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Recital Dos Sons às Cores Canções e Pinturas Brasileiras Meio-soprano: Cristine Bello Guse Pianista: Fanny de Souza Lima

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Recital

Dos Sons às Cores

Canções e Pinturas

Brasileiras

Meio-soprano: Cristine Bello Guse

Pianista: Fanny de Souza Lima

Dos sons às cores

Cristine Bello Guse

Como seria possível combinar artes que possuem formas de expressão aparentemente

tão distintas, tais como a canção e a pintura? Foi esta pergunta que serviu de inspiração para a

elaboração do recital Dos sons às cores. A proposta foi de realizar um recital de canções

(música e poesia) e somar à performance projeções de pinturas que pudessem se relacionar

ao contexto poético e musical das canções.

A poesia é uma arte que comunica através da consecução no tempo, da sequência das

partes; desenvolve uma ação através do discurso e dos sons articulados no tempo, portanto

possui uma forma transitória por natureza. Já a pintura comunica através da justaposição no

espaço, da simultaneidade em um único instante; representa através de figuras dentro de

limites espaciais e não temporais (LESSING apud MOSER, 2006, p. 45). De um lado a pintura é

uma imagem congelada no tempo, e de outro a poesia, e também a música, são artes que

lidam com o limite do tempo para desenvolver seu discurso. Contudo, as regras de

temporalidade vigentes em cada forma artística podem ser quebradas se o criador da obra de

arte levar em consideração a imaginação do receptor. A imagem também tem o poder de

gerar uma ideia narrativa de passado e futuro na mente do apreciador, assim como a poesia e

a música fazem com que o ouvinte viva uma extensão do tempo cronológico para um tempo

psicológico. Observando isso, constata-se a possibilidade de aproximação das duas artes e de

associar uma à outra.

Não obstante, quando a poesia é unida à música na canção, a aproximação com a

pintura é beneficiada pela abstração dos sons musicais e das cores. A relação entre cor e som

que os indivíduos já fazem espontaneamente através da sinestesia traz uma liga à associação

sonora-visual entre os contextos figurativo da imagem e narrativo da poesia. Desde muito

tempo os músicos se utilizam da linguagem das cores para se referirem a seus conceitos

abstratos. “A cor, croma entre os gregos, é uma palavra que se usa como equivalente de

timbre. O adjetivo brilhante é empregado pelos músicos no sentido de nítido” (SAMPAIO,

2008). Também podemos observar o emprego dos conceitos de tom e harmonia em ambas as

artes. Foi no Romantismo que a música se aproximou mais das artes visuais, não somente pelo

amplo uso da escala cromática pelos compositores de modo a dar a composição tons

emocionais mais elaborados em sutilezas, mas também pelo advento da música programática

que tinha como base representações extra-musicais (MORAES, 2011, p. 5). Historicamente a

relação entre cor e som, entre pintura e música, foi explorada por inúmeros compositores tais

como Wagner e Skryabin, e inúmeros pintores tais como Kandinsky e Paul Klee.

A construção de “imagens musicais” é um processo comum em qualquer ouvinte, e

muitas vezes, é utilizado como ferramenta na interpretação musical. O processo de preparação

da performance musical pelos intérpretes implica na decodificação dos símbolos musicais, na

construção do entendimento da obra e na realização desse entendimento. A mediação do

intérprete é fundamental na elaboração de uma performance musical e é nesta etapa que

as “imagens musicais” auxiliam na integração do processo decodificação-realização de

uma obra performática (FREITAS, 2007, p. 39). Em se tratando da interpretação de

canções, o intérprete ainda possui a especificidade das palavras da poesia para guiar suas

imagens interpretativas. Assim, o processo de elaboração do recital Dos sons às cores

partiu da interpretação musical e poética das canções selecionadas, para a escolha das

obras de arte a serem projetadas. A temática escolhida foi canções e pinturas brasileiras,

visto que nosso país possui um repertório e acervo vasto em coloridos sonoros e visuais

possíveis de serem associados entre si. Esta riqueza e variedade de estilos da arte

brasileira possibilitou que a associação das obras musicais e plásticas fossem feitas apenas

através da relação existente entre seus aspectos visual-poético-musical, na intensão de

trazer uma experiência sinestésica ao público, sem necessariamente fazer qualquer

relação didática de estilos e épocas.

Fontes:

BAVARESCO, Nelson. “Ouvir as cores e ver os sons”, (Abril 2011). Consulta feita em

15/04/2012 ao site: http://www.mundocor.com.br/cores/cores_sons.asp

FREITAS, Alexandre S. de. “Um diálogo entre som e imagem: questões históricas temporais e

de interpretação musical”. In: Música Hodie. Vol 7, n° 2 (2007). P. 29-41.

LOUREDO, Paula. “Sinestesia”. Consulta feita em 15/04/2012 ao site:

http://www.brasilescola.com/oscincosentidos/sinestesia.htm

MORAES, Lucyane de. “Das relações entre música e pintura em Theodor Adorno”. In: Revista Gama On - Revista Eletrônica de Ética e Filosofia. Volume 13 - 2011/01. Disponível em: www.gamaon.com.br MOSER, Walter. “As relações entre as artes por uma arqueologia da intermidialidade”.

In:Aletria ( Jul./Dez.2006), p. 42-65. Disponível em http://www.letras.ufmg.br/poslit

SAMPAIO, Rodrigo. “A música do Silêncio – Relação entre pintura e música”, (Maio 2008).

Consulta feita em 15/04/2012 ao site http://conteumponto.blogspot.com.br/2008/05/msica-

do-silncio-relao-entre-pintura-e.html

Programa

Brisas do Sul

I – Tristeza

Tristeza, encanto, desejo. Como é possível sabe-lo, um gozo incerto e dorido De carícia a contra-pêlo Tristeza Obras projetadas: Di Cavalcanti: Mulheres com frutas (1962), Mulher com chapéu (1940), Moça na janela (1957)

II – Cata-vento

Cata-vento enlouqueceu Ficou girando, girando, girando Em torno, em torno, em torno do cata-vento Dancemos todos em bando Em torno do cata-vento Dancemos, dancemos, dancemos todos Cata-vento enlouqueceu Obras projetadas: Luciana Teruz : Cata-vento (s/d), Boba (s/), Anjos Músicos (s/d)

III - Nuvens

Nuvens que venham Nuvens e asas Não param nunca, nem um segundo E fica a torre sobre as velhas casas Fica cismando como é vasto o mundo Vasto, o mundo Obras projetadas: Alfredo Andersen – Paisagem (1919), Vista da curva do cadeado (1920), Entrada da Barra do Sul (s/d) Holmes Neves – Paisagem de Minas I (1983), Paisagem (1977), Paisagem de Minas IV (1983)

IV – Silêncio do Céu

Deito-me ao fundo do barco sob o silêncio do céu Sob o silêncio do céu Obras projetadas: Alfredo Volpi – Barco com bandeirinhas (1955), Dom Bosco (1965), Sereia (1960), Vela Rosa (1972)

Compositor: Henrique de Curitiba Poesia: Mario Quintana

Pregão da Saudades

De quem quer minha tristeza De quem quer minha aflição Se quiser vendo barato Fiado não vendo não Também tenho uma saudade, uma saudade de um bem querer Todos dois dou até dado Pois não quero mais sofrer Obras projetadas: Iberê Camargo – No vento e na terra (1991), Figuras (1987), Solidão 91994), Tudo te é falso e inútil III (1992)

Compositor: Cláudio Santoro Poesia: Vinícius de Moraes

Quero dizer baixinho

Quero dizer baixinho um dia, ao teu ouvido Todas estas canções de amor, que sei decór, que sei decór... Só tu compreenderás seu íntimo sentido... São preces musicais que eu fiz devagarinho Preces em que ao te ver, ungida de carinho Pus o que na minha alma havia de melhor, de melhor... Quero dizer baixinho um dia, ao teu ouvido Todas estas canções de amor, que sei decór, que sei decór... Obras projetadas: Tarsila do Amaral – Idílio (1929), Antropofagia (1929), Abaporu (1928), A Lua (1928)

Compositor: Mozart Camargo Guarnieri Poesia: Suzana de Campos

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro Nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração que nem se mostra Eu não dei por esta mudança Tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdida a minha face? Obras projetadas: Anita Malfatti – A estudante (1915-1916), A boba (1915 – 1916), A mulher de cabelos verdes (1915-1916)

Compositor: Oswaldo Lacerda Poesia: Cecília Meireles

Dentro da Noite

Dentro da noite côr de treva Sem uma estrela cor de leite Canta violão para eu sonhar Para eu sonhar... Na casa humilde do cabôclo Que fica ao fundo do grotão Geme violão Para eu sonhar na casa humilde do caboclo Geme violão Quero esquecer! Quero esquecer! Deixa que durma a natureza E nos envolva o seu mistério Chora violão, para eu dormir! Para eu dormir! Obras projetadas: Almeida Júnior – Moça com livro (s/d), Caipira picando fumo (1893), O violeiro 91899), Repouso (s/d)

Compositor: Oscar Lorenzo Fernandez Poesia: Osório Dutra

Canção da fonte

Cansada canção da fonte que corre na tarde que morre... A canção é uma prece ao sol que esmaece na tarde que morre A canção é a saudade ao sol que se evade na tarde que morre... Cansada canção da canção da Fonte que corre na tarde que morre... Obras projetadas: Cândido Portinari – Os retirantes (1955), Marias (1936), Casamento na Roça (1944), Retirantes (1944)

Compositor: Oscar Lorenzo Fernandez Poesia: Oscar Lorenzo Fernandez

Lua quebrada

Mais de mil pedaços no céu Repartindo a minha dor Espalhados na noite véu Dessa lua que quebrou Nosso amor também se partiu Quando viu a lua quebrar Como fosse feito da luz Que havia nesse luar Triste o tempo vai Lembra o que se foi Passa agora só por passar Sem razão, sem luz sem luar É rio que não procura mais o mar Obras projetadas: Adélio Sarro – Pensamento solitário (s/d), Cordas adormecidas (2009), Composição mística (s/d)

Compositor: Julio Bellodi

Poesia: Julio Bellodi

Valsa dos Olhos da Menina

Lá no alto daquela colina Uma menina com seus olhos de farol Como um sol que a cidade ilumina a disfarça o tom da solidão Os telhados que se espalham neblina Mágoa fina desenhada a nanquim Mora em mim rodando como bailarina Num pas des deux Valsando em vão Girando triste num compasso sem jeito Lá no fundo do meu coração . Obras projetadas: Reynaldo Fonseca – Senhora do piano (1985), Figura com cálice (2001), Figura feminina (2008) Milton Dacosta – Namorados (1948), Figura (1965), Figura com pássaros (1967)

Compositor: Julio Bellodi Poesia: Julio Bellodi

Nhapopé

Ouvi contar certa noite num terreiro quando a lua em farinheiro peneirava pelo chão Que nhapopé quando senta asa ferida vai buscar resto de vida no calor de um coração Você é nhapopê sou teu amante de mim tem fé! Obras projetadas: Élon Brasil – Meditação (2006), O Guerreiro e o pássaro (s/d), Encontro (s/d) Chico da Silva – Amazônia Feérica (1964), O pássaro longo e sua jibóia (1966), Galos (1975)

Compositor: Heitor Villa-Lobos Poesia: Tema popular

Pensamento

O vento voa a noite toda se atordoa, a folha cai. Haverá mesmo algum pensamento sobre essa noite? Sobre esse vento? Haverá mesmo algum pensamento sobre essa noite? Sobre esse vento? Sobre essa folha que se vai? Sobre essa folha que se vai? Que se vai? Que se vai? Que se vai!

Obras projetadas: Manabu Mabe - Abstrato (1979), Flor do Mal (1977), Melodia da Paixão (1962)

Compositor: Luís Eduardo Corbani Poesia: Cecília Meireles

Seleção das imagens feita por Cristine Bello Guse e Maria Lúcia Bello Guse

Biografia dos pintores

Maria Lúcia Bello Guse e Cristine Bello Guse

ADÉLIO SARRO – Andradina (SP)/Brasil (1950 - ): Artista plástico mundialmente conhecido na

arte contemporânea. Sua arte volta-se para o desenho, e suas pinturas são na maioria das

vezes manifestações poéticas. Apesar de na linha do desenho necessitar de precisão, controle

e razão, na pintura o artista consegue refletir e transparecer poesia lírica e dramática. Em suas

obras, costuma utilizar-se do baixo-relevo misturando materiais variados, tais como cimento e

colas diversas. Como escultor, Adélio valoriza a simplicidade dos temas e as questões sociais, e

é autor de diversos monumentos da cidade de São Caetano do Sul (SP).

ALFREDO VOLPI – Lucca/Italia (1896) - São Paulo/Brasil (1988): O artista italiano veio para São

Paulo em seu primeiro ano de idade. Autodidata, Volpi escolhe por acaso uma cor e a partir daí

busca resolver as combinações e permutas necessárias. Em suas pinturas, Volpi preocupa-se

com a forma, linha e cor. Embora Volpi seja da mesma geração dos modernistas, o pintor não

participou do movimento de 22. Na época era operário e pintor de decoração, e sua trajetória

foi sempre independente de qualquer ideologia.

ALFREDO ANDERSEN –Christiansand/Noruega (1860) - Curitiba(PR)/Brasil (1935): Também

trabalhou como escultor, decorador, cenógrafo e desenhista. Em 1981, Andersen empreende

uma viagem à América do Sul, na qual conhece e apaixona-se pela costa brasileira. Em uma

segunda viagem ao Brasil estabelece residência no estado do Paraná. É considerado o “pai da

pintura paranaense” tanto por ter retratado inúmeras paisagens locais, quanto por sua

relevante atividade didática. Após seu falecimento, sua casa que também funcionava como

escola de arte, virou museu e abriga até hoje grande parte de sua coleção de obras. Sua obra

é caracterizada pelas temáticas do retrato, paisagem e cenas de gênero.

ALMEIDA JÚNIOR – Itú (SP)/Brasil (1850) - Piracicaba (SP)/Brasil (1899): Conhecido como

“pintor nacional”, pois suas telas reproduzem as cores, costumes e luminosidade regional, que

contrastam com a tradição eurocêntrica vigente na pintura acadêmica do Brasil do Século XIX.

Almeida Júnior iniciou sua formação frequentando a Academia Imperial de Belas Artes. Em

visita a São Paulo, Dom Pedro II muito impressionado com seu talento concede-lhe uma bolsa

de estudos na Escola Nacional Superior de Belas Artes de Paris. O pintor gostava de música,

inclusive consta que tivesse composto algumas peças para piano. Suas obras constantemente

retratam situações musicais.

ANITA MALFATTI – São Paulo (SP)/Brasil (1889-1964): Considerada uma mulher culta, sensível

e corajosa, Malfatti buscou no contemporâneo a sua expressão artística como pintora,

desenhista e gravadora. Com vasta formação pela Europa e Estados Unidos, a artista retorna

ao Brasil e realiza uma exposição de suas obras demasiado criativas para o gosto tradicional. O

uso de deformação moderada que fugia dos moldes clássicos lhe custou uma virulenta crítica

no jornal Estado de São Paulo do colega Monteiro Lobato. Apesar de a pintora ter ficado

abalada com a recepção negativa de sua exposição de 1917, sua maneira de pintar foi pouco a

pouco a aproximando de outros artistas com as mesmas afinidades artísticas. Assim se forma o

grupo dos cinco (A. Malfatti, T. Amaral, M. de Andrade, M. del Pichia, O. de Andrade),

fundadores do modernismo brasileiro, artistas responsáveis pela Semana de Arte Moderna de

1922, na qual Anita expôs 22 trabalhos.

CÂNDIDO PORTINARI – Brodowski (SP)/Brasil (1903)-Rio de Janeiro (RJ)/Brasil (1962): Filho de

imigrantes italianos, seu talento o levou a cursar a Escola Nacional de Belas Artes (RJ) e a

estudar em Paris, onde teve influência do cubismo através de Picasso. Portinari não tardou a

ficar famoso, projetando-se inclusive nos Estados Unidos com sucesso de crítica e vendas. O

artista dedicou-se a arte muralista com temática social, tendo vários murais no Brasil, feitos

por encomenda pelo governo brasileiro. As principais séries de murais desenvolvidas por

Portinari são “séries bíblicas”, “Os retirantes”, “Meninos de Brodowski” e “Guerra e Paz”.

Consta que o primeiro desenho que o artista fez foi o retrato do compositor Carlos Gomes,

datado em 1914.

CHICO DA SILVA – Alto Tejo (AC)/Brasil (1910) – Fortaleza (CE)/Brasil (1985): Pintor e

desenhista autodidata e semianalfabeto. Franscisco era sapateiro e ajudante de marinheiro,

nas horas vagas entre um trabalho e outro desenhava nos muros das casas com carvão, giz e

lascas de tijolos. Estes desenhos chamaram a atenção do critico de arte suíço Jean Pierre

Chabloz que o incentivou a pintura a guache, fornecendo-lhe material e expondo suas obras.

Chico criava figuras fantásticas e cenários exóticos através das cores, resultando em pinturas

primitivas (pintura Näif) que seduziam os olhos de europeus e brasileiros. Devido à

supervalorização de suas obras, o pintor quis produzir mais e mais, recorrendo a ajudantes

para desenhar, dando-se ao trabalho apenas de assinar. Estima-se que 90% dos trabalhos

posteriores a 1972 sejam falsos. Tal acontecimento despertou o interesse de aproveitadores

que vendiam seus trabalhos por preços baixíssimos, e o afastamento de seu amigo Chabloz.

DI CAVALCANTI - Rio de Janeiro (RJ) /Brasil (1897 – 1976): O pintor e caricaturista foi um dos

idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922 e uma referência importantíssima para o

grupo dos modernistas. Inconformista e rebelde às tradições, o pintor utiliza cor e luz para

retratar paisagens tropicais, a cor mestiça da mulher brasileira com sua graça e malícia, além

de temas sociais, samba, morro e favelas. Amadurece sua arte ao entrar em contato com a

arte moderna de Paris, sendo influenciado pelo cubismo, expressionismo e muralismo

mexicano. Di Cavalcanti é uma das principais figuras da arte nacional.

ÉLON BRASIL – Niterói (RJ)/ (1957 - ): Descendente de negros e índios por parte materna, Élon

resgata suas origens nas telas. O pintor morou com os índios Xavantes do Mato Grosso e

manteve contato com as tribos Tuparys, Yarunas e Tucanos em Rondônia e Amazônas, e

também viajou pela África buscando conhecer os costumes e crenças dos povos. Élon

expressa os índios do Brasil através de técnicas mistas e de diferente textura. Utiliza estopas

de saco de café, açúcar e pimenta do reino em suas telas além de óleo sobre tela resina. Ao

morar na Suíça teve a oportunidade de expor seus quadros e ficar conhecido

internacionalmente.

HOLMES NEVES – Lima Duarte (MG)/Brasil ( 1925 - ) : Pintor, desenhista e gravador, começou

a sua produção artística usando pigmento em pó. Mais tarde, estudou com Guignard na Escola

de Belas Artes de Belo Horizonte, exercitando o desenho que considerava fundamental. Fixou-

se na profissão quando estabeleceu residência em Cobacabana na cidade do Rio de Janeiro. O

pintor é conhecido por retratar a paisagem mineira e se coloca entre o acadêmico e o

moderno. Apesar de muitos confundirem seu estilo com a pintura primitiva (pintura Näif),

Holmes nega tal origem. O pintor já realizou painéis para o Banco do Estado do Rio grande do

Sul e para os navios da Companhia Comércio e Navegação.

IBERÊ CAMARGO – Restinga Seca (RS)/Brasil (1914) – Porto Alegre (RS)/Brasil ( 1994): Pintor,

desenhista, gravador, professor e escritor, Iberê é um dos grandes nomes da arte brasileira do

século XX. Em 1954, em conjunto com a artista Djanira e Milton Dacosta, organiza a exposição

Salão Branco e Preto e, no ano seguinte, Salão em Miniatura, ambos em protesto às altas taxas

de importação do material artístico. A finalidade era alertar aos artistas do risco de se ficar

sem cores. Inicialmente, Iberê mantinha um estilo figurativo, trabalhando a figura humana,

paisagem e natureza-morta em uma concepção naturalista-expressionista. Uma hérnia de

disco obriga o pintor a trabalhar apenas em seu atelier. Assim, Iberê deixa de procurar a

rítmica das cores nas paisagens e passa a se interessar por objetos em natureza-morta,

trazendo um escurecimento da paleta e engrossando a textura da tinta. Após 1960, o pintor

abandona as formas naturais, voltando-se para o abstracionismo não-figurativo. Em 1980,

Iberê mata um homem a tiros em legítima defesa na cidade do Rio de Janeiro, e este

dramático episódio traz de volta o figurativo para sua arte, mas na representação de

personagens solitárias e sombrias. As famosas séries realizadas nesta fase, “Ciclistas”, “Idiotas”

e “Tudo é falso e inútil” são obras que assustam e ao mesmo tempo encantam o apreciador.

Desde 1995, a Fundação Iberê Camargo existe em Porto Alegre na intenção de preservar e

divulgar sua obra.

LASAR SEGALL – Vilna/ Lituânia-Rússia (1891) – São Paulo (SP)/Brasil (1957): Influenciado

pelas tendências impressionistas e pós-impressionistas, Segall expôs suas obras pela primeira

vez no Brasil em 1913. Retornando a Europa, a partir de 1914, o pintor começa a mostrar

traços voltados ao expressionismo dando a suas personagens uma caracterização psicológica

mais aguda. Sua pintura esteve sob o impacto da Primeira Guerra Mundial, e refletia questões

sociais e o sofrimento humano. Fez de sua arte um grito contra a violência da guerra na

Europa, a opressão e a miséria. Em 1924 decide fixar-se em São Paulo, tendo contato com os

jovens modernistas. A paleta de Segall se transforma revelando um deslumbramento pela luz

e cores tropicais, e sua produção passa retratar o drama dos marginalizados pela sociedade. O

desenho é importante em suas obras, o pintor joga com linhas e vazios, deformando a figura.

Ao mesmo tempo em que utiliza técnica de gravura, os quadros têm uma estrutura densa, e os

temas estão geralmente ligados a injustiças, violência e miséria.

LUCIANA TERUZ – Rio de Janeiro (RJ) /Brasil (1961- ): Filha e neta de artistas plásticos, Luciana

se criou frequentando o atelier de pintura do pai e do avô, preparando e restaurando telas.

Em suas obras centraliza a figura humana, valorizando na composição as cores intensas e

vibrantes, explorando a transparência e luz. Suas obras reafirmam o estilo desenvolvido no

atelier da família, e ela já expôs em diversos lugares do mundo, tais como Panamá e Estados

Unidos. Luciana também se dedica a administração do Museu Teruz e da Escola de Artes Teruz.

MANABU MABE - Kumamoto/Japão (1924) – São Paulo/Brasil (1997): Veio com os pais para o Brasil quando tinha 10 anos, naturalizando-se brasileiro em1959. Desde menino estudava artes com um pintor amigo, mas somente aos 28 anos conseguiu expor no Salão Nacional de Belas Artes. Com intensa atividade artística, consagrou-se definitivamente como pintor em 1959.

Participou de várias Bienais em São Paulo e na Europa. Suas pinturas começaram com tons suaves e hoje são feitas com cores muito vivas e textura densa, sem a preocupação com a forma. Consegue combinar suas raízes nipônicas com a arte brasileira.

REYNALDO FONSECA – Recife (PE)/Brasil (1925 - ): Um dos fundadores da Sociedade de Arte

Moderna de Recife (SAMR), associação que propõe uma ruptura com o sistema acadêmico de

ensino e a criação de um amplo movimento cultural abrangendo diversas áreas artísticas.

Fonseca foi aluno de Portinari e sua obra demonstra um grande domínio do desenho e o uso

cuidadoso da gama cromática. Sua produção é predominantemente figurativa, na qual utiliza

frequentemente recortes de fotografias de revistas ou jornais como inspiração para retratar

temas recorrentes, tais como cenas familiares com crianças e animais. Suas pinturas possuem

propositalmente uma tendência do Renascimento italiano e flamengo e de pintores surrealista

em geral, transparecendo um ar nostálgico, misterioso, enigmático e metafísico. Como uma

retomada a história acrescentando um tom de ironia.

TARSILA DO AMARAL – Capivari (SP)/Brasil (1886) – São Paulo (SP)/Brasil (1973): Iniciou seus

estudos em arte pela escultura, e logo passou para desenho e pintura com vasta formação

pela Europa. Introduziu-se no grupo dos modernistas da semana de arte moderna de 1922

assim que retornou da Europa, através da amiga Anita Malfatti, que também lhe apresentou

quem viria a ser seu companheiro por um período, Oswald de Andrade. Tarsila afirma ter tido

seu primeiro contato com a arte moderna neste momento, pois até então havia feito apenas

estudos acadêmicos. Ao retornar a Europa, a pintora estuda com mestres cubistas e pinta uma

de suas principais obras “A negra”. Em sua fase intitulada “pau-brasil”, Tarsila utiliza o rosa

violáceo, o azul puríssimo, verde cantante e as cores as quais sempre gostou desde criança,

mas evitava, pois seus mestres as consideravam caipiras. Através da influência cubista, a

pintora estiliza geometricamente frutas, plantas tropicais, cidades, caboclos e negros. Em

janeiro de 1928, Tarsila pinta seu quadro mais famoso, “Abaporu”, como presente de

aniversário a Oswald. O título foi tirado do dicionário Tupi-Guarani que o pai da pintora

possuía, e significa homem que come carne humana, o antropófago. Oswald escreveu o

Manifesto Antropófago, e juntos fundaram o movimento Antropófago, no qual a figura de

“Abaporu” simbolizava o movimento que queria engolir e deglutir a cultura europeia vigente,

transformando-a em autêntica brasileira. Nesta fase, a pintora se utilizou de bichos, paisagens

imaginárias e cores fortes. Em 1929, separou-se de Oswald, e influenciada pelo seu novo

namorado, um médico comunista, passa a retratar a causa operária. Por esta temática triste

não fazer parte da personalidade de Tarsila, durou pouco tempo, e a mesma não tardou a

retomar as origens do “pau-brasil”.

Fontes:

Sites consultados em 07/04/2012:

http://obrasanitamalfatti.wordpress.com/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Anita_Malfatti http://www.culturabrasil.org/portinari.htm http://www.dicavalcanti.com.br/apresentacao.htm http://www.elon.brasil.nom.br/ http://www.escritoriodearte.com/listarQuadros.asp?artista=28 http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2001/not20010718p9008.htm

http://www.iberecamargo.org.br/ http://www.itaucultural.org.br http://www.jornalcopacabana.com.br/ed146/fvizinho.htm http://www.mabe.com.br/ http://www.museusegall.org.br/mlsTexto.asp?sSume=11 http://www.pinturabrasileira.com/artistas_bio.asp?cod=13&in=1 http://www.pitoresco.com/brasil/ibere/ibere.htm http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/alfredo-volpi/alfredo-volpi-1.php http://www.revista.agulha.nom.br/ag43sarro.htm http://www.tarsiladoamaral.com.br/biografia_resumida.html http://www.teruz.com/breve_historico.html http://www.turismo.estilors.com.br/2012/03/21/sofitel-guaruja-jequitimar-mostra-as-obras-de-elon-brasil/

Livros:

Arte no Brasil – Volume 1 e 2. Ed. Abril A pintura no Brasil. Ed. Abril Cultural Grandes artistas brasileiros. Alfredo Volpi. São Paulo: Circulo do Livro, 24 p. Brochura, ilu.

Biografia dos compositores

Fanny de Souza Lima

CAMARGO GUARNIERI - Tietê (SP)/ São Paulo (1907-1993): Em 1928, foi apresentado a Mário de Andrade, tão logo o escritor modernista tornou-se seu mestre intelectual. Guarnieri passou a frequentar a casa de Andrade, com quem discutia estética, ouvia obras musicais e tomava livros emprestados. Tendo cursado até então apenas dois anos do curso primário, o contato com o escritor foi muito importante para a formação intelectual de Guarnieri. O contato entre ambos tornou-se uma grande amizade e também uma parceria artística. Muitas das canções escritas por Camargo Guarnieri foram sobre textos de Mário de Andrade, incluindo a ópera Pedro Malazarte. Em 1935, a prefeitura de São Paulo criou o Departamento de Cultura, cujo primeiro diretor, Mário de Andrade, convidou Guarnieri como regente do Coral Paulistano. Este deveria ser um conjunto de câmera, pois o município também iria manter o Coral Lírico para dedicar-se ao repertório operístico. O Coral Paulistano tinha também como objetivo fomentar o canto em língua nacional, e Camargo Guarnieri compôs para ele diversas obras corais. Foi também no Departamento de Cultura que Guarnieri passou a reger a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e o trabalho nesta instituição pública foi sua principal atividade profissional ao longo de toda a década de 40. Em 1938, o compositor foi selecionado em concurso pela Comissão do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, recebendo uma bolsa de estudos para estudar em Paris com Charles Koechlin e François Rühlmann. Além das aulas, realizou concertos, a travou conhecimento com Nádia Boulanger, figura central da chamada escola de composição neo-clássica. Em 1950, Camargo Guarnieri envolveu-se em uma ampla polêmica na imprensa, após publicar a Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil, na qual condena a técnica dodecafônica de composição. A carta faz referências veladas a Hans-Joachim Koellreutter, líder do grupo Música Viva. Por causa das posturas assumidas na carta, e do linguajar virulento utilizado, Camargo Guarnieri acabou sendo visto como um reacionário, posição que certamente não reflete o seu papel na música brasileira.

CLAUDIO SANTORO - Manaus (AM) /Brasil (1919) – Brasília(DF)/Brasil (1989): Ainda menino começou a estudar violino e piano, e seu empenho fez com que o Governo do Amazonas o mandasse estudar no Rio de Janeiro. Em 1941, passou a estudar com Hans-Joachim Koellreutter, integrando também o grupo Música Viva, do qual se tornou um dos nomes mais ativos, ao lado de Guerra Peixe. Passou a adotar o dodecafonismo como técnica de composição. Santoro também foi um dos mais radicais críticos do meio musical brasileiro. Estudou em Paris com Nádia Boulanger e durante sua estadia na Europa, participou como delegado brasileiro do II Congresso Mundial dos Compositores Progressistas em Praga, na então Tchekoslováquia. Neste congresso foi apresentada oficialmente a doutrina soviética do Realismo Socialista aplicada à música, da qual Santoro passou a ser praticante, defensor e divulgador no Brasil. Já bastante conhecido, recebeu um prêmio da Fundação Lili Boulanger, em Boston. Entre os avaliadores estavam os compositores Igor Stravinski e Aaron Copland. Claudio Santoro foi professor fundador do Deptº de Música da UnB (Universidade de Brasília) e Regente Titular da Orquestra do Teatro Nacional de Brasília.

HENRIQUE DE CURITIBA – Curitiba (PR) /Brasil (1934-2008): Zbigniew Henrique Morozowicz escolheu o pseudônimo de "Henrique de Curitiba" para se tornar conhecido no Brasil e no exterior através de um nome mais comum e melhor pronunciável. Morozowicz nasceu filho de imigrantes poloneses que foram para Curitiba em 1873. Seu pai era dançarino e coreógrafo, muito conhecido no Scala de Milão, e sua mãe, pianista. Graduou-se em Música na Faculdade de Artes de Curitiba em 1953 e trabalhou como organista na catedral da cidade. Morozowicz então se mudou para São Paulo para estudar piano com Henry Jolles e composição com HJ

Koellreuter na Escola Livre de Música. Ele foi para a Polônia, em 1960, para estudos posteriores. Em 1981 Morozowicz recebeu Mestrado na Universidade de Cornell e na Faculdade de Ithaca, em Nova York, sob a orientação de Karel Husa. Henrique de Curitiba compôs mais de 150 obras, entre elas muitas obras corais. Lecionou na UFPR nos anos 80 e 90, e na UFG até 2006.

JULIO BELLODI – São Paulo/Brasil - Bacharel em Composição & Regência e Mestre em Música pela UNESP. Teve como professor de composição Edmundo Villani-Côrtes de quem hoje é também parceiro musical. É também pesquisador, arranjador, instrumentista, poeta e professor. Bellodi desenvolve intensa atividade composicional, atuando tanto na área erudita como na popular. Suas obras tem sido executadas e gravadas por vários solistas e grupos de diversas formações, no Brasil e exterior, entre David Taylor (EUA), Janet Kagarice (EUA), Quarteto Franc-Brésilien (França), Quinta Essentia Quarteto, Grupo AUM, Camerata Antiqua de Curitiba, Céline Imbert e Gilberto Tinetti, Martha Herr e Beatriz Balzi, Rogério Wolf e Fernando Tomimura, Renato Farias, Ulisses de Castro, Pedro Martelli, Orquestra Municipal de São Paulo e Coral Paulistano, o Grupo de Metais e Percussão da Orquestra Sinfônica Municipal, Orquestra Jazz Sinfônica e Coral Sinfônico do Estado de São Paulo, Banda Sinfônica e Coral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Orquestra Nova Filarmônica de São Paulo, Orquestra Sinfônica Jovem Estadual de São Paulo, Grupo de Percussão da Unesp (PIAP) entre outros.

LUÍS EDUARDO CORBANI - Jacareí ( SP)/Brasil: Seu pai, Luiz Corbani, foi quem o incentivou à música, ensinando-lhe os primeiros acordes no violão e levando-o a concertos e recitais. Dos sete aos dez anos teve aulas de violão clássico com um professor da cidade e, anos mais tarde, de piano. Buscou aprimorar-se com a professora e compositora Adelaide Pereira da Silva, em São Paulo. Paralelamente, ingressou na Faculdade de Artes Alcântara Machado (FAAM), estudando piano com José Eduardo Martins e regência com Flávio Florence de Barros. Participou de festivais de música e cursos para educadores e regentes, destacando os cursos de harmonia popular, arranjo e orquestação com Cláudio Leal Ferreira, o de composição com Edmundo Villani Cortes e dois cursos de regência orquestral em 2000 e 2003, respectivamente, patrocinados pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) com o maestro Kurt Masur. Lecionou no Conservatório Musical de Jacareí, Fundação das Artes de São Caetano do Sul, Faculdade Marcelo Tupinambá, Faculdade Paulista de Artes (FPA) e no Projeto Guri. Desde 1988 dedica-se à produção musical e, como compositor, regente, arranjador e pianista, produziu dezenas de CDs de música sacra, infantil e instrumental no Brasil e exterior. Foi regente assistente do maestro Flávio Florence de Barros na Orquestra Municipal de Santo André (SP), em 1999. Desde 2010 é maestro da Orquestra de Câmara de Jacareí, SP, patrocinada pela Fundação Cultural de Jacarehy, dedicando grande parte do programa à execução de obras de autores brasileiros.

OSCAR LOURENZO FERNÁNDEZ - Rio de Janeiro (RJ)/ Brasil (1897-1948): Em 1917, ingressou no Instituto Nacional de Música, onde iniciou os estudos com os professores Francisco Braga, Henrique Oswald e Frederico Nascimento, considerado seu mentor artístico. Compositor brasileiro da fase nacionalista tem uma obra relativamente pequena caracterizada pelo apuro formal. Em 1936, fundou o Conservatório Brasileiro de Música, o qual dirigiu até a sua morte. Sua obra abrange três períodos: No primeiro período, de 1918 a 1922, se observa a influência do impressionismo francês, o uso da bitonalidade e a ausência de temática brasileira. No segundo período, de 1922 a 1938, considerado como o ponto alto de sua produção, verifica-se uma forte presença nacionalista, com a utilização de temas folclóricos, que valorizam a presença das etnias branca, negra e índia na formação do Brasil, assim como a transformação moderna do país. No terceiro período, de 1942 até a sua morte, sua obra assume um tom universalista. Compôs canções, suítes sinfônicas, balés, peças para piano, música de câmara, concertos e sinfonias. Sua obra vocal está baseada na modinha e na música dos seresteiros.

OSVALDO COSTA DE LACERDA - São Paulo (SP) /Brasil (1927-2011): Iniciou seus estudos de piano aos nove anos de idade, com Ana Veloso de Resende, aperfeiçoando-se com Maria dos Anjos Oliveira Rocha. No início, apenas sua mãe apoiava sua decisão de seguir carreira musical, seu pai preferia fazer dele um advogado. Em 1950, Osvaldo Lacerda passa a ter aulas de piano com Camargo Guarnieri, que lhe aconselhou a deixar de seguir carreira como pianista para se dedicar à composição. Lacerda recebeu uma bolsa da Fundação Guggenheim para ter aulas com Aaron Copland e Vittorio Giannini, nos Estados Unidos. Pouco antes, Osvaldo Lacerda forma-se em Direito para satisfazer seu pai. Nesta época também criou a Sociedade Pró-Música Brasileira. Em maio de 1965, foi um dos compositores que o Ministério das Relações Exteriores enviou aos Estados Unidos, para representar o Brasil no Seminário Interamericano de Compositores, na Universidade de Indiana, e no IIIº Festival Interamericano de Música, em Washington. Em abril de 1996, foi um dos compositores brasileiros que a American Composers Orchestra convidou para participar em Nova York do Festival “Sonido de las Américas: Brazil”. Entre 1966 e 1970, Osvaldo Lacerda atuou como consultor na Comissão Nacional de Música Sacra, e uma de suas atividades foi a proposição do uso da música sacra brasileira na liturgia da Igreja Católica. Lacerda tornou-se também professor da Escola Municipal de Música de São Paulo, cargo do qual se aposentou em 1992, e ocupava a cadeira de número 9 da Academia Brasileira de Música.

VILLA-LOBOS - Rio de Janeiro (RJ) / Brasil (1887-1959): Seu pai era funcionário da Biblioteca Nacional e músico nas horas vagas quando lhe dava algumas orientações musicais com um pequeno violão que adaptara para o menino. Quando estava com 12 anos Heitor começou a tocar violoncelo em cafés, teatros e bailes até que conheceu os “chorões” que tocavam música popular carioca, acabando por desenvolver também habilidade para violão. Villa-Lobos viajou para o interior do país com o intuito de conhecer o universo musical daquele povo que lá morava. Destaca-se por ter sido o principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, sendo considerado o maior expoente da música do modernismo no Brasil, compondo obras que enaltecem o espírito nacionalista, ao qual incorpora elementos das canções folclóricas, populares e indígenas. É possível encontrar na obra de Villa-Lobos preferências por alguns recursos estilísticos: combinações inusitadas de instrumentos, arcadas bem puxadas nas cordas, uso de percussão popular e imitação do canto de pássaros. O maestro não defendeu nem se enquadrou em nenhum movimento. Entre os títulos mais importantes que recebeu, está o de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Nova Iorque e o de fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Música. O maestro foi retratado nos filmes Bachianas Brasileiras: Meu Nome É Villa-Lobos (1979), O Mandarim (1995) e Villa-Lobos - Uma Vida de Paixão (2000), além de aparecer pessoalmente no filme da Disney, Alô, Amigos (1940), ao lado do próprio Walt Disney. Em 1986, Heitor Villa-Lobos teve sua efígie impressa nas notas de quinhentos cruzados.

Fontes:

Sites consultados em 08/04/2012: http://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_de_Curitiba http://pt.wikipedia.org/wiki/Osvaldo_Lacerda http://juliobellodi.com.br/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Heitor_Villa-Lobos http://pt.wikipedia.org/wiki/Claudio_Santoro http://pt.wikipedia.org/wiki/Mozart_Camargo_Guarnieri#Biografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Lorenzo_Fern%C3%A1ndez

Biografia dos poetas

Fanny de Souza Lima e Cristine Bello Guse

CECÍLIA MEIRELES - Rio de Janeiro (RJ) /Brasil (1901-1964): Foi uma poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira. É considerada uma das vozes líricas mais importantes das literaturas de língua portuguesa. Em 1919, aos dezoito anos de idade, Meireles publicou seu primeiro livro de poesias, Espectro, um conjunto de sonetos simbolistas. Embora vivesse sob a influência do Modernismo, apresentava ainda, em sua obra, heranças do Simbolismo e técnicas do Classicismo, Gongorismo, Romantismo, Parnasianismo, Realismo e Surrealismo, razão pela qual a sua poesia é considerada atemporal.Teve ainda importante atuação como jornalista, com publicações diárias sobre problemas na educação, área à qual se manteve ligada, tendo fundado em 1934, a primeira biblioteca infantil do Brasil. Observa-se ainda seu amplo reconhecimento na poesia infantil trazendo em seus textos a musicalidade característica de sua poesia, explorando versos regulares, a combinação de diferentes metros, o verso livre, a aliteração, a assonância e a rima. Os poemas infantis não ficam restritos à leitura infantil, permitindo diferentes níveis de leitura. Após sua morte, recebeu como homenagem a impressão de uma cédula de cem cruzados novos.

MÁRIO QUINTANA - Alegrete (RS) /Brasil (1906) - Porto Alegre (RS)/Brasil (1994): Foi poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Considerado o "poeta das coisas simples", com um estilo marcado pela ironia, pela profundidade e pela perfeição técnica, ele trabalhou como jornalista quase toda a sua vida, tinha uma coluna aos sábados no jornal Correio do Povo. Quintana também traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal. Em 1940, ele lançou o seu primeiro livro de poesias, A Rua dos Cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966, foi publicada a sua Antologia Poética, com sessenta poemas, lançada para comemorar seus sessenta anos de idade. No mesmo ano ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores de melhor livro do ano. Em 1976, ao completar setenta anos, recebeu a medalha Negrinho do Pastoreio do governo do estado do Rio Grande do Sul. Em 1980 recebeu o prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra.

OSÓRIO DUTRA - Rio de Janeiro (RJ)/Brasil (1889 – 1968): Bacharel em Direito e Diplomata. Existe pouquissíma referências sobre o poeta, apenas consta que publicou muitos livros, tais como Terra da Gente e Mundo sem Alma e foi premiado duas vezes pela Academia Brasileira de Letras.

SUZANA DE CAMPOS - São Paulo(SP)/Brasil (1945-1984): Poetisa modernista, descendente de uma tradicional família paulistana. A poetisa doou um terreno para o Governo do Estado de São Paulo para a construção de uma escola, que atualmente se chama Dona Suzana de Campos. O livro de Suzana entitulado Exílio Harmonioso alcançou o prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras.

VINÍCIUS DE MORAES - Rio de Janeiro (RJ) /Brasil (1913- 1980): Foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro. Poeta essencialmente lírico que se notabilizou pelos seus sonetos. Em 1933, Vinicius teve publicado seu primeiro livro de poemas, O Caminho para a Distância. Declarava-se partidário do Integralismo, partido brasileiro de orientação fascista. Na década de 1940 suas obras literárias foram marcadas por versos em linguagem mais simples, sensual e, por vezes, carregados de temas sociais. Atuando como jornalista e crítico de cinema em diversos jornais, Vinicius lançou em 1947, com Alex Vianny, a revista Filme . Moraes também era conhecido como "poetinha", apelido que lhe teria sido atribuido pelo amigo Tom Jobim. Boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também

conhecido por ser um grande conquistador, casando-se por nove vezes ao longo de sua vida. Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

Fontes:

Sites consultados em 08/04/2012:

http://suzanadecampos.multiply.com/ http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana http://pt.wikipedia.org/wiki/Cec%C3%ADlia_Meireles http://pt.wikipedia.org/wiki/Vinicius_de_Moraes

Biografia dos músicos

Cristine Bello Guse - Meio-soprano:

Formada pelo Instituto de Artes da UNESP sob a orientação da Profa. Dra. Márcia Guimarães e mestre Práticas Interpretativas pelo Programa de Pós-graduação, sob orientação da Profa. Dra. Martha Herr. Defendeu o trabalho “O cantor-ator, um estudo sobre a atuação cênica do cantor na ópera”, o qual já foi aprovado para publicação pela editora da UNESP. Iniciou sua atuação como solista no Núcleo Universitário de Ópera, atuando em West Side Story, O

Mikado, Forrobodó, Os Piratas de Penzance e A Ópera dos três Vinténs. Entre outras participações estão a personagem Melissa da ópera de Francesca Caccini La Liberazzione di Ruggero dell’Isola d’Alcina; a personagem Maddalena da ópera Rigoletto de G. Verdi ; a personagem Isabella da ópera de G. Rossini L’Italiana in Algeri; Idamante da ópera de W. A. Mozart Idomeneo, Re di Creta; a personagem Flora da ópera La Traviata e a personagem título da ópera Orfeo ed Eurídice de C. W. Gluck. No repertório sacro atuou como solista em Stabat Mater de G. Pergolesi; Réquiem de W. A. Mozart; Cantata 29 de J.S.Bach ; Beatus Vir e Glória de Vivaldi; Missa Nelson de J. Haydn, e Come ye sons of Art de Purcell. Também fez parte do ensemble da produção de Möeller & Botelho do musical A Noviça Rebelde durante a temporada em São Paulo. Desde 2009, integra o colegiado de professores de canto lírico do Conservatório “Dr. Carlos de Campos” da cidade de Tatuí. Atualmente, leciona regularmente o Workshop Preparação do performer da ópera destinado a desenvolver a habilidade de integração vocal e cênica em jovens cantores interessados neste mercado de trabalho.

Fanny de Souza Lima – Pianista

Pós Graduada em Metodologia do Ensino das Artes pela Universidade de Curitiba (Uninter), Bacharel em Piano pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP) sob orientação da professora Glória Machado e formada em piano erudito pelo Conservatório Dramático e Musical "Dr. Carlos de Campos" de Tatuí. Desenvolve sua carreira como pianista, atuando nas áreas acadêmica e artística. Como professora e pianista convidada, participou da II e III edições do Curso de Férias em Tatuí (2005/2006), atuando na classe de Regência para Coro Infantil. Já nas edições V, VI e VII do Curso de Férias, atuou como pianista correpetidora da área de madeiras e percussão (2009 - 2011). No V Encontro Internacional de Pianistas do Conservatório

de Tatuí, foi convidada a ministrar oficinas na área de Performance do Repertório Infantil. Como integrante do grupo de Cinema Mudo, Gargântua, trabalha na divulgação de filmes em diversas cidades pelo Brasil, apresentando os espetáculos Silhuetas Sonoras, Tesouros do Cinema Latino-Americano e Reis da Comédia. Atuou na organização musical do espetáculo A Floresta Encantada, dirigida pelo compositor Murray Shafer (Canadá) e participou do II Encontro Latino-Americano, onde obteve aulas em Buenos Aires (Argentina) com Violeta de Gainza e outros mestres da América Latina. Atualmente é professora da área de piano e performance-repertório do Conservatório “Dr. Carlos de Campos” da cidade de Tatuí, onde também integra o Grupo de Pianistas Correpetidores.