rafael sodré do valea origem dos números inteiros é incerta. ela vem surgindo e se desenvolvendo...
TRANSCRIPT
-
1 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Sociais e da Educação Curso de Licenciatura em Matemática
Rafael Sodré do Vale
O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir da opinião de estudantes
BELÉM-PA
2009
-
2 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Rafael Sodré do Vale
O Ensino de Números Relativos: Atividades a partir da opinião de estudantes
Trabalho de conclusão de curso apresentado
como requisito para obtenção do título de
Licenciado em Matemática, Universidade do
Estado do Pará. Orientador Prof. Dr. Pedro Franco
de Sá.
BELÉM – PA
2009
-
3 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
FICHA CATALOGRÁFICA
-
4 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Rafael Sodré do Vale
O Ensino de Números Relativos: Atividades a partir da opinião de estudantes
Trabalho de conclusão de curso apresentado
como requisito para obtenção do título de
Licenciado em Matemática, Universidade do
Estado do Pará. Orientador Prof. Dr. Pedro Franco
de Sá.
Data da aprovação: 05/02/2009 Banca Examinadora _______________________________ - Orientador Prof. Pedro Franco de Sá Doutor em Educação Matemática UEPA – UNAMA _____________________________________
Prof. Miguel Chaquiam Mestre em Matemática UEPA - UNAMA _____________________________________
Prof. Rosineide de Sousa Jucá Mestre em Educação Universidade do Estado do Pará - UEPA
-
5 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Dedico este trabalho àquelas pessoas que, de uma forma ou
outra, foram fundamentais nesse processo. Minha família e, em
especial a minha mãe, pela compreensão, confiança e
estrutura constante não deixando que o desânimo me tomasse
conta e, é claro, ao meu filho RUAN que é a principal pessoa
em minha vida. Ele me fornece muita luz, amor e força para
passar pelos obstáculos.
-
6 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
AGRADECIMENTOS
Agradeço a misericórdia de Deus, que me deu essa oportunidade de
estudar um curso que gostei bastante.
Agradeço a Universidade do Estado do Pará pela oportunidade
profissional.
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Pedro Franco de Sá, que, não
somente é um orientador excepcional, mas também um ser iluminado.
Agradeço a professora prof. M.Sc. Acylena Coelho pela motivação de
estudar e pela forma especial que ministrava as suas disciplinas contribuindo de
forma incomensurável em minha formação.
Agradeço a Prof. M.Sc. Eliane de Oliveira, por mostrar-me uma outra
visão sobre o estudo e ensino do curso de Matemática e a importância do
profissionalismo em nossa vida.
Agradeço aos amigos da turma que sempre me acolheram bem, mas em
especial a duas pessoas: ao Cássio Garcia que sempre me dava força dizendo que
eu não ia passar e, é claro, ao Mauricio Lima pela palavra amiga e o
companheirismo de sempre, um amigo muito especial, sobrinho do magnífico Rajoli
que respondi tudo só fechando os olhos.
Agradeço a uma amiga especial Tatiane Brito pelo apoio e as palavras
amigas em momentos difíceis.
-
7 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
RESUMO
VALE, R.S. O Ensino dos números relativos: Atividades a partir da opinião de estudantes. 2009.
110f. Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Centro de Ciências Sociais e Educação,
Universidade do Estado do Pará. Belém, 2009.
Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo analisar o processo de ensino-aprendizagem dos números relativos. A produção das informações foi realizada por meio de uma consulta a 100 (cem) estudantes da 7° série de duas escolas públicas estaduais de Belém, a consulta foi realizada por meio da aplicação de um questionário contendo questões sobre dados pessoais, processo de ensino-aprendizagem dos números relativos e questões sobre as operações com os referidos números. Os resultados indicam que maioria dos alunos gostam um pouco de matemática, são do sexo masculinho, têm 17 anos de idade, não estão em dependência em matemática, recorrem a professores particulares, estudam somente em vésperas de prova, estudaram números relativos em escolas públicas estaduais, os seus professores ensinam o conteúdo de forma tradicional e utilizavam livros didáticos para fixar o conteúdo. Como contribuição para a superação das dificuldades apresentadas são propostas 35 atividades para o ensino do assunto.
Palavras-chaves: Educação, números inteiros, ensino e aprendizagem, atividades.
-
8 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
ABSTRACT
VALE, R.S. O Ensino dos números relativos: Atividades a partir da opinião de estudantes. 2009.
110f. Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Centro de Ciências Sociais e Educação,
Universidade do Estado do Pará. Belém, 2009.
This paper presents the results of a survey that aimed to examine the process of teaching and learning of the figures. The production of information was done through a consultation with 100 (one hundred) students of the 7th series of two elementary public schools in Belém, consultation was carried out by the application of a questionnaire containing questions on personal data, the teaching - learning of figures and issues on the operations with these numbers. The results indicate that most students like a bit of mathematics, are the sex masculinho have 17 years of age, are not dependent on mathematics, use of private teachers, students only on the eve of evidence, studied figures in state public schools , their teachers teach the traditional form and content of textbooks used to determine the content. As a contribution to overcoming the difficulties presented are proposed 35 activities for teaching the subject.
Keywords:Education, Whole numbers; teaching and learning; activities
-
9 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 10
1.1. OBJETIVOS 12
1.1.1. Objetivo Geral 12
1.1.2. Objetivos Específicos 12
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS NÚMEROS RELATIVOS E A
COLABORAÇÃO DE ALGUNS MATEMÁTICOS. 13
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 25
4. RELATO DA PESQUISA 29
4.1. ANÁLISE DOS DADOS PESSOAIS 52
4.2. ANÁLISE DAS QUESTÕES PROPOSTAS 53
5. SUGESTÕES DE ATIVIDADES 63
6. CONCLUSÃO 102
REFERÊNCIAS 103
Apêndice A - Questionário de Pesquisa 105
Apêndice B – Classificação de dificuldade para aprender Números
Inteiros 108
Apêndice C – Cartas do baralho de números inteiros 109
-
10 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
1. INTRODUÇÃO
O ensino dos números relativos tem sido um alvo de muitas discussões e
reclamações por parte dos professores e alunos em qualquer etapa e nível escolar.
Os trabalhos referentes aos números relativos vêm se destacando, principalmente
os de caráter histórico – epistemológicos como os de: Glaeser (1981) e Baldino
(1996) e didático, sendo este último tem apresentado, pesquisas interessantes e
importantes no estudo dos números relativos, como os dos seguintes autores
Passoni (2002), Todesco (2006), Santos (2005), Zeni (2005) e Sá (2008), por
exemplo.
Inicialmente, serão discutidos alguns aspectos que influenciam na
aprendizagem dos alunos referente ao estudo dos números relativos com o auxilio
da história da evolução dos números relativos no decorrer do desenvolvimento da
humanidade. Nesse contexto, mostraremos que as mesmas dúvidas que aparecem
hoje no contato dos alunos com números relativos, já instigavam questionamentos e
discussões de célebres matemáticos como: D’ Alembert, Stieffel, Cauchy e outros.
Diante do exposto, torna-se relevante realizar um estudo que possa
investigar a compreensão dos alunos em relação ao estudo dos números relativos
referente ao que eles entendem, à exemplo, um estudo a cerca da famosa “regra de
sinais”, das operações próprias de números relativos e de seu significado em
diversos contextos
Após este período de investigação, apresentaremos algumas sugestões
de atividades com vista a facilitar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos.
Daremos aqui um destaque especial para os jogos, uma vez que o jogo é um
recurso didático de ensino de caráter lúdico e representa uma valiosa ferramenta
no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Diversos autores como: Baldino
(1996), Zeni (2005) entre outros, levantam a eficácia deste tipo de atividade,
evidenciando as vantagens de utilizá-la em sala de aula.
-
11 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Para Santos (2005), a questão dos jogos para o ensino de matemática
foca um segundo ponto de destaque bastante interessante, pois sua intervenção
pedagógica instiga o raciocínio lógico dos alunos, melhorando o conhecimento
lógico-matemático, o lúdico e a sistematização da estrutura matemática em seu
cognitivo.
“Os jogos podem contribuir para um trabalho de formação de atitudes -
enfrentar desafios, lançar-se à busca de soluções, desenvolvimento da
crítica, da intuição, da criação de estratégias e da possibilidade de alterá-las
quando o resultado não é satisfatório - necessárias para aprendizagem da
Matemática.” (ZENI, 2005).
Este trabalho de números inteiros e o processo de ensino-aprendizagem
foi organizado da seguinte forma:
Na secção 2, apresentaremos o processo de aceitação e
desenvolvimento dos números relativos através dos tempos entre as civilizações e a
colaborações de alguns matemáticos no processo de superação de alguns
obstáculos epistemológicos.
Na secção 3, apresentaremos alguns autores que contribuíram no
processo de ensino e aprendizagem dos números relativos.
Na secção 4, apresentaremos os dados da pesquisa e os seus
respectivos resultados.
Na secção 5, apresentaremos algumas sugestões atividades como
contribuição no processo de ensino – aprendizagem dos alunos.
-
12 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
1.1. OBJETIVOS
1.1.1. OBJETIVO GERAL
Identificar as dificuldades dos alunos em relacionar os números relativos
com situações do cotidiano visando à criação de uma alternativa de ensino que
facilite o processo de aprendizagens dos mesmos nas dificuldades diagnosticadas.
1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar se os alunos conseguem relacionar os números relativos nas
suas práticas do cotidiano.
Observar que estratégias de resolução são utilizadas nas situações
problemas propostas.
Analisar a compreensão dos alunos no que se refere à regra de sinais e
às operações encontradas no estudo dos números relativos
-
13 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS NÚMEROS RELATIVOS E A COLABORAÇÃO
DE ALGUNS MATEMÁTICOS.
Neste capitulo iremos abordar a aceitação e o desenvolvimento dos
números (inteiros) em determinados momentos históricos.
A origem dos números inteiros é incerta. Ela vem surgindo e se
desenvolvendo através dos tempos entre as civilizações.
No decorrer dos tempos a humanidade viveu com um tipo de contagem,
trabalhando apenas com um tipo de numeração que era o essencial para suprir suas
necessidades na época, onde essa numeração era o conjunto referente aos
números naturais. Porém, a partir do desenvolvimento da sociedade, a humanidade
evoluiu e a matemática, grande responsável por essa evolução, teve que adquirir
subsídios que justificassem algumas indagações que começaram a surgir entre os
matemáticos da época.
Segundo Passoni (2002), os matemáticos não admitiam a idéia de
valores negativos, as quais utilizamos hoje para representar uma série de situações
do nosso cotidiano como: representar temperaturas abaixo de zero, um saldo
devedor numa conta bancária e etc. Algumas grandes civilizações que contribuíram
para o desenvolvimento da matemática como: egípcios, babilônicos e gregos, não
levaram em conta a idéia de cálculos com obtenção de resultados com números
negativos, ou seja, menores que zero.
Por muito tempo, Passoni (2002) a diferença entre dois números (x-y), só
era definida em N, se x > y, mas, a humanidade evoluiu e a matemática, grande
responsável por essa evolução precisou também de subsídios que representassem
valores que estivessem na forma x – y quando x < y, resultando em um valor
negativo e, esses valores tivessem uma representação.
Para Jahn (apud TODESCO, 2006), na China antiga, os números inteiros
surgiram acerca de 2000 anos, onde eles utilizavam nas execuções de seus cálculos
barras de bambus em tabuleiros representando por cores os números, sendo o
número positivo representado pela cor vermelha e o número negativo pela cor preta,
-
14 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
respectivamente, onde, segundo Boyer (apud, PEREIRA et al, 2006), os chineses
não aceitava ainda a idéia de número negativo como solução de equação. Mas
coube aos hindus a introdução dos números negativos na matemática com o
objetivo de representar débitos.
A aparição dos números negativos na matemática
aconteceu na China acerca de dois milénios. Mas devido a
grande dificuldade de comunicação, em épocas remotas, entre os
diversos povos, em especial entre a China e o restante do mundo,
essa contribuição dos chineses influenciou pouco o
desenvolvimento da matemática no Ocidente, (lEZZI, apud PEREIRA et
al, 2006).
Os gregos foram grandes pensadores e colaboradores no
desenvolvimento da matemática, principalmente, a geometria, mas rejeitavam a
idéia dos números negativos, já que não conseguiam uma aplicação pratica para tais
valores em uma aplicação geométrica, sendo que eles não conseguiam adequar em
sua geometria (PASSONI, 2002).
Mais tarde outro relato sobre os números negativos, segundo Soares
(2008), o povo grego, tinha o objetivo de abreviar cálculos, uma vez que uma das
conseqüências foi desenvolvimento da regra do jogo dos sinais, pois, apesar de tais
regras não estarem claramente condicionadas as tentativas de abreviações, vendo
aparecer, mas tarde na obra de um dos grandes matemáticos , Diofanto de
Alexandria (FIGURA 1) ( 250 d. C), precursor da regra dos sinais, não fez qualquer
referencia aos números negativos. Sendo encontrando no seu livro I da “Aritmética”
fazendo alusão ao produto de duas diferenças, onde escreveu:
“O que esta em falta multiplicado pelo que esta em falta dá o que é positivo; enquanto o que está em falta multiplicado pelo que é positivo, dá o que está em falta”. (GLAESER, apud PASSONI, 2002).
-
15 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
FIGURA 1- Diofanto Fonte:http://portalsaofrancisco.com.br/alfa/biblioteca-alexandria/imagens/nova-11.gif
Os primeiros registros que temos dos números negativos segundo Boyer
(apud, PEREIRA, 2006), foi do matemático e astrônomo hindu Brahmagupta (598-?),
conhecedor das regras para as quatros operações com números negativos,
apresentando a seguinte regra:
“[...] Uma divida subtraída de zero torna-se um bem, e um bem subtraído de zero torna-se uma divida”. (GAUD e GUICHARD, apud, PEREIRA et al, 2006).
Um matemático hindu de nome Báskara, justificava nas suas
interpretações sobre números inteiros com a idéia de perda ou divida, visto que
como Brahmagupta a idéia dos números inteiros era objetivada em débitos.
Entretanto, os hindus eram intolerantes em aceitar que quantidades negativas
fossem escritas através de números (PASSONI, apud, PEREIRA, 2006).
Segundo Todesco (2006), os árabes dominaram militarmente algumas
etnias como os hindus promovendo um estreitamento cultural a partir de um
intercâmbio em seu vasto espaço, contando também com a península ibérica que foi
dominada militarmente por eles. Dessa troca cultural surgiu, por exemplo, o nosso
sistema de numeração incluindo os números negativos, vindo a ser assimilado e
denominado sistema de numeração indu-arábico, mesmo que tenha sido
desenvolvido pelos hindus. Entretanto os árabes não trouxeram nenhuma
contribuição para essa questão.
Para Boyer (apud, PEREIRA, 2006), foi somente a partir de meados do
século VII, os árabes continuadores e divulgadores da cultura matemática dos
hindus, Segundo Howard Eves (apud, PEREIRA, 2006), o processo de divulgação
provavelmente os símbolos (números) foram levados para Europa por comerciantes
-
16 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
e viajantes pela costa do Mediterrâneo, Contudo tais símbolos foram encontrados
num manuscrito espanhol do século X sendo possível que tenha sido introduzido na
Espanha pelos árabes que invadiram a península ibérica no ano de 711 d.C. Mas foi
uma tradução latina do tratado de Al-khowârizmî (descreveu de maneira completa o
sistema hindu num livro do ano de 825 d.C.) que foi produzida no século XII,
acompanhada de alguns trabalhos europeus sobre o assunto, o que fez com que o
sistema se disseminasse mais amplamente.
Por volta do século XIII, o italiano Leonardo de Pisa, conhecido como
Fibonacci, em uma obra sobre álgebra, interpretava um resultado negativo de um
problema como número, onde tal problema pedia o lucro de um comerciante. Sendo
que Fibonacci afirmou que “Este problema não tem solução, a menos que
interpretemos a divida como um número negativo” (PASSONI, apud, PEREIRA,
2006).
Fibonacci ressalta que: (c. 1170 - 1240), o maior matemático europeu da Idade Média, nada inclui sobre os números negativos em sua mais importante obra, Líber abaci (1202) em que se tratando de uma obra de aritmética, álgebra e geométrica esse fato é realmente surpreendente. Já no século XV o francês N. Chuquet (1445 - 1500) e no século XVI o alemão M. Stifel (1486 - 1567) se referem a eles como números absurdos. O maior matemático do século XVI, F. Viète (1540-1603) descartava completamente os números negativos. ( lEZZI, apud PEREIRA et al, 2006).
Aos poucos os números inteiros foram aceitos como número até que, em 1659 (século XVII), onde as letras foram usadas pela primeira vez para representar tanto os números negativos quanto os números negativos.
Segundo Passoni (2002), a grande influência dos árabes no
desenvolvimento da matemática na Europa contribui para o retardamento da
aceitação dos números negativos no ocidente, assim os números negativos foram
deixados de lado, ou seja, foram evitados pelos matemáticos até por volta do século
XVIII.
O conhecimento matemático na Europa estava estagnado e em baixa, ou
seja, sem muitas descobertas e inovações, desde a antiguidade. Porém monges
copistas que se encontravam na época eram os únicos instruídos, pois copiavam e
estudavam obras matemáticas. Mas foi a partir da criação dos primeiros centros de
ensino e das universidades européias nos séculos XVII e século XVIII tais como
-
17 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Bolonha e Oxford, Paris e outras, a matemática começou a ser desenvolver como,
por exemplo, a descoberta do zero valendo como uma invenção genial, que de
acordo com a regra do jogo de sinais determinava os números positivos e números
relativos e a eles a atribuição de seu oposto em relação ao zero, outra idéia é que o
zero indicava ausência representando um avanço a outras épocas e povos,
ganhando um status de número pelos hindus. Outra contribuição do zero foi no
desenvolvimento da álgebra moderna e outros ramos da matemática e em outras
ciências modernas (PASSONI, apud, PEREIRA, 2006).
A álgebra não teria conhecido tal avanço se esta generalização do
número não tivesse sido acompanhada por uma descoberta igualmente
fundamental, realizada em 1591 por François Viète e aperfeiçoada em 1637 por
René Descartes, (IFRAH, apud PEREIRA et al, 2006)
Para Todesco (2006), em pleno período do renascimento os matemáticos
detinham o domínio de técnicas e de resoluções de equações algébricas, mas
ficavam embaraçados quando em suas resoluções se deparavam com raízes
negativas devido a idéia de número negativo ainda não esta formalizada. Mas o que
veio a fortalecer a necessidade da formação de outro número foi o desenvolvimento
de outras ciências já que os numerais usados na época não atendiam mais suas
necessidades na sua plenitude.
Mas o marco das representações dos nossos sinais (+) e (-), começaram
a ser usados inicialmente nos armazéns para indicar excessos e faltas. Esse período
foi marcado pelo desenvolvimento das relações comerciais entre os povos, onde
nessa relação a matemática foi de vital importância, pois esta permitia as
comerciantes efetuar contas com precisão e rapidez. (TODESCO, apud, PEREIRA,
2006).
Os símbolos + e – são atribuídos a um outro matemático alemão,
Widman, em 1489, publicou um livro de aritmética, utilizando pela primeira vez tal
representação. (TODESCO, 2006).
É nesse contexto que a matemática começou a ser desenvolver, pois ela
seguia o mesmo desenvolvimento do comércio já que ambos estão diretamente
-
18 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
ligados. Dessa prática comerciaria que começou a se representar sinais nas
operações matemáticas.
Suponha que um deles tivesse em seu armazém duas sacas de feijão
com 10 kg cada. Se esse comerciante vendesse num dia 8 Kg de feijão, ele escrevia
o número 8 com um traço (semelhante ao atual sinal de menos) na frente para não
se esquecer de que no saco faltava 8 Kg de feijão. Mas se ele resolvesse despejar
no outro saco os 2 Kg que restaram, escrevia o número 2 com dois traços cruzados
(semelhante ao atual sinal de mais) na frente, para se lembrar de que no saco havia
2 Kg de feijão a mais que a quantidade inicial (ORIGEM DOS NÚMEROS
INTEIROS, 2008).
Segundo Todesco (2006), na época os matemáticos gostaram tanto da
solução encontrada pelos comerciantes usarem números com sinais, que
começaram a utilizá-los mais em diversas soluções de problemas.
No desenvolvimento da matemática, em relação aos números inteiros,
muitos matemáticos se confrontam com problemas, onde uns aceitavam e outros
não aceitavam soluções com números negativos, vejamos alguns celebres
matemáticos.
O matemático francês Nicolás Chuquet (FIGURA 2) considerava possíveis
raízes negativas para solução de equações quadráticas, sendo que no
Renascimento que apareceu um número negativo ligado à uma equação algébrica,
na sua obra "Triparty", escrita em 1484, que poderíamos dizer hoje 4x = -2 . Sendo
que não existia os símbolos "x", "=", "-". (TALAVERA, 2003).
FIGURA 2- Nicolás Chuquet Fonte:http://www.malhatlantica.pt/mathis/Europa/tamblyon2.jpg
-
19 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
No século XVI, o grande matemático Stieffel (FIGURA 3) considerava os
números negativos como “números absurdos”, ou seja, números de difícil
compreensão, onde a principal consideração do estudo do número negativo esta
relacionada à idéia de débito. (TODESCO, apud ARAÚJO, 2006).
FIGURA 03- Stieffel Fonte:http://images.google.com.br/images?gbv=2&ndsp=20&hl=ptBR&q=matematico+stieffel&start=40&sa=N
Em relação ao matemático Cardano (FIGURA 4) no século XVI havia a
aceitação dos negativos como solução de raízes de equações, sendo que Cardano
os denominava de números falsos em oposição aos positivos que considerado como
o verdadeiro(TODESCO, apud ARAÚJO, 2006).
FIGURA 04- Cardano Fonte:http://images.google.com.br/images?gbv=2&hl=ptBR&q=matematico+cardano&btnG=Pesquisar+imagens
Tartaglia (FIGURA 5) relatava os números negativos de "termo chamado
menos". Já o Tycho Brahe (astrónomo) chamava-os de "privativos". Napier em
-
20 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
meados do século XVI chamava os positivos de "abundantes" e os negativos de
"defectivi. (TODESCO, apud ARAÚJO, 2006).
FIGURA 05-Tartáglia Fonte:http://images.google.com.br/images?gbv=2&hl=ptBR&q=matematico+tartaglia&btnG=Pesquisar+imagens
Descartes(FIGURA 6) no séc.XVII classificava os negativos de " números
ficticios". Foi Descartes quem pela primeira vez associou os negativos a números
"menores do que nada”.
FIGURA 06- Descartes Fonte:http://images.google.com.br/images?gbv=2&hl=ptBR&q=matematico+descartes&btnG=Pesquisar+imagens
O francês Descartes (séc. XVI) não achava que os negativos
fossem números verdadeiros. Assim, inventou sistema de localização de
pontos no plano (o que hoje chamamos de eixo cartesiano), mas,em seu
sistema, os eixos de referencia tinham apena números positivos,
diferentemente de hoje.Naquela época, as pessoas não acreditavam que
algo poderia ser menor do que nada e, por isso, achavam que não faziam
sentido os números que indicavam quantidades menores do que
nada.(TODESCO, 2006).
-
21 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Para Glaeser (1981), D’Alembert (figura 07) no final do século XVIII, um
dos textos mais reveladores das questões que apareciam sobre os números
negativos, é certamente, o artigo “Artigo Negativo”, que D’ Alembert escreveu para a
enciclopédia Diderot. Neste artigo, percebeu-se a dificuldade na assimilação dos
números relativos: “Dizer que as quantidades negativas estão abaixo do nada, é
afirmar uma coisa que não se pode cancelar”.
FIGURA 07-D’Alembert Fonte:http://images.google.com.br/images?gbv=2&hl=ptBR&q=matematico+d%27+alembert&btnG=Pesquisar+imagens
Laplace (FIGURA 8), professor da Escola normal, Laplace também
demonstrava o mesmo embaraço de seu antecessores. Chegando a declarar que “a
regra de sinais é um assunto que levantaria dificuldades, principalmente em se
tratando do produto (-) x (-)”. Não evoluiu nestas questões (GLAESER, 1981).
FIGURA 08 - Laplace Fonte:http://images.google.com.br/images?gbv=2&hl=ptBR&q=matematico+laplace&btnG=Pesquisar+imagens
August Cauchy (FIGURA 9), foi o responsável pelo ínicio de uma
confusão entre (+ e -) operatórios e predicativos.
-
22 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Figura 09 - Cauchy Fonte:http://images.google.com.br/images?gbv=2&hl=ptBR&q=matematico+cauchy&btnG=Pesquisar+imagens
Após a infrutífera de que quantidades negativas são grandezas que
diminuem representadas por um número precedidas pelo sinal (-), Cauchy adota um
novo ponto de vista, apresentando a multiplicação de um modo formal (GLAESER,
1981).
Segundo Glaeser (1981), é atribuido a Herman Hankel (FIGURA 10) a
resolução de todas as questões referentes aos números relativos. Interessante é
notar que este passo tão importante para a matemática ocorreu “ao acaso”.
FIGURA 10 - Hankel Fonte:http://images.google.com.br/images?gbv=2&hl=ptBR&q=matematico+hankel&btnG=Pesquisar+imagens
Isto porque porque a solução a solução foi dada mediante o livro “Teoria
dos sistemas complexos”, que tinha o propósito de definir a teoria sobre números
complexos e foi apenas de passagem, em algumas de suas demonstrações, que
Hankel desvendou por completo todas as dúvidas que pairavam sobre os números
relativos (GLAESER, 1981).
-
23 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Hankel não buscou a justificativa dos numeros negativos em situações
reais “expliquem” seu comportamento, mas em leis formais, concretamente no
“princípio da permanência” que teria sido introduzido por George Peacock (1791 -
1858), alguns anos antes, afim de fundamentar as operações com expressões
literais e o estudo da Álgebra (GONZÁLES, apud PASSONI, 2002).
Hankel, retomando a iniciativa de Peacock, formulou o princípio de
permanência das leis formais que estabelece o critério geral de algumas ampliações
do conceito de número.
Segundo Gonzales (apud PASSONI, 2002) :
A palavra número responderá a símbolos ou agregados de símbolos
que não representam necessariamente números do campo númerico
previamante dado ou conhecido, posto que seu significado possa ser
qualquer.
Definir-se-ão para o novo campo númerico as operações fundamentais
da Aritmética (Adição e Multiplicação) e o conceito de igualdade, de
maneira que se conservem as definições no campo menos amplo, como
no caso particular das novas definições, e que subsistam as leis formais
de uniformidade, associativa, comutativa, distributiva e conservação do
elemento neutro.
A partir desse momento, os negativos foram completamente admitidos e
ocuparam um lugar reconhecido dentro da Matemática; não obstante, careciam de
uma definição rigorosa e explícita. Até então eram apenas símbolos, com os quais
se operava seguindo determinadas leis (GONZÁLES, apud PASSONI, 2002).
Observamos que no decorrer do estudo e do desenvolvimento dos
números relativos, os matemáticos avançaram no sentido de aceitarem esse
número e na compreensão de algumas lacunas que esse número gerava entre os
matemáticos. Como podemos observar no quadro abaixo:
-
24 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Alguns
matemáticos
OBSTACULOS
1 2 3 4 5 6
Diofante I
Descartes + ? I ?
Euler + + + ? + +
D’ Alembert + - I I I I
Laplace + + + ? I ?
Cauchy + + I I + ?
Hankel + + + + + +
QUADRO 1- Obstáculos epistemologicos de matemáticos em números relativos. Fonte: Oliveira Junior et al.
I: Obstáculo não – assimilado.
?: Obstáculo cuja situação é indefinida, por falta de informações
suficientes nos textos pesquisados.
+: Obstáculo ultrapassado.
- : Obstáculo não ultrapassado, apesar de pesquisado pelo autor.
Portanto, uma vez que, a partir do estudo de Cauchy sobre os números
relativos, este desperta o interesse de Herman Hankel , que foi quem finalmente
desvendou toda a questão em torno dos números negativos, como por exemplo, a
formalização da regra dos sinais. A partir da compreensão dessas lacunas o estudo
dos números relativos teve uma grande evolução, uma vez que esse número,
começou a ser usado como um advento em outras áreas da matemática e de outras
ciências.
-
25 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O estudo do processo de aprendizagem dos alunos decorrente da
análise realizada neste trabalho fundamenta-se em algumas vertentes que tentam
exemplificar algumas discussões referentes ao processo de ensino e aprendizagem.
A natureza desse estudo envolve toda uma análise do conteúdo de
números relativos em seu caráter abstrativo e operatório. A aprendizagem operatória
dos números inteiros pressupõe que o aluno compreenda o significado e domine, de
forma gradual, as propriedades que regem esses números.
Como observamos na perspectiva histórica e na evolução da humanidade
os números inteiros encontraram uma série de dificuldades e obstáculos em sua
aceitação, devido as suas características não comuns ao nosso dia-dia, e no
seguimento de nossas vidas acadêmicas e até na vida social, pois não encontramos
de forma explícita em nossas necessidades do cotidiano.
Segundo Piaget (apud, REIS et al, 2006) desde a formação, observamos
que o conjunto dos números naturais, representado pela letra N, é o conjunto
numérico mais utilizado em nossas necessidades do dia-a-dia. Utilizamos esses
números para enumerar uma certa coleção de objetos, animais, pessoas e etc. Daí
nossa mente sempre realizar interconexões com ações que produzimos com esses
números em nosso cotidiano, visto que esse é o primeiro número que nos é
apresentado e que estudamos por cerca de 5 anos em nossa formação acadêmica.
A partir disso, todas as relações que construímos está estreitamente relacionada aos
números naturais, como por exemplo, ordenação composição, fazer
correspondências e de pensar.
Mas segundo Piaget ( apud, CASTRO et al, 2006) não podemos descartar
que até antes do nível de 6° serie, os alunos espontaneamente podem ter realizado
operações inerentes aos números inteiros em jogos de diversão de perda e ganho e
etc.
Nesse processo de construção do conceito desse conjunto se supõe que
devemos dominar em diferentes níveis de compreensão, desde o simples
reconhecimento até as tematizações que esse número constrói referente, claro, ao
-
26 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
sistema de numeração que esse número está incluso na forma de elemento. Assim,
temos a necessidades de compreender a linguagem que se é aplicada nesse
contexto, assim como as propriedades subjacentes às operações de adição,
multiplicação, divisão e potenciação.
A partir do estudo na 6° série, os números naturais não são mais
suficientes para os estudos de alguns conteúdos matemáticos, daí o advento da
apresentação de um conjunto que do ponto de vista matemático é uma ampliação
dos números naturais, com suas propriedades e seu rigor matemático.
Para Piaget (apud CASTRO et al, 2006), menciona que os números
inteiros são números que apresentam uma estrutura matemática de difícil
compreensão e uma complexidade alta, uma vez que não há muitas opções de se
fazer relações de alguns desses números com a realidade vivenciada pelos alunos,
gerando grandes dificuldades entres os alunos.
Segundo Glaeser (apud CASTRO et al, 2006), a construção formal dos
números inteiros sofreu substancialmente uma evolução a partir das transformações
da humanidade para atender suas necessidades, sendo que no século XIX, Hankel
deixou de extrair situações do plano real para explicar os números relativos,
propondo uma explicação formal para o mesmo. E segundo Bachelard (apud,
CASTRO et al, 2006), o desenvolvimento dos números inteiros no decorrer de seu
percurso teve uma série de paradoxos e confrontos, onde este identifica vários
obstáculos de natureza epistemológica devido à má adaptação desses números.
Para Glaeser, (apud CASTRO et al, 2006) enumera esses obstáculos da
seguinte ordem: (1) Inaptidão para manipular quantidades isoladas; (2)dificuldades
em dar um sentido a quantidades negativas isoladas; (3)dificuldades em unificar a
reta numérica manifestada pela diferenciação qualitativa entre quantidades positivas
e negativas, pela concepção da reta como mera justa posição de duas semi-retas
opostas, ou ainda por desconsideração do caráter simultaneamente dinâmico e
estático dos números; (4) ambiguidade dos dois zeros: Zero absoluto e Zero como
origem; (5) dificuldades de afastar-se de um sentido "concreto" atribuído aos seres
numéricos: fixação no estágio das operações concretas por oposição ao formal; (6)
-
27 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
desejo de um modelo unificador: utilização de um modelo aditivo para o campo
multiplicativo, ao qual não se aplica.
É fácil perceber o quão dificil é para os alunos da 6º série do ensino
fundamental o trabalho com os números inteiro, uma vez que, além de entender e
aceitar as propriedades desses números relacionadas às operações, é necessário
fazer conexões com situações cotidianas.
Uma pertubação que os alunos se deparam na introdução do estudo de
números relativos é aquela famosa situação (x-y), com y>x, gerando resultados até
em então inexistentes na vivencia dos alunos , mostrando que as operações se
delinhiam , a partir da geração de um novo conteúdo, satisfazendo a necessidade
que vão se apresentando. Uma vez que , a partir dessa situação observaremos a
introdução de uma nova categoria de número o “número negativo”, com suas
peculiaridade e propriedade.
Assim, observaremos que os números inteiros vão surgindo,
apresentando abstrações e generalizações, uma vez que na medida que o aluno
tem o contato com número negativo,vai descobrindo que este será sempre menor
que um número positivo, com um ponto em comum suas origens. Com isso há uma
necessidades de ampliarmos esse estudo, já que o zero (origem) utilizado nos
números naturais representa a idéia de “ausencia” de quantidade já nos números
inteiros essa origem (marco zero), representará uma nova concepção, consistindo
em um isolamento por oposição entre números positivos e negativos, integrando-os
em um sistema no qual essa oposição determinará regras. Segundo Skemp (apud
CASTRO et al, 2006), essa junção entre positivos e negativos resulta num novo
sistema o “sistema dos inteiros”, que ao passo representará um novo significado ao
número, quebrando a idéia que o número consiste em apenas uma representação
de uma contagem, dando agora valores reversiveis ao número quanto à sua
natureza do sinal.
Entretanto, na construção desse novo conjunto númerico, os valores
absolutos dos números (positivos e negativos) permaneceram o mesmo,
caracterizando como inteiro a posição que ele ocupa em relação a origem na reta
númerica.
-
28 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Posteriormente, apresentaremos as propriedades desse novo sistema,
observando as operações realizas com seus elementos e, os seus novos significado
e simbolos em diversas situações do cotidiano. Uma vez que nos números naturais
foi verificado que a ideia da operação de adição indica somente o ato de acrescentar
algo. No entanto, no campo dos números inteiros a operação de adição representa
uma ampliação dos naturais, já que indicará casos que podemos obter um
acréscimo, outros casos devemos diminuir, bem como resultados que resultarão em
zero (NETO, apud CASTRO, 2006).
O caso da operação de multiplicação deve ser observado com bastante
atenção, pois no sistema dos inteiros a operação multiplicativa indica significados e
resultados diferentes. Nos números naturais, a operação multiplicativa representa a
ideia de um conjunto que se repete, ou seja, uma adição de parcelas iguais (Ex:. 5 x
3= 5 + 5 + 5).
Em se tratando do conjunto dos números inteiros, essa operação se
mostrará bem mais complexa, uma vez que além da adição propriamente dita, os
sinais desses números e seus significados também poderão trazer grandes
dificuldades.
“[...] um ganho será representado por um número positivo e a perda por um número negativo. Igualmente, o tempo no futuro será representado por um número positivo e no passado por um número negativo. Se perde 5 dólares por dia, então daqui a 3 dias terá perdido 15 dólares... (-5) . (+3) = -15 ...se perde 5 dólares por dia, então há 3 dias atrás estava 15 dólares mais rico...(-5)(-3) = +15”. (LIMA, apud ANGELO, 2008).
Segundo Baldino (apud CASTRO et al, 2006), as dificuldades e
obstáculos encontradas pelos alunos atualmente, eram as mesmas dos pensadores
matemáticas na antiguidade, ou seja, em outros termos observarmos que as
dificuldades e erros cometidos na aprendizagem dos números inteiros esta ligado a
esses obstáculos.Porém dos obstáculos colocado por Glaeser apenas alguns deles
são vistos como obstáculos de relevância como: Dificuldades em unificar a reta
numérica manifestada pela diferenciação qualitativa entre quantidades positivas e
negativas, pela concepção da reta como mera justa posição de duas semi-retas
opostas, ou ainda por desconsideração do caráter simultaneamente dinâmico e
estático dos números; Ambiguidade dos dois zeros: Zero absoluto e Zero como
-
29 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
origem; Dificuldades de afastar-se de um sentido "concreto" atribuído aos seres
numéricos: fixação no estágio das operações concretas por oposição ao formal;
desejo de um modelo unificador: utilização de um modelo aditivo para o campo
multiplicativo, ao qual não se aplica, são as principais fontes dos erros dos alunos.
Mas Brousseau coloca que outros obstaculos a ser analisado, como obstaculos de
cunho didatico no estudo dos números inteiros.
Entretanto, Baldino (apud CASTRO et al, 2006), coloca que uma
importante alternativa metodológica para que os alunos possam entender os
números inteiros, os jogos, esse instrumento de ensino se torna uma alternativa
muito interessante ,pois constroi de forma sistematico o conceito dos números
inteiros e minima os obstaculos que os alunos possuem no estudo dos numeros
inteiros.
É partindo da importancia dos numeros inteiros que decidimos fazer um
estudo sistematico verificado as dificuldades e obstáculos que os alunos possuem,
sugerindo alternativas de ensino que possam contribuir em sua aprendizagem.
4. RELATO DA PESQUISA: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS OBTIDOS
A pesquisa tem como finalidade investigarmos o nível de conhecimento
dos alunos acerca do conhecimento de números inteiros relativos, onde houve a
necessidade de aplicarmos um protocolo de pesquisa (apêndice A) que contém
dados de caráter pessoais e questões relacionadas ao conteúdo de números inteiros
relativos.
É importante ressaltarmos que a pesquisa foi realizada num período
que coincidiu com o processo avaliativo dos alunos, sendo que a maioria destes não
se comprometeu em preencher os campos e resolver as situações propostas, já que
a pesquisa não representaria nenhum um acréscimo quantitativo, não influenciando
em suas avaliações (idéia de ganhar ponto). Por conta disso, alguns alunos se
recusaram a preencher e fazer as questões do protocolo e, outros, mostraram
desinteresse em desenvolver o trabalho, daí se inviável verificarmos algumas das
-
30 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
principais dificuldades que eles apresentam no estudo dos números inteiros
relativos.
Na realização da pesquisa verificamos que a maioria dos alunos está
em defasagem em relação à idéia posicional de idade-série, sendo que 70% dos
alunos estão com idade superior para cursarem a 7° serie do ensino fundamental, e
que 17% destes já ficaram em dependência em matemática.
Observamos que 56% dos alunos classificaram que gostam de matemática
pelo menos um pouco, porém verificaremos mais adiante que nos protocolos de
questões essa afirmativa se torna uma contradição. É importante também
ressaltarmos que a maioria das famílias (pai e mãe) desses alunos possui apenas o
ensino básico, precisamente o ensino médio incompleto, e exercem profissões
como: pedreiro, doméstica, faxineira, pintor e etc.
Os dados obtidos na sondagem com os alunos se desenvolveram em sala
de aula com a supervisão do professor. Os protocolos foram aplicados em duas
escolas públicas estaduais da região metropolitana de Belém, localizado nos
conjuntos Promorar e Marex em turmas da 7° série do ensino fundamental dos
turnos da manhã e da tarde.
A escolha da 7º série do ensino fundamental para a aplicação dos
protocolos foi motivada pelo fato de que todos esses alunos já terem tido contato
com o conjunto dos números inteiros relativos.
Neste momento apresentamos as tabelas e gráficos com os principais
resultados obtidos. Com relação às idades dos alunos verificamos que a idade
predominante no grupo de estudo é de 17 anos seguido dos alunos com 16 anos
(TABELA 1).
-
31 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 1- Idades dos alunos pesquisados
Idade Nº de Alunos
12 14
13 15
14 16
15 17
16 18
17 20
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
Idade dos alunos
Idade
12
14%
Idade
13
15%
Idade
14
16%
Idade
16
18%
Idade
17
20%
Idade
15
17%
GRAFICO 01: Idade dos alunos pesquisados Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
-
32 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 2- Sexo dos alunos pesquisados
Sexo Nº de Alunos
Masculino
56
Feminino 44
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 02: Sexo dos alunos pesquisados Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
Foi verificado que a maioria dos alunos (56%) pertencia ao sexo
masculino e, com percentual menor de 44%, ao sexo oposto.
-
33 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 3- gosto dos alunos entrevistados pela matemática
Você gosta de matemática N° de alunos
Nenhum pouco 9
Muito pouco 13
Um pouco 56
Muito 22
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 3: Gosto dos alunos entrevistados pela matemática. Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
Observamos nesse gráfico que a maioria gosta um pouco de Matemática,
fato este incomum, pois a maioria dos alunos não gostam de matemática devido sua
abstração e os cálculos que ela apresenta.
-
34 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 4- Você está em dependência em matemática?
Você está em dependência em Matemática? N° de Alunos
Sim 17
Não
83
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 4: Você está em dependência em Matemática? Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
Observamos (GRÁFICO 4) outro fator importante é que a maioria dos
alunos entrevistados não estarem em dependência, já que a disciplina de
matemática é a que mais favorece para o aumento do número de repetência e
evasão nas escolas.
-
35 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 5 - Período que os alunos costumam estudar fora da escola
Você costuma estudar matemática. Fora da escola N° de alunos
Só no período de prova 30
Só no fim de semana 26
Todo dia 8
Só na véspera da prova 36
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
GRAFICO 5: Período que os alunos entrevistados estudam matemática. Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
No (GRÁFICO 5) é mostrada uma realidade no processo educacional dos
alunos que a grande maioria estuda somente em vésperas ou em semanas de
prova.
-
36 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 6 - Quem ajudava os alunos entrevistados no estudo de números inteiros
Quem lhe ajudava nas tarefas de matemática na 6° série? N° de alunos
Professor particular 27
Pai 6
Mãe 23
Irmão 15
Amigo 11
Outros 18
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 6: Quem lhe ajudava nas tarefas de matemática na 6° série? Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
Esse gráfico mostra a participação ativa e abrangente de profissionais no
aprendizado dos alunos, uma vez que a maioria dos pais desses alunos não tem de
uma participação ativa nos estudos de seus filhos devidos fatores como trabalho, por
exemplo.
-
37 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 7 - Você costuma fazer compras?
Você costuma fazer compras? N° de
alunos
Sim 47
Não 5
Às vezes 48
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 7: Você costuma fazer compras? Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
No GRÁFICO 7, que quase todos os alunos entrevistados, realizam a
pratica de fazer compras constantemente nas suas vidas diárias.
-
38 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 8 - Em que tipo de escola os alunos entrevistados estudaram números relativos.
Em que tipo de escola você estudou os números relativos N° de alunos
Pública Estadual 77
Pública Municipal 13
Pública Federal 2
Privada 3
Outro 5
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
GRAFICO 8: Em que tipo de escola os alunos entrevistados estudaram números relativos. Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
O GRÁFICO 8 mostra que a maioria dos alunos teve o primeiro contato
com os números inteiros nas unidades da rede pública.
-
39 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 9 - Quando você estudou números inteiros relativos a maioria das aulas foi:
Quando você estudou números inteiros relativos a maioria das aulas foi: Nº de alunos
Começando pela definição seguida de exemplos e exercícios 69
Começando com uma situação problema para depois introduzir o assunto 18
Criando um modelo para situação e em seguida analisando o modelo 11
Iniciando com jogos para depois sistematizar os conceitos 2
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 9- Como os professores ensinam números inteiros. Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
Esse gráfico indica de que a maioria dos alunos entrevistados estudou
esse assunto da maneira tradicional de ensino.
-
40 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 10 - Para fixar o conteúdo estudado de Números Inteiros Relativos o seu professor:
Para fixar o conteúdo estudado de Números Inteiros Relativos o seu professor Nº de alunos
Apresentava jogos envolvendo o assunto 8
Mandava resolver os exercícios do livro didática 78
Não propunha questões de fixação 4
Mandava que você procurasse questões sobre o assunto para resolver 9
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 10: Como os professores exercitam os conteúdos de números relativos. Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
O GRÁFICO 10 reafirma o que foi colocado no GRÁFICO 9, que o
assunto de números relativos foi ensinado e conseqüente fixado através de
exercícios dos seus livros didáticos, reafirmando a forma tradicional de ensino.
-
41 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Tópicos do conteúdo de números inteiros relativos:
TABELA 11 - Idéia de número inteiro Relativos
Grau de dificuldade para aprender N° de alunos
Muito fácil 17
Fácil 25
Regular 49
Difícil 13
Muito difícil 2
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 11: Idéia de número inteiro Relativos. Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
Nesse gráfico (GRÁFICO 11), os alunos entrevistados classificaram como
fácil a idéia de números relativos.
-
42 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 12 - Adição de mesmo Sinal.
Grau de dificuldade para aprender N° de
alunos
Muito fácil 30
Fácil 42
Regular 24
Difícil 4
Muito difícil 0
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 12: Adição de mesmo Sinal.
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008.
No GRÁFICO 12 mostra que os alunos entrevistados, sua maioria,
classificam o estudo da adição de mesmo sinal como fácil.
-
43 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 13 - Adição de Sinais Diferente.
Grau de dificuldade para aprender N° de alunos
Muito fácil 22
Fácil 40
Regular 29
Difícil 8
Muito difícil 1
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 13: Adição de Sinais Diferente. Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
O GRÁFICO 13 reforça a classificação dos alunos entrevistados sobre o
estudo da adição dos números inteiros, visto pela maioria como fácil.
-
44 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 14 - Multiplicação de mesmo Sinal.
Grau de dificuldade para aprender N° de alunos
Muito fácil 27
Fácil 33
Regular 30
Difícil 9
Muito difícil 1
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 14: Multiplicação de mesmo Sinal. Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
A análise observada no GRÁFICO 14 constata que os alunos
entrevistados têm certa dificuldade com a operação de multiplicação sendo que
entre 27% e 33% classificam de fácil a regular.
-
45 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 15 - Multiplicação de Sinais diferente.
Grau de dificuldade para aprender N° de alunos
Muito fácil 11
Fácil 32
Regular 46
Difícil 7
Muito difícil 4
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 15: Multiplicação de Sinais diferente. Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008.
No GRÁFICO 15, observamos que a multiplicação com sinais distintos
eleva o nível de dificuldade dos alunos entrevistados, devido, principalmente, a
presença do jogo da regras de sinais.
-
46 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 16 - Divisão de mesmo Sinal.
Grau de dificuldade para aprender N° de alunos
Muito fácil 9
Fácil 35
Regular 42
Difícil 11
Muito difícil 3
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
GRAFICO 16: Divisão de mesmo Sinal. Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
No GRÁFICO 16, a maioria dos alunos entrevistados classifica como
regular o nível de dificuldade no estudo da divisão, podendo ser justificada, a partir
da analogia que há no estudo da regra do jogo de sinais, com a operação de
multiplicação.
-
47 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 17 - Divisão de Sinais diferente.
Grau de dificuldade para aprender N° de alunos
Muito fácil 10
Fácil 20
Regular 49
Difícil 19
Muito difícil 2
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 17: Divisão de Sinais diferente. Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
De acordo com o GRÁFICO 17, os alunos têm uma dificuldade
significativa nesse estudo em relação com a operação de adição devido à regra dos
sinais.
-
48 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 18 - Potenciação com expoente positivo par.
Grau de dificuldade para aprender N° de alunos
Muito fácil 10
Fácil 24
Regular 35
Difícil 24
Muito difícil 7
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
GRAFICO 18- Potenciação com expoente positivo par. Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
Um número relativamente pequeno de alunos classificou como fácil essa
operação, visto que nessa operação será utilizada a operação de multiplicação e sua
regra no jogo se sinais.
-
49 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 19 - Potenciação com expoente positivo ímpar.
Grau de dificuldade para aprender N° de alunos
Muito fácil 11
Fácil 21
Regular 44
Difícil 16
Muito difícil 8
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 19: Potenciação com expoente positivo impar. Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
Nesse gráfico (GRÁFICO 19), observamos o contrario do que foi analisado
no GRÁFICO 18, de que a potenciação representa uma operação de grande
dificuldade.
TABELA 20 - Potenciação com expoente negativo.
-
50 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Grau de dificuldade para aprender N° de alunos
Muito fácil 8
Fácil 21
Regular 43
Difícil 21
Muito difícil 7
Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
GRAFICO 20: Potenciação com expoente negativo. Fonte: Protocolo de Pesquisa, 2008.
Nesse gráfico (GRÁFICO 20) há uma oposição interessante, já que os
alunos entrevistados classificam com mesmo valor a potenciação de expoente
negativo como fácil e difícil.
-
51 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
TABELA 21 - Situações Problemas com Números Inteiros Relativo.
Grau de dificuldade para aprender N° de alunos
Muito fácil 9
Fácil 10
Regular 36
Difícil 27
Muito difícil 18
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
GRAFICO 21: Situações Problemas com Números Inteiros Relativo Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
O GRÁFICO 21 representa uma situação que gera uma serie de
pesquisa, que é o estudo de números inteiros a partir de uma situação-problema,
uma vez que os alunos têm muitas dificuldades quando os estudos são
apresentados dessa forma.
Os resultados obtidos referentes aos tópicos dos conteúdos de números
relativos podem ser vistos de forma quantitativa em APÊNDICE B.
-
52 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
4.1. ANÁLISE DOS DADOS PESSOAIS.
Os dados das tabelas e gráficos supracitados, observamos que os
sujeitos da pesquisa estudaram números relativos em escolas publicas, sendo que
69% dos alunos colocaram que seus professores utilizavam na maioria das vezes
uma metodologia para ensinar números inteiros na forma tradicional (definição-
exemplos e exercícios ) e aplicando exercícios dos livros didáticos como completo e
fixação do conteúdo.
Em relação a isso observaremos que os alunos se sentem
desestimulados e com uma série de dificuldades, pois dessa maneira de ensino os
alunos ficam apenas como expectadores, já que os professores não utilizam
alternativas que desenvolvam o cognitivo e o lúdico essencial no estudo dos
números inteiros relativos, visto que esse conteúdo é muito abstrato, isolado e de
difícil compreensão entre eles. Com isso, a maioria dos alunos entrevistados recorre
a professores particulares, que muitas vezes se torna uma ação inválida, já que
esses profissionais se preocupam mais com o processo de fixação dos alunos, a
partir de resoluções de exercícios.
Com esses fatores os alunos ficam sem vontade de estudar gerando um
grave problema em suas vidas acadêmicas, principalmente no estudo da
matemática que é uma ciência que requer uma atenção e estudo sistemático, pois
trabalha bastante com o raciocínio lógico- dedutivo. Outro agravante é o fato de que
a maioria dos alunos estuda somente um dia antes das provas ou no decorrer da
semana que a prova será realizada ocasionado uma série de problemas em suas
jornadas acadêmicas, pois o estudo dos números inteiros é pré-requisito nos
estudos de outros conteúdos matemáticos a serem vistos na frente.
Os alunos, apesar de afirmarem gostar um pouco de matemática e
considerarem o conteúdo de números inteiros como fácil, não obtiveram êxito nas
questões propostas nos protocolos de pesquisa, nos levando a crer que o que
acontece de fato é uma memorização do conteúdo e não o seu aprendizado. Uma
vez que, observamos que os alunos não estudam o suficiente para compreenderem
o conteúdo e, sim esporadicamente em semana de prova ou em véspera para
-
53 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
somente obter uma nota que possa lhe dar a condição de aprovado no fim do ano
letivo.
Nossa maior dificuldade do transcorrer do desenvolvimento da pesquisa
foi o período das aplicações, pois coincidiu com o período de avaliações dos alunos
e, além disso, houve o problema da greve nas escolas públicas estaduais levando
uma dificuldade na aplicação dos protocolos e, quanto foi aplicado o professor
forneceu pouco tempo para nos aplicarmos, justificando que não poderia ceder
muito tempo, já que estava bem atrasado em seu cronograma de ensino devido a
greve.
Com relação às questões elaboradas podemos analisar que grande parte
dos alunos resolveu as questões e, além disso, observamos que houve um pequeno
desenvolvimento em relação a compreensão e resolução de questões que
apresentam situações- problemas que abrangeram diversas aspectos de seu
cotidiano.
Além de analisarmos questões que abrangessem situações-problemas do
cotidiano do aluno enfocamos também questões de caráter operatório no intuito de
observamos se os alunos compreenderam as definições de números relativos e a
regra do jogo de sinais para as operações propostas.
4.2. ANÁLISE DAS QUESTÕES PROPOSTAS.
A partir dessas observações no item (4.1), apresentaremos algumas
situações sobre números relativos e sua respectiva análise.
Questão 01. Resolva as questões abaixo:
a) 3 – 5 = g) (-2).(+4) =
b) 5 – 2 = h) (+2).(+5) =
c) - 3 – 5 = i) (+10)÷(+2) =
d) + 4 + 2 = j) (-10)÷(-2) =
e) 2 .(-3) = l) (-10)÷(+2) =
-
54 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
f) (-2). (-5) = m) (+15)÷(-3) =
n) (-3)² = o) (-3)² =
p) -3² = q) (-4)º =
r) 2-1 = s) 3-2 =
Comentários da questão 01:
TABELA 22 – Resultado dos itens da questão 01
Itens da questão 01 Acerto Erro Branco
a) 3 - 5 = 36 57 7
b) 5 - 2 = 86 8 6
c) - 3 - 5 = 28 63 9
d) + 4 + 2 = 73 19 8
e) 2 .(-3) = 47 37 16
f) (-2). (-5) = 54 28 18
g) (-2).(+4) = 53 28 19
h) (+2).(+5) = 63 19 18
i) (+10)÷(+2) = 61 19 20
j) (-10)÷(-2) = 51 29 20
l) (-10)÷(+2) = 56 24 20
m) (+15)÷(-3) = 45 35 20
n) (+3)² = 11 71 18
o) (-3)² = 19 60 21
p) -3² = 19 64 17
q) (-4)0 =
5 76 19
r) 2-1
= 1 73 26
s) 3-2
= 1 69 30
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
-
55 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
A questão 01 tem o objetivo de verificar se os alunos entrevistados sabem efetuar
operações aritméticas e se os mesmos compreendem a regra de sinais em
problemas sem contextualização.
Na primeira questão observamos que o nível de acerto pode ser
classificado como insuficiente, uma vez os alunos tiveram contato com o conteúdo
no ano anterior e o utilizam em estudos na sétima série, dentre vários conteúdos
matemáticos, pois o estudo de números relativos é pré- requisito no assunto, por
exemplo, de equações do 1° grau e entre outros. Observamos que na maioria dos
casos os alunos entrevistados não operam com competência as quatro operações
fundamentais da aritmética, sendo que também em muitos casos como nos itens f,
g, h, i, j, l, m, respectivamente, verificamos que os alunos entrevistados não
calculam as operações de forma correta, invertendo as operações ou mostrando até
mesmo o desconhecimento da mesma. Porém é importante ressaltarmos que as
dificuldades dos mesmos podem está sendo gerada, por não compreenderem a
regra do jogo de sinais, já que a maioria dos alunos trabalha essa regra de forma
isolada, como por exemplo:
I) Sinais iguais: Soma-se e conserva-se o mesmo sinal.
II) Sinais diferentes: Diminui-se e dá-se o sinal do maior.
III) Multiplicação e Divisão: Aplica-se a regra dos sinais
( + ) ( + ) = ( +)
( + ) ( - ) = ( - )
( - ) ( + ) = ( - )
( - ) ( - ) = ( + )
Nos itens h, i, j, l e m os alunos em grande parte fizeram confusão com a
regra do jogo de sinais, aplicando nesses itens a regra da adição e não a que
deveria ser aplicada (multiplicação e divisão) sendo que ambas possuem a regra do
jogo de sinais análogo:
A partir disso o rendimento dos alunos em relação ao número de acertos
ficou em 55% justificando a classificação dos alunos referente esse tópico como
regular em seus estudos. Mas já em relação aos itens b,d,h e i, respectivamente, o
-
56 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
desenvolvimento da competência dos alunos na resolução destas foi elevado para
um número de acertos superior a 70%.
Em se tratando dos itens n, o, p, q, r e s verificamos que cerca de 90%
erraram as questões, uma vez que a maioria deixou esses itens em branco,
mostrando que não possuem compreensão ou que não dominam o conteúdo dos
números relativos, pois os mesmos classificaram esses tópicos com nível de
dificuldades na faixa entre fácil e regular.
Como por exemplo:
FIGURA 11: Exemplo de resolução a questão 1 de algoritmos dos números inteiros Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
-
57 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Questão 02
Em um campeonato de futebol jogaram 6 times. Complete a tabela,
sabendo que cada vitória vale 3 pontos positivos, cada derrota 3 pontos negativos e
cada empate vale 1 ponto positivo.
TABELA 23 – Questão 02
Clube Vitória Derrota Empate Total de pontos
Remo
4
2
4
+10
Paysandu 4 4 2
Tuna luso 2 6 2
Águia 6 4 0
Castanhal 7 2 1
Ananindeua 5 4 1
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
a) Qual é o time que está em primeiro lugar?
b) Qual é o time que está em último lugar?
c) Coloque os times em ordem decrescentes de pontos
Comentário da questão 02:
O objetivo da questão 02 era verificarmos se os alunos conhecem e
sabem relacionar os significados dos sinais em uma situação vivenciada por eles e
também a questão sonda o se os alunos entendem a idéia de valor posicional dos
números inteiros e se sabem classificá-los.
TABELA 24 – Resultado dos itens da questão 02
Itens das questão 03 Acerto Erro Branco
Item a 51 31 18
Item b 52 28 20
Item c 14 46 40
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008.
-
58 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Em relação aos itens a e c verificamos que o número de acertos ficou em
média de 52% significando que um pouco mais da metade dos alunos detém a idéia
do significado do sinal em uma situação proposta, porém 43% em média dos alunos
erraram ou deixaram em branco o item c, mostrando uma realizada que a grande
maioria destes não sabem ou tem dificuldades de compreensão sobre a idéia de
valor posicional dos inteiros e na distinção de qual o número inteiro é maior ou
menor (> ou
-
59 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Questão 03
A cidade de Belém, no estado do Pará, amanheceu com uma temperatura
de 25°C. Durante o dia, a temperatura subiu 8°C, mas à noite desceu 10°C. Qual foi
a temperatura mínima atingida durante a noite?
Comentário da questão 03:
TABELA 25 – Resultados da questão 03
Resultado N° de alunos
Acerto 48
Erro 35
Em branco 17
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
A Questão 03 aborda uma situação pouca trabalhada pelos professores
em exercícios e em situações-problema.Todavia observamos que 35% dos alunos
não acertaram a questão e não se utilizaram de nenhum método de resolução para
questão, mostrando não ter compreensão da situação e sem orientação no processo
de resolução, uma vez que, 17% deixaram em branco a questão. Talvez tal
resultado já pudesse ser relativamente esperado, baseando-se em alguns autores
referenciados.
“O contexto de temperatura não parece ser muito inçado para auxiliar a compreensão de números relativos num país tropical como o nosso, onde as variações de temperatura não são muito grandes e onde raramente, e em apenas algumas regiões, chegam a valores abaixo de zero. Além disso de não familiares, as situações nesse contexto não são de fenômenos fisicamente observáveis (........)”. (SCHLIEMANN, CARRAHER, 2003).
-
60 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Questão 04
O elevador do prédio onde moro indica os andares acima do térreo com
sinal positivo, e abaixo, com sinal negativo. Se o elevador descer do térreo ao 2°.
subsolo e depois subir 7 andares, em que andar ele pára?
Comentário da questão 04:
TABELA 04 – Resultados da questão 04
Resultado N° de alunos
Acerto 35
Erro 44
Em branco 21
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008.
A questão 04 foi proposta uma situação onde o aluno teria que analisar o
significado que o sinal representa na questão e efetuar a operação de adição sem
esquecer-se do “jogo de sinais”, mas observamos que 44% dos sujeitos da pesquisa
erraram a questão tendo o mesmo problema visto na questão anterior, apresentando
a mesma deficiência de compreensão.
-
61 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Questão 05
O Sr. Roberto, para saldar a sua dívida cm o Banco A, deposita R$
700,00.Como ele deve $500,00, ficará com um crédito de R$ 200,00 no Banco A. Ao
Banco B, ele deve $700,00. Se ele depositar R$ 300,00, saldará sua dívida com o
Banco B?
Comentário da questão 05:
TABELA 5 - Resultados dos alunos entrevistados que responderam de forma
correta a questão.
Resultado N° de alunos
Acerto 26
Erro 31
Em branco 43
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008.
TABELA 6 - Resultados dos alunos que responderam de forma incompleta a
questão.
Resultado N° de alunos
Acerto 23
Erro 34
Em branco 43
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
Essa questão 05 representa uma situação clássica do estudo e aplicação
dos números inteiros no processo de ensino- aprendizagem dos alunos, mas assim
como nas questões anteriores com contexto os alunos apresentaram a mesma
dificuldade na interpretação e no desenvolvimento de resolução da questão.
É importante ressaltar nessa questão que um certo número de alunos
chegaram a compreender de maneira genérica que a questão proposta representava
-
62 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
um débito onde “o Sr. Roberto ficaria devendo R$ 400,00” , sendo que 23%
responderam somente “não” como solução da questão (FIGURA 4).
FIGURA 14: Exemplo 1 de resolução da questão 05 Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
No entanto, 46% dos alunos entrevistados compreenderam a situação e
aplicaram o formalismo e o rigor matemático adequado a questão (FIGURA 5).
FIGURA 15: Exemplo 1 de resolução da questão 05 Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
Questão 06
Quem nasceu no ano -14, ou seja, no ano 14 antes de Cristo, e viveu 75
anos, em que ano morreu?
Comentário da questão 06:
TABELA 06 - Resultados da questão 06
Resultado N° de alunos
Acerto 26
Erro 35
Em branco 39
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008.
Nessa questão é interessante observamos que maioria dos alunos
chegaram muito próximo da compreensão da questão e,conseqüentemente no
-
63 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
acerto da mesma, porém os alunos esbarraram na falta de atenção ou em uma
análise mais criteriosa e aguda da mesma, pois um grande número de alunos
assinalou como solução da questão “89 d.C”( FIGURA 6) visto que estes tiveram o
raciocínio de somar (14 + 75) , não se atentando que o valor 14 antes de Cristo
representa uma temporalidade. Com isso, a questão teve um número de acerto de
somente 26%.
FIGURA 16: Exemplo de resolução da questão 06 Fonte: Protocolo de pesquisa, 2008
Portanto, a partir da análise dos resultados obtidos podemos identificar
que os alunos entrevistados sofrem uma série de dificuldades no processo de
compreensão dos números relativos, devido principalmente a maneira que os
professores ensinam esse conteúdo (modelo tradicional). A partir disso o trabalho
sugerirá o uso de coleção de atividades como alternativa metodológica de ensino
para os números relativos.
5. SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Nessa seção apresentaremos algumas atividades de caráter pedagógico
e didático de ensino de números relativos, uma vez que essas atividades contribuem
de forma significativa no desenvolvimento dedutivo, no raciocínio-lógico matemático
e lúdico dos alunos criando uma ambiente que trará uma maior interação com o
estudo.
Ressaltaremos também nessa seção, atividades que abrangeram uma
diversidade de situações que podem ser colocadas em salas de aula, de forma que
esse tipo de metodologia contribui na amenização de obstáculos. Assim
apresentaremos algumas alternativas que vão desde jogos a algumas situações
problemas.
-
64 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Os jogos no ensino da matemática é uma ferramenta interessante e
eficaz, visto que desenvolvi e estimula o cognitivo do aluno e também é um
instrumento pedagógico que retém a concentração dos alunos e estimula uma maior
participação e interação destes. (BORIN, 2004).
A atividade de jogar desempenha papel importante no desenvolvimento:
de habilidades de raciocínio lógico, dedutivo e indutivo; da linguagem; da
criatividade; da atenção e da concentração. Habilidades estas, essenciais para o
aprendizado em Matemática (BORIN, 2004). A justificativa dada por Schwartz pode
ser vista em um material “Três Jogos para o Ensino e Aprendizagem de Números e
Operações no Ensino Fundamental” apud Zeni (2008):
...a noção de jogo aplicado à educação desenvolveu-se com lentidão e penetrou, tardiamente, no universo escolar, sendo sistematizada com atraso. No entanto, introduziu transformações decisivas... materializando a idéia de aprender divertindo-se... (ZENI, 2008).
E segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino da
Matemática (BRASIL, 1997):
“os jogos podem contribuir para um trabalho de formação de atitudes – enfrentar desafios, lançar-se a busca de soluções , desenvolvimento da crítica, da intuição, da criação de estratégias e da possibilidade de alterá-las quando o resultado não é satisfatório – necessárias para a aprendizagem Matemática”.
Apresentamos as atividades:
5.1. Atividade 01
Jogo da Adição extraída de (BONGIOLO, BRAGA, SILVEIRA, 1998).
Objetivos: Construção progressiva da noção de adição de números
relativos.
Recursos: O computador
Descrição do Jogo
-
65 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Após as telas iniciais de apresentação do jogo, são explicados o objetivo
do jogo e suas regras (Figura A).
FIGURA A: Como jogar Fonte: BONGIOLO, BRAGA, SILVEIRA, 1998
Após as explicações sobre o funcionamento do jogo, o usuário deverá
escolher com qual personagem irá jogar, selecionando, com o auxílio do mouse, o
escolhido. Desta forma, inicia-se o jogo com o personagem escolhido posicionado
na casa zero (FIGURA B). Caso necessário, é possível retornar à tela do
personagem e fazer uma nova escolha.
FIGURA B: Tela do Jogo com sua Trilha Numérica Fonte: BONGIOLO, BRAGA, SILVEIRA, 1998
Para iniciar o jogo deve-se pressionar o cursor do mouse sobre os dados,
o vermelho primeiro, em seguida o dado azul e aguardar até que eles parem de
rodar e forneçam os números. A criança deverá colocar seu personagem na casa
correspondente ao resultado da operação a seguir.
Casa onde está o personagem + Valor do dado vermelho - Valor do
-
66 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
dado azul = Posição atual.
Esquema de Deslocamento
Para posicionar seu personagem, a criança deverá selecionar a casa
correspondente da trilha (soará um aviso, que indicará se a casa escolhida está
correta), considerando sua posição inicial e os valores dados para subir e descer,
respectivamente. Esta nova posição é denominada Posição Atual. Caso coloque o
personagem na casa errada, ele deverá observar o quadro de status (ao lado do
jogo), que exibirá informações sobre a jogada.
Ao longo do jogo são apresentadas mensagens de orientação e/ou
reforço, exibidas no quadro de status ou através de avisos sonoros, a fim de que o
aluno saiba a sua situação com relação ao andamento do jogo. Caso o personagem
chegue na casa –10, o usuário deverá iniciar novamente o jogo ou não, conforme
sua vontade.
Sempre que necessário o usuário poderá optar por obter um auxílio por
parte do jogo (ao selecionar a opção AJUDA). Nesta opção é mostrada uma tela,
com a reta numérica, marcando a última posição e os assistentes da montanha (um
menino e uma menina, personagens que tem a função de auxiliar o usuário durante
o jogo) retomarão os valores sorteados e o significado destes valores (FIGURA C).
FIGURA C: Tela de Ajuda com Explicações Auxiliares Fonte: BONGIOLO, BRAGA, SILVEIRA, 1998
Após esta retomada, retornar-se-á à tela do jogo com o personagem
colocado na posição correta (retificada pela AJUDA).
A menina-assistente também deverá aparecer quando o personagem,
durante o jogo, cair nas casas –2 e 3, onde o aluno deverá realizar uma tarefa
-
67 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
específica. A idéia de associar tarefas a estas casas é trabalhar com o dado que
representa valores positivos (vermelho) e o dado que representa os valores
negativos (azul), onde serão operados apenas números positivos ou negativos, e
observar a posição resultante na reta O jogo terminará quando o personagem
chegar na casa 10. Alcançando assim o topo da montanha, o jogo será encerrado
com a aparição de animações na tela. Após o usuário ter conhecimento das regras
de funcionamento do jogo, lhe poderão ser oferecidos desafios (Figura 5). O objetivo
desta parte do jogo é criar situações mais complexas onde o aluno estará sendo
desafiado, ficando assim incentivado a prolongar mais a sua sessão de estudos no
jogo. Nesta tela, haverá uma suposta jogada onde o aluno deverá colocar a posição
em que ficou o personagem. Após este registro, ele poderá continuar respondendo
novas questões, pressionando o botão do mouse sobre o botão QUESTÕES.
FIGURA C: Tela de desafios Fonte: BONGIOLO, BRAGA, SILVEIRA, 1998
Ao escolher o botão QUESTÕES, serão exibidas novas perguntas
sorteadas aleatoriamente (FIGURA D).
FIGURA C: Tela com Perguntas a Responder Fonte: BONGIOLO, BRAGA, SILVEIRA, 1998
-
68 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
Alguns exemplos de questões implementadas são as seguintes: · Uma jogada foi registrada assim: 4 + 4 - 6 = 2. Que número saiu no dado azul? · Na 1ª rodada, é possível alguém cair fora da brincadeira? · Veja: - 5 + 2 – 6 = ? Nessa jogada, em que casa foi parar o
personagem? · É possível alguém, na 1ª rodada, já vencer o jogo?
Estas questões também poderão ser criadas pelo professor, através de
um módulo de autoria (um arquivo de texto). É fundamental controlar a exatidão das
respostas recebidas pelo usuário, onde e como armazená-las e o possível feedback
ao aluno que deverá receber uma pontuação. Por isto, o sistema está protegido
contra atitudes e respostas inadequadas pois estas provocariam erros na execução
do jogo.
O professor deve ter presente que para introduzir um novo conceito não
deve desprezar o conhecimento anterior do aluno, uma vez que o novo
conhecimento pode ser construído a partir do existente. A nova ação deve ajudar a
estabelecer a complementação ou a negação do conhecimento anterior, em direção
ao mais elaborado. De acordo com a abordagem cognitivista, o ponto principal para
a aprendizagem é o processo e este deverá ser conduzido ao longo das diferentes
atividades realizadas pelo aluno. O Subindo e Escorregando deverá ser utilizado
como um recurso inicial, cabendo ao professor, ao término deste, criar várias
situações desequilibradoras (desafiadoras) para o aluno, a fim de que ele construa
progressivamente a noção de adição de números inteiros.
O aluno deve ter a oportunidade de defrontar com o objeto do
conhecimento para sentir a possibilidade de compreensão dos problemas. Uma
importante tarefa para o professor é extrair do conteúdo a ser trabalhado, suas
perguntas básicas, geradoras a fim de resgatar as situações que deram origem ao
conceito. Com este objetivo, serão apresentadas algumas questões para serem
exploradas e conseqüentemente, desencadear, de forma significativa e participativa
a ação do aluno sobre o objeto do conhecimento: · quais os símbolos matemáticos
que poderíamos adotar para indicar a subida e a descida do personagem na
montanha?
· vamos supor que pudéssemos jogar apenas o dado vermelho, o que
aconteceria com o seu personagem? · e se pudéssemos jogar apenas o dado azul?
· o que acontece com o personagem se os valores obtidos nos dois dados
forem iguais?
-
69 VALE, R. S. O Ensino dos Números Relativos: Atividades a partir...
· quando o valor obtido no dado vermelho é maior que o valor obtido no
dado azul, o que acontece com seu personagem?
· e se o dado azul possui o maior valor, o que acontece com seu
personagem?
· como chegamos a posição correta mais rapidamente, no caso em que
os dois d