redação. tipologia textual. teoria e prática

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1 Redação– 1/2012 Formas de produção de texto Tipologia Textual Normalmente quando falamos em produção textual, falamos de três tipos básicos de texto: narração, descrição, dissertação. É claro que existem outras formas de textos, porém, esses são os mais usados ou formam a tipologia mais usada nas produções, orais ou escritas, do cotidiano. É importante sabermos diferenciar, classificar e conceituar cada uma dessas formas de texto, e até mesmo percebermos que os textos se misturam e que dificilmente encontraremos um texto puro. O que há, na verdade, é uma predominância. Sendo assim, podemos dizer que: Narração: é o ato de contar, relatar fatos, histórias. Neste ato, involuntariamente, respondemos às perguntas: o quê, onde, quem, como, quando, por quê. Nas histórias há a presença das personagens que praticam e/ou sofrem ações, ocorridas em um tempo e espaço físico. A ação é obrigatória, não existe narração sem ação. Poderá haver mistura de realidade e ficção ou a predominância de uma sobre a outra. É um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos constitutivos: personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de personagens atuantes. A Narração envolve: I. Quem? Personagem; II. Quê? Fatos, enredo; III. Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos; IV. Onde? O lugar da ocorrência; V. Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos; VI. Por quê? A causa dos acontecimentos; Descrição: é o ato de enumerar, sequenciar, listar características de seres com o objetivo de formar uma imagem mental. As características podem ser físicas e/ou psicológicas. Pode haver mistura das características na mesma redação. Pode, ainda, ater-se ao real e/ou fictício – ou misturá-los. Descrever é representar verbalmente um objeto, uma pessoal, um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras específicas. Dissertação: é o ato de debater, discutir um tema, assunto da realidade, normalmente da atualidade, com o leitor. É apresentar argumentos, provas, comprovações que visam a convencê-lo do ponto de vista, opinião adotados. A dissertação pressupõe o conhecimento do assunto a ser debatido e a organização das ideias, dos argumentos. Neste tipo de texto não há a possibilidade de se inventar fatos, argumentos, ideias, dados, gráficos inexistentes. Tudo dever ter por base o real. Dissertar é apresentar idéias, analisá-las, é estabelecer um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou descrever, é necessário explanar e explicar. O raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fundamentação argumentativa, melhor será o desempenho. Exercícios Leia os fragmentos de texto abaixo. Conceitue-os, dentro das tipologias estudadas, e justifique as respostas com base nos conceitos. 1. O lacaio do hotel Bazar Eslavo, em Moscou, Nikolai Tchikildieiev, adoeceu. Suas pernas ficaram dormentes, seu passo se tornou claudicante até que, certa vez, quando caminhava por um corredor, ele tropeçou e caiu com uma bandeja, na qual havia presunto e ervilhas. Foi obrigado a se demitir. Todo o dinheiro que possuía, seu e de sua esposa, ele gastou no tratamento, já não tinha como se alimentar, se entediava sem trabalho e resolveu que era preciso ir para casa de sua família, no interior. _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ 2. Depois das propriedades dos camponeses, começava um barranco abrupto e escarpado, que terminava no rio; aqui e ali, no meio da argila, afloravam pedras enormes. Pelo declive, perto das pedras e das valas escavadas pelos ceramistas, corriam trilhas sinuosas, entre verdadeiras montanhas de cacos de louça, ora pardos, ora vermelhos, e lá embaixo se estendia um prado vasto,

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Redação. Tipologia textual. Teoria e prática.

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Page 1: Redação. Tipologia textual. Teoria e prática

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Redação– 1/2012

Formas de produção de texto

Tipologia Textual

Normalmente quando falamos em produção textual, falamos de três tipos básicos de texto: narração, descrição, dissertação. É claro que existem outras formas de textos, porém, esses são os mais usados ou formam a tipologia mais usada nas produções, orais ou escritas, do cotidiano.

É importante sabermos diferenciar, classificar e conceituar cada uma dessas formas de texto, e até mesmo percebermos que os textos se misturam e que dificilmente encontraremos um texto puro. O que há, na verdade, é uma predominância. Sendo assim, podemos dizer que:

Narração: é o ato de contar, relatar fatos, histórias. Neste ato, involuntariamente, respondemos às perguntas: o quê, onde, quem, como, quando, por quê. Nas histórias há a presença das personagens que praticam e/ou sofrem ações, ocorridas em um tempo e espaço físico. A ação é obrigatória, não existe narração sem ação. Poderá haver mistura de realidade e ficção ou a predominância de uma sobre a outra. É um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos constitutivos: personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de personagens atuantes. A Narração envolve: I. Quem? Personagem; II. Quê? Fatos, enredo; III. Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos; IV. Onde? O lugar da ocorrência; V. Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos; VI. Por quê? A causa dos acontecimentos;

Descrição: é o ato de enumerar, sequenciar,

listar características de seres com o objetivo de formar uma imagem mental. As características podem ser físicas e/ou psicológicas. Pode haver mistura das características na mesma redação. Pode, ainda, ater-se ao real e/ou fictício – ou misturá-los.

Descrever é representar verbalmente um objeto, uma pessoal, um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras específicas.

Dissertação: é o ato de debater, discutir um tema, assunto da realidade, normalmente da atualidade, com o leitor. É apresentar argumentos, provas, comprovações que visam a convencê-lo do ponto de vista, opinião adotados. A dissertação pressupõe o conhecimento do assunto a ser debatido e a organização das ideias, dos argumentos. Neste tipo de texto não há a possibilidade de se inventar fatos, argumentos, ideias, dados, gráficos inexistentes. Tudo dever ter por base o real. Dissertar é apresentar idéias, analisá-las, é estabelecer um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou descrever, é necessário explanar e explicar. O raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fundamentação argumentativa, melhor será o desempenho.

Exercícios

Leia os fragmentos de texto abaixo. Conceitue-os, dentro das tipologias estudadas, e justifique as respostas com base nos conceitos.

1. O lacaio do hotel Bazar Eslavo, em Moscou,

Nikolai Tchikildieiev, adoeceu. Suas pernas ficaram dormentes, seu passo se tornou claudicante até que, certa vez, quando caminhava por um corredor, ele tropeçou e caiu com uma bandeja, na qual havia presunto e ervilhas. Foi obrigado a se demitir. Todo o dinheiro que possuía, seu e de sua esposa, ele gastou no tratamento, já não tinha como se alimentar, se entediava sem trabalho e resolveu que era preciso ir para casa de sua família, no interior.

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2. Depois das propriedades dos camponeses, começava um barranco abrupto e escarpado, que terminava no rio; aqui e ali, no meio da argila, afloravam pedras enormes. Pelo declive, perto das pedras e das valas escavadas pelos ceramistas, corriam trilhas sinuosas, entre verdadeiras montanhas de cacos de louça, ora pardos, ora vermelhos, e lá embaixo se estendia um prado vasto,

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plano, verde-claro, já ceifado, onde agora vagava o rebanho de camponeses.

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3. A mídia vem divulgando de forma acentuada o uso de tablets nas salas de aula e afirma que o Ministério da Educação vai distribuir estas maravilhas tecnológicas para professores do ensino médio. Em seu artigo na Folha On Line, Gilberto Dimenstein fica com um pé atrás em relação a esta tecnologia e sua contribuição real para o ensino em nosso país. No sentido real da educação, isso tem repercussão apenas midiática quando sabemos que, como diz o grande educador Rubem Alves, não se faz comida de qualidade apenas com boas panelas, pois o cozinheiro é mais importante.

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4. Acreditamos firmemente que só o esforço conjunto de toda a nação brasileira conseguirá vencer os gravíssimos problemas econômicos, por todos há muito conhecidos. Quaisquer medidas econômicas, por si só, não são capazes de alterar a realidade, se as autoridades que as elaboram não contarem com o apoio da opinião pública, em meio a uma comunidade de cidadãos conscientes.

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5. Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza incalculável. Ao centro avista-se um lago de águas cristalinas. Através delas,

vemos a dança rodopiante dos pequenos peixes. Em volta deste lago pairam, imponentes, árvores seculares que parecem testemunhas vivas de tantas histórias que se sucederam pelas gerações. A relva, brilhando ao sol, estende-se por todo aquele local, imprimindo à paisagem um clima de tranquilidade e aconchego.

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6. As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vila-lata em seu apartamento seria alvo da mais rigorosa censura de sua mãe. Não tinha qualquer cabimento: um apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e Anita, além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a um cãozinho! Os meninos esconderam o animal em um armário próximo ao corredor e ficaram sentados na sala à espera dos acontecimentos. No fim da tarde a mãe chegou do trabalho. Não tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os olhares aflitos de seus filhos.

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7. Joaquim trabalhava em um escritório que ficava no 12º andar de um edifício da Avenida Paulista. De lá avistava todos os dias a movimentação incessante dos transeuntes, os frequentes congestionamentos dos automóveis e a beleza das arrojadas construções que se sucediam do outro lado da avenida. Estes prédios moderníssimos alternavam-se com majestosas mansões antigas. O presente e o passado ali se combinavam e, contemplando aquelas mansões, podia-se, por alto, imaginar o que fora, nos tempos de outrora, a paisagem desta mesma avenida, hoje tão modificada pela ação do progresso.

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