queda da produção pesqueira do estado do pará: evidências da
TRANSCRIPT
IX ENCONTRO NACIONAL DA ECOECOOutubro de 2011Brasília - DF - Brasil
QUEDA DA PRODUÇÃO PESQUEIRA DO ESTADO DO PARÁ: EVIDÊNCIAS DA TRAGÉDIADOS COMUNS ?
Roose de Fátima da Silva Rosa (FAPESPA) - [email protected] Economia - PPGE/UFPA
Márcia Jucá Teixeira Diniz (PPGE/UFPA) - [email protected] Desenvolvimento Sustentável NAEA/UFPA
Marcelo Bentes Diniz (PPGE/UFPA) - [email protected]. Desenvolvimento Econômico e Regional CAEN/UFC
Queda da Produção Pesqueira do Estado do Pará: evidências da
Tragédia dos Comuns ?
Resumo
O objetivo principal deste artigo é discutir a redução da produção pesqueira
industrial e artesanal no estado do Pará, a partir da década de 2000, como o que é
chamado na literatura de Tragédia dos Comuns. A pesquisa levanta indícios que
nos últimos anos a sobrepesca vem acarretando diminuição da produção, tanto
industrial como artesanal do Pará, inclusive, com outros impactos econômicos
como a queda significativa da exportação do setor. Além disso, verificou-se,
através da utilização de um modelo de regressão, a participação da aqüicultura
como atividade complementar, sugerindo à diminuição dos impactos negativos
sobre o recurso natural, e a importação de pescados como substituta à produção
pesqueira. O trabalho foi subsidiado por dados secundários disponíveis nas
instituições responsáveis pelo setor pesqueiro estadual e federal.
Palavras-chave: Atividade Pesqueira; Tragédia dos Comuns; Sustentabilidade.
Abstract
The main objective of this paper is discuss the reduction fishery production in the
state of Pará, from the 2000's, as a possible example what is called in the literature
Tragedy of the Commons. The research evidence confirms in recent years,
overfishing as resulting decrease in production, in industrial and artisanal of Pará,
including economic impacts affecting the export basket sector. Moreover, it was
found, by using an econometric model - Linear Regression - the participation of
aquaculture as a complementary activity in order to reduce negative impacts on
the natural resource, and the import of fish as a substitute for fish production. The
work was funded by secondary data available in the institutions responsible for
state and federal fisheries sector.
Keys-Word: Fishering activity; Tragedy of the Commons; Sustainability.
1 Introdução
A pesca no mundo com fins comerciais se desenvolveu rapidamente a
partir da I Revolução Industrial, tendo em vista as importantes mudanças
tecnológicas ocorridas, à época, que facilitaram a exploração de produto e,
conseqüentemente, o aumento da demanda. A introdução da máquina a vapor nas
embarcações deu condições de se utilizar redes de arrasto com alcance mais
profundo, e a construção de ferrovias que facilitou o acesso dos consumidores
(CASTELLO, 2007).
Entretanto, segundo este autor, na última década do século XIX houve
uma redução de cerca de 30% no estoque de pesca do mar do Norte e oceanos em
função da sobrexploração, culminando com a sobrepesca. No início da II Guerra
Mundial o aumento dos estoques pesqueiros foi retomado em função da própria
paralisação da atividade, onde os estoques sobrexplorados se reconstituíram.
Além disso, a adoção de normas jurídicas e convenções internacionais em relação
à conservação e administração dos recursos naturais favoreceram a preservação
dos recursos pesqueiros.
Nos últimos 30 anos, verifica-se uma redução (assintótica) da taxa de
captura e produção mundial, muito embora, as estatísticas mais recentes (2008-
2010) e as previsões para até o final da década de 2010 (OECD-FAO, 2001),
apontem para uma reversão desta tendência, em função, sobremaneira, do
crescimento da aqüicultura, uma vez que a redução dos estoques pesqueiros,
resultado da sobrepesca, poluição hídrica e mesmo das mudanças climáticas, é
considerado um fato. Como chamam atenção Hilsdorf et el (2006): “A percepção
de que a sobre-pesca, vem afetando a disponibilidade dos estoques de peixes, tem
sido um consenso entre os cientistas pesqueiros [...]”.
Na região Norte, o uso dos recursos pesqueiros envolve vários agentes que
interagem em diferentes níveis, principalmente, por não existirem direitos de
propriedades sobre esse bem comum, ou seja, há um excesso no uso do recurso
em detrimento da manutenção de seus estoques.
O Pará contribui com cerca de 51% do pescado produzido na Região
Norte, bem como, ocupa o segundo lugar na produção nacional, com
aproximadamente 136.228 ton., o que corresponde a quase 11,0 % da produção
brasileira de pescado em 2010. (MPA, 2010).
Apesar de sua produção ter crescido em termos absolutos, quando se
compara evolução da pesca continental1 verifica-se uma queda relativa de sua
produção, identificada nos períodos entre 1991 e 1999 e entre 1991 e 2009.
A sobreexploração do recurso pesqueiro se configura numa “Tragédia dos
Comuns”, expressão introduzida por Garret Hardin em 1968, demonstrando que o
livre acesso ao recurso comum ou bem sem a propriedade privada, no qual vários
agentes têm o privilégio de usufruir de seu uso, concorrem para a sua extinção.
Vale mencionar, que no caso da atividade pesqueira, a sobreexploração
desse recurso ocasionando uma “Tragédia dos Comuns”, tem como característica
básica, o fato que na ponta da cadeia produtiva, ou seja, na comercialização do
produto, tornar-se um bem de consumo rival, com tendência a ser explorado
acima de seu “nível ótimo”.
Na análise de Isaac (2006), a região Norte apresenta uma redução dos
estoques pesqueiros significativos há três décadas. Contribui para isto segundo
Barthem (1992), o baixo conhecimento da ictiofuna na região, e a quantidade
reduzida de cada espécie.
Desse modo, o objetivo do trabalho visa atestar a hipótese da evidência
da Tragédia dos Comuns na atividade pesqueira do estado do Pará, a qual será
verificada através dos dados coletados para o período de 1991 a 2009.
A justificativa do período analisado é devido ao início da elaboração de
estatísticas oficiais mais confiáveis do setor a partir da década de 1990 (SANTOS;
SANTOS, 2005) e a metodologia empregada parte da utilização de dados
secundários, referentes à produção, exportação, importação, das principais
espécies do estado do Pará. Além disso, aplica-se um modelo regressão linear para
atestar a dependência da redução da pesca industrial e artesanal no que diz
respeito a essas variáveis selecionadas – as únicas variáveis que foram passíveis
de coleta no período abordado nessa pesquisa.
1 Principal modalidade de produção do estado
2.1. Revisão da Literatura: Tragédia dos Comuns - abordagem teóricas
Um recurso comum tem por característica o fato que não pertence (não é
de propriedade) a nenhuma unidade de decisão econômica, o que significa que seu
acesso é livre a todos, e que sua exploração por um agente econômico seria
independentemente de outros (WIJKMAN, 1982). Além disso, como chama
atenção este mesmo ator:
“[…] the crucial characteristic of common property resources is that
property rights to parts of the resource cannot be economically defined and
enforced”. (WIJKMAN, 1982, p.518).
Outro aspecto relevante segundo Grafton et al. (2004) é que esses recursos
(ou seu direito de uso) poderiam ser mantidos como comuns por razões
relacionadas: a) como eficiente na partilha de riscos; b) minimizar problemas de
acesso desigual a população; c) ou refletir o padrão histórico de posse ou do uso
tradicional do recurso ao longo do tempo.
As características acima mencionadas levariam à sobreexploração de
recursos tais como oceanos, rios, atmosfera e grandes áreas de florestas, como
resultado inevitável do acelerado crescimento populacional, e que foi denominado
com a expressão: “Tragédia dos Comuns” pelo biólogo Garret Hardin em artigo
publicado na revista científica Science (1968).
Segundo Hardin, o crescimento populacional ocasionaria um uso
desmedido dos recursos naturais, principalmente, àqueles de uso comum que têm
seus direitos de propriedade subdefinidos levando a uma ineficiência no nível de
utilização do recurso e a uma tendência para seu uso excessivo.
Tomando como exemplo, uso da terra para pasto, Hardin sustenta que a
tragédia se configura quando a meta de estabilidade social alcançada se torna
realidade, pois a lógica intrínseca dos comuns começa a atuar de forma impiedosa,
isto é, cada pastor racionalmente maximizará seu ganho através da utilidade
marginal de cada gado no pasto. De fato, se nessa abstração cada membro
individualizar o lucro proveniente de um animal adicional além do que a pastagem
suportasse, com um custo mínimo proveniente desse sobreuso, o resultado dessa
ação seria uma trágica degradação do recurso, ou seja, o livre acesso ao recurso
ocasionaria uma decadência para todos.
À luz desse pensamento, o autor argumenta que a análise dos comuns se
originou com a descoberta da agricultura e com a criação da propriedade privada.
Entretanto, a tragédia dos comuns está mais presente em casos especiais como no
sobreuso da terra, das florestas, das áreas protegidas, dos oceanos, e dos rios e
mares que têm seus recursos afetados pela livre entrada e sobre-utilização das
fontes naturais sem qualquer tipo de controle ou limite no que diz respeito ao seu
uso. Nesse sentido, a proposição do autor se embasa na adoção de alternativas
para os casos não generalizados: 1) venda como propriedade privada; 2)
manutenção como propriedade pública com a cobrança pelo direito de entrada
baseado na riqueza ou no poder aquisitivo de cada individuo ou, inclusive
adotando um sistema de leilão; 3) através da definição de modelos acordados; 4)
através de sorteios e outros.
Para tanto, como dispositivo para frear essa sobrexploração, Hardin (1968)
sugere a transferência dos regimes de propriedade comum para os de propriedade
privada para a gestão eficiente dos recursos, e implantação de mecanismos de
cunho coercitivo como a tributação que regule o uso e exploração eficientes.
No entanto, a adoção de medidas punitivas perpassa pela dificuldade em
elaborar leis com uma estrutura que atinja a consciência do agente em assumir e
reconhecer que ele não tem o direito de poluir ou degradar uma área ou espaço
que é de uso comum, isto é, a dificuldade se assenta na elaboração de dispositivos
que se adaptem a essa nova percepção do indivíduo.
Nesse contexto, tentar incutir noutros indivíduos a mentalidade de
responsabilidade ou consciência sobre espaços comuns se torna complexo, pois
em grande parte somente desperta um sentimento de culpa, em detrimento ao
coletivo.
A própria organização social ou os arranjos sociais produzem o que
chamamos de responsabilidade ou consciência, e que se replicam em mecanismos
coercitivos. Nesse ponto de vista, Hardin (1968) sugere medidas coercitivas como
impostos ou tributação para a entrada aos espaços de livre acesso ou à propriedade
de uso comum, mutuamente acordada entre os indivíduos afetados.
A Tragédia dos Comuns enfatiza a divergência entre racionalização do
indivíduo e do coletivo, cuja possibilidade concreta de sobre-exploração dos
recursos comuns dependeria da estrutura institucional, relacionado ao seu
gerenciamento e as externalidades envolvidas em seu uso (GRAFTON et al.,
2004), inclusive, quanto a esforços voluntários ou do apelo moral dos agentes
econômicos para uma provisão eficiente de bens públicos (KLEIN, 2002).
Mueller (2007) demonstra a relação entre o esforço de pesca E e o nível
sustentável de exploração dos recursos pesqueiros. Assim, pelo Gráfico 1 que o
Esforço de Pesca E’ indica o nível sustentável C(S’) que determina o ponto A,
inclusive podendo alcançar E” para o mesmo nível, apenas se aumentando o
número de embarcações e, com isso aumentar a captura de peixes que, por sua
vez, ocasionaria a redução dos estoques até o nível S”, na qual a pesca sustentável
é C(S”) = C(S’), referente ao ponto B que é determinado por S” e C(S”). O
esforço EM
corresponde à captura máxima sustentável indicada em C(SM
)
determinando o ponto C.
Quantidade pescada (ton./ano)
C(SM
) C
C(S’) B
C(S’) = C(S”) A
Captura
Sustentável (ton/ano)
(E)
0 E’ E* EM
E”
GRÁFICO 1 – Relação esforço-produção sustentável na pesca Fonte: Mueller (2007).
2.2. Tragédia dos Comuns - Abordagem da Economia Institucional
A análise de Hardin apresentava falhas, sendo a principal relacionada à
visão apocalíptica que desconsidera a racionalidade dos agentes que maximizam
também utilidades coletivas e que, em função desse aspecto, podem determinar
uma reestrutura sócio-econômica que vislumbre uma produção eficiente no
sentido da exploração e uso do recurso e, conseqüentemente, da própria
manutenção da espécie ou do grupo.
Ostrom (1990) corrobora essa idéia, enfatizando uma crítica contundente à
Hardin, principalmente, no que se refere à definição ou ao equívoco do que sejam
os commons. Para a autora, a teoria de Hardin confunde o conceito de bens de
livre acesso com bens de propriedade comum, e no qual o cerne do problema
decorre da interdependência complexa do próprio grupo, bem como da dificuldade
em identificar essa diferença. Como assinalam (BROMLEY; COCHRANE,
1994), Hardin confunde o conceito de propriedade como se fosse um objeto físico,
por isso conclui livre acesso como propriedade comum.
Para Ostrom (1990), a própria teoria das escolhas racionais pode explicar a
ação de maximização dos interesses individuais, isto é, Hardin desconsiderou
situações como dimensão do grupo aos quais certos atores pertencem, diversidade
dos participantes, benefícios ganhos pelo grupo, bem como de transformações
sociais. Segundo a autora, os indivíduos não são levados a agirem em prol de
interesses coletivos somente por sanções institucionais impostas, mas eles podem
responder ou assimilar formas cooperativas e adotar regras próprias em função de
situações que afetem o grupo ou a comunidade, isto é, podem ter como objetivo
buscarem a reciprocidade na direção de atingirem os benefícios da ação coletiva
(OSTROM, 2000).
A crítica em que a autora se embasa está relacionada aos recursos
considerados comuns e que na realidade são espaços e recursos naturais coletivos,
ou melhor, bens com difícil exclusão e alta rivalidade. Assim, a previsão da
tragédia do livre acesso que o modelo de Hardin prevê é pertinente na medida em
que a “propriedade comum” se torna a própria resposta para essa tragédia. Na
verdade, a propriedade comum representa uma forma em que as instituições
coletivas conseguem fazer uso de recursos ambientais de maneira eficiente,
desmitificando o modelo incompleto de Hardin.
Ostrom (1990) aponta que a diversidade institucional aliada ao
comportamento humano é essencial para a manutenção de sistemas
socioambientais sustentáveis, inclusive com a idéia de que a comunicação entre os
agentes ou usuários do recurso comum é suficiente para evitar a tragédia, uma vez
que essa comunicação resulta em ganhos de eficiência econômica e ambiental nos
sistemas fundados (propriedade comuns) em regras definidas autonomamente por
grupos de comunitários ou usuários de recursos comuns através de mecanismos de
controle e sanção, contribuindo para a “gestão comunitária eficiente”.
Mais especificamente, segundo Ostrom, Gardner e Walker (1994, apud
Lauriola, 2009) a intervenção de membros (agentes) externos a comunidade deve
existir para que se alcance uma maior eficiência de gestão.
3. Atividade Pesqueira do Estado do Pará.
A pesca representa uma atividade essencial para o Estado do Pará, além de
seu produto - o peixe - ser uma importante fonte de proteína animal, de geração de
emprego e renda para a maioria da população pertencente às comunidades
ribeirinhas, e à parcela significativa da população local.
No inicio da década de 1990, a atividade no Estado experimentou um
período relativamente positivo, embora, em alguns períodos se observe pequenas
variações da produção. Na realidade, o bom desempenho da produção pesqueira
paraense acompanhou a mesma tendência da produção brasileira que no final
dessa década correspondeu a 843,4 mil toneladas/ano com incremento de 11,7% e,
notadamente, no final da década alcançou um aumento de 25% na produção, com
mudanças relevantes no cenário nacional.
A trajetória da atividade pesqueira no Pará apresentou produção
constante de 1991 a 1998, com aumento positivo apenas a partir de 1999 até 2002,
quando o estado se destacou como o maior produtor de pescado do Brasil. Nos
anos de 2003 e 2004 a produção estadual obteve pequenas variações com 154.546
e 153.806 toneladas, respectivamente. Entretanto, nos anos subseqüentes a
produção paraense apresentou redução considerável em comparação aos anos
anteriores
A partir de 2005, o estado de Santa Catarina assumiu o ranking e vem
liderando como maior produtor nacional, conforme se observa em 2009. O Pará,
nesse mesmo ano, contribuiu com 136.228 toneladas, a qual representou
participação aproximada de 11% da produção total de pescado nacional
(IBAMA/CEPNOR, 2007 e MPA, 2010).
Torna-se evidente que no decorrer dos últimos anos, especialmente entre
2007 e 2009, a queda na produção de pescado estadual vem ocorrendo
significativamente, inclusive sob o ponto de vista ambiental, mostra a
conseqüência da pesca realizada acima da capacidade de regeneração das espécies
que contribui para o reduzido desempenho da produção. No tocante à dinâmica
populacional das espécies de peixes, Filho (1989) argumenta que na avaliação das
mudanças ocorridas pela população de peixes sob o impacto do efeito predador da
pesca, vem ocorrendo retirada maciça de biomassa num espaço de tempo
relativamente curto e com elevada intensidade, provocado pelo padrão de
exploração comercial adotado. Nesse sentido, a evolução da população passa
pelos estágios de i) colonização e expansão; ii) consecução da estabilidade, com
flutuações estacionais na densidade, entretanto com equilíbrio de longo prazo
entre mortalidade e natalidade; iii) regressão, em que a mortalidade excede a
natalidade, caracterizando ocorrência de grandes perdas no estoque jovem; iv)
cessão do espaço para outras espécies; e v) desaparecimento ou substituição por
outras espécies.
Para Filho (1989), o elevado aumento da taxa de exploração diretamente
relacionado com o esforço de pesca ou fator de predação2 reflete as pescarias com
alta taxa de exploração dos indivíduos (peixes) que passam a ser capturados numa
idade jovem, reduzindo sua sobrevivência e provocando, nas gerações posteriores,
um número de indivíduos adultos cada vez menores que, por sua vez, atinge os
potenciais reprodutores e conseqüentemente reduz a descendência, prolongando o
processo de extinção das espécies. Assim, a manutenção do equilíbrio das
espécies que passam por intensa predação é fundamental para uma situação de
rendimento estabilizado pela igualdade de ganhos e perda de biomassa num
determinado período de tempo.
2Fator de predação, definido como o rendimento máximo sustentável, ou seja, o volume de captura
que se pode retirar continuamente de uma população sem afetar seu equilíbrio (FILHO, 1989).
3.1. Evidências de Tragédias dos Comuns na produção pesqueira.
A Amazônia, em particular o estado do Pará possui condição privilegiada
no que se refere à fauna aquática, tendo em vista sua formação e localização,
contribuindo para seu potencial pesqueiro tanto fluvial, lacustre estuarino,
litorâneo e marítimo de peculiaridades específicas do ponto de vista da
biodiversidade íctia.
Contudo, no caso do Pará as evidencias apontam para estatísticas
alarmantes, tendo em vista sua dependência no uso intensivo de recursos
primários, por exemplo, a atividade pesqueira que vem apresentando sinais de
sobrexploração ao longo de alguns anos, e conseqüentemente na produção
pesqueira.
A atividade de aqüicultura representa uma forma de transpor a ação
intensa de degradação da biodiversidade ambiental, principalmente na região
Norte que apresenta condição e potencial favorável ao desenvolvimento da
atividade.
TABELA 1
Evolução da Produção Pesqueira por modalidade no estado do Pará – 1991 a 2009
Partic.
Maritima Continental Maritima Continental %
1991 40.653,5 40.472,0 0,00 0,00 80.509,5 12,0
1992 44.117,5 37.197,0 0,00 0,00 76.698,5 11,3
1993 45.093,5 40.774,0 0,00 0,00 82.088,5 11,7
1994 44.336,5 40.356,5 0,00 0,00 80.107,0 12,3
1995 43.976,5 40.356,5 0,00 750,0 80.467,0 12,3
1996 35.407,0 34.288,5 18,0 150,0 66.892,5 9,7
1997 34.591,5 36.485,0 30,0 750,0 71.856,5 9,8
1998 35.320,5 33.567,0 30,0 825,0 69.742,5 9,8
1999 95.106,5 38.307,0 130,0 891,0 134.434,5 18,0
2000 101.518,5 42.900,5 140,0 1.051,0 145.610,0 17,3
2001 98.555,5 58.225,0 150,0 2.523,0 159.453,5 17,0
2002 104.705,5 67.199,0 78,0 2.245,0 174.227,5 17,3
2003 93.305,5 59.079,0 324,0 1.837,5 154.546,0 15,6
2004 88.980,0 62.542,5 242,0 2.041,5 153.806,0 15,2
2005 83.692,0 60.853,0 278,0 2.072,5 146.895,5 14,6
2006 78.443,0 71.950,0 250,0 2.187,0 152.830,0 14,5
2007 65.460,5 62.287,0 200,0 2.034,0 129.981,5 12,1
2008 83.536,6 64.549,3 256,2 3.071,2 151.422,4 13,9
2009 90.225,9 42.082,5 246,1 3.673,9 136.228,4 11,0
Ano
Pará
Pesca Extrativa Aquicultura
Total
Fonte: IBAMA/DIFAP/CGREP (2007) e MPA (2010). Elaboração da autora.
Observa-se, pela Tabela 1 que a aqüicultura apresenta uma tendência de
crescimento positivo, ainda que represente pouca expressividade no estado do
Pará. Ademais, no tocante ao total da produção pesqueira estadual, as estimativas
mostram redução da produtividade com queda acentuada em 2007, na qual a
contribuição representou aproximadamente 130 mil toneladas/ano,
correspondente a apenas 12% de participação em relação à produção total do país.
Em comparação a 2006, as estimativas representaram 15% de variação
percentual negativa na produção do estado. Como conseqüência imediata se
observa a escassez do recurso, à medida que a pesca se intensifica, podendo-se
evidenciar na perda ambiental dos estoques pesqueiros da região.
Em verdade, a poluição e a perda de zonas úmidas devido às mudanças
ambientais, a sobrexploração e políticas e programas não adequados a atividade
em questão, são enormes ameaças aos recursos pesqueiros, acarretando o declínio
da população de muitas espécies de peixes importantes para o consumo humano.
Em 2002, a redução global dos estoques de peixes apresentou um declínio de mais
de 30%, em comparação ao ano de 1975. A redução global, regional e local da
população de peixe se reduziu, nesse período drasticamente, em função até
mesmo, entre outros fatores, pelo aumento da disputa e dos conflitos entre grupos
que usam esse recurso natural (KAHN, 2005).
De acordo com Barthem e Fabré (2004), as espécies de peixes da
Amazônia têm uma capacidade de adaptação às mudanças sazonais ambientais
que estão diretamente relacionadas à composição dos recursos pesqueiros.
Assim, conforme se pode considerar que os recursos pesqueiros na
Amazônia, principalmente, a partir da década de 90 classificados na literatura
como bens públicos passam por uma Tragédia dos Comuns, à medida que a região
em questão apresenta uma redução dos estoques pesqueiros significativos desde a
década de 80 (ISAAC, 2006). Atestando isso, o Livro Vermelho elenca as
espécies de peixes ameaçadas de extinção no Pará, se destacando Aracu, Acari
Bagre, Cação-bicudo, Cação-lixa ou Lambaru, Espadarte, Jacundá, Jacundá da
espécie Crenicichla, Jacundazinho, Miquim, Pacu, Pacu-capivara, Peixe-serra,
Tubarão-baleia.Vale ressaltar que algumas espécies são de origem marinha e
algumas como o bagre, pacu são de continentais (LIVRO VERMELHO DAS
ESPÉCIES AMEAÇADAS – MMA, 2010)
De acordo com Filho (1989), esse contexto significa que a pesca extrativa
no estado vem apresentando indícios de exaustão, à medida que nas zonas
costeiras os estoques se apresentam cada vez mais reduzidos, devido ao intenso
esforço de pesca. As áreas mais distantes e em profundidade maiores estão mais
propícias para a pesca, entretanto, tal aspecto vem acarretando a captura de
indivíduos mais jovens (recruta) que não conseguem alcançar o tamanho ideal
para a captura, bem como não atingir o crescimento suficiente para recomporem
os estoques.
TABELA 2
Variação Percentual da Produção da Pesca Industrial, Artesanal, e
Aqüicultura do Pará - Pesca continental, 1991 a 2009.
Ano
Produção Var. Produção Var. Produção Var.
Industrial (t) % Artesanal (t) % Aquicultura (t) %
1991 16.101,90 100 64.407,60 100 0 0
1992 15.339,70 -4,7 61.358,80 -4,7 0 0
1993 16.417,70 7,0 65.670,80 7,0 0 0
1994 16.021,40 -2,4 64.085,60 -2,4 0 0
1995 16.099,40 0,5 64.397,60 0,5 750,00 0,0
1996 13.378,50 -16,9 53.514,00 -16,9 168,00 -77,6
1997 14.371,30 7,4 57.485,20 7,4 780,00 364,3
1998 13.948,50 -2,9 55.794,00 -2,9 855,0 9,6
1999 26.886,90 92,8 107.547,60 92,8 1.021,00 19,4
2000 29.122,00 8,3 116.488,00 8,3 1.191,00 16,7
2001 17.350,50 -40,4 139.430,00 19,7 2.673,00 124,4
2002 25.199,00 45,0 146.705,50 5,2 2.323,00 -13,1
2003 33.046,50 31,1 119.338,00 -18,7 2.161,50 -7,0
2004 19.647,00 -40,5 131.875,50 10,5 2.283,50 5,6
2005 16.022,00 -18,5 128.523,00 -2,5 2.350,00 2,9
2006 32.249,00 101,3 118.144,00 -8,1 2.437,00 3,7
2007 18.261,50 -43,4 109.486,00 -7,3 2.234,00 -8,3
*2008 32.984,90 80,6 115.101,07 5,1 3.336,40 49,3
*2009 11.306,10 -65,7 121.002,29 5,1 3.920,00 17,5
Fonte: IBAMA (2007) e MPA (2010). Elaboração da autora.
*Valores estimados da produção.
Pela Tabela 2 observa-se, principalmente a partir de 2001 que a produção
industrial apresentou variação negativa de 40%, sendo o dobro da variação da
pesca artesanal que reduziu - 19%. Ainda pela análise, em comparação à atividade
aquícola, o resultado obtido foi mais significativo, isto é, a queda verificada na
aqüicultura foi menos acentuada que nas duas categorias de pesca observadas.
Nesse sentido, a atividade de aqüicultura vem aumentando seu desempenho, ainda
que aquém das principais categorias extrativas, porém confirmando o potencial
que a atividade pode representar para a pesca sustentável no estado, conforme
pode ser verificado nos anos analisados, o que manteve mais ou menos estável a
produção total do Estado no período (Gráfico 2).
0,0
200000,0
400000,0
600000,0
800000,0
1000000,0
1200000,0
1400000,0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Tone
lada
Pará Ceará Santa Catarina Brasil Bahia
GRÁFICO 2 - Produção Total de Pescado no Brasil, principais Estados
Produtores Fonte: IBAMA (2007) e MPA (2010). Elaboração da autora.
4. Modelo Teórico
No embasamento do modelo econométrico foi utilizada a análise de
Regressão Linear Múltipla (RLM) que envolve a utilização de duas ou mais
variáveis, as quais estão dispostas em variáveis dependentes (artesanal - produção
da pesca artesanal) e variáveis independentes (importação- importação pesqueira;
aquicultura - produção da atividade de aqüicultura; industrial - produção da pesca
industrial).
A escolha das variáveis explicativas na equação abaixo se baseou no
aporte teórico desenvolvido nesta pesquisa. Assim, a estrutura do modelo
proposto no qual as variáveis selecionadas estão assentadas, é denotado pela
seguinte equação
Modelo Teórico: artesanal = f (import, aquicult, industr)
Modelo Econométrico: artesanal = α + β1import + β2aquicult + β3industr + ε
Com isso, pelo modelo utilizado se observou que a variável independente
– aqüicultura - é estatisticamente significativa em explicar a variável dependente -
pesca artesanal - para o nível de significância de 5%, ou seja, a aqüicultura se
comporta como atividade complementar da pesca artesanal. A variável importação
apresentou sinal negativo, com nível de significância de 0,5% demonstrado para
explicar o regressando, e atestou seu comportamento como variável substituta à
pesca artesanal.
art
Coef.
Std. Err.
t
P>|t|
[95% Conf. Interval]
industr 1.063276 .6540564 1.63 0.124 -.3232619 2.449813
import -15.92731 4.855547 -3.28 0.005 -26.22061 -5.634009
aquic 19.2426 3.28462 5.86 0.000 12.27951
26.20568
_cons 48252.27 12792.04 3.77 0.002 21134.35
75370.19
Quadro 1 – Resultados do Modelo Fonte: Elaboração da autora. Utilização do Programa Stata 9.1
No que se refere à variável industrial, o resultado observado foi não
significativo, demonstrando baixo nível de significância para explicar a variável
dependente. Além disso, o resultado do coeficiente de determinação mostrou que
as variáveis independentes têm correlação com a pesca artesanal de 77%, ou seja,
mostra o “quão” as variáveis explicativas estão relacionadas com o regressando.
Uma pergunta que se poderia fazer a respeito dos resultados apresentado é
porque teria pouco apelo empírico à tese de Ostrom (1990; 2000), cuja resposta
deve-se buscar nas especificidades de cada região em que se encontram
comunidades que utlizam recursos comuns, ou que exibem “propriedades
comuns”. E esse é o caso das mais variadas relações entre os mais diversos
agentes que se encontram na maior Floresta Tropical do planeta com a maior
Bacia Hidrográfica do mundo – a Região Amazônica. Além disso, uma região em
que a população residente é extremamente dispersa, a exceção das capitais dos
seus estados, conformando uma baixa densidade populacional em toda sua
extensão.
O Estado do Pará possui pelo menos, 83 (oitenta e três ) colônias de
pescadores, que podem se configurar em potencial espaços de “propriedade
comum” com “gestão comunitária eficiente”.
Entretanto, existem alguns fatores que podem nos dar indícios, que as
colônias de pescadores e a atividade pesqueira como um todo na região passa por
problemas graves e que conseqüentemente pode levar a Tragédia dos Comuns.
O primeiro fator se refere a essas colônias. O número de colônias é
relativamente pequeno quanto ao tamanho de toda região, ou seja, elas
provavelmente, não têm o impacto necessário e positivo para a utilização do
recursos natural – peixe - de forma sustentada, em toda extensão territorial da
região e mesmo do Estado do Pará, pode-se pensar em acordos de pesca pontuais.
Esse imenso território é representado por 1.246.833 Km2
de área, 21.000 km de
rios, 74.780 km de igarapés e várzeas, e 512 km de costa atlântica entre o Cabo
Norte e a foz do rio Gurupí, na qual a atividade pesqueira se desenvolve
(INSTITUTO DE PEQUISA AMBIENTAL DA AMAZÔNIA- IPAM, 2003).
O segundo fator está relacionado às categorias de pesca. Existem várias
categorias de pesca encontradas no Estado e em toda a região que dificultam o uso
do recurso (peixe) de forma sustentável, onde os interesses de cada agente
envolvido, em cada uma delas são muito diferentes. São elas: pesca de
subsistência, pesca ornamental, pesca esportiva, e em principalmente a pesca
artesanal e industrial. Além dessas categorias ainda existe a atividade de
aqüicultura, que como se verá está sendo crescentemente muito utilizada na região
como atividade complementar a todas essas atividades, dando indícios da também
contínua redução do pescado na região.
O terceiro fator importante, como falado acima, é a intervenção
indispensável dos agentes externos, como por exemplo, órgãos governamentais
em suas várias instâncias - federal, estadual ou municipal.
Enfim, para corroborar todos esse fatores podemos citar a 1a. Conferência
de Aqüicultura e Pesca em todos os estados da Região Norte/ Amazônia Legal
promovido pela SECRETARIA ESPECIAL DE AQÜICULTURA E PESCA –
SEAP, que ocorreu em 2003 para identificação de problemas e apresentação das
propostas de solução para o setor pesqueiro em especial a pesca industrial,
artesanal e aqüicultura (ADA, 2006).
Em verdade, foram tantos os problemas encontrados e expostos (e até
mesmo soluções) por todos os agentes envolvidos nessas atividades, que não cabe
aqui esboçar todos eles. Mas certamente nos indica a problemática em todas as
áreas que envolvem essa atividade, e que provocam o uso demasiado do pescado.
Para corroborar o graus de complexidade das relações entre os agentes, da
fragilidade institucional e dos problemas operacionais envolvidos na conformação
de experiências de maior magnitude na direção do uso sustentável dos recursos,
como propõem Ostrom (1990), citemos, por exemplo, o que foi relatado na
Conferencia, referente ao estado do Pará: estudos para mapear as áreas e saber
como funcionam as organizações dos pescadores; estudos para a criação de novas
técnicas de captura, conservação, beneficiamento que possibilitem maior
eficiência econômica e menor custo ambiental; pesquisas em espécies exploradas,
inexploradas ou sub – exploradas; melhoramento tecnológico que evite a captura
da fauna acompanhante; fortalecimento da Secretaria de Pesca do Estado;
subsecretarias nos pólos pesqueiros; aproveitamentos do potencial cientifico e
institucional; apoio a política de reconhecimento dos acordos de pesca; que o
Cadastro Nacional dos Pescadores, a ser implantado pelo SEAP, seja um sistema
integrado com os demais órgãos do governo ligados a fomento e fiscalização;
Cadastrar todas as embarcações pesqueiras nos órgãos competentes inclusive nas
Capitanias dos Portos; estimular a criação dos Conselhos Estaduais e Municipais;
o Conselho Nacional estaria em contato com os Conselhos Estaduais, Municipais
e formar a promover a integração das ações; pagamento de seguro feito nos
municípios onde existam pescadores; reaparelhamento do Ibama para fiscalização
junto a empresas de pesca, os limites pesqueiros e disciplinar a pesca e o meio
ambiente, pesquisa e outros; proteção dos pescadores pelos órgãos competentes,
principalmente no combate a pirataria; Integração entre as três esferas de governo,
federal, estadual e municipal, estabelecendo limites de atuação; discutir de forma
conjunta (pescadores, governo e demais setores ligados ao setor) a
regulamentação sindical das colônias de pesca, para implantação de uma proposta
que vise seu fortalecimento institucional; garantir através dos bancos oficiais
linhas de créditos com juros baixos e compatíveis com a produção dos pescadores;
renegociação das dívidas dos pescadores junto ao Banco da Amazonia - BASA
/Fundo Constitucional do Norte - FNO; despoluição de rios, lagos, igarapés e
mares;; aplicação de leis de crimes ambientais; criar leis especifica de punição
para os poluidores. (ADA, 2006).
5. Considerações Finais
Pelo modelo econométrico de RLM verifiou-se que a variável importação
se comportou como substituta à atividade pesqueira, enquanto que a aqüicultura se
apresentou como complementar, ou seja, quando a produção da pesca sofreu
redução, a importação e a atividade de aqüicultura obtiveram relativo aumento,
ainda que não tão expressivo. Além disso, a pesquisa constatou que os indícios da
sobreexplotação do recurso e conseqüente a redução nos estoques pesqueiros
trazem conseqüências imediatas no desempenho da produção pesqueira paraense,
ou seja, pode-se intuir que a redução dos recursos pesqueiros pela inclusão de
novos processos para elevar a captura do peixe provoca um esforço de pesca ainda
maior e uma pressão sobre os estoques, e compromete o período de sua
recomposição, particularmente daquelas espécies mais comercializadas no estado.
A análise realizada corrobora que as atividades antrópicas estão
acelerando esse processo de forma intensa em relação a algumas espécies, como
citado no texto, inclusive com espécies à beira da extinção. Na realidade, em se
tratando de exploração de recursos naturais com acesso livre para seu uso ou
aquisição, torna-se imprescindível admitir que os agentes possam agir de forma
racional e coletiva no sentido de maximizar suas utilidades com uma
reestruturação produtiva que explore e utilize o recurso de maneira mais eficiente
(BALLESTEROS, 2009).
Ressalte-se que a falta de políticas públicas e de investimentos
condizentes ou adequadas à realidade do setor contribuem para o não
desenvolvimento da pesca de forma sustentável, especialmente por
desconsiderarem as peculiaridades da região, em especial do estado do Pará.
Ademais, ainda que existam leis que norteiem a atividade pesqueira em relação à
regulamentação, se torna evidente o descumprimento de questões fundamentais
para a manutenção do equilíbrio sustentável como regimes de acesso, captura total
permissível, esforço de pesca sustentável, períodos de defeso, tamanhos de
captura, métodos e sistemas de pesca e cultivo, capacidade de suporte dos
ambientes, ações de monitoramento, controle e fiscalização da atividade, de fontes
alternativas de produção sustentável como a aqüicultura, formas de acesso e de
controle que permitam a extração adequada do recurso, proteção de indivíduos em
processo de reprodução ou recomposição de estoques, e de pesquisas referentes à
realidade dos estoques de forma a subsidiar a gestão sustentável da pesca no
estado.
Assim, o conhecimento de espécies ameaçadas de sobreexplotação com a
presença de um estado mais eficiente e atuante, com investimentos em pesquisas e
estatísticas referentes ao conhecimento dos ambientes aquáticos locais, bem como
aplicação e definição de restrições à pesca em águas interiores, uso dos espaços
físicos em águas de domínio da União para fins de aqüicultura ou produção de
cultivo racional em água doce e salgada, são fundamentais para a manutenção da
atividade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA. COPLAGE; UFPA;
OEA; Plano de desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal: estudos
diagnósticos setorias - PDSA 2005 - 2008. Belém: ADA, 2006, v.3.
AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA - ADA. Relatório de
“Implantação da Rede de Pesca Aqüicultura da Amazônia – REPAQ”. Convênio
da Agência de Desenvolvimento da Amazônia – ADA e Universidade Federal
Rural – UFRA. Belém/outubro, 2006.
ALMEIDA, Oriana Trindade de. Manejo de Pesca na Amazônia brasileira.
Editora Peirópolis, São Paulo, 2006.
BALLESTEROS, Victor Hugo Martínez; ALCODORADO, Ihering Guedes. A
Tragédia dos Comuns e o Direito de Propriedade. Artigo apresentado no VII
Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, agosto 2009, Cuiabá,
MT.
BARTHEM, Ronaldo Borges; FABRÉ, Nidia Noemi. Biologia e diversidade dos
recursos pesqueiros da Amazônia. In: RUFFINO, Mauro Luis. A Pesca e os
Recursos Pesqueiros na Amazônia Brasileira. IBMA/ProVárzea, Manaus, 2004.
_______________. Ecologia e Pesca da Piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii)
– Tese de Doutorado. Instituto de Biologia da Universidade de Campinas.
Campinas, São Paulo, 1990.
BROMLEY, D.; COCHRANE J. Understanding the global commons.
CASTELLO, Jorge Pablo. Gestão dos Recursos Pesqueiros, isto é realmente
possível?. Artigo de Opinião/ Pan-American Journal of Aquatic Scienses, 47-52,
2007.
_______________. MOREIRA, André de Castro C. (Orgs.). Espaços e Recursos
Naturais de Uso Comum. NUPAUB- USP, São Paulo, 2001.
FEENY, David; BERKES, Fikret; McCAY, Bonnie J. A Tragédia dos Comuns:
vinte e dois anos depois. In: DIEGUES, Antônio Carlos; MOREIRA, André de
Castro C (Orgs.). Espaços e Recursos Naturais de uso comum. NUPAUB-USP.
São Paulo, 2001.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS
- FAO.The State of World Fisheries the Aquaculture. Roma, 2008.
GRAFTON, R. Q.; ADAMOWICZ, W.; DUPONT D.; NELSON, H.; HILL, R. J.;
RENZETTI, S. The Economics of the environment and natural resources. UK:
Blackwell, 2004.
HARDIN, Garrett. The Tragedy of the Commons. The population problem has
no technical solution; it requires a fundamental extension in morality. Science vol.
162, December , 1968.
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE - IBAMA. Recursos
Pesqueiros do Médio Amazonas: biologia e estatística pesqueira. Brasília: Edições
IBAMA, 2000.
_______________. Estatística da Pesca 2001 no Brasil: grandes regiões e
unidades da federação. Tamandaré, Pernambuco, 2003.
_______________. Estatística da Pesca 2002 no Brasil: grandes regiões e
unidades da federação. Tamandaré, Pernambuco, 2004.
_______________. Estatística da Pesca 2003 no Brasil: grandes regiões e
unidades da federação. Brasília, 2004.
_______________. Estatística da Pesca 2004 no Brasil: grandes regiões e
unidades da federação. Brasília, 2005.
_______________. Estatística da Pesca 2005 no Brasil: grandes regiões e
unidades da federação. Brasília, 2006.
_______________. Estatística da Pesca 2006 no Brasil: grandes regiões e
unidades da federação. Brasília, 2007.
_______________. Estatística da Pesca 2007 no Brasil: grandes regiões e
unidades da federação. Brasília, 2008.
_______________. Estatística Pesqueira do Amazonas e Pará em 2001.
ProVárzea/Manaus, 2002.
_______________. Estatística Pesqueira do Amazonas e Pará em 2002.
ProVárzea/Manaus, 2003.
_______________. Estatística Pesqueira do Amazonas e Pará em 2003.
ProVárzea/Manaus, 2004.
ISAAC, Victoria Judith. Explotação e manejo dos Recursos Pesqueiros do litoral
amazônico: um desafio para o futuro. Revista Ciência e Cultura, vol. 58 nº 3,
Amazônia/Artigos, São Paulo julho/setembro, 2006. Disponível em
http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v58n3/a15v58n3.pdf. Acesso em 22/01/2010.
KAHN, James R. The Economic Approach to Environmental Natural Resources.
Washington and Lee University and Universidade Federal do Amazonas,
Ed.Thomson South- Western, Third Edition, 2005.
LATINI, Anderson Oliveira. Por que nossos rios têm menos peixe?. Universidade
Estadual de Campinas. Programa de Pós-Graduação em Ecologia. Instituto de
Biologia. Campinas, 2002.
McGRATH, David; CASTRO, Fábio de; CÂMARA, Evandro. Manejo
Comunitário de lagos de várzea e o Desenvolvimento Sustentável da Pesca na
Amazônia. Universidade Federal do Pará/NAEA. Belém, 2007.
_______________. ALMEIDA, Oriana Oliveira de; VOGT, Nathan. Diagnóstico,
Tendências, Potencial, Estrutura Institucional e Política Pública para o
Desenvolvimento Sustentável da Pesca e Aquicultura. Vol. 7 de 7. Belém,
SEPAq, 2008.
MARRUL FILHO, Simão. Crise e Sustentabilidade dos Recursos Pesqueiros.
Brasília: Universidade de Brasília, Centro de desenvolvimento Sustentável. 2001.
107 p. (Dissertação de Mestrado de Gestão e Política Ambiental. 2001; CDS
038m).
MATTAR, Maria Eduarda. Pesca: renda, trabalho, preservação e cultura. Revista
Fórum, 2003. Disponível em:
http://www.revistaforum.com.br/sindicatos/soci0032.htm. Acesso 18/11/2009.
MUELLER, Charles C. Os Economistas e as relações entre o sistema econômico e
o meio ambiente – Brasília: Editora Universidade de Brasília: Finatec, 2007.
OVIEDO, Antonio Francisco Perrone (2006). Gestão Ambiental Comunitária da
Pesca na Amazônia: Estudo de Caso do Alto Purus. Tese (Doutorado),
Universidade de Brasília- Centro de Desenvolvimento Sustentável – UNB/CDS.
OECD-FAO. Agricultural Outlook 2011-2020. OECD; FAO, 2011.
RUFFINO, Mauro Luis. Manejo dos Recursos Pesqueiros no médio Amazonas. In
: Recursos Pesqueiros no médio Amazonas: biologia e estatística pesqueira.
Brasília: Edições IBAMA, 2000.
SANTOS, G. M.; SANTOS, A. C. M. Sustentabilidade da pesca na Amazônia.
Estudos Avançados, São Paulo, vol. 19, nº 54, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
SITES CONSULTADOS:
CEPNOR – Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte.
Disponível em http://www4.icmbio.gov.br/cepnor/ Acesso em 22/07/2010.
CEPNOR – Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte:
Disponível em http://www4.icmbio.gov.br/cepnor/legislacao.php?id_arq=9.
Acesso em 19/08/2010.
FAO – Food and Agriculture Organization. Disponível em
<http://www.rlc.fao.org/es/agricultura/sofa/pdf/sofa07es.pdf>. Acesso em
09/04/2010.
MMA – Ministério do Meio Ambiente: Disponível em
http://www.mma.gov.br/estruturas/179/_arquivos/vol_ii_peixes.pdf. Acesso em
23/04/2010.