raio de sol - 1

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Revista de bem estar

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Antes de começar a escrever este meu texto, pensei muito bem procurando encontraralgo de positivo para partilhar convosco mas, ou sou eu que ando muito distraída,ou de facto o que nos rodeia é por demais pouco agradável, para que a partilha possaser de facto, positiva.Neste mais de meio século de existência, tenho vivido e sido confrontada com as maisvariadas situações. Antigamente dizia-se que não se podia falar à vontade por causada P.I.D.E., hoje as situações que se vão ouvindo são de tal maneira confrangedo-ras que até faz doer o coração.Se não, vejamos. Temos um Juiz que, por altruísmo, resolveu fazer um blog para nos transmitir e“ensinar” algumas formas de como poderemos estar melhor e, ao mesmo tempo, adefendermo-nos de situações que se nos vão deparando ao longo da vida. Nem todossomos obrigados a partilhar as mesmas opiniões, felizmente. Por algo que nãoagradou a alguém, ao emitir determinada opinião ou opiniões, esse homem foi sus-penso das suas funções e vamos lá ver como e quando essa absurda situação irá ter-minar. Quando me detenho a pensar nisso, vêm-me à ideia temas tais como pedofilia, porexemplo. Pessoas que estiveram detidas, outras com graves acusações e que tambémcirculam por aí, e o pior ainda, é que se deixa lentamente de ouvir falar nos assun-to e nas pessoas, até que um dia tudo caia no esquecimento e os pobres lesados que,depois dos mal tratos, depois de todos os confrontos nos tribunais, depois de todo osofrimento durante e após as ocorrências, ficam sem ver feita justiça.Outro exemplo grave que me ocorre é o de políticos acusados de roubar as autarquias,fugidos do país e que, de repente voltam, continuam a exercer as suas funções comose nada tivesse acontecido.Há tantos outros casos verdadeiramente graves, que corroem a nossa sociedade e quequase nos tiram a vontade de ser honestos e dignos perante tanta injustiça, falsidadee desonestidade. Não seria melhor parar, enquanto ainda nos resta alguma coisa para salvar ouvamos deixar que todos aqueles valores que ainda temos se percam? Paz, amor e discernimento nos nossos corações.

Ana Maria Thomä[email protected]

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Editorial

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04 BEM-ESTAR

Escuta o teu corpo

Meditação

Direito

Alimentação

Solidariedade

Meio-Ambiente

Osteopatia

Ayurvédica

Medicina dentária

Yoga

Homeopatia

18 SAÚDE

30 CULTURA

01 EDITORIAL

12 ESPIRITUALIDADE

52 NOTÍCIAS

64 PARA REFLECTIR

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RIO

38 DEPENDÊNCIAS

AA

Apoio às famílias

Da criança

Cenas do quotidiano

A escrita

…do leitor

Partilha

42 CRÓNICAS

Recantos da nossa terra

Do estrangeiro

56 LAZER

Ficha Técnica Raio de Sol

Directora: Ana Maria Thomä - Editora e proprietária: Rotas da Paz, Lda. NIF: 507 863 119Colaboradores: Anita, António Fernando Gil, António Sabino do Carmo, Carlos Campos, Hélder Fráguas,Maria José Brilhante, Maria de Lurdes Sherley, Mónica Pereira, Surya, Valter CardimContactos: Redacção e Publicidade – R. dos Descobrimentos, 93 R/c Esq. 2890-115 Alcochete e-mail: [email protected] – www.raiodesol-online.com.ptGrafismo: Francisco Batarda Tel. 21 215 30 09 - e-mail: [email protected]ão: Gráfica Torriana - Luz e Progresso, SA - Fonte Santa - Paúl – 2560-250 TORRES VEDRASTiragem: 10.000 exemplares - Número ICS: 124956 - Depósito legal: 248431/06 ISSN 1646-5741

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Em 1982, Lise Bourbeau criou umprimeiro curso que demonstravaque o corpo humano é uma extra-ordinária ferramenta para apren-der a conhecer-se a si próprio,querseja ao nível emocional quer sejaao nível espiritual. Desde então,Lise Bourbeau trabalha unica-mente neste sentido,o que a tornauma excelente facilitadora, capazde ajudar milhares de pessoas amelhorar a sua qualidade de vida,pela consciencialização da suaprópria vida interior.Isto, graças à sua filo-sofia simples de vida,acessível e aplicávelao quotidiano de ca-da um.Mulher dinâmica,comespírito empreen-dedor, consta na listados autores mais lidosnos países francó-fonos. Autora de 18best-sellers, vendeumais de dois milhõesde livros que foramtraduzidos em 17 lín-guas.

Os ensinamentos daescola “Écoute TonCorps” demonstramque os nossos corposfísicos, emocionais ementais,enviam cons-tantemente mensa-gens, para nos trazerde volta ao amor ver-dadeiro e ao respeitopor nós próprios e

pelos outros. Ajudam-nos a torn-armo-nos mais conscientes dascausas dos nossos bloqueiospara os transformar e voltar aencontrar:

• no plano físico: mais energia, osentimento de juventude, asaúde;

• no plano emocional: a alegriade viver, melhores relações, areconciliação, a autonomia;

• no plano mental: a compreen-

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R Escuta o teu corp

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são, os conhecimentos e osmétodos para criar a nossavida em vez de a aguentar;

• no plano espiritual: a paz decoração e de alma, o prazer dese ser o que se é sem termedo de se ser julgado, oamor verdadeiro por sipróprio e pelos outros e verDeus em tudo o que existe.

Quer melhorar a sua vida?Num dos 31 cursos Escuta o

Teu Corpo, sendo o maisimportante o Escuta o teuCorpo, nível 1, encontraráuma resposta às suas neces-sidades. Constatará até queponto são benéficos osresultados, logo que ponhaem prática, as ferramentasensinadas durante os cur-sos. O objectivo da EscolaÉCOUTE TON CORPS é con-tribuir para a paz mundialao ajudar uma pessoa de

cada vez, a chegar àpaz interior.Agarre já hoje nasua vida e aproveiteos 25 anos de exper-iência para simpli-ficar a sua vida.

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o

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Há cerca de 15 anos, desco-bri o trabalho de um psi-quiatra americano, John

Pierrakos, sobre as feridas daalma e fiquei fascinada. Desdeentão, não parei de observarmilhares de pessoas para meespecializar nesta área e,sobretu-do, encontrar uma ligação entreas feridas interiores e a aparênciado ser humano. Aqui estão algu-mas das minhas observaçõespessoais.

As feridas são: a rejeição, oabandono, a humilhação, atraição e a injustiça.

Uma ferida de rejeição, porexemplo, terá começado quan-do uma pessoa rejeita umaoutra e não se aceita nesta situ-ação. Esta experiência de rejei-ção vem depois de uma rejei-ção de si mesma. Acaba por serum ciclo vicioso: rejeita-se a siprópria, rejeita os outros e érejeitada… acabando por se

tornar consciente darejeição de si mes-ma. Assim acontecepara todas as feridas.A ferida surge logoque haja não-aceita-ção, tal como aslesões, feridas oudoenças podem apa-recer repentinamen-te no corpo humano.Se não se tratar decurar esta ferida, estatornar-se-á cada vezmais profunda e, como mais leve toque,des-pertará a dor. Temospor isso a responsabil-idade de tratar pes-soalmente da cura dasnossas feridas para teruma maior qualidadede vida.

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As Feridas

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Tudo o que nos acontece dedesagradável, difícil, stressante,pode estar ligado a uma dasnossas feridas. Inclusive tudo oque acontece ao nível mental(ansiedade, medos, …), emo-cional (culpabilidade, emoções,raiva;…) e físico (mal-estar,doença, acidentes, …).

Como se consegue curaras feridas ?

A primeira fase consiste emaceitar quem somos, a obser-var-se quando sente que estámagoado. Basta dizer a simesmo que, neste momen-to, se sente rejeitado.

Constate tudo o que se passaconsigo: os seus pensamen-tos, os seus sentimentos etambém as suas sensaçõesfísicas. Esta capacidade deobservação de si mesmo émágica. Não é precisoconcordar com o queestá a viver para con-seguir observar-se destaforma. Basta estar aobservar-se para dis-solver a dor e aperce-ber-se-à que a dordiminuiu. O facto de se observar,ajuda ainda a respirar melhor, o

que, por seu lado, ajuda a aliviara dor. Esta técnica de observaçãotambém é chamada técnica daaceitação.

Pouco a pouco, à medida que asferidas se vão curando, volta a serquem quer ser.

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da AlmaLise Bourbeau

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Apesar de ser conhecida há váriosmilénios, essa técnica de autoconhecimento ainda é vista comestranheza por muitos. Mesmotendo cada vez mais adeptos emtodo o mundo, e sendo járecomendada por alguns médi-cos,meditar para os não-iniciadoscontinua a ser “coisa de mongesde cabeça rapada que vivem emmosteiros e se sentam emposição de lótus”.

É compreensível.Nofim de contas estarsentado atento àsua respiração, tran-quilamente, não éalgo muito comumnos agitados tem-pos que correm.

Por outro lado,como cada um sen-te e vive a meditação de um modoúnico, essa experiência é quaseintraduzível.No entanto, como emtudo na vida, esse caminho podeser aprendido caminhando.Afinal todos nós somos capazesde meditar, em qualquer lugar, aqualquer hora, independente determos ou não uma religião. Parainiciar essa viagem fantástica, sósão necessárias duas coisas:determinação e disciplina.

Ao contrário do que muitos pen-sam meditar não é reflectir, éantes de mais limpar a mente depensamentos.

Os mestres orientais através dosseus ensinamentos sugerem quese fique em silêncio e se procureencontrar a sabedoria interiorque todos temos e que temosvindo a reprimir. Já Sócrates, ogrande filósofo grego pregavanas suas palestras “conhece-te a timesmo e conhecerás o Universo”.

A sociedade actual tem “aversão”ao vazio por isso incita-nos a estarsempre ocupados a fazer algo – adesocupação é considerada sinó-nimo de falta de vontade de serprodutivo (isto não invalida queexistam pessoas que sejam mes-mo pouco dedicadas à actividadee nem sempre estarão a medi-tar…)A obrigação da contínua procurade ocupações produz ansiedadee afasta-nos de nós próprios. Osilêncio, por seu lado, desperta-nos e o não fazer pode preparar-nos para o que tem de ser feito.

Meditar é focar a mente, deixar aspreocupações de lado, viver o aquie o agora. Quantas vezes não en-tramos em pânico, pensando emalgo que acabou por não aconte-cer? Quanto vezes gastamos tempopreocupados com coisas que acon-teceram no passado e sobre as quaisjá nada podemos fazer? Divididaentre o passado e o futuro, a mentenunca está no momento presente.

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R Em defesa do não

MMeeddiittaarr nnããoo éé rreefflleeccttiirr,, mmaasseessvvaazziiaarr aa mmeennttee.. OO ssiillêênncciiooddeessppeerrttaa aa aallmmaa ee aa mmeennttee vvaazziiaalliiggaa--nnooss aaoo UUnniivveerrssoo.. OO nnããoo ffaazzeerrpprreeppaarraa--nnooss ppaarraa oo qquuee ddeevvee sseerrffeeiittoo..

BEM

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Esta paragem do pensamentonão se consegue de um momen-to para o outro. É uma viagemque exige disposição e levaalgum tempo.A nossa mente divide-seem duas partes. Uma con-sciência dos sentidos –visão, audição, olfacto,paladar, tacto – e umaconsciência mental, queenvolve todos os nossosprocessos intelectuais, ossentimentos e asemoções, a memória e ossonhos.Meditar é uma actividadeda consciência mental.Controlar a mente e trazê--la à compreensão da real-idade não pode ser consi-derado um trabalho fácil,mas há muitas formas demeditar e é possível fazê-lo em qualquer lugar, en-quanto trabalhamos, quan-do caminhamos, dentro deum autocarro, ou mesmona cozinha enquanto pre-paramos uma refeição.No início são apenas al-guns segundos, mas hámedida que vamos prati-cando vai-se tornandomais fácil. Sobretudo épreciso não ter pressa,não é uma corrida paraver quem consegue me-

ditar mais depressa. Antes pelocontrário.Meditar implica um esforço inicialque vai contra a mentalidade quenos foi aplicada pela sociedade

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fazer…

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actual que faz com que estejamosem permanente competição parasermos os melhores, os primeiros,os vencedores…Quem medita consegue ter e man-ter a mente vazia de pensamentosem qualquer situação: uma vezdesenvolvido o estado meditativo,somos capazes de gerar esseprocesso mental a qualquer hora eem qualquer situação.

Mas atenção, meditar não é fugirdos problemas, pelo contrário, é

procurar ser honesto para consi-go mesmo, avaliar o que se está afazer, tornando-se mais positivo,mais útil para si e para com osoutros.Com a meditação podemos ficarmenos ansiosos, aprendemos ater menos expectativas, a realida-de suaviza-se, desenvolvemosuma auto-imagem mais positivae realista. Podemos passar a termenos desapontamentos e aviver com mais qualidade adop-tando hábitos positivos, melho-

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rando não só o nosso dia a diacomo a nossa relação com os out-ros.Quando se medita, o cérebro fun-ciona num ritmo mais lento,o quegera a tranquilidade necessáriapara levar a mente ao estado quepode permitir ao ser humano co-nhecer o seu verdadeiro ser.Para conseguir a concentração exis-tem algumas técnicas que não pas-sam necessariamente por dizerpara consigo mesmo que se querpensar em nada, aqui a mente

começa a fazer exacta-mente o oposto, crian-do catadupas de pen-samentos. A soluçãopode ser, pura e sim-plesmente, aceitar ospensamentos mas semse deixar envolver poreles. De início será difí-cil, mas com a práticavai-se tornando cadavez mais fácil.É uma “luta” que exigedeterminação e sobre-tudo muita prática,mas somos nós quetemos de conduzir oprocesso. Não há re-gras, não existem tru-ques. Não existem “va-rinhas mágicas” quenos ponham a meditarde um dia para o outro.Tal como andar, umavez conseguido o equi-líbrio é preciso contin-uar a praticar até que setorna parte integrantedo nosso dia a dia e osresultados fazem-sesentir a todos os níveise são mais que com-pensadores.

Para começar passe a observar-se. Repare como anda, comocome, como fala. Pare para se ver.O que interessa é o aqui e agora.O que vem a seguir merece a suaatenção apenas quando láchegar. À noite, antes de dormir,procure fazer um balanço do seudia, com calma, tranquilamente.Ouça o silêncio… não faça!Boa caminhada ao encontro de sipróprio.

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O espírito é eterno, sempre ouvi-mos dizer. Porque será entãoque as pessoas se preocupamtanto com o aspecto exterior etão pouco com o espiritual?Não quero dizer com isto quedevamos descurar o nosso aspec-to físico, de modo nenhum. Certa-mente nos sentimos muito mel-hor, depois de ver reflectida noespelho uma imagem agradável ebem cuidada. Por outro lado, seinteriormente nos sentimos “embaixo”, isso reflectir-se-à no espel-ho também, apesar da aparênciabonita que tivermos.Não é em vão que todos nós jáouvimos muitas vezes:“Que bonitaque estás,mas que carinha é essa?”Isso é a prova bem real do queafirmei anteriormente.

Existem várias formas dealcançar o nosso bem-estar inte-rior e isso também iremos tentartransmitir. O melhor para cadaum de nós, temos de ser nóspróprios a descobrir e a decidir,pois cada pessoa é o universo eo livre arbítrio existe para todos.Que a nossa ajuda seja útil e quesejamos todos iluminados a fimde conseguirmos alcançar a pazinterior. A sua ajuda será tam-bém muito importante para nós,contamos com ela.Para já, aqui fica uma dica. Ao le-vantar, veja-se ao espelho e sor-ria. Deseje bom dia a si próprio eria. Continue a rir até que o risolhe saia expontâneo. No princí-pio, talvez precise 5 ou 10 minu-tos. Vai parecer-lhe estranho,

desajeitado, mascom o tempo seránormal, tal comotomar duche, opequeno-almoço,lavar os dentes, etc.aliás, é uma tarefaque poderá ir reali-zando enquantovai realizando out-ras. Assim, não terácomo desculpa di-zer que não temtempo. Chegará odia em que rirá sóde pensar no quevai fazer a seguir.Vá em frente e umdia feliz!

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R Espiritualidade

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Ir às compras tanto pode ser fonte de stresscomo um prazer.Todos gostamos de que as coisas sejam sim-plificadas.Nesse aspecto, a correcta afixação dos preçosé fundamental.Em qualquer estabelecimento comercial,tudo o que estiver exposto para venda deveser acompanhado de uma etiqueta queanuncie, de modo bem legível o respectivopreço.Em alternativa,pode existir uma tabelaexposta em destaque.São duas as razões de ser obrigatória a afi-xação dos preços.Em primeiro lugar,trata-se de evitar a pressãosobre o consumidor e afastar as “hard sales”.Depois, tem-se em mente garantir atransparência.Por exemplo, entramos numa pastelaria.Sem perguntar nada a ninguém, olhamospara a tabela de preços e verificamos quantocusta um café. Se estiver marcado a oitentacêntimos, arrepiamos caminho e vamos aoutro lado.Caso essa tabela não existisse, hesitaríamosem perguntar o preço do café, antes de opedirmos. Limitávamo-nos a dizer o quequeríamos e depois apanhávamos com umadesagradável surpresa.Portanto, a afixação dos preços alivia apressão sobre o consumidor e aumenta a sualiberdade.Vejamos em que consiste a garantia datransparência.Vamos à tal pastelaria e bebemos o café.Quando formos a pagar,o comerciante cobra-nos exactamente a quantia que figura natabela.Não pode fazer o preço que lhe apete-cer, consoante a cara do cliente.Obviamente, há sempre quem não cumpraestas obrigações.Os sectores críticos são as funerárias, asourivesarias e as sapatarias.

Quantas agências funerárias não têm astabelas de preços devidamente afixadas? Vãopraticando os preços consoante a família dofalecido parece ter posses ou não.Trata-se,portanto,de um negócio nada trans-parente, completamente obscuro em que ospreços variam consoante a disposição docomerciante.Muitas sapatarias exibem nas montras calça-do lindíssimo, com aparência de ser muitoconfortável.Mas não se vê nem uma etiquetainformando qual o preço. Normalmente,ficam coladas na sola do sapato.Ora, neste caso, o comerciante não pretendecolocar em causa a transparência. Ele vendeos sapatos sempre pelo preço constante daetiqueta.Aquilo que ele quer provocar é a entrada declientes na sua loja. Sentem-se atraídos pelosmagníficos sapatos expostos na montra.Depois, quando se inteiram dos elevadospreços, desistem daquele modelo, masacabam por adquirir outro mais económico.Está-se, portanto, a pressionar o consumidor.Pratica-se “hard sale”.O mesmo sucede nalgumas ourivesarias.Bonitas peças ornamentam as montras. Masas etiquetas são minúsculas e, por vezes,encontram-se dobradas ou com a inscriçãodo preço virada para o interior.O cliente vai-se informar sobre um anel ma-ravilhoso. Não o leva devido ao seu elevadocusto. Mas acaba por ser convencido a fazeruma outra compra.

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O Preço da Transparência

Helder Fráguas Juiz ([email protected])

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Uma boa dieta deve proporcionarao organismo suficientes calorias,assim como uma quantidade ade-quada de nutrientes fundamen-tais. Para o nosso funcionamentodiário necessitamos de uma fontede energia, bem como de vitami-nas e minerais que estimulem aprodução de determinadas hor-monas e previnam doenças quenos poderiam debilitar.Modifica gradualmente a tuadieta. Se algo não é do teu agra-do, reduz a quantidade ou elimi-na-o por completo. Com a práti-ca desenvolverás uma voz interi-or que te orientará na selecçãode uma dieta de acordo com oteu temperamento e constitu-ição – uma dieta que te permi-tirá conservar a eficácia física, asaúde e o vigor mental.

• Procura comer calmamente enum ambiente sossegado;

• Não comas quando te sentesirritado. Espera um pouco atéque a tua mente sossegue esó então prova a comida.

Q u a n d oestás irritadoou nervoso,as glândulassegregamtoxinas quesão despe-jadas no flu-xo sanguí-neo;

• Não tomes alimentosdemasiado quentes nemdemasiado frios: fazem danoao estômago e produzemindigestão;

• Não te obrigues a comer algoque não gostes, mas tambémnão comas apenas as coisasque mais gostas;

• Toma pelo menos um pratocru em cada refeição paraconservar a alcalinidade dosangue;

• Procura usar pouco sal, porquetodos os alimentos já contêmuma porção natural de sódio. Éconveniente utilizar sal naturalintegral porque o chamado sal

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R Linhas mestras paalimentação saud

««TTooddooss ooss sseerreess nnaasscceemm ddaa ccoommiiddaa.. DDeeppooiiss ddee nnaasscceerr,, ccrreesscceemm ccoomm

aa ccoommiiddaa.. TTooddooss ooss sseerreess ssee aalliimmeennttaamm ddeellaa ee eellaa ttaammbbéémm ssee aalliimmeennttaa ddeelleess»»

Taittiriya Upanishad, II. 2. 1

Page 17: Raio de Sol - 1

normal purificado,só tem cloretode sódio,enquanto que o sal inte-gral mantém todos os oligoele-mentos de origem;

• Procura não beber durante asrefeições, pois os líquidosdiluem o suco gástrico e pro-duzem indigestão e outrosproblemas digestivos;

• Mantém a boca fresca e limpa:ela é a guardiã do sistema diges-tivo;

• Come devagar e saboreia acomida. Mastiga-a bem e lem-bra-te que a digestão começana boca. Saborear a comida emastigá-la bem estimula ofluxo de saliva e outros sucos

digestivos;• Come com moderação. O se-

gredo da saúde e felicidadeestá em permanecer semprecom um pouco de fome. Nãosobrecarregues o estômago. Oexcesso de comida dificulta aevacuação, assimilação e ocrescimento, e faz com que osórgãos se cansem, fiquem emstress e vulneráveis a doenças;

• Come a horas fixas e evitacomer entre as refeições;

• Não comas muito à noite,princi-palmente alimentos difíceis dedigerir;

• Toma sumo de limão com melde manhã para manter a saúde,a energia e limpar o sangue;

• Depois de comer, durante 10minutos, pratica a postura devajrasana (sentado sobre oscalcanhares com os joelhos epés juntos); facilita a digestão;

• Não te convertas num escra-vo da comida e da bebida.Não te preocupes muito coma dieta: toma alimentos sim-ples e naturais.

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ara uma ável

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Na tabela seguinte encontrará uma série de alimentos substitutos,que poderá introduzir nas receitas normais para fazer uma mudançagradual para uma dieta mais consciente e saudável.

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Sopa de milho doce(para 4/6 pessoas)

4 maçarocas ou 450 gr. De milho enlatado15 g de manteiga

250 g de aipo ou couve cortados3 batatas cortadas

500 ml de leiteq.b. sal e pimenta

1. Se utilizares as maçarocas, raspa os grãos com umafaca afiada.

2. Aquece a manteiga numa panela salteando o aipoou a couve em fogo médio durante 5 min.Acrescenta as batatas e o milho e cobre de água.Deixa ferver até o milho estar cozido.

3. Passa a sopa com a varinha mágica. Acrescenta oleite, temperando com o sal e a pimenta. Leva denovo ao lume para aquecer e serve de seguida.

Nota: A receita contém leite. É tua opção utilizar leite nor-mal, de soja, de arroz, etc.

Alimento Substituto Cebola, alho Gengibre, couve, aipo ou nabo

e, pontualmente, a asa-fétida

Açúcar branco Xarope de cevada ou milho, mel,açúcar amarelo ou mascavado

Ovos como fonte de proteína Tofu, seitan

Ovos como levedura Levedura em pó / iogurte e água gaseificada

Ovos como ligação 1 colher pequena de manteiga de amendoim, taihini, farinha de soja ou tofu liquidificado (por cada ovo)

Leite Leite de soja, de frutos secos e sementes de aveia ou de arroz

Carne e peixe Tofu, seitan, tempeh e leguminosas

Queijo ralado Flocos de levedura

Requeijão Tofu desfeito

Vinagre Sumo de limão.

Receita simples esaborosa

Page 19: Raio de Sol - 1
Page 20: Raio de Sol - 1

Uma doente entrou no meuconsultório e queixou-se deadormecimento nas mãos, nosombros e entre as omoplatas. Asdores atacavam-na mais, princi-palmente durante a noite.A Senhora tinha estes sintomashá vários meses. Já tinha sidovista pelo seu médico de famíliae possuía vários exames que meforam muito úteis.Não tinha antecedentes traumáti-cos, quer dizer que nunca tinhatido quedas, acidentes de auto-móvel ou outros impactos físicos

violentos. Não havia tambémnenhuma história de doençasgraves, fracturas ou mesmocirurgias.Não praticava nenhum exercíciofísico, sendo no entanto, uma pes-soa muito activa, pois era cozi-nheira num grande restaurante.Tinha na altura, 53 anos e eramãe de 4 filhos.Na observação da coluna verte-bral, detectei-lhe várias vértebrascom movimento deficiente emvárias amplitudes, sobretudo nacoluna cervical. A coluna dorsal

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ÚD

E

OSTEOPATIAMaria José BrilhanteOsteopata D.O.

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alta, também apresentava algunsproblemas, mas estes devidos àgrande tensão muscular aí exis-tente.A nível dos membros superiores,apenas aperto no túnel cárpico(região do pulso).Foi tratada nessa mesma consul-ta à região cervical (pescoço) e àregião dorsal (entre as omo-platas), sendo por fim tratado otúnel cárpico (pulso) direito eesquerdo, usando técnicas dealargamento.A Senhora ficou um pouco maçada,mas contente pois sentia-se maisaliviada no final da consulta.Voltou uma segunda vez e fina-lizámos na terceira consulta.Assumiu o compromisso decomeçar a praticar algum exercíciofísico que lhe desse mais resistên-cia nos ombros, braços e costas,para poder continuar a confec-cionar os pratos deliciosos norestaurante onde trabalha.

Espero ter transmitido algumainformação e se tem algum casoque nos queira apresentar,coloque-o para:

[email protected] para o Apartado 262891-909 Alcochete

03/2007 | | 19

Page 22: Raio de Sol - 1

A massagem Ayurvédica é um

método de tratamento corporal

auxiliado por óleos e pós especi-

ais, que libertam as toxinas do

corpo presas aos músculos e

tecidos procurando atingir a

manutenção e o equilíbrio cor-

poral.

Nesta massagem, o objectivo é

actuar ajustando o líquido inter-

celular do corpo orgânico, que

denominamos Linfa, para esta-

belecer o equilíbrio eléctrico e

químico entre os diferentes sis-

temas dos órgãos, permitindo

que os mesmos possam fun-

cionar adequadamente.

Aliam-se à massagem diversas for-

mas de toques juntamente com

manobras e pressões em determi-

nados pontos, que libertam a

energia vital, o Ki ou o Chi, blo-

queadas e estagnadas, que impe-

dem o indivíduo de conseguir um

equilíbrio físico e emocional.

A massagem Ayurvédica, pode

ser aplicada em qualquer pessoa

de qualquer idade (desde que

seja adaptada para cada caso de

forma adequada e de acordo

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ÚD

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Massagem Ayurvédic- Para um equilíbrio integral

Valter Cardim (Swami Gyanesh)

Page 23: Raio de Sol - 1

com sua situação física, mental e

espiritual). Tem como únicas

contra-indicações pessoas com

febre alta, vómitos, em coma,

pacientes terminais, portadores

de Sida, Cancro e mulheres

grávidas.

Normalmente as pessoas que

recebem sessões de massagem

Ayurvédica, experimentam uma

grande sensação de bem-estar,

relaxamento, tranquilidade,

sono profundo e um novo

ânimo.

A Ayurvédica é indicada ainda

para vários outros casos, tais

como: dores musculares, enxa-

quecas, dores reumáticas, prob-

lemas de coluna, má postura,

fortalecimento do sistema

imunológico, stress, depressões,

Síndrome do Pânico, etc.

03/2007 | | 21

ca

Page 24: Raio de Sol - 1

Como resultado dos tratamen-

tos ayurvédicos muitas pessoas

relatam que após receberem

uma massagem observam que

os seus olhos passaram a ter

mais brilho, a sua pele ficou mais

limpa, mais luminosa, enfim, que

uma nova luz passou a brilhar

em todo o seu ser. Isto é exacta-

mente verdadeiro. Quando a

energia natural de cada ser tem

a liberdade de fluir natural-

mente, em equilíbrio, a pessoa

sente reacções luminosas em

todo o seu corpo, facto que pro-

move a alegria, o prazer e a

beleza do indivíduo.

Podemos, portanto, concluir que

não é necessário que exista

algum sintoma de doença para

recorrermos a um tratamento

ayurvédico.

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Vou falar um pouco do que foi edo que é a medicina dentária(Odontoestomato-logia) e a suaevolução.Toda a medicina teve um princí-pio e esta especialidade nãofugiu à regra. É verdade quetodos os dias estamos a evoluir enão sabemos até onde sepoderá chegar.Falo na medicina dentária, por-que é nela que estou inserido,mas em todas as outras especial-idades médicas, a evolução estáa ser constante.Na que me diz respeito (Odon-toestomatologia), reduzia-seoutrora a muito pouca coisa.Conta-se que os nossos antepas-sados (isto ainda na época antesde Cristo), os pobres coitadosque sofriam de dores nos dentese na boca, como é natural, aúnica solução que tinham eratirá-los, pois como se sabe sãodas dores mais insuportáveis nonosso corpo. Mais tarde, tinhamde arranjar forma de os substi-tuir para poderem comer.Aproveitavam então as raízes dasárvores e alguma madeira e, uti-lizando instrumentos de pedra,preparavam assim as próteses queiriam substituir os dentes.

As épocas passaram, até que,curandeiros, barbeiros e até jáalguns médicos, utilizandobebidas alcoólicas como aneste-sia, começaram a tirar os dentescom um pouco menos de sofri-mento.Tudo isto feito em praças públi-cas e nas feiras por onde pas-savam (chamavam-lhes os tiradentes). Claro está que, tudo istoera feito sem o mínimo decondições de higiene nem segu-rança, como era próprio daaltura.Hoje temos a medicina dentária,considerada como uma dasespecialidades que mais evoluiuao longo dos tempos.Actualmente os médicos têmboas instalações e instrumentosrigorosamente adaptados paracada caso a tratar, não correndoos pacientes quaisquer riscos aovisitarem o dentista nos dias dehoje.

Qualquer dúvida que queiraesclarecer, contacte-nos para

[email protected]

ou Apartado 26

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Medicina DentáriaSabino do CarmoDentista

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A palavra “Yoga” significa “união”.Yoga é uma forma de exercíciobaseado na crença que o corpoe a respiração estão intima-mente ligados à mente.Ao controlar a respiração e man-tendo o corpo em posturasestáveis ou “asanas”, o Yoga criaharmonia.A prática do Yoga consiste em 5elementos-chave: respiraçãoadequada, exercício adequado,relaxamento adequado, alimen-tação adequada e pensamentopositivo e meditação.Os exercícios ou asanas estãoconcebidos para libertar tensão

nos músculos, a tonificar os ór-gãos internos e a melhorar a fle-xibilidade das articulações e lig-amentos.

O que é o exercício adequado?

Existem hoje em dia inúmerossistemas de cultura física quedesenvolvem os músculos atra-vés de movimentos mecânicos ede exercícios físicos. Como oYoga considera o corpo como oveículo do espírito na sua cam-inhada para a perfeição, os exer-cícios físicos yóguicos são usa-

YOGASurya(Directora do Centro de YogaSivananda de Lisboa)

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dos não só apenaspara desenvolvimen-to do corpo,mas tam-bém para alargar asfaculdades mentais ecapacidades espiri-tuais.

Os exercícios físicosyóguicos são cha-mados de asanas,umtermo que significapostura estável. Istoporque os asanas doYoga (as posturas)devem ser mantidosdurante algum tem-po, sendo esta consi-derada uma práticamais avançada. No entanto, inicial-mente a perspectiva a ter em contadeverá ser o aumento da flexibili-dade do corpo.

Enquanto é flexível, o corpo éconsiderado jovem. Os exercí-cios do Yoga incidem sobre asaúde da coluna vertebral, bemcomo na sua força e flexibili-dade. A coluna vertebralarmazena o mais importantedos sistemas internos: o sistemanervoso, o sistema telegráficodo corpo. Ao manter a colunaflexível e forte através de exercí-cio adequado, a circulaçãoaumenta e os nervos recebemum suplemento adicional deoxigénio e nutrientes.

Os asanas também afectam deforma positiva os órgãos inter-nos e sistema endócrino (asglândulas e hormonas).

Tradicionalmente, os Yoguis pra-ticam Surya Namaskar, a sau-

dação ao sol, antes dos asanas.Embora existam muitos asanas(84.000, segundo as escriturasdo Yoga) a prática das 12 pos-turas básicas traz consigo toda aessência e os melhores benefí-cios deste maravilhoso sistema.Estas 12 posições básicas são:

1. Sirshasana (invertida sobrea cabeça)

2. Sarvangasana (invertida sobre os ombros)

3. Halasana (arado)4. Matsyasana (peixe)5. Paschimothanasana (pinça)6. Bhujangasana (cobra)7. Shalabhasana (gafanhoto)8. Dhanurasana (arco)9. Ardha Matsyendrasana

(torção)10. Mayurasana (pavão) ou

kakasana (corvo)11. Pada Hasthasana (flexão à

frente de pé)12. Trikonasana (triângulo)

Om Shanti !

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Caros Leitores e Amigos

Hoje vou começar por vos falarde Homeopatia, essa palavra porvezes considerada mágica, out-ras considerada como panaceia.Derivada de duas palavras gre-gas homeo (igual, semelhante) epathos (doença). Este será oprimeiro artigo de vários, ondetentarei transmitir-vos, desde ahistória do seu aparecimento aalgumas dicas de utilização.

A história da Homeopatia

A Homeopatia foi criada no finaldo séc. XVIII porum médico de na-cionalidade alemã,Samuel ChristianHahnemann, nasci-do em Meissen1755 que, frustradocom os métodosterapêuticos deentão, em que oensino era exclusi-vamente teórico,decide, interrom-per a sua carreiramédica e dedicar-se à tradução dealgumas obrascientíficas.

Hahnemann, médico, químico etoxicólogo, procurava apenasuma explicação para como curarmelhor os seus pacientes. Tinha

iniciado os estudos de Medicinaem Leipzig, numa época domi-nada pelas teses de Paracelso(séc. XVIII) em que a práticamédica e farmacêutica eramainda muito empíricas, principal-mente porque os estudos demedicina, não se faziam à cabe-ceira do doente, sendo os cursosexclusivamente teóricos.Hahnemann decide ir estudarpara a escola de Viena, onde ou-tros médicos como Van Sovietene Stoll trabalham com uma novaorientação baseada na práticada medicina clínica, em pre-sença do doente preocupando-se com o conhecimento da ter-apêutica. Formou-se na EscolaModerna de Viena, como Stoerk(1731-1803), Cullen (1712-1790),Jenner (1749-1823) entre outros.Estes médicos têm em comum oestudo experimental sobre ohomem são, para conhecer osdados toxicológicos das sub-stâncias. Para eles era funda-mental deixar de aplicar sub-stâncias, sem conhecer as suaspropriedades (lembremos que oarsenal terapêutico de então eraparticularmente escasso, con-sistindo em larga medida noemprego de vomitivos (eméti-cos), purgantes e sangrias. Utili-zavam-se, por outro lado, substân-cias tóxicas como por exemplo, omercúrio (Hg) em doses de talmodo elevadas, que frequente-

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HomeopatiaMaria Ludes ShirleyBióloga

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mente os doentes aca-bavam por desenvolvergraves quadros de intoxi-cação. Em muitos casos,todas estas medidas ditascurativas, criavam situa-ções ainda mais compli-cadas do que a doençainicial, conduzindo ospacientes à morte.Entretanto, Hahnemanncontinua o seu percurso eo seu professor Quarin,recomenda-o ao barão S.De Bruckentba, do qual setorna bibliotecário emédico privado. Ficaassim 2 anos em casa doseu protector regressan-do à Alemanha para ler asua tese em Erlangen em1779.Começa então a sua car-reira como médico em Sajonia,região dedicada à extracção decobre e onde trata grandenúmero de doenças profission-ais relacionadas com as minas.Consciente de como eram limi-tados os conhecimentos médi-cos e farmacológicos da época,decide em 1780, não exercermais medicina e dedicar-se àinvestigação. Retira numerosasobservações dos livros quetraduz, para tentar compreendero modo como as substânciasactuam no corpo humano quan-do este está saudável.

Os médicos Stoerk, em Viena,Jenner e Cullen, na Grã-Breta-nha, exercem grande influênciaem Hahnemann. Stoerk é um re-formador da medicina de Viena,trabalhando unicamente paraconseguir a utilização da práticaclínica na medicina. Em 1760, es-te médico experimenta substân-cias como a cicuta, utilizada fre-quentemente na época para cu-rar o cancro, mas da qual não seconheciam os efeitos, chegandopor vezes a causar a morte.Ao traduzir Cullen, Hahnemanné atraído por uma substância de

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origem vegetal Chinchona offic-inalis, também conhecida porquinquina, rica em quinino, aque se atribuíam propriedadescurativas, sendo utilizada notratamento de estados febrisdevido à acção fortificante queexercia ao nível do estômago.Hahnemann recordava-se de terconsumido, enquanto jovem,grandes quantidades destadroga e ter contraído, após aingestão, a ”febre terçã“ (formade paludismo). Nessa altura,havia constatado que em vez delhe “tonificar o estômago, a quin-quina lhe havia provocado o iní-cio de uma gastrite. Entãoresolveu ingerir diariamentealguns grãos de quinquina paratestar se o médico inglês Cullense teria por ventura enganado.No entanto, para sua surpresa,ao fim de alguns dias, em vez de

sentir o estômagofortificado, regis-tou pelo contrário,uma série de reac-ções patológicas co-mo: arrefecimentodas mãos e dos pés,sensação de angús-tia, tremor, sede eacessos febris - sinto-mas subjacentescaracterísticos de fe-bre intermitente -(recordo que na épo-ca não existiam ostermómetros e afebre não era um

sinal objectivo e por isso mensu-rável).Hahnemann ficou deveras im-pressionado com esta coin-cidência, pois tinha sentido osmesmos sintomas aquando daingestão da quinquina e anotoua seguinte frase; as substânciasque provocam um certo tipode febre, são capazes de debe-lar diversas formas de febreintermitente.

O nascimento da HomeopatiaEsta observação constituía onascimento da Homeopatia eestava encontrado o seuprimeiro princípio,A partir desta altura Hahne-mann continuou a sua experi-mentação com outras substân-cias como por exemplo: o mer-cúrio (Hg), a beladona, registan-do sempre com grande por-menor o quadro de intoxicaçãodas substâncias estudadas (quadropatogénico ou patogenesia) procu-rando sempre identificar quais ossintomas e os sinais que coincidemcom os diversos quadros clínicosapresentados pelos doentes.Este método corresponde aoPrincipio dos Semelhantes,já descritoalguns séculos antes por Hipócrates,considerado o Pai da Medicina (sécu-lo V) e segundo o qual uma determi-nada doença pode ser curada pelamesma substância que a desen-cadeou; ou seja, os semelhantespodem ser curados pelos semel-hantes “Similia,Similibus Curantur”.Em 1796, Edward Jenner publi-

ca em Inglaterra, os seus traba-lhos sobre a inoculação da varío-la, comprovando a existência de

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uma relação entre o indivíduosão, com as pústulas infectadas eobservando que os indivíduosnão contraíam a doença. São osprimeiros passos da vacinação –prática que revolucionou a his-tória da medicina.Hahnemann continuou a suaexperimentação e as publi-cações entre 1782 e 1810, cen-trou-se num só pensamento, acura e a química, a sua preocu-pação é o desenvolvimento daprática da medicina.Em 1810 publica “Organon - Aarte de curar“, onde se encontraexplicado o método homeopáti-co. Esta obra foi muito criticada,levando inclusivamente a agressõespessoais,perdendo mesmo o postode médico em Leipzig, mas a suadoutrina começa a ser estudada.Em1821 Hahnemann é acolhido peloducado de Anhalt- -Koetlen,onde o príncipe reinante o nomeiaconselheiro médico ou seja seumédico particular.Finalmente aos 65anos desfruta uma vida tranquilaconsagrada unicamente a tratar osdoentes e à pesquisa de novas sub-stâncias. De forma a estudar os sin-tomas desenvolvidos e a identificá-los, continua a experimentar nele enos seus discípulos doses impor-tantes de substâncias.Hahnemann fica viúvo e em 1834,agora com 79 anos, casa comuma jovem francesa MélanieD’herevilly, sua fervorosa admi-radora e fixa-se em Paris, ondemorre em 1849.Assim se iniciou a Homeopatia, játambém muito contestada naaltura, pois apresentava princípiosnovos que revolucionavam o con-ceito da medicina tradicional daépoca.

No próximo número falaremosdos seus princípios e dassubstâncias.

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As Nações Unidas declararam o período entre 2001 e 2010 “Década Internacional daCultura da Paz e da Não-Violência para as Crianças do Mundo”.O grande desafio que se coloca a todos é transformar os valores de uma Cultura dePaz numa realidade da vida diária. Traduzir cada um desses desafios em realidade.Preparar a paz, significa:• respeitar a vida e a dignidade de cada pessoa, sem discriminar nem prejudicar;• praticar a não-violência activa, repelindo a violência em todas as suas formas:

física, sexual, psicológica, económica e social;• compartilhar os recursos materiais, cultivando a generosidade, a fim de terminar

com a exclusão, a injustiça e a opressão política e económica;• defender a liberdade de expressão e a diversidade cultural, privilegiando sempre

ouvir e dialogar, sem ceder ao fanatismo;• promover um consumo responsável e um modelo de desenvolvimento que tenha

em conta todas as formas de vida e o equilíbrio dos recursos naturais do planeta;• contribuir na nossa comunidade, para criar novas formas de solidariedade,

nomeadamente através da plena participação de todos no respeito pelos princí-pios democráticos,

A Cultura de Paz exige a participação de cada um de nós para dar aos jovens e àsgerações futuras valores que os ajudem a desenvolver um mundo mais digno e har-monioso, um mundo de justiça, solidariedade, liberdade e prosperidade.Este é o desafio com que nos defrontamos.Para tal, devemos trabalhar na educação, na construção solidária de uma novasociedade, onde o respeito pelos direitos humanos e a diversidade se traduzam nodia a dia de cada cidadão e onde a vida possa ser vivida sem violência.Acreditamos que, através da actuação de pequenos grupos e de cada um nós, sepode ajudar a mudar o mundo.

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RA Década da cultura e e

para a Paz – 2000/2

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No começo da noite, em muitaspartes do mundo, as pessoasregressam a casa após um dia detrabalho. Ao entardecer, a maioriade nós, habitantes dos centrosurbanos, nem consegue admirar,no meio dos prédios e da ilumi-nação das ruas, como é bonita achegada da noite. Esquecemo-nos de como é belo o céu estrela-do e de que somos todos irmãos,filhos e filhas de um fenómenomuito raro, que é a vida.Banalizados pelo quotidiano epela rotina, carregamos nobotão da televisão. Vários ecrãs,um pouco por todo o mundo,mostram cenas de um coloridofantástico. Na novela das nove, aactriz desfila, com um corpo“perfeito”, as roupas da moda.Imagens de carrões e riqueza,seja nos anúncios ou nos filmes,passam a mensagem de queluxo, beleza e êxito são os objec-tivos fundamentais da vida. Esteculto de uma imagem bonita erica gera um modelo de per-feição impossível de ser alcança-do. Mas alimenta, economica-mente, numerosos sectores dasociedade. De algum modo, to-dos somos embalados por esse

movimento insaciável e imedi-atista, onde o individualismo e acompetição são os personagensprincipais da sociedade. Porém,poucos são os privilegiados quetêm esses recursos.

Vemos também o noticiário.Tomamos conhecimento de queo que ganham as 200 pessoasmais ricas do mundo é igual aoque ganha quase 40 por centode toda a humanidade. Aomesmo tempo, vemos cenas defome e de dor no meio da rique-za. Indignados pelo sofrimento e

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educação 010

Redescobrir a solidariedade

“Quem faz o próximo sofrer pratica o mal contra si mesmo.Quem ajuda aos outros ajuda-se a si próprio”

Leon Tolstoi

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pela desigualdade, comparti-lhamos essa angústia e, nessemomento, fazemos parte dafamília humana. A solidariedadediz-nos que pertencemos a umconjunto, a um todo. Somos umcorpo único, onde cada parte sus-tenta a outra.Essa consciência faz-nos pertencer ao colectivo.A solidariedade é o sentimentoque leva os seres humanos a au-xiliarem-se mutuamente, parti-lhando a dor ou propondo-seagir para a atenuar.A solidariedade distancia-nos daangústia, do isolamento, e trans-porta-nos para o convívio. A sol-idariedade é a magia que nos fazpertencer a uma sociedade enão a uma multidão de vidasdesagregadas. Queiramos ounão, temos os mesmos interess-es e a mesma história.A solidariedade é, também, o

alicerce que nos sus-tenta para enfrentaros conflitos que sem-pre fizeram parte davida. A história da Terra,da humanidade, danossa vida, é marcadapor conflitos em váriassituações limites:doença, desemprego,desilusões amorosas,fracassos, morte esolidão. Cada um denós tem de aprender alidar com eles.

Não deixa de ser preocupante pen-sar que os meios de comunicaçãodesviam a nossa atenção da soluçãodos problemas sociais maisurgentes: as dificuldades para sus-tentar uma família, a educação dascrianças, as filas nos hospitais. Re-descobrir a solidariedade,é perceberque somos indivíduos,que fazemosparte da espécie humana. Somosamor,sonho e alegria.Dependemosda nossa comunidade. Somoscidadãos do planeta Terra. Temospela frente o desafio de estar atentosaos problemas essenciais do nossotempo.Estamos de facto envolvidos com osproblemas sociais e ambientais? Lucro ou beleza equivalem a feli-cidade? Somos solidários com as pes-soas?Estamos preocupados com asociedade ou somos dominados

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pelos nossos interesses pes-soais? Estamos dispostos a ajudar pes-soas de cor, nível social e religiãodiferentes?Redescobrir a solidariedade éalgo que todos temos de fazer,

mas é fundamental aprender aser solidário e não existe melhorlocal do que a escola para for-mar jovens com uma cultura depaz onde a solidariedade deveter um papel determinanteentre todos os cidadãos.

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Movidos pelo sonho de ajudar, enquanto houver pessoasnecessitadas, recordamos quatro aspectos importantes paradeixarmos de ser SOLITÁRIOS e nos tornarmos SOLIDÁRIOS:

ALIENAÇÃO • Estamos a habituar-nos às injustiças e criámosuma apatia colectiva que nos impede de agir para con-seguirmos um mundo melhor. Todas as atitudes são válidas,por mais pequenas que pareçam.

SAÚDE COLECTIVA • Cada habitante do Planeta tem umaresponsabilidade na saúde do mundo. Não podemos virar ascostas aos milhões que sofrem.

RIQUEZA E POBREZA • Os recursos do planeta são sufi-cientes para satisfazer as necessidades de todos os habi-tantes, desde que distribuídos com justiça. Desperdiçamostoneladas de alimentos e milhões passam fome.

PODER PESSOAL • As nossas atitudes podem transformar oque nos cerca. Também somos actores no palco da história.

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Com o processo de industrializa-ção das Nações, marcado pelaPrimeira Revolução Industrial, abusca por combustíveis para ali-mentar maquinaria cresceu deforma galopante. Neste período,o combustível escolhido foi ocarvão, que é considerado umcombustível fóssil de origemorgânica. Com o aumento daprodutividade e com a SegundaRevolução Industrial, parte destecarvão começou a ser substituí-do por petróleo também este deorigem orgânica (carbono ehidrogénio).

O petróleo começou então a serum marco na economia, namedida em que os produtosdependem dele (para o seu fab-rico e/ou transporte) até seremcomercializados. O seu preçotem vindo a aumentar de formagalopante, uma vez que é umcombustível fóssil não renovávele de difícil extracção. Fazem-seguerras por causa deste “ouronegro” e sujeitamos o custo finaldos nossos produtos às vari-ações dos preços por barril.Já todos sabemos que da com-bustão dos derivados do petróleo

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Meio Ambiente

A nossa herançaMónica Pereira*

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resulta dióxido decarbono, um dosgases responsáveispelo efeito de estufa,e, ocasionalmente,no caso de com-bustão incompleta,monóxido de car-bono que além depoluente é tóxico. Ouso extensivo destescombustíveis, com odesenvolvimento dosistema económico ecapitalista – que rela-tivamente a outros,requer mais com-bustíveis para o fun-cionamento deengrenagens da pro-dução – colocou opróprio sistema pe-rante duas questõescruciais: a escassezdo combustível fós-sil e os problemasambientais decor-rentes da crescentepoluição do globoterrestre.A cada ano que passa, as emis-sões de gases causadores deefeito de estufa adicionam aocarbono já existente na atmos-fera mais de sete biliões detoneladas de dióxido de car-bono. Este pode permanecer naatmosfera por um período supe-rior a 100 anos.

Estas emissões para a atmosferaacarretam impactes negativospara o meio ambiente, uma vezque aumentam o aquecimentoglobal pelo efeito de estufa. Esteaquecimento, a longo prazo, levaa alterações climáticas e conse-quentemente à extinção deespécies, à alteração na pro-dução mundial de alimentos, amudanças na agricultura, ao

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degelo nas zonas glaciares (queleva ao aumento do nível daágua do mar), entre outros.Às alterações ambientais que sãocausadas pelo Homem,são soma-dos processos naturais que con-tribuem também para a mudançado clima no mundo. Durante adécada de 90, os efeitos do aque-cimento global e a influência dofenómeno climático El Niño de-vastaram grandes extensões derecifes de coral do Caribe aoOceano Pacifico. A elevação dastemperaturas provocadas peloefeito de estufa, está na origemde problemas que vão desde o

degelo nas regiões polares até àdesertificação em países dos con-tinentes Asiático e Africano. Estu-dos mostram que basta um aumen-to de 1º C para ocorrer uma grandeinterferência no regime de chuvasde determinadas regiões.Segundo a ONU (Organização dasNações Unidas) é possível que atemperatura do planeta aumente3,5ºC no Século XXI. Se o aqueci-mento continuar a aumentar, é atépossível que as águas oceânicassubam até um metro no presenteséculo,provocando a inundação decidades e plantações.Cabe-nos a nós retardar estas

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consequências damá gestão ambien-tal que se tem verifi-cado. Para isso, bastaque cada um de nóstenha consciênciada herança naturalque pretende deixarpara os filhos e ne-tos e começar a edu-car-se e a educar.

* Estudante de Engenhariado Ambiente.

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DEP

END

ÊNCIA

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Hoje em dia os AA estão presentesem mais de 180 países, com umtotal estimado de 106.227 Grupose mais de 2 milhões de membrosem todo o mundo. Em Portugalcontamos com cerca de 90 GruposAA espalhados por todo o país.

A Comunidade adoptou umapolítica de “cooperação semfiliação” com outras organiza-ções que lidam com o proble-ma do alcoolismo. Não temosopinião sobre assuntos alheiose não subscrevemos nem nosopomos a quaisquer causas.

Ao longo dos anos, osAlcoólicos Anónimos afir-maram e reforçaram atradição de ser comple-tamente auto-suficientes ede não aceitar contri-buições de fora. Dentro

da Comunidade, é limitado (porexemplo a 1.000 Euros por ano) ovalor de contribuições individuaisdos membros.

OS AA são um programa deabstinência total. Os membrosmantêm-se simplesmente afas-tados do primeiro copo, um dia decada vez. A sobriedade é mantidaatravés da partilha de experiências,força e esperança em reuniões degrupo e através dos Doze Passossugeridos para a recuperação doalcoolismo.

O anonimato é o fundamentoespiritual dos AA. Ele disciplina aComunidade a governar-se a siprópria por princípios,mais do quepor personalidades. Esforçamo-nos por tornar conhecido o nossoprograma de recuperação e não aspessoas que participam no pro-

Alcoólicos Anónimos

Alcoólicos Anónimos é uma comunidade de homens e mulheresque partilham entre si a sua experiência, força e esperança pararesolverem o seu problema comum e ajudarem outros a serecuperarem do alcoolismo.O único requisito para ser membro é o desejo de parar de beber.Para ser membro dos AA não é necessário pagar taxas deadmissão nem quotas. Somos auto-suficientes pelas nossaspróprias contribuições. Os AA não estão ligados a nenhuma seita,religião, instituição política ou organização; não se envolvem emqualquer controvérsia, não subscrevem nem combatemquaisquer causas. O nosso propósito primordial é mantermo-nossóbrios e ajudar outros alcoólicos a alcançar a sobriedade.

© Copyright “The AA Grapevine, Inc.”; reproduzido com autorização

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grama. O anonimato nos meios decomunicação pública é a garantiade todos os AA,especialmente dosrecém-chegados, de que a suaqualidade de membro dos AA nãoserá divulgada.

Qualquer pessoa pode assistir auma reunião aberta dos AA. Estasconsistem geralmente num de-poimento de um membro respon-sável e de dois ou três membrosque partilham a experiência rela-tiva à sua doença passada e à suarecuperação. Algumas reuniõestêm lugar com o propósitoespecífico de informar o públicoacerca dos AA. São convidadosmédicos, membros do clero eentidades públicas. As reuniõesfechadas são unicamente paraalcoólicos.

Os AA começaram em 1935 comum corretor de Nova Iorque e umcirurgião de Ohio (ambos jáfalecidos) que tinham sidoconsiderados alcoólicos irreme-diáveis. Eles fundaram os AA numatentativa para ajudar os outros quesofriam da doença do alcoolismo epara se manterem eles própriossóbrios. Os AA cresceram pelaformação de grupos autónomos,primeiro nos Estados Unidos daAmérica e depois em todo omundo.

O que os AA não fazem:

Não mantêm nenhum registodos membros nem histórias decasos.Não se envolvem, nem patro-cinam investigações.Não participam em “concelhos”nem organizações sociais (embora

os membros dos AA,os grupos ouresponsáveis por serviços coo-perem frequentemente com elas).Não acompanham, nem con-trolam os seus membros.Não fazem diagnósticos médi-cos ou psiquiátricos, nem forne-cem remédios ou conselhospsiquiátricos.Não asseguram cuidados sani-tários,médicos ou de enfermagem.Não organizam serviços religiosos.Não fornecem casa, comida,vestuário, trabalho, dinheiro ouquaisquer outros serviçossociais ou de assistência.Não fazem aconselhamentoconjugal ou vocacional.Não providenciam recomen-dações a instituições prisionais,a entidades jurídicas, governa-mentais ou de assistência social,etc.

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Como pode encontrar os AA

Procure Alcoólicos Anónimos na sua listatelefónica. Em muitos locais, o número detelefone dos AA figura nos Serviços deApoio. Estes telefones são atendidos porvoluntários que terão muito prazer emresponder às suas perguntas e/ou pô-loem contacto com quem o faça. Se nãohouver serviço telefónico perto de si,escreva ou telefone para:

Escritório de Serviços Gerais dos AA – Portugal

Apartado 4331 1521-997 LISBOATel. 217 162 [email protected]

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Nesta rubrica, vamos partilharparte da vida duma leitora que seofereceu para nos contar a “sua his-tória”como mãe dum tóxicodependente há 15 anos. Iremoscontando as várias fases desteprocesso ao longo das nossasedições. À leitora, agradecemosdesde já, e vamos passar aconhecê-la por

Mimi.“Quando o meu filho tinha 14/15anos, comecei a notar uma certaapetência por bebidas alcoólicas.Nada de especial, umas cervejascom os amigos.Claro que,pela suaidade, quando eu me apercebi,

conversei com ele sobre o assuntoe pensei ter encerrado a questão.Comecei, no entanto, a notar queos amigos dele, eram um pouco“esquisitos”. Gostavam pouco deestudar, as famílias deixavam-nosandar na rua até tarde,não tinham,na maioria dos casos, ninguém emcasa o dia todo, ou seja, tinhamuma liberdade que eu nunca tinhadado ao meu filho. Vivíamos emFrança e na altura, por acaso,regressámos a Portugal e eu nãopensei mais no assunto.Já em Portugal, ele não conhecianinguém e,no mesmo prédio paraonde fomos habitar, veio moraruma família com 3 filhos, com ida-

des não muito diferentes dado meu. Começaram a dar-se bem, eram uma famíliasimpática, boas pessoas e eudescansei. Eles estavamsempre juntos, saiam juntose eu andava tranquila.A escola correu mal, perdeuo 8º ano pela segunda vez(tinha perdido o ano anteriorem França). A mudança delíngua foi um problema. E avida continuou. Saía com osnovos amigos à noite paraconversar um pouco. Às 22hestava em casa. Ao fim-de-semana saía algumas vezescom eles. O que combiná-vamos em termos de horárioera cumprido.Portanto, não tinha nada adizer.

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EPEN

DÊN

CIA

S

Droga nas famílias

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Surpreendia-me o demasiadotempo que passava na casa debanho, mas claro, nada pensavade mal. Por vezes, andava umpouco nervoso, ele que era umapessoa bastante calma, masninguém anda sempre igual. Umdia, a irmã disse-me pensar quealgo estava a correr mal com oirmão, ou seja, ela já sabia queele andava a fumar axixe com osvizinhos e não mequeria dizer assimde repente.Como os conheçobem aos dois (pensavaeu), de imediato faleicom ele, de olhos nosolhos, o quenormalmente aindaresulta, ouvi-o entãodizer-me que fumavauma erva, que nãofazia mal, que muitagente adulta e de respeito fuma,que não causa dependêncianenhuma, etc., etc., aquelesargumentos com que nos queremconvencer de que estão correctos,nós é que não estamos a ver bem.Procurei ajuda para saber comolidar com o assunto e fui ao Resteloa uma consulta que meaconselharam.Levei lá o meu filho eele fez análises.Lembro-me do dia em que, depoisde ter ido buscar os resultados aoHospital de S. José, sentada numcafé, depois de ter lido que o meu

filho não só fumava axixe, comotinha a ver com heroína,cocaína eoutras coisas, fiquei sem pensar,sem poder andar, sem conseguirmovimentar-me. Esperei que ochoque passasse e fui ter comeles, os meus filhos, onde nadadisse do que sabia até à consultado dia seguinte, para melhorconseguir digerir a triste notícia.Deus dá-nos força à medida do

sofrimento que te-mos. E é bem ver-dade.”

Existem os AA para aspessoas adidas a qual-quer tipo de droga epara ajudar as famíliasa lidar com tão graveproblema existem osAL-ANON – FamíliasAnónimas. Nos en-contros deste grupo,

tenta-se aprender a viver um diade cada vez.Desencoraja-se insistirem erros e desapontamentospassados. Aprende-se a ver ofuturo como uma sucessão de diasnovos e que, cada um deles, é umaoportunidade para auto-realizaçãoe crescimento pessoal.Termino com uma oração depedido de ajuda bem conhecidapelos frequentadores das reuniõesdas Famílias Anónimas: A Oraçãoda Serenidade.

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Concedei-me Senhor,SERENIDADE

para aceitar as coisasque não posso

modificar,CORAGEM

para modificar aquelas que posso,

e SABEDORIA para distinguir

umas das outras

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CR

ÓN

ICA

S| 03/200742 |

Avó

És bela como uma florEstás sempre ao meu dispor.Com este cartão Estarás no meu coração.

És também exigente,Mas também és valente.

Uma amiga como tuImportante e tão grandeTão grande que nós às vezes,Ficamos horas a olhar o teu tamanho.

Por vezes a nossa porta fecha-se,Mas tu como amigaSentes sempre o que está lá dentro.

Este poema deu o Ruben à avó quando tinha 9 anos.Se ele o escreveu ou não, penso que a avó gostou tantoque nem se preocupou nada com isso. As avós são assim

Page 45: Raio de Sol - 1

Recordo-me duma cena a queassistimos na televisão umdestes dias. Um pai batia na suafilha, por ela ter cometido errosao disputar um desporto, pensoque natação, mas para o casonão interessa muito. O impor-tante mesmo é o facto dareacção do pai perante os errosda filha. Ele perdeu a cabeça aoponto de lhe bater em público.Foi preso de imediato, perante aaprovação geral.De facto, este caso faz-me lem-brar muitos outros de que nãose fala, antes pelo contrário, todaa gente adora ver, por exemplo“Morangos com Açúcar”, “Flori-bela” e outros similares.Além de ser um atentado contraa educação e valores que todosnós tentamos transmitir às nos-sas crianças, pela falsidade dassituações com que eles se vêemconfrontados diariamente, aindaexiste o facto de que ninguémpensa naquilo a que os jovensartistas têm de abdicar, para “tra-balhar” nas telenovelas. Sim,porque o que eles fazem é traba-lho. Não é trabalho infantil? Eudiria que sim, mas quem sou eu? Quantas vezes se levantam elesbem cedo e perdem todo o diaem filmagens? Então e a escola?E o estudar? E os deveres esco-lares? E o tempo para brincar?Para fazerem outras coisas quenão seja trabalho e escola?

Será que todos eles gostam mesmode fazer o que estão a fazer ou seráque não haverá muitos pais que os“obrigam” a fazer uma coisa quetalvez não seja bem o que eles que-riam para eles?Pois é, nunca o conseguiremossaber……Uma coisa sabemos todos: as nos-sas crianças estão diariamente aassistir a vidas completamenteirreais. Estão a desejar um mundoque não existe.Estão a crescer pen-sando que a vida é aquilo e quepodem fazer o mesmo. E nãopodem. Num país com tantascarências, quase tudo o que por aliaparece, parece tirado dos contosde fadas e nem todas fadas boas. Enão há fadas, só mesmo nos con-tos…….Quem sabe um dia as coisas serãodiferentes?

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Cenas do quotidianoTema: Trabalho infantil

Page 46: Raio de Sol - 1

“O homem aprendeu a escrever os defeitos nobronze e as virtudes na água”

Beethoven

No maravilhoso “mundo dascomunicações” existe um “país”chamado escrita.

A escrita é, numa primeira fasealgo de pessoal que não parti-lhamos com ninguém. Uma espé-cie de ritual de nós para nóspróprios. Com o tempo, vamospercebendo que o entusiasmo e apaixão são essenciais para sevencerem os “medos”e que a escri-ta é a suprema expressão daresponsabilidade, algo de univer-sal que nos possibilita comunicar eexpressar ideais e emoções, quenos permite comunicar e serentendidos. Só escrevendo com opróprio punho, se pode transmitiro apreço e os sentimentos poralguém.

Refúgio de mui-tas situações ousimplesmenteum sacerdócio, aescrita podetambém ser en-tendida comoprazer de dese-nhar letras com aponta de um

aparo, seja ele E, F ou L de ouroou de rodium, dando-nos, assim,a emoção de podermos transmi-tir os nossos sentimentos deuma forma única.

A escolha de uma caneta éessencial para o prazer de escr-ever. O toque do seu corpo, aforma como a tinta flúi atravésdo aparo, vão condicionar onosso “conforto” e a nossa inspi-ração. Dizem os especialistasque, tal como tudo o que nos dáprazer, não devemos partilhar asNossas Canetas com ninguém.Foram escolhidas de uma formapessoal para reflectirem o quenos vai na alma, devendo sertratadas com os cuidados iner-entes a algo que nos é querido.

Porque gosto de escrever, nor-malmente ando munido comduas esferográficas de cor difer-ente e uma lapiseira. O suportepara escrita é fácil de encontrar,quanto mais não seja umguardanapo de papel de qual-quer café. Mais tarde, com outraatenção, releio as minhas notas epoderei dar-lhes outra forma ouconteúdo, mas, sobretudo,cuidar da escrita com acessórioscondignos.

Escrever também significa aminha vida...

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S O Prazer da escritaTeófilo Santos

Page 47: Raio de Sol - 1

O Projecto Artémis é uma Associaçãosem fins lucrativos, concebida e dada àluz há sensivelmente três anos e surgena sequência da necessidade dediminuir a falta de informação técnica eapoio emocional às mulheres queperderam filhos por aborto espontâ-neo, bem como quebrar o pacto desilêncio,resultante de todo um processode luto.

Objectivos Gerais- Apoiar emocionalmente, toda e qual-quer mulher,que passe ou viva momen-tos de perda de gestação, com conse-quências psicológicas graves, negativase depressivas.Para isso a Artémis conta,não só com outras mulheres em situ-ação idêntica, que contribuem com assuas palavras e testemunhos, mas tam-bém com um grupo de inter ajuda,con-stituído por várias associadas.A Artémisconta ainda com a participação activa ededicada de psicólogos que con-tribuem para a melhoria da estabilidadeemocional das associadas.- Promover a prestação de cuidados desaúde materna, de âmbito físico e psi-cológico a mulheres vítimas de situ-ações clínicas de aborto e/morte fetal erespectivos companheiros.- Promover e fomentar a reabilitação erecuperação física e psicológica dessasmulheres e respectivos companheirosou agregados familiares.- Oferecer uma linha telefónica de apoio– 91 8410208 – orientada para esclare-cer dúvidas e diminuir a dor da perda,provocada por um luto precoce.A linhafunciona 24 horas por dia e conta com oatendimento de uma psicóloga.- Divulgação de acções informativas,através de seminários, formações ecolóquios.

- Obter cooperação em várias áreas,especificamente de profissionais liga-dos à Ginecologia, Obstetrícia eGenética, assim como a instituiçõeshospitalares, que possam contribuirlargamente para diminuir a falta deinformação e apoio nesta área.

Além destas actuações a Artémispropõe-se dar apoio a todas as mu-lheres, nas áreas de:• Aconselhamento e apoio psíquico

a mulheres vítimas de situaçõesclínicas de aborto e/ou morte fetal.

• Acções de formaçãoEncaminhamento após saída hospita-lar, para o apoio regular em terapiasGrupais/individuais no seio da asso-ciação,assim como acompanhamentonuma futura gravidez.

A associação tem estado presente naFeira/salão Mamãs & Bebés, na FIL, em2005 e 2006, mantém um programasemanal na Rádio Universitária doMinho – Olhar no Feminino – desdeAbril de 2006 e um Blog actualizado emwww.olharnofeminino.zip.net, adminis-tra um grupo de apoio On-line, mode-rado por psicólogos e associadas e pres-ta ainda apoio e divulgação no centro desaúde de Mangualde, com a ajuda doenfermeiro chefe – Fernando Júlio.

Contactos:Gabinetes Artémis Braga Rua Monsenhor Airosa, nº65 Sº Lázaro 4710-102 Braga Maia Av. D. Manuel II, nº 2041 5ª sala 2 Informações através de:[email protected] ou pela linha de apoio 918 410 208

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Projecto Artémis

Page 48: Raio de Sol - 1

Leitora:

Vivo há cerca de um ano emAlcochete. Não sei se pela idade, sepelo tempo disponível,se pelo rumoque a minha vida levou,dei por mima interessar-me pela minha “quali-dade de vida” e a questionar-mecomo a poderei melhorar ainda mais.Esta procura tem-me levado a ler

sobre estes assuntos e, comprandouma revista semanal numa tabacariaperto de casa “tropecei” na vossarevista. Comprei-a e espero sincera-mente que possam ir caminhandopela estrada que se propõem.Gostaria de saber se o vosso pro-jecto é de apenas a revista ouse pensam vir a ter algum es-paço para troca de ideias. De qual-quer modo, se acharem algumautilidade numa eventual ajuda,mesmo sem saber bem em queaspecto,estou disponível.Parabéns e obrigada pela vossaproposta de “Raio de Sol”.

Maria de Fátima Conceição

Raio de Sol:Antes de mais, muito obrigadapelas suas palavras. Foi muitogratificante.Depois, a revista nasceu exacta-mente pelo mesmo motivo que alevou a si a comprá-la, ou seja, ointeresse em melhorar a nossaqualidade de vida e ajudar osoutros a consegui-lo.

Neste momento, estamos mesmoa começar pelo projecto revista,mas um local de encontro irá sur-gir dentro em breve, certamente.A ajuda de todos é sempre ben-vinda. Que tal começar por umartigo para a crónica do leitor.Sobre quê? A vida é a melhorescola que existe, é só escolher ocapítulo.....

***

Leitora:

Cara Ana, foi com muita satisfaçãoque peguei na sua revista. Nomarasmo de publicações fúteis, aque nos temos habituado,o aparec-imento de uma revista com esteteor é realmente um raio de sol.Inovadora pelo teor e variedade detemas abordados, interessante pelaseriedade com que são tratados ehumana,porque os temas se unemnum objectivo comum de melhoraras nossas vidas.Se aprender é uma necessidade doser humano,a felicidade deveria sero objectivo da sua vida. Nos diasque correm, aprender a ser felizparece utópico. Andamos embren-hados na correria do dia a dia,soter-rados em notícias negativas e dedesgraça em desgraça quase nossentimos desgraçados.Esquecemo-nos da capacidade que cada umde nós tem de se reinventar, dese transformar e de se equilibrar,

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S …do leitor

Page 49: Raio de Sol - 1

podendo assim almejar umavida com mais amor, paz e luz.Afinal, a vida é simples, a gente éque a complica.Desde já a felicito pela sua inicia-tiva e agradeço pelo positivismoa que ela nos remete.

Ana Paula Feliz

Raio de Sol:Minha querida, fiquei muito sensi-bilizada pelas suas palavras.Cabe-me agora a enorme respon-sabilidade de não a desiludir, nemde gorar as suas expectativas.A sua ajuda, tal como a de todosos leitores, será preciosa paramanter o interesse dos temas eaumentar a partilha a que nospropomos. Muito obrigada.

***

É com muito carinho que publi-camos este poema que nos foi en-viado através do site.Obrigada pela partilha….

Meu Outono!

Caminho devagarinhoNos degraus da vida!Muitas vezes tropeço.

Outras, levanto-me, agarro-me…!

Topadas nos pensamentosQue são campainhas de aviso!

Vivo a criança na mulher.A primeira, ao colo dum amor

A segunda aproveitando o sol…a vida …

Maria Celeste Pereira

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Meu querido Amigo Professor, osanos passados começam a ficar nohorizonte da vida, de um horizonteque não volta mais, porque a ver-dadeira vida é Aqui e Agora.Lembro-me que nos ensinou a parti-lhar,ensinou-nos a dar e a receber.Temos esquecido as suas belas lições,lições de nos fazia viver cada momen-to da vida numa partilha constante.Professor, não quis o calendário ner-voso dos homens passar mais umapágina dos seus longos anos, semque mais catástrofe se abatesse sobreeste planeta,de seu nome Terra.As acções de solidariedade acontece-ram um pouco por todo este mundode homens, desatentos às leisimplacáveis do Universo,desatentos eautomatizados à grande roda giganteem que todos se agarram para nãodesafiarem a sociedade, para nãoserem apontados como as ovelhasnegras de uma sociedade que se dizperfeita e democratizada.Vem à minha memória o tempo emque o Professor nos ensinava,e,nuncao ouvi pronunciar esta tão estranhapalavra, palavra criada para iludir oscrédulos, aqueles que se detêm pe-rante o poder aparente de outrohomem.Estranha esta maneira de viver!Falam em partilha, mas não se des-fazem das muitas riquezas para aju-dar aqueles que passaram pelaangústia da dor.Estranho! Como pode alguém vir falarà janela de um grande “palácio cheiode riquezas”, dizendo que o mundotem de ser solidário na ajuda a irmãos

como nós, que sofreram no corpo asagruras do tempo.Pergunto eu? Meu Amigo Professor,no meu estado de inocência, porquecontinuam os homens a construir“palácios de fé!” construídos porpedras frias e distantes, construídospara alimentar a vaidade humana,quando na realidade não passam deartifícios montados por um egoegoísta, distante e autoritário quepassa ao lado da vida humana? Mais um “palácio de fé” está a nascerentre nós,para eliminar os ditos “peca-dos”, de uma sociedade decadente esem projectos. Para alimentar home-ns de vestes “esquisitas”, que sepavoneiam pelo mundo dos homenscomo detentores de uma verdadeque eles não conhecem.Se querem na realidade construir um“palácio”para que todos se “abriguem”e ajudar os que sofrem,vendam todasas riquezas que espoliaram ao longo deséculos de violência, sexo escondido,hipocrisia,vaidade,e de distanciamentodos homens, antes que isso aconteçanão falem de partilha.Em vez de automóveis de luxo e car-ros à prova e bala,e vestes pomposasfeitas em alfaiatarias de luxo, ecordões e anéis de ouro,caminhem apé com vestes simples e sem adornostrabalhados na forja, pelas esquinasda vida, a dar força àqueles que nãotêm força para se levantar, isso sim épartilha.Professor,se assim fosse,muitos desis-tiam hoje mesmo desta vida de apos-tolado aparente, apostolado paraenganar os incautos iniciados, outros

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ÓN

ICA

S Carta a um Amigo Professor

PartilhaCarlos Campos*

Page 51: Raio de Sol - 1

porém, os verdadeiros apóstolosficavam.Mas a sociedade dos homens nãoreconhece os verdadeiros apóstolos,asua bagagem é simples, como sim-ples é a sua vida.Acredite meu Amigo Professor, quemuitas vezes pergunto a mim mesmo,porque quis novamente voltar a esteespaço de sofrimento?Depois, quando ultrapasso a razão,começo a entender porque voltei.Todos temos que evoluir através dasnossas experiências de vida, experiên-cias que ainda não estão entendidas,que ainda não estão pacificadas dentrode nós.Não importa que existam “palácios defé”, de crenças e de riqueza construí-dos por mãos humanas,o tempo queo homem criou os vai destruir.Não posso nem devo alterar estasmentes ligadas ainda aos muitosdesejos,ás muitas vaidades humanas.Se o fizesse,estava a interferir nas suasexperiências,estava a interferir na suaevolução como seres espirituais quetemporariamente estão a fazer umaexperiência num corpo,estava a resis-tir aos ensinamentos do meu AmigoProfessor.Mas posso neste momento, solidari-zar-me em estado de Amor profundocom todos aqueles que estão a sofrerno corpo, a resistência e destruiçãoque temos feito e que continuamos afazer ao planeta em que vivemos.Diz a história, que Judas traiu JesusCristo por alguns dinheiros.Judas pensou se o vou trair,vou sabero seu segredo.

O segredo é que Jesus tinha aSabedoria.Sabedoria que o fez revelarcomo um Cristo que vive para sempredentro do próprio homem.Judas é necessário para o drama davida humana, através dele o homemdescobriu o seu Cristo interior – o EUSOU.Buda revela que enquanto o homemtiver um desejo,ele não o realiza.Mas desde o momento em que o

desejo morre pela sua aceitação doseu bem,uma sensação de libertaçãoe de Paz se abate sobre o homem,uma sensação de repouso do grandeGuerreiro.Só peço que todos os que estão asofrer pelos cantos do mundo, se“abriguem”no EU SOU,que habita nointerior de cada homem.O Professor disse-nos que umapalavra a mais num livro de sabedoriaé alimento para o ego,é alimento paraa vaidade humana,e eu ainda estou apacificar o meu, por isso ainda aquiestou.O meu Amigo Carteiro adormeceuenquanto escrevia esta carta. Já nãohá carteiros pacientes como ele, paraquem o tempo e o espaço não exis-tem.Um abraço numa dimensão de pro-funda Amizade, que ultrapassa arazão humana.

*Professor de Meditação e autor do livro “Contacto

com o Meu Guia” e dos Workshops “Viajando ao

Encontro do Seu Guia Interno” – “As Doze

Revelações dos Jardins de Sabedoria”- “Iniciação à

Energia – Magia da Cura pelas Mãos”.

Carlos Campos: http://www.carloscampos.com.pt

03/2007 | | 49

Page 52: Raio de Sol - 1

| 03/200750 |N

OTÍ

CIA

S

Um abraço

Deixemos o orgulho de ladoa função fria dos afectos forçadossigamos juntos esta rotade caminhos irregularesespinhos cravados no âmago da rosamas juntossem que nada demova a vida que nos alimentaos desejosas contemplações de carinho, afecto, ternuraTudo num simples abraço!

MMaannuueell MMaarrqquueess

O autor do nosso poema “Abraço”, Manuel Marques, acaba

de lançar o seu primeiro livro de poesia – “O Medo do dia

Seguinte” – uma curiosa colectânea de crónicas-poéticas

intimistas que reflectem bem a personalidade do escritor.

Esta obra está disponível através da Editora Magna, em:

www.magna-editora.com.

Mais intervenções escritas do autor podem ser encontradas

em: www.manuelantoniomarques.blogspot.com

Livro de poemas

Page 53: Raio de Sol - 1

03/2007 | | 51

Page 54: Raio de Sol - 1

A fome é mais do que estar com o

estômago vazio. Fome significa

ausência da quantidade diária míni-

ma de nutrientes para ter uma vida

activa, produtiva e saudável.

Actualmente, mais de 300 milhões

de crianças estão desnutridas. Essas

crianças estão mais propensas a con-

trair doenças e infecções, podem

também sofrer danos irreparáveis no

seu desenvolvimento psíquico e

mental.

Alguns dados sobre a Fome no

Mundo :

• 852 milhões de pessoas não têm o

suficiente para se alimentar. Mais

do que as populações dos EUA,

União Europeia e Canadá juntos.

• A fome e a desnutrição são o peri-

go número um para a saúde

mundial provocando a morte de

mais pessoas que a SIDA, a

malária e a tuberculose juntas.

• A cada cinco segundos uma crian-

ça morre por causa da fome.

• Uma pessoa precisa de 2.350

calorias todos os dias. 54 países

não produzem o suficiente para

alimentar sua população.

• Nos anos noventa a pobreza

mundial diminuiu em 20 %.

Contraditoriamente, o número de

pessoas que sofrem de fome

aumentou 18%.

Juntos podemos ajudar a acabar com

a fome no mundo

• Com 25,70 Euros é possível ofe-

recer uma refeição escolar durante

um ano a uma criança que sofre

de fome.

• Vários estudos mostram que a

oferta de uma refeição escolar faz

com que a presença das crianças

nas escolas aumente 100% e pode

contribuir para melhorar o desem-

penho do aluno.

• No mundo desenvolvido, a média

diária de despesas com comida é

de 7,56 Euros. As refeições esco-

lares do Programa Mundial

Alimentar custam apenas 14 cên-

timos por dia.

• Uma semana dos subsídios pagos

aos agricultores no mundo desen-

volvido seria o suficiente para

cobrir os custos de um ano de

ajuda alimentar.

• O Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento calcula

que as necessidades de nutrição e

saúde básicas das pessoas mais

pobres do mundo poderiam ser

cobertas com uma despesa adi-

cional de 9,8 biliões de Euros por

ano. Todos os anos, donos de ani-

mais domésticos nos EUA e na

Europa gastam mais do que isso

em alimentos para animais.

Para saber como participar de “O

Mundo em Marcha Contra a Fome”

e fazer a diferença para as crianças

que tem fome, visite:

www.FightHunger.org

* Fontes: Organização Mundial da Saúde, Nações

Unidas, Programa Mundial para Combater a

Fome.

| 03/200752 |N

OTÍ

CIA

S Marcha contra a fome

Page 55: Raio de Sol - 1

Interligar, na sua essência, as mais

diversas áreas do conhecimento,

visando a sua unificação, tendo

como ponto de partida o resultado

de uma pesquisa de natureza cien-

tífica e simbólica, e o seu desen-

volvimento pedagógico são os

principais objectivos do Centro

Holístico Internaciona, com sede

em Viana do Castelo.

Esta tarefa tem por base a

Espaçonumerática, tendo sempre

presente a combinação das ver-

tentes científica e símbólica.

Assim, no aspecto científico, o

CHI vai ao encontro da

Matemática – “a rainha das ciên-

cias” – no intuito de reflectir sobre

os seus fundamentos e de oferecer

novas propostas a esta área do

Conhecimento. Quanto ao aspecto

simbólico, o objectivo é ir ao

encontro da Tradição original,

onde tiveram origem todas as

tradições.

O segundo objectivo desta associ-

ação, consequência do primeiro,

está direccionado para a área do

Ensino, fazendo parte dos seus

propósitos desenvolver um projec-

to pedagógico que contemple o ser

humano na sua diversidade e seja

capaz de promover a sua unidade,

quer a nível individual, quer colec-

tivo.

CONTACTOS:

Rua da Bandeira, 103, 2º

4900-560 Viana do Castelo

Telefone/Tlms: 258 825292 / 963689739 /

914702535

E-mail: [email protected]

Internet: www.chi.com.pt

03/2007 | | 53

Centro Holisitico Internacional

Page 56: Raio de Sol - 1

NO

TÍCIA

S| 03/200754 |

Liga contra cancro

A Liga Portuguesa Contra o

Cancro é uma associação privada,

de utilidade pública, que promove

a prevenção primária e secundária

do cancro, o apoio social e a huma-

nização da assistência ao doente

oncológico e a formação e investi-

gação em oncologia e tem como

finalidades:

• Divulgar informação sobre o Can-

cro e promover a Educação para a

Saúde, nomeadamente quanto à

sua prevenção;

• Contribuir para resolver a situa-

ção dos doentes oncológicos em

todas as fases da história natural

da doença;

• Cooperar com as Instituições

envolvidas na área da oncologia,

nomeadamente com os Centros

do Instituto Português de Onco-

logia de Francisco Gentil;

• Estimular e apoiar a formação e

a investigação em oncologia;

• Estabelecer e manter relações com

Instituições congéne-

res, nacionais e es-

trangeiras;

• Contribuir para o

apoio social e a hu-

manização da as-

sistência ao doente

oncológico;

• Desenvolver, iso-

ladamente ou em

colaboração com

outras entidades,

estruturas para a

prevenção primá-

ria, diagnóstico,

tratamento e rea-

bilitação em Can-

cro.

O apoio social a doentes é uma das

mais importantes actividades da

Liga, consignado no seu estatuto

de Associação Cultural e de

Serviço Social e traduz-se no

auxílio ao doente oncológico mais

carenciado, cuja situação socio-

económica não permite fazer face

ao conjunto de despesas inerentes

a uma situação oncológica.

Concretizando-se no pagamento

de despesas de medicação, deslo-

cações para tratamentos, próteses,

etc., a intervenção da Liga através

destes apoios revela-se muitas

vezes fundamental, nomeada-

mente quando se verificam lacunas

nas comparticipações por enti-

dades públicas ou problemas de

ordem burocrática, que tornam a

situação do doente oncológico

ainda mais difícil.

A atribuição deste tipo de apoios

pode ser feita de forma directa,

através dos Núcleos da Liga ao

doente ou, de forma indirecta,

através de solicitações dos Centros

Regionais de Oncologia ou outras

Instituições de Saúde, mediante

apresentação dos casos sociais

devidamente comprovados pelos

profissionais de saúde das respec-

tivas Instituições.

Contactos

Av. Columbano Bordalo Pinheiro Nº 57-3ºF

1070-061 Lisboa

Tel.: 217221810 – Fax: 217268059

E-mail: [email protected]

Page 57: Raio de Sol - 1

03/2007 | | 55

Jovens

em

LisboaFiquei agradavelmente surpreen-

dida ao tomar conhecimento dum

serviço de apoio ao jovem, que eu

não conhecia.

Ao entrar no Centro C. Av. Roma,

conheci um dos espaços

Juventude@Lisboa. Este é um

belo espaço, claro, bem agradável

onde são prestadas aos jovens

informações e serviços de inter-

esses vários. Poderão nesses

espaços aceder gratuitamente à

Internet, obter informações sobre

habitação, ensino, emprego,

saúde, cultura, desporto e am-

biente.

Poderão marcar consultas de

planeamento familiar e conversar

com especialistas sobre sexuali-

dade, contracepção, doenças,

abusos sexuais, homossexuali-

dade, família e tantos outros.

Todos estes serviços são gra-

tuitos, tendo de ser previamente

marcados, como é lógico.

Para mais informações, aqui

ficam os números de telefone da

Câmara Municipal de Lisboa:

217989370 e 217965981.

Page 58: Raio de Sol - 1

Há cerca de 28 mil anos já ohomem pré-histórico escolhia aregião de Alcochete para caçar,aproveitar os recursos marinhos efabricar instrumentos em pedra.Várias jazidas paleolíticas identifi-cadas no Concelho forneceramuma grande variedade de instru-mentos, desde coups-de-poing acalhaus truncados, raspadores,lascas e núcleos.O topónimo Alcochete parecederivar de uma expressão árabe quesignifica “o forno”, mas descon-hecem-se vestígios materiais desseperíodo e a data da fundação dopovoado.Depois da reconquista, Alcochetepassou a fazer parte da vasta área deRiba Tejo,dominada pela Ordem deSantiago.Pensa-se que a sede deste con-celho coincidia com a sede paro-quial de Santa Maria deSabonha, cuja igreja se localiza-va na actual freguesia de SãoFrancisco, onde no século XVI seconstrói um convento.No século XV, Alcochete trans-forma-se na estância de repouso

preferida pela corte da época,seduzida pelos bons ares e pelaabundância de caça na região.D. João I vinha descansar aAlcochete com frequência. OInfante D. Fernando escolheu-apara residir e aqui nasceu o seufilho, o futuro D. Manuel I.D. João II partilhava a mesmapreferência e aqui passava lon-gos períodos com sua esposa D.Leonor, motivando algumanobreza a estabelecer-se na vilaribeirinha.Dos finais de quatrocentos aosfinais de setecentos, a viladesenvolveu-se, primeiro à som-bra da protecção régia, após aconcessão do Foral Manuelinode 1515, e depois em torno deuma nobreza rural que possuíavastos domínios dentro e fora daVila.A cidade foi marcada pelaepopeia dos Descobrimentos,quer no plano económico, comofornecedor de madeiras à capital,quer na paisagem do quotidiano,povoada de novos produtos enovas gentes.

| 03/200756 |LA

ZER

Recantos da nossa terra

Alcochete

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O período áureo quinhentista estápatente nas obras da Igreja Matriz,no retábulo da Igreja da Mise-ricórdia,na bandeira da Misericórdia,na construção da Capela de NossaSra. da Vida, na fundação doConvento dos Recolectos da Ordemde São Francisco.É ainda no século XVI que se encon-tra documentada a existência de umforno de produção de vidro naBarroca d’Alva.Nos registos de 1527-32 refere-se um total de 180moradores na Vila e 34 nosarredores.Nos inícios do século XVII, a docu-mentação aponta já para 360 fogose 1902 pessoas.Nos séculos seguintes, Alcochetetornou-se um importante centroprodutor de sal, o que sustentou odesenvolvimento económico doConcelho.Em meados do século XVIII, naveg-avam do porto de Alcochete paraLisboa barcas carregadas de sal,lenha e carvão. De salientar ainda,nesse século, as valiosas iniciativas ebenfeitorias do industrial JacomeRatton na Barroca d’Alva, ondechegou a criar um viveiro de amor-eiras brancas tendo em vista asnecessidades da Real Fábrica daSeda.O século XIX em Alcochete foi mar-cado pela perda e pela restauraçãoda autonomia do Concelho, moti-

vadoras de fortes reacções popu-lares e pela acção filantrópica e pro-tectora do 3.º Barão de SamoraCorreia à Misericórdia local, a quemdoou avultados bens,entre os quaisum palácio onde viria a fundar-seum asilo para idosos,instituição queainda existe actualmente.A decadência progressiva da pesca,da navegação fluvial e da saliculturafez-se sentir a partir de meados doséculo XX,passando a predominar aagricultura e alguma actividadeindustrial, empregadoras de umconcelho demograficamente está-vel.A identidade colectiva de Alcochetecentra-se hoje na afirmação das co-lectividades ligadas à música e aodesporto,nas tradições de cariz riba-tejano de exaltação do touro,do cav-alo e do campino, nas festividadesreligiosas ligadas ao culto de SãoJoão e de Nossa Srª.da Atalaia.Hoje,na era pós-ponte Vasco da Gama,Alcochete respira ainda, nos bairrosdo seu núcleo histórico,as vivênciase as vocações consolidadas aolongo dos séculos.

*Apesar da Câmara de Alcochete, não nos terenviado a informação por nós solicitada, aquificam alguns dados sobre a história da cidade.Quisemos apresentar a sua evolução,embora empoucas linhas,porque a Raio de Sol nasceu e estáa desenvolver-se em Alcochete. Uma forma sin-gela de homenagem a esta terra e às suasgentes.

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O nosso leitor Rui Reis responden-do ao nosso apelo fez-nos chegaro relato do que viu e sentiudurante uma breve estada queteve a oportunidade de efectuarem Goa e Mumbai.

Estes são os factos

A Índia é uma civilização comcerca de 5.000 anos; possui umapopulação de 1.1 biliões de habi-tantes; é a maior democraciamundial e uma das mais antigas;tem a 10ª maior economia mundi-al e a segunda com o crescimentomais rápido; a sua população dis-tribui-se por 336 tribos, 325 lín-guas e 1652 dialectos, existindo18 línguas oficiais; no seu dia a diacirculam 5.600 jornais diáriosdiferentes em 21 línguas; a suaorografia apresenta uma multipli-cidade de paisagens, entre praiasparadisíacas e montanhas quetocam o céu; está organizada em29 Estados; é a maior nação domundo utilizadora da línguainglesa; tem a segunda maiorcomunidade de cientistas eengenheiros. Em 2030 será o paísmais populoso do mundo.A sua primeira civilização, nascidaem redor do rio Indu,em 3300 AC,foi alargando a sua rede e conse-quentemente originando outrascivilizações e formas organiza-cionais que se espalharam portodo o imenso país. Da civilização

do Vale do Indu, à actualRepublica da Índia os temposatravessaram a Civilização VédicaMonarquia Hindu, os SultõesIslâmicos, a era Mughal e a eraColonial.

A Era Colonial ocidental, geridasobretudo por Ingleses, Francesese Portugueses,durou cerca de 500anos. Período longo e importanteque permitiu algum desenvolvi-mento de tipo ocidental emostrou aos indianos alternativasde vida baseados em conceitosque supostamente seriam maisadequados à sã convivência entreos povos orientais e ocidentais,culminando com a felicidadesuprema para todos.

Estas são as dúvidas?

Confesso que perante todos estescenários a minha expectativanuma viagem a Goa era enorme.O meu conceito de vida, tipica-mente burguês ocidental, nuncame tinha levado para fora daEuropa, excepto a uma rápidaviagem ao Marrocos turístico, alipara os lados de Ceuta e Tânger.Omeu intervalo de admissão donível de vida compreendia osricos noruegueses de um lado eos pobres portugueses do outro.Tão enganada estava a minhaescala.A minha viagem a Goa tinha ainda

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ZER

Do estrangeiro

Uma visão d

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a particularidade de acompanharuma comitiva de ex-militares por-tugueses que tinham estado pre-sos em 1961 aquando da invasãodas tropas indianas dos territóriosde Goa, Damão e Diu. Um dessesex-prisioneiros é o meu Pai que,aolongo dos últimos 45 anos, ali-mentou o sonho de um diaregressar. Durante toda a minhavida ouvi histórias de encantarsobre uma Goa mágica, verde lux-uriante, bonita como o pôr-do-solna praia de Colva,contendo todosos argumentos para nos transfor-mar em melhores pessoas.

Durante a viagem de cerca de8h30m entre Frankfurt e Mumbai,antiga Bombaim, troquei váriosdedos de conversa com um indi-ano que se sentava a meu lado.Tirando o período de cerca de 3horas em que consegui dormitarum pouco, o indiano bom-bardeou-me com dados econó-micos e estatísticos sobre umaÍndia com aspirações a capital domundo. Confrontei-o várias vezescom alguns dados sociais, maspara ele, empresário de sucesso,esse tipo de questões possuemum valor relativo. O mais impor-tante é o milagre económico quese opera diariamente, catapultan-do a Índia para o estrelato, àsemelhança de Bollywood, a suacapital cinematográfica. Quantosde nós sabemos que o estrelato é

efémero e superficial?A chegada a Mumbai levou-me aum país como nenhum outro, car-regado de contrastes.Olhando para os táxis, sentia-meem 1950, olhando para as torresde vidro, sentia-me em 2050.Olhando para as pessoas sentitristeza e desilusão, analisando aimensidão senti liberdade, vendoa confusão de trânsito e os 16 mil-hões de habitantes registadosfiquei perplexo.Como é que tudo isto é possível?Que tipo de organização existe?Como se sobrevive nesta selvahumana?Que coisas passam pela cabeça deum “tipo”que, com aspecto assea-do e de classe média, o levam aestender uma manta no passeiopara ali passar a noite?Como compreender que numasapataria, em Margão, os empre-gados nos atendam descalços?Como compreender que numapotência nuclear, supra-sumo datecnologia, as comuns valas parapassagem de cabos telefónicosseja aberta à força da picareta,sendo a terra retirada com umapequena bacia por miúdos demeia dúzia de anos, autênticosdesgraçados deste mundo cruel.Cá criticamos e bem, o trabalhoinfantil. Lá ninguém sabe o queisso é.Como compreender que todos oscamiões tenham escrito na sua

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a Índia…Texto: Rui Reis

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traseira “Please Horn” (por favorbuzine), o que leva a que toda agente toque as buzinas das suasviaturas sem que se saiba muitobem porquê e para quê. Admiro acoragem de toda aquela molehumana que diariamente sobrevivee acredita no futuro.A Índia está a crescer? Econo-micamente sim, socialmente talvez,mas no meio de tudo, quantasdezenas de anos passarão para queaqueles homens,mulheres e sobre-tudo crianças tenham uma vidacondigna?Quando me perguntaram: “Então,que tal a Índia?” Respondi em qua-tro frentes:- As pessoas transbordam simpa-

tia, tendo uma ténue esperançaque se lhes dê uma esmola;

- O trânsito é caótico uma vez queninguém sabe o que é o códigoda estrada;

- Já vi lixeiras mais organizadas emais limpas;

- A confusão é generalizada, obarulho é ensurdecedor.

Não sei se este retrato é a cópia fieldaquilo que se passa na imensaÍndia. Naveguei somente peloEstado de Goa e por Mumbai.Quero acreditar que no meiodaquelas não-cidades e não-vilasexiste amizade, amor, gratidão,reconhecimento, optimismo, esper-ança e fé.Quero acreditar que 5.000 anos depaís terão a força suficiente parapintar uma paisagem colorida con-trastante com o cinzento actual.Antes de crescerem desenfreada-mente, economicamente falando,distribuam tintas arco-íris pelos mil-hões que pisam aquele solo.Deixem a população colorir aÍndia.

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Legendas

1 Arco dos Vice-Reis, monu-mento Português, alusivo aodesembarque de Vasco daGama, cidade de Velha Goa.

2 Templo Hindu na cidade deMAPUSA – Goa

3 Paisagem

4 Mulher pedinte com criançaao colo

5 cidade de Pondá

6 Miúdos na cidade de Pondá

7 Vista aérea de bairro da lataem Mumbai.

8 Mulher na cidade deMumbai

9 Pôr de Sol na praia de ColvaSul

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AQUI E AGORA

Olhando a cidade

Através do trânsito,

Fechar os olhos....

E adivinhar o pranto!

Adivinhar o pranto,

Através das janelas.

Imaginar a fome,

As insónias, as dívidas

E outras coisas, tantas, tantas...

A juventude perdida,

Numa corrida infernal.

É para isto a vida?

Que faço aqui afinal?

É tempo de mudança.

Quero deixar minha marca,

No resto de tempo que falta

Irei mostrar minha raça.

Nunca fui de me escapar

E não começarei agora,

Por isso vou para a frente

E mostrar a toda a gente

Que a única coisa que conta

É o AQUI E AGORA!

Anita

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O Euro!

Um menino, com voz tímida e osolhos cheios de admiração, per-gunta ao pai, quando este retor-na do trabalho:- Pai, quanto é que o senhorganha por hora?O pai,num gesto severo,responde:- Meu filho, isso nem a sua mãe

sabe. Por isso, não me amole,estou cansado!!!

Mas o filho insiste:- Mas pai, por favor, diga, quan-

to é que o Senhor ganha porhora?

A reacção do pai foi menos se-vera e respondeu:- Cinco euros à hora.- Então pai, o senhor poderia

emprestar-me um euro?O pai cheio de ira e tratando ofilho com brutalidade, respon-deu:

- Então era essa a razão de que-rer saber quanto eu ganho? Vádormir e não me encha mais apaciência.

Já era noite, quando o pai, nummomento raro, começou a pen-

sar no que havia acontecidocom o filho e sentiu-se culpado.Talvez, quem sabe, o filho pre-cisasse comprar algo. Querendoaliviar sua consciência doida, foiaté ao quarto do menino e, emvoz baixa, perguntou:- Filho, está a dormir?- Não pai - respondeu o garoto

sonolento e choroso.- Olha, aqui está o dinheiro que

me pediu: um euro.- Muito obrigado pai - disse o

filho, levantando-se rapida-mente e retirando mais qua-tro euros de uma caixinhaque estava sob sua cama.Agora já completei, pai! Tenhocinco euros. Poderia vender-me uma hora do seu tempo?

PARE! OLHE AO SEU REDOR! PENSE!SERÁ QUE TEM ALGUÉM PRECISANDO DO SEU TEMPO E DA SUA ATENÇÃO?

Que a paz, o amor e o discerni-mento inundem o seu coração!

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Para reflectir…

Uma amiga brasileira, a Roberta de Oliveira, enviou-me com todo o carinho uma pequena história parapartilhar convosco. Não sei se é dela, mas não interes-sa. Eu não resisti.Não dê motivo para que alguém um dia escreva umahistória sobre si, idêntica a esta…..

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