redes de bibliotecas escolares no brasil: estudo exploratório
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
RUBENIKI FERNANDES DE LIMAS
REDES DE BIBLIOTECAS ESCOLARES NO BRASIL:
estudo exploratório
BELO HORIZONTE2015
INTRODUÇÃOPotencialidade da biblioteca escolar
Cenário desfavorável
Surgimento de modelos mais favoráveis
Redes/sistemas/programas de bibliotecas
PROBLEMA DE PESQUISAQuais as características da estrutura
e do funcionamento das redes de bibliotecas escolares que vêm sendo implementadas no Brasil?
OBJETIVOS DA PESQUISAObjetivo geral
Caracterizar a estrutura de funcionamento de redes de bibliotecas escolares no Brasil, buscando identificar aspectos que distinguem essas bibliotecas.
OBJETIVOS DA PESQUISA Objetivos específicos
descrever a constituição organizacional administrativa de redes de bibliotecas escolares;
Descrever estruturas de funcionamento em aspectos estratégicos;
analisar ações de cooperação bibliotecária; identificar e descrever produtos e serviços finais
oferecidos aos usuários, viabilizados pela atuação em rede;
analisar o papel desempenhado pelo bibliotecário; identificar obstáculos e benefícios da atuação em
rede.
JUSTIFICATIVA Ausência de pesquisas no cenário nacional;
Importância de estudos sobre iniciativas com resultados positivos;
Contribuir para uma compreensão mais ampla do panorama atual;
Servir de base para estudos mais aprofundados;
Inspirar a modelagem de novas redes de bibliotecas escolares.
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO Capítulo 2
Sociedade em rede Capítulo 3
Redes e sistemas de bibliotecas Redes de cooperação bibliotecária no Brasil
Capítulo 4 Programas de bibliotecas escolares em outros países Propostas de redes de bibliotecas escolares no Brasil
Capítulo 5 Procedimentos metodológicos
Capítulo 6 Análise de dados
Considerações finais
REFERENCIAIS TEÓRICOS Biblioteca escolar, cenário negativo
(SILVA, 1995; BRASIL, 2011; CAMPELLO et al., 2012)
Sociedade em rede Castells (2007)
Redes e sistemas de bibliotecas Valera Orol, Garcia Melero e Gonzalez Guitian (1988) Williams e Flynn (1979)
Redes de cooperação bibliotecária, Brasil Krzyzanowski (2007) Campello (2006)
REFERENCIAIS TEÓRICOS Redes de bibliotecas escolares, âmbito
internacional Organização dos Estados Americanos (1985) Portugal (2009) Chile (2010)
Redes de bibliotecas escolares, Brasil Pernambuco - Pimentel (1977) DF - Araújo (1986) Belo Horizonte – Pimenta, Aires, Ribeiro (1998) São Paulo - Rodrigues (2013) Porto Alegre - Paula (2013)
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Pesquisa qualitativa
Exploratória
Método comparativo, indutivo
Objeto de estudo Redes de bibliotecas escolares
Universo da pesquisa Redes de bibliotecas escolares, sistemas municipais
de ensino na região Sudeste do Brasil.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Amostragem
Não-probabilística, intencional
Critérios Estágio de implementação; Profissional atuando na secretaria de educação como
intermediário; Presença de bibliotecários no quadro profissional; Desenvolvimento de ações cooperativas.
Amostra Belo Horizonte-MG, São Carlos-SP, Vitória-ES.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Estudo de casos múltiplos
Compreensão de uma organização ou indivíduo; Limites entre fenômeno e contexto não
definidos; Fenômeno contemporâneo no contexto da vida
real.
Técnicas de coleta de dados Análise documental/pesquisa bibliográfica Entrevistas semi-estruturadas
COLETA DE DADOS Análise documental/pesquisa bibliográfica
Material bibliográfico de acesso livre online; Material institucional cedido pelos coordenadores;
Referenciados no Apêndice A
Entrevistas semi-estruturadas Entrevistados: gestores das redes de bibliotecas;
Belo Horizonte (2); São Carlos* (1); Vitória (2). Roteiro, conforme Apêndice B; Transcrição
*Entrevista escrita
COLETA DE DADOSCategorização e instrumentos de coleta de dados
Fonte: organizado pelo autor
CATEGORIAS DE ANÁLISEMÉTODOS DE COLETA DE DADOSDocumental Entrevista
1 Contexto de surgimento da rede X X2 Conceito da rede de bibliotecas X X3 Legislação e documentação X4 Dotação orçamentária X X5 Estrutura de organização X X6 Recursos humanos X X7 Cooperação bibliotecária X8 Benefícios da atuação em rede X
ANÁLISE DOS DADOS Características gerais das redes analisadasRede/sistema/
Programa
Sistema de ensino Ano de
início*
Localidade Nº de
escolas*
Nº de alunos
matriculados
**
Nº de
bibliotecas
*
Nº de
bibliotecá-
rios*
Sistema Integrado de
Bibliotecas do
Município de São
Carlos (SIBI-SC)
Rede Municipal de
Ensino de São
Carlos/SP
2004 São Carlos (SP) 59 14.582 18 16
Programa de
Bibliotecas da Rede
Municipal de
Educação de Belo
Horizonte
Rede Municipal de
Educação de Belo
Horizonte/MG
(RME-BH)
1997 Belo Horizonte
(MG)
189 165.283 190 43
Rede de Bibliotecas
da Prefeitura
Municipal de Vitória
Rede Municipal de
Ensino de Vitória/ES
1997 Vitória (ES) 53 30.249 53 51
Fonte: elaborado pelo autor com base em dados fornecidos conforme indicado*Dados correspondentes a 2014 coletados das entrevistas.
** Fonte Censo Escolar/INEP 2014 citado por QEdu (2014)
CATEGORIA 1 - CONTEXTO DE SURGIMENTO DAS REDES Valera Orol, Garcia Melero e Gonzalez
Guitian (1988)Primeiros esforços, nos EUA;
Dificuldades econômicas;
Serviços de difícil mensuração tendem a sofrer cortes;
Redes, contornar restrições financeiras, apoio mútuo.
CATEGORIA 1 - CONTEXTO DE SURGIMENTO DAS REDES Organização dos Estados Americanos
(1985)
Antes de 1960, modelo de atuação isolada;
Bibliotecas sem ligação entre si;
Desequilíbrio nos estágios de evolução
Duplicação de esforços, desperdício
CATEGORIA 1 - CONTEXTO DE SURGIMENTO DAS REDES Redes analisadas
A partir da segunda metade da década de 1990; Contexto nacional: democratização e melhoria na
educação; Contexto local: reformas no ensino, transição;
Cenário favorável para mudanças.
Belo Horizonte – 1997 Escola Plural - 1995
Vitória - 1999 Revitalização dos Espaços Escolares da Prefeitura de Vitória -
1997 São Carlos - 2004
Política Municipal do Livro, da Leitura e das Bibliotecas - 2004
CATEGORIA 2 – CONCEPÇÃO DE BIBLIOTECA DA REDE Forma como os atores concebem a biblioteca
Como deve ser, que papéis cumprir OEA (1985):
Centro de conservação e comunicação Concepção tradicional (conservação) Concepção moderna (centro de aprendizagem)
Concepções das lideranças das redes Brasil (2011)
Avalia visão de diferentes atores Pouco consenso sobre a visão de biblioteca
escolar
Vitória
E aí não tinha uma concepção. Mas sempre acreditaram que a biblioteca é muito importante para o aprendizado... que a biblioteca não se configure como um lugar de silêncio... aquelas questões que são antigas e que permanecem até hoje (Eduardo Valadares da Silva).
Hoje a biblioteca é fundamental nesse processo [educativo]. É mais um espaço de aprendizado, de construção de conhecimento. E a gente vê mesmo a biblioteca como esse espaço de construção desse conhecimento (Informante RB-PMV).
Categoria 2 – Concepção de biblioteca da rede
CATEGORIA 2 – CONCEPÇÃO DE BIBLIOTECA DA REDE Belo Horizonte
um espaço centralizador do acervo bibliográfico e de material especial da unidade escolar, servindo como apoio à construção do conhecimento, oferecendo suporte a pesquisas que ampliem, contestem e dialoguem com o conhecimento adquirido em classe por meio da leitura de jornais, periódicos, textos científicos ou literários; é espaço de lazer, podendo ser usado para leitura, jogos, reunião; é espaço de atividades culturais, para a realização de encontros de alunos com escritores, de contação de histórias, de exposição de trabalhos de alunos e professores, de exibição de peças de teatro [...] (PIMENTA, AIRES, RIBEIRO, 1998, p. 69).
um espaço múltiplo de cultura, ação pedagógica, produção de conhecimento e promoção de experiências criativas, é base para os trabalhos desenvolvidos na escola e deve estar a serviço de seu Projeto Político Pedagógico (BELO HORIZONTE, 2013, p. 12).
CATEGORIA 2 – CONCEPÇÃO DE BIBLIOTECA DA REDE São Carlos Escolas do Futuro
As Escolas do Futuro são bibliotecas escolares comunitárias que atendem tanto os alunos, professores e funcionários das EMEB – Escola Municipal de Educação Básica -, pois estão instaladas junto a elas, mas também toda a comunidade em seu entorno; todos os cidadãos podem usufruir de seu acervo e serviços, com igualdade de oportunidades no acesso e uso da informação, potencializando assim sua função.
Foco na utilização da estrutura e localização das bibliotecas para democratização do acesso à leitura e informação.
As bibliotecas se localizam contíguas às escolas municipais de ensino fundamental. “É a biblioteca escolar repensada, inovada e renovada que, não por acaso, está estrategicamente localizada em bairros da periferia da cidade, atendendo, portanto, uma população bastante carente e sem acesso à informação e à leitura” (CARDILLO et al, 2009, p. 23).
CATEGORIA 2 – CONCEPÇÃO DE BIBLIOTECA DA REDE Assim, nas redes de Vitória e Belo Horizonte,
destaca-se a tentativa de abandono de uma forma antiquada de concepção, marcando que biblioteca não poderia funcionar da maneira como vinha fazendo. Desta forma, as modificações começam a ocorrer a partir do momento em que a biblioteca escolar é entendida pelos atores sob outra perspectiva.
A biblioteca é um espaço ativo, onde se promovem ações que vão influir diretamente na formação do aluno, não sendo um fim em si mesma.
CATEGORIA 2 – CONCEPÇÃO DE BIBLIOTECA DA REDE Atividades “técnicas” como importantes,
embora não sejam um fim em si mesmas.
É uma visão que a gente quer desconstruir. De uma biblioteca com aquele profissional que vai ali catalogar e resolver... (Leila Cristina Barros).
Centro de aprendizagem
Dentro da biblioteca, o foco não pode ser o livro. O foco tem que ser o leitor (Carolina Teixeira de Paula).
CATEGORIA 2 – CONCEPÇÃO DE BIBLIOTECA DA REDE São N as pesquisas que dizem que no Brasil o
cidadão tem acesso a esse tipo de material na escola. Saiu dela... dificilmente ou poucos continuam tendo a relação com a literatura, com o livro, igual é na escola. E aí... em uma das primeiras reuniões, por exemplo, que eu participei... e ainda a gente tem essas reuniões com as coordenações e ficou mais claro ainda um certo apego, exagerado, ao livro. E o nosso foco, aí não é da biblioteca - é [o foco] da educação - é o aluno (Carolina Teixeira de Paula).
CATEGORIA 2 – CONCEPÇÃO DE BIBLIOTECA DA REDE Levantamento de hipóteses
Mudança influenciada pela tentativa de abandono de uma concepção distorcida
Mudança de concepção não ocorre de forma unânime
Concepção de centro de aprendizagem redefine responsabilidades
Resistência Formação profissional Plano de carreira pouco atrativo Falta de identificação individual
Mudança de concepção Quanto mais disseminado o conceito, mais favorável se uma visão moderna
se tornar a concepção “oficial”.
CATEGORIA 3 – LEGISLAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO Apoio legislativo
Fundamental para consolidação e permanência em longo prazo
É indispensável que um programa de bibliotecas escolares seja sustentado por uma legislação, que goze de uma existência jurídica que lhe permita sustentar-se como tal, lhe dê capacidade de ação e de persuasão a nível local, regional e nacional e disponha de dotação orçamentária própria e suficiente (ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS, 1985, p. 79).
CATEGORIA 3 – LEGISLAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO São Carlos
Lei Municipal nº 13.464 de 2 de dezembro de 2004 (institui o SIBI-SC) Lei nº 13.500, de 05 de janeiro de 2005 (estabelece a Política
Municipal do Livro)
Belo Horizonte Lei Orgânica do Município (10% da verba escolar para o acervo das
bibliotecas). Plano de Melhoria da Aprendizagem para o triênio 2015-2017
Política de desenvolvimento de acervo, Diagnóstico, “Cadernos”
Vitória Ausência de legislações e documentações Lei Municipal n. 6.443, de 21 de outubro de 2005 (concurso) Plano Plurianual – 2010/2013 Tentativa de planejamento estratégico
CATEGORIA 4 – DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA São Carlos
Lei nº 13.500, de 05 de janeiro de 2005 (estabelece a Política Municipal do Livro)
Belo Horizonte Lei Orgânica do Município (10% da verba escolar para o
acervo das bibliotecas).
Vitória Ausência de legislações e documentações Plano Plurianual – 2010/2013
CATEGORIA 5 – ESTRUTURA ADMINISTRATIVA Sistema Integrado de Bibliotecas do Município de São Carlos**SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO- 1. Direção do Sistema Integrado de Bibliotecas do Município de São Carlos, de 1º nível Programa de bibliotecas da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte*SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO-1. Gerência de Coordenação de Política Pedagógica e de Formação, de 1º nível--1.1. Gerência de Educação Básica e Inclusão, de 2º nível;---1.1.1. Gerência de Coordenação do Centro de Apoio Pedagógico para oAtendimento às Pessoas com Deficiência Visual, de 3º nível;--1.2. Gerência de Coordenação da Educação Infantil, de 2º nível; -- Coordenadoria do Programa de Bibliotecas
Rede de Bibliotecas da Prefeitura Municipal de Vitória***SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO- 1. Subsecretaria Político-Pedagógica, de 1º nível-- 1.1. Gerência de Ensino Fundamental, de 2º nível--- 1.1.1. Coordenação de Formação e Acompanhamento do Ensino Fundamental, de 3º nível--- 1.1.2. Coordenação de Educação de Jovens e Adultos, de 3º nível--- 1.1.3. Coordenação de Desporto Escolar, de 3º nível
--- Assistência Técnica da Rede de Bibliotecas da Prefeitura Municipal de Vitória Fonte: Adaptado pelo autor a partir dos organogramas das secretarias de educação.
CATEGORIA 4 – DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA Belo Horizonte
Lei Orgânica do Município, Artigo 163.(10% da verba escolar para o acervo das bibliotecas).
(...) § 2º - Cada escola municipal aplicará pelo menos dez por cento da verba referida no art. 161 na manutenção e ampliação do acervo de sua biblioteca (BELO HORIZONTE, 1990, p. 50).
(...) para deixar claro para você: o seguinte. Que a verba que chega, ela dá e em muitos casos até sobra, tá... O pessoal não consegue gastar toda a verba. Então, é um valor mais do que suficiente que é direcionado para a biblioteca (Leila Cristina Barros).
CATEGORIA 5 – ESTRUTURA ADMINISTRATIVA Necessidade de estudos para avaliar o
impacto do posicionamento hierárquico Indagações
O porquê do posicionamento hierárquico.Falta de confiança em políticas públicas para
BE?Trata-se de um “não reconhecimento”?Não proporciona visibilidade político-eleitoral?Não há confiança nos profissionais que
ocupariam tais cargos?
CATEGORIA 6 – RECURSOS HUMANOSRede de bibliotecas Cargo na secretaria
de educaçãoCargos na escola
Programa de bibliotecas da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte – MG
Coordenador Bibliotecário Auxiliar de biblioteca Professores em
readaptação funcional
Sistema Integrado de Bibliotecas do Município de São Carlos – SP
Diretor Coordenador de
divisão
Bibliotecário Professores em
readaptação funcional Auxiliares
administrativosRede de Bibliotecas da Prefeitura Municipal de Vitória – ES
Assessor técnico Bibliotecário Professores em
readaptação funcional
Fonte: dados extraídos das entrevistas.
CATEGORIA 6 – RECURSOS HUMANOS:LIDERANÇAS DAS REDES São Carlos Direção
Divisão de Política de Desenvolvimento de Coleções Divisão de Tratamento Técnico da Informação Divisão de Incentivo à Leitura
(...) cabe à direção do SIBI, representada pelo Diretor de Departamento, o acompanhamento das equipes de Processamento Técnico, Aquisição e Incentivo à Leitura, de forma que haja condições de trabalho para estes setores: material, espaço físico, transporte, formações, equipe e afins (Informante SIBI-SC).
CATEGORIA 6 – RECURSOS HUMANOS:LIDERANÇAS DAS REDES Belo Horizonte Coordenação
Compartilhada Complementação de perfis (bibliotecária e professora
doutora) Divisão de funções
Papéis Gestão Intermediação SMED e bibliotecas
(...) só pra fazer um resumão, assim de qual que é o nosso papel central, se eu for resumir em poucas palavras, é: fazer acontecer. (Leila Cristina Barros).
CATEGORIA 6 – RECURSOS HUMANOS:LIDERANÇAS DAS REDES Vitória Assessoria técnica
Papéis Intermediação Propor ações de capacitação Sensibilização sobre atuação na biblioteca escolar Seleção do acervo
Hoje eu sou uma assessora técnica que atua dentro da Secretaria fazendo a ponte, pra tentar a ligação entre as unidades e as escolas, uma vez que chegam na secretaria muitas questões técnicas específicas. Então, não existe... não existia, um profissional que pudesse responder a essas questões específicas (Informante RB-PMV).
CATEGORIA 6 – RECURSOS HUMANOS:LIDERANÇAS DAS REDES Liderança presente na Secretaria de Educação é um
diferencial Intermediação;
A problemática da biblioteca não alcança as esferas superiores de gestão. Sem uma representação das bibliotecas na secretaria de educação torna-se mais difícil de as bibliotecas se organizarem enquanto grupo. Apesar de essas afirmações parecerem evidentes, suscita-nos a dúvida sobre se apenas recentemente a biblioteca escolar não estaria se “setorizando”. Ou seja, tornando-se um setor de fato dentro da escola que vem demonstrando uma demanda por um órgão específico na estrutura das secretarias de educação que representasse as especificidades.
CATEGORIA 6 – RECURSOS HUMANOS:BIBLIOTECÁRIOS
Os recursos humanos, dessa forma, são fundamentais, sendo necessário que a responsabilidade pela biblioteca esteja nas mãos de pessoas com determinado nível de formação, com atitudes frente ao ato educativo, além de portador de um lugar de professor dentro de uma carreira (Organização dos Estados Americanos, 1985).
No Brasil, é o bibliotecário o profissional que melhor atende a tais condições de formação em relação a aspectos técnicos. No entanto, os relatos vêm demonstrando uma necessidade já expressa anteriormente pela Organização dos Estados Americanos (1985), ou seja, formação, ainda que complementar, e experiência em questões pedagógicas.
CATEGORIA 6 – RECURSOS HUMANOS:BIBLIOTECÁRIOS
Papéis esperados
Liderança
Intermediação de diretrizes – SME/Escola
Papel educativo ou de mediador
CATEGORIA 6 – RECURSOS HUMANOS:AUXILIAR DE BIBLIOTECA Belo Horizonte
Um auxiliar por turno Funções técnicas e de mediação de leitura Dificuldades de formação
Vitória Apenas o bibliotecário, sem auxiliares
São Carlos Um ou mais por biblioteca
CATEGORIA 6 – RECURSOS HUMANOS:FUNCIONÁRIOS EM READAPTAÇÃO Trata-se de professores que por razões de saúde
são afastados das salas de aula e passam a atuar na biblioteca escolar, a princípio para desenvolver atividades realizadas também pelos auxiliares de biblioteca. Em todos os casos, em maior ou menor número, existe essa situação nos três sistemas estudados. A crítica ao fato da presença de professores em readaptação funcional nas bibliotecas refere-se à postura adotada por muitos, o que acabou gerando uma imagem negativa historicamente.
CATEGORIA 6 – RECURSOS HUMANOS:AUXILIAR DE BIBLIOTECA E eu falei do professor em readaptação funcional que a gente
tem dificuldades em alguns casos em função do laudo dele. Mas a gente tem dificuldades também com auxiliares e com professores. Porque há uma tendência a achar, do senso comum. Não é só aqui. Isso na própria universidade, eu já ouvi. Quando a gente está em discussões na sala de aula. “Ah, porque biblioteca escolar... joga o professor lá que... readaptado, não é, e tal.” A gente tem professor que trabalha muito bem. A gente tem professor que não trabalha tão bem. A gente tem auxiliar de biblioteca que trabalha muito bem. E a gente tem auxiliar de biblioteca que não trabalha bem. A gente tem bibliotecário que trabalha muito bem. E a gente tem bibliotecário que não trabalha bem. Então, assim... é só pra desmistificar isso de que professor em readaptação profissional na biblioteca é sempre um estorvo. E em alguns casos nessa rede. Vou falar que é onde a gente está, se não são eles o trabalho não vai. Eu queria ter falado isso, deixar isso registrado (Carolina Teixeira de Paula).
CATEGORIA 7 – COOPERAÇÃO BIBLIOTECÁRIA, ARTICULAÇÃO ENTRE BIBLIOTECAS Pressuposição de que os resultados das redes se dariam
pela atuação cooperativa. Cooperações bibliotecárias avançadas são incipientes nas
bibliotecas escolares.
Williams e Flynn (1979) as redes de bibliotecas desenvolvem atividades de
cooperação de três tipos: aquelas ligadas diretamente aos interesses dos usuários, ou seja, relacionadas às atividades fim; as relacionadas aos interesses diretos das bibliotecas e indiretos dos usuários, isto é, atividades meio e, finalmente, atividades de cooperação relacionadas ao suporte da estrutura da rede.
REDE ATIVIDADES DE SUPORTE ATIVIDADES MEIO ATIVIDADES FIM
Centralizadas Entre
unidades
Centralizadas Entre
unidades
Centralizadas Entre unidades
Belo
Horizonte
(MG)
Política de
desenvolvi-
mento de
coleções
Reuniões para
trocas de
experiências
Aquisição Replicação de
projetos;
Empréstimo entre
bibliotecas
São Carlos
(SP)
Reuniões de
planejamento;
Reuniões para
trocas de
experiências
Aquisição;
Processamento
técnico
Processamento
técnico
Ações de
incentivo à leitura
em escolas e
eventos
Eventos de
incentivo à
leitura;
Divulgação;
Empréstimo entre
bibliotecas.
Vitória
(ES)
Padrões para
organização
das bibliotecas
Grupos de
trabalho
Aquisição Mutirões para
organização e
processamento
técnico.
Identificação de
competências
Cessão de
profissionais para
desenvolver
atividades
culturais.
CATEGORIA 7 – COOPERAÇÃO BIBLIOTECÁRIA, ARTICULAÇÃO ENTRE BIBLIOTECAS Caracterização
Estágio incipiente, profissionalização recente Iniciativas locais e informais Faltam condições para otimizar o compartilhamento Não representa o centro das preocupações Necessário fortalecimento como sistemas de
bibliotecas
Necessário que aspectos de suporte às redes estejam melhor consolidadas (visão, formalização, verba, profissionalização, políticas públicas).
Melhores resultados Mais avanços em relação ao suporte à estrutura da
rede Ações devido a políticas públicas
CATEGORIA 8 – BENEFÍCIOS DA ATUAÇÃO EM REDE
Benefícios: principais na percepção dos coordenadores das redes.
Benefícios em relação a espaço físico, acervo, organização do acervo, computadores, serviços e recursos humanos.
Equilíbrio entre as bibliotecas.
CATEGORIA 8 – BENEFÍCIOS DA ATUAÇÃO EM REDE Belo Horizonte
Acho que a primeira coisa de tudo é fazer uma organização mesmo. Com a instituição do programa, contrataram-se profissionais. Depois de alguns anos obteve-se a verba para diversificar o acervo. Então, só de contratar profissional que vai atuar diretamente naquele espaço. Ter verba. Fazer esse investimento. Investimento financeiro até, nas bibliotecas, eu acho que... o início de tudo. Ajudar a organizar (Carolina Teixeira de Paula).
Vitória Porque se cada biblioteca trabalhar isoladamente, ela
não vai ter a força necessária para ela se consolidar. Então trabalhando em rede vai ter alguém na secretaria de educação para ser a voz da biblioteca (Eduardo Valadares da Silva).
CATEGORIA 8 – BENEFÍCIOS DA ATUAÇÃO EM REDE Espaço físico
Todas as escolas com um espaço, ainda que limitado. Projeto padrão em São Carlos Implantação de novas, São Carlos e Vitória Renovação de mobiliário, Vitória
Acervo Aquisição
Verba própria, Belo Horizonte, São Carlos Setor dedicado à aquisição, São Carlos Retirada de excesso de livros didáticos, Vitória
Os acervos hoje, posso te dizer que hoje Vitória não tem problema nenhum com acervo, o nosso acervo das bibliotecas é excelente. Não vou te dizer nem bom. Ele é excelente. (Informante RB-PMV)
CATEGORIA 8 – BENEFÍCIOS DA ATUAÇÃO EM REDE Organização do acervo
Departamento específico para o tratamento técnico e bibliotecas informatizadas, catálogo online, São Carlos;
Esforços para informatização, Belo Horizonte e Vitória;
Computadores […] e nós estamos desde 2012 implantando uma rede. E
aí nós esbarramos em várias situações de bibliotecas que não têm internet, porque o sistema funciona via internet... (Informante RB-PMV).
CATEGORIA 8 – BENEFÍCIOS DA ATUAÇÃO EM REDE Serviços e atividades
Nem sempre são de intervenção direta da rede; Não se trata de padronização, ação conforme cada
escola; A ação cultural é muito em função de cada escola
(Eduardo Valadares da Silva).
Recursos humanos Lideranças presentes nas Secretarias de Educação Quadro específico para a biblioteca Realização de capacitações
CATEGORIA 8 – BENEFÍCIOS DA ATUAÇÃO EM REDE Equilíbrio: diferenças de realidade entre escolas
“É necessário ter-se em conta que no interior de um mesmo programa podem coexistir diferentes graus de desenvolvimento e, por conseguinte, seus sub-sistemas encontrar-se em diferentes etapas de implementação” (ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS, 1985, p. 181).
A gente tem que pensar muito que nossa rede, ela tem 189 escolas. A gente tem que pensar muito nas especificidades. Mesmo as orientações que a gente dá aqui nesse Caderno, são orientações que não podem ser levadas à risca, do jeitinho que a gente coloca, porque às vezes tem alguma coisa que não pode ser desenvolvida exatamente daquele jeito, por causa da especificidade da escola. Então a gente respeita muito isso (Leila Cristina Barros).
CATEGORIA 8 – BENEFÍCIOS DA ATUAÇÃO EM REDE
Eixos comuns (Belo Horizonte)
Informatização Melhoria de acervo e
dinamização Formação de pessoal
São Carlos Modernização Contratação
Vitória Informatização Capacitação Padronização Aquisição Ações pedagógicas
Observaram-se dificuldades para o estabelecimento de um planejamento geral, válido para todas as bibliotecas. Aparentemente, mostra-se mais produtivo concentrar-se em eixos de atuação, que definem aspectos para o desenvolvimento das bibliotecas.
CATEGORIA 8 – BENEFÍCIOS DA ATUAÇÃO EM REDE A diferença vai desde o espaço físico. A gente tem uma biblioteca
de 200 m². Mas a gente tem biblioteca que não foi construída para ser biblioteca. É uma sala de aula que se tornou o espaço da biblioteca (Carolina Teixeira de Paula).
Eu digo que hoje você tem... você pode analisar bibliotecas e bibliotecas. Você tem, assim, dois extremos: bibliotecas altamente equipadas, com acervo bacana, com um espaço físico bacana, mobiliário lindo... e você tem escolas onde a biblioteca ainda está funcionando de forma... no corredor da escola... (Informante RB-PMV).
Elas foram construídas a partir um projeto padrão que preserva o mesmo espaço físico e as tornam fisicamente similares. (...) O que existe de diferente entre as unidades são as particularidades de cada unidade de Biblioteca, que a critério do bibliotecário responsável, vão sendo adaptadas de acordo com as solicitações e de demandas de cada região (Informante SIBI-SC).
CONSIDERAÇÕES FINAIS BE estratégica para melhoria da educação; Espaço desamparado; Determinados agrupamentos de BE vêm
alcançando avanços significativos; Pressuposto
Resultado positivos: causados pela atuação cooperativa
Histórico negativo: causado pelo modelo de atuação isolada
CONSIDERAÇÕES FINAIS Objeto de estudo Redes/sistemas/programas de bibliotecas
escolares. Critérios:
Redes municipais de ensino;Lideranças intermediárias nas SME;Bibliotecários;Desenvolvimento de ações cooperativas;
Estudo exploratório para familiarização com pontos relevantes a se aprofundar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Objetivos Objetivo principal:
Responder qual seria o diferencial das redes analisadas
Objetivos específicos Descrever aspectos estratégicos Analisar ações de cooperação bibliotecária Papel dos profissionais Identificar benefícios da atuação em rede
CONSIDERAÇÕES FINAIS Categoria 1 - Contexto de surgimento
Surgimento impulsionado por movimentos mais amplos de transformação
Alternativa para contornar a situação de infraestrutura precária
Sem um planejamento de longo prazo, “fazendo história”, melhorias gradativas
CONSIDERAÇÕES FINAIS Categoria 2 – Conceito de biblioteca
Abandono de uma concepção distorcida.Conceito moderno de biblioteca escolar
como paradigma oficial.Conservação x centro de aprendizagem.Concepção limitada à visão das lideranças
das redes.Panorama mais amplo: necessário
envolver outros atores.Visão não é unificada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Categoria 3 – Legislação e documentação
Diversidade de situaçõesCriação a partir de legislação (São Carlos)Legislação e documentação ganhando
força (Belo Horizonte)Consolidação histórica x fragilidade de
formalização (Vitória)
CONSIDERAÇÕES FINAIS Categoria 4 – Dotação orçamentária
Definição de dotação orçamentária Belo Horizonte São Carlos
Dotação orçamentária menos constanteVitória
CONSIDERAÇÕES FINAIS Categoria 5 – Estrutura administrativa
São Carlos, contato direto com o Secretário de Educação
Programa de Bibliotecas de Belo Horizonte e a Rede de Bibliotecas de Vitória não são formalizados no organograma. Ocupariam um 3° nível.
Por que a formalização não ocorre?Seria uma “setorização”?Trata-se de um movimento de
profissionalização?
CONSIDERAÇÕES FINAIS Categoria 6 – Recursos humanos
Presença de liderança nas SME
Bibliotecários, profissionalização,
Sem profissionais, o trabalho torna-se intuitivo.
Expectativa além das atividades “técnicas”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Categoria 7 – Cooperação bibliotecária
Maior integração comparadas ao modelo de atuação isolada.
Pressuposto de que o diferencial seria a cooperação entre bibliotecas.
Cooperação em nível inicial (iniciativas informais, locais, individuais).
Cooperação não seria a prioridade a ser resolvida.
Necessário maior consolidação enquanto sistemas
CONSIDERAÇÕES FINAIS Categoria 8 – Benefícios da atuação em rede
Organização
Fortalecimento gradativo como sistema
Estagnação x perspectivas de evolução
Desequilíbrio
CONSIDERAÇÕES FINAIS Cooperação bibliotecária é parte secundária. Necessidade de infraestrutura dependente
da articulação de diversas esferas. Necessidade de inclusão em políticas
públicas. Profissionalização Diferencial: existência de organização
sistêmica
CONSIDERAÇÕES FINAIS Pontos a serem aprofundados
Perspectiva teórica sobre redes de bibliotecas responde apenas parte da questão.
Perspectiva mais ampla: políticas públicas. Enfoque da Teoria Geral da Administração “Setorização” Impacto do posicionamento no organograma Profissionalização