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ESVV Recuperação do Módulo 10 Parte I Contextualização das duas obras A obra “Os Lusíadas” do século XVI foi escrita numa fase de declínio do império (“apagada e vil tristeza”), que conta a história notável do povo português. Procura o estímulo para a recuperação do presente com a contemplação do passado glorioso. Camões apela ao rei para que este obtenha grandiosas conquistas do Norte de África. O autor aborda o império no domínio territorial (Império Material). Com uma diferença de quatro séculos a “Mensagem” foi igualmente escrita num período de decadência. Nesta obra o passado vitorioso é visto como o “anterremedo” do que há-de vir. Fernando Pessoa faz um apelo para que se reflicta, implementando no povo um espirito de união. O autor aborda o império no domínio espiritual por via da cultura e da linguagem. Estrutura das duas obras “Os Lusíadas” quanto à estrutura externa estão divididos em dez cantos, as suas estrofes são todas oitavas, os versos têm dez silabas métricas e o esquema rimático é 1 Jorge Cardoso União Europeia Fundo Social Europeu Governo da República Portuguesa QUALIFICAR E CRESCER

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Page 1: Recuperação do Módulo 10

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Recuperação do Módulo 10

Parte I

Contextualização das duas obras

A obra “Os Lusíadas” do século XVI foi escrita numa fase de declínio do império (“apagada e vil tristeza”), que conta a história notável do povo português. Procura o estímulo para a recuperação do presente com a contemplação do passado glorioso. Camões apela ao rei para que este obtenha grandiosas conquistas do Norte de África. O autor aborda o império no domínio territorial (Império Material).

Com uma diferença de quatro séculos a “Mensagem” foi igualmente escrita num período de decadência. Nesta obra o passado vitorioso é visto como o “anterremedo” do que há-de vir. Fernando Pessoa faz um apelo para que se reflicta, implementando no povo um espirito de união. O autor aborda o império no domínio espiritual por via da cultura e da linguagem.

Estrutura das duas obras

“Os Lusíadas” quanto à estrutura externa estão divididos em dez cantos, as suas estrofes são todas oitavas, os versos têm dez silabas métricas e o esquema rimático é “abababcc” (rima cruzada e emparelhada), relativamente à estrutura interna a obra é constituída por quatro partes: proposição (o poeta começa por declarar aquilo que se propões fazer, nomeadamente enaltecer os navegadores que tornaram possível o império português, os reis que promovem expansão da fé e do império, bem como todos aqueles que se tornaram dignos de admiração pelos seus feitos – canto I, estâncias 1-3); invocação (o poeta dirige-se às entidades mitológicas chamadas musas, sempre que necessita de inspiração – canto I, estancias 4 e 5); dedicatória (oferecimento do poema a D. Sebastião, que encara toda a esperança do poeta, que quer ver nele um monarca poderoso capaz de retomar “a dilatação da fé e do império”

1Jorge Cardoso

União EuropeiaUnião Europeia

Governo da República Portuguesa

QUALIFICAR E CRESCERQUALIFICAR E CRESCER

Governo da República Portuguesa

Page 2: Recuperação do Módulo 10

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e de ultrapassar a crise do momento – canto I, estancia 6 - 18); narração (começa no canto I, estancias 19 e constitui a acção principal que, a maneira clássica se inicia “in media rés” esto é quando a viagem vai a meio).

A narração desenvolve-se em quatro planos: o plano da viagem; o plano da história; o plano dos deuses e o plano do poeta.

No que se refere a “Mensagem”, esta é constituída por quarenta e quatro poemas os quais estão agrupados em três partes ou seja as etapas da evolução do Império Português – nascimento, realização e morte. No “Brasão”, estão os construtores do Império; em “Mar Português”, surge o sonho marítimo e a obra das descobertas; no “Encoberto”, há a imagem do Império moribundo, com a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressurreição, o espirito do império espiritual, moral e civilizacional na diáfora lusíada.

Classificação das duas obras (poesia épica/ poesia epo-lírica)

A obra “Os Lusíadas” é uma epopeia pois é a narração dos feitos heróicos do povo português, já a “Mensagem” é uma obra epo-lirica porque tem características da epopeia (narra os feitos grandiosos do povo português) mas também possui características do género lírico, na medida em que interpreta, filtra através da sua subjectividade, a matéria épica.

Parte II

Intertextualidade

Estrofes 96 a 98 do canto três – “Os Lusíadas”

D. Dinis – “Mensagem”

Camões narra de D. Dinis o facto de o seu reinado ter sido pacífico e próspero: fundou a universidade, promulgou novas leis, reformou o país com edifícios grandes e altos muros, foi empreendedor pois mandou plantar o pinhal de Leiria.

Em Pessoa, D. Dinis surge como o “plantador de maus” encarna outro momento da História secreta de Portugal, prepara de longe o império, enquanto de noite escreve um cantar de amigo, Pessoa não se limita a narrar os factos históricos, interpreta-os.

2Jorge Cardoso

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Parte III

Conclusão

Concluindo, poderemos encontrar algumas semelhanças entre “Os Lusíadas” e a “Mensagem” tais como, o facto de os dois poemas serem sobre Portugal; D. Sebastião, ser eleito, enviado por Deus ao mundo, para difundir a fé de Cristo; a exaltação épica da acção humana no domínio dos mares; superação dos limites humanos pelos heróis portugueses; superioridade dos navegadores lusos sobre os nautas da Antiguidade e a evocação do passado (memória) para projectar, idealizar o futuro (apelo, incentivo).

Poderemos ainda encontrar algumas diferenças como por exemplo em “Os Lusíadas” deparamo-nos com o dinamismo (a viagem, a aventura, o perigo), o concreto, o conhecimento do Imperio no apogeu e na decadência, a possibilidade de ter esperança. O poeta dirige-se a D. Sebastião, que era uma realidade viva, e incentiva o rei a realizar novos feitos que dêem matéria a uma nova epopeia. A memória e a esperança situam-se no mesmo plano.

Na “Mensagem” encontramos o estatismo (o sonho, o indefinido), o abstracto, a falta de razões para ter esperança, o sebastianismo. D. Sebastião é uma entidade que vive na memória saudoso do poeta, uma sombra, um mito. A esperança é utopia, só existe no sonho.

3Jorge Cardoso

Trabalho realizado por:

Jorge Cardoso nº11, 12ºI