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Grupo de Pesquisa em Ciberjornalismo – CIBERJOR-UFMS Cidade Universitária, s/n - Caixa Postal 549 Tel: (67) 3345-7040 CEP 79070-900 * Campo Grande (MS) * www.ciberjor.ufms.br - [email protected] ISSN 2179-4529 ANAIS DO 4º SIMPÓSIO DE CIBERJORNALISMO Redes sociais e ciberacontecimento a dinâmica do processo interacional Alciane Nolibos Baccin 1 Resumo: Os consumidores de notícias também são agentes de agendamento, provocando acontecimentos que emergem nas redes sociais e circulam, até serem construídos pelo Jornalismo, e transformados em acontecimentos jornalísticos. Acontecimentos que apresentam as marcas das redes sociais na internet podem ser chamados de ciberacontecimentos. Parte-se do pressuposto de que há uma nova configuração de acontecimento, próprio das interações proporcionadas pelas redes sociais na internet, que altera a dinâmica comunicacional e desestabiliza a prática jornalística. Este artigo se propõe a analisar um acontecimento que emerge nas redes sociais na internet - ciberacontecimento -, a fan page Diário de Classe, criada no dia 11 julho de 2012 e mantida pela estudante, Isadora Faber, de 13 anos, de Florianópolis, refletir sobre o conceito de ciberacontecimento, além de detectar as marcas da interação mediada por computador, que transformam o ciberacontecimento em acontecimento jornalístico. O artigo apresenta o que os acontecimentos que emergem das redes sociais na internet têm de particular e o que essas mudanças alteram o fazer jornalístico. Palavras-chave: Redes sociais. Ciberacontecimento. Webjornalismo. Processo interacional. 1. No rastro das mudanças 1 Doutoranda em Comunicação e Informação, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em Ciências da Comunicação pela Unisinos, especialista em Comunicação Midiática pela UFSM. Jornalista da Emater/RS- Ascar. E-mail: [email protected]

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ISSN 2179-4529 – ANAIS DO 4º SIMPÓSIO DE CIBERJORNALISMO

Redes sociais e ciberacontecimento –

a dinâmica do processo interacional

Alciane Nolibos Baccin1

Resumo: Os consumidores de notícias também são agentes de agendamento, provocando

acontecimentos que emergem nas redes sociais e circulam, até serem construídos pelo

Jornalismo, e transformados em acontecimentos jornalísticos. Acontecimentos que

apresentam as marcas das redes sociais na internet podem ser chamados de

ciberacontecimentos. Parte-se do pressuposto de que há uma nova configuração de

acontecimento, próprio das interações proporcionadas pelas redes sociais na internet, que

altera a dinâmica comunicacional e desestabiliza a prática jornalística. Este artigo se propõe

a analisar um acontecimento que emerge nas redes sociais na internet - ciberacontecimento

-, a fan page Diário de Classe, criada no dia 11 julho de 2012 e mantida pela estudante,

Isadora Faber, de 13 anos, de Florianópolis, refletir sobre o conceito de ciberacontecimento,

além de detectar as marcas da interação mediada por computador, que transformam o

ciberacontecimento em acontecimento jornalístico. O artigo apresenta o que os

acontecimentos que emergem das redes sociais na internet têm de particular e o que essas

mudanças alteram o fazer jornalístico.

Palavras-chave: Redes sociais. Ciberacontecimento. Webjornalismo. Processo

interacional.

1. No rastro das mudanças

1 Doutoranda em Comunicação e Informação, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em

Ciências da Comunicação pela Unisinos, especialista em Comunicação Midiática pela UFSM. Jornalista da Emater/RS-Ascar. E-mail: [email protected]

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É visível na sociedade atual a mudança na forma como o público e as próprias

mídias estão produzindo, fazendo circular e consumindo informações. O modelo antes

objetivista do Jornalismo cede espaço para uma cultura mais participativa. Podemos dizer

que essa é uma demanda que parte do público, que quer cada vez mais participar da

construção jornalística. O tema deste artigo é parte do projeto de tese de doutorado que a

autora desenvolve junto ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, que tem a ver com essas mudanças, de como se dá o processo de construção

dos acontecimentos no espaço das mídias sociais digitais e como o Jornalismo se apropria

desses acontecimentos, transformando-os em acontecimentos jornalísticos. Aos poucos o

Jornalismo está seguindo o rastro das mudanças que ocorrem na sociedade, experimentando

e adaptando-se à cultura da convergência, que requer uma transformação de conteúdo,

espaço e tempo. Seria então uma adaptação do “fazer jornalístico”?

O Jornalismo está agora diante da continuidade e a construção dos acontecimentos

jornalísticos em constante transformação. Muitas das experiências dos acontecimentos são

interpretadas e narradas nos sites de redes sociais. Percebemos hoje que há deslocamentos

com temas que emergem originalmente das redes (como Twitter, Facebook e YouTube),

cada vez mais o público quer colaborar e construir informações. Os consumidores de

notícias também passam a ser agentes de agendamento, provocando acontecimentos que

emergem nos sites de redes sociais e circulam até serem construídos pelas mídias e

transformados em acontecimentos jornalísticos. Acontecimentos que apresentam as marcas

das redes sociais, já estão sendo chamados de ciberacontecimentos2.

A dinâmica que movimenta os sites de redes sociais está alterando as rotinas de

produção noticiosa, estando hoje profundamente integrada à atividade profissional

jornalística, ao “fazer jornalístico”. Parte-se do pressuposto de que há uma nova

2 Ciberacontecimento é um termo trabalhado por Henn (2011) , com base no historiador Pierre Norá. Para

Norá, há uma certa correspondência entre a natureza dos acontecimentos e as mídias que lhe são contemporâneas. Nessa perspectiva, entende que já existe hoje uma gama de acontecimentos que se constituem a partir das lógicas das redes na internet.

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configuração de acontecimento, próprio das redes sociais na internet, que se constitui na

sociedade. Um acontecimento produzido e provocado pelo público está alterando a

dinâmica comunicacional e desestabilizando a prática jornalística.

A disseminação e popularização da internet e os avanços que esta tem apresentado

nos últimos anos, o uso das mídias locativas, que permitem uma aproximação viva com os

acontecimentos, transmitindo, muitas vezes, em tempo real falas e imagens, constituem-se

como elementos vitais no funcionamento e na rotina jornalística. “Assim, cada cidadão em

potencial é produtor de informação, não importando se com intenções ou com ambições

jornalísticas, mas atuando de alguma forma no campo do jornalismo ou muito próximo

dele” (MIELNICZUK, 2013, p. 123).

A incorporação dessa nova dinâmica como instrumento do ofício tem consequências

substantivas sobre o modo de produzir as notícias e de como essas informações estão

chegando às redações. A estrutura da comunicação em rede traz diferenças fundamentais

para cada elemento do processo comunicativo. Trata-se de emissão dispersa e capilarizada,

fundamentalmente não-hierárquica, em que emissores alternativos estão produzindo

acontecimentos, procurando atrair a atenção dos jornalistas e, consequentemente, um

espaço valioso no noticiário.

Os produtores de notícias estão recorrendo cada vez mais à internet, principalmente

como fonte de informação. Sabendo disso, alguns emissores postam mensagens (textuais ou

visuais) que acabam gerando interesse jornalístico. Na dissertação, defendida em 2012,

concluiu-se que o acontecimento jornalístico estudado “Geisy Arruda – Uniban”

configurou-se a partir da participação do público, desde a divulgação do Acontecimento

(via vídeos no YouTube) nos sites de redes sociais para chamar a atenção das mídias

(webjornalismo e mídias tradicionais), reverberando, até provocar desdobramentos e

fazendo-os circular em muitos outros momentos do fluxo (BACCIN, 2012).

O processo linear de produção da notícia (emissor – mensagem – receptor) não se

sustenta mais. Para Baccin (2012), a cultura da convergência está tensionando esse

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processo e reconfigurando a construção do acontecimento jornalístico, promovendo uma

autoria participativa, um processo mais inclusivo, e fazendo com que a informação flua em

diversos canais e em múltiplas direções. “Essa cultura desafia as mídias tradicionais a se

adaptarem e os jornalistas a adequarem as práticas jornalísticas e a aceitarem a colaboração

do público em todo o processo comunicacional” (BACCIN, 2012, p. 125).

Este artigo se propõe a iniciar uma reflexão sobre esse novo acontecimento que

emerge das redes sociais digitais – o ciberacontecimento – e como se configura nesse

espaço, partindo do acompanhamento de um acontecimento que emerge nas redes sociais

na internet, a fan page Diário de Classe, criada no dia 11 julho de 2012 e mantida pela

estudante, Isadora Faber, de 13 anos, de Florianópolis. Este trabalho ainda faz uma breve

reflexão sobre o conceito de ciberacontecimento (HENN, 2012 e 2013; ARIAS, 2008;

JUNGBLUT, 2011), e detecta as marcas da interação mediada por computador (PRIMO,

2011 e 2013), que transformam o ciberacontecimento em acontecimento jornalístico.

A fan page Diário de Classe faz parte da pesquisa de doutorado que a autora

desenvolve, desde o início deste ano na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(UFRGS), no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação, sob orientação

da professora Luciana Mielniczuk.

2. Acontecimento e acontecimento jornalístico

Autores de várias áreas (como sociologia, história, linguagem) discutem o conceito

de acontecimento. Uma das perspectivas que aborda tal conceito é a da linguagem, que se

refere ao acontecimento como resultado de um processo de narração de um fato, incluindo

uma dimensão de seleção e de escolha e envolvendo a elaboração de um arranjo narrativo

que ordena e desordena o ocorrido. De acordo com Charaudeau (2009, p. 131-132), “para

que o acontecimento exista é necessário nomeá-lo. O acontecimento não significa em si. O

acontecimento só significa enquanto acontecimento em um discurso”. Se ele só existe em

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um discurso, depende do olhar do sujeito que vai narrá-lo, por isso nunca é transmitido à

instância da recepção tal e qual surge, pois quando um acontecimento é descrito/narrado em

uma notícia, esta é objeto de um tratamento discursivo.

O acontecimento não é jamais transmitido em seu estado bruto, pois, antes de ser

transmitido, ele se torna objeto de racionalizações: pelos critérios de seleção dos

fatos e dos atores, pela maneira de encerrá-los em categorias de entendimento,

pelos modos de visibilidade escolhidos. (CHARAUDEAU, 2009, p. 151).

A captura da realidade não acontece sem que haja um filtro do que se quer captar,

ou seja, realiza-se uma fragmentação do real, constrói-se um real, a partir da seleção de

acontecimentos que serão noticiados pela mídia. Como nos fala Charaudeau (2009, p. 253),

“as mídias nos impõem suas escolhas dos acontecimentos. Não é, como dizem, porque elas

tornem visível o invisível, mas porque só tornam visível aquele visível que decidiram nos

exibir, e esse visível não é necessariamente igual àquele que o cidadão espera ou deseja”.

Assim a mídia impõe à instância da recepção uma certa visão de mundo já previamente

articulada.

Para Charaudeau (2009), o acontecimento é sempre construído. E para que aconteça

esse processo evenemencial3 é necessário que se produza dele três ações fundamentais:

primeiro uma “modificação no estado do mundo fenomenal, geradora de um estado de

desequilíbrio, que essa modificação seja percebida por sujeitos (ou que estes julguem que

houve uma modificação) num efeito de ‘saliência’, e que essa percepção se inscreva numa

rede coerente de significações sociais por um efeito de pregnância” (CHARAUDEAU,

2009, p. 99 – 100, grifos do autor). O acontecimento para que seja narrado precisa provocar

uma mudança no estado das coisas - uma ruptura no curso normal da ordem estabelecida;

depois, essa ruptura necessita ser percebida pelos sujeitos e significada, conferindo-lhe uma

razão de ser - ao mesmo tempo em que provoca espanto também suscita uma tentativa de

racionalização.

3 Evenemencial é uma palavra francesa que não possui tradução literal para o português, podemos lê-la

como acontecimental. Processo evenemencial significa processo de construção do acontecimento.

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Essa reintegração do acontecimento é operada principalmente pelos meios de

comunicação. Nesse contexto, o jornalista não é apenas um mediador, é o agente de

articulação de vários mundos. O jornalista é quem opera a construção de um mundo

possível manifestado na construção dos acontecimentos jornalísticos. Essa operação de

construção é processada com base nas informações oferecidas pelo mundo dos

acontecimentos que é legitimado em um mundo de referência. E é nesse mundo de

referência que se estabelece o modelo social que determinará a importância dos

acontecimentos, os enquadramentos jornalísticos e o seu entorno. O mundo de referência é

a matriz em que se constrói o mundo possível narrado pela mídia e os procedimentos

utilizados pelos jornalistas no processo de construção dos acontecimentos jornalísticos

(ALSINA, 2009).

Ao construírem esses acontecimentos, os jornalistas não podem estabelecer

qualquer mundo possível sem levarem em conta o que conhecem sobre o tema que

pretendam relatar, e as características do mundo de referência a que lhe remete ao

acontecimento. Assim, nessa perspectiva, o acontecimento jornalístico seria então uma

"representação social da realidade cotidiana, produzida institucionalmente e que se

manifesta na construção de um mundo possível" (ALSINA, 2009, p. 185-190).

3. As redes sociais e o ciberacontecimento

Com o avanço das tecnologias digitais, a internet passou a estar presente no

cotidiano social, como mediadora de grande parte das interações ocorridas atualmente.

Segundo Manuel Castells (2003, p.8), “a internet é um meio de comunicação que permite,

pela primeira vez, a comunicação de muitos com muitos, num momento escolhido, em

escala global.” A partir da utilização da internet, mais especificamente das mídias sociais

digitais, pelo jornalismo, a maneira como os acontecimentos emergem na sociedade é

reconfigurada. Os que antes eram receptores agora são convidados a participar de forma

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ativa e interativa da construção do acontecimento jornalístico, enviando vídeo e fotos,

participando de enquetes ou até mesmo narrando o acontecimento.

Nas mídias sociais e no webjornalismo o acontecimento é mostrado de forma

imediata, em alguns casos, até antecipam e pautam as mídias tradicionais. Segundo Alsina

(2009, p. 295), no processo de seleção dos acontecimentos a importância dos critérios de

intervenção varia segundo as circunstâncias do dia a dia e com os sentimentos de quem o

seleciona. Esse processo permanece o mesmo, o que nos parece a principal diferença é que

o jornalista deixa de ser o único produtor de conteúdo, uma vez que os sujeitos utilizam as

redes e as mídias sociais digitais para também narrarem os acontecimentos, que serão

reconfigurados pelas mídias convencionais e pelo webjornalismo em acontecimentos

jornalísticos. A internet tem o poder de deslocar a função dos jornalistas como mediadores

sociais, fazendo com que as comunidades virtuais (e redes sociais) sejam cruciais para o

tráfego da informação no ciberespaço (RECUERO, 2010).

Ao longo da história, os meios de comunicação sempre foram afetados pelo

aparecimento de novas tecnologias. Com o surgimento da prensa de tipos móveis de

Gutenberg, a oralidade deixou de ser a única forma de comunicação das sociedades. Já na

época do aparecimento do rádio, muitos pregavam o fim do domínio da escrita – o que não

aconteceu. O mesmo ocorreu com a difusão da televisão em relação ao rádio. O veículo

anterior sempre se adaptou à nova tecnologia que surgia, passando a conviver com as

mudanças. Assim também as formas de narrar o acontecimento jornalístico foram se

moldando de acordo com o desenvolvimento dos meios de comunicação (primeiro a

imprensa escrita, depois a comunicação radiofônica, logo após o surgimento da televisão)

(MIELNICKUZ; PALÁCIOS, 2001, online).

Agora com a internet, esses meios de comunicação passam por outro processo de

adaptação, pois, conforme Jenkins, “os velhos meios de comunicação não estão sendo

substituídos. Mais propriamente, suas funções e status estão sendo transformados pela

introdução de novas tecnologias” (2009, p. 41-42). A rede converge o texto, o som e a

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imagem em uma única mídia. O acontecimento passa a ser narrado por sujeitos “comuns”,

de várias formas, sem um formato jornalístico previamente estabelecido, para somente

depois adquirir configurações jornalísticas.

Essa nova forma de produção traz também uma nova maneira de ver e entender o

acontecimento em sociedade. Os usuários têm a possibilidade, além de selecionar as

informações dos acontecimentos que desejam receber, também de produzir a sua versão

desses acontecimentos e ainda construir seus acontecimentos na rede. A agenda de notícias,

antes determinada essencialmente pelos jornalistas e organizações de mídia, com a internet

passa a ser determinada por um número cada vez maior de pessoas. De acordo com Deuze

(2006), a internet na última década não serviu apenas para os meios de comunicação lançar

suas versões online, “mas também milhões de pessoas comuns e grupos particulares

acabaram por usar a ‘Rede’ como um meio para difundirem as suas notícias” (DEUZE,

2006, p. 16).

Segundo Castells (2003), a internet concebe a existência de um novo espaço de

fluxos. A partir da Internet e tecnologias de conexão, o fluxo informacional passou a ser

redimensionado, tanto em velocidade quanto em disseminação. Esse fluxo vai ao encontro

das reflexões feitas por Henn (2013). De acordo com o autor, “é nesse ambiente de

convergência constitutivo de outras possibilidades de narrativas, e consequentemente de

semioses, também descritos nas pesquisas que tratam de jornalismo de dados, que se

delineia a emergência do ciberacontecimento” (HENN, 2013, p. 06). Outro pesquisador que

também estuda a produção dos acontecimentos nos ambientes cibernéticos é o antropólogo

Airton Jungblut. Para ele, a popularidade dos ciberacontecimentos se deve, principalmente,

às “coisas que desastradamente emergem do privado para o público produzindo eco no

ciberespaço ainda mais se forem mobilizadoras de atenção (polêmicas) e tiverem como

suporte uma rede de atores atuantes e de recursos favorecedores desse eco” (JUNGBLUT,

2011, p. 370).

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Com as redes sociais o processo de produção e circulação de notícia hoje está

disseminado. “A notícia não precisa necessariamente frequentar o ambiente chancelado

como o lugar institucional da notícia” (HENN, 2011, p. 94). As redes sociais digitais

tornaram-se populares em um curto espaço de tempo e passaram a ser uma das formas mais

importantes de socialização no século XXI. Um site de rede social é uma estrutura

composta de nós (pessoas e organizações) conectados de acordo com as relações que

possuem entre si, isto é, trata das conexões entre os indivíduos no ciberespaço (RECUERO,

2010). Bem como explica Castells (1999),

rede é um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se

entrecorta. Concretamente, o que um nó é depende do tipo de redes concretas de

que falamos – redes de fluxos. (...) A topologia definida por redes determina que

a distância (ou intensidade e frequência da interação) entre dois pontos (ou

posições sociais) é menor (ou mais frequente, ou mais intensa), se ambos os

pontos forem nós de uma rede do que se não pertencerem à mesma rede.

(CASTELLS, 1999, p. 498).

Essas redes são dinâmicas e transformam-se constantemente, de acordo com o grau

de interação suportada por elas (RECUERO, 2010). Os sites de redes sociais permitem ao

indivíduo construir um perfil público ou parcialmente público dentro da rede; criar uma

lista de usuários com os quais compartilha informações, conhecidos como “amigos” nas re-

des sociais; acessar o perfil de outros usuários na rede de relacionamento. Uma vez criado

um perfil em determinado site de rede social, o usuário pode inserir informações pessoais,

fotos, vídeos ao seu perfil; criar uma lista de amigos; criar uma lista de comunidades as

quais deseja filiar-se; ou até mesmo criar sua comunidade de interação.

Para Castells (2003), as redes são formas abertas com capacidades ilimitadas de

expansão e de integração entre os vários nós, comungando de códigos de comunicação, os

quais possibilitem a troca de informações. Aqui o conceito de rizoma se assemelha ao

conceito de redes, pois ambos são sistemas abertos, instáveis, não-lineares e de múltiplas

conexões entre os nós que formam esse sistema. Essas conexões são dinâmicas e

horizontais, se construindo e se desconstruindo ao mesmo tempo. Todos os nós são

responsáveis pela difusão e propagação das informações na rede. Mesmo, muitas vezes, a

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informação sendo posta na rede por um único ator (nó), sem as múltiplas conexões o

processo comunicacional se perderia e não teria um caráter multidirecional, característico

do sistema rizomático.

Com o desenvolvimento da internet, as redes sociais digitais têm papel essencial na

construção dos acontecimentos jornalísticos contemporâneos, pois elas não só impulsionam

a circulação do acontecimento, dinamizando o fluxo, como estão constituindo

acontecimentos próprios. Como destaca Henn (2011, p. 86), “com a explosão das redes

sociais é possível pensar em um acontecimento que já contenha a textura da rede. Entende-

se que já há uma gama de acontecimentos que têm a sua força de agendamento vinculada às

novas formas de produção e consumo de noticiário”.

Pois segundo Henn (2011, p. 84) os acontecimentos ao se transformarem em

notícias dão forma às ocorrências e “trazem embutidas as interveniências produtivas e os

circunstanciamentos dos códigos que regem a atividade”, onde habitam principalmente os

critérios de noticiabilidade. Cabe-nos analisar e identificar as características próprias dos

acontecimentos que surgem nas redes sociais digitais. Um termo que se desenha, cunhado

pela primeira vez por Rafael Diaz Arias (2008), mas que requer ainda mais conceituação é

o ciberacontecimento. Para Arias (2008), esse termo daria conta daqueles episódios em que

há “propagação explosiva de informação” no ciberespaço causada pela divulgação de fatos

com grande capacidade de mobilização de atenção através, quase sempre, de material

visual, sonoro ou audiovisual (Arias, 2008).

4. A fan page Diário de Classe – um ciberacontecimento

O processo de comunicação é transformado a partir do crescimento do uso da

internet e da interatividade dos dispositivos midiáticos. Os acontecimentos, experiências

inesperadas vivenciadas pelos sujeitos, eram vistos e narrados ao público apenas pelo olhar

das mídias convencionais (rádio, impressos e TV), atualmente são disseminados e

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discutidos, principalmente, através das mídias sociais digitais, que se caracterizam pela

colaboração e pelo compartilhamento de informações, sejam através de fotos, vídeos,

comentários ou narração de acontecimentos pessoais ou coletivos. A cobertura jornalística

alimenta-se cada vez mais dessas intervenções.

Esses acontecimentos afetam não somente os sujeitos envolvidos, mas também a

todos aqueles que tomam conhecimento e se identificam com a ocorrência. A fan page

Diário de Classe é um ciberacontecimento porque apresenta várias características como

provocar transformação no cotidiano das pessoas envolvidas, alterando o fluxo normal dos

fatos, tem a “textura da rede” (HENN, 2011) – o próprio acontecimento é parte de um site

de rede social e tem “propagação explosiva de informação” (ARIAS, 2008).

Podemos reconhecer na fan page também, tendo como base essa realidade, um canal

de interação, onde o público passa a ser também um produtor de conteúdo, relatando suas

experiências e emitindo opiniões. Em apenas um ano, a fan page Diário de Classe, atingiu

mais de 600 mil curtidas. No dia 11 de julho de 2013, a página completou um ano e a

autora agradeceu pela grande repercussão da página e pelas mudanças que foi possível

conquistar a partir de seus seguidores, que curtiram, compartilharam e comentaram as

postagens. Essa postagem de agradecimento recebeu 9.723 curtidas, 647 comentários e 479

compartilhamentos. O que demonstra que a rede tem grande poder de interação entre os

membros e de fazer o acontecimento circular.

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Figura 1 – Fan page Diário de Classe, post do dia 11 de julho de 2013

Essa cultura participativa intensificada com os usos das novas tecnologias está

impulsionando o processo de convergência, permitindo que conteúdos fluam entre os

múltiplos canais de mídias, seja pelas ações das próprias mídias ou por meio da

participação dos usuários dessas mídias. Henry Jenkins, um dos principais estudiosos desse

processo aponta que “a circulação de conteúdo – por meio de diferentes sistemas de mídia,

sistemas administrativos de mídias concorrentes e fronteiras nacionais – depende

fortemente da participação ativa dos consumidores” (JENKINS, 2009, p. 29). Para Mark

Deuze (2006), está emergindo uma nova ecologia dos meios, “onde cada vez mais

consumir meios de comunicação inclui algum tipo de produção de meios e onde o nosso

comportamento face aos media parece envolver algum tipo de participação, co-criação e

colaboração, dependendo do grau de abertura ou clausura dos meios envolvidos” (DEUZE,

2006, pág. 24).

Mas é importante destacar que essa convergência não diz respeito apenas a uma

mudança tecnológica, ela é muito mais que isso, ela envolve uma transformação na forma

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de produzir e na forma de consumir os meios de comunicação. E essa mudança, de acordo

com o autor, requer um processo de produção mais inclusivo, promovendo “uma nova

cultura popular participativa” ao permitir que os usuários comuns produzam, arquivem,

comentem, ajustem e façam circular os conteúdos. Segundo Castells (2009, p. 187), “la

convergência es fundamentalmente cultural, y se produce, en primer lugar, en las mente de

los sujetos comunicadores que integran varios modos y canales de comunicación en sus

costumbres y en si interación”.

Em fevereiro de 2013, a fan page Diário de Classe já contabilizava cerca de 580 mil

curtidas, chamando a atenção das mídias tradicionais até de fora do Brasil. O jornal

britânico Financial Times destaca Isadora Faber como uma das 25 personalidades

brasileiras que devem ser observadas 4. O que chamou a atenção dos britânicos foi a

explosão de seguidores que a página da estudante teve em um curto espaço de tempo, o que

a levou a ser recebida pelo próprio ministro da Educação, Aloizio Mercadante.

4 http://oglobo.globo.com/educacao/financial-times-cita-isadora-faber-entre-25-brasileiros-de-destaque-7688455

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Figura 2 – Matéria veiculada dia 27 de fevereiro de 2013 no site do jornal O Globo

Nos últimos anos a participação na construção das notícias e dos acontecimentos

jornalísticos, daqueles que eram apenas receptores de informações vem aumentando

rapidamente. Para Jenkins (2009), o crescente contato e colaboração entre as antigas

instituições de mídia e as emergentes e a participação, cada vez maior dos usuários de

mídia, produzindo e circulando informações possibilita um fluxo de conteúdo pelas

múltiplas plataformas e redes, moldando a “cultura da convergência”. Segundo Jenkins

(2009, pág. 343), a cultura da convergência “é o futuro, mas está sendo moldada hoje. Os

consumidores terão mais poder na cultura da convergência – mas somente se reconhecerem

e utilizarem esse poder tanto para consumidores quanto para cidadãos, como plenos

participantes da nossa cultura”.

Esta crescente cultura da convergência está possibilitando que o público consumidor

de mídia participe ativamente da produção e da circulação dos conteúdos na mídia. A cada

novo texto, vídeo, áudio ou fotografia acrescentado a uma história, os consumidores

contribuem para o desenrolar da história. A narrativa é construída a múltiplas mãos e a

partir de múltiplos meios. No exemplo seguinte, de uma das postagens feita por Isadora na

sua fan page, pode-se perceber grande interação entre seus curtidores, além dos muitos

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comentários postados (alguns com mais de 48 respostas), compartilhamentos e curtidas,

relacionam outras notícias ao post de Isadora, colaborando na construção do acontecimento.

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Figura 3 – Fan page Diário de Classe, post feito no dia 13 de maio de 2013

Com base nessa postagem e nas interações que se estabelecem entre os curtidores e

entre estes e Isadora, pode-se perceber um processo multi-interacional, pois reúne tanto

“interações mútuas” quanto “interações reativas”. Segundo Primo (2005), nas interações

mútuas, os interagentes reúnem-se em torno de contínuas problematizações. Para o autor,

“a interação mútua é aquela caracterizada por relações interdependentes e processos de

negociação, em que cada interagente participa da construção inventiva e cooperada do

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relacionamento” (PRIMO, 2011, p. 57). O relacionamento construído durante a dinâmica

do processo também influencia o comportamento dos envolvidos, dependendo da

negociação relacional que se estabelece entre as partes da interação. Já a interação reativa

está alicerçada na previsibilidade e na automatização das trocas, ela “é limitada por relações

determinísticas de estímulo e resposta” (PRIMO, 2011, p. 57).

A cultura da convergência defendida por Jenkins (2009) provoca uma reflexão sobre

o que ela traz de novidade ao processo de construção do acontecimento jornalístico. Sem a

utilização dos sites de mídias sociais e do webjornalismo, muitos acontecimentos que hoje

são transformados em acontecimentos jornalísticos não teriam espaço, ou talvez a mídia

tradicional nem ficasse sabendo da sua ocorrência. As mídias sociais digitais não só

difundem o acontecimento, como ampliam o seu fluxo, isso é o que ressalta Recuero

(2010). De acordo com a autora,

o surgimento da Internet proporcionou que as pessoas pudessem difundir as

informações de forma mais rápida e mais interativa. Tal mudança criou novos

canais e, ao mesmo tempo, uma pluralidade de novas informações circulando nos

grupos sociais. Juntamente com essa complexificação, o aparecimento de

ferramentas de publicação pessoal, tais como os weblogs, fotologs, e mesmo o

YouTube, por exemplo, deu força e alcance para esses fluxos (Adar & Adamic,

2005), ampliando a característica de difusão das redes sociais. (RECUERO, 2010,

pág.116)

Essas redes estão atuando muito próximas ao jornalismo, ampliando suas funções,

filtrando conteúdos, emprestando credibilidade para as matérias jornalísticas, por meio das

reverberações. E essa proximidade é cada vez maior. Segundo Primo (2013, p. 17) “as

grandes empresas jornalísticas adotaram em seus periódicos on-line funções colaborativas

aprendidas com os sites de jornalismo participativo”.

5. Considerações

Embora saibamos que os meios tradicionais ainda apresentem um papel

predominante na definição das agendas midiáticas, identificamos acontecimentos

construídos pelo público, a partir das redes sociais, que estão conseguindo deslocar papéis,

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antes próprios das mídias convencionais. Um dos grandes desafios dos jornalistas é admitir

a cultura da convergência em todo o processo de construção dos acontecimentos

jornalísticos. O Jornalismo tem muito a aprender com os sites de redes sociais, onde o

consumo da informação não é visto como o fim da cadeia, mas como um entre, um espaço

dinâmico de possibilidades de inovação e reconstrução. Seria dar espaço a um Jornalismo

mais aberto, que aceite a efetiva participação do público na produção, seleção e circulação

dos acontecimentos jornalísticos. “Esse movimento nos instiga a nos abre um leque de

possibilidades para a construção de pautas de interesse social, que contribuam para

discussões de temas importantes para toda a sociedade, um dos principais objetivos do

Jornalismo” (BACCIN, 2012, p. 123).

6. Referências:

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2008.

BACCIN, Alciane N. A construção do acontecimento jornalístico Geisy Arruda –

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Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação.

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