogumelos comestíveis do género Pleurotus apresentam determinadas
particularidades que constituem vantagens no seu cultivo em relação a outras espécies,
como é o caso do género Agaricus (Zadrazil, 1984; Apati, 2004).
O cogumelo Pleurotus apresenta um crescimento mais rápido, possui a capacidade de
se desenvolver numa grande amplitude térmica e adapta-se a uma ampla diversidade de
substratos, que não necessitam de sofrer um processo de compostagem (Zadrazil, 1984;
Apati, 2004).
Uma série de subprodutos agrícolas, como palhas de trigo, de arroz, gramíneas,
serragens, polpa e casca de frutas, folhas de bananeira, polpa de café, bagaço de cana-de
açúcar, entre outros, podem ser utilizados para produção de cogumelos comestíveis como o
P. ostreatus (Moda et al., 2005; Moura, 2008). Esta espécie por ser um fungo lignícola possui a
Introdução
6
capacidade de se desenvolver em qualquer resíduo que contenha lignina, celulose ou
hemicelulose (Bononi et al., 1995).
O cultivo do género Pleurotus é similar para todas as linhagens, com excepção das
temperaturas de frutificação. Na espécie Pleurotus ostreatus, por exemplo, a temperatura para
a sua produção varia entre 15 °C a 18 ºC (Bononi et al., 1999; Moura, 2008).
O cultivo do cogumelo Pleurotus divide-se em duas fases fundamentais,
nomeadamente, a fase de incubação e a fase de frutificação, sendo que os factores ambientais
como a temperatura, a humidade e a ventilação deverão ser bem controlados (Bononi et al.,
1995).
A fase de incubação caracteriza-se por uma actividade biológica intensa uma vez que
o micélio degrada o substrato e absorve os seus nutrientes. Este processo é visível quando
se forma uma massa branca e compacta devido ao desenvolvimento do micélio no substrato.
Esta fase apresenta uma duração de 15 a 20 dias, sendo aconselhável a manutenção da
temperatura entre 25 ºC a 28 ºC, na ausência de luz (Bononi et al., 1995; Apati, 2004).
A partir do momento em que ocorre a colonização total do substrato por parte do
micélio significa que o período de incubação terminou e dever-se-á induzir as condições
necessárias para se iniciar a fase da frutificação. Deste modo, os sacos onde se encontram o
substrato e o micélio são perfurados, submetidos a condições de luminosidade durante 12
horas por dia e recomenda-se que a humidade relativa do ar seja mantida a 95%. Por fim,
quando as margens do píleo estiverem planas significa que chegou o momento para se
proceder à sua colheita (Figura 3) (Bononi et al., 1995; Apati, 2004).
Figura 3 - Produção de cogumelos Pleurotus ostreatus na fase de frutificação (Fonte:
Micosylva, 2012).
Introdução
7
1.3.3. Composição nutricional
A crescente popularidade dos cogumelos comestíveis Pleurotus ostreatus, na Europa,
deve-se à sua qualidade sensorial e ao seu valor nutritivo. Tal como a grande maioria dos
cogumelos comestíveis, o Pleurotus ostreatus é caracterizado pelo seu baixo valor calórico
(360 kcal kg-1 parte edível), tornando-o adequado para o seu consumo numa dieta saudável
(Jaworska & Bernas., 2009).
No que diz respeito ao seu valor nutricional, o P. ostreatus contém hidratos de
carbono, fibra, vitaminas (B1, B2, B12, C, D e E), aminoácidos, baixos teores de lípidos e
teores consideráveis de minerais, tais como, potássio, fósforo, manganês, ferro e cálcio.
Contudo, a composição nutricional pode variar de acordo com o substrato utilizado no
cultivo, idade ou maturidade do corpo de frutificação (Carvalho et al., 2012).
A Tabela 2 apresentado o valor nutricional do cogumelo P. ostreatus, expresso em
matéria seca, verificando-se que para além da água, os hidratos de carbono constituem os
componentes maioritários da sua composição, seguindo-se a proteína e a gordura.
Tabela 2 - Valor nutricional do cogumelo P. ostreatus expresso em g/100 g de matéria seca.
(USDA, 2013b) (Reis et al., 2012a)
Proteína (g/100 g) 30,5 7,01
Gordura (g/100 g) 3,7 1,38
Hidratos de carbono
(g/100 g)
56,2 85,8
1.3.3.1. Proteínas e aminoácidos
Um dos principais atributos nutricionais dos cogumelos comestíveis é o seu elevado
conteúdo proteico (25%), o qual é equiparado ao do leite (25,2%) e do feijão (24,2%), sendo
mais elevado que o reportado para o arroz (7,3%) e para o trigo (13,2%). Porém, a qualidade
proteica de um alimento é, sobretudo, determinada pelo seu valor biológico (Astudillo,
2007).
A espécie Pleurotus ostreatus é considerada uma boa fonte de proteínas. Alguns
investigadores alegam que a composição em aminoácidos destes cogumelos é comparável
com à das proteínas animais (Reis et al., 2012a)
Introdução
8
Dados reunidos por vários autores apontam que os cogumelos da espécie Pleurotus
contêm, em matéria seca, entre 10,5 a 30,4 % de proteína bruta, tendo sido usado o factor
de correcção 4,38 (Furlani & Godoy, 2005). Yang et al., (2001), em Taiwan, verificou que na
amostra de P. ostreatus, proveniente do mercado local, analisada utilizando o factor de
correcção de 4,38, o teor de proteína foi de 23,9%.
É de referir que para o cálculo do teor de proteína, deve-se ter em conta o factor
de correcção a partir do conteúdo de azoto orgânico presente no alimento. O factor geral
utilizado é 6,25, o que significa que as proteínas possuem 16% de azoto totalmente
digeríveis, desprezando compostos azotados não proteicos que possam estar presentes. No
entanto, os cogumelos possuem quantidades significativas de compostos azotados não
proteicos nas suas paredes celulares, como é o caso da α-quitina. Desse modo, o factor de
correcção adoptado para os cogumelos é 4,38, sugerindo que apenas 70% dos compostos
azotados presentes sejam digeridos pelo corpo humano (0,70*6,25=4,38), (Furlani & Gody,
2005).
De acordo com um estudo sobre a comparação entre as espécies de cogumelos
verificou-se que houve uma grande variabilidade nos teores de proteína que pode ser
explicada pela concentração de α-quitina presente em cada espécie (Guillamón et al., 2010).
Ainda no género Pleurotus, Wang et al., (2001) verificaram a presença considerável de
aminoácidos essenciais, 12,67 g/100 g, em matéria seca, de um total de 34,75 g/100 g de
aminoácidos totais. O cogumelo do género Pleurotus apresentou, segundo vários autores,
todos os aminoácidos essenciais (Wang et al., 2001; Furlani & Gody, 2005). Entre os
aminoácidos essenciais mais abundantes encontrados na espécie Pleurotus ostreatus destacam-
se a leucina, a treonina e o triptofano (Chirinang & Intarapichet, 2009).
Assim, é previsível que a importância de uma dieta rica em cogumelos cresça nos
próximos anos devido à riqueza proteica deste alimento e ao interesse em reduzir os riscos
relacionados com o consumo de fontes de alimentos de origem animal.
1.3.3.2. Lípidos
Os cogumelos comestíveis são reconhecidos como uma excelente opção para dietas
de baixo valor calórico uma vez que possuem um elevado teor de água e um baixo teor de
gordura (média de 2 a 6% de gordura em matéria seca) (Kalac, 2009). Em algumas espécies,
L.. edodes, S. commune, e P. ostreatus, o teor de lípidos pode atingir apenas os 2% (Cheung,
2008).
Introdução
9
A gordura existente nos cogumelos comestíveis contém todas as classes de
compostos lipídicos, incluindo ácidos gordos livres, mono-, di-, e triglicéridos, esteróis
(ergosterol), ésteres de esteróis e fosfolípidos (Heleno et al., 2009a).
Os teores de ácidos gordos polinsaturados (MUFA) e monoinsaturados (PUFA) nos
cogumelos comestíveis são elevados, sendo o ácido linoleico e o ácido oleico os mais
significativos (Cheung, 2008; Kalac, 2013; Reis et al., 2012). Também foi reportada a presença
de ácidos gordos saturados (AGS) em várias espécies de cogumelos, sendo o ácido palmítico
o mais abundante (Cheung, 2008; Reis et al., 2012a)
Os níveis de ácido linolénico são geralmente baixos nos cogumelos, porém, apesar da
sua pequena quantidade, este composto está fortemente relacionado com o sabor de certos
cogumelos, uma vez que é o precursor do 1-octen-3-ol, sendo o principal composto
aromático na maior parte dos cogumelos (Cheung, 2008).
1.3.3.3. Hidratos de Carbono
Os hidratos de carbono são, geralmente, os componentes predominantes dos
cogumelos, sobretudo, nos corpos de frutificação. Os hidratos de carbono são os
constituintes principais do cogumelo, com exceção da água. O teor de hidratos de carbono
nos cogumelos comestíveis varia, em matéria seca, de 35 a 70 % (Cheung, 2008).
Os cogumelos comestíveis são conhecidos por apresentarem um elevado teor de
oligossacáridos e baixos teores de açúcares solúveis totais.
A glicose, o manitol e a trealose são os principais representantes dos
monossacáridos, dos seus derivados (açúcares alcoóis) e dos dissacarídeos, respectivamente.
De acordo com estudo comparativo de várias espécies, o manitol que participa no
crescimento do volume e firmeza dos corpos de frutificação é o álcool mais abundante nos
cogumelos comestíveis cultivados. No grupo dos dissacarídeos, a trealose é a mais
abundante (Barros et al., 2007a; Barros et al., 2007b; Barros et al., 2007c; Barros et al.,
2008a; Barros et al., 2008b; Heleno et al., 2009; Kalac, 2009; Kalac, 2013). O manitol
predomina na espécie Agaricus bisporus e na espécie L. edodes, enquanto que a trealose
predomina na espécie Pleurotus ostreatus e na espécie Pleurotus erynjii (Reis et al., 2012a).
Outros estudos revelaram que os álcoois, como o arabitol (12, 7 g/100 g de matéria
seca), o manitol (0,93-5,09 g /100 g de matéria seca), e o inositol (0,14-0,32 g/100 g de
matéria seca), foram encontrados em cogumelos comestíveis, sendo o manitol o principal
componente encontrado nas espécies P. ostreatus e V. volvocea.
Introdução
10
No grupo dos monossacarídeos e dissacarídeos, a glicose (0,491-3,94 g/100 g de
matéria seca), e a trealose (0,97-34,1 g/100 g de matéria seca), respectivamente, foram os
principais componentes encontrados nestas espécies de cogumelos (Cheung, 2008).
Os cogumelos comestíveis possuem, também, na sua constituição glicogénio, um
polissacarídeo de reserva dos cogumelos (5-10% da matéria seca), tal como o amido nas
plantas. Como o glicogénio é amplamente consumido pelos seres humanos, principalmente
na carne, a sua baixa ingestão nos cogumelos é nutricionalmente insignificante (Reis et al.,
2012a).
1.3.3.4. Fibras alimentares
O teor de hidratos de carbono inclui, também, as fibras alimentares, tais como, os
polissacáridos estruturais, β-glucanas, α-quitina, hemiceluloses e substâncias pécticas (Kalac,
2009).
Além do cogumelo Pleurotus ostreatus, outras espécies apresentaram um nível elevado
ou apreciável de fibra total, nomeadamente, Agrocybe aegerita, A.bisporus, Pleurotus eryngii.
Contudo, os cogumelos comestíveis, de um modo geral, apresentam níveis mais elevados de
fibra insolúvel do que de fibra solúvel (Reis et al., 2012a).
A quitina é o polímero da N-acetilglicosamina, sendo um polissacarídeo estrutural
importante presente na parede celular dos cogumelos. A quitina é um polissacarídeo
insolúvel em água, indigerível pelos seres humanos e representa 80-90% da matéria seca da
parede celular dos cogumelos (Kalac, 2013)
As glucanas constituem os principais homopolissacáridos presentes na parede celular
dos cogumelos. As sua ligações glicosídicas apresentam diferentes disposições (α ou β),
sendo que as α-glucanas constituem a forma predominante, podendo se encontrar livres ou
associadas a outros polissacarídeos, proteínas e lípidos (Williams, 1997; Assis, 2011).
As glucanas constituem compostos bioactivos promotores da saúde uma vez que
apresentam propriedades hipocolesterolémica, anticoagulante, antitumorogénica, anti-
citotóxica e antimutagénica. Além disso, estimulam o sistema imunitário, modulando a
imunidade humoral e celular, exercendo assim um efeito benéfico no combate a infecções
(Mantovani et al., 2008; Assis, 2011).
Introdução
11
1.3.3.5. Vitaminas
As vitaminas são compostos orgânicos importantes para o organismo uma vez que
este não é capaz de as sintetizar. São essencias para evitar doenças como a xeroftalmia, o
escorbuto, o beribéri e o raquitismo que são causadas por hipovitaminoses. Todos os
cogumelos são uma boa fonte de niacina, ácido ascórbico (vitamina C), tiamina (vitamina B1),
riboflavina (vitamina B2), folatos e biotina (Pauli, 2010).
No caso particular da espécie Pleurotus ostreatus, o teor de tiamina varia de 4,8 a 7,8
mg/100 g, o teor de riboflavina de 4,7 a 4,9 mg/100 g e o teor de niacina varia de 55 a 109
mg/100 g, sendo os dados expressos em matéria seca. Os teores de ácido ascórbico
(vitamina C) são muito altos, variando de 36 a 58 mg/100 g de matéria seca, pelo que esta
espécie pode ser uma fonte de antioxidantes para a produção de medicamentos e
complementos nutricionais, como também, no tratamento das diabetes, da hipoglicémia e do
cancro (Romero et al., 2000).
Os cogumelos possuem um teor considerável de ergosterol que é transformado em
vitamina D2 por acção de raios ultravioleta, quando são submetidos a um processo de
fotoirradiação. Os cogumelos comestíveis fotoirradiados constituem, assim, uma boa fonte
desta vitamina tão importante para a absorção do cálcio, sobretudo do fosfato de cálcio,
fundamental para o bom desenvolvimento dos ossos e dos dentes (Jasinghe, 2005).
1.3.3.6. Minerais
Os minerais são obtidos a partir da alimentação, uma vez que não são sintetizados
pelo organismo, e possuem um papel importante na saúde na medida em que regulam o
sistema biológico. A quantidade de minerais presentes nos cogumelos está directamente
relacionada com determinados factores, tais como, a espécie, a área de cultivo, o tempo de
crescimento do corpo de frutificação e a distância de fontes poluidoras, sendo também
altamente influenciada pelas condições de cultivo, como o clima e o substrato (Gençcelep et
al., 2009; Pauli, 2010).
Os cogumelos absorvem todos os minerais que se encontram no substrato onde são
cultivados que, geralmente, contêm uma boa quantidade de fósforo e potássio e uma menor
quantidade de cálcio. Os cogumelos comestíveis cultivados, incluindo o P. ostreatus, são uma
boa fonte de minerais, contendo na sua composição o potássio, o fósforo, o magnésio, o
cálcio e o sódio. Também podem conter microelementos, nomeadamente, o cobre, o ferro,
o manganês e o zinco (Chang & Miles, 2004; Cheung, 2008).
Introdução
12
Os cogumelos são também conhecidos por acumularem metais pesados, porém, a
concentração desses elementos depende da espécie e da composição do substrato. Os níveis
de cádmio e selénio variam, mas baixos níveis de chumbo e mercúrio são, geralmente,
reportados (Cheung, 2008).
Os cogumelos são, também, ricos em selénio, sendo este elemento importante na
medida em que está envolvido em diversas funções fisiológicas que incluem actividade no
centro catalítico de proteínas, aumento de funções do sistema imunitário e redução do risco
de cancro (Silva, 2009).
1.4. Actividade antioxidante
A manutenção do equilíbrio entre a produção de radicais livres e as defesas
antioxidantes (enzimas e moléculas não enzimáticas) é uma condição essencial para o
funcionamento normal do organismo. Quando este equilíbrio tende para a produção não
controlada de radicais livres significa que o organismo está em stresse oxidativo e, nestas
situações, os radicais livres em excesso podem oxidar e danificar os lípidos celulares, as
proteínas, o DNA (ácido desoxirribonucleico) e o RNA (ácido ribonucleico), inibindo a sua
função normal e, conduzindo, a várias doenças, tais como, aterosclerose, diabetes, cirrose,
cataratas, cancro e envelhecimento precoce (Valko et al., 2007; Ferreira et al., 2009).
Nos organismos aeróbios, os radicais livres são constantemente produzidos durante
o funcionamento normal da célula, na maior parte sob a forma de espécies reactivas de
oxigénio (ROS) e de azoto (RNS).
A exposição dos organismos a radicais livres, conduziu ao desenvolvimento de
mecanismos de defesa endógenos para os eliminar (Ferreira & Abreu, 2007). Porém, apesar
de todos os organismos possuírem sistemas de defesa e de reparação que evoluíram para
protege-los contra danos oxidativos, estes sistemas são muitas vezes insuficientes para
impedir, completamente, os danos induzidos pelo stresse oxidativo (Yang et al., 2001).
Contudo, a presença de antioxidantes na dieta pode ajudar o sistema de defesa endógeno,
reduzindo os danos oxidativos (Fang et al., 2002; Liu, 2003; Barros et al., 2008b).
Assim, existe, actualmente, um grande interesse na utilização de antioxidantes
naturais, como suplementos alimentares e na conservação dos alimentos, com vista a
proteger os componentes do corpo humano e os alimentos contra os danos oxidativos,
respectivamente. No entanto, os antioxidantes sintéticos, como o BHA (butil hidroxianisol)
Introdução
13
e o BHT (butil hidroxitolueno), apresentam um uso restrito em alimentos pois são suspeitos
de serem cancerígenos. Por esta razão, as fontes naturais de compostos antioxidantes, como
os cogumelos, estão a ser cada vez mais procuradas (Jayakumar et al., 2009).
O cogumelo Pleurotus ostreatus é reportado como uma das espécies comestíveis com
uma elevada actividade antioxidante, estando os compostos antioxidantes presentes na sua
composição na origem das suas propriedades antioxidantes (Jayakumar et al., 2009).
1.4.1. Os radicais livres
Um radical livre constitui um átomo ou uma molécula que contém um ou mais
electrões desemparelhados. Durante o metabolismo celular normal dos organismos
aeróbios, os radicais livres estão constantemente a ser produzidos, principalmente na forma
de ROS e RNS, tendo como principal fonte os organelos citoplasmáticos que metabolizam o
oxigénio e o azoto (Valko et al., 2007; Ferreira & Abreu, 2007; Goetz & Luch, 2008).
Na tabela 3 encontram-se descritos os principais radicais livres na forma de ROS e
RNS.
Tabela 3 - Principais Espécies Radicalares (Fonte: Magalhães, 2009)
Estes radicais são geralmente instáveis e muito reactivos. Os radicais livres que
derivam de moléculas de oxigénio (O2), geralmente conhecidos como ROS, representam a
classe mais importante de espécies de radicais originada nos sistemas biológicos (Miller et al.,
1990).
Introdução
14
Os radicais livres apresentam diferentes mecanismos de acção através de
determinadas reacções que levam à produção de ROS e RNS, os quais estão envolvidos em
várias doenças.
As mitocôndrias constituem uma das principais fontes de ROS, mas são também um
dos primeiros alvos de ataque destes radicais e onde existe um maior número de defesas
antioxidantes (McCord, 2000; Abreu et al., 2000).
1.4.2. O stresse oxidativo
Em organismos aeróbios, os radicais livres, sobretudo ROS, são constantemente
produzidos durante o funcionamento normal da célula. Uma vez produzidos, a maior parte
dos radicais livres são removidos pelas defesas antioxidantes da célula (enzimas e moléculas
não enzimáticas) (Valko et al., 2007).
Em concentrações baixas ou moderadas, os ROS podem ser benéficos para a célula,
estando envolvidos em vários processos fisiológicos de sinalização e de regulação. Todavia, o
equilíbrio entre a produção de ROS e as defesas antioxidantes pode ser destruído quer pela
produção excessiva de radicais livres quer pela perda das defesas antioxidantes da célula.
Este desequilíbrio é conhecido como stresse oxidativo (Ferreira et al., 2009).
O stresse oxidativo pode ter causas naturais, como o que ocorre em situações de
exercício físico intenso, ou em processos de inflamação, mas pode também ter causas não
naturais como a presença de xenobióticos no organismo ou em situações relacionadas com
várias doenças (Ferreira & Abreu, 2007).
Figura 4 - As principais causas relacionadas com o excesso de produção de radicais livres
(stresse oxidativo), possíveis alvos celulares e consequências associadas ao stresse oxidativo
(Fonte: Ferreira & Abreu, 2007).
Introdução
15
De facto, conforme consta na Figura 4, os radicais livres podem reagir com diversas
macromoléculas celulares, tais como, os ácidos nucleicos, lípidos, glucidos ou proteínas, o
que resulta na formação de diversos produtos de oxidação. Deste modo, o stresse oxidativo
pode estar envolvido em processos de mutagénese, carcinogénese, processos inflamatórios,
envelhecimento, entre outros (Ferreira & Abreu, 2007).
As principais consequências do stresse oxidativo são, sobretudo, a peroxidação
lipídica, a danificação do DNA e a oxidação das proteínas.
A cadeia respiratória é composta por proteínas transmembranares existentes na
membrana mitocondrial interna, sendo que a formação de ROS ocorre perto da membrana.
Assim, os ROS têm fácil acesso aos lípidos da membrana, especialmente sensíveis a
fenómenos de ataques de radicais livres. Este ataque denomina-se peroxidação lipídica,
promovendo também, por sua vez, a formação de vários tipos de ROS (Mehrotra et al.,
1991; McCord, 2000).
Como consequência da peroxidação lipídica pode ocorrer alterações da fluidez,
permeabilidade e integridade das membranas e “Cross-linking” das proteínas das membranas
celulares (Abreu et al., 2000; McCord, 2000; Ferreira & Abreu, 2007).
A danificação do DNA constitui outro resultado do stresse oxidativo. Os danos
oxidativos causados por ROS e RNS envolvem a alteração de bases, perda de bases,
fragmentação e ligações cruzadas do DNA, desempenhando um papel importante nos
processos de mutagénese e de carcinogénese (Poulsen et al., 1998; Magalhães et al., 2009).
O stresse oxidativo conduz, também, à oxidação das proteínas. A exposição das
proteínas a ROS leva à alteração das cadeias laterais de resíduos de aminoácidos, conversão
das proteínas em formas de elevado peso molecular (“Cross-linking” entre proteínas), e
fragmentação da cadeia peptídica, alterando a função dessas proteínas (Stadman & Berlett,
1997; Magalhães et al., 2009).
1.4.3. O contributo dos cogumelos contra o stresse oxidativo
Alguns produtos naturais com actividade antioxidante podem ser úteis no auxílio do
sistema protector endógeno e podem constituir um sistema exógeno de defesa, reduzindo o
dano oxidativo. Nesta perspectiva, os cogumelos comestíveis assumem um papel importante
uma vez que apresentam na sua composição potentes antioxidantes.
Jayakumar et al., 2009 determinaram a actividade antioxidante do cogumelo Pleurotus
ostreatus e demonstraram que na concentração de 10 mg/mL, o extracto etanólico de
Introdução
16
cogumelo ostra mostrou uma actividade antioxidante superior ao antioxidante sintético
BHT.
Estudos recentes focam-se, também, na determinação do teor de compostos
fenólicos totais e na determinação da actividade antioxidante de vários cogumelos
comercializados, existindo uma relação directa. Um estudo realizado aos extractos
metanólicos de algumas espécies de cogumelos comestíveis comercializadas em Portugal, tais
como, Agaricus bisporus (branco), Agaricus bisporus (castanho), P. ostreatus, P. eryngii e Lentinula
edodes, revelou que estas espécies possuem um efeito bloqueador nos radicais DPPH• (1,1-
difenil-2-picrilhidrazilo), inibem a peroxidação lipídica e possuem um forte poder redutor
(Reis et al., 2012b).
Estudos similares com outros cogumelos, incluindo, Dictyophora indusiata, Tricholoma
giganteum, Lentinula edodes, Pleurotus cystidiosus e Pleurotus ostreatus, mostraram que estes
cogumelos também possuem as propriedades antioxidantes acima mencionadas, além de
apresentarem um efeito bloqueador de radicais hidroxilo e a capacidade de quelar metais.
Por conseguinte, é provável que a maioria dos cogumelos possuam um efeito
bloqueador de radicais hidroxilo e DPPH•, a capacidade de quelar metais, de inibir a
peroxidação lipídica e tenham um forte poder de redução (Mau et al, 2001; Mau et al, 2002;
Yang et al., 2002; Jayakumar et al., 2009).
Nos vários estudos verifica-se que a actividade antioxidante presente nos cogumelos
está relacionada, principalmente, com o seu elevado teor de compostos fenólicos totais,
sendo reconhecidos como excelentes antioxidantes devido à sua capacidade para bloquear
radicais livres por transferência de um único electrão e às excelentes propriedades redox
dos seus grupos hidroxilos fenólicos (Cheung, 2008; Kim et al. 2008; Jayakumar et al., 2009).
1.4.4. Compostos Antioxidantes
De uma maneira geral, o termo antioxidante é usado para classificar moléculas que
estão presentes em baixas quantidades relativamente ao substrato que é oxidável, e que
reagem rapidamente de maneira a suprimir ou a prevenir a sua oxidação (Magalhães, 2009).
O nosso organismo possui defesas endógenas, nas quais se incluem enzimas
antioxidantes (superóxido dismutase, catálase, glutationa peroxidase, glutationa redutase,
entre outras), que existem tanto no meio intracelular como no meio extracelular. Para além
das defesas endógenas existe uma panóplia de moléculas naturais ou sintéticas com
Introdução
17
propriedades antioxidantes e que podem ser úteis no auxílio do sistema protector endógeno
(Ferreira & Abreu, 2007).
O Pleurotus ostreatus, bem como outras espécies de cogumelos comestíveis, constitui
uma óptima fonte de antioxidantes naturais, apresentando na sua constituição compostos
fenólicos (ácidos fenólicos e flavonóides), seguido por tocoferóis (principalmente, o α-
tocoferol), o ácido ascórbico e carotenóides, sobretudo o β-caroteno. Estes compostos
foram quantificados em várias espécies de cogumelos, principalmente, da Finlândia, da Índia,
da Coreia, da Polónia, de Taiwan, da Turquia e de Portugal (Ferreira et al., 2009; Barros et
al., 2009).
Os teores destes compostos presentes em algumas espécies, incluindo no Pleurotus
ostreatus, encontram-se referenciados nas tabelas 4 e 5.
Tabela 4 - Teor de fenóis totais expresso em equivalentes de ácido gálico (GAE) no P.
ostreatus e em outras espécies de cogumelos utilizando o método Folin-Ciocalteu. a Amostras
secas em estufa; bAmostras liofilizadas.
Espécie
Fenóis totais
(mg GAE/g
extracto)
Referências
P. ostreatusa
P. cystidiosusa
L.. edodesa
F. velutipes (amarelo)a
F. velutipes (branco)a
15,7
10,24
9,11
9,26
8,38
(Yang et al., 2002)
P. ostreatusa
54,90
(Jayakumar et al., 2009)
P. ostreatusa
P. eryngiia
42,47
30,93
37,98
29,30
(Chirinag & Intarapichet, 2009)
P. ostreatusb
P. eryngiib
A. bisporus (branco)b
A. bisporus (castanho)b
L. edodesb
12,45
7,14
23,34
37,33
8,84
(Reis et al., 2012b)
Introdução
18
Tabela 5 - Teor de tocoferóis, α-tocoferol, ácido ascórbico e β-caroteno presente no P.
ostreatus e em outras espécies.
Espécie
Tocoferóis
(mg/g)
α-tocoferol
(mg/g)
Ácido
ascórbico
(mg/g)
β-
caroteno
(mg/g)
Referências
A. arvenses
A. bisporus
A. romagnesii
-
-
0,02
0,03
0,04
-
(Barros et al.,
2008b)
P. ostreatus
P. cystiosus
L. edodes
0,27
0,45
0,13
-
-
-
(Yang et al.,
2002)
A. bisporus
Cantharellus cibarius
Marasmius oreades
-
-
0,03
0,86
ND
1,95
13,56
1,99
(Barros et al.,
2008a)
P. ostreatus
-
0,30
0,25
0,031
(Jayakumar et
al., 2009)
1.4.4.1. Compostos fenólicos
Os compostos fenólicos encontram-se em maiores teores nos vegetais e plantas.
Apresentam propriedades antioxidantes e a sua presença também contribui para as
propriedades organolépticas dos alimentos, como a cor, o sabor e o aroma (Magalhães,
2009).
Incluem um grande número de subclasses, tais como, os flavonóides, os ácidos
fenólicos, estilbenos, lignanas, taninos e cumarinas, exibindo uma grande diversidade de
estruturas (Ferreira et al., 2009). Os flavonóides representam o sub-grupo mais comum e
amplamente distribuído (Bravo, 1998). Todavia, no caso particular dos cogumelos, os ácidos
fenólicos constituem os principais compostos fenólicos presentes na sua constituição
(Ferreira et al., 2009).
Este conjunto de compostos tem na sua constituição básica um ou mais anéis
benzénicos hidroxilados e as suas propriedades antioxidantes estão relacionadas com as suas
características estruturais, nomeadamente, o número e as posições dos grupos hidroxilo e
metoxilo no anel, a extensão da conjugação estrutural e a presença de grupos dadores ou
aceitadores de densidade electrónica no anel aromático (Ferreira et al., 2009).
Os ácidos fenólicos (Figura 5) encontram-se, frequentemente, esterificados e
dividem-se em derivados do ácido benzóico e derivados do ácido cinâmico (Campos, 1999).
Introdução
19
Todos os flavonóides possuem uma estrutura base C6-C3-C6, em que dois dos anéis
da molécula são anéis aromáticos. Estes compostos possuem como estrutura base, a flavona
(Figura 6) ou uma forma hidrogenada dessa estrutura (Martinez-Flórez et al., 2002).
Figura 5 - Estruturas químicas para os ácidos fenólicos derivados do: (a) - ácido cinâmico e
(b) - ácido benzóico (Fonte: Campos, 1999).
Figura 6 - Estrutura base para os flavonóides (Fonte: Sandhar, 2011).
A elevada actividade antioxidante dos compostos fenólicos deve-se à sua capacidade
para captar os radicais livres que têm origem nas células e que são o resultado de factores
ambientais (García et al., 2000; Echavarría et al., 2009). Assim, o mecanismo de acção destes
compostos permite desempenhar um papel importante na prevenção de doenças
cardiovasculares, determinados tipos de cancro, doenças neurodegenerativas e diabetes
(Scalbert et al., 2005).
1.4.4.2. Vitamina E (α-tocoferol)
A vitamina E é o termo usado para designar uma família de compostos lipossolúveis,
quimicamente relacionados, nomeadamente, tocoferóis e tocotrienóis, os quais partilham
uma estrutura comum com um anel cromanol e uma cadeia lateral de unidades isopreno. O
grupo hidroxilo (OH) situado no anel cromanol, tanto nos tocoferóis como nos
tocotrienóis, é um centro da actividade antioxidante da vitamina (Palace & Werner, 2006).
Introdução
20
Nos cogumelos apenas foram detectados e quantificados tocoferóis, nomeadamente,
o α-tocoferol e o γ-tocoferol. O α-tocoferol foi reportado como um composto abundante
na espécies Pleurotus ostreatus, enquanto que o γ-tocoferol foi reportado em outras espécies
de cogumelos, nomeadamente, G. licidum, G. licidum antler e G. tsugae (Jayakumar et al., 2009).
O α-tocoferol é referenciado como um importante antioxidante que desempenha um
papel vital em vários estágios da carcinogénese através da sua contribuição para a
imunocompetência e a redução do dano oxidativo do DNA (Jayakumar et al., 2009).
A vitamina E actua ao nível da protecção do nosso organismo contra anomalias
degenerativas, sobretudo, as doenças cardiovasculares e o cancro, devido à sua capacidade
de captar os radicais livres (Fang et al., 2002).
Os tocoferóis (Figura 7) possuem a capacidade de inibir a produção de radicais
peroxilo lipídicos induzida pelas ROS. Esta acção permite proteger as células da peroxidação
dos ácidos gordos polinsaturados (PUFA) na membrana fosfolipídica, de danos oxidativos das
lipoproteínas de baixa densidade (LDL), de proteínas celulares e DNA, e da degeneração da
membrana (Fang et al., 2002).
Figura 7 - Estrutura química dos tocoferóis (Fonte: Ramalho et al., 2006).
1.4.4.3. Ácido ascórbico (Vitamina C)
O termo vitamina C é uma denominação genérica para todos os compostos que
apresentam a actividade biológica do ácido ascórbico. Este último é amplamente encontrado
nos alimentos e possui maior poder antioxidante. O ácido ascórbico constitui uma vitamina
hidrossolúvel abundante nos cogumelos (Yi et al., 2009), sendo, quimicamente, uma γ-lactona
com um grupo enodiol nas posições C2 e C3 como se encontra representado na Figura 8
(Lehninger et al., 2008).
Introdução
21
Figura 8 - Estrutura química do ácido L-ascórbico (Batista, 2012)
O ácido ascórbico actua como um antioxidante muito eficaz que pode proteger as
moléculas indispensáveis para o organismo dos danos oxidativos causados pelos radicais
livres (Yi et al., 2009). Outra função importante do ácido ascórbico diz respeito à sua
capacidade de regenerar o α-tocoferol e, por conseguinte, actuar no mecanismo protector
contra a peroxidação lipídica (Ames, 1993; Beyer, 1994).
As características bioquímicas e funções farmacológicas do ácido ascórbico permitem,
assim, prevenir a ocorrência e desenvolvimento de algumas doenças crónicas,
nomeadamente, as doenças cardiovasculares, o cancro e as cataratas (Yi et al., 2009).
1.4.4.4. β – Caroteno
Os carotenóides são isoprenóides, constituídos na sua maioria por 8 unidades de
isoprenos, formando uma longa cadeia que pode conter de 2 a 15 duplas ligações conjugadas,
sendo que isto permite várias configurações cis e trans (Rao & Rao, 2007).
A quantidade de ligações duplas conjugadas, presentes nas moléculas dos
carotenóides, interfere na acção captadora de radicais livres. Os carotenóides reagem com
os radicais livres, principalmente com os radicais peróxidos e com o oxigénio molecular,
sendo esta a base da sua acção antioxidante. É importante referir, também, que os
carotenóides exercem funções benéficas na prevenção de doenças cardiovasculares, o
cancro e a osteoporose (Rao & Rao, 2007).
A molécula de β-caroteno actua ao nível das fases lipídicas, impedindo que os radicais
livres danifiquem as membranas lipoprotéicas (Sies e Stahl, 1995). Dessa forma, este
composto actua como precursor da vitamina A na dieta, sendo o mais importante precursor
dessa vitamina (Handelman, 2001).
Introdução
22
A reactividade química e as propriedades de absorção de luz que a molécula de β-
caroteno apresenta devem-se à sua estrutura química formada por uma longa cadeia de
ligações duplas conjugadas (Figura 9) (Lehninger et al., 2008; Pereira, 2011)
Figura 9 - Estrutura química do β-caroteno (Fonte: EFSA, 2012)
1.5. Os esteróis
Os esteróis constituem um grupo de moléculas lipossolúveis e são compostos que
pertencem à classe dos esteróides, que são constituídos por um núcleo esteróide resultante
da fusão de quatro anéis de hidrocarbonetos com um grupo 3β-hidroxilo, denominado
ciclopentanoperidrofenantreno, e uma cadeia lateral alifática de 8 ou mais átomos de
carbonos ligada ao núcleo esteróide na posição C10 (Figura 4) (Fahy et al., 2005).
Figura 10 - Representação da fórmula geral dos esteróides (Fonte: Casimir, 2008)
Os esteróis são resistentes à saponificação e encontram-se em quantidades
consideráveis em todos os tecidos animais, plantas e fungos.
Os esteróis contêm um grupo hidroxilo na posição C3 e podem possuir uma cadeia
formada por 27 a 29 átomos de carbono. As principais diferenças nos esteróis incluem o
número, a localização e a orientação das duplas ligações e das cadeias laterais. (Fahy et al.,
Introdução
23
2005). As principais diferenças nos esteróis dos fungos, algas e plantas estão relacionadas
com a variação das cadeias laterais (Moore, 1993).
1.5.1. O papel fisiológico dos esteróis
Os esteróis desempenham um papel fisiológico importante na medida em que são
compostos vitais da membrana plasmática, desempenhando um papel crítico ao nível da
manutenção da estrutura e viabilidade das células. O papel biofísico primário dos esteróis
consiste em manter o espaçamento entre as moléculas fosfolipídicas da bicamada lipídica da
membrana plasmática, a fim de restringir as forças de Van der Waals (Brumfield, 2009).
A temperaturas elevadas, a bicamada lipidica pode enfraquecer e tornar-se demasiado
líquida, enquanto que a temperaturas mais baixas pode tornar-se demasiado rígida e
solidificar. Porém, a presença de esteróis impede a solidificação a baixas temperaturas bem
como a fusão ou enfraquecimento da membrana a temperaturas elevadas. Desta forma, a
manutenção da fluidez da membrana plasmática continua a ser um papel vital e bem definido
dos esteróis. (Solomon et al., 2008; Brumfield, 2009).
O principal esterol que se encontra nas membranas das várias espécies fúngicas é o
ergosterol. Este esterol desempenha um papel muito importante nas vias de biossíntese dos
lípidos, havendo vários processos de biossíntese de fosfolípidos regulados pelo ergosterol.
Os fungos e os vertebrados sintetizam os esteróis através do lanosterol, como
intermediário, enquanto que as plantas sintetizam os esteróis utilizando o cicloarterol como
intermediário. Existe uma diferença evolutiva entre os esteróis encontrados nos mamíferos,
fungos, plantas superiores, algas e alguns protozoários (Bloch, 1983).
1.5.2. Ergosterol
1.5.2.1. Caracterização química
O ergosterol é o principal esterol presente nas células ou membranas miceliais da
grande maioria dos fungos. Os maiores níveis deste composto encontram-se nas camadas
fosfolipídicas da membrana fúngica (Peacock & Goosey, 1989), onde o ergosterol
desempenha uma importante função estrutural e hormonal na progressão do ciclo celular
(Goad, 1994).
Introdução
24
O ergosterol está presente em duas formas fundamentais, nomeadamente, como
ergosterol livre e ergosterol esterificado, sendo que os seus teores variam de acordo com a
espécie de cogumelo (de Sio et al., 2000).
O ergosterol ou provitamina D2, cujo nome químico é 5,7,22 ergostatrien-3β-ol
apresenta a fórmula empírica C28H44O e a massa molecular relativa de 396,36 g/mol
(Cahagnier, 1988). O ergosterol é um composto sólido, cristalino, incolor e com um ponto
de fusão na ordem dos 161-166ºC. No vácuo, suporta a temperatura de 250ºC, sem
decomposição (Ferreira, 1985).
O ergosterol (Figura 11), possui uma cadeia lateral com uma dupla ligação em C22 e
duas ligações duplas ao nível das posições C5 e C7 (anel B), sendo responsáveis pelo máximo
de absorção na gama UV entre 300 a 240 nm. Em muitos dos outros esteróis, a ligação dupla
em C7 está ausente, sendo a sua absorção na gama UV mais baixa (Cahagnier, 1988).
Figura 11 - Estrutura química de uma molécula de ergosterol (Yuan et al., 2006).
A estrutura da molécula de ergosterol é bem conhecida. O oxigénio faz parte de um
grupo hidroxilo na posição C3, a partir do qual se podem obter ésteres. A molécula tem três
duplas ligações pelo que pode ser hidrogenada cataliticamente e fixar seis átomos de
hidrogénio. É um composto quimicamente pouco estável. Os ácidos causam-lhe alteração na
posição das duplas ligações, sendo que com o oxigénio dá origem a peróxidos e com o
hidrogénio origina diferentes compostos desidrogenados (Ferreira, 1985).
Este composto é praticamente insolúvel em água, mas apresenta boa solubilidade em
solventes orgânicos. Além disso, possui boa estabilidade na manipulação laboratorial,
principalmente, quando conservado em meio alcalino (Gessner & Shmitt, 1996) e protegido
da luz ultravioleta (Schwadorf & Muller, 1989).
O ergosterol é termoestável, mas fotossensível uma vez que sob influência da luz
ultravioleta, o anel diénico B abre-se, originando o ergocalciferol (vitamina D2), a mais
importante das pró-vitaminas D. Os máximos de absorção do ergosterol dissolvido em
Introdução
25
etanol absoluto situam-se nos comprimentos de onda de 262, 271, 282 e 293 nm, sendo a
sua absorção máxima obtida a 282 nm (Solomons, 1990).
1.5.2.2. Ergosterol versus colesterol
A estrutura química do ergosterol é diferente da estrutura química do colesterol
(Figura 12). O ergosterol apresenta um grupo metilo na posição C24 na cadeia lateral e duas
ligações duplas na posição C7 e C22. Além disso, o ergosterol apresenta uma cadeia
insaturada e o colesterol uma cadeia saturada (Souza & Rodrigues, 2009).
Estas diferenças estruturais constituem a resposta a alguns requisitos específicos
relacionados com a fisiologia dos organismos que contêm o ergosterol como esterol
principal (Weete & Gandhi, 1997; Cordeiro, 2009).
Figura 12 - Estrutura dos principais esteróis em mamíferos e em fungos, colesterol e
ergosterol, respectivamente (Fonte: Cordeiro et al., 2009).
A caracterização biofísica do colesterol já se encontra bem documentada, porém, o
efeito do ergosterol na organização e dinâmica da membrana não foi estudada em
profundidade (Coutinho et al., 2004; Silva et al., 2006a; Cordeiro, 2009). Estudos de
Schrivastava & Chattopadhyay (2007) demonstram que o efeito do ergosterol na dinâmica e
organização da membrana é diferente da exercida pelo colesterol.
1.5.2.3. As funções do ergosterol
O ergosterol é um composto fundamental a nível da arquitectura da membrana
citoplasmática dos fungos. Devido à sua estrutura e natureza, o ergosterol aumenta a
microviscosidade da membrana e participa, juntamente com os fosfolípidos, na regulação das
trocas trans-membranares (Cahagnier, 1988; Peacock et al., 1989). Além disso, o ergosterol
encontra-se igualmente presente a nível da membrana mitocondrial dos fungos, parecendo
Introdução
26
haver uma estreita relação entre a sua presença e a respiração dos fungos, em particular das
leveduras (Cahagnier, 1988).
Os corpúsculos citoplasmáticos presentes a nível da zona apical das hifas e que
desempenham um papel fundamental na biossíntese da membrana celular dos fungos são
constituídos por ésteres de esteróis, bem como esteróis livres, particularmente por
ergosterol. Além desta função, o controlo das várias fases desde a estimulação à germinação
do esporo, bem como o controlo da esporulação das hifas conidiogénicas, encontra-se
parcialmente dependente de certos esteróis, entre eles o ergosterol (Cahagnier, 1988),
A acção do ergosterol a nível da microviscosidade da membrana dos fungos influencia
a fluidez e o movimento molecular dos restantes lípidos, que por sua vez, modulam a
actividade de enzimas da membrana, como ATPases e sintetases. Assim, a biossíntese do
ergosterol é essencial para o normal crescimento e desenvolvimento fisiológico da célula
fúngica (Peacock et al., 1989).
Vários processos de biossíntese de fosfolípidos são regulados pelo ergosterol. A
composição dos fosfolípidos é afectada pela taxa de transferência de fosfolípidos pela
proteína fosfatidilinositol (PITP) quando estimulada pelo ergosterol (Szolderits et al., 1989).
O ergosterol livre e o ergosterol esterificado desempenham funções distintas. O
ergosterol livre é mais importante para a integridade das células e contribui para uma
variedade de funções celulares. Porém, os ésteres do ergosterol, captados pelas partículas
lipídicas citosólicas, constituem uma forma de armazenamento inerte de esteróis e podem
servir de intermediários para o fornecimento de ergosterol (Yuan et al., 2007).
1.5.2.4. A Conversão do ergosterol dos cogumelos em vitamina D2
O ergosterol foi descoberto há mais de três décadas em cogumelos, no entanto, há
apenas algumas investigações que têm sido realizadas sobre a conversão do ergosterol em
vitamina D2 em cogumelos (Jasinghe, 2005).
A vitamina D2 é conhecida pelo seu papel na regulação dos níveis de cálcio e de
fósforo (Shao et al., 2010), constituindo uma forma de vitamina D que pode ser fornecida a
partir de cogumelos, sendo que essa forma apresenta vantagens notáveis em relação à
vitamina D3. A vitamina D2 é mais eficaz na mineralização óssea do que a vitamina D3
(Tjellesen et al., 1985), além disso, a primeira consegue ser menos tóxica que a segunda
(Mehta & Metha, 2002).
Introdução
27
Na natureza, uma quantidade limitada de vitamina D2 foi detectada em alguns
cogumelos silvestres comestíveis, no entanto, os cogumelos comestíveis cultivados
demonstraram serem desprovidos de vitamina D2 (Mattila et al, 1994; Mattila et al., 2002;
Jasinghe & Perera, 2004).
Naturalmente, os cogumelos silvestes podem ser expostos à radiação UV, que
compreende 8-9% do espectro solar total (Hollosy, 2002), sendo que isto poderá constituir
a razão para a presença de uma quantidade limitada de vitamina D2 em cogumelos selvagens.
Os cogumelos cultivados, comercialmente disponíveis, não podem ser expostos à luz solar, o
que é essencial para a produção natural da vitamina D2. No entanto, o ergosterol existente
nos cogumelos pode ser convertido em vitamina D2 por irradiação UV (Mau et al., 1998;
Jasinghe & Perera, 2004).
O efeito da fonte de luz UV foi evidenciado como sendo um factor importante na
conversão de ergosterol. Mau et al. (1998) estudou a conversão do ergosterol em vitamina
D2 em cogumelos sob radiação UV, tendo-se verificado que a conversão foi superior através
da radiação UV-B comparado com a radiação UV-C. Porém, este autor não estudou o efeito
da radiação UV-A, a qual representa aproximadamente 6,3% da radiação solar incidente
(Hollosy, 2002), sobre a conversão de ergosterol em vitamina D2, nos cogumelos.
Além da radiação UV, outros factores, como o teor de humidade e a temperatura da
radiação dos cogumelos desempenham um papel importante nesta conversão, sobretudo ao
nível do rendimento.
Na figura 13, encontra-se representado o mecanismo de conversão do ergosterol
em vitamina D2, nos cogumelos.
Figura 13 - O mecanismo de conversão do ergosterol em vitamina D2. (A) Clivagem
fotoquímica do anel B por UV; (B) Rearranjo térmico (Fonte: Horst & Reinhardt, 1997).
Introdução
28
A clivagem fotoquímica do anel B do ergosterol ocorre sob radiação UV e, em
seguida, o intermediário (pré-vitamina D2), sofre um rearranjo térmico com formação da
vitamina D2 (ergocalciferol). No entanto, a pré-vitamina D2 também absorve a radiação UV,
sendo que a irradiação prolongada pode levar à produção por fotoisomeração de
subprodutos indesejáveis, nomeadamente, o taquisterol e o lumisterol (Braun et al., 1991).
Resultados de um estudo (Jasinghe, 2005), demonstraram que a vitamina D2 não foi
detectada nas várias espécies cultivadas, nomeadamente, Lentinula edodes, Pleurotus ostreatus,
Pleurotus cystidus e Flammulina velutipes . Todavia, a orientação dos cogumelos para a fonte de
radiação foi muito importante na conversão do ergosterol de vitamina D2, sendo que os
cogumelos devem ser irradiados com as lâminas voltadas para a fonte de luz UV de forma a
maximizar a conversão do ergosterol em vitamina D2.
A temperatura de radiação e o teor de humidade dos cogumelos também
desempenharam um papel importante nesta conversão. O teor de humidade nos cogumelos
frescos verificou-se ser cerca de 89 %, enquanto que o teor de humidade óptimo dos
cogumelos para a conversão do ergosterol em vitamina D2 foi cerca de 70 % a 80 %. Desta
forma, aproximadamente 10 % a15 % de humidade deve ser removida dos cogumelos
frescos antes de serem submetidos a um tratamento de radiação UV (Jasinghe, 2005).
Além destes factores, o rendimento da conversão do ergosterol em vitamina D2, nos
cogumelos, foi estudada sob as radiações UV-A, UV-B e UV-C, verificando-se que a radiação
UV-C é mais eficaz do que a conversão sob radiação UV-A (Jasinghe, 2005).
Desta forma, o pó de cogumelo irradiado rico em vitamina D2 pode ser usado na
fortificação de alimentos. Embora a vitamina D2 seja uma vitamina lipossolúvel, a partir do pó
de cogumelo pode ser incorporada em produtos alimentares sem uma base de gordura. Esta
constitui uma vantagem deste produto ao ser usado como um suplemento de vitamina D,
uma vez que a sua incorporação nos alimentos não altera o valor calórico ou a composição
do alimento fortificado de forma significativa (Jasinghe, 2005).
Além disso, o pó de cogumelo irradiado pode ser utilizado na indústria farmacêutica
para desenvolver comprimidos de vitamina D2 com o objectivo de erradicar a deficiência de
vitamina D na população afectada (Jasinghe, 2005).
Introdução
29
1.5.2.5. Fontes de ergosterol
O ergosterol é o principal esterol existente nas camadas fosfolipídicas da membrana
celular dos fungos, encontrando-se presente em quase todos os fungos pertencentes aos
chamados fungos verdadeiros (eumicetos) (Peacock & Goosey, 1989).
O ergosterol é abundante nos cogumelos comestíveis, nas borras de leveduras dos
vinhos e nos cogumelos medicinais, nomeadamente, Ganoderma lucidum e Cordyceps sinensis.
Todavia, o ergosterol é um composto ausente ou minoritário na maior parte das plantas
superiores (vasculares) (Kuo et al., 2011).
O ergosterol encontra-se, também, presente nas membranas da parece celular das
leveduras (Saccharomyces cerevisiae) e das mitocôndrias, sendo, também, um constituinte das
membranas nos micélios, esporos e células vegetativas (Pasanen et al., 1999).
O cogumelo comestível Pleurotus ostreatus apresenta um teor considerável de
esteróis, sendo o ergosterol o mais importante, rondando os 70% do total dos esteróis
presentes na matriz fúngica. A presença de ergosterol foi verificada tanto em cogumelos
silvestres como em cogumelos cultivados (Mattila et al., 2002).
Segundo a literatura, o teor de ergosterol varia de acordo com a espécie de
cogumelo, dentro da mesma espécie e os diferentes cultivares e com a idade da cultura
(Pasanen et al., 1999; Jasinghe, 2005).
Estudos também evidenciaram que a concentração de esteróis nos cogumelos,
nomeadamente, o ergosterol, depende da parte do tecido e da fase de desenvolvimento em
que o cogumelo se encontra (Jasinghe, 2005). Por exemplo, a concentração de ergosterol no
cogumelo Shittake foi maior na fase inicial de crescimento, mas diminuiu quando o cogumelo
cresceu. Além disso, a distribuição do ergosterol variou em diferentes partes do cogumelo
Shiitake, sendo que as lâminas dos cogumelos apresentaram o maior teor de ergosterol
(Tabela 6), seguido pelo chapéu e a menor quantidade foi encontrada no caule (pé) do
cogumelo (Jasinghe, 2005).
Além das características genéticas específicas, o teor de ergosterol depende de
factores ambientais, tais como, a luz, o calor, a temperatura, a humidade, a concentração de
acetato de sódio e o tipo substrato utilizado (Savón et al., 2002).
Estudos demonstraram que a concentração do ergosterol na biomassa dos fungos
aumentava com a quantidade de luz recebida durante o periodo de frutificação, sendo que os
resultados revelaram esse acréscimo no caso dos corpos de frutificação do Pleurotus
Introdução
30
ostreatus, o que abre novas possibilidades para abordar com maior profundidade o potencial
desta espécie (Savón et al., 2002).
Também foi evidenciado que o teor de ergosterol em cogumelos cultivados varia de
acordo com a composição do meio de cultura (Jasinghe, 2005). Mattila et al. (2002)
verificaram que o teor de ergosterol foi superior em cogumelos cultivados (6,02-6,79 mg/g
de matéria seca) do que em cogumelos selvagens (2,96-4,89 mg/g de matéria seca).
Na tabela 6 é possível observar os teores de ergosterol livre, esterificado e total,
existentes em várias espécies de cogumelos e nos diferentes tecidos, determinados através
de diferentes métodos de quantificação.
Introdução
31
Tabela 6 - Concentração de ergosterol livre, ergosterol esterificado e ergosterol total
(mg/g de matéria seca) em várias espécies de cogumelos comestíveis e respectivos tecidos. I
– Amostras cultivadas; aAmostras secas em estufa; bAmostras liofilizadas.
Tal como de pode verificar na Tabela 6, os teores de ergosterol variam
consideravelmente de acordo com a espécie e o tecido fúngico. As diferenças entre as
mesmas espécies poderão dever-se aos diferentes processos de tratamento da amostra bem
Introdução
32
como às diferentes técnicas de quantificação utilizadas pelos autores referenciados, não
esquecendo os factores ambientais que assumem um peso considerável no teor de
ergosterol na matriz em estudo.
1.5.2.6. Os benefícios para a saúde do ergosterol e dos seus produtos
Estudos demonstraram que o ergosterol e os seus produtos de peroxidação podem
contribuir para potenciais benefícios para a saúde e actividades farmacológicas significativas,
nomeadamente, a actividade antioxidante, antimicrobiana e antitumoral. Além disso, estes
compostos permitem reduzir a incidência de doenças cardiovasculares e da dor associada à
inflamação através da inibição da enzima ciclo-oxigenase (Yuan et al., 2007).
A actividade antitumoral do ergosterol pode ser devida à sua capacidade de inibidor a
angiogénese (desenvolvimento de novos vasos sanguíneos a partir dos já existentes),
induzida por tumores sólidos (Takaku et al., 2001; Zaidman et al., 2005; Slominski et al.,
2005).
O ergosterol é absorvido no tracto digestivo, acumulando-se nas glândulas supra-
renais e em outros órgãos, podendo ser metabolizado in vivo para gerar novos produtos
bioactivos, tais como, o 17α, 24 – dihidroxiergosterol, que se verificou ser capaz de inibir a
proliferação das células da pele, em cultura, tal como foi demonstrado nos queratinócitos
humanos e nas linhas celulares de melanoma (Slominski et al., 2005).
Noutros estudos, o ergosterol foi isolado a partir da fracção lipídica do cogumelo
Agaricus brasiliensis, onde se verificou haver redução do volume e inibição do crescimento
tumoral em ratos com sarcoma 180 (Takaku et al., 2001; Zaidman et al., 2005).
Na determinação da actividade antioxidante dos componentes lipofílicos dos
cogumelos foi reportado um estudo que investigou a inibição da peroxidação dos lipossomas
pelo ergosterol proveniente do corpo de frutificação do cogumelo comestível da espécie
Agrocybe algerita, que apresentou uma taxa de inibição na ordem dos 43% (Zhang et al.,
2003).
Outros estudos indicaram que o ergosterol livre era a única forma presente e o
principal composto da fracção lipídica responsável pela actividade antioxidante do extracto
de hexano do cogumelo Agaricus bisporus castanho, verificando-se que o teor de ergosterol
está positivamente relacionado com a actividade antioxidante (r2> 0,89) (Shao et al., 2010).
Introdução
33
O ergosterol também pode actuar como os fitoesteróis dos vegetais e reduzir a
absorção do colesterol através do deslocamento da molécula a partir de micelas mistas
formadas durante a digestão intestinal (Gil-Ramirez et al., 2011).
Um metabolito que é vulgarmente encontrado nos cogumelos comestíveis é o
peróxido de ergosterol, tendo vindo a tornar-se um composto muito promissor pelas suas
propriedades imunossupressoras, anti-plasmodiais, anti-micobacterianas, anti-virais, anti-
inflamatória e anti-tumoral (Ramos-Ligonio et al., 2012).
A vitamina D2, referida anteriormente, é conhecida pelo seu papel na regulação dos
níveis de cálcio e de fósforo (Greer & Marshall, 1989). Estudos clínicos demonstraram que
os baixos níveis de D2 têm sido associados a uma maior incidência de insuficiência cardíaca
congestiva e aumento da mortalidade (Pilz et al., 2008). Além disso, várias evidências
científicas demonstraram uma relação protectora entre os teores aceitáveis de vitamina D
no organismo e o menor risco do cancro colorretal, da mama, da próstata e dos ovários
(Rossi et al., 2009; Stolzenberg-Solomon et al., 2009).
Introdução
34
1.6. Métodos de pré-tratamento, extracção e quantificação
1.6.1. Métodos utilizados para a determinação da actividade antioxidante
em cogumelos in vitro
Evidências epidemiológicas crescentes do papel de alimentos ricos em compostos
antioxidantes, na prevenção de certas doenças, têm conduzido ao desenvolvimento de um
grande número de métodos para avaliar a capacidade antioxidante dos mesmos (Pérez-
Jiménez & Saura-Calixto, 2006).
A capacidade antioxidante pode ser realizada por vários métodos, incluindo a
remoção de um radical peroxil (ORAC - Capacidade de absorção de radicais de oxigénio,
TRAP - Capacidade sequestradora de radicais livres), a capacidade de redução de metal
(FRAP - Poder redutor férrico), a capacidade de remoção de radical orgânico (ABTS - ácido
2,2'-azino-bis (3-etilbenzotiazolin-6-sulfonico), DPPH - peroxidação do 2,2-difenil-1-
picrylhydrazil), e a quantificação de produtos formados durante a peroxidação dos lípidos (a
oxidação das LDL, co-oxidação do β-caroteno) (Sanchez-Moreno et al., 1998; Reis et al.,
2012b).
Os métodos ORAC, FRAP, ABTS e DPPH são mais utilizados para determinar a
capacidade antioxidante in vitro (Duarte-Almeida et al., 2006).
Os ensaios analíticos utilizados para a determinação da capacidade antioxidante são
baseados em dois mecanismos de reacção fundamentais, nomeadamente, transferência de
átomos de hidrogénio (HAT) e transferência de electrões (ET). Para ambos os mecanismos
de reacção o objectivo é determinar o efeito protector da amostra contra os radicais livres,
porém, eles diferenciam-se quanto ao radical iniciador, à cinética da reacção e às reacções
laterais (Prior et al., 2005; Castelo-Branco & Torres, 2011).
Os exemplos de métodos baseados em ET é o caso do método do radical DPPH• e
do método do radical ABTS•+ expresso em TEAC (Capacidade Antioxidante Equivalente ao
Trolox®) e da determinação do teor de fenólicos totais pelo reagente de Folin-Ciocalteu e o
FRAP (Castelo-Branco & Torres, 2011; Prior et al., 2005), sendo que os métodos DPPH,
Folin-Ciocalteu e FRAP são os mais utilizados na determinação da actividade antioxidante dos
cogumelos (Reis et al., 2012b; Jayakumar et al., 2009; Kim et al., 2008; Chirinang &
Intarapichet, 2009).
Os métodos baseados na transferência de um electrão envolvem apenas dois
componentes, os antioxidantes da amostra e o agente oxidante, sendo que a transferência
de electrões ocorre de um composto antioxidante para um oxidante (Castelo-Branco &
Introdução
35
Torres, 2011; Prior et al., 2005), causando uma mudança na sua própria absorvância,
permitindo o acompanhamento da reacção e a determinação da capacidade antioxidante da
amostra. Dessa forma, os ensaios com mecanismo de ET permitem detectar a capacidade da
amostra em reduzir o oxidante, que não necessita ser estritamente um radical livre, ao
contrário dos ensaios com mecanismo de HAT (Castelo-Branco & Torres, 2011; Huang &
Prior, 2005).
Os ensaios de ET apresentam mecanismos não competitivos e não utilizam espécies
reactivas de oxigénio e, por isso, são considerados menos representativos das condições
reais de um alimento, quando comparados com os ensaios com mecanismo de HAT.
Os métodos baseados no mecanismo de HAT (os métodos ORAC e TRAP)
investigam a capacidade dos antioxidantes em bloquear a acção dos radicais peroxilo
(ROO°) através da doação de hidrogénio, onde o antioxidante inibe, por competição, a
oxidação do substrato pelas ROS.
Todavia, estudos demonstraram que apesar dos métodos dos radicais ABTS• e
DPPH• apresentarem o mesmo mecanismo de reacção de ET, ambos os radicais são capazes
de ser neutralizados por antioxidantes, tanto por redução directa através da transferência
electrões (ET) como por bloqueio do radical através transferência de átomos de hidrogénio
(HAT) (Prior et al., 2005; Castelo-Branco & Torres, 2011).
A maioria dos estudos utiliza o método DPPH para a determinação da actividade
antioxidante em cogumelos (Kim et al., 2008; Chirinang & Intarapichet, 2009; Yang et al.,
2002; Reis et al., 2012). Esse ensaio envolve o mecanismo de ET e de HAT, baseiando-se na
determinação da capacidade dos antioxidantes da amostra em reduzir o radical DPPH•.
A capacidade redutora da amostra é determinada através da redução da absorvância
(515-528 nm) do radical ao fim de um determinado período de tempo ou até cessar a
diminuição da absorvância (Huang & Prior, 2005)
Geralmente, os resultados são apresentados como EC50, que expressa a
concentração de amostra antioxidante, necessária para reduzir em 50% a concentração
inicial do radical DPPH•, utilizando, normalmente, o metanol como solvente de extracção
para as amostras (Huang & Prior, 2005; Castelo-Branco & Torres, 2011).
O método DPPH é considerado o mais adequado para a determinação da actividade
antioxidante nos cogumelos uma vez que os principais compostos antioxidantes presentes
nesta matriz são, sobretudo compostos fenólicos (Kim et al., 2008; Chirinang & Intarapichet,
2009; Reis et al., 2012b).
Introdução
36
Existem vários estudos que demonstraram uma correlação positiva significativa entre
a actividade antioxidante pelo método DPPH e o teor de compostos fenólicos totais
presentes nos cogumelos, em geral, e na espécie Pleurotus ostreatus em particular (Kim et al.,
2008; Chirinang & Intarapichet, 2009; Reis et al., 2012b).
1.6.2. Processos de pré-tratamento da amostra para extracção do
ergosterol
A secagem em estufa, a liofilização e a trituração das amostras de cogumelo
constituem os processos utilizados no pré-tratamento das amostras de cogumelo antes da
extracção do ergosterol.
A secagem em estufa consiste na remoção da água do alimento através do
aquecimento, sendo que a temperatura de secagem utilizada ronda os 50 ºC, o que não
permite a degradação do ergosterol (Yuan et al., 2007; Yuan et al., 2008).
Antes da colocação da amostra no interior da estufa, a mesma deve ser triturada
com a menor espessura possível de modo a facilitar a evaporação da água por este processo
de secagem. (Cecchi, 2007).
Outros autores realizaram outro processo de desidratação, nomeadamente, a
liofilização. Este processo permite remover a água e outros solventes da amostra congelada
pelo processo de sublimação.
A liofilização apresenta várias vantagens em relação a outros processos de
desidratação uma vez que a baixa temperatura, mantida durante todo o processo, evita
qualquer alteração química dos compostos da amostra. Por este motivo, uma amostra
desidratada por esta técnica mantem inalterável a sua composição química original, a sua
actividade terapêutica e outras propriedades características (Pessoa, 2010).
A trituração das amostras de cogumelo antes e após o processo de desidratação
permite reduzir o tamanho das partículas da amostra para que esta se torne mais uniforme e
de modo a facilitar o processo de extracção do composto em análise. Segundo a bibliografia,
os autores realizaram a trituração das amostras, em pó, através do almofariz e pilão
(Jasinghe, 2005; Yuan et al., 2008; Shao et al., 2010).
Os vários processos de pré-tratamento da amostra foram realizados ao abrigo da luz
pelo facto do ergosterol ser um composto fotossensível (Jasighe, 2005; Shao et al., 2010).
Introdução
37
1.6.3. Processos de extracção do ergosterol da amostra
A maioria dos estudos realizados para a extracção do ergosterol em cogumelos
baseia-se, fundamentalmente, na saponificação seguida da extracção líquido-líquido da
fracção insaponificável e, por fim, na concentração da solução por evaporação do solvente
de extracção (Pasanen et al., 1999; Jasinghe et al., 2005; Yuan et al., 2006; Shao et al., 2010;
Gil-Ramirez et al., 2011).
O processo de saponificação consiste na hidrólise alcalina que permite a separação
das fracções saponificável e insaponificável da amostra.
De uma forma genérica, o método consiste em usar a saponificação directa do
ergosterol com solventes polares, nomeadamente, metanol e/ou etanol (mais usuais), sendo
que o extracto obtido é tratado com uma base (hidróxido de potássio ou de sódio) que
hidrolisa o ergosterol esterificado a ergosterol livre de modo a facilitar a sua detecção. A
mistura é submetida a um aquecimento sob refluxo, durante 30 a 60 minutos, dependendo
dos autores, a uma temperatura de 80 ºC, com o objectivo de libertar o ergosterol
esterificado recalcitrante que ainda tenha ficado na matriz de cogumelo (Zill et al., 1988;
Abreu, 1998; Panasen et al., 1999; Jasinghe, 2005; Cunha, 2007; Chaos et al., 2010)
Nos vários estudos analisados, a utilização do hidróxido de potássio como base é
comum a todos os autores. Porém, a utilização do tipo de solventes polares variam,
verificando-se a utilização de metanol (Panasen et al., 1999), de etanol (Jasinghe, 2005; Shaos
et al., 2010) ou soluções aquosas do mesmo (Gil-Ramirez et al., 2011). Também se verificou
a adição de antioxidantes, nomeadamente, ácido ascórbico de forma a minimizar as reacções
de oxidação (Gil-Ramirez et al., 2011).
A extracção líquido-líquido da fracção insaponificável, na qual se encontra o
ergosterol livre, é, habitualmente, efectuada com n-hexano puro ou misturado com
solventes mais polares (p. ex. etanol, metanol), de forma a aumentar o rendimento
extractivo. São também referidos outros solventes orgânicos como o éter de petróleo (Zill
et al., 1988; Cunha, 2007).
O n-hexano provou ser um solvente de extracção superior ao éter de petróleo, já
que os teores de ergosterol com eles obtidos foram superiores. Além disso, em contraste
com os extractos de n-hexano, os extractos obtidos com éter de petróleo demonstraram
conter uma série de impurezas capazes de interferir com a análise cromatográfica. A maior
afinidade do ergosterol para o n-hexano do que para o metanol ou etanol, bem como a
imiscibilidade entre o n-hexano e os álcoois, permite realizar a separação do ergosterol de
Introdução
38
outras substâncias interferentes, através de uma cromatografia de partição líquido-líquido,
em que o ergosterol passa para o n-hexano, enquanto as moléculas de menor afinidade
permanecem na solução alcoólica (Zill et al., 1988; Abreu, 1998).
De acordo com Jasinghe et al. (2005), após a saponificação, arrefecimento e
respectiva filtração da solução, foram adicionados água desionizada, etanol e n-pentano
como solvente de extracção, sendo a extracção realizada três vezes sucessivas. Porém, a
maioria dos autores utilizaram o n-hexano como solvente de extracção, acompanhado pela
adição do antioxidante sintético BHT de modo a prevenir a degradação do ergosterol
(Panasen et al., 1999; Shaos et al., 2010; Gil-Ramirez et al., 2011).
Por fim, as fases orgânicas são então reunidas, purificadas e submetidas a um
processo de evaporação até à secura. De acordo com os estudos analisados, a evaporação é
efectuada em evaporador rotativo ou sob vácuo a uma temperatura entre 30ºC a 40ºC
(Jasinghe, 2005; Chaos et al., 2010; Gil-Ramirez et al., 2011), ou em corrente de azoto
(Panasen et al., 1999).
1.6.4. Métodos analíticos para a quantificação do ergosterol
O ergosterol tem sido determinado em várias espécies de cogumelos, mas a sua
quantificação também tem sido utilizada como indicador da concentração fúngica em
sementes, folhas, produtos hortícolas e no solo (West et al., 1987; Martin et al., 1990;
Bermingham et al., 1995).
O ergosterol é facilmente detectado na região UV pois apresenta picos de absorção a
282 e 293 nm. As duplas ligações em C5 e C7 são responsáveis pela forte absorção do
ergosterol entre 240 e 300 nm, enquanto que os outros esteróis apresentam baixa absorção
acima de 240 nm (Naewbanij et al., 1984; Schwadorf & Muller, 1989).
A quantificação do ergosterol em cogumelos, após a sua extracção, tem sido
efectuada, actualmente, por dois métodos, nomeadamente, por cromatografia líquida de alta
resolução (HPLC) (Jasinghe, 2005; Yuan et al., 2006; Yuan et al., 2007; Yuan et al., 2008;
Shaos et al., 2010), e por cromatografia gasosa (GC) (Schwadorf & Muller, 1989; Gil-Ramirez
et al., 2001; Phillips et al., 2011).
O desenvolvimento de métodos por HPLC permitiu uma considerável redução do
tempo de análise/resposta, sem prejuízo da recuperação e resolução. O método de
quantificação por HPLC apresenta vantagens relativamente ao método GC uma vez que
permite a utilização de baixas temperaturas durante a análise, o que reduz o risco de
Introdução
39
isomerização das duplas ligações dos ésteres metílicos (Czauderna & Kowalczyk, 2001; Li et
al., 2001) e o facto de não ser necessário derivatizar a amostra, permitindo, reduzir o tempo
de análise (Knothe, 2001). Além do método por HPLC ser uma técnica não destrutiva,
apresenta um grande potencial para resolver problemas de separação difíceis, já que pode
utilizar uma variada gama de mecanismos de separação (absorção, partição em fase normal,
partição em fase reversa, absorção química, troca iónica, permeabilidade de gel e formação
de pares iónicos) (Peacock et al., 1989; Abreu, 1998)
A determinação do ergosterol por HPLC é realizada, maioritariamente, com
detectores ultravioleta-visível (UV-Vis) (Zill et al., 1988; Schwadorf & Muller, 1989; Abreu,
1998; Jasinghe, 2005) ou de fotoiodos (DAD) (Yuan et al., 2006; Yuan et al., 2007; Yuan et al.,
2008; Shaos et al., 2010).
O DAD é mais sofisticado que o UV-Vis, sendo utilizado nos estudos mais recentes.
Este sistema de detecção permite a detecção a vários comprimentos de onda, apresenta alta
sensibilidade, sendo capaz de gravar todo o intervalo espectral (de 190 a 800 nm), durante as
análises (Oliver & Palou, 2000; Quirós & Costa, 2000), o que permite identificar o ergosterol
na forma esterificada (Yuan et al., 2007).
O UV-Vis é menos sensível pois o comprimento de onda seleccionado para a análise
pode não ser o mais adequado para todos os componentes da amostra, o que resulta numa
perda de sensibilidade. Todavida, a sua utilização é adequada e eficaz para a determinação do
ergosterol per si dado que apresenta forte absorção a 282 nm (Jasinghe, 2005).
Na quantificação do ergosterol, e de outros esteróis, têm sido utilizadas diferentes
técnicas de HPLC, tais como, fase reversa (Jasinghe, 2005; Yuan et al., 2006; Yuan et al.,
2007; Yuan et al., 2008; Shaos et al., 2010) e fase normal (Zill et al., 1988; Schwadorf &
Muller, 1989; Abreu, 1998).
A maioria dos estudos para a determinação do ergosterol em cogumelos utiliza o
método HPLC em fase reversa com coluna C18 e detecção UV a 280 e 282 nm (Jasinghe,
2005; Yuan et al., 2006; Yuan et al., 2007; Yuan et al., 2008; Shaos et al., 2010).
A eluição utilizada tanto é de gradiente (Jasinghe, 2005; Yuan et al., 2006; Yuan et al.,
2007; Yuan et al., 2008; Shaos et al., 2010) ou isocrática (Schwadorf & Muller, 1989; Abreu,
1998).
A maioria dos métodos para a determinação do ergosterol usa colunas com partícula
de tamanho de 5 µm (Schwadorf & Muller, 1989; Jasinghe, 2005; Yuan et al., 2006; Yuan et
al., 2008; Shao et al., 2010), e com partículas de 4 µm (Yuan et al., 2007). Segundo os artigos,
a temperatura da coluna é em geral 20ºC (Yuan et al., 2007) e 30ºC (Yuan et al., 2008).
Material e Métodos
40
2. Material e Métodos
2.1. Determinação da humidade
Para a determinação da humidade foi utilizado o método de secagem em estufa
elaborado segundo as Normas Portuguesas NP 1088 e NP1614. Este método baseia-se na
evaporação da água existente na amostra por secagem em estufa até à obtenção de peso
constante.
A humidade foi determinada para três amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus,
nomeadamente, amostra de cogumelo cultivado em palha de trigo, amostra de cogumelo
cultivado em borras de café e amostra de cogumelo enlatada. As amostras foram
previamente trituradas através de um liquidificador antes de iniciar o método da
determinação da humidade e os ensaios foram realizados em triplicado para cada uma das
amostras.
Na determinação da humidade, o equipamento/utensílios utilizados foram uma estufa
da marca Memmert (Alemanha), exsicador com sílica, banho de água fervente (Gerhardt
Bonn, Alemanha), uma balança analítica de resolução 0,0001g da Mettler Toledo® (Modelo
A-G285, Switzerland, Suíça), cápsulas de porcelana e varetas de vidro. Utilizou-se areia
tratada como agente dispersante.
Descrição do método:
Colocou-se a cápsula de porcelana com areia tratada e uma vareta de vidro no seu
interior na estufa a uma temperatura de 102 ºC 3 ºC, durante uma hora. Retirou-se o
material da estufa, deixou-se arrefecer no excicador até atingir a temperatura ambiente e
pesou-se em balança analítica com uma exactidão de 0,0001 g.
Pesou-se 5 g de amostra de cogumelo na cápsula e, de seguida, homogeneizou-se
bem a amostra, com o auxílio da vareta de vidro. Colocou-se o conjunto (cápsula +
amostra) em banho de água fervente durante uma hora a uma temperatura de 95 ºC, para
evaporar a maior parte da água antes da secagem em estufa;
Colocou-se a cápsula de porcelana com a amostra na estufa a uma temperatura de
102 3 ºC, durante 2 horas. Retirou-se da estufa, deixou-se arrefecer no excicador até
atingir a temperatura ambiente, e pesou-se em balança analítica com uma resolução de
0,0001 g.
Material e Métodos
41
Repetiu-se o procedimento de secagem (com períodos de 1 hora), arrefecimento e
pesagem até à obtenção de peso constante, ou seja, até se atingir uma variação de peso ≤
0,0010 g.
O teor de humidade (W), expresso em gramas por 100 g, é calculado pela seguinte
equação:
Sendo:
m0 - Massa, expressa em gramas, da cápsula de porcelana com a areia;
m1 - Massa, expressa em gramas, da cápsula de porcelana com a areia e a amostra;
m2 - Massa, expressa em gramas, da cápsula de porcelana com areia e a amostra, após
obtenção de peso constante.
W= [(m1 – m2)/(m1-m0)]*100
Material e Métodos
42
2.2. Determinação da actividade antioxidante
2.2.1. Amostras biológicas
Na determinação da actividade antioxidante foram utilizadas cinco amostras de
cogumelo Pleurotus ostreatus e uma amostra de cogumelo espécie Lentinula edodes.
Assim, utilizaram-se as amostras de cogumelo Pleurotos ostreatus cultivadas em borras
de café e em palha de trigo, fornecidas pela empresa Gumelo.
Além destas, foram utilizadas amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus frescas,
obtidas comercialmente, com origem em Espanha e em Portugal.
Também foi utilizada uma amostra de cogumelo Pleurotus ostreatus enlatada de
agricultura biológica e uma amostra de cogumelo Lentinula edodes (Shittake) desidratada.
Por fim, utilizou-se uma amostra fresca de cogumelo Pleurotus ostreatus cultivado com
uma mistura de borras de café e papelão, sendo que a sua produção foi realizada in loco, no
âmbito do trabalho experimental.
As amostras frescas foram armazenadas a uma temperatura de -18 ºC até ao dia do
tratamento térmico por secagem em estufa a 40ºC, sendo que a amostra enlatada sofreu
apenas o tratamento por secagem.
2.2.1.1. Produção do cogumelo Pleurotus ostreatus a partir de borras de café e
papelão
Na produção do cogumelo Pleurotus ostreatus utilizaram-se 3 quilogramas de borras
de café fornecidos por um café local em Coimbra, papelão às tiras, uma pequena caixa de
papelão, um saco de plástico e 300 gramas de SPAWN (micélio em grão), fornecido pela
empresa Quadrante Natural (Lisboa, Portugal).
Como se pode observar no fluxograma da Figura 14, o processo de produção
consistiu, primordialmente, na adição de água a uma temperatura de 80 ºC às borras de café
que, após o arrefecimento (até temperatura ambiente) e escorrimento, serviu para
homogeneizar a mistura de papelão às tiras e SPAWN, posteriormente adicionados.
A mistura homogeneizada foi de seguida acondicionada num saco plástico, tendo sido
fechado, prensado e perfurado em quatro zonas distintas, com o objectivo de facilitar a
circulação do ar no substrato. Em seguida, o saco foi então colocado numa pequena caixa de
papelão com uma pequena abertura na zona dos orifícios, com o objectivo de criar
condições de temperatura mais favoráveis e constantes para o processo de incubação.
Material e Métodos
43
A caixa foi colocada num local escuro, a uma temperatura ambiente de 20 ºC a 28
ºC, durante 20 dias. Durante este período verificou-se que o substrato começou a
apresentar-se branco devido à proliferação do micélio.
Após 20 dias, a caixa foi submetida a 12 horas de luz por dia e foi pulverizada com
água, duas a três vezes por dia. Após 15 dias o cogumelo Pleurotus ostreatus começou a surgir
na zona de abertura da caixa, iniciando-se a frutificação. Por fim, os cogumelos foram
colhidos quando as margens do píleo ficaram planas (Figura 15). O período desde o inicio da
formação do corpo frutífero até à sua colheita foi sensivelmente 7 a 8 dias.
Figura 14 - Fluxograma de produção do cogumelo P. ostreatus.
Material e Métodos
44
Figura 15 - (A) Início da frutificação (B) Fim da frutificação (C) Após a colheita.
2.2.2. Reagentes
Nos ensaios da actividade antioxidante, o radical DPPH• e o metanol, de grau
analítico HPLC, foi adquirido pela Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, EUA).
2.2.3. Material e Equipamentos
Neste ensaio foram utlizadas pipetas graduadas, balões volumétricos, provetas, funis
de vidro, tubos de ensaio, uma micropipeta de 100 µL Gilson (Pipetman P100, Molsheim,
França), balões para evaporador rotativo com capacidade de 250 mL, filtros de papel
Whatman nº1 (Maidstone, Inglaterra), filtros poliamida para seringa com poro de 0,45 µm
(Millipore, Irlanda).
Ao nível de equipamentos foi usado uma estufa (Hemmert, Alemanha), um agitador
mecânico da IKA®-Labortechnik (Alemanha), evaporador rotativo da Büchi Re111
(Switzerland, Suíça), balança analítica Mettler Toledo® (PB303-S/FACT, Switzerland, Suíça) e
o espectrofotómetro Hitachi U-3900 (Tóquio, Japão).
Material e Métodos
45
2.2.4. Determinação da actividade antioxidante in vitro dos extractos de
cogumelo
A determinação da actividade antioxidante in vitro dos extractos de cogumelo foi
testada e optimizada no Departamento de Nutrição e de Alimentação do Instituto Nacional
de Saúde Doutor Ricardo Jorge, tendo sido, posteormente, aplicada e desenvolvida nas
amostras de cogumelo no laboratório de Bromatologia e Nutrição da Faculdade de Farmácia
da Universidade de Coimbra.
Na determinação da actividade antioxidante foi utilizado o método de extracção e o
método de DPPH adaptado de Kim et al., (2008). Nesta análise foi utilizada a técnica de
espectrofotometria na região do UV-Vis através do espectrofotómetro. O espectro de
absorção foi determinado a 517 nm.
Antes de se proceder à determinação da actividade antioxidante nas várias amostras
foram testados diferentes solventes de extracção, nomeadamente, metanol e água (80:20
v/v) e etanol e água (95:5 v/v), para uma amostra de cogumelo Pleurotos ostreatus obtida
comercialmente.
2.2.4.1. Preparação dos extractos de cogumelo para a determinação da
actividade antioxidante
As amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus e Lentinula edodes (Shittake) referidas no
ponto 2.2.1. foram trituradas num liquidificador até se obter uma pasta homogénea.
As amostras foram submetidas a um tratamento de secagem em estufa a uma
temperatura de 40 ºC. Após a secagem, as amostras foram novamente trituradas de modo a
obter-se um pó, tendo sido armazenadas num recipiente hermeticamente fechado à
temperatura de -18 ºC até ao dia da análise.
Pesaram-se 5 g de amostra de cogumelo que foi dissolvida em 100 mL de metanol. A
mistura foi agitada através de um agitador mecânico durante 24 horas à temperatura
ambiente, sendo de seguida filtrada através de papel Whatman nº1.
Os extractos metanólicos foram evaporados a 40 ºC através de um evaporador
rotativo, de modo a obter-se um resíduo que posteriormente foi redissolvido com 10 mL de
metanol.
A solução final obtida foi filtrada com filtro de 0,45 µm de poro, sendo que a partir
desta solução foram realizadas sucessivas diluições de modo a obter-se diferentes
concentrações dos extractos metanólicos de cogumelo.
Material e Métodos
46
A extracção e a análise foram realizadas em triplicado para cada uma das amostras,
sendo que durante todo o processo, os extractos metanólicos foram devidamente
protegidos da luz.
2.2.4.2. Avaliação da actividade antioxidante pelo método do radical DPPH•
O DPPH• é um radical de azoto estável, apresenta uma cor púrpura intensa e reage
com compostos que podem doar um átomo de hidrogénio ou um electrão (compostos
antioxidantes).
Este método baseia-se na adição de um composto capaz de doar um átomo de
hidrogénio ou um electrão ao DPPH•, o que resulta na descoloração da solução de DPPH•.
Tal acontece uma vez que o radical DPPH• transforma-se na sua forma reduzida, o que tem
como consequência a perda da coloração púrpura intensa da solução original e obtenção de
uma coloração amarela pálida pela formação da hidrazina (Figura 16).
A reacção de redução do radical DPPH• é acompanhada pela diminuição da
absorvância a 517 nm, medida através de um espectrofotómetro UV-Visível (Antolovich et
al., 2002; Amarowicz et al.,2004; Molyneux, 2004; Pereira, 2009).
Figura 16 - Redução da molécula de DPPH. DPPH na forma de radical livre (Violeta); DPPH
na forma reduzida (Amarelo pálido) (Fonte: Santos et al., 2011).
Para a determinação da actividade antioxidante foi preparada uma solução metanólica
de DPPH•, com uma concentração de 1,5x10-3 mg/mL (1,5 mg de DPPH dissolvido em 100
mL de metanol).
Material e Métodos
47
Após a preparação dos extractos metanólicos das várias amostras de cogumelo
realizaram-se diluições sucessivas, com diferentes concentrações, a partir da concentração
do extracto inicial.
A determinação da actividade antioxidante dos extractos metanólicos foi realizada
em triplicado, acrescentando-se, 2 mL de solução DPPH e 0,05 mL de extracto num tubo de
ensaio. Após a agitação da mistura realizou-se a leitura da absorvância no espectrofotómetro
a 517 nm, no inicio da reacção (t=1min) e após 30 minutos do início da reacção, no escuro.
Este procedimento foi efectuado para cinco concentrações diferentes. Utilizou-se o
metanol, como branco.
Durante todo o procedimento de análise, a solução de DPPH e os extractos
metanólicos de cogumelo foram manipulados à temperatura ambiente e ao abrigo da luz.
A actividade antioxidante dos compostos presentes nas amostras é expressa em
percentagem de inibição (% PI), sendo que os resultados foram apresentados em valor de
EC50 (concentração eficiente). A percentagem de inibição consiste na quantidade de radicais
livres DPPH• captados pelos compostos antioxidantes, sendo que a percentagem de inibição
é directamente proporcional à concentração de antioxidantes presentes no extracto.
A percentagem de inibição (% PI) é calculada através da equação 1.
( – )
(Eq. 1)
Sendo,
Abs1min = Absorvância da mistura de extracto com o radical DPPH• no início da
reacção (t=1minuto).
Abs30 min= Absorvância da mistura de extracto com o radical DPPH• após 30
minutos de reacção.
Após a análise foi calculada a percentagem de inibição para cada uma das
concentrações e determinou-se a equação da recta que relaciona a percentagem de inibição
com a concentração do extracto metanólico.
A equação da recta permitiu encontrar o valor de EC50 (mg/mL), isto é, a
concentração de substrato necessária para provocar uma percentagem de inibição de 50%, o
que permitiu a comparação dos resultados obtidos para as diferentes amostras de cogumelo
por este método (Brand-Williams et al., 1995; Molyneux, 2004; Santos et al., 2011).
Material e Métodos
48
2.3. Determinação do ergosterol no cogumelo Pleurotus ostreatus
cultivado em borras de café e em palha de trigo
2.3.1. Amostras biológicas
Na determinação do ergosterol foram utilizadas dois tipos de amostras, o cogumelo
Pleurotus ostreatus cultivado em borras de café e cultivado em palha de trigo.
As amostras de cogumelo foram fornecidas pela empresa Gumelo (Lisboa, Portugal),
que se dedica, exclusivamente, à comercialização de cogumelos desta espécie através de
pequenas caixas, chamadas “eco gumelo”, que contêm o substrato e o micélio inoculado,
sendo que, quando induzidas as condições necessárias, o cogumelo desenvolve-se e é
colhido pelo próprio consumidor (Figura 17).
Os cogumelos foram cultivados em borras de café e em palha de trigo sob as mesmas
condições pela empresa, tendo sido fornecidos frescos e inteiros, devidamente
acondicionados. Foram fornecidos cerca de 850 gramas de amostra de cogumelo cultivado
em borras de café e cerca de 700 gramas de amostra de cogumelo cultivado em palha, sendo
que sob o ponto de vista morfológico verificaram-se diferenças entre os dois tipos de
amostras. A primeira apresentou uma cor acinzentada intensa e um píleo de maiores
dimensões, enquanto que a segunda apresentou uma cor mais esbranquiçada e um píleo de
menores dimensões. Para ambas as amostras foram removidos os caules, tendo sido
armazenadas a uma temperatura de -18ºC até à sua liofilização.
Figura 17 - Produto da empresa Gumelo (Fonte: Gumelo, 2013).
Material e Métodos
49
2.3.2. Reagentes e Padrões
No processo de extracção do ergosterol utilizou-se metanol, de grau analítico HPLC,
e n-hexano, ambos fornecidos pela Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, EUA), etanol absoluto,
hidróxido de potássio e sulfato de sódio anidro da Merck (Darmstadt, Alemanha). A água
destilada utilizada no processo de extracção foi obtida por sistema da Millipore (Milli-Q
Integral 10, Billerica, E.U.A.).
Na análise de quantificação do ergosterol foi usado o padrão de ergosterol (CAS No.
57-874) adquirido à Sigma-Aldrich (St Louis, MO, EUA), no estado sólido, com um grau de
pureza ≥ 95%.
O solvente orgânico utilizado foi de grau analítico HPLC. O Isooctano (2,2,4
Trimetilpentano), utilizado para a preparação da fase móvel para análise em HPLC, foi
fornecido pela Sigma-Aldrich (St Louis, MO, EUA), com um grau de pureza ≥ 99,5%.
2.3.3. Material e Equipamentos
A extracção e a quantificação do ergosterol no cogumelo Pleurotus ostreatus foi
realizada no laboratório de Bromatologia e de Nutrição da Faculdade de Farmácia da
Universidade de Coimbra.
Os materiais utilizados na preparação das amostras foram balões de Erlenmeyer de
vidro âmbar (250 mL), tubos de condensação, provetas (50,100 mL), quitasatos (250 mL),
funis de Büchner, ampolas de decantação (250 mL), funis de vidro, balões para evaporador
rotativo (250 mL), espátulas, seringas de vidro, filtros de papel Whatman nº 1 (Maidstone,
Inglaterra), filtros de poliamida para seringa com poro de 0,45 µm (Millipore, Irlanda) e
filtros de poliamida de membrana com poro de 0,20 µm e diâmetro de 50 mm (Whatman,
Dassel, Alemanha).
Os equipamentos usados foram um liofilizador FreeZone® Stoppering Tray Dryer
(Modelo 794880), uma balança analítica Mettler Toledo® (PB303-S/FACT, Switzerland,
Suíça), um liquidificador, placas de aquecimento (FALC, Itália), evaporador rotativo da Büchi
Re111 (Switzerland, Suiça), agitador de vórtex Retschmixer (Haan, Alemanha) e um aparelho
de ultrassonificação modelo Sonorex RK 100 (Berlim, Alemanha) para a desgaseificação da
fase móvel. O equipamento cromatográfico utilizado encontra-se descrito no ponto 2.3.6.1.
Material e Métodos
50
2.3.4. Preparação de soluções
2.3.4.1. Soluções padrão
A solução padrão de ergosterol foi preparada por dissolução de 80 mg de ergosterol
em 10 mL de etanol absoluto (8 mg/mL). A solução stock foi armazenada à temperatura de
refrigeração de 2 ºC, devidamente protegida da luz durante o desenvolvimento de todo o
trabalho laboratorial.
A partir da solução stock foram preparadas cinco soluções trabalho, num intervalo de
200-2000 µg/mL para a realização da respectiva curva de calibração.
Para cada solução trabalho foi retirado um volume conhecido de solução stock para
um tubo de ensaio. Evaporou-se o etanol em corrente de azoto e diluiu-se o ergosterol em
10 mL de fase móvel, num balão volumétrico.
As soluções trabalho foram preparadas devidamente protegidas da luz pelo facto do
ergosterol ser um composto fotossensível.
Antes da análise em HPLC, as soluções de trabalho de ergosterol foram filtradas
utilizando filtros de seringa com 0,45 µm de poro.
2.3.4.2. Preparação da fase móvel
A composição da fase móvel foi baseada no estudo de Schwardorf & Muller (1989) e
Abreu (1998), que realizaram a quantificação do ergosterol por HPLC em fase normal.
A fase móvel consiste exclusivamente em isooctano, filtrada sob vácuo através de um
filtro de membrana (0,2 µm de poro), e desgaseificada por ultra-sons durante 30 minutos.
2.3.5. Preparação da amostra para a determinação do ergosterol por
HPLC-UV
Neste estudo, a amostra de cogumelos cultivados em borras de café e a amostra de
cogumelos cultivados em palha de trigo, ambas congeladas, foram submetidos a um processo
de liofilização a uma temperatura de – 50 ºC.
As amostras liofilizadas foram trituradas num liquidificador, até à obtenção de um
pó, o qual foi armazenado, num recipiente hermeticamente, fechado, à temperatura de
refrigeração de 2 ºC. Durante todo o processo de pré-tratamento, as amostras foram
protegidas da luz.
Material e Métodos
51
2.3.5.1. Processo de extracção do ergosterol
A extracção do ergosterol nas amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus baseou-se,
fundamentalmente, na saponificação seguida da extracção líquido-líquido da fracção
insaponificável e na concentração da solução por evaporação do solvente de extracção.
As amostras foram preparadas de acordo com o método adaptado de Schwadorf &
Muller (1989).
Foram pesados 0,5 g de amostra liofilizada em pó para um balão Erlenmeyer de vidro
âmbar de 250 mL de capacidade. De seguida, adicionou-se 15 mL de metanol, 10 mL de
etanol e 4 g de hidróxido de potássio (KOH). A mistura foi submetida a um aquecimento a
80 ºC, sob refluxo, durante 30 minutos (Figura 18). Após o arrefecimento procedeu-se à
filtração da mistura, sob vácuo, através de um funil de Büchner, arrastando-se os resíduos
existentes no balão Erlenmeyer com 5 mL de metanol.
Figura 18 - Saponificação (aquecimento sob refluxo).
O filtrado foi transferido para uma ampola de decantação, lavando o recipiente com 5
mL de água destilada. A mistura saponificada foi agitada com 10 mL de n-hexano durante 1
minuto no vórtex, deixando-se repousar para uma completa separação das duas fases.
A fase superior (n-hexano) foi guardada, extraindo-se, novamente, a fase inferior com
5 mL de n-hexano. Repetiu-se a extracção com mais 5 mL de n-hexano. Por fim, reuniu-se o
conjunto das três fases superiores, desprezando-se a fase inferior.
Material e Métodos
52
As fases superiores reunidas foram filtradas através de papel de filtro Whatman nº 1
e sulfato de sódio anidro. O filtrado final foi de seguida evaporado, até à secura, num
evaporador rotativo a uma temperatura de 40ºC.
O resíduo final foi redissolvido em 5 mL de isooctano (fase móvel) e filtrado
utilizando filtros de seringa (0,45 µm de poro), tendo-se injectado 20 µL no sistema
cromatográfico.
É de referir que durante todo o processo de extracção as amostras foram
devidamente protegidas da luz de modo a evitar a degradação do analito em estudo.
2.3.6. Análise cromatográfica
2.3.6.1. Sistema cromatográfico
O sistema cromatográfico utilizado para a identificação e quantificação do ergosterol
(Figura 19) é caracterizado pelos seguintes componentes:
Sistema de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) composto por uma
bomba Gilson modelo 307 (Gilson Medical Electronics, Villiers-le-Bel, França),
um injector manual Gilson com loop de 20 μl;
Detector UV/Vis GILSON® modelo 155 (Gilson Medical Electronics, Villiers-le-
Bel, França);
Integrador modelo SP4270 da Spectra-Physics (Darmstadt-Kranichstein, R.F.A).
Figura 19 - Sistema de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) utilizado na
determinação do ergosterol.
Material e Métodos
53
2.3.6.2. Condições cromatográficas
As condições cromatográficas foram definidas de acordo com o método de Abreu
(1998), encontrando-se resumidas na Tabela 7, tendo-se verificado, experimentalmente, que
o fluxo mais adequado foi de 1,5 mL/min.
Tabela 7 - Condições do sistema de cromatografia líquida para a determinação do
ergosterol em amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus
Fase Estacionária Coluna de fase normal de Sílica Nucleosil
100-5 (25 cm x 4,6; partículas de 5µm) da
HICHROM® (Inglaterra)
Fase Móvel Isooctano
Fluxo 1,5 ml/min.
Iluição Isocrática
Volume de Injecção 20 µL
Temperatura da Coluna Temperatura ambiente
Temperatura do Injector Temperatura ambiente
Comprimento de onda 282 nm
Resultados e Discussão
54
3. Resultados e Discussão
3.1. Determinação da humidade
Segundo Mattila et. al. (2001), um dos factores mais importantes quando se trata do
valor nutricional é o teor de humidade, pois este influencia directamente a quantidade de
matéria seca, e, desta forma, também a quantidade dos nutrientes presentes na matriz.
Segundo este autor, factores ambientais como a temperatura e a humidade relativa do ar
podem afectar o teor de humidade dos cogumelos durante o seu crescimento e
armazenamento.
Na tabela 8, é possível observar os resultados obtidos relativamente à percentagem
de humidade nas amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus enlatado, cultivado em borras de
café e em palha de trigo.
Nas três amostras os teores de humidade foram elevados, sendo que no caso das
amostras cultivadas os teores estão de acordo com os dados obtidos na literatura (Tabela
9), sendo muito próximos dos valores dados por Reis et al. (2012) e por USDA (2013), para
a mesma espécie. Em comparação com o teor de humidade presente em outras espécies as
percentagens de humidade são igualmente elevadas e semelhantes entre si (Tabela 8 e Tabela
9).
Verificou-se uma ligeira diferença no teor de humidade entre as amostras de
cogumelo cultivadas e a amostra enlatada. O teor de humidade foi superior no caso na
amostra enlatada o que pode estar relacionado com o facto de ser um produto enlatado em
calda (Tabela 8).
Tabela 8 - Percentagem de humidade presente em 100 g de amostra de cogumelo Pleurotus
ostreatus fresco e enlatado.
Amostra Humidade (%) DP (%)
Pleurotus ostreatus
(cultivado em borras de
café)
89,88 0,09
Pleurotus ostreatus
(cultivado em palha de trigo)
89,44 0,14
Pleurotus ostreatus
(enlatado)
93,47 0,43
Resultados e Discussão
55
Tabela 9 - Percentagem de humidade (%) presente em 100 g de amostra de cogumelo
pertencentes a várias espécies.
Espécie de cogumelo Humidade (%) Referência
P. ostreatus
P. eryngii
P. pulmunarius
L.edodes
85,25-93,49
91,69
87,70
90,00
(Manzi, 1999)
P. ostreatus
Agaricus bisporus
89,17
91,27
(Reis et al., 2012)
Agaricus bisporus 92,00 (Mattila et al., 2001)
P. ostreatus
L.edodes (cozido)
89,18
83,48
(USDA, 2013a)
Resultados e Discussão
56
3.2. Avaliação da actividade antioxidante pelo método do radical
DPPH•
O principal objectivo deste estudo foi verificar o potencial antioxidante do cogumelo
Pleurotus ostreatus e analisar a influência da utilização de diferentes substratos na actividade
antioxidante nesta mesma espécie, até ao momento não estudada.
Além disso, procurou-se estabelecer uma comparação com outras amostras de
cogumelo Pleurotus ostreatus e Lentinula edodes, obtidas comercialmente (enlatada, fresca e
desidratada), de diferentes origens geográficas.
Segundo a literatura, os solventes de extracção utilizados na preparação dos
extractos de cogumelo foram o metanol puro, etanol e água (95:5 v/v), e metanol e água
(80:20 v/v), (Yang et al., 2002; Chirinang & Intarapichet, 2009; Kim et al., 2008),
respectivamente. Assim, no presente estudo foram testados diferentes solventes de
extracção, nomeadamente, metanol e água (80:20 v/v) e etanol e água (95:5 v/v), para uma
amostra de cogumelo Pleurotos ostreatus obtida comercialmente.
Após o processo de extracção e análise verificou-se que para a mesma concentração,
a amostra preparada com metanol e água apresentou uma percertagem de inibição (% PI) de
70,1 % enquanto que a amostra preparada com etanol e água apresentou uma percentagem
de inibição de apenas 18,6%. Este ensaio preliminar sugere que o metanol permite uma
maior extracção dos compostos antioxidantes presentes no cogumelo, o que também é
visível pela coloração das duas soluções de extracto (Figura 20).
Figura 20 - (A) Extracto metanólico de cogumelo; (B) Extracto etanólico de cogumelo.
Resultados e Discussão
57
Durante a aplicação do método nas amostras no laboratório de Bromatologia e
Nutrição da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra utilizou-se como solvente
de extracção metanol e água (80:20 v/v). Porém, verificou-se que durante o processo de
evaporação do solvente, a água não evaporou por questões relacionadas com a pressão, o
que comprometia toda a metodologia, tendo-se optado pela utilização de metanol puro
como solvente de extracção.
A determinação da actividade antioxidante foi realizada pelo método do radical livre
DPPH• de acordo com o ponto 2.2.4., sendo que os ensaios foram realizados em triplicado
para cada uma das amostras.
Neste estudo, a capacidade de inibição dos radicais DPPH• foi avaliada utilizando
concentrações distintas para cada extracto metanólico das amostras, que foram variando de
acordo com a resposta antioxidante de cada um. Após a determinação da percentagem de
inibição para cada uma das concentrações obteve-se a equação da recta para cada amostra,
calculando-se a partir desta, o EC50.
Na Tabela 10 encontra-se, para cada intervalo de concentrações, o coeficiente de
determinação (r2) obtido para o extracto metanólico de cada amostra. Tal como se pode
observar pelos valores de r2 obtidos, pode-se afirmar que existiu uma boa linearidade na
maioria das amostras, sendo os valores superiores a 0,97.
Tabela 10 - Coeficiente de determinação (r2) obtido para as amostras de cogumelo P.
ostreatus e Lentinula edodes (Shiitake) na determinação da actividade antioxidante pelo
método do radical DPPH•.
Amostras Intervalo de
concentrações (mg/mL)
Coeficiente de
determinação (r2)
CBG 6,25 - 23,68 0,998
CPG 6,25 - 50 0,984
CBP 2,63 - 18,75 0,998
CFE 6.25 - 50 0,978
CFP 6.25 - 50 0,979
CEP 6.25 - 50 0,990
CSD 6.25 - 50 0,970
Legenda: CBG – Cogumelo cultivado em borras de café; CPG - Cogumelo cultivado em palha de trigo; CBP - Cogumelo
cultivado em borras de café e papelão; CFE - Cogumelo comercializado (origem Espanha); CFP - Cogumelo comercializado
(origem Portugal); CES - Cogumelo enlatado (origem Portugal); CSD – Cogumelo Lentinula edodes comercializado
desidratado (origem China).
Resultados e Discussão
58
Os resultados obtidos na Tabela 11, expressos em EC50 (mg/L), isto é, a
concentração de substrato (antioxidantes) necessária para inibir 50% dos radicais livre
DPPH• presentes em solução, permitiram estabelecer uma comparação entre os extractos
metanólicos das diferentes amostras no que diz respeito ao seu potencial antioxidante.
Tabela 11 - Capacidade antioxidante, expressa em EC50 (mg/mL), dos extractos
metanólicos das amostras de P. ostreatus utilizando o método do radical livre DPPH•.
Percentagem de inibição obtida para a concentração de 18, 75 mg/mL para cada amostra.
Amostras EC50
(mg/mL)
DP
(mg/mL)
Percentagem de
Inibição (%)
C=18,75 mg/mL
CBG 17 3,0 54
CPG 26 1,3 41
CBP 14 1,5 63
CFE 35 3,2 31
CFP 33 1,0 30
CEP 47 1,8 18
CSD - - 19 Legenda: CBG – Cogumelo cultivado em borras de café; CPG - Cogumelo cultivado em palha de trigo; CBP - Cogumelo
cultivado em borras de café e papelão; CFE - Cogumelo comercializado (origem Espanha); CFP - Cogumelo comercializado
(origem Portugal); CES - Cogumelo enlatado (origem Portugal); CSD – Cogumelo Lentinula edodes comercializado
desidratado (origem China).
Nos resultados da actividade antioxidante verifica-se que as amostras de Pleurotus
ostreatus cultivadas em borras de café (CBG) e em borras de café e papelão (CBP)
apresentaram os menores valores de EC50, ou seja, 17 mg/mL e 14 mg/mL, respectivamente.
Isto significa que possuem maior actividade antioxidante uma vez que apresentam a menor
concentração de extracto metanólico capaz de inibir 50% dos radicais livres DPPH•.
A amostra cultivada em palha de trigo (CPG) apresentou um valor de EC50 de 26
mg/mL, sendo superior relativamente às amostras cultivadas em substrato à base de borras
de café, o que sugere a influência da composição do substrato no potencial antioxidante do
cogumelo em estudo, embora as suas concentrações sejam próximas.
As amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus comercializadas (CFE e CFP)
apresentaram valores de EC50 bastante próximos entre si, apesar de serem de diferentes
origens. No entanto o EC50 é superior relativamente às amostras de cogumelo cultivadas,
revelando uma menor actividade antioxidante.
A amostra de cogumelo P. ostreatus enlatada (CES) obteve a menor actividade
antioxidante, apresentado o maior valor de EC50 (47 mg/mL), o que pode dever-se à
Resultados e Discussão
59
utilização do tratamento térmico no processamento industrial (pasteurização), conduzindo à
destruição de parte dos compostos antioxidantes presentes.
As percentagens de inibição (% PI) obtidas para uma concentração de 18,75 mg/mL
(concentração comum a todas as amostras) nos extractos metanólicos das várias amostras
estão em concordância com os resultados expressos em EC50. No caso da amostra de
cogumelo Lentinula edodes não foi possível determinar o valor de EC50 uma vez que a
percentagem de inibição obtida para a concentrada mais elevada (50 mg/mL) não atingiu uma
percentagem de inibição de 50%. Porém, pela percentagem de inibição (Tabela 11) é possível
verificar que o extracto metanólico da amostra de cogumelo Lentinula edodes apresentou
uma baixa actividade antioxidante comparativamente às amostras de Pleurotus ostreatus
cultivadas (CBG; CPG; CBP) e comercializadas (CFE e CFP), uma vez que apresentou uma
percentagem de inibição mais baixa (19 %).
De acordo com os estudos de Yang et al. (2002), Kim et al. (2008) e Reis et al.
(2012), a actividade antioxidante varia de acordo com a espécie de cogumelo. Todavia neste
caso não é possível estabelecer uma comparação entre o cogumelo Pleurotus ostreatus e o
cogumelo Lentinula edodes, uma vez que o último foi obtido comercialmente na forma
desidratada, pelo que as condições de secagem são desconhecidas, o que poderá
comprometer a sua composição e o seu teor em compostos antioxidantes.
Segundo a literatura, o cogumelo P. ostreatus, bem como outras espécies de
cogumelos, são ricos em compostos antioxidantes, sendo os compostos fenólicos os
principais componentes antioxidantes encontratos nos extractos de cogumelos. Deste
modo, vários estudos confirmam que os compostos fenólicos têm uma contribuição
significativa nas propriedades antioxidantes dos cogumelos, existindo uma relação directa
entre o teor de compostos fenólicos totais e a actividade antioxidante avaliada pelo método
do radical DPPH• (Yang et al., 2002; Kim et al., 2008; Chirinang & Intarapichet, 2009; Reis et
al., 2012).
Até ao momento ainda não foi estudada a influência da utilização de diferentes
substratos na actividade antioxidante dos cogumelos. Porém, as borras de café, utilizadas
como substrato de cultivo neste estudo, foram reportadas como sendo ricas em compostos
fenólicos, sendo os principais compostos responsáveis pela actividade antioxidante deste
resíduo (Mussatto et al., 2011). Desta forma, os resultados obtidos, que indicaram uma
maior actividade antioxidante no caso dos cogumelos cultivados em substratos à base de
borras de café, poderão ser justificados pelo facto das borras de café apresentarem teores
consideráveis de compostos fenólicos totais.
Resultados e Discussão
60
Contudo, de forma a obter resultados mais conclusivos sobre a influência do
substrato na actividade antioxidante do cogumelo P. ostreatus dever-se-á realizar a
determinação do teor de compostos fenólicos totais nas amostras de cogumelo cultivadas
em diferentes substratos, nas mesmas condições ambientais, bem como nos diferentes
substratos utilizados, de forma a estabelecer uma relação com a actividade antioxidante
determinada pelo método DPPH•. Além disso, dever-se-á realizar um maior número de
produções de cogumelo P. ostreatus de modo a obter dados mais representativos.
O ergosterol é um composto que está documentado como o principal composto da
fracção lipídica responsável pela actividade antioxidante nos cogumelos, existindo uma
relação positiva entre o teor de ergosterol e a actividade antioxidante nesta matriz (Shao et
al., 2010). Deste modo, é de referir que no presente estudo, o cogumelo P. ostreatus
cultivado em borras de café apresentou o teor de ergosterol e a actividade antioxidante mais
elevados comparativamente com o cogumelo P. ostreatus cultivado em palha de trigo,
existindo, assim, uma concordância nos resultados obtidos.
Resultados e Discussão
61
3.3. Determinação do ergosterol
3.3.1. Justificação do método de extracção e das condições
cromatográficas utilizados
No método de extracção o solvente utilizado foi o n-hexano uma vez que existe uma
maior afinidade do ergosterol para o n-hexano do que para o metanol ou etanol. Além disso,
o n-hexano permite realizar a separação do ergosterol de outras substâncias interferentes,
as quais permanecem na solução alcoólica (Zill et al., 1988; Abreu, 1998).
A maioria dos autores utilizou o n-hexano como solvente de extracção do
ergosterol em amostras de cogumelo (Panasen et al., 1999; Shaos et al., 2010; Gil-Ramirez et
al., 2011).
A quantidade de amostra utilizada baseou-se nas quantidades normalmente
referenciadas na literatura, nomeadamente, cerca de 0,2-0,5 g de cogumelo liofilizado
(Jasinghe, 2005; Shaos et al., 2010; Gil-Ramirez et al., 2011).
Nas condições cromatográficas, o comprimento de onda selecionado para
determinar o ergosterol foi de 282 nm, dado que o ergosterol apresenta uma forte absorção
neste comprimento de onda, sendo proveniente das duplas ligações nas posições C5 e C7
(Solomons, 1990; Abreu, 1998; Jasinghe, 2005; Aureli & Motto, 2005).
3.3.2. Validação da metodologia analítica
O objectivo principal da validação do método será demonstrar que a metodologia
analítica satisfaz os critérios de aceitação por entidades reguladoras, permitindo uma
correcta interpretação dos resultados analíticos, uma vez que conduz à identificação e
quantificação de erros e incertezas inerentes ao procedimento analítico que não podem ser
eliminados.
Assim, a validação de procedimentos analíticos deve ser baseada nas recomendações
e critérios de organizações internacionais de grande relevância científica, nomeadamente, a
Administração da Alimentação e Drogas (FDA), Conferência Internacional de Harmonização
(ICH), Farmacopeia dos Estados Unidos (USP), bem como de referências bibliográficas
relevantes neste âmbito (Delacre, 2000; FDA, 2001; ICH Q2 (RI), 1994; ICH Q2B, 1996;
USP, 2005).
Resultados e Discussão
62
Tendo em consideração a elevada importância da validação de um método analítico
para a credibilidade científica dos resultados obtidos, iniciou-se a exploração da validação da
metodologia analítica aplicada neste estudo. Os parâmetros determinados para a realização
do presente estudo foram a especificidade/selectividade, a linearidade, a precisão e a
exactidão.
Assim, são de seguida apresentados e discutidos os parâmetros de validação avaliados
para o composto em estudo em amostras de cogumelo Pleurostus ostreatus cultivado em
borras de café e em palha de trigo.
3.3.3. Parâmetros de validação
A selectividade de um método instrumental de separação é a capacidade de avaliar de
forma inequívoca, o analito de interesse na presença de componentes que podem interferir
com a sua determinação numa matriz complexa (Ribani et al., 2004)
A selectividade/especificidade de um método pode ser determinada através de
diferentes processos. Neste estudo, a especificidade foi demonstrada através dos valores da
resolução de dois picos cromatográficos com tempos de retenção muito próximos,
nomeadamente, por comparação do tempo de retenção do padrão com o tempo de
retenção do analito nas amostras (ICH Q2 (RI), 1994; Almeida & Bronze, 2005).
Assim, a identificação do ergosterol no cogumelo P. ostreatus foi realizada pela
comparação dos tempos de retenção (TR) das amostras com o tempo de retenção obtido
no padrão de ergosterol. Além disso, através dos tempos de retenção verificou-se se existia
algum interferente que pudesse comprometer a identificação do ergosterol. Esta análise
tornou-se possível através da observação comparativa entre os cromatogramas dos analitos
das amostras de cogumelo P. ostreatus cultivado em borras de café e em palha de trigo e do
padrão de ergosterol (Figura 21 e Figura 22).
Resultados e Discussão
63
Figura 21 - Pico cromatográfico do padrão do ergosterol (400 µg/mL), a 282 nm, tempo de
retenção de 3,2 minutos.
Figura 22 - (A) Pico cromatográfico do ergosterol a 282 nm na amostra de cogumelo P.
ostreatus cultivada em borras de café a 282 nm (Tempo de retenção 3,2 min); (B) Pico
cromatográfico do ergosterol na amostra de cogumelo P. ostreatus cultivada em palha de
trigo a 282 nm (Tempo de retenção de 3,2 min.).
Resultados e Discussão
64
Tal como se pode observar pelos cromatogramas das figuras 21 e 22, não se
verificam picos com o mesmo tempo de retenção do analito em estudo, existindo uma
separação suficiente entre os picos para que se possa identificar o analito de interesse na
matriz em estudo. Deste modo, as amostras de cogumelo P. ostreatus analisadas
demonstraram a inexistência de interferentes da matriz que pudessem comprometer a
identificação do ergosterol, podendo concluir-se que o método utilizado satisfaz o
parâmetro da especificidade.
A linearidade corresponde à capacidade do método em fornecer resultados,
directamente proporcionais à concentração do analito em análise, dentro de um
determinado intervalo de concentrações (FDA, 2001).
Assim, para a concretização deste parâmetro foram preparadas seis soluções do
padrão de ergosterol com um intervalo de concentrações entre 200 e 2000 µg/mL de modo
a estabelecer-se uma curva de calibração. Os padrões de calibração foram analisados nas
mesmas condições cromatográficas das amostras, sendo que cada ponto da curva de
calibração corresponde à média de 2 injecções.
A curva de calibração que relaciona a concentração do analito com a respectiva área
do pico consiste numa representação gráfica de um determinado coeficiente de
determinação (r2), que permite uma estimativa da qualidade da curva. Deste modo, a
linearidade do método utilizado foi expressa pelo coeficiente de determinação (r2) (FDA,
2001; ICH, 1996).
Figura 23 - Representação gráfica da curva de calibração do ergosterol num intervalo de
concetrações de 200 a 2000 µg/mL.
y = 1899,8x - 125196 R² = 0,9969
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
3500000
4000000
0 500 1000 1500 2000 2500
Áre
a
Concentração de Ergosterol (µg/mL)
Resultados e Discussão
65
De acordo com a curva de calibração do ergosterol (Figura 23), o método
apresentou uma boa correlação entre o sinal instrumental e a variação da concentração do
ergosterol. O coeficiente de determinação (r2) permitiu avaliar a linearidade, observando-se
para o analito em estudo um coeficiente de determinação de 0,9969.
A precisão de um método analítico é o grau de conformidade entre os resultados
individuais dos ensaios, quando o processo é aplicado repetitivamente a amostras múltiplas
de uma amostra homogénea (Relacre, 2000).
A precisão foi determinada para as duas amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus,
cultivadas em borras de café e em palha de trigo, sendo estas avaliadas no mesmo dia
(precisão intra-dia ou repetibilidade) em triplicado (n=3), e em dias diferentes (precisão
inter-dia ou reprodutibilidade intra-laboratorial), utilizando o mesmo equipamento e as
mesmas condições de operação.
A precisão permitiu avaliar a variabilidade dos resultados obtidos das diferentes
alíquotas da amostra, e foi expresso em termos de desvio padrão relativo (RSD), em
percentagem, por aplicação da equação 1 do anexo 1.
Tabela 12 - Precisão da determinação do ergosterol em análises intra-dia e inter-dia nas
amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus cultivado em diferentes substratos.
Precisão Intra-dia
(n = 3)
Precisão Inter-dia
(n = 9)
Amostras Média (mg/g)
DP (mg/g)
RSD (%)
Média (mg/g)
DP (mg/g)
RSD (%)
P. ostreatus
(borras de
café)
4,02
0,20
4,91
4,06
0,32
7,8
P. ostreatus
(palha de
trigo)
3,02
0,07
2,39
3,34
0,19
5,8
De acordo com a Tabela 12, na precisão intra-dia da determinação do ergosterol
para ambas as amostras, verificou-se que o valor de RSD (%) foi de 4,91 % e de 2,39 % para
as amostras de P.ostreatus cultivadas em borras de café e em palha de trigo, respectivamente.
Estes valores de RSD (%) encontram-se dentro dos limites considerados aceitáveis (≤5%)
(Almeida & Bronze, 2005).
Resultados e Discussão
66
O estudo da precisão inter-dia foi realizado durante 3 dias consecutivos em
condições de repetibilidade. No estudo da precisão inter-dia para ambas as amostras,
verificou-se que o valor de RSD (%) foi de 7,8 % para as amostras de cogumelo cultivado em
borras de café e de 5,8 % para as amostras de cogumelo cultivado em palha de trigo. Estes
valores de RSD (%) encontram-se dentro dos limites considerados aceitáveis (≤10%)
(Almeida & Bronze, 2005).
A recuperação permite demonstrar a eficácia do processo extracção do analito em
estudo, sendo determinada com base em ensaios onde as amostras são fortificadas com
concentrações conhecidas de analito e dentro do intervalo de linearidade (Ribani et al.,
2004).
Foram preparados três níveis de concentração de ergosterol para a realização dos
ensaios de recuperação, nomeadamente, 800 µg/mL, 1200 µg/mL e 1600 µg/mL. Assim, a
amostra de cogumelo P. ostreatus cultivada em borras de café foi fortificada com 2000 µg,
3000 µg e 4000 µg de ergosterol, em condições de repetibilidade.
A fortificação das amostras com os três níveis de concentração foi realizada depois
do pré-tratamento e do processo de extracção. Posteriormente, as soluções de amostra
fortificada foram injectadas no sistema HPLC-UV e analisadas em duplicado nas mesmas
condições cromatográficas das amostras sem fortificação.
Este parâmetro foi determinado por comparação das áreas dos picos obtidos para as
amostras fortificadas com o ergosterol com as áreas dos picos obtidos para o respectivo
padrão, nos mesmos níveis de concentração. Sendo que, a partir da curva de calibração do
ergosterol (Figura 23), determinou-se a quantidade de ergosterol existente nas amostras
fortificadas bem como nos três níveis de solução padrão utilizados.
A recuperação média (%) do ergosterol foi calculada através da aplicação da equação
2 do anexo 1 para cada um dos três níveis de fortificação. Os resultados obtidos encontram-
se representados na Tabela 13, verificando-se o melhor resultado de recuperação média
(101 %) para o primeiro nível de fortificação.
Resultados e Discussão
67
Tabela 13 - Valores de recuperação (%) obtidos para os 3 níveis de concentrações na
amostra de P. ostreatus cultivado em borras de café.
Amostra Nº de amostras Quantidade
fortificada (µg)
Recuperação
Média (%)
Desvio Padrão
(%)
P. ostreatus
3
3
4
2000
3000
4000
101
78,2
84,3
16,4
1,92
8.87
A metodologia de extracção desenvolvida apresentou resultados variáveis de
recuperação da substância em estudo (78,2 % a 101 %) para os três níveis de concentração
estudados (800, 1200 e 1600 µg/mL).
Na literatua existem valores de percentagem de recuperação superiores aos obtidos
neste estudo. No caso do estudo do autor Yuan et al. (2007) utilizou um processo de
extracção diferente na determinação do ergosterol no cogumelo Cordyceps sinensis, obtendo
valores de recuperação na ordem dos 99,1 e 101,4 %. O processo de extracção consistiu na
extracção da amostra seca com uma mistura de metanol e diclorometano (75:25, v/v), sendo
que a mistura foi, posteormente, centrifugada a 10, 000 rpm durante cinco minutos.
Num outro estudo (Yuan et al., 2008) foi adoptado um método de extracção
semelhante em amostras de cogumelo da espécie A. Aegerita, T. albuminosus e L. edodes, no
qual obteve valores de recuperação da ordem dos 97, 8 a 102,6 %.
Este método de extracção do ergosterol poderá estar na origem da obtenção de
valores superiores de recuperação no estudo do autor uma vez que o método de extracção
utilizado envolve uma menor manipulação da amostra, sendo menos moroso e laborioso
comparativamente ao método de extracção utilizado no presente estudo. A fase da
extracção da fracção insaponificável por meio de ampolas de decantação poderá ser um dos
pontos críticos que poderá originar perdas.
Todavia, não foram encontrados estudos com o método de extracção semelhante ao
utilizado no presente trabalho, que evidenciassem os valores de recuperação de modo a
estabelecer-se uma comparação. Contudo, pode-se considerar que a utilização de um
método de extracção semelhante ao utilizado por Yuan et al., (2007, 2008), poderia resultar
na obtenção de um valor superior de percentagem de recuperação do ergosterol nas
amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus.
Resultados e Discussão
68
3.3.4. Discussão dos resultados
O teor de ergosterol no cogumelo depende de factores ambientais, principalmente, a
luz, a temperatura, a humidade, a concentração de acetato de sódio e o tipo de substrato
utilizado (Savón et al., 2002).
Neste estudo, o principal objectivo foi procurar estabelecer uma comparação entre a
concentração de ergosterol presente nas duas amostras de cogumelo Pleurotos ostreatus
cultivadas nas mesmas condições, mas em diferentes substratos, nomeadamente, borras de
café e palha de trigo. Deste modo, o objectivo é verificar se o tipo de substrato utilizado no
cultivo tem influência no teor de ergosterol presente no cogumelo desta espécie.
A amostra de cogumelo P. ostreatus cultivado em borras de café apresentou uma
concentração de ergosterol superior (4,06 mg/g ± 0,32 de matéria seca) relativamente à
amostra de cogumelo P. ostreatus cultivada em palha de trigo (3,34 mg/g ± 0,19 de matéria
seca).
Uma vez que as amostras foram cultivadas nas mesmas condições ambientais pela
empresa que as forneceu, com excepção do tipo substrato utilizado, existe a possibilidade
das borras de café contribuírem para a presença de um maior teor de ergosterol no
cogumelo Pleurotus ostreatus, embora os teores obtidos tenham sido relativamente próximos.
Os estudos encontrados até ao momento apenas são conclusivos relativamente à
influência da quantidade de luz e do tipo de radiação UV recebida no período de frutificação
na concentração de ergosterol na biomassa fúngica. Estudos conclusivos sobre a influência
do tipo de substrato per si sobre o teor de ergosterol nos cogumelos não foram reportados
até ao momento.
Savón et al. (2002) estudaram o efeito da utilização de diferentes substratos no teor
de esteróis totais do cogumelo P. ostreatus. Os resultados do estudo evidenciaram que o
cogumelo P. ostreatus cultivado em polpa de café (sub-produto obtido do processamento do
café) apresentou mais do dobro do teor de esteróis totais comparativamente ao cogumelo P.
ostreatus cultivado em palha de cevada, sob as mesmas condições.
Deste modo, sendo o ergosterol o esterol maioritário existente nos fungos existe a
possibilidade dos resíduos à base de café contribuirem para o aumento da concentração de
ergosterol nos cogumelos.
Assim, no presente estudo, para a obtenção de resultados mais conclusivos sobre a
influência do substrato na concentração de ergosterol no cogumelo desta espécie dever-se-á
Resultados e Discussão
69
realizar maior número de produções de cogumelo P. ostreatus nas mesmas condições
ambientais, utilizando diferentes substratos, de modo a obter dados mais representativos.
Nesta discussão realizou-se uma comparação entre os resultados obtidos neste
estudo com os dados encontrados na literatura.
Jasinghe et al. (2005) investigaram o teor de ergosterol em várias espécies de
cogumelos comestíveis obtidas comercialmente, através de um método de extracção
semelhante ao utilizado neste estudo e cuja quantificação foi realizada por HPLC-UV. O teor
de ergosterol apresentado para a espécie Pleurotus ostreatus foi de 4,40 ± 0,08 mg/g de
matéria seca, sendo que este teor se encontra muito próximo do teor de ergosterol obtido
para o cogumelo Pleutos ostreatus cultivado em borras de café.
Gil-Ramirez et al. (2011) também investigaram o teor de ergosterol em várias
espécies de cogumelos obtidas comercialmente, porém, o método de extracção e o método
de quantificação (GC-FID) foram diferentes. Os teores de ergosterol apresentados para os
cogumelos do género P. ostreatus e P. eryngii foram de 3,75 mg/g e de 1,40 mg/g em matéria
seca, respectivamente. O teor de ergosterol apresentado para o P.ostreatus foi semelhante
aos teores obtidos neste estudo tanto para o cogumelo cultivado em borras de café como
para o cultivado em palha de trigo, apesar do método de análise utilizado ter sido diferente.
O teor de ergosterol apresentado para o cogumelo P. eryngii foi inferior aos obtidos
no presente estudo e noutros estudos para a espécie P. ostreatus, o que poderá estar
relacionado com as diferentes características genéticas dessa espécie.
Deste modo, os dados da literatura encontrados demonstraram que existe uma
concordância com os resultados do ergosterol obtidos no presente estudo para o cogumelo
Pleurotus ostreatus, independentemente do método de extracção e do método de
quantificação utilizados, sendo as condições de cultivo desconhecidas.
Phillips et al. (2011) determinaram o teor de ergosterol por Cromatografia Gasosa-
Espectroscopia de Massa (GC-MS) em várias espécies de cogumelos, entre elas, no Pleurotus
ostreatus, utilizando a amostra fresca. Neste caso, o teor de ergosterol apresentado foi de
0,68 mg/g em peso húmido, sendo que este resultado sugere a influência do pré-tratamento
da amostra na quantificação do ergosterol na matriz em estudo.
Existem vários dados na literatura sobre o teor de ergosterol noutras espécies de
cogumelos comestíveis, bastante procuradas, como é o caso dos cogumelos Lentinula edodes
(Shiitake) e Agaricus disporus (cogumelo de Paris). No caso do cogumelo Lentinula edodes os
valores do teor de ergosterol encontrados variam entre 5,51 mg/g a 6,79 mg/g em matéria
seca (Mattila et al., 2002; Jasinghe et al., 2005; Gil-Ramirez et al., 2011). Enquanto que no
Resultados e Discussão
70
cogumelo Agaricus bisporus o teor variou entre 3,06 mg/g a 7,80 mg/g em matéria seca
(Jasinghe et al., 2005; Gil-Ramirez et al., 2011).
De acordo com o estudo de Jasinghe et al. (2005), os cogumelos Lentinua edodes (6,0
5 mg/g) e Agaricus bisporus (7,80 mg/g) apresentaram um teor de ergosterol superior
relativamente ao cogumelo P. ostreatus, o que também se verifica através da comparação
com os resultados obtidos nesta tese para esta espécie. Gil-Ramirez et al. (2011) verificaram
também que o cogumelo Lentinula edodes (5,51 mg/g) apresentou um teor de ergosterol
superior ao cogumelo P. ostreatus. Porém, o cogumelo Agaricus bisporus (3,06 mg/g)
apresentou um teor de ergosterol bastante mais próximo do P. ostreatus quer no mesmo
estudo quer no presente trabalho.
Verificou-se, também, que a espécie P. ostreatus possui um teor de ergosterol
superior em comparação a outras espécies de cogumelos comestíveis, obtidas
comercialmente, bastante apreciadas, tais como, Lactarius delicious (1,60 mg/g), Ganoderma
lucidum (0,69 mg/g), Agaricus blazei (1,73 mg/g), Cantharellus cibarius (2,61 mg/g), Flammulina
velutipes (0,53 mg/g), (Gil-Ramirez et al., 2011; Jasinghe et al., 2005).
Conclusões e considerações finais
71
4. Conclusões e considerações finais
Um dos cogumelos comestíveis que tem suscitado maior interesse nos últimos anos
é o Pleurotus ostreatus, conhecido como cogumelo ostra, devido à facilidade de cultivo e ao
seu grande potencial económico e qualidade nutricional, existindo, assim, a necessidade de
estudar o seu índice qualitativo e quantitativo de nutrientes e compostos bioactivos por
forma a sobrevalorizar o seu cultivo.
Este estudo centrou-se, fundamentalmente, na quantificação do teor de ergosterol e
da determinação da actividade antioxidante em amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus
comercializadas e cultivadas em diferentes substratos, nomeadamente, borras de café e palha
de trigo, dada a sua possível influência no teor de compostos bioactivos nesta matriz.
A actividade antioxidante pelo método do radical DPPH• foi determinada para as
duas amostras de cogumelo P. ostreatus cultivadas nas mesmas condições ambientais em
borras de café e em palha de trigo, sendo que o objectivo principal foi analisar a influência da
utilização de diferentes substratos na actividade antioxidante nesta mesma espécie, até ao
momento não documentada. Além disso, procurou-se estabelecer uma comparação com
uma amostra de cogumelo da mesma espécie cultivada em borras de café e papelão, e com
outras amostras de cogumelo Pleurotus ostreatus e Lentinula edodes, obtidas comercialmente.
Os resultados obtidos, expressos em EC50, indicaram uma maior actividade
antioxidante no caso das amostras de cogumelo P. ostreatus cultivado em borras de café (17
mg/mL) e em borras de café e papelão (14 mg/mL), comparativamente à amostra cultivada
em palha de trigo (26 mg/mL) e às restantes amostras obtidas comercialmente. Estes
resultados, embora tenham sido relativamente próximos, sugerem a influência da
composição do substrato utilizado no teor de compostos antioxidantes no cogumelo
Pleurotus, sendo que tal pode ser justificado pelo facto das borras de café apresentarem
teores consideráveis de compostos fenólicos totais na sua composição (Mussatto et al.,
2011).
Todavia, de forma a obter resultados mais conclusivos dever-se-á realizar a
determinação do teor de compostos fenólicos nas amostras de cogumelos Pleurotus
cultivados e nos diferentes substratos utilizados, de forma a estabelecer uma relação com
actividade antioxidante determinada pelo método do radical DPPH• bem como através da
utilização de outros métodos anteriormente descritos.
A metodologia de HPLC optimizada para a determinação do ergosterol revelou-se
totalmente adequada para o fim em vista, sendo que a utilização do detector UV-Vis, a um
Conclusões e considerações finais
72
comprimento de onda de 282 nm, possibilitou a detecção e a quantificação do ergosterol nas
amostras de cogumelo P. ostreatus.
Tendo em consideração a elevada importância da validação de um método analítico
para a credibilidade científica dos resultados obtidos, avaliaram-se alguns parâmetros
analíticos tais como a especificidade/selectividade, a linearidade, a precisão e a exactidão.
O método cromatográfico descrito apresentou a detecção do ergosterol a um RT de
aproximadamente, 3,2 minutos.
Efectivamente, o método provou ser específico e selectivo, sem interferentes da
matriz nem a presença de picos que pudessem co-eluir com o composto em estudo.
O método apresentou uma boa correlação entre o sinal instrumental e a variação da
concentração do ergosterol, cumprindo uma linearidade para a gama de trabalho proposta
(200 a 2000 µg/mL), com um coeficiente de determinação de 0,9969.
De acordo com os critérios de validação adoptados, a precisão intra-dia e a precisão
interdia, calculadas para as duas amostras de P. ostreatus cultivadas em borras de café e palha
de trigo, não deverá exceder os 5% e os 10% do desvio padrão relativo (% RSD),
respectivamente. Desta forma, os resultados para a precisão intra e inter dia obtidos para a
amostra de cogumelo cultivado em borras de café (n=3) demonstraram que o método
apresentou valores de desvio padrão relativo dentro dos critérios estabelecidos,
nomeadamente, 4,91 % (precisão intra-dia) e 7,8 % (precisão inter-dia). O mesmo sucedeu
para a amostra de cogumelo cultivado em palha de trigo, cujos valores de precisão intra-dia
e inter-dia foram de 2,39 % e de 5,8 %, respectivamente.
A metodologia de extracção desenvolvida apresentou resultados variáveis de
recuperação do composto em estudo para os três níveis de concentração estudados (800,
1200 e 1600 µg/mL), obtendo-se valores recuperação de 78, 2 % a 101 %. A utilização de um
método de extracção menos laborioso, tal como o descrito por Yuan el tal. (2007), poderá
originar melhores resultados de recuperação.
De acordo com os dados de precisão obtidos neste estudo verificou-se que amostra
de cogumelo P. ostreatus cultivado em borras de café apresentou uma concentração de
ergosterol superior (4,06 mg/g ± 0.32 de matéria seca) relativamente à amostra de cogumelo
P.ostreatus cultivada em palha de trigo (3,34 mg/g ± 0,19 de matéria seca), sendo que estes
teores estão de acordo com os teores de ergosterol reportados na literatura para esta
espécie. Os resultados indicaram que o substrato à base de borras de café poderá ter uma
influência no aumento da concentração de ergosterol no cogumelo P. ostreatus, embora os
resultados obtidos sejam relativamente próximos. Contudo, de modo a obter dados mais
Conclusões e considerações finais
73
representativos, torna-se fundamental realizar no futuro um maior número de produções de
cogumelo da mesma espécie, em diferentes subtratos, nas mesmas condições ambientais.
Os resultados obtidos na determinação do teor de ergosterol e na determinação da
actividade antioxidante do cogumelo P. ostreatus são, assim, considerados como resuldados
preliminares, constituindo um incentivo e uma base para o aprofundamento do estudo desta
espécie apta para de ser cultivada em resíduos agro-alimentares que não são reaproveitados,
como é o caso das borras de café.
As potencialidades do aproveitamento das borras de café não têm sido tão estudadas
como as da polpa e casca do café. Embora em menor quantidade, a borra contém à
semelhança da polpa e da casca, cafeína e taninos tornando-o, por isso, um resíduo tóxico.
O uso das borras de café no substrato de crescimento da espécie comestível Pleurotus
ostreatus torna-se vantajosa pois para além de permitir produzir cogumelos de elevado valor
comercial, o resíduo restante, apresenta potencialidades de ser subsequentemente utilizado
na alimentação animal. A degradação parcial da cafeína e de taninos, promovida pelo fungo,
torna este resíduo menos tóxico e mais apto para a alimentação animal (Fan & Soccol, 2005).
Em suma, a utilização das borras de café no cultivo do cogumelo Pleurotus ostreatus
permitirá torná-las num resíduo biodegradável de impacto reduzido além de existir a
possibilidade de permitir o enriquecimento da matriz em estudo, a qual se destaca por ser
uma fonte promissora de compostos bioactivos para alimentação humana e para a produção
de preparados farmacêuticos e suplementos alimentares.
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Anexo I
89
Anexo I – Equações utilizadas na validação da metodologia
1. Equação da Precisão (Almeida & Bronze, 2005)
(Eq. 1)
Onde o σ é o desvio-padrão e µ é a média dos resultados.
2. Equação da Recuperação (Almeida & Bronze, 2005)
(Eq. 2)
Onde,
CR – Concentração do analito na amostra fortificada;
VR – Volume de amostra do ensaio de recuperação (VA + VP);
CA – Concentração do analito na amostra não fortificada;
VA – Volume de amostra utilizada no ensaio de recuperação;
CP – Concentração do padrão de analito utilizado para fortificar a amostra;
VP – Volume de padrão de analito utilizado no ensaio de recuperação.