raciocinio lÓgico
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5 ELEMENTOS BÁSICOS DA LÓGICA PROPOSICIONAL
5.1 Contextualizando
Como você viu no capítulo 3, o juízo é a forma central de todo o pensamento e sua
expressão verbal é a proposição. Julgar é uma prerrogativa própria do homem.
Formulamos juízos como resultado de nossas atividades mentais. Para fundamentar
nossos juízos utilizamos argumentos. Ou seja, apresentamos à pessoa a quem nos
dirigimos as razões pelas quais nós próprios aceitamos o que dizemos. Os argumentos
são constituídos por proposições. Tanto as premissas quanto a conclusão de um
argumento são proposições.
Segundo o professor de Raciocínio Lógico, Nelson Carnaval (2011), a Lógica dasProposições tem sido um assunto sempre exigido em concursos. É importante, portanto,
um estudo mais aprofundado sobre essa temática.
Ao final deste capítulo esperamos que você possa:
definir uma proposição;
reconhecer a importância dos conectivos lógicos e as suas aplicações
nas operações lógicas para a elaboração de proposições compostas;
construir uma tabela de verdade.
5.2 Conhecendo a teoria
5.2.1 Conhecendo as proposições
Um dos ramos da lógica se dedica ao estudo das proposições. Vamos começar
entendendo o que são proposições.
No nosso dia a dia nos expressamos de diversas formas. Veja alguns exemplos:
1. Chove muito!
2. Que dia é hoje?
3. Cinco mais dois.
4. Natal é a capital do Rio Grande do Norte.
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Os exemplos 1, 2 e 4 apresentam um significado pelo que está sendo expresso.
Apenas o exemplo 3 não apresenta sentido completo. O exemplo 3, por não apresentar
sentido completo, chamamos de expressão. Os exemplos 1, 2 e 4 chamamos de
sentenças.
Veja a definição de sentença a partir do que dissemos anteriormente.
[INICIO DE CAIXA]
Sentença é uma forma de se expressar que apresenta um sentido completo.
[FIM DE CAIXA]
As sentenças podem ser:
Abertas – quando apresentam uma variável. Exemplo: 2 + x = 5; y émenor que 12.
Fechadas – quando não apresentam variáveis. Exemplo: a poluição
causa doenças respiratórias; 3 – 2 = 1.
As sentenças fechadas são ainda aquelas que permitem julgamento verdadeiro ou
falso. São essas sentenças que chamamos de proposições.
[INICIO DE CAIXA]
“Uma Assim, “proposição é uma sentença declarativa que admite um e somente um
dos dois valores lógicos – V ou F” (FURTADO, 2010, p. 11).
[FIM DE CAIXA]
Ou seja, uma proposição terá como valor lógico verdade se a proposição é
verdadeira e falsidade se a proposição é falsa. Representamos verdadeiro pela letra V ou0 e falso pela letra F ou 1.
Valor Lógico Símbolo de Designação
Verdade V
Falsidade F
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Para simbolizar o valor lógico de uma proposição, em lógica matemática, adota-se
uma notação específica. Assim, quando temos uma proposição simples verdadeira ela
será simbolizada da seguinte forma:
V(q) = V – traduzindo – o valor lógico da proposição q é verdadeiro.
Por outro lado, se a proposição for falsa teremos:V(q) = F – traduzindo – o valor lógico da proposição q é falso.
Toda proposição apresenta um sujeito (o termo a respeito do qual se declara algo),
um predicado (aquilo que se declara sobre o sujeito) e um verbo que se denomina cópula
(elo). A proposição é a atribuição de um predicado a um sujeito: S é P .
Veja o que estamos dizendo no exemplo abaixo:
A praia de Ponta NegraSUJEITO
temCÓPULA
muito assalto.PREDICADO
Mesmo não apresentando variável, nem todas as sentenças exprimem uma
proposição. De acordo com os estudos de Murcho (2011), não constituem proposições as
seguintes sentenças:
1. Exclamativas – aquelas que exteriorizam estado afetivo.Exemplo: Que dia lindo!
2. Interrogativas – as que indicam perguntas.
Exemplo: Qual a cor do seu automóvel?
3. Imperativas – aquelas que expressam ordem, desejo, pedido, conselho.
Exemplo: Ande depressa!
4. Prescritivas – contêm informação acerca do modo de realizar uma atividade: são
instruções.
Exemplo: Não ultrapasse no sinal vermelho.
5. Compromissivas – expressam a intenção assumida de o locutor vir a praticar
uma ação futura.
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Exemplo: Prometo que estudarei mais.
As proposições se baseiam nas três leis do pensamento ou, como você viu no
capítulo 2, nos princípios que a razão estabelece e garantem que a realidade seja
racional. Assim,
1) Se qualquer proposição é verdadeira, então ela é verdadeira. (Princípioda identidade)2) Nenhuma proposição pode ser verdadeira e falsa, ao mesmo tempo,sob uma mesma condição. (Princípio da não-contradição)3) Uma proposição ou é verdadeira ou é falsa. (Princípio do terceiroexcluído) (CARNAVAL, 2011).
[INÍCIO DO ÍCONE SAIBA QUE]
Algumas proposições quebram as leis do pensamento e cometem o que se
denomina infração lógica; nesses casos temos os paradoxos. Veja um exemplo do que
estamos dizendo:
A frase que você está lendo é falsa.
Se você afirmar que a frase é verdadeira, é porque ela é falsa; e se é falsa, é
porque é verdadeira.
Existem ainda proposições que são incondicionalmente verdadeiras, independente
do valor lógico das variáveis proposicionais. Por exemplo, a afirmação de que UMA
PROPOSIÇÃO OU É VERDADEIRA OU FALSA é sempre verdadeira.
Na linguagem do dia a dia, a tautologia é um vício de linguagem. Veja alguns
exemplos: elo de ligação; certeza absoluta; surpresa inesperada; fato real, entre outros.
[FINAL DO ÍCONE SAIBA QUE]
As proposições podem ser:
1. Proposições simples ou atômicas
Simples ou Atômica - é a proposição que não contém nenhuma outraproposição como parte integrante de si mesma. As proposições simplessão geralmente designadas por letras minúsculas p, q, r, s ..., chamadasletras proposicionais (GASPAR, 2011).
Veja exemplos de proposições simples:
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Paulo gosta de estudar.
O curso que estou fazendo é de excelente qualidade.
A lua é um satélite da terra.
2. Proposições compostas ou moleculares
Composta ou Molecular - é a proposição formada pela combinação deduas ou mais proposições. São habitualmente designadas por letrasmaiúsculas P, Q, R, S..., também denominadas letras proposicionais(GASPAR, 2011).
Veja exemplos de proposições compostas:
João é engenheiro e Marta é estudante.
Se o aluno estudar durante o ano, então será aprovado.
Pedro é estudioso e José é preguiçoso.
Para ilustrar o que estamos dizendo, apresentamos a proposição composta a
seguir.
Você pode ver que ela é resultado da combinação de duas proposições, ou seja,
ela pode ser dividida em duas proposições:
e
As proposições podem, ainda, ser classificadas quanto à:
a) Quantidade - nesse caso podem ser universais, particulares e singulares.
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Universais Quando o predicado se refere àextensão total do sujeito.
Todo S é P
Particulares Quando o predicado é atribuído a umaparte da extensão do sujeito.
Algum S é P
Singulares Quando o predicado é atribuído a umúnico indivíduo.
S é P
b) Qualidade - as proposições podem ser afirmativas ou negativas.
Afirmativas Atribuem alguma coisa a umsujeito.
Os natalenses são
brasileiros.
Negativas Separam o sujeito de algumacoisa.
Os portugueses não são
simpáticos.
5.2.2 A linguagem proposicional
Até aqui é possível concluir que as proposições são juízos sobre a realidade. Para
Wittgenstein (apud SOUZA, 2011), “a proposição é uma imagem da realidade. A
proposição é um modelo da realidade tal como nós a pensamos”. É resultado de nossas
percepções, expressa através da linguagem.
Toda a realidade que nos cerca e está dentro de nós pode ser expressa pela
linguagem. No entanto, a linguagem coloquial é passível de erros. É para evitar os
equívocos da linguagem coloquial que a lógica propõe a transformação dos argumentos
da linguagem coloquial em argumentos lógico-matemáticos. Estamos falando da
linguagem proposicional, entre os elementos dessa linguagem destacam-se:
Os símbolos proposicionais, também chamados variáveis
proposicionais ou átomos – são letras latinas minúsculas p,q,r ,s, ... para indicar as
proposições (fórmulas atômicas).
Os conectivos proposicionais – veja os exemplos abaixo:
SE Pedro é médico, ENTÃO sabe biologia.
Não vai chover hoje.
Ana trabalha OU Carlos descansa.
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Podemos considerar como conectivos usuais da lógica: e, ou, não, se... então...,
se e somente se. A cada um dos conectivos que possibilita a combinação de proposições
corresponde um símbolo.
CONECTIVOS SÍMBOLOSeou
se ... entãose e somente se
~ não
PROPOSIÇÃO LINGUAGEM MATEMÁTICA A lua é quadrada. p
A lua é quadrada e a neve é branca. p QMaria estuda ou Pedro vai ao cinema. p QSe chover amanhã, então não saio. p Q A lua é quadrada se e somente se a neve ébranca.
p Q
A lua não é quadrada. ~ p
Cada conectivo tem sua especificidade a seguir explicitada:
1. Com o conectivo “~" (não), obtemos, a partir de uma proposição p,
uma segunda proposição ~p, chamada negação. O conectivo “~" age apenas
sobre a proposição negada.
Exemplo:
p = A terra é um planeta. ~p = A terra não é um planeta.
2. Com o conectivo “^" (e), obtemos, a partir de duas proposições p, q,
uma terceira proposição, “p ^ q”, chamada conjunção. Nesse caso, o conectivo “^"
age sobre duas proposições. O símbolo mais utilizado para a conjunção, em
eletrônica digital, é o ponto ".".
Exemplo:
p = O sol é uma estrela.
q = A terra é um planeta.
p ^ q = O sol é uma estrela e a terra é um planeta.
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Com o conectivo “ " (ou), obtemos, a partir de duas proposições p, q, uma terceira
proposição “p v q”, chamada disjunção. Assim como o conectivo “^", o conectivo “ " age
sobre as duas proposições. O símbolo mais utilizado para a disjunção, em eletrônica
digital, é o sinal "+".
Exemplo:p = O sol é uma estrela.
q = A terra é um planeta.
p q = O sol é uma estrela ou a terra é um planeta.
3. Com o conectivo “ ”(se..., então...), obtemos de duas proposições p,
q, uma terceira proposição “p q”, chamada condicional. Observe que esteconectivo também age sobre as duas proposições.
Exemplo:
p = O sol é uma estrela.
q = A terra é um planeta.
p q = Se o sol é uma estrela, então a terra é um planeta.
4. Com o conectivo “ ” (se, e somente se), obtemos de duas
proposições p, q, uma terceira proposição “p q”, chamada bicondicional.
Observe que este conectivo também age sobre as duas proposições.
Exemplo:
p = O sol é uma estrela.
q = A terra é um planeta.
p q = O sol é uma estrela se, e somente se, a terra é um planeta.
Os símbolos de pontuação: parênteses
Ainda como símbolo auxiliar na transformação da linguagem coloquial para
linguagem matemática temos os parênteses ( ). Eles servem para denotar o alcance dos
conectivos. Os parênteses serão usados segundo a seguinte ordem dos conectivos:
~
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Veja um exemplo:
a) A lua não é quadrada se, e somente se, a neve é branca - ((~p) q).
b) Se a lua é quadrada e a neve é branca então a lua não é quadrada - ((p ^ q) p).
[INÍCIO DO ÍCONE PRATICANDO]
Agora é com você:
1. Sendo p a proposição Paulo é paulista e q a proposição Ronaldo é carioca, traduzir
para a linguagem corrente as seguintes proposições:
a) ~q
b) p q
c) p q
d) p q
e) p (~q)
e) p q
2. Considere as proposições p: está frio e q: está chovendo. Traduza para a linguagem
corrente as seguintes proposições:
a) p ~q
b) p qc) p q
3. Traduza para a linguagem simbólica as seguintes proposições:
1. Se a terra é um planeta, então a terra gira em torno do sol.
2. Não irei estudar.
3. A terra não é um planeta e não gira em torno do sol.
[FINAL DO ÍCONE PRATICANDO]Você já sabe que através das letras proposicionais, dos conectivos e dos símbolos
de pontuação é possível estabelecer a representação lógica das proposições. Vamos
agora falar sobre seu valor lógico.
5.2.3 Tabela-verdade
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Como você viu acima, de acordo com o princípio do terceiro excluído, uma
proposição ou é verdadeira ou é falsa. Assim, atribuir um valor lógico a uma proposição é
indicar a sua validade considerando a possibilidade de esta ser verdadeira ou falsa.
Para estabelecermos o valor lógico de uma proposição composta é necessário
sabermos os valores lógicos das proposições simples que a compõem. Os valores lógicosde uma proposição são expressos pela tabela-verdade ou tabela de verdade. Na tabela-
verdade figuram todos os possíveis valores lógicos da proposição correspondentes a
todas as possíveis atribuições de valores lógicos às proposições simples componentes.
[INÍCIO DO ÍCONE SAIBA QUE]
As tabelas-verdade surgem a partir dos trabalhos desenvolvidos por Gottlob Frege,
Charles Peirce e outros da década de 1880. Assumiram a forma com a qual trabalhamosem 1922, com as contribuições de Emil Post e Ludwig Wittgenstein.
[FINAL DO ÍCONE SAIBA QUE]
Uma tabela-verdade é construída por linhas e colunas. Para sua construção é
preciso que consideremos alguns pontos:
1. o número de proposições;2. o número de linhas da tabela-verdade;
3. a variação dos valores lógicos.
O número de colunas de uma tabela-verdade é igual ao número de proposições
que a compõem. O número de linhas é dado pela fórmula 2n. Aqui, n corresponde ao
número de proposições utilizadas. Vamos ver a construção da tabela-verdade nas linhas e
colunas, considerando uma e duas proposições.1. Para uma proposição
pVF
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número de linhas dado pela fórmula 2n (o n = 1 uma vez que temos
apenas 1 proposição) 2¹ = 2, no caso duas linhas.
número de colunas = ao número de proposições, no caso 1 coluna.
PVF
2. Para duas proposições
- número de linhas dado pela fórmula 2n (o n = 2 uma vez que temos 2
proposições) 2² = 4, no caso quatro linhas.
- número de colunas = ao número de proposições, no caso 2 colunas.
p q
Uma vez construída a tabela é necessário acrescentar seus valores lógicos. Como
você já sabe, os valores lógicos possíveis para cada variável são V (verdadeiro) ou F
(falso), seu registro na tabela verdade – uma vez definidas linhas e colunas – realiza-se
considerando a seguinte distribuição:
Na primeira coluna, metade das linhas terá valor V e a outra metade
valor F.
Na segunda coluna, metade das linhas que possuem valor V na
primeira coluna terá valor V e a outra metade valor F; e metade das linhas que
possuem valor F na primeira coluna terá valor V e a outra metade valor F.
Na terceira coluna, metade das linhas que possuem valor V na segunda
coluna terá valor V e a outra metade valor F; e metade das linhas que possuem
valor F na segunda coluna terá valor V e a outra metade valor F.
Parece confuso, mas vamos à construção de uma tabela verdade para que você
veja que é algo simples.
Vamos começar traduzindo para a linguagem simbólica a proposição a seguir:
A Universidade a cada dia recebe mais alunos brilhantes e Paulo faz
engenharia.
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Estamos diante de uma proposição composta, resultante da combinação de duas
proposições simples, a saber:
- A Universidade a cada dia recebe mais alunos brilhantes - passamos a representar
pela letra proposicional -
- Paulo faz engenharia - passamos a representar pela letra proposicional - Essas proposições estão ligadas pelo conectivo -
Assim, teremos a seguinte representação: p q
Vamos tentar entender construindo uma tabela-verdade.
- p q
- temos duas proposições, portanto, duas linhas.
- para o número de colunas usamos a fórmula 2n – 2x2 = 4
p q
V V
V F
F V
F F
Lembra como foram colocados os valores lógicos? Na primeira coluna, a metadedas linhas é V e a outra metade é F; na segunda coluna, metade das linhas que possuem
valor V na primeira coluna será F e metade das que foram F será V.
Para que você não esqueça:
Para construirmos as tabelas-verdade utilizamos o Principio Fundamental da
Contagem (PFC): o número de linhas sempre depende do número de elementos
combinados e, como uma proposição pode assumir os valores V ou F, o número de linhas
de uma tabela-verdade é dado por 2n, Sendo:1 elemento: 2¹ linhas = 2 linhas
2 elementos: 2² linhas = 4 linhas
3 elementos: 2³ linhas = 8 linhas
Viu como é fácil?
Agora que você já aprendeu a construir uma tabela-verdade vai colocá-la em
prática com as operações lógicas que serão desenvolvidas no capítulo seguinte.
e -
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5.3 Aplicando a teoria na prática
Até aqui você pôde aprender que a lógica é uma ferramenta utilizada na
formalização de nossos pensamentos. Quando a utilizamos é possível elaborar o
pensamento de modo mais preciso, apresentar argumentos de forma mais exata e
ponderada, portanto, cometer menos equívocos. Essa é uma afirmação corrente quando
estudamos lógica. Como perceber, na prática, essa afirmação? Especificamente, qual a
importância do estudo da lógica de proposições para nossa vida?
Estudando a lógica das proposições trabalhamos com argumentos. Nossos
argumentos sustentam nossos pontos de vista. Um argumento é um conjunto de
proposições que utilizamos para justificar (provar, dar razão, suportar) algo. É exatamente
o estudo dos argumentos e das proposições o objeto de estudo da lógica dasproposições. Interessa à lógica a validade desses argumentos.
É muito comum, por exemplo, vermos situações em que a capacidade
argumentativa é determinante para decidir os rumos de uma situação. Lembramos aqui
que a verdade é uma propriedade das proposições e a validade é uma propriedade dos
argumentos. Considerando a verdade das proposições, chegaremos à validade ou não de
um argumento.
Veja o caso do direito. Um advogado de defesa consegue muitas vezes diminuir apena, ou até anulá-la, apenas pela capacidade argumentativa.
Eis um exemplo que pode ser representado através da lógica de proposições: um
indivíduo foi julgado por participação em um roubo. Na audiência, intervieram o juiz de
acusação e o de defesa. O de acusação disse: "Se o réu é culpado, então teve um
cúmplice". O de defesa contra argumentou: "Não é verdade!" e não podia ter dito coisa
pior. Deste modo, não só reconheceu a culpabilidade do cliente, mas tornou-o totalmente
responsável pelo delito, agravando a futura pena. O defensor equivocou-se porque não
soube formular corretamente a sua ideia.
Advogado de acusação disse SE O RÉU É CULPADO, ENTÃO TEVE UM
CÚMPLICE. Essa proposição pode ser assim representada:
R = réu é culpado
C = réu tem um cúmplice
Assim teremos: R → C
Sabemos que na condicional só teremos a negação desta proposição se R (o réu é
culpado) for verdadeira e C (o réu tem um cúmplice) for falsa. Nos demais casos a
proposição será verdadeira, portanto o argumento é válido.
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O defensor afirmou que a proposição de que o réu tinha um cúmplice não era
verdadeira. Com sua argumentação, ficamos com a seguinte situação:
R → C onde - R é verdadeira e C é falsa.
Assim, o argumento se configura como inválido.
5.4 Para saber mais
LIVRO
Título: Lógica uma introdução voltada para as ciências
Autor: Stan Baronett
Editora: Bookman
Ano: 2009
Nesse livro o autor apresenta uma discussão sobre conceitos básicos de lógica,
matéria exigida em inúmeras disciplinas que exigem raciocínio lógico. Apresenta um texto
escrito de forma clara e acessível, com exemplos que facilitam a compreensão do leitor. A
forma de apresentação do livro o torna atraente pelo projeto gráfico, bem como pelo fato
de o autor aproximar a lógica do cotidiano de todos nós.
5.5 Relembrando
Neste capítulo você ficou sabendo que:
Uma proposição é uma afirmação passível de assumir valor lógico
verdadeiro ou falso.
Apresenta um sujeito (o termo a respeito do qual se declara algo), um
predicado (aquilo que se declara sobre o sujeito) e um verbo que se denomina
cópula (elo).De acordo com os estudos de Murcho (2011) não constituem
proposições as seguintes sentenças: exclamativas, interrogativas, imperativas,
prescritivas e compromissivas.
As proposições se baseiam nos princípios que a razão estabelece e
garantem que a realidade é racional:
1. Toda proposição é verdadeira ou falsa (princípio do terceiro excluído);
2. Uma proposição não pode ser verdadeira E falsa (princípio da não-contradição).
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Proposições compostas são conectadas através dos seguintes
conectivos:
“~” ou “!” (negação);
“^” (conectivo “e”);
“v” (conectivo “ou”); “→” (conectivo “implica”);
“↔” (conectivo “se, e somente se”).
Os valores lógicos de uma proposição composta são expressos pela
tabela-verdade ou tabela de verdade. Para construir uma tabela-verdade é
preciso considerar:
1. o número de proposições;
2. o número de linhas da tabela verdade;3. a variação dos valores lógicos.
O número de colunas de uma tabela verdade é igual ao número de
proposições que a compõem. O número de linhas é dado pela fórmula 2n, onde n
corresponde ao número de proposições utilizadas.
5.6 Testando os seus conhecimentos
1. Sendo p a proposição Paulo é paulista e q a proposição Ronaldo é carioca,
traduzir para a linguagem corrente as seguintes proposições:
a) ~q
b) p ^ q
c) p v q
d) p → qe) p → (~q)
2. Sendo p a proposição Roberto fala inglês e q a proposição Ricardo fala italiano,
traduzir para a linguagem simbólica as seguintes proposições:
a) Roberto fala inglês e Ricardo fala italiano.
b) Ou Roberto não fala inglês ou Ricardo fala italiano.
c) Se Ricardo fala italiano, então Roberto fala inglês.
d) Roberto não fala inglês e Ricardo não fala italiano.
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3. Escrever na forma simbólica, indicando as proposições simples:
1. Ou a notícia foi publicada, ou o cofre foi aberto.
2. Se o Sr. Wilson não estava dormindo, então já passava de meia noite.
3. A Sra. Wilson mentiu no caso de o Sr. Wilson ter saído da cidade e ocaso foi arquivado.
4. A prova de recuperação estava bastante complexa.
4. Construa uma tabela-verdade para 3 elementos: p, q, r.
Onde encontrar
CARNAVAL, N. Lógica sentencial. Disponível em:<http://www.jusdecisum.com.br/sistema/turma/arquivos/BB%20LOGICA%20E%20MATEM ATICA.pdf >. Acesso em: 10 jun 2011.
FURTADO, E. M. Raciocínio Lógico para concursos. Curitiba: IESDE Brasil Ltda, 2010.
GASPAR, M. Introdução à lógica matemática. Disponível em:<http://mjgaspar.sites.uol.com.br/logica/logica#listapref >. Acesso em: 15 jun 2011.
MURCHO, D. Lógica. Disponível em: <http://dmurcho.com/docs/introlog.pdf >. Acesso em:15 jun 2011.
SOUZA, Michel Aires. A lógica representa uma ordem, de fato a ordem a priori do mundo.Disponível em: http://logicanet.wordpress.com/2007/11/25/18/.Acesso em; 25 nov 2011.
VELASCO, P. D. N. Educando para a argumentação: contribuições do ensino da lógica.Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. (Coleção Ensino de Filosofia, 3).