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MARATONA DE QUÍMICA:
UMA EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL 15 DE NOVEMBRO
RAFAELA LOPES COUTINHO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ
ABRIL – 2015
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MARATONA DE QUÍMICA:
UMA EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL 15 DE NOVEMBRO
RAFAELA LOPES COUTINHO
Monografia apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Química.
Orientadora: Prof. Drª Rosana Giacomini
CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ 2015
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MARATONA DE QUÍMICA:
UMA EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL 15 DE NOVEMBRO
RAFAELA LOPES COUTINHO
Monografia apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Química.
Aprovada em 1º de Abril de 2015
Banca Avaliadora:
.......................................................................................................................................
Prof.ª. Drª. Rosana Aparecida Giacomini/UENF
Orientadora
.......................................................................................................................................
Prof.ª. Drª. Larissa C. Crespo/IFF Campus Campos dos Goytacazes
.......................................................................................................................................
Prof. Dr. Marlon Freitas de Abreu/Pós-Doc UENF LAMAV
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente aos meus familiares e amigos, que sempre apoiaram e
incentivaram minhas decisões, colaborando para a minha formação, não apenas
acadêmica, mas também pessoal em especial aos meus pais Rosane e Márcio por
serem o meu maior apoio nessa trajetória.
Ao meu parceiro de vida Gabriel, pela lealdade, ajuda, companheirismo e
alegria que tem me proporcionado nos últimos anos, a toda sua família e aos seus
pais, Viriato e Ana, que me acolhem com tanto carinho sempre.
A professora e orientadora Rosana, por idealizar e me trazer para esse
projeto desde o início e me guiar através desta etapa decisiva.
À professora Josimary, pela significativa contribuição na estruturação deste
trabalho.
Ao PIBID Química da UENF e a CAPES pelo apoio prestado a esse projeto.
Aos nossos colegas de curso, que compartilharam do mesmo caminho que
percorri nesses últimos anos e aqueles que fazem e farão parte por toda minha vida.
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"Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar sua voz interior. E
mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua
intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer
se tornar. Tudo o mais é secundário."
(Steve Jobs)
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RESUMO
A busca pela solução dos problemas relacionados ao processo de ensino-
aprendizagem e a procura de alternativas que melhorem o rendimento escolar é um
desafio para os professores e as escolas. Os professores necessitam do
desenvolvimento de metodologias diversificadas para contornar os vários fatores
que contribuem para o fracasso escolar, como o desinteresse, a desmotivação e o
descompromisso. A utilização de uma metodologia diferenciada de ensino-
aprendizagem desperta a curiosidade e o interesse dos alunos. A química está
presente no nosso cotidiano em diversas formas, por isso, se abordada, em sala de
aula, de forma contextualizada e lúdica, aumentará as chances de despertar o
interesse do aluno em relação a disciplina tornando o processo de aprendizagem
mais significativo, atrativo e interessante. Neste projeto, propomos a realização de
uma Maratona Química no Colégio 15 de Novembro como uma metodologia
diferenciada de ensino-aprendizagem e avaliação durante o 3º bimestre de 2014,
afim de explorar o lúdico para a construção significativa do conhecimento em clima
de alegria e prazer. A análise da proposta foi feita através da aplicação de dois
questionários, da verificação das notas bimestrais e de observações da
pesquisadora. A Maratona foi proposta como uma atividade voluntária e teve 100%
de adesão dos alunos. Todos os alunos obtiveram a média bimestral, mostrando que
a Maratona de Química desempenhou muito bem o papel como motivadora do
conhecimento, da pesquisa, do compromisso e cooperação dos alunos pela busca
do conhecimento científico.
Palavras-chave: ensino de química, maratona, competição, aprendizagem.
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ABSTRACT
The search for the solution of problems related to the teaching-learning process and
the search for alternatives to improve school performance is a challenge for teachers
and schools. Teachers need the development of different methodologies to
circumvent the various factors that contribute to school failure, such as lack of
interest, lack of motivation and lack of commitment. Using a different methodology of
teaching and learning arouses curiosity and the interest of students. The chemical is
present in our daily lives in many ways, so if discuss in the classroom, in context and
playful way, increases the chances of arousing the interest of students regarding
discipline making the most significant learning process, attractive and interesting. In
this project, we propose to hold a Chemistry Marathon in November 15 College as a
different methodology of teaching-learning and assessment during the 3rd quarter of
2014 in order to explore the playful to the significant construction of knowledge in an
atmosphere of joy and pleasure. The analysis of the proposal was made by applying
two questionnaires, the verification of bimonthly and observations of the researcher
notes. The marathon was proposed as a voluntary activity and had 100%
participation of students. All students had the bimonthly average, showing that the
chemical marathon played very well the role as a motivating knowledge, research,
commitment and cooperation of the students by the pursuit of scientific knowledge.
Keys-word: chemistry teaching, marathon, competition, learning.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Professora da turma aplicando o jogo didático Bingo Atômico Fonte
própria. ...................................................................................................................... 55
Figura 2: Cartela do jogo sendo preenchida pelos alunos. Fonte própria..... 56
Figura 3: Quadro de estrelas com os nomes dos alunos em vertical versus
as etapas 1,2 e 3 da segunda fase - gincana. Fonte própria .................................... 61
Figura 4 : Um dos grupos resolvendo os exercícios do Caça a Pista. Fonte
própria ....................................................................................................................... 61
Figura 5: Alunos se organizando para realizarem o Cada um por si ............ 62
Figura 6: Leitura da pergunta sorteada do Quizz. Fonte própria. ................. 63
Figura 7: Alunas resolvendo a questão do Quizz. Fonte própria .................. 63
Figura 8: Aluna acionando a campainha durante o Quizz. Fonte própria ..... 64
Figura 9: Presença dos bolsistas do PIBID da Licenciatura da UENF na
Maratona. Fonte própria ............................................................................................ 64
Figura 10: Presença dos bolsistas do PIBID da Licenciatura da UENF e
Professora de química da classe auxiliando nas atividades da Maratona. Fonte
própria ....................................................................................................................... 65
Figura 11: Prêmios comprados com a verba da CAPES para da Maratona de
Química. Fonte própria .............................................................................................. 65
Figura 12: Alunos escolhendo seus prêmios. Fonte própria ......................... 66
Figura 13: Alunos com seus prêmios escolhidos. Fonte própria .................. 66
Figura 14: Alunos com seus prêmios escolhidos. Fonte própria .................. 67
Figura 15: Comidas e Bebidas do coquetel de confraternização. Fonte
própria ....................................................................................................................... 67
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Gráfico percentual de participantes da Maratona. Fonte própria . 58
Gráfico 2: Nota do 3º bimestre dos alunos que concluíram a maratona. Fonte
própria ....................................................................................................................... 59
Gráfico 3: Nota bimestral do alunos que não concluíram a maratona. Fonte
própria ....................................................................................................................... 59
Gráfico 4: Percentual das respostas da pergunta 1 do questionário dos
alunos que não concluíram a maratona. Fonte própria ............................................. 69
Gráfico 5: Porcentagem das respostas da pergunta 2 do questionário dos
alunos concluintes da maratona. Fonte própria......................................................... 70
Gráfico 6: Percentual das respostas da pergunta 2 do questionário dos
alunos que concluíram a maratona. Fonte própria .................................................... 71
Gráfico 7: Percentual das respostas da pergunta 3 do questionário dos
alunos que concluíram a maratona. Fonte própria .................................................... 72
Gráfico 8: Percentual das respostas da pergunta 4 dos alunos que
concluíram a maratona. ............................................................................................. 74
Gráfico 9: Percentual das respostas da pergunta 6 dos alunos que
concluíram a maratona. Fonte própria ...................................................................... 76
Gráfico 10: Percentual das respostas da pergunta 7 do questionário dos
alunos que concluíram a maratona. Fonte própria. ................................................... 78
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Quadro de medalhas brasileiras na Olimpíada Iberoamericana de
Química(OIAQ). ......................................................................................................... 29
Quadro 2: Algumas competições de Química em redes públicas e privadas
do ensino no Brasil .................................................................................................... 31
Quadro 3: Resumo da avaliação bimestral no 3º bimestre. .......................... 44
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Quadro 4: Resultado de cada lista dos alunos que concluíram a maratona . 56
Quadro 5: Percentual de acerto dos alunos que concluíram a maratona e
que não acertavam tudo na primeira correção .......................................................... 57
Quadro 6: Frequência das respostas da pergunta 1 do questionário dos
alunos que concluíram a maratona. .......................................................................... 69
Quadro 7: Categoria das respostas da pergunta 2 do questionário dos alunos
que concluíram a maratona. ...................................................................................... 71
Quadro 8: Categorias e porcentagens das respostas da pergunta 3 dos
alunos que concluíram a maratona. .......................................................................... 73
Quadro 9: Categorias, frequência e percentual das respostas da pergunta 4
do questionário dos alunos que concluíram a maratona ........................................... 74
Quadro 10: Categorias, exemplos e percentual das respostas da pergunta 5
do questionário dos alunos que concluíram a maratona. .......................................... 75
Quadro 11: Categorias e exemplos das respostas da pergunta 7 do
questionário dos alunos que concluíram a maratona ................................................ 77
Quadro 12: Percentual das respostas a pergunta 1 do questionário dos
alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 79
Quadro 13: Percentual das respostas da pergunta 1 do questionário dos
alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 79
Quadro 14: Percentual das respostas da pergunta 2 do questionário dos
alunos que não concluíram a maratona .................................................................... 80
Quadro 15: Percentual das respostas da pergunta 3 do questionário dos
alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 81
Quadro 16: Percentual das respostas da pergunta 4 do questionário dos
alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 82
Quadro 17: Percentual das respostas da pergunta 5 do questionário dos
alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 83
Quadro 18: Percentual das respostas da pergunta 6 do questionário dos
alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 84
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APÊNDICES
APÊNDICE A- CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES ................................. 94
APÊNDICE B- PROPOSTA E REGRAS DA MARATONA ENTREGUE
AOS ALUNOS ....................................................................................................... 96
APÊNDICE C- AS LISTAS DE EXERCÍCIO DA PRIMEIRA FASE .......... .99
APÊNDICE D – EXERCÍCIOS E PISTAS DO CAÇA PISTA.................. 112
APÊNDICE E- CADA UM POR SÍ E AVALIAÇÃO PARA OS ELIMINADOS
............................................................................................................................. 115
APÊNDICE F- EXERCÍCIOS DO QUIZZ ................................................ 118
APÊNDICE G- QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS QUE CONCLUÍRAM
A MARATONA ..................................................................................................... 122
APÊNDICE H- QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS QUE NÃO
CONCLUÍRAM A MARATONA ............................................................................ 125
ANEXOS
ANEXO 1: Habilidades e competências e conteúdos programáticos para
o 3º Bimestre do 2º ano do Ensino Médio. Fonte: SEEDUC...........................126
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LISTA DE SIGLAS
ABQ Associoação Brasileira de Química
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamente Pessoal do Ensino Superior
IChO International Chemical Olympiad
IMO International Mathematical Olympiad
IPhO International Physics Olympiad
IQ-USP Instituto de Química da Universidade de São Paulo
OBF Olimpíada Brasileira de Física
OBQ Olimpíada Brasileira de Química
OIAQ Olimpíada Internacional Ibero-americana de Química
OPM Olimpíada Paulista de Matemática
PIBID Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência
SEEDUC Secretaria de Estado de Educação
UENF Universidade Estadual do Norte Fluminense
UFC Universidade Federal do Ceará
UFPI Universidade Federal do Piauí
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................... 8
LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................... 9
LISTA DE QUADROS .................................................................................... 9
APÊNDICES ................................................................................................ 12
ANEXOS ...................................................................................................... 12
LISTA DE SIGLAS ....................................................................................... 13
1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 18
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 20
2.1. As Olimpíadas do Conhecimento ....................................................... 20
2.1.1. Olimpíada Brasileira de Química ................................................. 23
2.1.2. As Olimpíadas Internacionais de Química e a participação dos
estudantes brasileiros ........................................................................................ 28
2.2 Outras competições de conhecimento em Química ........................ 31
2.2.1 Maratona de Química ................................................................... 32
2.2.2 Maratonas Regionais de Química .................................................... 33
3. A COMPETIÇÃO NO ÂMBITO EDUCACIONAL ................................... 35
3.1. Discussão teórica sobre as Competições de Conhecimento ............. 35
3.1.2. Investigação sobre a motivação e o sucesso alcançado pelas
Competições do Conhecimento ............................................................................. 35
3.1.3 A questão da Competitividade na educação .................................... 38
4. JUSTIFICATIVA .................................................................................... 40
5. OBJETIVOS .......................................................................................... 41
5.1 Objetivos Gerais .................................................................................. 41
5.2 Objetivos Específicos .......................................................................... 41
6. METODOLOGIA ................................................................................... 42
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6.1 Planejamento da Maratona ................................................................. 43
6.1.1 As Regras ........................................................................................ 43
6.2 Preparação do material ....................................................................... 44
6.2.1 As Listas de exercícios .................................................................... 44
6.3 A Realização da Maratona de Química ............................................... 46
6.3.1 Apresentação do Projeto aos aluno ................................................. 46
6.3.2 O início – Primeira Fase ................................................................... 46
6.3.3 A aulas ............................................................................................. 47
6.3.4 – A Segunda fase - Gincana ............................................................ 48
6.3.5 A Confraternização e Premiação ..................................................... 51
6.4- Coleta e Análises de dados ............................................................... 52
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 55
7.1 Análise dos questionários ................................................................... 68
7.1.1 Análise dos questionários respondidos pelos alunos que concluíram
a Maratona ............................................................................................................. 68
7.1.2. Análise dos questionários dos alunos que NÃO concluíram
Maratona. ............................................................................................................... 78
8- CONCLUSÃO .......................................................................................... 86
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 88
APÊNDICES ................................................................................................ 94
APÊNDICE A- CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES ................................. 94
APÊNDICE B- PROPOSTA E REGRAS DA MARATONA ENTREGUE
AOS ALUNOS ....................................................................................................... 96
APÊNDICE C- AS LISTAS DE EXERCÍCIO DA PRIMEIRA FASE ........... 99
APÊNDICE D – EXERCÍCIOS E PISTAS DO CAÇA PISTA .................. 112
APÊNDICE E- CADA UM POR SÍ E AVALIAÇÃO PARA OS ELIMINADOS
............................................................................................................................. 115
APÊNDICE F- EXERCÍCIOS DO QUIZZ ................................................ 118
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16
APÊNDICE G- QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS QUE CONCLUÍRAM
A MARATONA ..................................................................................................... 122
APÊNDICE H- QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS QUE NÃO
CONCLUÍRAM A MARATONA ............................................................................ 125
ANEXO ................................................................................................... 126
ANEXO 1: Habilidades e competências e conteúdos programáticos para
o 3º Bimestre do 2º ano do Ensino Médio. Fonte: SEEDUC ............................ 126
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18
1. INTRODUÇÃO
Nos tempos atuais, onde o avanço da ciência e da tecnologia estão em
ênfase, sentimos uma necessidade em compreender os fenômenos naturais desse
mundo moderno que estamos envolvidos, porém, a maioria dos estudantes não se
interessam pelo estudo das ciências, principalmente pela Química, o que pode gerar
a formação de indivíduos mal preparados para enfrentar as diversas situações
relacionados ao cotidiano.
A Química é, basicamente, a ciência responsável pelo estudo da matéria,
suas propriedades e transformações assim como sua relação com a energia e os
impactos que ela pode gerar (PCN Ensino médio, 2000). Haja vista que a Química é
de extrema importância para a humanidade, é necessário promover uma maior
aproximação do aluno com essa ciência em questão.
De acordo com um estudo feito por Silva e Del Pino (2003), as limitações
que alguns professores encontram relacionado aos métodos de ensino-
aprendizagem, impede que eles possam desenvolver sua criatividade para
aproximar o conteúdo aplicado em sala de aula com o cotidiano dos seus alunos.
Estes também trazem consigo uma metodologia carente de recursos que possam
estimular o desenvolvimento e associação do conhecimento prévio dos estudantes,
a chamada bagagem cultural que cada um carrega consigo. Esse conjunto de
fatores agrava ainda mais as dificuldades dos estudantes em relação ao conteúdo
de Química desestimulando-os a aprender mais sobre essa ciência.
Dessa forma, fica claro que no processo de ensino-aprendizagem, a
motivação do estudante é o ponto fundamental. Por esse motivo, diversos são os
recursos “motivacionais” que estão sendo desenvolvidos no meio da educação,
como por exemplo as Olimpíadas Científicas, que nos dias de hoje envolvem
diversas áreas como: Matemática, Física, Química, Informática entre outras. Essas
competições escolares, onde muitas existem a nível internacional, são realizadas
para estudantes do ensino fundamental até o superior que tem como objetivo,
incentivar o empenho nos estudos e também encontrar talentos nas diversas áreas
de conhecimento.
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19
Embora exista toda essa movimentação em torno das olimpíadas científicas
e sua organização, poucos trabalhos foram publicados até hoje buscando investigar
as consequências dessas olimpíadas para o ensino, resultando em uma bibliografia
bem escassa nesta área do conhecimento (ALVES, 2010, p.15). Os materiais a
respeito tratam-se apenas de citações sobre tal assunto, até mesmo os sites
utilizados para a divulgação dos eventos não retratam nenhum embasamento teórico
defendendo a prática como metodologia incentivadora do ensino.
Em consequência desse deficit de pesquisa a respeito dos aspectos
positivos relacionados a metodologia em questão, alguns pesquisadores, como
Jafelice (2005) afirmam que as competições não são adequadas para uma
educação que é voltada para a formação de um cidadão, isso porque ela incentiva a
competitividade entre os alunos e promove o individualismo.
Por outro lado, defendendo um segundo ponto de vista, encontram-se
diversos professores, organizadores e participantes das competições científicas, que
evidenciam diversos objetivos, como mostrar aos estudantes onde se encaixa
determinadas áreas da ciência nos seus desafios diários, como ela pode ser útil na
solução dos problemas do cotidiano, como ela está envolvida no seu ambiente
natural, gerando assim um maior interesse em conhecer melhor esse conteúdo a ser
trabalhado, e dependendo da forma que essa competição for desenvolvida, ela pode
atuar como metodologia motivadora do trabalho em grupo e de comportamentos
cooperativos, proporcionando aos alunos uma oportunidade de desenvolver sua
autoconfiança e estimulando-os a criar um vínculo prazeroso com a escola, e como
consequência, descobrir novos talentos e estimular que esses jovens estudantes
sigam a carreira científica (NASCIMENTO, PALHANO e OEIRAS, 2007).
Por fim, diante dessas duas linhas de pensamento sobre as competições no
meio educacional, desenvolveremos um método de ensino-aprendizagem
inicialmente inspirado nas diversas olimpíadas científicas já existentes, entretanto,
com algumas modificações nas regras que julgamos serem interessante para
desenvolver diversas habilidades que discutiremos com detalhes neste trabalho,
tendo a Química como tema principal, o qual foi intitulado de “Maratona de Química”.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
Afim de que haja melhor compreensão dos requisitos necessários para a
elaboração do trabalho em questão é importante relatar neste capítulo os conceitos
relevantes ao desenvolvimento do mesmo.
2.1. As Olimpíadas do Conhecimento
Desde os primórdios da origem humana até os dias atuais, a competição
encontra-se presente, seja ela na conquista de um território, de um alimento, da
fêmea ou atualmente quando se deseja conseguir uma promoção na empresa onde
trabalha até mesmo na disputa para síndico de onde mora. Essa disputa é um fator
fundamental na seleção natural e social, onde somente sobrevive, e tem sucesso,
aqueles indivíduos que tornam-se adaptados ao meio que o envolve (REVERDITO,
2008).
O tema competição, de um modo geral, sempre é discutido com base em
argumentos tanto positivos quanto negativos e, quando tratado em um ambiente
escolar, essas discussões ganham um grande destaque baseada na fragmentação
de opiniões dentre os favoráveis daqueles não-favoráveis. Esse conflito de teorias
pode acarretar um difícil diálogo que poderia colocar em contraposto os pontos
positivos e negativos da competição no âmbito escolar, para que assim fosse
possível fazer sua adaptação em novas abordagens, estimulando mais o trabalho de
construção do conhecimento em equipe, do que o individualismo (REVERDITO,
2008).
Nos dias atuais, as competições mais populares presente no meio
educacional são as Olimpíadas de conhecimento.
O termo “Olimpíada” tem como origem os tradicionais jogos gregos que
surgiram a aproximadamente 2.500 a.C. na cidade de Olímpia, que tinha como
principal objetivo homenagear aos deuses através de competições esportivas. De
acordo com Gulzman (1992), para os gregos, a importância das Olimpíadas era tão
grande que após o acordo decretado entre os dirigentes das cidades-estado,
durante a realização dos jogos era obrigatório que houvesse uma trégua nas guerras
e até mesmo a Guerra do Peloponeso foi suspensa durante a realização dos jogos.
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Até os dias atuais, os Jogos Olímpicos são uma das competições esportivas
mais importante do mundo, que são realizadas a cada 4 anos em um país escolhido
como cede, reunindo esportistas de diversas nacionalidades e praticantes de
modalidades variadas (GULZMAN, 1992).
Inspirado nas Olímpiadas tradicionais, com algumas semelhanças, porém,
com um foco diferente, surgiram as olimpíadas científicas, onde a competição exige
habilidades intelectuais ao invés de físicas como nas olimpíadas esportivas.
Existem estudos indicando que desde o século XVI algumas disputas eram
realizadas por meio de competições de conhecimento. Segundo Maciel (2009),
alguns matemáticos se desafiavam em troca de prestígio, dinheiro ou até mesmo por
um cargo ilustre nas universidades. O vencedor da disputa, que geralmente era
realizada em duelos, seria aquele que solucionasse o maior número de problemas.
A primeira competição de conhecimento registrada com o nome de
Olímpiada aconteceu na Hungria em 1894, onde ocorreu a primeira Olimpíada de
Matemática. Essa competição escolar na área de matemática foi aplicada aos
alunos do último ano da escola secundária, que é referente no Brasil como o terceiro
ano do ensino médio. Esse tipo de competição teve grande sucesso em toda Europa
e por isso, em 1959 foi criada a primeira Olimpíada de Matemática Internacional, a
chamada IMO sigla relacionada a Intenacional Mathematical Olympiad
(ALVES,2010). Desde então essa competição vem sendo realizada anualmente.
Mediante as consequências positivas da IMO, culminou-se a organização de
diversas Olímpiadas de conhecimento em outras áreas, sendo as principais: IPhO –
Internacional Physics Olympiad, a Olímpiada de Física Internacional que nasceu em
1967 na Polônia e a Olimpíada de Química Internacional, conhecida como IChO cuja
sigla significa Internacional Chemistry Olympiad que foi organizada pela primeira vez
1968 na Checoslováquia (ALVES, 2010).
O Brasil iniciou-se com a Olimpíada de Matemática. As primeiras
aconteceram durante o Movimento de Matemática Moderna, em 1967 no estado de
São Paulo, que tiveram apenas duas edições, uma em 1967 e outra em 1969 que,
posteriormente, deu espaço a criação da Olimpíada Paulista de Matemática (OPM)
em 1979 (ALVES, 2010).
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No mesmo ano do surgimento da OPM, sob organização da Sociedade
Brasileira de Matemática, eclodiu a primeira Olimpíada Brasileira de Matemática. Em
consequência, as demais sociedades cientificas deram início a organização de suas
próprias olímpiadas, tais como Olimpíadas Brasileira de Química (1986) e
Olimpíadas Brasileira de Física (1999) (ALVES, 2010).
Independente das diferenças entre todas as olimpíadas cientificas na sua
forma organizacional, nos ideais das pessoas envolvidas e dos objetivos
diversificados de cada uma, existe inúmeras características importantes e
semelhantes entre elas como no setor ideológico e organizacional. De um modo
geral, as olimpíadas de conhecimento foram criadas com o objetivo de ser um
processo educacional e não somente uma competição para eleger e premiar os
melhores alunos.
Tomando como exemplo a Olimpíada Brasileira de Física (OBF), é possível
abordá-la como um processo educacional não formal pois existe uma intenção do
ensino durante o processo (SÁ, 2009). Essa intenção referida faz parte dos objetivos
da maioria das olimpíadas de conhecimento existente em todo território nacional.
Uma das características em comum entre a maioria dessas competições é a
motivação que elas geram nos alunos, que diante dos desafios e premiação
propostos, se sentem mais dispostos a estudar, e também influencia o professor a
sempre inovar seu método de ensino e a manter-se atualizado sobre os assuntos
abordados (ALVES, 2010).
Uma semelhança no modo de avaliação dos alunos que aderem a
competição também é uma característica comum entre as diversas olímpiadas
cientificas existente. A maioria delas optam por utilizar em seu processo de
classificação um conjunto de provas escritas, algumas delas utilizam até provas
práticas. De um modo geral, as provas são divididas em fases, que são realizadas
em dias e horários pré-definidos em todo país, e conforme os alunos vão se
classificando, eles vão avançando as fases (MACIEL,2009).
As avaliações de cada olimpíada traz inúmeros desafios, uns que se
baseiam somente em conhecimento e outros em raciocínio lógico, alguns são
simples e outros de soluções mais complexas, mas que de um modo geral, tem
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como objetivo incentivar os alunos e professores a dar uma maior atenção a área
que a competição é voltada, podendo até encontrar novos talentos, afinidades e
futuros profissionais da área.
Esse trabalho foca-se na área de Química, por isso será descrito aqui
algumas competições didáticas na área, já realizadas a nível nacional e
internacional.
2.1.1. Olimpíada Brasileira de Química
Como a química é a ciência que estuda as diversas transformações do
Universo, pode se dizer que o primeiro contato com essa área se dá a partir da
vivência com fenômenos da natureza cotidiana. Já em termos de estudo da
disciplina, tomando como base o Curriculum Mínimo elaborado pela Secretaria do
Estado do Rio de Janeiro, o processo de aprendizagem de química dá-se início na
sexta série, ainda integrada a disciplina de Ciências e só ganha foco principal como
uma disciplina a partir da primeira série do Ensino Médio (SEEDUC,2015).
Mesmo estando tão presente no dia a dia de todos seres humanos, a
química está entre os conteúdos que causa mais aversão aos alunos. De um modo
geral os estudantes de ensino médio apresentam uma dificuldade na compreensão
de conceitos científicos especialmente nas disciplinas que compõem as ciências
exatas, que é a Química, Física e Matemática (MALDANER,1995).
A disciplina química é vista com pouco interesse pelos alunos,
possivelmente resultado do método de ensino tradicional que ainda é muito usado
pelos docentes, incentivando a memorização de fórmulas, informações e
conhecimento.
Comumente há o questionamento dos alunos sobre a necessidade de
estudar Química quando não conseguem relacionar o que aprendem na escola com
seu cotidiano. Apesar de alguns não compreenderem a sua real importância, o
estudo da Química é essencial para o desenvolvimento de uma visão crítica de
mundo, podendo analisar, compreender, e principalmente utilizar o conhecimento
construído em sala de aula para resolução de problemas sociais, atuais, e
relevantes para a sociedade (MALDANER,1995).
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24
A motivação para estudar e aprender química, pode ser alcançada com a
elaboração de diferentes metodologias educacionais, e tomando esse como uns dos
principais objetivos, surgiu a Olimpíada Brasileira de Química.
Devido a motivação de obter uma nova ferramenta educacional e também de
enviar alunos para as Olimpíadas Internacionais de Química (IChO), em 1986
nasceu a Olimpíada Brasileira de Química, organizada a princípio pelo Instituto de
Química da Universidade de São Paulo(IQ-USP). Porém, esta Olimpíada deixou de
existir pouco tempo depois, ficando suspensa durante 7 anos. Em 1996, sob
organização da Universidade Federal do Ceará, a Olimpíada foi retomada,
acontecendo anualmente até hoje (OBQUIMICA, 2015).
A estrutura desta competição é um pouco diferente das demais existentes no
país. As primeiras fases dessa olimpíada acontecem de forma descentralizadas, nas
Olimpíadas Estaduais de Química e nas fases mais avançadas, ocorrem as provas
nacionais centralizadas destinadas aos melhores alunos de cada estado. Ao fim do
processo são selecionados os alunos para a Olimpíada Internacional de Química
(IChO).
A Olimpíada Brasileira de Química (OBQ) é promovida pela Universidade
Federal do Ceará (UFC) em conjunto com a Universidade Federal do Piauí (UFPI),
por meio de suas Pró-Reitorias de Extensão, e é realizada pela Associação
Brasileira de Química (ABQ) (OBQUIMICA, 2015).
A OBQ tem como objetivos1 gerais:
• Descobrir jovens com talento e aptidão para o estudo da Química,
estimulando a curiosidade científica e incentivando-os a tornarem-se futuros
profissionais químicos;
• Incentivar na população jovem o interesse para o estudo desta ciência, e
permitir aos estudantes aplicar seus conhecimentos e suas habilidades em um
espírito olímpico;
1 Os objetivos foram retirados diretamente do regulamento da olimpíada
-
25
• Promover, através das Olímpiadas de Química, o entrosamento entre
Professores das Universidades e Professores e Estudantes das escolas de Ensino
Médio e Fundamental, objetivando enriquecer suas formações;
• Estimular o ensino, o estudo e a pesquisa no campo da Química
capacitando-os a promover os benefícios que esta ciência pode oferecer para toda
humanidade;
• Contribuir para a formação de profissionais na área de Química, com o
consequente aumento no número de alunos dos cursos de pós-graduação e do
quantitativo de docentes e de pesquisadores nesta área.
A OBQ tem como objetivos2 específicos:
• Identificar os melhores estudantes de Química do ensino médio,
estimulando-os com premiações e cursos de aprofundamento, quando houver
disponibilidade;
• Selecionar e capacitar os estudantes para compor as delegações que
representarão o Brasil nas competições internacionais relacionadas com a Química.
Aqueles estudantes de escolas técnicas, públicas ou particulares, que o
curso tenha duração de quatro anos poderão participar desde que atendam ao
critério de idade mínima e tenham participado das olimpíadas estaduais, nas
respectivas modalidades. Para estes alunos, especificamente, a OBQ será dividida
da seguinte forma: Modalidade A – alunos do 1º e do 2º ano e Modalidade B –
alunos do 3º e do 4º ano.
A OBQ é composta de duas etapas. Cada etapa é dividida em 3 (três) fases:
a primeira etapa é encerrada no mês de novembro do ano em que se realiza a
olimpíada com a premiação dos estudantes mais destacados nesta etapa e a
segunda etapa são selecionados os estudantes que representarão o Brasil nas
olimpíadas internacionais de Química. Ela é realizada no primeiro semestre do ano
seguinte à realização da primeira etapa. (OBQUIMICA,2015).
2 Os objetivos específicos foram retirados diretamente do regulamento da olimpíada
-
26
A primeira etapa é composta pelas Fases I, II e III. A fase I é realizada
internamente na própria escola do aluno e, com critérios próprios, realizam a seleção
de seus alunos interessados em participar da fase II, que é a Olimpíada Estadual. A
fase II é realizada, promovida e elaborada pela Coordenação Estadual com o auxílio
da Coordenação Nacional das Olimpíadas de Química e os critérios determinadas
para essa fase é determinada pela Coordenação Estadual. Aqueles estudantes que
foram classificados na Olimpíada Estadual, assim como os detentores de medalhas
de ouro e prata da Olimpíada Brasileira de Química Júnior que fora realizada
imediatamente anterior, estarão adeptos a participar da fase III. A inscrição destes
alunos é de total responsabilidade da Coordenação Estadual, sendo que o número
máximo de inscritos por Estado é de 50 alunos (OBQUIMICA,2015).
Nesta fase III, o método de avaliação é feita a partir de exames teóricos
distintos para cada modalidade com 10 questões do tipo múltipla-escolha
(pontuação máxima 40 pontos) e 6 questões analítico-expositivas (pontuação
máxima 60 pontos), podendo uma ou mais delas versar sobre técnicas laboratoriais
habituais para um estudante pré-universitário. O tempo máximo de duração do
exame desta fase é de 4 (quatro) horas. O local da realização desta fase será
indicado pela Coordenação Estadual, e a data de realização deste exame será
indicada anualmente, quando da divulgação do calendário no sítio eletrônico da
OBQ (OBQUIMICA,2015).
Ao final da fase III, encerrando a primeira fase, os quatro estudantes
portadores das maiores notas em cada modalidade serão considerados os
vencedores da Olimpíada Brasileira de Química do ano em curso. Os vencedores
receberão medalhas de ouro em solenidade convocada pela Coordenação Nacional,
para esta finalidade. Os oito seguintes receberão medalhas de prata e os 12
seguintes medalhas de bronze no mesmo evento. Os demais aprovados com
pontuação acima de cinquenta receberão Menção Honrosa (OBQUIMICA, 2015).
A segunda etapa, que também é composta de três fases (IV, V e VI) e tem por
objetivo selecionar os estudantes que representarão o Brasil na Olimpíada
Internacional de Química (IChO) e na Olimpíada Ibero-Americana de Química
(OIAQ), respeitando os regulamentos internacionais de idade mínima e máxima para
participar. Participam dessa etapa, unicamente, os estudantes da Modalidade A
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27
agraciados com medalhas (ouro, prata e bronze), no ano anterior. Esta etapa tem as
seguintes fases: Fase IV, Fase V e Fase VI (OBQUIMICA, 2015).
Na fase IV, os alunos serão submetidos a uma prova prática, onde será
avaliado suas habilidades em laboratório, na forma de videoconferência ou com uso
de mídia eletrônica encaminhada com antecedência para os locais de aplicação do
exame, que serão indicados pelas Coordenações Estaduais (OBQUIMICA, 2015).
Os quinze primeiros classificados na fase anterior (Fase IV) participarão do
Curso de Aprofundamento e Excelência em Química, que será ministrado em uma
das universidades participantes do projeto. Essa quantidade pode ser aumentada
quando houver empate ou diferença de pontuação menor que 1% entre os dois
últimos colocados (OBQUIMICA, 2015).
A última fase (VI), visa selecionar os estudantes que representarão o Brasil
nas Olimpíadas Internacionais, onde, após a conclusão do Curso de
Aprofundamento e Excelência em Química (Fase V), os estudantes serão
submetidos a uma nova avaliação, de caráter analítico-expositiva, onde o resultado
final trará os nomes dos quatro estudantes da equipe olímpica brasileira, para as
olimpíadas internacionais (IChO e OIAQ) (OBQUIMICA,2015).
De um modo geral, a “premiação palpável” oferecida por esses eventos,
limitam-se por honra ao mérito, medalhas e alguns premiam em quantias de
dinheiro, mas, as mais importantes expandem-se por experiências adquiridas,
autoestima elevada, vocações aguçadas e diversas outras consequências que
somente cada participante pode descrever. Por esse motivo, é válido trazer à tona
um trecho do depoimento da Giovana Pertuzzatti Rossato, o qual o intitulou como
“Olimpíada de Química: uma nova vida”, onde a autora, ganhadora de uma medalha
de ouro, assumiu o posto de segunda colocada na OBQ 2014. A seguir, Giovana
descreve suas emoções e as consequências de sua participação no evento.
A OBQ entrou na minha vida de forma inesperada, mas trouxe resultados incríveis. Fiquei sabendo que iria fazer a prova no mesmo dia em que ela seria aplicada, então não tive preparação nenhuma. Mas, felizmente, consegui passar do ponto de corte. A partir de então resolvi me preparar para a segunda fase com muita dedicação. Embora estudasse em escola pública estadual e não tivesse professor de Química por um bom tempo durante o ano, minha vontade de aprender aquele conteúdo tão curioso e desconhecido até o momento, prevaleceu. [...] Após um mês de estudo, o
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28
resultado: ouro, segundo lugar nacional. [...] Que experiência sensacional, que privilégio conhecer tantos intelectuais, tantas pessoas importantes e ao mesmo tempo tão simples e acessíveis. Quantas amizades feitas, quantos lugares lindos pude conhecer, quanta diversão. Inexplicável. Foram cinco dias que me fizeram sentir uma pessoa privilegiada e que me incentivaram a continuar a estudar mais [...] Em suma, o Programa Nacional de Olimpíada de Química transformou a minha vida. Descobri que posso chegar aonde quiser com estudo e dedicação. Hoje posso dizer que tenho outra visão de mundo, outros ideais. Meus objetivos vão muito além, quero chegar a uma Olimpíada Internacional. E tenho certeza de que isso é possível, basta querer. (ROSSATO,2014).
2.1.2. As Olimpíadas Internacionais de Química e a participação dos
estudantes brasileiros
Na OBQ, os objetivos específicos tem como foco o recrutamento de alunos
com os melhores desempenho na área de química durante as etapas da olimpíada
nacional, para a participação de duas Olimpíadas Internacionais principais, sendo
elas as: Olimpíada Internacional de Química (IChO) e Olimpíada Ibero-Americana de
Química (OIAQ) (OBQUIMICA, 2015).
A participação do Brasil nas olimpíadas internacionais na área de química se
iniciou no ano de 1995, quando foi realizada na Argentina, mais precisamente na
cidade de Mendonza, a Primeira Olimpíada Ibero-Americana de Química.
A OIAQ é uma competição anual que se realiza num país iberoamericano.
Essa é uma competição entre jovens estudantes Iberoamericanos cujos objetivos
primordiais são:
Promover o estudo da Química;
Estimular o desenvolvimento de jovens talentos nesta ciência;
Contribuir para estreitar os laços de amizade entre os países
participantes;
Criar um espaço propício para fomentar a cooperação, o
entendimento e o intercâmbio de experiências. (OBQUIMICA,2015).
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29
A Olimpíada Internacional de Química (IChO), teve início em 1968, na
Checoslováqia, reunindo desde então, a cada ano, aproximadamente 250
estudantes oriundos de diferentes nações. Cada país pode competir com o máximo
de quatro estudantes não-universitários, recrutados de acordo com seus critérios. Os
estudantes que participam da IChO são submetidos a exames teóricos e práticos
durante o período do evento. Seu objetivo principal é estimular as atividades de
estudantes interessados em química, incentivá-los a resolver os problemas químicos
de forma mais criativa. As competições IChO ajudam a reforçar as relações de
amizade entre os jovens de diferentes países e que assim eles se sintam
incentivados a participar de forma cooperativa do evento (OBQUIMICA,2015).
As provas aplicadas são elaboradas por um júri internacional formado por
mentores e profissionais da área do país organizador. Ao final do evento, os mais
destacados estudantes recebem prêmios que consistem em medalhas de ouro,
prata e bronze (OBQUIMICA,2015).
A primeira participação do Brasil, com seus estudantes, na Olimpíada
Internacional de Química aconteceu em sua 31º edição no ano de 1999, que
aconteceu na Tailândia. (OBQUIMICA,2015).
Em ambos eventos internacionais, o Brasil já conquistou várias medalhas,
inclusive, algumas medalhas de ouro. A literatura e as fontes de pesquisa não
divulgam o desempenho anual do Brasil nas competições de IChO, e com escassez,
a de OIAQ. Por isso, segue abaixo um quadro resumindo as medalhas brasileiras
em algumas edições da OIAQ:
Quadro 1: Quadro de medalhas brasileiras na Olimpíada Iberoamericana de Química(OIAQ).
Ano Edição Ouro Prata Bronze
2011 XVI 3 1 0
2012 XVII 2 2 0
2013 XVIII 1 2 1
2014 XIV 0 2 2
Fonte: Olimpíada Brasileira de Química
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De acordo com a OBQ-UFC(2004), já se soma um número significativo de
estudantes que, após a participação no Programa Nacional Olimpíadas de Química,
que lhe permitiu participar da OBQ e alguns também da IChO e OIAQ, decidiram
prosseguir nos estudos da área de química nos cursos de graduação e de pós-
graduação. Esta é a principal vitória do programa: identificar talentos para a indústria
e a academia. Um exemplo é o estudante Victor Tsuneichi Chida Paiva, que já
participou de várias competições de conhecimento na área de química, medalhista
na 40ª International Chemistry Olympiad (Medalha de Bronze), XIII Olimpíada
Iberoamericana de Química (Medalha de Prata), XIII Olimpíada Brasileira de
Química (Medalha de Prata), XII Olimpíada Brasileira de Química (Medalha de
Ouro), XIV Olimpíada Norte-Nordeste de Química (Medalha de Ouro), XIV Olimpíada
Cearense de Ciências (Medalha de Ouro) e na IX Maratona Cearense de Química
(Medalha de Ouro), e que optou por ingressar no curso de Bacharel em Química
pela UNICAMP. Segue um trecho de seu depoimento para a OBQ-UFC (2009):
A Olimpíada de Química foi a experiência mais determinante para traçar meu futuro acadêmico e profissional. Entrei despretensiosamente na então 7ª série, participando da Maratona de Química, depois trilhando o caminho através da Olimpíada Cearense, Brasileira, Seletiva, IChO e Iberoamericana. Ao longo desse processo conquistei bem mais do que medalhas e certificados, consegui amigos, conhecimento e uma paixão. A paixão pela Química e pelo aprendizado me tirou do sistema viciado de estudar “para passar nas provas”, sejam de colégio ou mesmo de vestibular, e me colocou na busca por conhecer e entender as coisas que me cercam e maravilham. A oportunidade de entrar em contato com a Química de excelência e com práticas laboratoriais me permitiu decidir seguir carreira nessa área. Os constantes desafios que as Olimpíadas de Química me propunham foram capazes de me motivar a aprender mais e buscar novas fontes de conhecimento, muitas vez estranhas ao Ensino Médio, a fim de expandir meus conhecimentos sobre Química. Se hoje faço bacharelado em Química e estou desenvolvendo um projeto de Iniciação Científica é graças à semente que o Programa Nacional implantou em espírito. Tive grande oportunidade também ao poder participar da Olimpíada Internacional e da Iberoamericana de conhecer outros países e culturas e de me tornar amigo de grandes mentes que certamente serão destaque na Ciência em alguns anos. Hoje vejo que os cinco anos que investi da minha vida nas Olimpíadas de Química, mostraram-se bastante recompensadores. (PAIVA,2009)
A partir dessa declaração é possível notar que esses programas que utilizam
uma ferramenta de cunho competitivo, oferecendo experiências variadas e diversos
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31
prêmios, geram uma motivação nos participantes em estudar mais, participar de
mais eventos científicos e até encontrar uma carreira profissional.
Este método motivacional conta com uma perspectiva da psicologia
comportamental, pois a preocupação do aluno com seu desempenho na competição
e sua vontade em conquistar um prêmio acabam sendo uma motivação para que ele
estude os conteúdos visando a prova (NERI,1980).
2.2 Outras competições de conhecimento em Química
Além das Olímpiadas Brasileira de Química (OBQ), em nosso território
nacional, existem muitas outras competições de conhecimento em química (e em
outras áreas) localizadas, muitas delas organizadas por escolas e universidades.
Além do mais, fora a OBQ, a Associação Brasileira de Química (ABQ) também
promove a Maratona de Química. Abaixo segue algumas dessas competições
principais que acontece no Brasil promovida por redes públicas e privadas (quadro
2):
Quadro 2: Algumas competições de Química em redes públicas e privadas do ensino no Brasil
Fonte: As informações foram retiradas dos sites de cada organizador citado
Ano surgimento Evento Cidade Organizadores
2011 Gincana de Química Natal/RN Instituto Federal do
Rio Grande do Norte
2013 Gincana de Química Santa Maria/RS Colégio Estadual
Coronel Pilar
2013 I Maratona Experimental de
Química
João
Pessoa/PB
Instituto Federal de
Ensino da Paraíba –
IFPB
2014 Maratona de Química Caxias/MA Colégio Estadual
Thales Ribeiro
2014 I Maratona de Química Vitória/ES Colégio Crescer
PHD
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32
2.2.1 Maratona de Química
Maratona é o nome dado a prova mais longa de atletismo dos Jogos
Olímpicos. Segundo a lenda, no ano 490 a.C., um mensageiro do exército de Atenas
teria corrido entre o campo de batalha de Maratona até Atenas para avisar aos
cidadãos atenienses a vitória de seu exército na batalha contra os persas. Se a
lenda é verdadeira, não se sabe, mas até a atualidade, muitos são os atletas
amadores que participam de maratonas, não em busca da premiação e sim de uma
superação em seu próprio tempo (FERNANDES,1979).
A Maratona de Química, instituída pela Associação Brasileira de Química,
teve início no ano de 1992, e que ocorre anualmente desde então, em paralelo com
o Congresso Brasileiro de Química (CBQ) (ABQ-CE, 2015).
A Maratona visa estimular a participação de alunos do ensino médio no
contexto educacional do ensino de química, ampliando o horizonte desses
estudantes sobre a aplicabilidade dessa ciência na natureza e seus fenômenos
relacionando com seu cotidiano e assim despertar o interesse dos mesmos a
seguirem a carreira (ABQ-CE, 2015).
Para participar, o aluno deve, em primeira instância, preencher uma ficha de
inscrição disponibilizada no site da ABQ3, onde ele também encontra todo o
regulamento e informações para a participação do evento (ABQ-CE, 2015).
A primeira fase se dá pela elaboração de uma redação com um tema já
proposto pela organização do evento, que deve ser enviado até uma data limite, via
correio para a Coordenação da Maratona. Após a avaliação das redações, são
selecionados até 40 participantes para se apresentarem no Congresso Brasileiro de
Química (CBQ) a ser realizado no ano corrente. Os selecionados devem pagar uma
quantia em dinheiro para a validação da inscrição no evento (ABQ-CE, 2015).
A segunda fase, que ocorre durante a CBQ, os finalistas irão presenciar a
demonstração de experimentos químicos que será realizada em laboratórios de
química escolhidos definidos pelo evento. Em seguida, eles serão submetidos a
uma avaliação escrita sobre os experimentos observados. Cabe à Comissão
3 Associação Brasileira de Química
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33
Avaliadora Local propor os experimentos que serão apresentados aos alunos na
ocasião da segunda etapa de avaliação, bem como o questionário de avaliação,
gabaritos e a pontuação atribuída a cada questão (ABQ-CE, 2015).
A Banca de Jurados, formada por profissionais escolhidos pelo
Coordenador da Maratona, leêm todas as respostas das avaliações, uma a uma, e,
ao final, serão selecionados os dez melhores trabalhos apresentados. A
classificação final será divulgada na Solenidade de Encerramento do Congresso
Brasileiro de Química (ABQ-CE, 2015).
Quanto a premiação, os dez primeiros classificados receberão um
Certificado de menção honrosa, sendo que os cincos primeiros receberão
certificados indicando sua classificação e os três primeiros colocados receberão
prêmios especiais. Todos os classificados recebem um certificado de participação
(ABQ-CE, 2015).
2.2.2 Maratonas Regionais de Química
Algumas competições de química brasileiras tem caráter exclusivo das
comunidades escolares e/ou universitárias como é o caso da Maratona Cearense de
Química, que é restrita aos estudantes das escolas públicas do estado.
A Maratona Cearense de Química teve sua primeira edição no ano de 1997,
em Fortaleza, capital do estado Ceará e, desde então, é realizada anualmente
(OBQ-CE, 2015).
Sob direção da ABQ-CE4, a Maratona Cearense de Química conta com a
participação dos alunos do Ensino Fundamental que estejam matriculados nas
turmas de 8º ano5 ou 9ºano6 ou em qualquer ano do Ensino Médio7 do estado do
Ceará.
Em depoimento ao site de inscrição da Maratona, a coordenadora do evento,
Renata Chastinet, afirma que a ideia de promover essa competição de química
4 Associação Brasileira de Química regional do Ceará 5 Antiga sétima (7º) série do ensino fundamental 6 Antiga oitava (8º) série do ensino fundamental 7 Antigo segundo grau que é composto pelos 1º, 2º e 3º ano
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34
surgiu a partir da experiência de uma graduanda em química estudante da UFC8,
que ao lecionar em salas de aula de colégios da região, ela percebeu a necessidade
de se ensinar a química mais voltada para situações práticas (ABQ-CE, 2015).
Essa competição é dividida em duas etapas onde, na primeira etapa,
considerada como uma etapa eliminatória, os participantes terão que fazer uma
prova composta de quinze (15) questões objetivas. Essas provas são aplicadas não
somente na capital Fortaleza como também em outras cidades cearenses como
Sobral, Iguatu e Juazeiro (ABQ-CE, 2015).
Na segunda etapa, participará no total de vinte (20) candidatos de cada ano
que foram classificados com as maiores notas. Em caso de empate na 20ª
colocação, os candidatos com a mesma nota serão classificados. Os finalistas
observarão a demonstração de experimentos químicos que serão realizados no
Laboratório de Química determinado pela Comissão. Em seguida, serão submetidos
a uma avaliação escrita sobre os experimentos observados (ABQ-CE, 2015).
A Maratona Cearense de Química oferece certificados, medalhas e livros
como premiação a aqueles que conquistaram as maiores notas, ocupando os
primeiros, segundos e terceiros lugares de cada ano. Os demais participantes
recebem certificados com menção honrosa e livros. (ABQ-CE, 2015).
Os organizadores da Maratona afirmam que estudantes de todo o Ceará
podem participar da avaliação, mas que por dificuldade de locomoção para
realizarem a segunda fase que ocorre na capital, a maioria dos estudantes que se
inscrevem são de Fortaleza. Segundo a organização, cada vez mais aumenta a
participação dos estudantes no evento. Até o presente momento, a última edição da
Maratona que aconteceu no mês de Abril de 2014, 1834 estudantes se inscreveram
na competição (NOIC,2014).
Com um grande número de participantes e amplamente divulgada, a
Maratona Cearense de Química é a maratona que mais se encontra informações
bibliográfica, apesar de se ter relatos de outras Maratonas como as descritas no
quadro 2 (pág. 31).
8 Sigla referente a Universidade Federal do Ceará
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35
3. A COMPETIÇÃO NO ÂMBITO EDUCACIONAL
3.1. Discussão teórica sobre as Competições de Conhecimento
Ainda que diversas competições de conhecimento como as olimpíadas e
maratonas sejam idealizadas com um propósito educacional, ambicionando
principalmente a motivação dos estudantes, alguns pesquisadores discordam de sua
eficácia educacional. Jafelice (2005) por exemplo, questiona sobre os possíveis
efeitos que essas competições podem provocar sendo elas opostas as atuais metas
educacionais podendo prejudicar a formação social do aluno. Em objeção a esses
estudiosos, estão muitos participantes e principalmente os organizadores desses
eventos, que alegam resultados que descrevem as vantagens educacionais dessas
competições, as quais apresentaremos a seguir.
3.1.2. Investigação sobre a motivação e o sucesso alcançado pelas
Competições do Conhecimento
Conforme já discutido anteriormente, a maioria das competições do
conhecimento visam motivar o participante a estudar a área visada pelo evento,
descobrir novos talentos e incentivar a escolha de uma profissão.
Por esse motivo, convém abordar teoricamente as ferramentas utilizadas
para que estes objetivos sejam atingidos.
Como a primeira ferramenta motivacional, podemos destacar o desafio
gerado pelas competições. Como exemplo, pode-se aludir a pequena declaração da
Professora Lílian Siqueira, intitulado “Motivação é a tônica nas escolas”, para a
sessão de depoimentos do “Programa Nacional Olimpíadas de Química”9, onde a
autora, que leciona a disciplina de Química no Colégio Bandeirantes, de São Paulo e
onde há diversos adeptos ás Olimpíadas de Química, alega que tais competições
motivam a participação dos estudantes voluntariamente:
A mobilização que essa Olimpíada de Química gera nos alunos e em todos os seus colegas é imensa e extremamente positiva para nós, educadores. Saber que nesta juventude atual uma olimpíada acadêmica desperta muito mais vontade do que qualquer coisa errada que esta turminha poderia
9 http://www.obq.ufc.br/depoimentos2005
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36
pensar em fazer é simplesmente fabuloso. Todo o retorno que tenho da parte dos alunos é muito maior do que eu poderia sequer imaginar (SIQUEIRA,2005).
Com base nessa declaração, pode-se notar que a satisfação de alguns
discentes é positiva quanto as consequências que as competições de ensino pode
trazer. Essa vontade que move os alunos a participarem desses eventos parte
exclusivamente da motivação causada pelo evento em si.
Em busca de justificativas para demonstrar a motivação dos alunos a
participarem de competições de conhecimento, deparo-me com um texto de um sitio
da internet escrito por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho, denominado “Olimpíadas
Científicas”10, na sessão designado “Por que participar de Olimpíadas Científicas”,
onde o autor, estudante de Ensino Médio e integrante de múltiplas olimpíadas até a
presente data, alega que olimpíadas motivam a participação dos alunos
principalmente pelo desafio que estes encontram nas provas. Segue abaixo o trecho
dessa argumentação:
São desafiadoras. Não adianta negar: desafios são divertidos. Lembra um jogo que você jogou muitas e muitas vezes tentando passar de uma determinada fase? Se ele fosse muito fácil, você não teria gostado tanto dele e provavelmente sequer se lembraria dele (FILHO, 2011).
Com base nessa argumentação podemos observar que os estudantes são
motivados, além da premiação, também pelo desafio que as disputas proporcionam.
De acordo com a matéria “Os impactos das olimpíadas científicas” para o
Jornal da Ciência11, com base nos argumentos de alguns especialistas
entrevistados, as olimpíadas científicas geram um impacto bastante positivo.
É inegável que o Brasil alcançou um nível de sucesso em relação as
competições levando em consideração as conquistas dos prêmios. Os participantes
brasileiros conquistaram primeiros lugares nessas competições e mais de 400
medalhas internacionais, porém existe um “tipo de sucesso” mais relevante. De
acordo com o João Batista Garcia Canelle, Professor Adjunto da UERJ12 e também
10 http://www.olimpiadascientificas.com 11 Jornal criado em 1985 pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e
disponível somente online desde Agosto de 2011. 12 Sigla da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
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37
coordenador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), que fez
uma declaração para essa mesma matéria jornalística defendendo que a conquista
do pódio não é o prêmio mais valioso. Segue abaixo uma passagem de sua
declaração:
Se alguém decide participar de uma olimpíada de forma voluntária, como é o caso da OBA, então o participante se prepara para a prova, pois pretende ganhar uma medalha. Isso mostra que, se estudou mais do que faria sem a presença da olimpíada, então, já estamos causando um impacto sobre ele, pois estudou mais, e isso é o que mais queremos que os alunos façam. E veja que estudaram mais por livre e espontânea vontade, e é assim que mais se aprende (CANELLE,2013).
Baseada nessa declaração, pode-se afirmar que no ponto de vista dos
discentes envolvidos nesses eventos educacionais, as vitórias não são o prêmio
mais vantajoso. Os prêmios são importantes pois são a representação do
reconhecimento de tanta dedicação e estudo feito pelos estudantes e professores
para alcançar tais resultados. O resultado disso é o crescimento da dedicação por
parte dos alunos, de forma espontânea, e isso é o mais importante (VIDEIRA, 2013).
Afim de discutir a importância de estimular, não só os alunos, como também
os professores brasileiros nessas competições Canelle (2013) afirma que as
Olimpíadas Brasileiras Científicas influencia-os de forma positiva pois, para preparar
e ajudar os alunos, o professor precisa estudar um pouco mais, e neste processo ele
estará sendo induzido pela olimpíada a se atualizar e, portanto, essa é outra
consequência positiva gerada pelas competições.
Além do mais, a probabilidade dos bons resultados promoverem o nome das
escolas participantes também é uma forma de motivação para que se sinta
estimulada a investir na capacitação dos profissionais nas área promovida por essas
competições. O envolvimento das escolas na preparação dos alunos gera várias
oportunidades para a produção de atividades cujos efeitos educacionais podem
positivos.
A partir das experiências obtidas após a participação de colégios em
algumas disputas didáticas, alguns deles se motivam a realizar outras atividades
diferenciadas, tais como feiras de ciências, gincanas, festivais, etc., como descreve
Gouveia e Pazetto (2009).
-
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3.1.3 A questão da Competitividade na educação
Alguns pesquisadores defendem como prejuízo aos alunos e ao cidadão que
ele virá a ser, a utilização de competições no ensino. De acordo com Jafelice (2005),
a prática de competições de conhecimento está associada a uma ideologia
capitalista neoliberal que, segundo o autor, acarretam sequelas incalculáveis para a
formação dos alunos, tanto científica quanto social.
Os argumentos de Jafelice (2005) estão associadas ao provável incentivo à
competitividade e ao individualismo que essas atividades podem gerar. Para ele,
embora esse tipo de competição estimule o interesse dos estudantes para a ciência,
os efeitos sociológicos sucedido desses eventos seriam muito impactante e as
consequências sociais seriam graves de mais para dar continuidade a essa prática,
argumentando que a utilização desse método favorece a exclusão quanto as
relações sociais. Segundo o autor, as competições no ensino deveriam ser
substituídas por métodos mais democráticos e inclusivos, que propicie a coletividade
e a cooperação.
As competições escolares, seja ela de qualquer disciplina, se inspiram nas
diversas competições esportivas que visam à seleção de vencedores, e que tem
também em consequência, os perdedores nas mais variadas modalidades
esportivas.
Nós criamos uma relação com o esporte desde o início de nossas vidas,
quando crianças através de brincadeiras e até a vida adulta, onde todo mundo em
algum momento torceu para algum time, participou das aulas de Educação Física na
escola ou de um jogo qualquer. Como o esporte é tão ligado com o cotidiano das
pessoas e tem um vínculo direto com a ideia de competição, tomaremos uma breve
discussão sobre a competição. As competições esportivas seriam “boas” ou “más”?
(REVERDITO, 2008).
Tomando como ponto de vista que nas competições esportivas, no intuito de
obter sucesso e conquistar o prêmio, seus participantes criam uma rivalidade entre
si, pode-se definir essas competições como “más”. Porém, se abordarmos em outro
panorama, essas competições propiciam a interação das pessoas para alcançar um
objetivo em comum, que é o caso das competições feitas em grupos. Essa interação
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39
é responsável pelo caráter formativo do cidadão, e é por esse motivo que muitos
Projetos Sociais tomam o esporte como um recurso de cunho inclusivo e sócio
educativo (FERRAZ, 2002).
Na obra de Reverdito et al. (2008), os autores afirmam que as competições
não podem ser definidas como más nem boas em sua natureza própria e mas pode
assumir alguma dessas definições a partir de como elas são realizadas. Ainda,
segundo os autores, quando se adere as competições no ambiente escolar elas
deverão ter características diferenciadas das esportivas assumindo um perfil próprio
voltado para a educação do indivíduo.
Portanto, com uma abordagem apropriada, transmitindo os valores
desejados de forma correta, o estímulo a prática das competições de conhecimento
pode ser tomada como uma ferramenta educacional. Justamente pelos inúmeros
projetos do tipo já existente em todo território nacional, e internacional, levamos a
crer que se os resultados negativos superasse os positivos ou se só houvesse
resultados negativos, esses projetos deixariam de existir.
Assim como nas competições esportivas, o tratamento feito nas competições
de conhecimento pode interferir muito nos resultados finais. Dessa forma, deve-se
analisar minuciosamente a abordagem adotada, de como ela será tratada pela
própria escola, assim como ela será apresentada para os alunos e trabalhada pelos
professores, pois tudo isso determinará os impactos dessas competições.
Por fim, acreditando que “a competição em si não é boa ou má, ela é o que
fazemos dela”, segundo Ferraz (2002), propomos, neste trabalho, uma reflexão das
competições no interior da escola, sustentadas na ação, e apresentamos uma
proposta pedagógica em que acreditamos e defendemos, enquanto referencial para
as competições pedagógicas.
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4. JUSTIFICATIVA
No momento atual, as estratégias de ensino que facilitam o processo de
ensino-aprendizagem são muito discutidas. Tal discussão é decorrente da realidade
em que o ensino se encontra. O Exame Nacional do Ensino Médio, por exemplo,
mostra que o desempenho dos estudantes brasileiros está muito abaixo dos padrões
adequados (NARDIN, 2011).
Como bolsista do PIBID Química da UENF, já tendo exercido várias
atividades em algumas escolas públicas em que o projeto atua, a autora pôde notar
que havia muitos alunos desmotivados com a disciplina de química, talvez devido as
metodologias pouco motivadoras adotadas. Assim, a coordenadora do projeto PIBID
que também é a orientadora desta monografia, propôs a realização de uma
maratona diferenciada visando desenvolver diversas habilidades. Ao todo, a
maratona foi realizada quatro vezes, em escolas diferentes e com conteúdos
diferentes. As duas primeira experiências foram menos produtivas e serviram de
suporte para que algumas regras fossem modificadas a fim de otimizar a atividade.
A atual experiência relatada nesta monografia contempla as modificações propostas
e foi bem sucedida, conforme o planejamento.
Com base nos levantamentos que fiz, as consequências positivas que as
competições de química têm gerado entre os adeptos se sobrepõem aos
argumentos negativos de alguns pesquisadores sobre a prática de atividades de
cunho competitivo na educação. Com o apoio financeiro da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), foi possível colocar em
prática esse projeto que compensava os alunos, não só com os prêmios comprados
com a verba, mas também com a possibilidade de uma avaliação diferenciada, a
realização de atividades que motivaram a aprendizagem na disciplina de química,
além do desenvolvimento de diversas outras habilidades, tais como: a cooperação, a
persistência, o compromisso, a pesquisa e a busca pelo conhecimento.
Dessa forma, iniciamos esse trabalho desenvolvendo para a “Maratona de
Química” um regulamento próprio que se adequasse aos objetivos pretendidos e
que pudesse valorizar as habilidades propostas.
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5. OBJETIVOS
5.1 Objetivos Gerais
Desenvolver e realizar uma maratona de Química em um colégio
público.
5.2 Objetivos Específicos
Estimular o ensino e estudo da Química.
Otimizar o método de ensino através da avaliação continuada.
Valorizar a cooperação entre os alunos.
Despertar o interesse pela Química.
Estimular o compromisso e a responsabilidade.
Estimular a persistência de cada um.
Incentivar a pesquisa e a busca pelo conhecimento.
Potencializar o aprendizado da ciência Química.
Valorizar a participação dos alunos.
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6. METODOLOGIA
Para esse trabalho, planejou-se uma Maratona de Química com duração de
8 semanas envolvendo os conteúdos obrigatórios previstos no currículo mínimo
referente ao terceiro bimestre do 2º ano do ensino médio do turno da manhã da
Escola Estadual 15 de Novembro, localizado no município de Campos dos
Goytacazes/RJ. O processo foi realizado no 3º Bimestre do ano letivo de 2014 com
início no dia 31 de Julho e término no dia 2 de Outubro, com 20 alunos que
compunham a turma 2001 pois, a professora titular dessa turma já conhecia o
projeto e o aceitou prontamente.
No total, foram utilizadas 12 aulas trabalhando os conteúdos obrigatórios,
uma para apresentar a proposta de trabalho e outras duas para a realização da
gincana, sendo que eram duas aulas por semana com duração de 50 minutos cada.
A Maratona foi dividida em duas fases, sendo que cada fase era constituída
em algumas etapas.
A primeira fase foi dividida em 6 etapas, onde a cada semana o aluno
recebia uma lista de exercício com o conteúdo trabalhado no dia e a devolvia
respondida na semana seguinte para que pudesse pegar a lista seguinte e continuar
na maratona. Essa fase teve caráter eliminatório e preparatório.
A segunda fase foi a da gincana, dividida em 3 etapas: Caça pista, Cada um
por si e Quizz
A metodologia do trabalho se dividiu da seguinte forma:
6.1 Planejamento da Maratona;
6.2 Preparação do material;
6.3 Realização da Maratona
6.4 Coleta e Análises dos dados.
Cada um dos itens da metodologia será descrito com detalhes, a seguir.
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6.1 Planejamento da Maratona
O primeiro momento deste trabalho consistiu na elaboração das regras da
maratona e no levantamento das habilidades e competências sugeridas pelo
Currículo Mínimo proposto pela SEEDUC, que deveriam ser desenvolvidas ao se
trabalhar os conteúdos do 3º Bimestre para as turmas do 2º ano do Ensino Médio
6.1.1 As Regras
Aprender com alegria e vontade é muito importante. As metodologias que
envolvem o lúdico fazem com que os alunos aprendam com prazer, alegria e
entretenimento, sendo importante ressaltar que a educação lúdica não pode ser
confundida com passatempo ou apenas divertimento (ALMEIDA, 1995).
O lúdico aguça o interesse e estimula o aprendizado, pois essas atividades
incentivam o aluno a desenvolver o pensamento, a desenvolver habilidades,
conhecimentos e criatividade, a compreender o meio e estabelecer contatos sociais.
As interações que essas atividades oportunizam favorecem o desenvolvimento a
solidariedade e empatia (ROSAMILHA, 1979).
Portanto, a maratona de química teve o cuidado de não estimular o caráter
competitivo, por isso, as regras criadas, pretendiam valorizar a cooperação, pois os
alunos podiam discutir as questões entre si, o compromisso (cumprimento dos
prazos estabelecidos nas normas), a persistência (realização de todas as etapas), a
pesquisa (a busca pela resposta correta e oportunidade de refazer as respostas
erradas) e valorização (no final, todos os alunos participantes foram premiados)
esperando assim, potencializar o aprendizado. A maratona foi dividida em duas
fases com algumas etapas. Na primeira fase, preparatória e eliminatória, eram 6
etapas e na segunda fase – a gincana (classificatória) - continha 3 etapas (Caça a
pista, Cada um por si e Quizz).
As etapas da maratona foram usadas como instrumentos de avaliação para
a obtenção da nota bimestral.
As regras da Maratona de Química encontram-se no Apêndice B.
Segue na tabela abaixo, o resumo da avaliação bimestral:
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Quadro 3: Resumo da avaliação bimestral no 3º bimestre.
Avaliação Bimestral Aluno Participante Aluno NÃO Participante
6 listas contendo 5
exercícios/cada
3,0 pontos 2,0 pontos
Caça Pista contendo 10
exercícios
1,0 ponto 2,0 pontos (TESTE)
Cada um por sí contendo 5
exercícios
4,0 pontos 6,0 pontos (PROVA)
Quizz contendo 10 exercícios 1,0 ponto
Participação 1,0 ponto
Total 10 pontos 10 pontos
Após a elaboração das regras, foi feito um cronograma de atividades
(Apêndice A) que dividia em semanas o conteúdo a ser trabalhado na turma
escolhida, baseado nas habilidades e competências sugeridas pelo Currículo
Mínimo proposto pela SEEDUC (Anexo 1) e um material informativo contendo as
regras e uma breve descrição sobre os propósitos da maratona (Apêndice B).
6.2 Preparação do material
O material de apoio que deu suporte a primeira fase da maratona foi
composto por 6 listas de exercícios elaboradas pela autora da monografia, cada uma
contendo 5 questões contextualizadas com o cotidiano dos alunos (Apêndice C).
Baseado nos exercícios contidos nessas listas, foram elaboradas as avalições
utilizadas na segunda fase: Caça Pistas (10 questões), Cada um por si (5 Questões)
e Quizz (10 questões) presente, respectivamente, nos apêndices D, E e F
6.2.1 As Listas de exercícios
Com o objetivo de iniciar a alfabetização científica dos alunos, esperava-se
que os exercícios selecionados induzisse a resolução e a discussão de problemas
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referentes às ciências e às suas tecnologias, permitindo que em diferentes
momentos da investigação, eles pudessem estabelecer uma discussão entre si e
com o professor, propiciando o levantamento de hipóteses, a construção de
argumentos para dar credibilidade a tais hipóteses, e que eles pudessem justificar
suas afirmações buscando reunir argumentos capazes de conferir consistência a
uma explicação para o tema proposto. (SANSSERON E CARVALHO, 2011).
Conforme os alunos tentavam compreender e solucionar os exercícios, eles
construíam seu conhecimento permitindo que as listas de exercícios fossem usadas
como um instrumento de avaliação de aprendizagem.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Médio (2002)
afirmam que avaliação deve ter um sentido formativo e ser parte permanente da
interação entre professor e aluno.
De acordo com Perrenoud (1999), a avaliação não é, em princípio, um
objetivo em si, mas um meio de verificar se os alunos adquiriram os conhecimentos
visados. De acordo com ele, no decorrer do ano de orientação, a avaliação é
polivalente; as mesmas avaliações devem servir para fins muito diferentes. A rigor,
não se deveria coletar as mesmas informações, nem processá-las da mesma
maneira, ao visar a uma avaliação:
- formativa, que é uma regulação da ação pedagógica;
- cumulativa, ou certificativa, que faz balanço dos conhecimentos;
- prognóstica, que fundamenta uma orientação;
- incitativa, cujo propósito é por os alunos a trabalhar;
- repressiva, que previne ou contém eventuais excessos;
- ou ainda informativa, destinada, por exemplo, aos pais. (PERRENOUD,
1999, p.56-57).
O autor considera como formativa toda prática de avaliação contínua que
pretenda contribuir para melhorar as aprendizagens em curso, qualquer que seja o
quadro e qualquer que seja a extensão concreta da diferenciação do ensino.
(PERRENOUD, 1999, p.78).
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Baseado nisto, este trabalho usou a avaliação formativa para avaliar a
aprendizagem dos alunos.
6.3 A Realização da Maratona de Química
6.3.1 Apresentação do Projeto aos aluno
A Maratona de Química foi apresentada aos alunos como uma proposta
diferente de avaliação e que resultaria na nota do 3° bimestre, entretanto, o aluno
poderia aderir ou não, já que a participação era voluntária. No caso os alunos que
não aderissem a maratona também foi informado neste momento, os critérios de
avaliação.
Nesta mesma reunião, foi entregue aos alunos os materiais informativos
(Apêndices A e B) contendo os objetivos da Maratona, suas regras, os prazos e as
etapas, esclarecendo todas as dúvidas que apresentaram. Todas estas informações
também foram fixadas no quadro de avisos da sala de aula.
6.3.2 O início – Primeira Fase
Na semana seguinte da apresentação da Maratona de Química, foram
trabalhados os primeiros conteúdos do planejamento e entregue a primeira lista de
exercícios aos alunos que deveriam resolver e devolver na próxima aula.
Conforme os alunos iam entregando as listas, elas eram corrigidas pela
autora deste trabalho. Caso o aluno não acertasse todas questões da lista, ele tinha
a oportunidade de refaze-la e devolvê-la na semana seguinte. Aqueles que
acertavam todas questões logo na primeira correção, ganhavam uma estrela que foi
usada como critério de classificação no final da maratona. Este procedimento foi
adotado com todas as listas, exceto com a última lista (6ª lista), em que os alunos
não tiveram oportunidade de refazer os exercícios para entregar na próxima semana
pois, na semana seguinte, já se iniciaria a gincana (segunda fase).
A primeira fase teve fim no dia 18 de Setembro de 2014 quando foram
devolvidas todas as 6 listas aos alunos que haviam entregue nos prazos
estabelecidos, proporcionando a estes o direito de participarem da segunda fase da
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maratona (a gincana) e a oportunidade de se prepararem para as próximas
avaliações, visto que estas seriam baseadas nos exercícios resolvidos na primeira
fase.
Quanto aos alunos que foram eliminados por não cumprirem os prazos da
entrega das listas de exercícios, estes teriam, como última oportunidade, o direito de
entregar todas as listas no dia 18 de Setembro, e realizar um teste baseado nos
exercícios resolvidos. Tanto a entrega das listas acumuladas como o teste, foram
utilizados como instrumento de avaliação para os alunos não participantes da
maratona.
6.3.3 A aulas
Os conteúdos trabalhados nas aulas durante todo 3º Bimestre do 2ºano do
Ensino Médio foram baseados no currículo mínimo elaborado pela Secretaria
Estadual da Educação (SEEDUC) do estado do Rio de Janeiro. Tal documento
serviu como referência das competências e habilidades que foram trabalhadas nas
aulas de química durante o desenvolvimen