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Revista Brasileira de Saúde Ocupacional

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  • Editorial

    Durante o ano, muitas situaes comprome-tedoras Sade Ocupacional foram, nas pginas desta Revista, continuadamente assinaladas.

    Alm do grau de deteriorao que determina-das substncias acarretam sade daqueles que, direta ou indiretamente, as manipulam, uma srie de condies de trabalho, que favorecem o apareci-

    mento de leses e seqelas, foram enumeradas pelos pesquisadores. Ao longo deste tempo, ficou comprovado, em cada uma das edies, o fato de

    que uma experincia cientifica jamais exclui a possibilidade de outra, no se bastando a si mesma, pois, por mais particular que seja a forma de abordagem de um estudo na rea ocupacional, ele sempre estar inserido em diferentes circunstncias de trabalho, interligadas e comuns a um conjunto de trabalhadores.

    A nvel de atuao profissional, cabe aqui frisar que incidir sobre esta rea implica ter, sobretudo, uma viso abrangente acerca de questes de.ordem diversa,

    Para aqueles que j descobriram que no s o risco que uma mquina oferece ao seu operador, ou o risco de contrair uma doena quando em contato com produtos txicos, ou, ainda, de adquirir uma leso por qualquer espcie de falha, riscos estes imi-nentes e para os quais se deve propor solues isoladas, importa perceber que a Higie-ne, a Segurana e a Medicina do Trabalho - centradas no objetivo de implantar, favore-cer, ou pelo menos no permitir que se interfira na sade ocupacional - oferecem uma oportunidade nova de conceber, praticar e trabalhar a realidade do homem na sua ocu-pao.

    Dessa forma, a luta pela melhoria da sade ocupacional, to intrinsecamente liga-da a reformulaes mais amplas, no s diz respeito aos tcnicos especializados, mas tambm a todos que dela participam, pois, a partir do momento em que se toma cons-cincia do espao fsico ocupado, verificando se no se est exposto ou se no se expe inocentemente ao risco de uma condio insegura, o problema assume propor-o, e justamente neste ponto que a questo comea a pertencer ao domnio da co-munidade em geral - no apenas ao domnio de tcnicos do setor, mas ao domnio de todos.

    Decorre da, dessa possibilidade de conjugao de esforos, que se far melhor a tentativa de alcanar um padro de sade condizente com a pessoa humana, com a pessoa do trabalhador, e ento presume-se que ser bem mais.fcil trabalhar por essa causa comum, o que possibilitaria a preservao da sade mesmo depois de transpos-tas as portas dos locais de trabalho.

  • Informe da Fundacentro OIT Estratgia brasileira

    na luta contra o infortnio do trabalho

    1. Atendendo a solicitao formulada pela Organizao Internacional do Traba-lho, sobre os programas desenvolvidos pelo Governo brasileiro, com vistas melhoria das condies de trabalho e diminuio dos riscos de acidentes e das doenas ocu pacionais, elaboramos um relato, contendo informaes de natureza econmica e so-cial, a respeito das realizaes do Ministrio do Trabalho, por intermdio da FUNDA-CENTRO.

    apresentado, portanto, a seguir, breve esboo dos fatos e das circunstncias que sugeriram o planejamento das mlti-plas atividades que se desenvolvem, em todo o territrio nacional, tendo em mira a maior proteo do t rabalhador e fornecendo-lhe, ainda, melhores condies para, efetivamente, dar sua importante con-tribuio ao crescimento da economia bra-sileira.

    Nossa satisfao, no desempenho dessa incumbncia, decorre do fato de que, ao longo dos quatro anos e pouco de exer-ccio na Superintendncia desta Casa, sem-pre tivemos o ensejo, a cada ano, de obser-var considerveis progressos na luta contra o acidente do trabalho e reconhecer a pro-cedncia da esperana de a FUNDACEN-TRO, em futuro prximo, colocar-se entre as organizaes mundiais que-mais se des-tacam no estudo e na pesquisa em torno das questes ligadas infortunstica labo-ral.

    Essa esperana vlida, e os pronun-cios da situao que a tornaro realidade j esto vista. 2. As obras de construo do Centro Tcnico Nacional, nesta Capital, contam com um avano de trs meses no crono-grama anteriormente estabelecido, o que nos autoriza a crer que sua inaugurao ocorra no primeiro semestre de 1982. En-to, seus 10.500 m2 de rea abrigaro equipes multidisciplinares (mdicos, enge-nheiros, qumicos, psiclogos, pedagogos, assistentes sociais e supervisores de segu-rana) treinadas nos centros mais avana-dos da Alemanha, Frana, Itlia, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Finlndia e Sucia, em tcnicas as mais modernas de preveno de acidentes do trabalho. O la-boratrio do Centro Tcnico, cujo valor se estima em um milho de dlares, permitir a execuo de pesquisas as mais sofistica-das e dar apoio cientfico e tcnico aos ou-tros laboratrios, de menor porte, que se instalaro em Estados-membros da Federa-o, como precioso instrumento de traba-lho no campo da sade ocupacional e com valor superior a dois milhes de dlares.

    E.G. Saad

    Os primeiros passos, referentes lici-tao internacional para a compra de equi-pamentos destinados a esses laboratrios, foram dados no primeiro trimestre deste ano, e a sua entrega est prevista para fins de 1982. Entrementes, tcnicos desta Fun-dao iro realizar estgios em vrios pa-ses para ficarem aptos a usar todo esse equipamento em benefcio brasileiro.

    Em maio deste ano, foi inaugurado o Centro de Treinamento Avanado do Jaba quara com trs laboratrios para aulas prti-cas, salas de aulas tericas, biblioteca, au-ditrio etc. Nesse local sero reciclados mdicos do trabalho, engenheiros de segu-rana, enfermeiros, auxiliares de enferma-gem e supervisores de segurana, no ape-nas deste Estado, mas de outras Unidades da Federao, notadamente aquelas que nos so fronteirias Paran, Minas Gerais e Rio de Janeiro , por meio de cursos rpi-dos e intensivos.

    J foram adquiridos terrenos em Bra-slia, Salvador, Belm e Porto Alegre, nos quais sero erguidos edifcios que abrigaro os respectivos Centros Regionais desta Fundao. As obras tero incio ainda este ano.

    O Ministrio do Trabalho, graas s gestes do Sr. Secretrio de Segurana e Medicina do Trabalho, Engenheiro Osvaldo Mitsufo Oushiro, cedeu-nos a metade do 3o andar do Edifcio Lindolfo Color, no Rio de Janeiro, para servir de Sede ao Centro Re-gional Rio-Espnto Santo. Os estudos para reparao e adaptao do imvel s nossas atividades esto sendo executados.

    Concludo esse vasto programa de construes, e cessado o investimento de considerveis importncias, para manter um ritmo acelerado de trabalhos, a entida-de em fins de 1 982 ter condies pa-ra, com recursos prprios, admitir mais de 1.000 tcnicos de alto nvel, oportunidade em que, com o apoio dos novos labo ratrios, cujos equipamentos j foram obje-to de concorrncia internacional de mais de trs milhes de dlares, poder levar avante empreendimentos marcados por maior so-fisticao tcnica e cientfica. 3. A esta altura, dotada de mais de uma dezena de laboratrios para os mais varia-dos fins e com vrias centenas de tcnicos do melhor gabarito cientfico, a FUNDA-CENTRO estar em condies de prestar ao pas, em particular ao Ministrio do Tra-balho, servios inestimveis, visando ao sa-neamento dos ambientes de trabalho e a

    uma melhor proteo da sade e da vida ao assalariado.

    . Acreditamos, porm, que nessa opor-tunidade, a FUNDACENTRO no se sentir satisfeita com a aplicao desses extensos e diversificados recursos humanos e mate-riais apenas em estudos e pesquisas perti-nentes ao resguardo da sade ocupacional, fora dos muros das empresas.

    Se mantida na situao em que se encontra na atualidade, isto , impedida de ingressar nos locais de trabalho, a FUNDA-CENTRO ser compelida a realizar pesqui-sas sobre problemas e questes de h mui-to consumadas em outros pases

    Exemplifiquemos com uma pesquisa para averiguar os efeitos, no corpo humano, do benzeno. Ora, em qualquer manual de medicina encontra-se vasta srie de pesqui-sas indicando tais efeitos. Qual o lucro para o Brasil, ou para o trabalhador, em confir-mar o resultado de uma pesquisa j feita por muitos pases e h muito tempo? Ne-nhum.

    Hoje, em virtude das novas diretrizes de ao traadas para a Fundao, est em andamento uma pesquisa sobre benzolis mo provocado por produtos de uso indus-trial contendo a citada substncia qumica acima do nvel de tolerncia. Em breve, es-taro plenamente identificados os produtos dessa natureza que so prejudiciais aos nossos trabalhadores. E, nesse ensejo, o Ministrio do Trabalho recebero os dados e as provas de que necessita para determi-nar as providncias que a lei vigente reco-menda. 4. Aqui, faremos pequena pausa para dis-correr sobre princpios e normas de ao que adotamos e que, de certa maneira, ex-plicam o desenvolvimento das atividades da FUNDACENTRO em todos os campos so-ciais e econmicos.

    a) Em organizaes pblicas ou priva-das que tenham finalidades anlogas s desta Fundao, so encontrados, invaria-velmente, Mdicos do Trabalho e Engenhei-ros de Segurana (estes acolitados por Su-pervisores de Segurana). natural que um grupo de profissionais da mesma especiali-dade tenham particular interesse por traba-lhos e pesquisas que se situem no plano de sua formao cientfica e tcnica. Da a convenincia de o chefe ou o administrador geral da organizao diligenciar no sentido de que o planejamento das atividades obe-dea a critrios ensejadores ou incentivado res do trabalho em equipe.

    o que se tem feito, na Fundacentro, com o maior empenho, nos ltimos anos.

    No disfaramos nossa alegria quan

  • do vemos os tcnicos da entidade, perten-centes a vrias especialidades, estarem tra-balhando, ombro a ombro, dentro dos mes-mos projetos.

    b) um lugar-comum dizer-se que o infortnio do trabalho resulta de causas hu-manas e no-humanas.

    Contudo, ainda h quem se surpreen-da com o fato de a FUNDACENTRO incluir no seu quadro de colaboradores o Psiclo-go, o Assistente Social, o Pedagogo e o So-cilogo.

    Entendemos que cada uma dessas causas determinantes do acidente do traba-lho deve ser tratada ou analisada pelo cor-respondente tcnico.

    c) No planejamento das atividades da FUNDACENTRO, em termos nacionais, tm de ser considerados os mais variados fatores sociais, econmicos, culturais, polti-cos, geogrficos etc. E tais fatores, de ordi-nrio, tm de ser apreciados na perspectiva de um pas de medidas continentais como o nosso.

    evidente que um engenheiro ou um mdico no receberam, nas faculdades em que estudaram, treinamento que lhes per-mita levar a cabo tal tarefa.

    Esse treinamento tem de ser minis-trado na prpria entidade.

    Nos ltimos tempos, de maneira in-formal mas continuada, temos criado con-dies para que os titulares das vrias che-fias adquiram experincia em elaborar pro-jetos tendo, como campo de ao, vrios Estados da Federao e envolvendo cente-nas de milhares de pessoas.

    Os frutos desse treinamento esto vista e deixam-nos tranqilo quanto capa-cidade desses tcnicos de usarem, ampla-mente, os recursos da Fundao que, como j deixamos transparecer h pouco, sero volumosos dentro de dois anos.

    Sobre os ombros desses especialistas cair todo o peso de uma FUNDACENTRO representada por cerca de uma dezena de Centros Regionais e igual nmero de labo-ratrios, servindo de base de operaes a cerca de 1.000 profissionais da melhor for-mao universitria.

    d) Os projetados estudos e pesquisas, em nossos laboratrios e no interior das empresas, s alcanaro seus mais relevan-tes fins se, concomitantemente, tiverem o apoio de programas educativos capazes de prevenir atos inseguros.

    Esta a razo por que demos sensvel desenvolvimento ao setor de educao da entidade.

    e) Os problemas individuais e coleti-vos que se entrelaam na raiz da infortuns-tica, por seu nmero e dimenses sociais, jamais podero ser tratados exclusivamente pela FUNDACENTRO.

    Estabelecida essa premissa, todo o corpo tcnico da entidade entregou-se ao planejamento de atividades para serem de-senvolvidas por terceiros, pessoas fsicas ou jurdicas da prpria comunidade (dirigentes sindicais, diretores de estabelecimentos de ensino, proprietrios de empresas etc.), de-pois de submetidos a treinamento especial que lhes desse a condio de agentes mul-tiplicadores.

    Vamos dar um nico exemplo desse mtodo de trabalho.

    A FUNDACENTRO treinou um grupo de sargentos especialistas da Escola de Es-pecialistas da Aeronutica de Guaratinguet e ofereceu-lhes adequado material didtico. Esse grupo, depois, passou a transmitir seus conhecimentos a outros sargentos. Formou-se, assim, uma bola de neve que est rolando por vrios pontos do pas.

    f) A indstria grfica nacional, por mo-tivos no muito conhecidos, jamais deu par-ticular ateno s obras e revistas dedica-das preveno de acidentes.

    Em conseqncia, a FUNDACENTRO encontrava, at dois ou trs anos atrs, srias dificuldades para levar informaes ou ensinamentos a uma clientela dissemi-nada por milhares de municpios.

    Viu-se compelida a montar modesto parque grfico que, na atualidade, lhe per-mite entregar no mercado, a preo de cus-to, milhares e milhares de livros, opsculos e revistas.

    indubitvel que esse apoio grfico s linhas programticas mais gerais da FUNDACENTRO tem importncia das maiores.

    5. Julgamos acertado pr em relevo a cir-cunstncia de que a FUNDACENTRO, an-tes de entregar-se pesquisa pura, desvin-culada da realidade social e econmica, tem de percorrer o longo caminho de iden-tificao dos problemas e das deficincias das empresas brasileiras e de certos seto-res econmicos e profissionais, para achar solues exequveis neste momento.

    Para ilustrar esta norma de conduta da entidade, vamos dar trs exemplos.

    A) Nos vrios sculos de navegao martima e de atividades porturias, nunca se cuidou da possibilidade de, em nosso pas, programar-se, de forma institucionali-zada, a proteo dos milhares de homens que, no litoral ptrio, realizam as operaes de movimentao de cargas destinadas tanto exportao quanto importao. Torna-se o fato mais estranhvel se atentar-mos para o ndice de acidentes que, nessa rea profissional, um dos mais elevados (no ano de 1 980 deve ter sido da ordem de 60% o ndice de acidentes do trabalho nos portos).

    A FUNDACENTRO tomou a iniciativa, depois de assegurar-se do apoio do Minis-tro do Trabalho, de promover pesquisas no cais de Santos, o maior da Amrica Latina, por tonelagem embarcada e descarregada. J nesta fase, ficou bem patente a viabilida-de da implantao .de um sistema de prote-o dos trabalhadores porturios (estivado-res, conferentes,arrumadores, vigias etc).

    Em seguida, a pesquisa ampliou-se para abranger os portos de Recife, Rio de Janeiro e Rio Grande.

    Hoje, sempre com a ajuda financeira do Ministrio do Trabalho, vai desenvolver-se nova experincia em Santos, para de-monstrar a utilidade de uma equipe multi-profissional de especialistas da rea de sa-de ocupacional, quando em atuao numa linha auxiliar da fiscalizao a cargo da De-legacia do Trabalho Martimo.

    Tudo faz crer que, em futuro prximo, o trabalhador porturio e avulso conte com proteo permanente quanto aos riscos profissionais.

    B) O segundo exemplo o da agro-pecuria nacional.

    Este segmento da economia ptria ja-mais obteve, dos nossos homens pblicos, o mesmo tratamento dispensado ao traba-lhador urbano, no que tange segurana e medicina do trabalho.

    Basta dizer que no existe um nico ato administrativo da rea trabalhista esta-belecendo normas capazes de proteger o rurcola contra os riscos inerentes s ativi-dades que desenvolve.

    A FUNDACENTRO realizou, em todo o pas, pesquisas e estudos sobre o traba-lho rural e concluiu que urgia a adoo de providncias visando proteo da sade e da vida dos trabalhadores rurais.

    Quando, em meados de 1976, foi substitudo o quadro diretivo desta Funda-o, havia j sido concludo um levanta-mento das condies scio-econmicas e culturais da agropecuria em nosso pas. Todavia, ainda no se fizera, sequer, um es-boo do plano de trabalho na rea em questo.

    Examinando todos os dados coligi-dos, foram feitas, desde logo, algumas ob-servaes significativas que, de certo modo, acabaram por influenciar o processo elabo rativo do programa que hoje se cumpre, praticamente, em todas as Unidades da Fe-derao. Sumariando essas observaes, h que ressaltar o fato de que os trabalha-dores rurais brasileiros estavam em posio de flagrante inferioridade, em face do traba-lhador urbano, no que tange proteo nao apenas da sua sade e. da sua vida, mas tambm de muitos aspectos do seu contra-to de trabalho.

    uma verdade cedia, nos campos da Sociologia e da Psicologia, que os rur-colas, devido s peculiaridades do meio em que vivem, no logram constituir poderosos grupos de presso que, com relativa facili-dade, induzem, muitas vezes, os homens pblicos de uma nao a determinar pro-vidncias que sejam benficas s, popu-laes do "hinterland". Um grupo de pres-so, como sabido, aumenta muito sua agressividade e sua eficincia na conquista de suas pretenses, quando todos os seus membros, devido identidade de con-dies de vida ou de aspiraes, do ineg-vel coeso ao grupo. Ocioso dizer que o grupo, confinado em pequeno espao fsi-co, enseja contatos numa freqncia que d ao grupai uma fora que, a rigor, a ningum dado desconhecer. Ora, se a de-bilidade dos grupos de trabalhadores rurais observvel em pases cujo .territrio , muitas vezes, menor do que o nosso, que dizer dos milhes de trabalhadores patrcios dedicados s fainas agrcolas ou s ativida-des da pecuria, num territrio imenso eom uma superfcie superior a oito milhes e meio de quilmetros quadrados?

    No h dvida de que outros motivos poderiam ser invocados para explicar o tra-tamento diferenciado que o poder pblico

  • dispensou, durante longos anos, aos que trabalham na cidade e aos que trabalham nos campos. Mas, est acima e fora de qualquer discusso, que um dos principais fatores responsveis por esse fenmeno a pulverizao dos trabalhadores rurais em nosso gigantesco territrio.

    Verdade das mais conhecidas, entre aqueles que se dedicam ao estudo das cau-sas do infortnio do trabalho, a de que o trabalho urbano apresenta diferenas pro-fundas quando comparado com o rural. 0 primeiro cumpre-se de ordinrio em es-pao fsico reduzido e consiste em repeti-o quase sempre montona das mesmas operaes, o que facilita bastante o treina-mento do assalariado e a implantao de prticas prevencionistas; o empregado, quase sempre, est perto do seu superior imediato que pode impedir o ato inseguro, a tempo e a hora. O segundo, o trabalho ru-ral, realizado em extensas reas e sob a forma de operaes que variam enorme-mente ao influxo dos mais variados fatores (natureza da cultura, fisionomia do terreno, estao climtica, ferramentas manuais etc.); o trabalhador, no local em que se en-trega a sua tarefa, est muitas vezes longe do capataz e mesmo de seus companhei-ros de profisso, o que dificulta sobrema-neira o ensino, no ambiente de trabalho, de gestos e posturas corretos.

    Ningum discute que o ato inseguro, de responsabilidade, portanto, do emprega-do, boa parcela de toda a causalidade da infortunstica, quer na cidade quer no cam-po. No vacilamos, porm, em afirmar que,

    neste ltimo, o ato inseguro cresce de im-portncia, o que como irresistvel coro-lrio evidencia a relevncia do treinamen-to do trabalhador rural.

    H algum tempo, ficou assentado que a FUNDACENTRO receberia, prelimi-narmente, recursos financeiros para cons-cientizar as populaes rurais sobre a im-portncia do problema. Depois disso, o po-der pblico planejaria o treinamento em massa de supervisores de segurana, enge-nheiros de segurana e mdicos do traba-lho rural para, finalmente, baixar uma Porta-ria com disposies sobre to complexa quo relevante matria.

    Esta uma das razes por que, em nosso programa, a educao do trabalha-dor se destaca sobremaneira.

    Esta, tambm, a razo por que so os mais variados os agentes incumbidos do treinamento em tela: dirigentes sindicais, professores de escolas sediadas no campo, engenheiros agrnomos, capatazes, admi-nistradores e, mesmo, proprietrios rurais. Quanto a estes, fizemos uma experincia, no Estado de Minas Gerais, com resultados simplesmente espetaculares. Submetidos a um rpido e intensivo treinamento, todos eles revelaram grande entusiasmo pelo pa-pel de se tornarem professores de seus prprios trabalhadores. Tcnicas de ensino adequadas tambm lhes foram transmiti-das. No s aprenderam o que lhes cabia fazer como donos da explorao agrcola, como tambm aprenderam a ensinar.

    Norteada por esses princpios, a enti-dade procurou envolver, alm dos dirigen-

    tes sindicais, trabalhadores e proprietrios rurais, agentes da administrao direta e in-direta da Unio e dos Estados, sacerdotes e membros do laicato. Enfim, uma extensa gama de grupos sociais capazes de receber apoio e prosseguirem na execuo dos pro-gramas e subprogramas de incontestvel utilidade consecuo dos objetivos pro-postos.

    Uma das caractersticas do trabalho rural, por sinal negativa, sob o prisma so-cial, a de no acarretar demorada per-manncia num mesmo local, da maioria dos que vivem dessa atividade.

    No se trata de fato peculiar ao Bra-sil, mas prpria atividade, em qualquer parte do mundo. A agricultura, em particu-lar, obedece a ciclos que exigem maior ou menor contingente de mo-de-obra; o que no possvel querer compar-la com um estabelecimento fabril em que a quantidade de trabalhadores no sofre qualquer in-fluncia (pelo menos de forma bsica) das estaes do ano. Temos, a, talvez, a princi-pal causa da mobilidade horizontal da mo-de-obra campesina.

    Para agravar esse fenmeno, manifestou-se em nosso pas, h cerca de duas dcadas, a tendncia entre os pro-prietrios e administradores rurais de dar preferncia ao trabalhador autnomo (sic) ou volante, mais conhecido por "bia-fria".

    o homem recrutado no povoado e conduzido s propriedades situadas nas ad-jacncias, para nelas trabalhar e, ao final da jornada, receber o salrio correspondente; no dia imediato, poder voltar a trabalhar na mesma propriedade, mas o que ocorre com maior freqncia a constante mu-dana de locais de trabalho.

    Estudos idneos feitos para identificar as causas do fenmeno concluem, de modo geral, afirmando que ele fruto: a) do interesse do trabalhador em morar na vila ou povoado, onde a vida no lhe sabe inspida; b) da inexistncia de reas dispon-veis, na propriedade agrcola, que sirvam para a resistncia do trabalhador, pois, mais rendoso explorar todo o terreno; e c) da convenincia do administrador da pro-priedade em no estabelecer um vnculo empregatcio que traz, na sua esteira, uma srie de encargos financeiros.

    De qualquer modo, o trabalhador vo-lante vive saltitando de uma para outra fa-zenda, sem se demorar mais de um ou dois dias em cada uma delas. um marginal do mundo do trabalho e, de uma certa manei-ra, do mundo do direito.

    No nos afastamos da realidade ao estimar a participao do "bia-fria" no mercado de trabalho rural em mais de 40%.

    Temos, aqui, mais um motivo por que o programa da FUNDACENTRO se concre-tize sob a forma de tentculos que vo atin-gir todos os locais em que o "volante" pode ser encontrado; no grupo familiar, na Igreja, no Sindicato, na escola freqentada pelos filhos, na propriedade rural etc.

    As estatsticas mostram que, at 1970, o quadro da nossa sociedade rural ostentava, pungentemente, todos os traos caractersticos do subdesenvolvimento

  • econmico: baixo grau de mecanizao; elevado ndice de analfabetismo; estrutura sindical das mais tnues; marginalizao de largas faixas das populaes rurais.

    Em 1976, quando foi alterada a dire-o da FUNDACENTRO, o Brasil, por merc de Deus, j apresentava sinais alta-mente promissores, de uma nao disposta a vencer todos os obstculos para livrar-se das chagas e mazelas do desenvolvimento econmico insuficiente.

    Assim que, j ento, o consumo de fertilizantes e de defensivos agrcolas se ele-vara de forma considervel; o nmero de tratores vinha aumentando acentuadamen-te, desde 1970, merc do admirvel desen-volvimento da indstria de veculos e equi-pamentos agrcolas; o nmero de analfabe-tos vinha diminuindo, a olhos vistos, e a rentabilidade das nossas terras registrava progressos dos mais acelerados.

    Diante de um quadro que, sob o pris-ma econmico e tecnolgico, se modificava com vertiginosa rapidez, a FUNDACENTRO no podia adiar a sua entrada no setor da agropecuria, para reforar as defesas da sade e da vida do trabalhador rural.

    Nesse instante, constatou-se que a entidade no dispunha de todos os recur-sos financeiros e humanos para, a curto prazo, implantar um programa de di-menses e alcance proporcionais magni-tude do problema que, como um desafio, se apresentava diante dos nossos olhos.

    Depois de detidamente estudadas as reais possibilidades da FUNDACENTRO, fo-ram apresentadas ao titular do Ministrio do Trabalho as linhas bsicas de um projeto que deveria desdobrar-se em trs etapas.

    A primeira etapa era reservada conscientizao da populao rural mais de 30 milhes de pessoas - sobre a impor-tncia da preveno dos acidentes do tra-balho naquele setor.

    Nessa primeira etapa, os quadros tcnicos da FUNDACENTRO formaram centenas e centenas de agentes multiplica-dores. "A grfica da entidade imprimiu milhes de cartilhas e manuais, para uma clientela de todas as faixas etrias (dos 10 aos 70 anos) e de todos os nveis culturais, desde o primrio at a extenso universi-tria. Essa primeira etapa j est vencida, e o Ministrio do Trabalho e a FUNDACEN-TRO sentem-se grandemente satisfeitos com os resultados j colhidos.

    Admirvel mobilizao de todas as foras sociais levou-se a cabo: escolas pri-mrias isoladas, sindicatos rurais, estabele-cimentos de nveis mdio e universitrio, Mobral, EMATER etc. O material didtico confeccionado pela FUNDACENTRO (com recursos financeiros provenientes do Mi-nistrio do Trabalho) foi distribudo farta-mente em todo o territrio nacional. At 31 de dezembro de 1980, o setor agrope-curio recebeu 2.295.562 exemplares.

    A segunda etapa j se acha em fran-co desenvolvimento. Realizao de pesqui-sas e incio de treinamento, em tcnicas prevencionistas, daqueles que, devido s suas funes na comunidade, tm facilida-de em contactar trabalhadores e proprie-trios rurais e, conseqentemente, esto

    em condies de agirem como eficazes agentes multiplicadores.

    Avizinhamo-nos da terceira e ltima etapa do programa. a intensificao do treinamento, dando-lhe maior alcance, para formar tcnicos em sade ocupacional. nos nveis mdio e superior (supervisores de se-gurana, mdicos do trabalho e engenheiros de segurana).

    O Sr. Ministro do Trabalho, Dr. Mu rillo Macdo, j nos autorizou a preparar o projeto de Portaria que levar ao campo as disposies legais sobre segurana e medi-cina do trabalho, consoante o art. 13 da Lei no 5.889, de junho de 1973. gratificante podermos dizer que, em futuro prximo, o trabalhador rural receber toda a assistn-cia que merece, na proteo contra os ris-cos ocupacionais.

    O projeto que acabamos de apresen-tar, em seus aspectos mais gerais, evoluiu segura mas cautelosamente, no s porque as condies econmico-sociais e, mesmo, geogrficas, no permitem imprimir ritmo mais veloz aos nossos trabalhos, como tambm, fatores outros, de indisfarvel matiz poltico, nos recomendam a conduta que vem sendo seguida: a histria poltica e social ensina a promover sempre, com pru-dncia, mudanas no mundo rural.

    Esse projeto se inspirou em dois prin-cpios fundamentais: o primeiro o de que entidade como a FUNDACENTRO no deve ter a pretenso de realizar, sozinha, programa de proteo do trabalhador rural, mesmo porque, pelas razes j expostas, isso materialmente impossvel; o segundo princpio, que deve estar na raiz de todo e qualquer plano de poltica social, o de que o poder pblico e seus agentes no devem dirigir-se s vrias classes numa atitude pa-ternalista, que desestimula a iniciativa pes-soal e que esteriliza as lideranas nascen-tes, as quais so de uma importncia pri-mordial, para o desenvolvimento social, dentro dos quadros democrticos.

    C) O terceiro e ltimo exemplo diz respeito ao Equipamento de Proteo Indi-vidual (EPI).

    Como se sabe, esse equipamento s comercializado depois de obter a compe-tente licena do Ministrio do Trabalho, oportunidade em que se exibe um laudo emitido por Instituto especializado, provan-do ser o referido equipamento capaz de sa-tisfazer as finalidades a que se destina.

    Todavia, aps o licenciamento do pro-duto, nunca se fez qualquer diligncia para averiguar-se se ele continuava a ser fabrica-do em obedincia s especificaes cons-tantes do laudo entregue autoridade do Ministrio do Trabalho.

    Em testes isolados, constatou a FUN-DACENTRO que muitos EPIs j no ofere-ciam a seus usurios a desejada proteo dos olhos, mos ou ps.

    Da, a proposta feita ao Ministrio do Trabalho para que carreasse recursos FUNDACENTRO, em quantidade suficiente montagem de vrios laboratrios de en-saios e testes em So Paulo, Rio de Janei-ro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre.

    O Sr. Ministro do Trabalho acolheu nossa proposta, e j em 1980 muitos EPIs

    foram testados em nossos laboratrios e, lamentavelmente, alguns deles no davam ao trabalhador a imaginada proteo. Nes-se rol, prevaleceram os testes em luvas de borracha, prprias para tenses eltricas.

    J demos incio aos estudos prelimi-nares que nos levem etapa final do Proje-to EPI: criao de tecnologia brasileira em elaborao de EPI. Nosso clima tropical exi-ge a adaptao de vrios equipamentos, notadamente de luvas, mscaras e ma-caces.

    O Sr. Ministro do Trabalho j nos as-segurou, de antemo, todo o seu apoio a esse empreendimento, por sinal dos mais complexos, embora de indiscutvel significa-o para a real proteo do empregado. 6. claro que projetos to ambiciosos, cobrindo um territrio que mais se asseme-lha a um continente, no s por suas di-menses, mas tambm pela diversidade de condies scio-culturais de suas vrias re-gies, no poderiam ter, como base de sus-tentao, a capital paulista, onde se encon-tra a Sede da FUNDACENTRO. Esta - a um s tempo o centro de planejamento e superviso global das atividades ligadas aos projetos e, tambm, rgo executor para o Estado de So Paulo, cuja agricultura, in-dstria e comrcio so dos mais avanados do pas. Os demais centros de execuo dos diversos programas da Fundao so as Unidades Regionais, localizadas em Re-cife (Estado de Pernambuco); Vitria (Esta-do do Esprito Santo); Rio de Janeiro (Esta-do de igual nome); Curitiba (Estado do Pa-ran); Belo Horizonte (Estado de Minas Ge-rais), Braslia (Distrito Federal); Florianpo-lis (Estado de Santa Catarina); e Porto Ale-gre (Estado do Rio Grande do Sul). No fa-lando de Salvador (Estado da Bahia), rcem-criada, e Belm (Estado do Par), com terreno j adquirido e que dever ini-ciar suas atividades em futuro bem prxi-mo, abrangendo vrios Estados do Norte do pas.

    Nessas capitais estaduais, h equipes multidisciplinares (mdicos do trabalho, en-genheiros de segurana, supervisores de segurana, psiclogos e pedagogos) que realizam sua parte nos programas de treina-mento, pesquisas e acompanhamento de atividades. Alm disso, cada uma das su-pracitadas Unidades tem condies de exercer ao irradiadora e abrangente nos Estados vizinhos. 7. Eis, em resumo, os projetos e progra-mas que o Ministrio do Trabalho, por in-termdio da FUNDACENTRO, vem cum-prindo com zelo e grande empenho em todo o territrio nacional.

    Ao concluir, queremos destacar o apoio que o Doutor Murillo Macedo, Dig-nssimo Ministro de Estado do Trabalho, vem dando, no s s atividades desenvol-vidas no setor rural, mas tambm quelas que procuram beneficiar os milhes de tra-balhadores que movimentam os estabeleci-mentos fabris do Brasil. No incorremos em exagero ao afirmar que, neste instante, a FUNDACENTRO, por determinao do Ministrio do Trabalho, a entidade que vem atuando de maneira mais sistemtica no campo da infortunstica laboral, no Brasil.

  • Controle e Preveno m

    do Saturnismo (*)

    WALTER DOS REIS CAIXETA BRAGA Mdico do Trabalho

    Foram estudados 266 trabalhadores do Setor de Patenteamento da Diviso de Trefilaria da Cia. Siderrgica Belgo Mineira, no perodo de 1970 a 1980,

    encontrando-se 90 casos de saturnismo, desde manifestaes iniciais de intoxicao at formas avanadas. O autor enfatiza a importncia das medidas preventivas, da Engenharia Industrial,

    as quais se fundamentam na reduo do arrastamento de chumbo pelo arame patenteado e na eliminao da poeira ao nvel dos enroladores.

    Valoriza as manifestaes clnicas para o diagnstico da intoxicao pelo chumbo e recorre a exames complementares como a determinao da CP-U e ALA-U, alm do hemograma

    completo, com contagem dos reticulcitos e pesquisa de granulaes basfilas nas hematas, e bioqumica de sangue. Comenta a reduo dos casos de saturnismo na Trefilara, nos ltimos cinco anos,

    e coloca a Medicina do Trabalho como complemento importante na preveno ~ da intoxicao industrial pelo chumbo.

    1 . INTRODUO A intoxicao pelo chumbo, entidade

    clnica conhecida pelo nome de saturnismo, continua a ocorrer na indsria, onde esse metal, pela sua maleabilidade e baixo ponto de fuso, tem as mais variadas aplicaes. Entre estas, encontra-se o patenteamento

    de arames, ou seja, o sistema pelo qual um laminado aquecido em torno de 900oC e, em seguida resfriado em banho de chum-Do, entre 450 a 550oC.

    A finalidade deste processamento a transformao do arame numa estrutura mais homognea e resistente, preparando-o para a trefilao.

    Alguns autores j se ocuparam do problema da intoxicao pelo chumbo na rea de patenteamento; Komura19. por exemplo, chama a ateno para o risco da exposio no local do tanque de chumbo e recomenda o uso de aspiradores ou coifas; j Steininqer31 alm de sugerir a proteo

    do tanque de chumbo, enfatiza a importn-cia do controle da poeira na rea de paten-teamento.

    Na Diviso de Trefilara da Compa-nhia Siderrgica Belgo-Mineira, dispomos de um sistema de patenteamento de arame ao chumbo, constitudo por seis insta-laes.

    A Figura 1 mostra o esquema de uma dessas instalaes, por volta de 1 970.

    O nosso objetivo, como o presente trabalho, discutir os meios de controle e preveno do saturismo no Setor de Paten-teamento, bem como alguns aspectos clni-cos dos nossos casos.

    *Trabalho premiado com o 1o lugar no II Con-gresso da Associao Nacional de Medicina do. Trabalho (ANAMT), Belo Horizonte, 1981.

  • 2. MATERIAL E MTODOS Foram submetidos s revises mdi-

    cas, 1 a 32 vezes por ano, 266 emprega-dos que, no perodo de 1970 a 1980, tra-balharam no Setor de Patenteamento. To-dos homens sendo, a mdia de idade, por ocasio do primeiro exame de reviso de cada um, de 24,6 anos;e a mdia de per-manncia no setor de 33,9 meses.

    A cada ano, partindo-se de 1970, fo-ram examinados, respectivamente, 49, 59, 72, 99, 95, 82, 84, 83, 78, 82 e 85 traba-lhadores do setor.

    As revises incluiam, desde o incio de nossas observaes, o exame fsico

    completo e os seguintes exames comple-mentares:

    determinao semiquantitativa da co-proporfirina III na urina (CP-U), segundo a tcnica de Ribeiro e Stettiner27; o hemograma completo com a determi-nao dos ndices hematimtricos, a contagem dos reticulcitos e a pesquisa das granulaes basfilas nas hema-tas; bioqumica de sangue para dosagem de uria, creatinina e cido rico; exame de urina para verificao dos ca-racteres gerais, elementos anormais e sedimento; exame parasitolgico de fezes.

    A partir de 1 975, passamos a contar com os recursos da dosagem do cido del ta-aminolevulnico na urina (ALA-U), segun-

    do a tcnica de Wada e Cols33, e com a dosagem quantitativa da coproporfirina uri-nria por Soulsby e Smith39-

    Finalmente, em 1979, incluimos, en-tre os nossos exames, a determinao da dehidratase do cido delta-ammolevulnico no sangue (ALA-D), pelo mtodo de Burch e Siegel10

    3. RESULTADOS A incidncia de saturnismo entre os

    266 trabalhadores observados em 10 anos foi de 33,8%, ou de 90 casos.

    No Quadro 1, destacamos a incidn-cia anual e geral da intoxicao pelo chum-

    bo, separando o que chamamos de satur-nismo inicial do quadro mais caracterizado, evidente e inquestionvel de saturnismo franco.

    No Quadro 2, relacionamos os sinais e sintomas mais freqenes de nossa casus-tica.

    No Quadro 3, encontra-se o compor-tamento da CP-U.

    Nos Quadros 4 e 5, respectivamente, os valores do ALA-U e ALA-D.

    No mostraremos aqui os resultados dos demais exames complementares reali-zados, pois ficaria muito extenso. Isto pode-r ser objeto de um trabalho parte.

  • 4. DISCUSSO

    4.1 MEDIDAS PREVENTIVAS A partir das revises mdicas espe-

    ciais de todo o pessoal do Setor de Paten-teamento, comeamos a verificar, logo nos primeiros anos, que a incidncia maior de intoxicao ocorria entre aqueles que traba-lhavam no final das instalaes, ao nvel dos enroladores, e no junto ao tanque de chumbo (ver figura 1)

    Na verdade, era nos enroladores que se formava mais poeira, rica em xido de chumbo, provocada pela quebra da cama-da externa do arame patenteado. Na super-fcie do arame, vinha uma boa parte do chumbo dos tanques de resfriamento.

    Assim, toda a nossa ateno, se vol-tou para o controle deste problema: reduzir a quantidade' de chumbo arrastada pelo arame e eliminar a poeira ao nvel dos enro-ladores.

    O assunto passou a ser estudado pela Engenharia Industrial e, a partir do final de 1 974, a maior das instalaes, a 1.505, estava modificada: instalou-se um dispositi-vo de umidificao constante do arame ao nvel dos enroladores. Acabou-se a poeira. Enquanto, pouco a pouco, se programava a extenso do processo s outras instalaes, passou-se a colocar carvo sobre os tan-ques de chumbo de todas elas31. A areia que ficava logo aps os tanques, formava

  • tneis e no retinha chumbo do arame, foi trocada por carvo vegetal.

    Seguiu-se a modificao da instala-o 1.503, do mesmo modo que a da 1.505, em 1977; a 1.502 foi modificada para o sistema de patenteamento e "deca-pagem contnua" e, desde 1978, no re-presentava mais qualquer problema (o arame sai, no final do processo, completa-mente sem chumbo). A 1.501 passou "decapagem contnua" em 1980.

    Para reduzir a formao de vapores, a perda de calor e o arrastamento de chumbo pelo arame, passou-se a usar, sobe o ba-nho de chumbo, a cal hidratada; o consu-mo de chumbo caiu de 12,5 kg/t de arame patenteado para 8,5 kg/t. Em 1 980 passou-se a usar, em lugar de cal hidratada, grafite, caindo o consumo de chumbo para 5,8 kg/t de arame patenteado12.

    4.2. CONTROLE MDICO Ao lado das medidas coletivas de pre-

    veno, a cargo da Engenharia Industrial, o controle mdico fazia-se atravs das re-vises especiais. Passamos a considerar como casos de saturnismo inicial aqueles que no apresentavam os sinais e sintomas clssicos, mas apenas alguns menos espe-cficos. Seria aquela fase do "perodo pr-patognico" de que falam Leave// e Clakd,20 j caminhando para as primeiras manifes-taes da doena. Em verdade, como diz Kehoe,18 nem sempre fcil o diagnstico diferencial entre os sinais de exposio ao chumbo e os de intoxicao inicial.

    Assim, esses casos so mantidos sob vigilncia maior e, sem sarem do setor, passam a trabalhar ao nvel dos desenrola dores, sem contato direto com o chumbo.

    Quanto aos casos francamente intoxi-cados, eram transferidos de setor e traba-lho, depois de recuperados. Por volta de 1970, tivemos 10 casos de hospitalizao com quadro de abdome agudo como mani-festao de saturnismo. Depois deles, ne-nhum outro semelhante. Na experincia do autor, a palidez da face foi o sinal mais fre-qente (100%), enquanto que o sinal de Burton no passou dos 14,4%. Predomina-ram ainda, a dor abdominal e sintomas

    inespecficos, havendo necessidade de maior ateno e recursos complementares para o diagnstico nas fases iniciais da into-xicao.

    No Quadro 1, podemos-verificar que a situao melhorou muito a partir de 1975. Esse fato ainda mais significativo quando consideramos que a intoxicao pelo chumbe, respeitadas as diferenas de tole-rncia individual, tenderia a aumentar de ano para ano, mesmo sob condies de baixa exposio ao metal. Quanto aos exa-mes complementares para diagnstico, te-mos boa experincia com a CP-U semi-quantitativa, como se v no Quadro 3, o que, alis, j foi relatado por vrios autores.14

    H 2 anos, deixamos de usar CP-U quantitativa porque esta mais dispendio-sa e no se mostrou superior semiquan-titative.6

    O ALA-U, desde que foi feito em 1975, no ultrapassou, em nenhum caso, os 20 mg/g de creatinina, nvel mximo de tolerncia 5. 14, 22. Mesmo entre 8 20 mg/g de creatinina, verificamos apenas 7,3% em 1975, 8.3% em 1976, 2,5% em 1978, e 4,8% em 1979.

    Quanto ao ALA-D, nossa experincia pequena (a partir de 1979), mas os nos-sos achados parecem ser confirmados pela literatura, pois a reduo da atividade de ALA-D, sendo muito sensvel e precoce, se-ria mais indicada para levantamentos epi-demiologicos ou como sinal de exposio ao chumbo do que propriamente de intoxicao4, 32 Os valores normais, segundo Burch e Siegel.10 situam-se entre 100 a 300 unidades.

    Quanto dosagem de chumbo no sangue, no a temos usado porque os mtodos bioqumicos so difceis e pouco seguros, e no temos o recurso da espec-trofotometria de absoro atmica. Por ou-tro lado, parece que o exame no acrescen-ta muito ao diagnstico de intoxicao,13 14,24,32,34

    A anemia, nos casos de saturnismo que observamos, quando presente, era dis-creta, hipocrmica e normoctica. Embora haja, na intoxicao pelo chumbo, a m uti-lizao do ferro pela medula ssea, a micro citose era excepcional. Em nenhum caso, a hemoglobina chegou abaixo de 10 g%. Com efeito, os nossos pacientes, embora plidos como j descrevemos, apresenta-vam as mucosas relativamente bem cora-das. Esse contraste, para ns, foi de grande valor diagnstico.

    A reticulocitose, nos casos mais avan-ados, chegava at a 7%.

    As granulaes basfilas nas hema-tias, por serem bastante inespecficas, eram inconstantes. Segundo Baloh,4 a presena dessas hematas no sangue perifrico de-penderia da atividade do sistema retculo-endotelial e, a qualquer momento, pode-riam ser seqestradas pelo bao.

    Os valores da uria e creatinina, sem-pre se situaram na faixa normal.

    Os nveis de cido rico no sangue (mtodo de Caraway), entretanto, chega-ram, em alguns casos, a 8 mg%. Apesar disso, no tivemos nenhum caso manifesto de gota.

  • O exame sumrio de urina raramente mostrava alteraes. Excetuando-se traos de hemoglobina ou de albumina, outros achados significavam a presena de patolo-gia associada.

    O exame parasitolgico de fezes, em-bora nada tenha a ver com a intoxicao pelo chumbo, merecia a nossa ateno; e m primeiro lugar, para descartarmos a possibi-lidade de necatorase, ao analisarmos uma anemia; em segundo lugar, dada a pre-valncia da parasitose intestinal em nosso meio, muitas das queixas inespecficas do saturnismo inicial poderiam ser mascara-das pelos sintomas da verminose, como muito bem lembra Mendes.22

    A respeito do tratamento dos nossos pacientes, aqueles 10 hospitalizados, aos quais j nos referimos, receberam hidrata o parenteral e g l u c o n a t o de clcio endo-venoso para alvio das clicas. Nenhum de-les recebeu agentes quelantes por conside-rarmos desnecessrio. Houve remisso do qudro em pouco tempo e o perodo de hos pitalizao no excedeu a uma semana, ex-ceto num caso.

    Eles, como dos demais portadores de saturnismo franco, aps transferidos de se-tor de trabalho, continuaram sob acompa-n h a m e n t o c l n i co e l a b o r a t o r i a l , e comprovou-se a recuperao completa em todos.

    Entre os exames, o que mais tempo demorava para retornar ao normal era a CP-U.

    Um dos nossos pacientes, 4 anos de-pois, sem sintomas e sem exposio ao chumbo, e tendo sido afastadas outras hipteses diagnsticas, ainda apresentava CP-U. Entretanto, h referncia a um caso de baixa de ALA-D no sangue, 17 anos aps cessada a exposio ao c h u m b o 1 3

    5. C O N C L U S E S Por meio de realizao do trabalho

    mencionado, podemos chegar s seguintes concluses:

    - O processo de patenteamento de arame ao chumbo pode determinr o apare-cimento de saturnismo entre o pessoal ex-posto.

    - A medidas mais eficazes de preven-o fundamentam-se nas de ordem coleti-va, a nvel de engenhar ia industr ia l , reduzindo-se ou eliminando-se o arrasta mento de chumbo pelo arame patenteado e evitaneto-se a formao de poeiras nas reas dos enroladores. Para tanto, usa-se grafite nos banhos de chumbo e procede-se umidif icao constante do arame nos en-roladores ao patenteamento com "decapa gem contnua".

    - O controle mdico freqente atento complementa as medidas acima descritas e possibilita acompanhar os resultados ou surpreender, em fase bem inicial, as mani-festaes de saturnismo.

    Saturnism: Control and Prevention

    It was realized a study on 2 6 6 wor kers pertaining to the Patention Sector of

    the Cia. Siderrgica Belgo Mineira Wiredra-w ing Division, f rom 1979 to 1980. They were found 9 0 saturnism cases, f rom initial manifestations of intoxication up to advan-ced forms of it.

    The author emphasizes the importan-ce of Industrial Engineering preventive mea-sures, which justify themselves, in the re-duction of the lead dragging by the paten-ted wire, and in the dust el imination in the roller. He also shows the value of medical manifestations to the diagnosis of lead into-xication, and recommends complementary examinations, like the CPU and ALA-U de-terminat ion, a complete hemogram wi th re-ticulocitis counting, basophil granulation re-search in the erythrocytes, and blood bio-chemistry.

    The author comments the reduction of saturnism cases in the Wiredrawing Divi-sion in the last five years, and places the Oc-cupational Medicine as an important com-plement for the prevention of lead industrial intoxication.

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  • FADIGA PSQUICA Resultados da aplicao de um mtodo

    alternativo para a identificao dos agentes etiolgicos ligados

    ao ambiente de trabalho *

    HUDSON DE ARAJO COUTO Mdico do Trabalho

    COLABORADORES: Iracema Faria Basile

    Maria Antonieta Mendes da Luz Fernando Eustquio Ferreira dos Santos

    A fadiga psquica aparece nos nossos dias como uma doena social ligada em parte ao ambiente de trabalho. Compromete o indivduo e o trabalho, com prejuzo

    para ambos. O diagnstico de casos pode ser feito pelo mdico do trabalho que, na maioria das vezes, identifica a inadaptao ou mesmo a insatisfao com o trabalho.

    O problema maior que se apresenta nos casos de diagnstico de fadiga psquica o julgamento da importncia de um determinado

    agente agressivo. Para uma avaliao geral na empresa, o trabalho interprofissional, principalmente do mdico do trabalho e do psiclogo industrial, assume propores relevantes.

    No presente estudo, apresenta-se uma alternativa de mtodo de identificao dos agentes etiolgicos da fadiga psiquica, principalmente aqueles ligados

    ao ambiente de trabalho, e os resultados da aplicao desse mtodo durante 18 meses na companhia Forjas Acesita. Os dados apresentam uma caracterstica

    importante, que o diagnstico implcito, ou seja, o leitor reconhecer no s o mtodo sugerido, como tambm tomar conhecimento dos problemas que afetam

    os recursos humanos da empresa no perodo citado. No final, conclui-se quanto aos aspectos de validade do mtodo e prope-se alteraes no sentido de aperfeio-lo.

    1. DISCUSSO FADIGA, sem considerar-se o sentido

    biolgico, a "diminuio reversvel da ca-pacidade de trabalho de um rgo ou organismo"2

    Nas situaes comuns da vida, distinguem-se trs tipos de fadiga :

    FADIGA SIMPLES ou cansao fsico mental - a diminuio reversvel da capa-cidade de o indivduo continuar a exercer sua atividade, por uso excessivo dos neur-nios, particularmente os ligados ateno e viglia;5

    FADIGA FSICA - a diminuio reversvel da capacidade de execuo de uma determinada tarefa, principalmente em decorrncia de um aporte insuficiente de oxignio para os tecidos em atividades;

    FADIGA PSQUICA - a diminuio re-versvel da capacidade de trabalho, decor-rente basicamente de um desajustamento importante a uma realidade.

    A FADIGA PSQUICA, pelo conceito apresentado, situa o homem como um ser que pensa e que tem sentimentos. Tendo sentimentos e vivendo numa realidade que nem sempre satisfaz s suas aspiraes, ele pode desenvolver uma insatisfao quanto realidade.

    Portanto, a fadiga psquica tambm uma doena mental. Apresenta-se sob a forma de neurose de ansiedade, neurose de angstia, neurose depressiva, queixas sub-jetivas e doenas psicossomticas, ocasio-nando prejuzos para o indivduo, para a or-ganizao e para a sociedade.

    Se em pocas recentes o mdico do trabalho pouco ou nada tinha a ver com es-

    ses casos, nos nossos dias, indubitvel a alta incidncia de manifestaes desse tipo entre trabalhadores. Algumas evidncias desta afirmao so dadas por: - Makaron,9 que encontra as neuroses como o grupo de doenas mais freqentes entre funcionrios de empresa de teleco-municaes encaminhados Previdncia Social por doena; no mesmo trabalho, as neuroses apresentam-se como a terceira causa de doenas que originam pagamento de benefcio pela Previdncia Social no Es-tado de So Paulo, em 1977 ; - Esposito,3 que encontra as queixas psquicas ocupando o segundo lugar em freqncia, em ambulatrios mdicos de empresas.

    Atualmente, os indivduos vivem pelo menos 8 horas no ambiente de trabalho. E o ambiente de trabalho, como qualquer ou-tro ambiente social, apresenta fenmenos que, para o indivduo predisposto, podem ser sentidos como agresses. Falaremos, ento, daqui para a frente, da FADIGA PSQUICA NO TRABALHO, pois o ambien-te de trabalho , pelo menos em parte, a fonte de agentes agressivos de natureza psquica.

    2. FADIGA PSQUICA NO TRABALHO A Fadiga psquica considerada,

    atualmente, como mais importante que a fadiga fsica no ambiente de trabalho, por-que?

    enquanto a possibilidade de fadiga fsica acontece em cerca de 17% dos trabalhos em geral, praticamente 100% dos trabalha-dores esto expostos fadiga psquica10 A possibilidade de ocorrncia de fadiga fsica tende a diminuir mais ainda medida que as indstrias comeam a substituir o ho-mem pela mquina na execuo de ativida-des fsica pesada ;

    enquanto os prejuzos ocasionados pela fadiga fsica so mais de natureza indivi-dual, a fadiga psquica causa prejuzos para os indivduos e para as organizaes. 2.1 Os prejuzos da fadiga psquica para as organizaes

    Rode-se abordar este tema, analisan-do os possveis prejuzos para as organi-zaes decorrentes da insatisfao no tra-balho:

    diminuio da eficincia do trabalhador -a reviso feita por Vroom (citado por Chapanis1 mostra que h pouca ou pratica-mente nenhuma relao entre satisfao e esforo no trabalho. Por outro lado, o con-trrio verdadeiro. A observao pessoal tem-nos mostrado que indivduos insatisfei-tos, particularmente os mais qualificados, executam mal o trabalho, gastando mais tempo, com menos preciso, desperdcio de material e desperdcio do tempo de fun-cionamento das mquinas;

    aumento da incidncia de doenas no trabalhador - pela nossa observao, existe no apenas o aumento da incidncia de doenas (lcera, gastrite, dores mal defini-das), como tambm a interpretao de gra-vidade relativa quanto a doenas simples (gripes, resfriados, infeces de vias respi-ratrias superiores) ;

    absentismo elevado, principalmente por doenas - aqui tambm se aplica a observa-o de Vroom. Nem todo absentismo eleva-do quer dizer insatisfao, j que o proble

    * Trabalho premiado com o 2o lugar no II Congresso da Associao Nacional de Me-dicina do Trabalho (ANAMT), Belo Horizon-te, 1981.

  • ma mais complexo, mas indivduos insa-tisfeitos tm tendncia a faltar mais, o que no significa que indivduos satisfeitos fal-tem menos que a mdia; O aumento da renovao de mo-de-obra -os estudos de Vroom1 indicam essa realidade. No nosso meio, talvez em funo do mercado de trabalho, s temos tido oportunidade de observar tal fato em casos de extrema insatisfao; acidentes do trabalho - os estudos de Vroom1 no conseguiram relacionar aci-dentes do trabalho com indivduos insatis-feitos; caracterstica "contagiosa" - temos ob-servado o aparecimento de fadiga psquica entre funcionrios de uma mesma rea ou subordinados ao mesmo supervisor.

    2.2 Os prejuzos da fadiga psquica para o trabalhador

    Deve-se entender que o trabalhador portador de fadiga psquica antes de tudo um doente, no sentido mais amplo da pala-vra. O diagnstico pode ser dado quando o trabalhador procurar o mdico e lhe relatar a sua sintomatologia, cujos pontos princi-pais so os seguintes:

    cefalia, que na nossa observao a queixa mais comum. Trata-se de uma ce-falia mal definida, mas que guarda ntida relao com o trabalho; segundo Esposito,3 a cefalia a queixa que mais freqente-mente acompanha outros sintomas, embo-ra como queixa isolada no seja muito co-mum; doenas psicossomticas, que segundo Esposito3 so as queixas psquicas mais fre-qentes, particularmente epigastralgias, co-lites e crises hipertensivas; distonia neuro-vegetativa, especialmente hiperexcitabilidade generalizada, exausto fcil, sudorese, vertigens e diarria; adinamia, muitas vezes correlacionada com dificuldade de concentrao e diminui-o ntida da eficincia no trabalho; alterao do sono, ocorrendo geral-mente insnia pela madrugada; manifestaes de neurose de ansiedade; manifestaes de neurose depressiva.

    Cabe ainda assinalar que este quadro no alterado por descanso e frias, o que um diferena muito importante em rela-o fadiga fsica, que melhorada pelo repouso.

    No encontro desta sintomatologia, o mdico do trabalho pode dar o diagnstico de fadiga psquica e deve pesquisar quais so os agentes etiolgicos do quadro e in-vestigar de modo mais profundo qual fator est ocasionando a insatisfao no traba-lho.

    3. ETIOLOGIA DA FADIGA PSQUICA Segundo McLean,8 a fadiga psquica

    ocorre quando se superpem FATORES DE CONTEXTO, VULNERABILIDADE e AGEN-TES AGRESSIVOS NO TRABALHO.

    So os fatores de contexto mais co-muns na etiologa da fadiga psquica:

    baixo padro de vida; problemas de alimentao; problemas de habitao; problemas de vesturio;

    problemas de transporte; assistncia mdica deficiente para si ou

    para a famlia; assistncia social deficiente; desajustamentos familiares e sociais.

    Nos nossos dias, outros trs fatores de contexto se configuram, criando um ter-reno frtil para o aparecimento de fadiga psquica:

    altos ndices de inflao; mercado de trabalho restrito; leis salariais que colocam o indivduo de

    alto nvel em desvantagem. Em muitos casos difcil identificar-

    se precisamente os fatores de contexto, mas, como se pode perceber, a atuao da empresa limitada no sentido de elimin-los.

    Nas organizaes, observa-se que, diante da mesma ocorrncia, alguns indiv-duos interpretem-na como agressiva, en-quanto outros no. Ou seja, um aconteci-mento qualquer na empresa pode ser um agente agressivo para um determinado in-divduo e no s-lo para outro. Verifica-se, ento, que existe uma VULNERABILIDADE em alguns indivduos que outros no apre-sentam.

    Entre os fatores de vulnerabilidade mais comuns, podemos citar: alcoolismo e dependncia a drogas; indivduos jovens; indivduos de nvel intelectual mais alto; indivduos portadores de insegurana la-tente ; indivduos com entusiasmo excessivo; indivduos com tendncia distonia neuro-vegetativa.

    A proposio de se considerar os FA-TORES DE CONTEXTO e a VULNERABILI-DADE como predisponentes para a ocorrncia da fadiga psquica nos parece muito til e encontra apoio em alguns achados interessantes. Segundo Chapanis1 um grande nmero de trabalhos tm demonstrado relao positiva entre satisfao no trabalho e satisfao na vida de um modo geral. Essa relao pode-ria significar que:

    pessoas mais satisfeitas em suas vidas estariam mais predispostas a se sentirem satisfeitas no trabalho;

    a satisfao no trabalho pode predispor as pessoas a se sentirem mais satisfeitas em suas vidas;

    ambas as formas de satisfao so o re-sultado de um tipo de ajustamento do indi-vduo com o mundo em que vive.

    O ltimo raciocnio nos leva a deduzir um outro fator do contexto extremamente importante: o ritmo rapidssimo de mudan-as no mundo de hoje leva o homem, o qual se encontra muitas vezes preso a valo-res do passado, a tornar-se um desajustado (Toffler11). 3.1 Agentes agressivos mais comuns que contribuem para a etiologia da fadi-ga psquica

    Os agentes agressivos representam os fatores desencadeantes que, em presen-a de indivduos vulnerveis e com fatores de contexto presentes, vo levar fadiga psquica. Nas organizaes, o conhecimen-to desses fatores de mxima importncia,

    pois representa o ponto em que a equipe de sade ocupacional mais tem condies de atuar.

    Segundo Pupo Nogueira, 10 McLeans8 e nossa prpria experincia, devem ser des-tacados os seguintes agentes agressivos: chefia insegura; autoridade mal delegada; "bloqueio de carreira"; conflito entre chefias; trabalho montono; trabalho com alta concentrao mental. Sendo os trs agentes agressivos mais im-portantes:

    correlao inadequada entre capacida-de-responsabilidade e salrio;

    relaes humanas inadequadas, princi-palmente com a chefia;

    falta de motivao para o trabalho. A rigor, praticamente qualquer fen-

    meno mal conduzido por parte das chefias pode ser um agente agressivo. Ele desenca-deia, ou no, a fadiga psquica, se houve-rem, ou no, associados ao fenmeno um fator de contexto e um de vulnerabilidade 3.2 Mtodos para o diagnstico da fadi-ga psquica

    Fica clara a necessidade absoluta de a equipe de sade ocupacional estudar e dar o diagnstico da fadiga psquica e de suas causas na empresa, no s pelo que a preveno pode trazer de benfico para o trabalhador, mas tambm para a organiza-o.

    Consideramos que o diagnstico a partir de estudos de casos isolados no ofe-rece uma viso geral da empresa.

    Em 1978, propusemos um mtodo alternativo2 baseado na identificao de reas criticas atravs de indicadores de pes-soal (absentismo geral, absentismo por doena, "turnover", acidentes do trabalho e atendimento no ambulatrio mdico da empresa.

    Aps determinadas as reas crticas, a incidncia dos diversos agentes agressi-vos entre os indivduos satisfeitos e insatis-feitos seria feita atravs da coleta dos dados da entrevista de desligamento.

    O mtodo alternativo trouxe-nos na poca resultados satisfatrios. Em relato pessoal, Makaron confirmou-nos a validade relativa do mtodo, no que diz respeito identificao de reas crticas, principal-mente pela comparao dos ndices de ab-sentismo entre as diversas reas estudadas.

    A segunda parte do mtodo alternati-vo por ns proposto encontra dificuldades em ser usada nos dias de hoje, quando, com o mercado de trabalho limitado, a re-novao de mo-de-obra menor. 3.3 Um outro mtodo - a sistematizao do acompanhamento de pessoal

    O acompanhamento de pessoal co-meou a surgir nas organizaes inicial-mente pela preocupao do empresrio com os indivduos "problemticos".

    Seu uso de forma abrangente e orga-nizada relativamente recente em nosso meio. So poucas as empresas que o utili-zam, com poucas bibliografias especficas.

    Como referncias bibliogrficas, des-tacamos principalmente Holmes6 e Girsburg4 Segundo Holmes, uma pesquisa

  • sistematizada pode trazer os seguintes be-nefcios: identificao de causas provveis de problemas mensurveis, tais como altos n-veis de "turnover", absentismo crnico e di-minuio da produtividade; identificao de causas provveis de in-satisfao, tais como superviso inadequa-da, administrao de salrios inadequada, classificao inadequada dos trabalhos, treinamentos inadequados, problemas de relacionamento interpessoal e trabalho de-sinteressante; sugestes para o treinamento, melhoria na seleo de pessoal e tcnicas de orienta-o; sugestes para o desenvolvimento de tcnicas motivacionais, baseadas nas pre-ferncias e necessidades dos trabalhadores.

    Por outro lado, se no adequadamen-te conduzida, essa pesquisa pode: criar disseno; diminuir o ritmo de trabalho; gerar sintomas de parania em pro-pores epidmicas entre os trabalhadores.

    Holmes prope 6 cuidados funda-mentais que devem orientar o acompanha-mento: a direo da organizao deve conhecer perfeitamente o valor desse instrumento e quais so seus objetivos; deve-se solicitar sugestes das chefias envolvidas para o questionrio de entrevis-tas; deve-se garantir ao empregado a confi-dencialidade de suas informaes: sob este aspecto, interessante notar que o pessoal se sente mais vontade em colo-car seus pontos de vista para o pessoal da equipe de sade ocupacional (mdico e psiclogo), e que, como lembra Holmes, um grande nmero de empregados fica pelo menos agradecido pela oportunidade de expressar o que pensa do seu trabalho; as chefias devem conhecer os proble-mas que foram detectados em suas reas; empregado e chefia devem sentir o re-foro positivo do acompanhamento, ou se-ja, o instrumento "acompanhamento de pessoal" ser reforador medida que o empregado ver o que foi citado sendo alvo de atenes, enquanto a chefia perceber que, conforme promove melhorias no am-biente de trabalho, estas so evidenciadas pelo acompanhamento do pessoal de sua rea; deve-se gastar o mximo de tempo na preparao do roteiro de acompanhamen-to, de modo que, a todo instante, o profis-sional que ir aplic-lo se questione como se estivesse do outro lado, verificando se responderia aquela pergunta sem constran-gimento.

    Ginsburg prope a diviso do conte-do do questionrio de acompanhamento em 5 itens fundamentais: os objetivos da empresa; a organizao; as condies para o crescimento; o estilo de administrao; as comunicaes; o sistema de remunerao.

    Procura-se, atravs de acompanha-mento de pessoal, ter uma viso global do

    empregado dentro da empresa e, no con-tacto com ele, ter conhecimento de seus problemas, aspiraes, conflitos e, quando as chefias esto preparadas, dar feedback chefia imediata e superior, tanto sobre o empregado quanto sobre a atuao da prpria chefia para com ele.

    praticamente impossvel imaginar-se ama rea de trabalho em que todos os funcionrios estejam otimamente adapta-dos, no tenham problemas de espcie al-guma. Mesmo porque a ausncia total de problemas pode, em algumas situaes, ter conotaes negativas, induzindo acomo-dao e estagnao do desenvolvimento.

    Os problemas de desajustamento quando presentes, podem ser devidos ao ambiente de trabalho ou prpria pessoa. Seos problemas estiverem no ambiente de trabalho e forem significativos outras pes-soas iro detect-los. Se o problema estiver na pessoa, e no no ambiente de trabalho, o achado dever ser ocasional.

    Cabe fazer a distino entre "proble-mas" e "agentes agressivos". Somente po-demos concluir que um determinado "problema" est sendo um "agente agressi-vo", se esse problema for um dos causado-res da inadaptao do funcionrio ao traba-lho.

    Se houver o cuidado de, durante o processo de acompanhamento, verificar se o indivduo est adaptado ou no ao am-biente de trabalho, a partir da se poder identificar os problemas de incidncia dife-rente entre adaptados e inadaptados. Se houver diferena estatstica significativa, o problema ser um agente agressivo. Se no houver diferena estatstica, poderemos concluir pela existncia do mesmo, que no est, entretanto, sendo um agente agressi-vo no trabalho. 3.3.1 Objetivos 3.3.1.1 - Demonstrar que a anlise siste-mtica e estatstica dos dados obtidos no acompanhamento de pessoal permite equipe de sade ocupacional, direo da empresa e s chefias intermedirias: - concluir sobre os problemas que devem ser eliminados em cada rea da empresa e, principalmente, nas mais crticas, no senti-do de se evitar a inadaptao e a fadiga ps-quica; - concluir quais as reas da empresa que podem ser consideradas crticas em relao a problemas que afetam o pessoal. 3.3.1.2 - Estudar a correlao entre alguns ndices de pessoal e a existncia ou no de inadaptao ao trabalho. 3.3.1.3 - Verificar se h concordncia entre os agentes agressivos mais citados na bibliografia e os encontrados na empresa. 3.4 Hipteses 3.4.1 Quanto ao mtodo 3.4.1.1 - possvel, na entrevista de acom-panhamento adequadamente conduzida, conclur-se sobre o estado de adaptao do funcionrio empresa. 3.4.1.2 - A comparao da percentagem de indivduos inadaptados ao trabalho entre as diversas reas da empresa, num mesmo perodo, pode ser um dado importante para identificar reas crticas no que diz respeito administrao de recursos humanos, ou

    seja, para identificar-se aquelas reas em que os fenmenos acontecem de forma a se tomarem agentes agressivos para os in-divduos que ali trabalham. 3.4.1.3 - As reas de maiores ndices de inadaptao devero ter resultados menos favorveis no que diz respeito aos indicado-res de pessoal. 3.4.1.4 - A comparao dos resultados da pesquisa sobre os agentes agressivos mais comuns entre indivduos adaptados e ina-daptados pode fornecer os agentes agressi-vos que mais ocorrem na rea de trabalho pesquisada. 3.4.2 Quanto aos agentes agressivos a se-rem descontados 3.4.2.1 Os agentes agressivos mais impor-tantes referem-se correlao inadequada entre capacidade-responsabilidade e sa-lrio, relacionamento deficiente com chefias e falta de motivao para o trabalho. 3.4.2.2 Existem diversos problemas que muitas vezes so avaliados como agentes agressivos, especialmente os relacionados organizao administrativa geral da em-presa, sua poltica e seus procedimentos, a alimentao e os benefcios oferecidos, mas que na maioria dos casos no passam de pretextos.

    4. METODOLOGIA Para o desenvolvimento da identifica-

    o de adaptados e inadaptados, o procedi-mento adotado a entrevista de acompa-nhamento, feita pelo psiclogo industrial e pelo estudante de psicologia da empresa cujo roteiro se encontra no Anexo 1.

    O responsvel pela entrevista de acompanhamento, aps a realizao da mesma, elabora a concluso sobre o esta-do de adaptao do funcionrio ao traba-lho, separando os funcionrios em duas ca-tegorias: ADAPTADOS e INADAPTADOS.

    Em alguns casos, o diagnstico muito difcil porque o entrevistado manifes-ta muito claramente seus motivos de ina-daptao e at mesmo de insatisfao.

    Na maioria dos casos, consegue-se verificar, questionando os itens apresenta-dos no Anexo 1, se o funcionrio est ou no adaptado ao trabalho. Na nossa mos-tra, quando havia dvida, fazia-se uma "che-cagem" das entrevistas das duas profissio-nais envolvidas.

    No incio, tentou-se criar um critrio objetivo, que foi deixado de lado por falhas e principalmente por ser tendencioso no sentido de encaminhar os inadaptados para alguns tipos de problemas.

    Ambos os grupos (adaptados e ina-daptados) so submetidos-ao preenchimen-to da complementao entrevista de a companhamento (Anexo 2), em que se co-loca para o funcionrio, os problemas mais comuns existentes no trabalho, baseando-se em teorias, para que ele identifique se os mesmos ocorrem ou no, se quanto que-les itens a situao boa ou ruim.

    Aps o preenchimento do Anexo 2, passa-se a ter material de dois grupos: o grupo de indivduos adaptados e o grupo de indivduos inadaptados, sendo ento poss-vel fazer a avaliao quantitativa.

    Na nossa experincia, coletamos in

  • formaes ao longo de 18 meses, sendo que as avaliaes eram feitas de 6 em 6 meses.

    Foi analisada inicialmente a incidn-cia de inadaptao e adaptao em toda a empresa e nas diversas reas da mesma. Foi feito o clculo da percentagem de ina-daptados de toda a mostra. Foi aplicado o teste de s ign i f icanc ia estat st ica, concluindo-se quais eram as reas crticas.

    ou seja, aquelas que de modo estatistica-mente significativo, apresentaram uma per-centagem de inadaptao acima da mdia.

    Nas reas crticas, os acompanhados foram separados em dois grupos: o grupo de funcionrios adaptados e o grupo de funcionrios inadaptados. Verificou-se, em cada grupo, a percentagem de incidncia dos problemas colocados no Anexo 2. E aplicando-se o teste de significncia estats-

    tica para as duas percentagens, chegou-se a concluses quanto aos problemas que se caracterizavam como agentes agressivos.

    Nas reas operacionais onde foi con-siderada necessria, realizou-se a compara-o da evoluo dos ndices de inadapta-o com dois indicadores de pessoal: per-centagem de tempo perdido por doena e coeficiente de freqncia de afastamentos por doena.

  • 5.2 Discusso 0 primeiro resultado que se depreen-

    de dos dados expostos a reduo signifi-cativa da percentagem de indivduos ina-daptados entre os funcionrios acompanha-dos. Diversas variveis foram mantidas constantes: o entrevistador, o questionrio, a participao relativa de pessoal operacio-nal e administrativo na mostra.

    A outra observao interessante que a percentagem geral de inadaptados caiu principalmente s custas de uma redu-o enorme do nmero de inadaptados em uma rea: na rea y , que se mostra como rea critica para a pesquisa de agentes agressivos, no primeiro perodo.

    A aplicao dos mtodos de signifi-cancia estatstica aos dados da Tabela 2 tambm nos permite concluir que, ao longo do perodo observado, as reas M M e ME tm-se mantido, de forma importante, abai-xo da mdia de incidncia de percentagem de inadaptados. 5.3 Identificao dos agentes etiolgicos da fadiga psquica ligados ao ambiente de trabalho

    O ndice de inadaptados mostra que a rea designada como M deve ser consi-derada crtica. Seu estudo, nos dois primei-ros perodos citados, mostra algumas va-

    riaes na existncia de agentes agressivos, como apresentamos a seguir: Tabela 3 - Identificao dos agentes agres-sivos da rea M no segundo semestre de 1979. Tabela 4 - Identificao dos agentes agres-sivos da rea M no primeiro semestre de 1980.

    Para identificar a evoluo havida na rea em questo, vamos comparar a existncia dos agentes agressivos ao longo dos dois primeiros perodos (no terceiro pe-rodo, a mostra da rea M foi muito peque-na). Verificamos que, no primeiro periodo, os 23 itens -que se mostraram como agentes agressivos: - cinco referem-se organizao adminis-trativa da rea (foram encontrados 6). - trs referem-se a correlao inadequada entre capacidade-responsabilidade e salrio (todos os pesquisados). - um refere-se ao relacionamento interpes-soal deficiente (foram encontrados 2). - trs referem-se a problemas de motivao (foram encontrados 3). - dois referem-se capacitao das chefias (foram encontrados 2). - trs referem-se localizao da empresa (foram encontrados 3).

    - e seis referem-se organizao adminis-trativa da empresa (foram encontrados 14).

    No foram considerados como agres-sivos os itens referentes a ambiente geral de trabalho e conflito entre chefias.

    No segundo perodo, observamos que apenas apareceram como agressivos 13 itens, e a interpretao dos mesmos mostra que a maior reduo foi dos itens relativos organizao administrativa da rea de trabalho e relao entre capacidade-responsabilidade e salrio e motivao. O leitor poder inferir uma srie de medidas que foram desenvolvidas na rea em questo, mas cujo relato foge ao objetivo deste trabalho. Por outro lado, no-tamos que os problemas de capacitao das chefias continuam importantes e igual-mente continuam a merecer destaque os fatores relacionados com a organizao ad-ministrativa da empresa.

    Pesquisas semelhantes podem ser aplicadas a toda e qualquer rea da empre-sa, no sentido de identificar os problemas de cada uma delas ou mesmo de toda a empresa. 5.4 Comparao da percentagem de inadaptados com dois ndices de absen-tismo por doena

    5.5 Discusso Aqui encontramos alguns dados interessan-tes: a percentagem de tempo perdido por

    doena na rea M mostra uma ascenso no 2 perodo estudado e uma queda no 3o perodo. No entanto, o Grfico 1 mos-tra que, em relao mdia da empresa, ao longo dos 3 perodos, a rea M se desloca da zona de absentismo estatisti-camente elevado para a rea de absen-tismo equiparvel ao mdio;

    as reas MM e ME, e principalmente ME. apresentam absentismo abaixo da mdia;

    acompanhamos a ascenso importante da percentagem de tempo em F, fato que no acompanhado por um au-mento de percentagem de inadaptados;

    a reduo vertiginosa do ndice de ina-daptao em M no foi acompanhada de uma reduo vertiginosa do ndice de absentismo; a reduo est ocorrendo, porm, em velocidade mais lenta do que se poderia esperar primeira vista ;

    achados at certo ponto semelhantes so encontrados para os coeficientes de freqncia de afastamentos por doena.

    Os dados encontrados poderiam es-tar significando que: realmente a relao entre absentismo

    por doena e adaptao do indivduo ao trabalho no absoluta. Ou seja, no se pode afirmar que indivduos adaptados necessariamente faltam pouco;

    essa relao seria maior em reas de pessoal mais especializado (M, MM e ME) e menor em reas menos especiali-zadas (F);

    a amostra no foi satisfatria no que diz respeito variedade de indivduos entre-vistados (pouco provvel);

    o mtodo esteja falhando para a deteo de indivduos inadaptados. Embora pou

  • co provvel, esta hiptese possvel, j que h suspeita, da parte dos autores, sem evidncias cientficas, que na situa-o atual do mercado de trabalho mais difcil encontrar-se indivduos declarada-mente insatisfeitos;

    existam outras variveis que induzem a um absentismo por doena elevado que no apenas a inadaptao ao trabalho.

    6. CONCLUSES 6.1 Quanto ao mtodo Podemos concluir que o mtodo apresenta-do permite: diagnosticar qualitativamente se o fun-

    cionrio est adaptado ou inadaptado ao trabalho;

    verificar a percentagem de indivduos que esto adaptados ao trabalho;

    acompanhar, por perodos de 6 meses, a evoluo da percentagem de indiv

  • duos que esto adaptados ao trabalho, na empresa e em cada uma de suas reas principais, fato condicionado existncia de uma mostra mnima de aproximadamente 30 pessoas em cada rea analisada;

    identificar reas crticas, onde a Incidn-cia de adaptao esteja baixa; identificar os agentes agressivos que es-tejam ocorrendo nas diversas reas da empresa e nas reas crticas.

    Permite rea de Recursos Humanos pla-

    nejar suas atividades a curtssimo prazo (6 meses), com o objetivo de promover uma melhor adaptao dos funcionrios ao tra-balho. A aplicao do mtodo vlido para um perodo de 6 meses, no sendo justificvel anlises em perodos mais curtos, que no permitiro acompanhar as mudanas e no fornecero mostras significativas. Tambm no aconselhvel utiliz-lo para um pero-do de mais de 6 meses, j que se corre o risco de o mtodo no atingir seu objetivo

    de orientar quanto s medidas que devem ser tomadas, pois ele ficaria superado. 6.2 Quanto aos agentes agressivos

    Fica confirmada a primeira hiptese, anteriormente levantada, de que os agentes agressivos mais importantes esto relacio-nados correlao inadequada entre capacidade-responsabilidade e salrio, falta de motivao para o trabalho e relaciona-mento interpessoal deficiente.

    Conclumos, ainda, que um agente agressivo igualmente importante a defi-ciente organizao administrativa na rea de trabalho.

    Vimos tambm, que os problemas re-ferentes organizao administrativa geral da empresa, quando presentes, constituem-se em agentes agressivos.

    6.3 Quanto relao entre adaptao ao trabalho e absentismo por doena

    Conclumos que h uma relao en-tre ndices positivos de adaptao ao traba-lho e baixo absentismo por doena, princi-palmente entre pessoal mais qualificado. No entanto, no podemos explicar todo o elevado absentismo por inadaptao ao tra-balho.

    Deve haver fatores outros que interfe-rem nos ndices elevados de absentismo por doena que no apenas a inadaptao ao trabalho.

    7. PROPOSIES Propomos um aperfeioamento do mtodo apresentado, no sentido de: 7.1 Ter amostras de no mnimo 30 indiv-duos em cada rea avaliada; se a rea no tiver o nmero suficiente de trabalhadores, fazer o acompanhamento de toda a rea em um s perodo. 7.2 O pessoal da rea de acompanhamen-to deve estar atento existncia de outros agentes agressivos que no os pesquisados usualmente, j que o roteiro no comple-to e as mudanas constantes podem deter-minar o aparecimento de novos agentes agressivos. 7.3 Com a evoluo do trabalho de acom-panhamento, a rea de Recursos Humanos deve chegar a uma percentagem de adap-tao ao trabalho que possa ser considera-da aceitvel. A partir da, no se deve mais comparar a percentagem de adaptao de cada rea com a percentagem total, e sim, passar-se comparao das percentagens das diver-sas reas e de toda a empresa com a per-centagem aceitvel (ou seja, a percentagem aceitvel passa a ter o significado de "re-ferncia"). 7.4 Acompanhar, alm dos ndices relacio-nados neste trabalho, os seguintes indica-dores de pessoal; absentismo geral, per-centagem de horas efetivamente trabalha-das, "turnover" e ndices de acidentes do trabalho. Propomos, finalmente, que o resultado indi-vidual de cada rea e os agentes agressivos existentes na mesma sejam do conheci-mento da respectiva chefia, e que a direo da empresa tenha conhecimento do diagnstico da situao de adaptao do pessoal como um todo.

  • Psychical Fatigue Results of the application of an alternative method in order to

    identify etiological agents associated to labour environment

    The psychical fatigue nowadays appears as a social disease, partly associated to labour envi-ronment. It endangers the individual and the work, with damage to both of them. The diagno-sis of cases may be aone by the occupational phy-sician, who, nearly always, identifies the inadap-tation.or unsatisfaction with the work. The judge-ment of the importance of a certain agressive agent is the major problem that occurs in cases of psychical fatigue diagnosis. In a company, the inter-professional work, mainly of the occupatio-nal physician and of the industrial psychologist, assumes considerable proportions for a general evaluation.

    In this work, there's an alternative method in order to identify etiological agents responsibles for psychical fatigue, mainly those associated to labour environment. Here is also presented the results of this method, which was applied, during 18 months, at Forjas Acesita. The data present an important characteristic: the implicit diagno-sis - the reader will recognise not only the sug-gested method, but will also take knowledge of the problems which affect the company human resources during the mentioned period. As a conclusion, the work discusses the method vali-dity and presents changes in order to improve it.

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    Io. FUNDACENTRO, 1979. Tema livre, Medi-cina II, p.336-44.

    10. NOGUEIRA, Diogo Pupo. Fadiga. In: FUN-DACENTRO Curso de mdicos do traba-lho. So Paulo, 1974. v.3.

    1 1. TOFFLER, A. O choque do futuro. Editora Artenova, 1 973.

  • Contribuio ao Estudo Epidemiolgico da Sndrome Dolorosa da Coluna Lombar

    em Trabalhadores da Indstria Siderrgica(*)

    AGOSTINHO PINTO CARNEIRO GILBERTO MADEIRA PEIXOTO

    Mdicos do Trabalho

    Os autores analisaram 12.322 pronturios de acidentes do trabalho ocorridos no perodo de 1967 a 1980 na Diviso de Sabar da Companhia Siderrgica

    Belgo-Mineira, encontrando 603 casos de lombalgias. As anlises foram feitas considerando os aspectos de absentesmo, idade, mecanismo desencadeante,

    funo, tempo na funo, tipo de trabalho efetuado, tempo de jornada de trabalho decorrido at a ecloso do acidente e incapacidades resultantes.

    Verificaram que a gravidade das lombalgias era significativa, podendo levar o trabalhador incapacidade definitiva. Concluram que a maioria dos acidentes foi provocada por

    esforo na flexo e pela realizao de trabalho pesado. Para evitar tais ocorrncias, propem um programa preventivo que associe a seleo ao

    treinamento do operrio que ir executar tarefas que exijam esforo fsico ou levantamento de peso.

    1. INTRODUO A localizao mais freqente da dor

    ocasionada por leses vertebrais ou para-vertebrals na indstria siderrgica, em de-corrncia dos acidentes do trabalho, sem

    dvida a lombar,15 constituindo um importante captulo da infortunstica, princi-palmente pelas incapacidades que podem advir,

    A dor lombar acomete geralmente o trabalhador menos qualificado e assume, nestes casos, caractersticas especiais, no s pela prpria natureza do trabalho pesa-do, mas tambm pelo esforo fsico inade-quadamente realizado ou ainda em de-corrncia de situaes ergonmicas anormais,15 tornando-se uma preocupao constante para os administradores, mdi-cos de empresa, peritos da previdncia so-cial e mesmo para as autoridades das varas

    judiciais, que dia a dia se deparam com tal problema, no raras vezes de difcil soluo.7, 8, 11

    o trabalhador braal, sem dvida, aquele que mais nos preocupa, em virtude de no poder optar por uma funo que exi-ja menor esforo fsico, pela sua prpria condio social,2 sendo, portanto, dificil-mente readaptvel a outra funo.

    E to complexo o problema da sn-drome dolorosa da coluna lombar que se sugere um equipe multidisciplinar para seu estudo.17 A prpria previdncia social mui-tas vezes tem dificuldades em solucionar os casos decorrentes ou invocados como aci

    * Trabalho premiado em 3o lugar no 11 Con-gresso da Associao Nacional de Medici-na do Trabalho (ANAMT), Belo Horizonte, 1981.

  • dentes do trabalho, e no raro a soluo fi-nal aos conflitos gerados dada pela justi-a do trabalho.3,7-

    Em estudo anterior das lombalgias por acidentes do trabalho, na Diviso de Sabar da C.S.B.M. em 1973,15 encon-tramos alguns tpicos de certa gravidade, devidos principalmente ao mecanismo de ecloso do acidente. Posteriormente, conti-nuando o acompanhamento de novos aci-dentados, verificamos que essas mesmas causas se repetiam com freqncia, mere-cendo a ateno especial no s dos mdi-cos, mas tambm dos engenheiros e super-visores de segurana, o que justifica este le-vantamento estatstico. Objetivos : 1 - conhecer algumas caractersticas epide-miolgicas da ocorrncia das lombalgias na indstria siderrgica (gravidade em dias perdidos, idade, mecanismo desencadean-te do acidente, profisso do acidenteado, tipo de trabalho efetuado, tempo de servio na funo, jornada de trabalho e incapaci-dades resultantes). 2 - contribuir para o estudo da preveno das lombalgias na indstria siderrgica.

    2. METODOLOGIA Neste estudo, analisamos 12.322

    pronturios de acidentes do trabalho oc