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-i- NICE DE VASCONCELOS REFORMA A VAPOR DO METANO EM CATALISADORES À BASE DE NÍQUEL PROMOVIDOS COM NIÓBIA. Orientador: Prof. Dr. Fabio Barboza Passos Co-orientador: Prof a . Dr. Rosenir Rita C. M. da Silva NITERÓI 2006 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Área de Concentração: Físico-química.

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-i-

NICE DE VASCONCELOS

REFORMA A VAPOR DO METANO EM CATALISADORES À BASE DE NÍQUEL PROMOVIDOS COM NIÓBIA.

Orientador: Prof. Dr. Fabio Barboza Passos Co-orientador: Profa. Dr. Rosenir Rita C. M. da Silva

NITERÓI 2006

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do graude Mestre. Área de Concentração: Físico-química.

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NICE DE VASCONCELOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Química.

JUNHO / 2006 BANCA EXAMINADORA __________________________________ Prof. Dr. Fabio Barboza Passos Departamento de Engenharia Química – UFF __________________________________ Profa. Dr. Rosenir Rita C. M. da Silva Departamento de Engenharia Química – UFF __________________________________ Profa. Dr. Octavio Augusto da Ceva Antunes Instituto de Química - UFRJ ________________________________ Prof. Dr.Jose Maria Correa Bueno Escola de Química - UFSCAR ________________________________ Prof. Dr.Eduardo Hollauer Instituto de química - UFF

“REFORMA A VAPOR DO METANO EM CATALISADORES À

BASE DE NÍQUEL PROMOVIDOS COM NIÓBIA”.

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Aos meus pais Carlos e Lindalva, aos meus irmãos Hugo e Paulo

Henrique.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida ;

Aos meus pais Carlos e Lindalva e meus irmãos Hugo e Paulo por acreditarem em mim;

À minha avó Francisca pelo imenso amor;

Aos meus tios, tias, primos, primas pelo imenso carinho;

Ás minhas irmãs Izaura, Olga, Raquel e Vanessa pelo imenso carinho e grande amizade em

todos os momentos;

Ao Prof. Fabio pelo carinho, confiança, amizade e orientação;

À Professora Rosenir pela amizade, incentivo e imenso carinho;

Ao Prof. Manier pela amizade, incentivo e imenso carinho;

Aos meus queridos amigos do RECAT Elaine, Ingridy, Mônica, Danielle, Sílvio, Sílvia,

Mariana, Carolina, Marcelo, Marcela, Bárbara, Cadu, Fernanda, Thais Victorino e em

especial ao eterno trio parada dura Priscila, Thiago e Juliana pelo excelente ambiente de

trabalho;

Às minhas amigas Ana Paula e Suzana pelo excelente convívio, amizade e carinho;

Ao INT e ao NUCAT-COPPE pelos experimentos de DRS, DRX e Fluorescência;

A Faperj pelo apoio financeiro;

A CTPETRO, FINEP, PETROBRAS, CBMM.

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Sumário

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... 8

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 9

LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................... 10

CAPÍTULO I ..................................................................................................................... 13

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13

CAPÍTULO II .................................................................................................................... 17

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 17

II.1 – O GÁS NATURAL............................................................................................ 17

II.2 –PRODUÇÃO DE GÁS DE SÍNTESE COM FINS ENERGÉTICOS ................ 20

II.3 – CONVERSÃO DO METANO A GÁS DE SÍNTESE ...................................... 22

II.4 – PROCESSOS DE GERAÇÃO DO GÁS DE SÍNTESE.................................... 23

II.4.1- REFORMA A VAPOR ............................................................................. 23

II.4.1.1- O REFORMADOR .......................................................................... 24

II.4.2 - REFORMA AUTOTÉRMICA ................................................................ 27

II.4.3 - REFORMA COM CO2............................................................................. 28

II.4.4 - OXIDAÇÃO PARCIAL CATALÍTICA...................................................29

II.4.5 - REFORMA COM MEMBRANA.............................................................30

II.5 – O SISTEMA CATALÍTICO.............................................................................. 31

II.6 – MECANISMO DA REFORMA A VAPOR...................................................... 32

II.7 – SUPORTE .......................................................................................................... 35

II.8 – INFLUÊNCIA DA RAZÃO VAPOR HIDROCARBONETO ......................... 36

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II.9 – INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE REDUÇÃO ................................... 38

II.10- EFEITO DA ADIÇÃO DE PROMOTORES .................................................... 39

II.11 – AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DO CATALISADOR ........................ 40

II.11.1 – DESATIVAÇÃO ................................................................................... 40

II.11.2- ENVENENAMENTO ............................................................................. 41

II.11.3- COQUEAMENTO .................................................................................. 42

CAPÍTULO III .................................................................................................................. 50

METODOLOGIA ........................................................................................................ 50

III.1 – MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 50

III.1.1 – PREPARAÇÃO DOS CATALISADORES .................................................. 50

III.2 - ANÁLISES DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA............................ 51

III.2.1-ÁREA ESPECÍFICA (BET)..............................................................................51

III.2.2 - DIFRAÇÃO DE RAIOS-X ............................................................................ 52

III.2.3 - ESPECTROSCOPIA NO UV-VISÍVEL COM REFLECTÂNCIA

DIFUSA ............................................................................................... 52

III.2.4 - FLUORESCÊNCIA........................................................................................ 52

III.2.5 – REDUÇÃO TEMPERATURA PROGRAMADA ........................................ 53

III.2.6- QUIMISSORÇÃO DE H2 ............................................................................... 54

III.2.7- REAÇÃO SUPERFICIAL Á TEMPERATURA PROGRAMADA............... 55

III.3 – DESIDROGENAÇÃO DO CICLOEXANO.................................................... 56

III.4 - TESTES CATALÍTICOS...................................................................................57

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CAPÍTULO IV................................................................................................................... 62

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 62

IV.1 – QUIMISSORÇÃO DE H2 ................................................................................ 62

IV.2 – DIFRAÇÃO DE RAIO X................................................................................. 63

IV.3 – FLUORESCÊNCIA.......................................................................................... 64

IV.4 – ESPECTROSCOPIA NO UV-VISÍVEL COM REFLETÂNCIA DIFUSA.... 64

IV.5 – REDUÇÃO À TEMPERATURA PROGRAMADA ....................................... 65

IV.6 – REAÇÃO SUPERFICIAL À TEMPERATURA PROGRAMADA................ 68

IV.7 – DESIDROGENAÇÃO DO CICLOEXANO.................................................... 66

IV.8 – REFORMA A VAPOR DO METANO............................................................ 70

CAPÍTULO V .................................................................................................................... 75

V.1 - CONCLUSÕES .................................................................................................. 75

V.2 - SUGESTÕES ..................................................................................................... 77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 78

ANEXO I...... ............................................................................................................... 86

ANEXO II..... ............................................................................................................... 89

ANEXO III................................................................................................................... 92

ANEXO IV ...................................................................................................................94

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Lista de Figuras Figura II.1 – Reservatórios produtores de óleo e gás natural .............................................. 17

Figura II.2 – Reservas provadas de gás natural, segundo regiões geográficas.................... 19

Figura II.3 – Principais opções para conversão do gás natural ........................................... 20

Figura II.4 – Infraestrutura do H2 para uso com fins energéticos........................................ 22

Figura II.5 – Esquema do reformador para o processo de reforma a vapor ........................ 25

Figura II.6 – Esquema de uma membrana cerâmica não porosa ......................................... 30

Figura II.7 – Energias calculadas ao longo da reação de reforma....................................... 33

Figura II.8 – Conversão de reforma a vapor do metano..................................................... 37

Figura II.9 - Reações de formação e transformação de coque e carbono na superfície do

metal (Ni) na reforma a vapor de hidrocarbonetos..........................................44

Figura II.10 - Efeito da formação de coque a 500ºC com adição de Mg e Ca a catalisadores

Ni/α−Al2O3......................................................................................................48

Figura III.1 – Unidade Multipropósito utilizada na técnica de TPR ................................... 54

Figura III.2 – Esquema da unidade de desidrogenação do cicloexano................................ 56

Figura III.3 – Esquema da unidade de conversão de metano .............................................. 58

Figura III.4 – Cromatograma específico da reação de reforma........................................... 60

Figura IV.1 -.Difratogramas característicos dos catalisadores de níquel

suportados em α-Al2O3................................................................................ 63

Figura IV.2– Espectro de catalisadores de Níquel .............................................................. 65

Figura IV.3 – Perfis de TPR dos catalisadores de Níquel ................................................... 66

Figura IV.4 – Perfis de TPSR do catalisador 10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3 ............................. 68

Figura IV.5 – Correlação entre a conversão final de metano no e taxa de desidrogenação do

cicloexano.....................................................................................................70

Figura IV.6 – Reação de reforma a vapor do metano com H2 na carga em condições não

isotérmicas. .................................................................................................. 72

Figura IV.7 – Reação de reforma a vapor do metano com H2 na carga em condições

isotérmicas. Vazão total de 130mL/min. Razão volumétrica de

CH4:H2O:H2:He de 1:1:5:36.. ...................................................................... 73

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Figura IV.8 – Reação de reforma a vapor do metano sem H2 na carga em condições

isotérmicas. Vazão total de 130mL/min. Razão volumétrica de CH4:H2O:He

de 1:1:7,3. .................................................................................................... 74

Lista de Tabelas Tabela II.1 – Composições típicas do gás natural ............................................................... 18

Tabela II.2 – Formas e reatividades das espécies de carbono ............................................. 45

Tabela II.3 – Formação e efeito das espécies de carbono na reforma a vapor .................... 46

Tabela II.4 – Quantidade de carbono depositado durante a reação de oxidação a tempeartura

programada ..................................................................................................... 47

Tabela II.5 – Quantidade de CO2 formado durante o TPO ................................................. 49

Tabela III.1 – Etapas do experimento de quimissorção....................................................... 55

Tabela III.2 –Variáveis da coluna capilar Supelco Carboxen 1010 tplot............................ 59

Tabela III.3 – Condições reacionais da reforma do metano com vapor (Não isotérmico) . 60

Tabela III.4 - Condições reacionais da reforma do metano com vapor sem H2 na carga (isotérmico)...................................................................................................61

Tabela III.5 – Condições reacionais da reforma do metano com vapor sem H2 na carga

(isotérmico).................................................................................................. 61

Tabela IV.1 – Quimissorção ed H2 a 35ºC em catalisadores à base de nìquel .................... 62

Tabela IV.2 – Resultados do experimento de fluorescência ............................................... 64

Tabela IV.3 – Resultados da reação modelo de desidrogenação do cicloexano para

catalisador de Ni .......................................................................................... 67

Tabela IV.4 – Valores de conversão de metano verificados nas reações de TPSR.............69

Tabela IV.5 –Resultados da reação de reforma em condições limpas ................................ 71

Tabela Anexo IV.4.1 - Energia de ativação para os catalisadores de Ni..............................95

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Lista de Abreviaturas

DRS UV-Vis – Espectroscopia de Reflectância Difusa no UV - Visível

DRX – Difração de Raios-X

GTL – Gás para Líquido

TOF – Freqüência de Reação

TPR – Redução a Temperatura Programada

TPO – Oxidação a Temperatura Programada

TPSR – Reação Superficial à Temperatura Programada

XPS – Espectroscopia fotoeletrônica de Raio-X

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RESUMO

Este trabalho visou investigar catalisadores de níquel suportados em α-Al2O3

promovidos com nióbia em várias concentrações na geração de gás de síntese, comparando

suas estabilidades e seletividades na reação de reforma a vapor do metano.

Os espectros de DRX confirmaram a presença de α-Al2O3 para todos os catalisadores,

porém sem evidenciar a presença do promotor nióbia, nos teores estudados.

Os espectros de DRS assim como os perfis de TPR evidenciaram a presença de

diferentes espécies de NiO nos catalisadores e mostraram picos de redução correspondentes

a incorporação de íons Al3+.

Os resultados de TPSR mostraram, para todos os catalisadores, que o mecanismo da

reação de reforma a vapor do metano prevalece.

Os resultados da desidrogenação do cicloexano apresentaram uma redução na taxa da

reação pela adição do promotor, observou-se também que a presença do promotor suprimiu

totalmente a reação de hidrogenólise evidenciando uma diluição do Ni na superfície.

A reforma a vapor do metano evidenciou que adição do promotor nióbia diminui a

taxa de reação de reforma, devido ao efeito SMSI. Dessa forma, o catalisador mais ativo é o

10%Ni/α-Al2O3, uma vez que possui um maior número de sítios ativos expostos para a

reação de reforma a vapor do metano.

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ABSTRACT

In this work, α-Al2O3 supported Ni catalysts, promoted with Nb2O5 in different

concentrations were investigated in the generation of a synthesis gas, by comparing their

selectivity and stability in the steam reforming of methane.

The DRX spectra, evidenced the presence of α-Al2O3 for all catalysts, but the

presence of the Nb2O5 promotor was not observe.

The DRS spectra, as well as the TPR profiles evidenced the presence of different NiO

species on the catalysts, showing bands characteristic to NiO with Al3+ and NiO with less

interaction with the support.

The TPSR results showed for all catalysts that the steam reforming mechanism

prevails.

The cyclohexane dehydrogenation results showed the addition of promoters caused a

decrease in the rate of reaction due SMSI effect. Therefore, the most active catalyst is 10 %

Ni/ α-Al2O3, probably for having the biggest amount of active sites for steam reforming of

methane.

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

O gás natural é um combustível fóssil, basicamente uma mistura de hidrocarbonetos

leves, encontrado no subsolo por acumulação de gás que ocorre em rochas porosas,

podendo estar associado ou não ao óleo. O gás natural é composto por hidrocarbonetos

saturados, predominando o metano e, em menores quantidades o propano e o butano, entre

outros, também possui em sua composição gases inorgânicos. No estado bruto, apresenta

também baixos teores de contaminantes, como o nitrogênio, o dióxido de carbono, a água e

compostos de enxofre (Thomas, 2004). Legalmente, através da definição estabelecida na

Lei nº 9.478/97, GN ou Gás é todo hidrocarboneto que permaneça em estado gasoso nas

condições atmosféricas normais, extraído diretamente a partir de reservatórios petrolíferos

ou gaseíferos, incluindo gases úmidos, secos, residuais e gases raros (ANP, 2004).

O gás natural, atualmente é uma das melhores alternativas para o suprimento de

energia, logo são necessários esforços estratégicos e urgentes para desenvolver fontes

alternativas e soluções para escassez de energia freqüente. (Schmal, 2005).

No campo econômico o uso do gás natural é extremamente viável, pois é um

combustível mais barato e ambientalmente menos poluidor que outros derivados de fontes

de energia não-renováveis, atualmente utilizado no país por empresas e veículos

automotores. O gás natural por estar no estado gasoso, em condições ambientes, possui uma

eficiência na queima superior ao do óleo combustível, gasolina, álcool ou diesel, e verifica-

se que a eliminação de gases e partículas na combustão do gás natural é menor que aquela

relativa à queima de óleos pesados, ocasionando uma redução na emissão de gases e

partículas para a atmosfera.

Na exploração petrolífera, parte do gás é reinjetada no próprio poço para aumentar a

parcela efetiva recuperável da reserva. No entanto, grande parte do gás ainda é queimada

em flares, o que vem se tornando inaceitável (Montenegro & Shi Koo Pan, 2000).

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O metano é o principal componente da maioria das reservas mundiais de gás

natural. Quase todas as opções de transformação química do metano envolvem sua inicial

conversão ao gás de síntese. O gás de síntese é uma mistura de monóxido de carbono e

hidrogênio produzidos pela reação catalisada entre um hidrocarboneto e água. O gás de

síntese pode ser produzido a partir de qualquer fonte de carbono, variando-se de gás

natural, produtos de óleo a carvão e biomassa.

A reforma catalítica a vapor é o principal processo industrial de conversão de gás

natural e outros hidrocarbonetos em gás de síntese (Rostrup-Nielsen, 1984). A conversão

do metano produz uma razão H2/CO igual a 3 e normalmente utiliza como catalisador Ni

suportado em α-Al2O3. Metais alcalinos e metais alcalinos terrosos são usualmente

introduzidos em suas formulações e atuam como promotores (Richardson, 1994).

Historicamente, o processo comercial de reforma a vapor foi inicializado na

Alemanha pela Basf nos anos de 1926 a 1928 e pela Standard Oil Co.(agora EXXON-

Mobil) nos Estados Unidos em 1930 (Satterfield, 1980).

A conversão de gás natural em gás de síntese gera hidrogênio que, além de ser

matéria-prima fundamental nas unidades de hidrotratamento e hidrocraqueamento das

refinarias e das indústrias petroquímicas (Dry, 1984), é um combustível ideal para a

tecnologia de células combustível que promete ser uma alternativa estratégica para a

conversão de energia devido à alta eficiência energética e a baixa poluição.

Outro fator relevante é a conversão do gás natural em combustíveis líquidos, na

faixa da gasolina e diesel, sendo chamada tecnologia GTL (gas-to-liquid), onde se utiliza o

gás de síntese como matéria –prima na síntese de Fischer-Tropsch (FT), para a produção de

combustíveis líquidos.

Hoje o gás natural é fonte preferencial para H2 e gás de síntese. Existem várias rotas

catalíticas para a produção de gás de síntese a partir do gás natural, incluindo: (a) Reforma

do metano com vapor (SMR) a qual usa uma reação catalítica endotérmica entre gás natural

e vapor d`água (expressa mais de 50% da produção de H2 hoje); (b) Oxidação Parcial

(POx) do gás natural com O2 puro, na qual se atinge uma razão H2/CO de 1 a 1.6-1.8 ; (c)

reforma autotérmica (ATR) que é uma combinação da oxidação parcial e da reforma a

vapor do metano que produz uma razão H2/CO de 2 a 1 no gás de síntese resultante (razão

preferencial para aplicações GTL baseada na síntese de Fischer-Tropsch); (d) Oxidação

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parcial catalítica (CPO ou CPOx), reação entre o gás natural e O2 sobre um catalisador que

permite a combustão parcial a H2 e CO; (e) Reforma com CO2, reação atrativa para a

geração de gás de síntese, contudo, os problemas são substanciais incluindo a necessidade

de se purificar freqüentemente o CO2 impuro (Armor,2005).

No entanto, o principal problema na geração de gás de síntese e hidrogênio é

relativo ao catalisador. Entre outros requerimentos ele deve ser eficiente, devem possuir

estabilidade razoável durante um longo período de tempo, ser resistente a depósitos de

carbono e a temperatura (Schmal, 2005). A escolha adequada do catalisador terá

conseqüências diretas nos custos do processo de produção de gás de síntese. Desta forma, a

utilização de sistemas catalíticos mais eficientes e/ou a otimização do desempenho dos

mesmos em processos tradicionais passam a ser de fundamental importância e é à base

deste estudo. Com objetivo de se obter um catalisador mais ativo e resistente a formação de

coque, estudos foram realizados com o intuito de modificar a fase ativa na superfície do

catalisador através da adição de promotores. Santos (2002) analisou catalisadores à base de

Ni promovidos com metais alcalinos terrosos (Ca e Mg). Estes promotores favoreceram a

reação de reforma a vapor, sendo que a adição do Mg causou uma formação de coque mais

facilmente oxidável e com alto teor de H2. Resultados de conversão de cicloexano

demonstraram um efeito ensemble, ou seja, com a diluição das partículas de Ni pelos

átomos de Mg, que pôde explicar o efeito benéfico observado para este promotor.

O principal objetivo deste estudo consiste em estudar catalisadores de níquel

suportados em α-Al2O3 promovidos com Nb2O5, comparando a atividade dos mesmos na

reação de reforma a vapor do metano, uma vez que, catalisadores à base de níquel são

comercialmente utilizados e possuem um menor custo, quando comparados aos

catalisadores à base de metais nobres.

Diversos experimentos físico-químicos de caracterização foram realizados, dentre

eles a área BET, difração de raio X, fluorescência, espectroscopia de refletância difusa no

UV-vísivel (DRS), redução a temperatura programada (TPR) e quimissorção. Foram

realizados experimentos de reação superficial à temperatura programada (TPSR) com a

finalidade de avaliar o mecanismo de conversão do metano, experimento de reação modelo-

desidrogenação do cicloexano, que permitiu avaliar a superfície metálica do catalisador,

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além da reação catalítica de reforma a vapor a fim de avaliar a atividade catalítica dos

catalisadores na geração do gás de síntese.

No segundo capítulo, encontra-se uma breve revisão bibliográfica a respeito dos

temas relevantes a este estudo. No terceiro capítulo, são apresentados os materiais e os

métodos de preparação dos catalisadores, bem como as condições e os equipamentos

utilizados no desenvolvimento deste estudo. No quarto capítulo, são apresentados os

resultados experimentais, além da discussão e comparação destes resultados com trabalhos

disponíveis na literatura. No quinto capítulo são apresentadas as conclusões e algumas

sugestões para a continuidade deste estudo.

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CAPÍTULO II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

II.1-O GÁS NATURAL

O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos gasosos cuja composição abrange

do metano (CH4) ao hexano (C6H6), sendo o metano o principal componente. (Tabela II.1).

Apresenta também pequenas quantidades de componentes diluentes, como o nitrogênio e o

vapor d`água, e contaminantes (gás sulfídrico e dióxido de carbono). É considerado rico

quando a soma das percentagens de todos os componentes mais pesados que o propano

(C3), inclusive, é maior que 7%.

O gás natural é mais leve do que o ar (densidade 0,6 g/cm3). Não tem cheiro e a sua

combustão fornece de 8.000 a 10.000 kcal/m3. Ocorre na natureza em solução no óleo (gás

associado) ou no estado livre (gás não associado) (Thomas, 1997).

O gás associado é aquele que, no reservatório, está dissolvido no óleo ou sob a

forma de capa de gás. As maiores ocorrências de gás natural no mundo são de gás não

associado. A figura II.1 ilustra esta diferença entre o gás natural associado e não-associado

ao óleo.

Figura II.1 - Reservatórios produtores de óleo e gás natural. Fonte: CONPET – Ministério das minas e energia

Gás associado Gás não-associado

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A composição do gás natural pode variar bastante, de campo para campo, o que

depende de ele estar associado ou não ao óleo e também de ter sido ou não processado em

unidades industriais. A Tabela II.1 apresenta composições típicas de gás na forma como é

produzido (associado ou não-associado) e após processamento numa unidade de

processamento de gás natural (UPGN).

Existe uma grande disponibilidade de gás natural, como se pode observar na

Figura II.2 que exprime as reservas mundiais. As reservas provadas nacionais estão

atualmente em 316 milhões de metros cúbicos, porém 50% do gás natural consumido no

país, hoje em dia, é fornecido pela Bolívia (Petrobrás, 2006). Dentre as reservas nacionais,

destacam-se os Estados do Rio de janeiro, Amazonas e mais recentemente, a bacia de

Santos e o litoral do Espírito Santo, na região sudeste, devido ao grande volume de gás

natural encontrado. Com as descobertas na Bacia de Santos, 78 bilhões de metros cúbicos

de gás natural foram incorporadas às reservas provadas e mais 341 bilhões de metros

cúbicos estão em fase de avaliação (Petrobrás, 2006). A maior parte das reservas

encontram-se distante dos centros industriais e muitas delas em regiões oceânicas.

Desta forma, o uso de dutos ou a liquefação para o transporte elevam os custos do

gás natural. Em função disto, a conversão do gás natural existente em áreas remotas em

combustíveis líquidos é um desafio para a catálise industrial (Aasberg-Petersen et al., 2001)

Tabela II.1 – Composições típicas de gás natural (continua...)

Elementos Associado1 Não-Associado2 Processado3

metano (C1) 78,74 87,12 88,56 Etano (C2) 5,66 6,35 9,17 Propano (C3) 3,97 2,91 0,42 I-Butano (I-C4) 1,44 0,52 - N-Butano (N-C4) 3,06 0,87 - I-Pentano (I-C5) 1,09 0,25 - N-Pentano (N-C5) 1,84 0,23 - Hexano (C6) 1,80 0,18 - Superiores (C7+) 1,70 0,20 - Nitrogênio (N2) 0,28 1,13 1,20 Dióxido de Carbono(CO2)

0,43 0,24 0,65

Total 100 100 100

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Tabela II.1 – Composições típicas de gás natural

Elementos Associado1 Não-Associado2 Processado3

Densidade (g/cm3) 0,85 0,66 0,61 Riqueza (% mol C3+) 14,99 5,16 0,42 Poder Cal.Inf. (kcal/m3) 11.66 9.24 8.62

Poder Cal.Sup. (kcal/m3) 12.81 10.22 9.54

1 gás do campo de Marlin, Bacia de Campos, RJ. 2 gás do campo de Merluza, Bacia de Santos, SP. 3 Saída de UPGN-Candeias, BA.

Fonte: CONPET – Ministério das Minas e Energia

Figura II.2 - Reservas provadas de gás natural, segundo regiões geográficas, no final

de 2004.

Fonte: ANP/SDP; BP Amoco

A Figura II.3 apresenta as principais opções para a conversão do gás natural. Na

exploração petrolífera, parte do gás é reinjetada nos poços de maneira a aumentar a parcela

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efetivamente recuperável das reservas. No entanto, grande parte do gás ainda é queimada

em flares. O gás natural pode ser também utilizado para a geração de eletricidade nas

usinas termoelétricas, ou pode ainda haver a liquefação do mesmo a gás natural liquefeito.

Existe ainda a possibilidade de se converter o gás natural diretamente em combustíveis

líquidos. No entanto, a opção mais estudada é a conversão indireta do gás natural, que

consiste na transformação inicial do gás natural em gás de síntese, para só então

transformá-lo em produtos de maior valor agregado.

Figura II.3 – Principais opções para conversão do gás natural.

Fonte: Rostrup- Nielsen et al, 2002.

II.2 - PRODUÇÃO DE H2 COM FINS ENERGÉTICOS

O hidrogênio é uma matéria prima extremamente importante e estratégica devido a

sua utilização em uma grande variedade de processos de refino do petróleo, tais como

hidrotratamento e hidrocraqueamento, e petroquímicos como a produção de amônia e

metanol. Além de ser um combustível ideal para as células a combustíveis.

Hoje em dia, há uma considerável preocupação em se obter combustíveis menos

poluentes ao meio ambiente e, sendo o H2 um combustível não poluente e altamente

energético, tem levado a um aumento crescente na demanda de sua produção.

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Atualmente, o hidrogênio é largamente produzido pela reação endotérmica de

reforma a vapor do metano para produzir H2 e CO. Nos Estados Unidos 95 % da produção

do H2 vêm do metano (Armor, 2005).

No Brasil, a produção de H2 a partir do metano é bastante interessante em função

das grandes reservas de gás natural existentes.

A catálise tem grandes oportunidades de potencializar o mercado de hidrogênio.

Porém, o maior desafio está em produzir H2 em grandes volumes à baixa pressão, com alta

pureza em um custo baixo.

Como o H2 hoje é gerado a partir do gás de síntese, produtores de H2 estão sempre

tentando achar caminhos para se obter mais H2. Isto é possível, pela remoção do CO do gás

de síntese através da reação de deslocamento da água (reação 1) onde o monóxido de

carbono reage com vapor de água gerando CO2. Nesta reação os catalisadores de Fe-Cr e

Cu-Zn são eficientes gerando assim mais H2 e CO2 de acordo com a reação:

CO + H2O CO2 + H2 ∆Hº298 = -41 (kJ/mol) (1)

O CO2 produzido é removido através de processos de absorção com solventes

químicos e constitui um subproduto do processo.

Os catalisadores da reação de shift não estão devidamente adaptáveis para o uso em

células a combustível. Em adição, eles devem estar aptos a resistir numerosos ciclos de

partidas e paradas, passar por procedimentos especiais de ativação, tolerar condições ricas

em oxigênio, e mostrar alta tolerância a compostos sulforosos. Catalisadores novos e muito

mais ativos para a reação de shift necessitam ser desenvolvidos quando o gás de síntese é

parte da corrente do processo de células a combustível, pois estas células compreenderão

um enorme potencial para o mercado de H2.

A figura II.4 mostra a interação dos passos de geração, estocagem, transporte,

recuperação, produção e finalmente o uso do H2 como combustível. O hidrogênio utilizado

em células a combustível necessita ser purificado, e a distribuição para milhões de

consumidores deve ser realizada de forma prática e efetiva, minimizando gastos quanto ao

transporte. Logo, comprimir o H2 permitirá transportar um maior número de mols de H2 até

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os centros consumidores. Mas isto não será possível sem um meio de produzir H2

economicamente (Armor, 2005).

Figura II.4 – Infraestrutura do Hidrogênio para uso com fins energéticos

Fonte: Armor, 2005.

II.3 –CONVERSÃO DO METANO A GÁS DE SÍNTESE

Diferentes tecnologias existem para a geração de gás de síntese que fornecem

diferentes razões H2/CO. Sendo assim, é possível otimizar a produção de gás de síntese de

acordo com a síntese pretendida, como por exemplo, obtenção de combustíveis líquidos, H2

para células a combustível, síntese de metanol e amônia, entre outras. Dentro deste

contexto, várias são as rotas catalíticas para obtenção do gás de síntese a partir do metano,

sendo estas descritas a seguir, com especial enfoque na reforma a vapor do metano que é o

principal assunto desta tese.

ESTOCAGEM DE

HIDROGÊNIO

SMRCPO ATR

DISTRIBUIÇÃO DE HIDROGÊNIO

TRANSPORTE DE

HIDROGÊNIO

PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO

RECUPERAÇÃO DE HIDROGÊNIO

HIDROGÊNIO COMO

COMBUSTÍVEL

INFRAESTRUTURA DO HIDROGÊNIO DUTOS

BATERIAS

CÉLULAS COMBUSTÍVEIS

MEMBRANAS PSA

ESTOCAGEM DE

HIDROGÊNIO

SMRCPO ATR

DISTRIBUIÇÃO DE HIDROGÊNIO

TRANSPORTE DE

HIDROGÊNIO

PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO

RECUPERAÇÃO DE HIDROGÊNIO

HIDROGÊNIO COMO

COMBUSTÍVEL

INFRAESTRUTURA DO HIDROGÊNIO DUTOS

BATERIAS

CÉLULAS COMBUSTÍVEIS

MEMBRANAS PSA

ESTOCAGEM DE

HIDROGÊNIO

SMRCPO ATR

DISTRIBUIÇÃO DE HIDROGÊNIO

TRANSPORTE DE

HIDROGÊNIO

PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO

RECUPERAÇÃO DE HIDROGÊNIO

HIDROGÊNIO COMO

COMBUSTÍVEL

INFRAESTRUTURA DO HIDROGÊNIO DUTOS

BATERIAS

CÉLULAS COMBUSTÍVEIS

MEMBRANAS PSA

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II.4 – PROCESSOS DE GERAÇÃO DE GÁS DE SÍNTESE

II.4.1 - REFORMA A VAPOR

O processo de reforma a vapor converte um hidrocarboneto em uma mistura de

hidrogênio, monóxido de carbono, dióxido de carbono e metano, em três etapas em série

como mostrado a seguir (Rostrup-Nielsen, 1984):

CH4 + H2O CO + 3H2 ∆Hº298 =206 (kJ/mol) (2)

CO + H2O CO2 + H2 ∆Hº298 = -41 (kJ/mol) (3)

CO + 3H2 CH4 + H2O ∆Hº298=-206(kJ/mol) (4)

A reação (2) é chamada reação de reforma com vapor, que ocorre a temperaturas

altas, envolvendo a quebra de metano diretamente a gás de síntese, que consiste em uma

mistura de hidrogênio e monóxido de carbono a uma razão molar de 3:1, sem a formação

de produtos intermediários.

As reações (3) e (4) estão presentes no processo industrial para a produção de

hidrogênio. A reação (3) é a reação de deslocamento da água (reação de shift), favorecida a

baixas temperaturas e pouco afetada por variações de pressão. A reação (4) é a reação de

metanação, que é reversível nas temperaturas do processo de reforma e visa eliminar o CO

residual.

Pelo princípio de Le Chatelier, a altas temperaturas, menos metano e mais monóxido

de carbono estão presentes no gás de equilíbrio (Hegarty et al.,1998).

Quantidades crescentes de vapor favorecem a reação de reforma. Porém, altas

pressões tendem a reverter o equilíbrio (Teixeira, 1993). No entanto, o processo é

conduzido a pressões elevadas (20 atm), reduzindo-se a necessidade de compressão

adicional do gás de síntese. Dessa maneira, algumas vantagens adicionais também são

obtidas, como: aumento da transferência de calor no interior dos tubos do reformador,

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redução das dimensões dos equipamentos e aumento da conversão do monóxido de carbono

gerado. Contudo, quanto maior a pressão, na qual se dá a reforma a vapor, maior será a

temperatura necessária para se estabelecer o equilíbrio desejado.

A composição do produto gasoso pode ser estimada a partir de cálculos

termodinâmicos, uma vez que, na maior parte dos casos, a composição da mistura obtida é

próxima àquela do gás em equilíbrio. As várias composições gasosas possíveis de serem

obtidas através da reação (2) a (4) resultam no uso da reforma como etapa fundamental em

vários processos. Os principais parâmetros determinantes da composição do gás efluente

são: pressão (em geral determinada pelo layout global do processo), razão

vapor/hidrocarboneto e temperatura do reator (Teixeira, 1993).

O processo de reforma a vapor pode ser seguido por reações paralelas e indesejáveis,

como a reação de Boudouard (5), onde ocorre o desproporcionamento do CO, e a reação de

decomposição direta do metano (6) entre outras. As reações seguintes representam reações

de coqueamento, as quais causam a limitação do tempo de vida do catalisador além do

bloqueio parcial ou total dos tubos do reformador (Rostrup-Nielsen et. al, 2002).

2CO C + CO2 ∆Hº298 =-172,4 (kJ/mol) (5)

CH4 C + 2H2 ∆Hº298 = 74,9 (kJ/mol) (6)

CO + H2 C + H2O ∆Hº298 =-131 (kJ/mol) (7)

Os diferentes mecanismos pelos quais os depósitos carbonáceos podem ser formados

resultam de diferentes morfologias, cada qual responsável por um efeito particular sobre a

atividade e a seletividade do catalisador (Borowiecki & Golebiowski, 1994, Twigg, 1997)

II.4.1.1 - O REFORMADOR

O processo de reforma a vapor é extremamente endotérmico. A baixa razão

vapor/hidrocarboneto e baixas temperaturas, a reforma a vapor de hidrocarbonetos seguida

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da reação de shift exotérmica e metanação podem resultar numa corrente de metano rica em

produtos gasosos e uma calor de reação total ligeiramente positivos.

A produção do gás de síntese requer alta temperatura para atingir uma alta

conversão de metano, e o calor total da reação se torna extremamente negativo, o qual

implica que o calor deve ser suprido na reação. Por exemplo, SRM adiabática (realizada

com H2O/CH4=2.5, pressão=20 bar e temperatura=500 ºC) resultará numa queda de

temperatura de aproximadamente 12 ºC para cada 1% de metano convertido (Rostrup-

Nielsen, 2002).

Industrialmente, reações de reforma são conduzidas numa fornalha altamente

aquecida na presença de catalisador à base de níquel. O catalisador é introduzido nos tubos

do reformador que estão enfileirados ao longo da fornalha. O diâmetro externo do tubo

varia tipicamente de 100-150 mm e o comprimento de 10-13 m. A temperatura dos

reagentes na entrada do leito catalítico varia de 450-650 ºC, e os produtos saem na

temperatura de 800-950 ºC, dependendo da aplicação. Reformadores tubulares são

construídos hoje para a capacidade de 300 000 Nm3 de H2 (ou gás de síntese)/h. A fornalha

consiste num tipo de caixa de seção radial incluindo os queimadores e uma seção

convectiva para a recuperação do calor perdido pelos gases combustíveis que deixam a

seção radial, conforme Figura II.5.

Figura II.5 – Esquema do reformador para o processo de reforma vapor

Fonte: Rostrup-Nielsen et al, 2002.

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Atualmente, há um grande progresso tecnológico na reforma a vapor, resultando em

plantas de menor custo, em parte devido ao uso de tubos com ligas metálicas mais

resistentes do reformador, melhor controle dos limites de carbono, catalisadores mais

efetivos e melhores conceitos de processo com alta flexibilidade na alimentação. Este

progresso tem sido acompanhado por um melhor entendimento do mecanismo da reação, o

mecanismo da formação do carbono e do envenenamento pelo enxofre, e as razões da falha

mecânica dos tubos do reformador causada pelas altas temperaturas de operação.

Os tubos do reformador têm um custo significativo no reformador, por isso estudos

são desenvolvidos para reduzir o tamanho pelo aperfeiçoamento da transferência de calor, o

que possibilita a redução do número de tubos. Reformadores tubulares hoje são designados

para operar em média sob fluxo de 100 000 kcal/m2/h (0.12 Mw/m2), quase duas vezes

mais do que a indústria praticava a 3 décadas atrás (Topsoe, 1992).

A eficiência térmica dos tubos do reformador e o calor perdido que é recuperado são

de aproximadamente 95%, a maior parte do calor que não é transferido para o processo é

recuperado pelos gases combustíveis. Este calor é usado para a produção de vapor e para o

pré-aquecimento dos reagentes da reforma, combustão do ar. O mesmo é verdade para o

calor contido nos produtos gasosos que deixam o reformador.

A quantidade de calor transferido nos tubos do reformador pode ser reduzida

aumentando a temperatura do pré-aquecimento, mas durante este procedimento, pode

ocorrer a formação de olefinas a partir dos hidrocarbonetos presentes, o qual facilmente

depositaria carbono no reformador. O problema da deposição de carbono tem sido

resolvido pela introdução de um pré-reformador adiabático, conforme figura II.5. Todos os

hidrocarbonetos de cadeia grande são convertidos no pré-reformador na temperatura que

varia de 350-550ºC, e a reforma do metano e a reação de shift são trazidas para o equilíbrio.

Com o uso de pré-reformador, é possível pré-aquecer a alimentação para o reformador

tubular na temperatura em torno de 650ºC, assim reduzir o tamanho do reformador tubular

(Topsoe, 1992).

Conforme mencionado anteriormente o gás de síntese também pode ser obtido por

outras rotas catalíticas alternativas a partir do metano, que estão baseadas nos seguintes

processos:

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II.4.2 - REFORMA AUTOTÉRMICA

O processo de reforma autotérmica do metano consiste em uma combinação entre

os processos de reforma a vapor e oxidação parcial, no qual a reforma do metano com

vapor é realizada em presença de oxigênio (Armor, 1999; Chan& Wang, 2001; Krumpelt et

al, 2002; Ayabe et al., 2003).

O termo autotérmico é utilizado uma vez que neste processo são realizadas reações

exotérmicas e endotérmicas. Sendo assim, o calor gerado pela oxidação parcial é utilizado

pela reforma a vapor, otimizando os custos energéticos da unidade industrial (Ayabe et

al.,2003). Isto constitui uma grande vantagem deste processo em comparação aos outros,

uma vez que, nos reatores convencionais há a utilização de combustão externa de outros

combustíveis para a geração de calor (Wilhem et al., 2001)

As reações envolvidas no processo são:

CH4 + 1 ½ O2 CO + 2H2O ∆Hº298 = -520 (kJ/mol) (8)

CH4 + H2O CO + 3H2 ∆Hº298 = 206 (kJ/mol) (9)

CO + H2O CO2 + H2 ∆Hº298 = -41 (kJ/mol) (10)

A principal vantagem da reforma autotérmica consiste em que a razão H2/CO no gás

de síntese produzido pode ser facilmente ajustada através da reação CH4/O2/H2O na

alimentação, fazendo com que haja um direcionamento para a síntese do produto desejado.

Sendo assim, para aplicações GTL baseadas na síntese de Fischer-Tropsch, a reforma

autotérmica produz um gás de síntese com razão H2/CO próxima a dois a partir de uma

baixa razão H2O/CH4.

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No entanto, assim como em outros processos de geração de gás de síntese, os

catalisadores utilizados, geralmente à base de níquel, sofrem desativação pela formação de

coque em sua superfície (Palm, 2002).

II.4.3 - REFORMA COM CO2

A reforma do metano com CO2 ou reforma seca, como também é conhecida,

consiste em uma rota alternativa para a produção de gás síntese.

Com tanto CO2 como co-produto disponível, reagir CO2 com metano para produzir

CO e H2 poderia ser atrativo (reação 11). Contudo há problemas sérios incluindo a

necessidade de purificar o CO2, que é freqüente impuro (Armor, 1999).

CH4 + CO2 2CO + 2H2 ∆Hº298 = 247 (kJ/mol) (11)

Este processo de reforma é endotérmico, produzindo uma razão H2/CO igual a 1,

sendo adequado à produção de compostos oxigenados e monóxido de carbono com alta

pureza. Entretanto, há um maior risco de depósito de carbono tanto sobre o suporte quanto

da fase ativa quando comparado à reforma a vapor. (Rostrup-Nielsen, 1984, Lercher et al.,

1999; Cheng et al., 2001).

Do ponto de vista ambiental, a reforma com CO2 é um processo interessante, pois

consome gases parcialmente responsáveis pelo efeito estufa, porém, estudos recentes

mostraram que em um balanço global, a utilização da reforma com CO2 não seria capaz de

reduzir a quantidade de CO2 a ponto de minimizar o aquecimento global do planeta

(Armor, 1999).

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II.4.4 – OXIDAÇÃO PARCIAL CATALÍTICA

A oxidação parcial catalítica pode ser realizada através de dois mecanismos:

indireto, que consiste na combustão seguida da reforma do metano com CO2 e da reforma

com vapor, e o direto que é aquele no qual o metano reage diretamente com O2, gerando os

produtos da oxidação parcial. Estudos mostraram que sob certas condições e com a

utilização de certos catalisadores, a formação direta do gás de síntese a partir do metano e

do oxigênio é possível (Faith et al., 2000).

O processo de oxidação parcial do metano é o ideal para a tecnologia GTL no que

se refere à produção de gás de síntese, uma vez que fornece uma razão H2/CO = 2, perfeita

para os catalisadores atuais da síntese de Fischer-Tropsch.

CH4 + O2 CO + H2 ∆Hº298 = - 38 kJ/mol (12)

CH4 + O2 CO2 + 2H2O ∆Hº298 = - 802 kJ/mol (13)

CH4 + CO2 2CO + 2H2 ∆Hº298 = 247 kJ/mol (14)

CH4 + H2O CO + 3H2 ∆Hº298 = 206 kJ/mol (15)

A reação de oxidação parcial é exotérmica o que significa uma economia de

energia, ao mesmo tempo em que a presença de O2 reduz o depósito de carbono a altas

temperaturas aumentando o tempo de vida do catalisador. Porém é um processo

desvantajoso, por necessitar da utilização de O2 puro. Isto eleva os custos da planta, pois

requer uma unidade de separação criogênica do ar. A utilização direta de ar acarretaria em

equipamentos de maior volume devido à presença de N2 (Penã et al., 1996).

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O desenvolvimento de tecnologia barata para a produção de O2, pode ser uma

alternativa para a redução dos custos de produção do gás de síntese. Uma tentativa

envolvendo a eliminação da planta de O2 inclui a concepção de um reator com adição de

oxigênio através de membranas seletivas (Rostrup-Nielsen et. al, 2002).

II.4.5 - REFORMA COM MEMBRANA

Uma nova tecnologia, que visa a redução nos custos de produção do gás de síntese,

utiliza membranas cerâmicas não porosas que podem ser feitas de uma grande variedade de

materiais, sendo os mesmos óxidos metálicos multicomponentes e que, em altas

temperaturas (maiores que 700ºC), conduzam tanto elétrons, quanto íons oxigênio. Essas

membranas são chamadas membranas de transporte de íons e desperta um especial

interesse, pois os íons oxigênio as permeiam com uma alta vazão e com infinita

seletividade. O oxigênio pode ser separado do ar por um lado da membrana, a pressão

ambiente, e assim reagir na outra superfície da membrana com o metano a uma alta pressão

e formar dessa forma, H2 e CO. Em função da alta vazão através da membrana, o reator é

muito compacto e deve ser de baixo custo. O esquema da membrana cerâmica não-porosa é

ilustrado na Figura II.6 (Dyer et. al..,1999)

Figura II.6 – Esquema de uma membrana cerâmica não porosa.

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Apesar das vantagens que a membrana seletiva ao O2 trás para o processo de gás de

síntese, existe ainda a necessidade de um grande trocador de calor entre a alimentação e o

efluente no processo de reforma catalítica com membrana.

Sendo assim, estudos mostraram que a difusão de O2 através de membranas em uma

unidade de produção de gás de síntese é possível, porém a viabilidade econômica do

processo ainda está para ser comprovada (Aasberg-Peterson et al.,2001; Rostrup-Nielsen et

al., 2002).

II.5 - O SISTEMA CATALÍTICO

A reação de reforma a vapor pode ser catalisada por vários metais de transição.

Sendo que normalmente são utilizados catalisadores de Ni suportado em Al2O3, MgO ou

MgAl2O4, promovidos com CaO e/ou K2O. Catalisadores de ferro podem ser oxidados e o

cobalto dificilmente fica estável no estado metálico quando submetidos a razões de H2/H2O

típica das condições de reforma a vapor. Catalisadores de metais nobres são muito mais

ativos, porém são muito mais caros para o uso comercial (Rostrup-Nielsen, 1984). Logo,

níquel aparece como o metal mais ativo nas indústrias de catalisadores, sendo

extremamente barato e suficientemente ativo para estimular a sua utilização em escala

industrial (Lodeng et al., 1997; Marturano et al., 1999; Twigg, 1997). Desta forma, o

níquel suportado em α-Al2O3 apresenta grande vantagem, tanto sob o ponto de vista

catalítico como em relação aos custos. No entanto, nas condições usuais de operação

empregadas, este catalisador tem se mostrado bastante sensível à desativação. A deposição

de carbono e a sinterização da fase metálica, como conseqüência de severas condições de

operação do reator, são dois dos fenômenos que afetam o comportamento catalítico Com o

fim de prolongar a vida útil e a estabilidade dos catalisadores de níquel suportados,

adicionam-se promotores de metais alcalinos terrosos, cálcio e magnésio, que atuam como

modificadores do suporte e/ou da fase ativa, podendo aumentar a atividade e a resistência à

deposição de carbono durante as reações a altas temperaturas (Rostrup-Nielsen, 1984).

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Esses catalisadores são utilizáveis em transformações de moléculas na interface

entre o sólido (catalisador) e a fase gasosa ou líquida que conduzem estas moléculas. Estas

transformações envolvem uma série de fenômenos a serem entendidos:

• Reações químicas, troca de átomos entre superfície e a fase bulk,

sinterização e etc... que ocorrem na superfície do catalisador.

• A natureza da interface (espécies adsorvidas e ligações entre estas espécies e

a superfície do catalisador) (Dellanay, 1984).

O método de preparação do catalisador exerce influência importante sobre a

distribuição dos sítios ativos, sobre o grau de interação metal-suporte, bem como sobre a

resistência à sinterização nas altas temperaturas em que ele é empregado (Rostrup-Nielsen,

1984). A área metálica quantifica o grau desta interação, sendo que geralmente a área

aumenta com o aumento do teor de níquel nos catalisadores enquanto o grau de dispersão

metálica tende a diminuir com o aumento do teor de níquel.

As propriedades dos catalisadores predizem condições de operações severas,

inclusive temperaturas de 450-1000ºC e pressões parciais de vapor acima de 35bar. A

atividade do catalisador depende do número de sítios disponíveis.

As reações de reforma a vapor são industrialmente operadas a uma temperatura

maior que 800ºC sobre catalisadores de Ni suportados em alumina, porque uma alta

conversão de metano é requerida neste processo endotérmico. Altas temperaturas

conduzem a um reformador tubular mais caro feito com liga de aço níquel-cromo, formação

de carbono irreversível no reator, e consumo alto de energia (Rostrup-Nielsen et. al, 2002).

II.6 – MECANISMO DA REFORMA A VAPOR

Os caminhos detalhados a nível molecular para a conversão do metano em gás de

síntese e carbono, e seu efeito cinético para as concentrações dos reagentes permanecem

indefinidos e contraditórios mesmo após muitos estudos. Medidas cinéticas são geralmente

corrompidas uma vez que existem gradientes de temperatura nas altas temperaturas

requeridas para as reações endotérmicas, que requerem a ativação da forte ligação C – H e

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pelas significantes, porém muitas vezes desprezadas, contribuições de reações reversas

quando estão próximas do equilíbrio.

Metano se adsorve dissociativamente na superfície do níquel sem que haja espécie

molecular como precursora. (Penã et al., 1996).

Rostrup-Nielsen et al, (2002) reportaram energias calculadas durante a reação de

reforma a vapor do metano sobre a superfície dos catalisadores de Ni (111) e Ni (211) na

Figura II.7. A superfície do Ni (111) é plana e do Ni (211) é uma superfície com degraus.

Os degraus são muito mais reativos do que as superfícies planas, porém estas são mais

abundantes.

Figura. II.7 - Energias calculadas ao longo da reação de reforma a vapor sobre a

superfície do Ni(111) e Ni(211) Todas as energias são dadas para a situação dos reagentes

em fase gasosa e longe da superfície. A energia da reação calculada (último ponto da

figura) é 292 kJ/mol. Se for convertido numa entalpia de reação a 298 K, se torna

230kJ/mol, na qual está em boa concordância com o valor experimental, 206kJ/mol.

Fonte: Rostrup-Nielsen et al, (2002).

De acordo com Rostrup-Nielsen et al, (2002) o mecanismo da reação se passa por

várias etapas de desidrogenação do metano, produzindo carbono, e o vapor d`água

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introduzido é adsorvido sobre o catalisador com dissociação. Baseado na Figura II.7 a

cinética do mecanismo pode ser descrito conforme as reações abaixo:

CH4 + 2s = CH3 (s) + H (s) (16)

CH3 + 3s = CH2 (s) + 2H (s) (17)

CH2 + 4s = CH (s) + 3H (s) (18)

CH + 5s = C (s)+ 4H (s) (19)

H2O + 2s = OH (s) + H (s) (20)

C(s) +OH(s) + 5H(s) = C(s) + O(s) +6H(s) (22)

C(s) + O(s) + 6H(s) = CO(s) + 6H(s) (23)

CO(s) + 6H(s) = CO + 6H(s) (24)

6H(s) = 3H2 (25)

s indica o sítio ativo do catalisador.

Wei e Iglesia (2004) reportaram uma comparação das taxas da reação de reforma em

catalisadores de Ni e metais nobres (Pt, Ir, Rh, Ru) sob controle cinético, corrigida da

aproximação do equilíbrio, e nas condições de operação praticadas na indústria. A reação

catalítica do CH4 com H2O e CO2 para formar uma mistura de H2 e CO e a decomposição

estequiométrica do CH4 para formar C(s) e H2 sobre catalisadores de Ni apresentaram

dependência somente na taxa de ativação do metano. Isto é, as taxas da reação direta da

reações de reforma foram proporcionais a pressão do metano (5-450 kPa) e independentes

da pressões parciais dos co-reagentes CO2 e H2O (5-450 kPa). Os autores constataram

também que a velocidade específica de reação de 1º ordem e energias de ativação para as

reações de reforma eram similares as que foram medidas para a reação de decomposição do

metano, indicando que estas reações são equivalentes do ponto de vista cinético e que a

ativação do metano (bandas C-H ) é etapa controladora nestas três reações.

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II.7 - SUPORTE

Reações de reforma a vapor requerem suportes com boa resistência mecânica, alto

volume de poros e baixa sinterização. Aluminas são amplamente usadas como suportes

catalíticos em reações químicas.

As propriedades mecânicas do catalisador são críticas, uma vez que os níveis de

temperatura e pressão parcial do vapor limitam a escolha dos materiais usados como

suporte (Turlier et al., 1985). Estes são baseados em óxidos cerâmicos, como alumina

Al2O3, magnésia MgO (Parmaliana et al., 1992) e espinélio de magnésio e alumínio

MgAl2O4 (Teixeira, 1993). Um suporte típico para o processo de reforma é a α-Al2O3, por

possuir uma pequena área específica e ser inerte sob o ponto de vista catalítico, além de

possuir alta estabilidade térmica. Estes fatos tornam a α-Al2O3 adequada para reações

desenvolvidas a altas temperaturas, como é o caso da reforma a vapor (Figueiredo &

Ribeiro, 1987; Marturano et al., 1999).

Durante a calcinação, o óxido de níquel do catalisador pode reagir com o suporte,

segundo a reação:

NiO + Al2O3 →NiAl2O4 ∆H°298= -5,6 kJ/mol (26)

A formação de aluminato de níquel pode ocorrer a temperaturas próximas a 697 °C,

mas uma interação mais fraca entre o NiO e a α-Al2O3 pode ser verificada a temperaturas

mais baixas. É possível a formação de aluminato de níquel a temperaturas inferiores a

597°C, porém é raramente identificável sozinho por métodos de raios-X (Rostrup-Nielsen,

1984; Dias & Assaf, 2001).

Dentre as aluminas existentes, o suporte α-Al2O3 é bastante empregado devido ao

seu baixo preço. Já o suporte γ-Al2O3 é pouco estável a temperaturas maiores que 700ºC por

causa da deteriorização térmica do suporte γ-Al2O3 que causa sinterização e conduz a um

fechamento dos poros, reduzindo a na área específica assim como também deve causar

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transformação de fase em α-Al2O3, a qual muda a atividade da superfície e fornece uma

estrutura de baixa área específica (Roh et al.,2003).

Estudos recentes mostraram que catalisadores à base de níquel, suportados em CeO2 e

ZrO2 e em óxidos mistos Ce-ZrO2 apresentaram bons resultados para as reações de reforma

(Dong et al., 2002). No entanto, esses catalisadores também sofrem desativação devido à

deposição de carbono quando são utilizados em altas temperaturas (Stagg-Williams et al.,

2000).

Suportes de óxidos do tipo perovskitas LaAlO3, LaFeO3, SrTiO3, CaTiO3, BaTiO3 e

La0,4Ba0,6Co0,2Fe0,8O3-δ mostram alta atividade catalítica na reforma a vapor do metano com

alta resistência ao coqueamento, devido à migração de oxigênio móvel do suporte

perovskita para as partículas metálicas de níquel (Urasaki et al.,2005).

II.8 -INFLUÊNCIA DA RAZÃO VAPOR HIDROCARBONETO

A conversão do metano é restrita pela termodinâmica da reação de reforma. A

reação de reforma deve ser realizada a altas temperaturas e baixas pressões para atingir um

máximo de conversão, como ilustrado na Figura II.8 (Rostrup-Nielsen et. al, 2002).

Plantas modernas de hidrogênio são normalmente instaladas para baixa razão

vapor/hidrocarboneto, embora as altas razões vapor/hidrocarboneto (4-5 moles de H2O por

átomo de carbono) resultem em uma alta conversão de hidrocarbonetos. Contudo, uma

baixa razão vapor/hidrocarboneto (tipicamente 2.5 ou menos) reduz a corrente mássica que

passa através da planta e também diminui o tamanho dos equipamentos, resultando assim,

em plantas energeticamente mais eficientes e com custo de operação baixo. Em princípio

uma baixa razão vapor/hidrocarboneto diminui a conversão de metano pelo reformador

(Figura II.8), mas isto pode ser compensado por um aumento na temperatura na saída do

reformador, tipicamente 920ºC. O metano não convertido implica em plantas de grandes

volumes e resulta em restrições na razão de reciclo na síntese por causa do acúmulo de

metano inerte no gás de síntese, o qual resulta em uma redução da pressão parcial dos

componentes do gás de síntese. Na prática, a quantidade de componentes não convertidos

deveria ser menor que 2,5 % em volume. A estequiometria da reação de reforma de acordo

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com a equação (2), cuja a razão H2O/CH4 = 1, é raramente viável, porque isto pode resultar

em uma conversão incompleta nas pressões que são econômicas para as plantas industriais

de gás de síntese (20 bar). Outro fator termodinâmico está relacionado com o risco de

formação de carbono quando há a presença de uma considerável quantidade de oxidantes.

Temperatura de equilíbrio de reforma

Fig. II.8 – Conversão no equilíbrio termodinâmico de reforma a vapor de metano

Fonte: Rostrup-Nielsen et. al, 2002.

Pode–se reduzir a formação do carbono no catalisador aumentando-se a razão

vapor/hidrocarboneto. Entretanto, um aumento da razão vapor/hidrocarboneto leva a uma

diminuição da produção de CO, de maneira que, para se manter a produção CO/H2 nos

níveis desejados, uma grande quantidade de catalisador e reagentes é necessária. Isso

resulta numa elevação dos custos do processo de reforma, uma vez que mais recursos se

tornam necessários para a realização do processo (Uil-Haque & Trimm, 1992).

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II.9 - INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE REDUÇÃO

A redução dos catalisadores de níquel é alterada por incorporação de pequenas

quantidades de óxidos aditivos, sendo a redução proporcional à razão entre a constante de

equilíbrio de redução do óxido adicionado e a do óxido de níquel. No caso do suporte

α-Al2O3 de pequena área superficial, a calcinação à temperatura inferior a 850ºC forma

apenas óxidos de níquel, mas acima de 850ºC, algum precursor NiAl2O4 pode ser formado,

sendo insolúvel em ácido e de difícil redução. Redução entre 500 e 700ºC produz cristalitos

de níquel esféricos rodeados por NiAl2O4 (Satterfield, 1980).

Richardson et al., (1996) demonstraram que durante a calcinação em catalisadores

Ni/α-Al2O3 há incorporação de íons Al3+ ao NiO suportado em α-Al2O3, causando

posteriormente um acréscimo na temperatura de redução de NiO. Estes íons Al3+ seriam

provenientes da dissolução de α-Al2O3 durante as etapas de impregnação, secagem e

calcinação.

Grupos OH- ligados aos Al3+ e o excesso de água dos promotores hidrofílicos, como

Ca2+ e Mg2+, que retêm moléculas de H2O na superfície, diminuem substancialmente o

processo de redução (Richardson et al.,1996). Os autores avaliaram o efeito da adição de

Ca e Mg no processo de redução à temperatura programada, para catalisadores contendo

aproximadamente a mesma quantidade de NiO. Outros promotores apresentaram resultados

similares, com um aumento na posição dos picos de TPR, na seguinte ordem: sem

promotor< SrO < La2O3 < CaO < MgO. Os autores avaliaram também o efeito do aumento

do teor de CaO, verificando que um aumento do teor resulta em pico de maior intensidade.

O mesmo resultado ocorre com os demais promotores (Richardson et al., 1996).

Santos (2002) também observou em seu catalisadores de Ni promovidos com Ca e

Mg que os picos de redução das espécies NiO ocorrem a temperaturas mais elevadas, pois a

presença dos promotores hidrofílicos Ca e Mg resulta na incorporação de moléculas de

água na superfície do catalisador, dificultando a redução. Os perfis apresentaram dois picos

de redução, o de menor temperatura (450-600ºC) corresponde ao NiO e um de maior

temperatura (800ºC) ao NiO com Al+3 incorporado. A diferença de temperatura torna-se

maior em presença de magnésio. Em presença de cálcio, este efeito é reduzido, da mesma

maneira como descrito por Richardson et al. (1996).

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II.10 - EFEITO DA ADIÇÃO DE PROMOTORES

Com o objetivo de prolongar a vida útil dos catalisadores suportados, adicionam-se

promotores , compostos de potássio ou outras substâncias alcalinas são freqüentemente

adicionados para acelerar a reação de remoção de carbono, que atuam como modificadores

do suporte e/ou fase ativa (Satterfield, 1980). A adição de promotores pode resultar em

mudanças significativas de atividade e/ou seletividade dos catalisadores. Podem ocorrer

interações promotor/suporte e promotor/fase ativa resultando em alterações na área

específica bem como na interação metal/suporte e na seletividade. Essas possíveis

interações podem inibir reações indesejáveis e suprimir a deposição sucessiva de carbono

na superfície do catalisador, aumentando o tempo de vida do mesmo e, por conseguinte

evitando a sua desativação (Maloncy & Assaf, 1997, Santos, 2002).

O coque, formado na superfície do catalisador, decresce a atividade catalítica por

bloqueio dos sítios ativos. A formação de coque pode pulverizar as partículas do

catalisador, resultando em um aumento de pressão sobre o leito catalítico, e portanto

descontinuidade da operação de reforma devido ao entupimento do reator. Um aumento da

razão vapor/hidrocarboneto preveni a formação de carbono. Entretanto, um aumento na

razão vapor/hidrocarboneto favorece a reação de deslocamento da água, onde há uma maior

conversão de CO em CO2.

Então, para se manter uma razão H2/CO na razão desejada, uma grande quantidade

de catalisador e reagentes é necessários, o que conduz a uma elevação dos custos do

processo de reforma.

Com o objetivo de se reduzir o depósito de carbono, vários autores sugerem a

adição de metais como promotores em adição aos catalisadores de reforma, em especial os

de Ni. Catalisadores promovidos com álcalis reduzem substancialmente o depósito de

carbono. Porém há desvantagens, por se obter uma baixa atividade catalítica e alta

mobilidade, o que causa migração e evaporação dos promotores alcalinos durante a reação

de reforma.

Trimm, (1992) testou catalisadores de Ni/ α-Al2O3 promovidos com pequenas

quantidades de Sn, Pb e Bi que variaram de 0,5% a 5%, e verificou que os catalisadores

promovidos apresentaram comportamento semelhante ao catalisador de Ni sem promotor.

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Mas para os catalisadores promovidos com Ag e Ge observou-se uma redução de atividade

catalítica quando comparado ao catalisador de Ni sem promotor. Entretanto, para todos os

catalisadores promovidos a taxa de formação de carbono foi muito menor quando

comparado ao catalisador de Ni sem promotor.

CeO2 tem sido extensivamente empregado como um promotor estrutural para

catalisadores suportados de metais nobres. Seu efeito promotor é atribuído a sua excelente

resistência mecânica e térmica e capacidade de armazenamento de oxigênio. A estrutura do

CeO2 influência na velocidade de reação da reforma a vapor do metano (Craciun et al.,

2002).

Borowiecki e Golebiowski (1994) estudaram os efeitos da adição de MoO3 (0.2-

5.0%) e WO3(0.2-2.0%) como promotores no catalisador de Ni/α-Al2O3 comercial. A

efetividade do promotor aumenta quanto maior a porcentagem do mesmo no catalisador e

quando há um acréscimo na razão vapor/hidrocarboneto na fase gasosa. A adição dos

promotores MoO3 e WO3 ao catalisador de Ni reduz consideravelmente o depósito de

carbono, sem alterar a atividade do catalisador.

II.11 - AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DO CATALISADOR

II.11.1 - DESATIVAÇÃO O catalisador é definido como uma substância que aumenta a velocidade da reação

sem ser consumido. Entretanto, o catalisador desativa-se em algum momento de sua vida

útil, uma vez que vários fatores contribuem para tal.

As várias formas de desativação a serem descritas nesta seção tornam necessária a

substituição dos catalisadores ao fim de um tempo mais ou menos longo ou, pelo menos, a

sua regeneração sempre que isso for possível ou economicamente viável, uma vez que a

atividade de um catalisador industrial vai sendo compensada por um aumento de

temperatura de operação.

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As possíveis causas que afetarão em maior ou menor grau uma ou mais

propriedades que fazem com que um dado catalisador seja utilizado para promover uma

determinada reação num processo industrial são o envenenamento, o coqueamento e a

sinterização do catalisador (Figueiredo & Ribeiro, 1987). Segundo os autores, os tipos

possíveis de desativação podem provocar:

• Diminuição da seletividade da reação principal;

• Abaixamento de conversão, devido à perda de atividade intrínseca do

catalisador por diminuição da área ativa e/ou do número de centros ativos

por limitações à transferência de massa resultantes do bloqueamento dos

poros (por exemplo, devido à deposição de coque);

• Aumento da queda de pressão em reatores de leito fixo e má estabilidade das

condições de escoamento nos leitos fluidizados;

• Má distribuição dos fluidos nos leitos fixos e perda de material nos leitos

fluidizados, quando há diminuição da resistência mecânica e ao atrito dos

grãos de catalisador, que é quase sempre uma conseqüência de outras formas

de desativação.

A vida útil dos catalisadores é limitada por estas situações, que ocasionam, mais

cedo ou mais tarde, uma parada nas instalações de forma a regenerá-los ou substituí-los.

Daí a grande importância econômica que tem a escolha correta dos catalisadores

(composição, tamanho dos grãos e poros, dispersão e área da fase ativa, forma, resistência

mecânica, estabilidade e custo), do tipo e tamanho dos reatores, das condições de operação

e das matérias primas que podem necessitar de purificação prévia.

II.11.2 - ENVENENAMENTO

Catalisadores heterogêneos são constituídos tipicamente por pequenos cristais de

metal ou óxidos metálicos dispostos sobre suportes inertes. O envenenamento ocorre por

uma forte quimissorção de reagentes, produtos ou impurezas sobre os sítios ativos do metal,

induzindo a mudança na superfície ou na formação de outros compostos.

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Certas espécies podem atuar como venenos em algumas reações e não em outras,

dependendo da competitividade das espécies nos sítios catalíticos (Twigg, 1997;

Bartholomew, 1984; Fulton, 1988).

Desta maneira, o envenenamento de catalisadores é um dos maiores problemas

associados à sua aplicação industrial, pois muitas vezes existem impurezas nas

alimentações tecnicamente e/ou economicamente impossíveis de serem removidas que

podem ser adsorvidas de modo irreversível nos centros ativos, em competição com as

espécies reagentes, traduzindo-se esta situação numa diminuição da atividade, que pode

levar à necessidade de substituir o catalisador ao fim de um tempo muito curto, já que a

regeneração é usualmente impraticável (Figueiredo & Ribeiro, 1987).

Segundo Figueiredo e Ribeiro (1987), os processos também podem sofrer

modificações de seletividade, sendo as várias reações afetadas de modo diferente pela

adsorção do veneno no catalisador. Isto é especialmente freqüente nos catalisadores

multifuncional onde a adsorção dessas impurezas não é energeticamente igual nos vários

tipos de centros ativos, cada um associado a uma determinada reação. As alterações de

seletividade referidas podem ter efeitos globalmente benéficos, ainda que à custa de uma

menor atividade do catalisador.

II.11.3 - COQUEAMENTO

Consiste na deposição de carbono sobre a superfície do catalisador, podendo causar

bloqueio de seus poros e sítios ativos. A deposição de carbono elementar é um processo

resultante da reação de desproporcionamento de monóxido de carbono, enquanto o coque é

resultado da decomposição ou condensação de hidrocarbonetos (Bartholomew, 1984),

podendo ser sua natureza constituída por hidrocarbonetos de elevado peso molecular até

formações grafíticas (Fulton, 1988).

Por coque entende-se todo um conjunto de substâncias carbonadas de estruturas

diversas que vão desde as altamente cristalinas (grafite) às praticamente amorfas,

dependendo do modo como são obtidas, sendo que estes depósitos podem ter origem

catalítica ou pirolítica (Figueiredo & Ribeiro, 1987).

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Segundo os autores, os materiais cuja formação não é catalisada incluem fuligem e

alcatrões (compostos aromáticos de elevado peso molecular) que aparecem na fase gasosa

em conseqüência de reações em cadeia de radicais livres e que se podem acumular sobre

qualquer substrato. Por outro lado, a adsorção em superfícies não catalíticas dos precursores

formados na fase gasosa originará eventualmente carbono de superfície, cuja estrutura é

mais orientada que a fuligem.

O carbono catalítico resulta da ação catalítica de certas superfícies, como as

metálicas e as que possuem certos centros ativos ácidos, como os catalisadores de

craqueamento. Há casos em que se podem depositar nos catalisadores várias formas de

carbono, como ocorre no processo de reforma a vapor, em que se observa o aparecimento

de carbono catalítico e pirolítico.

Assim, se o coque é formado, ele pode originar-se de diversas fontes. Devido às

elevadas temperaturas de reação, o coqueamento é resultante de reações em fase gasosa que

passam por intermediários carbonosos que se condensam na superfície. As reações

envolvem polimerização de radicais livres. Desta forma, o coque em fase gasosa pode ser

acumulado no catalisador, particularmente se em presença de hidrocarbonetos mais leves.

A formação do carbono na fase mássica ocorre na superfície do catalisador, onde os

hidrocarbonetos se dissociam na superfície do níquel para produzir espécies de carbono

mais reativas, como o Cα, que é provavelmente um carbono atômico. A maioria dos Cα

pode ser gaseificado, mas alguns são convertidos a Cβ, provavelmente por polimerização

ou rearranjo do Cα. O carbono pode ser gaseificado, encapsulado na superfície ou se

dissolver no cristalito de níquel, para se nuclear e precipitar na parte inferior do cristalito.

A continuidade deste processo leva à formação do carbono tipo whisker ou filamentar, que

eleva o cristalito de níquel para a superfície do catalisador resultando, eventualmente, na

fragmentação do catalisador.

Este é um dos poucos casos no qual a formação de coque não resulta na desativação

do catalisador, em que fragmentos de pequenas porções de encapsulados originam-se de

carbono em fase gasosa ou traços de Cβ. A formação de carbonos filamentar pode resultar

em um aumento da pressão no leito do catalisador como resultado da fragmentação do

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catalisador e do coqueamento. O aumento de pressão torna necessária a substituição do

catalisador (Trimm, 1997).

Bartholomew (1984) mostrou as reações de formação de carbono e coque nos

metais expostos a CO ou hidrocarbonetos. Os diferentes tipos de carbono, o coque formado

e suas morfologias e reatividades, são apresentados na Figura II.9. Por exemplo, CO se

dissocia nos metais a baixas temperaturas, para formar Cα, um átomo de carbono que pode

reagir para formar Cβ, que consiste num filme de carbono polimérico. A altas temperaturas,

este carbono altamente reativo é convertido a formas menos reativas, as formas grafíticas.

Figura. II.9 - Reações de formação e transformação de coque e carbono na

superfície do metal (Ni) na Reforma a Vapor de Hidrocarbonetos (Bartholomew, 1984).

Dissociação do Hidrocarboneto

Formação de Coque e Carbono

CnHm

+

H

+

CHx

+

C2Hy

+ . . .

CnHz

C no Ni (solução sólida) → Cv Cγ (s) Cβ (s) → Cc (s) CH4 → CH4 (g) H2 → H2 (g) CH4 → CH4 (g)

Coque (hidrocarbonetos condensados de

alto peso molecular)

Carbono (α, β, c) +

H2 (g)

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Os diferentes mecanismos pelos quais os depósitos carbonados podem ser formados

resultam de diferentes morfologias, cada qual responsável por um efeito particular sobre a

atividade e a seletividade do catalisador (Rostrup-Nielsen, 1984; Teixeira, 1993;

Bartholomew, 1984). Os diferentes tipos de carbono, o tipo de coque formado no processo

de reforma a vapor e suas respectivas morfologias e reatividades são descritas nas Tabelas

II.2 e II.3.

Tabela II.2 - Formas e reatividades das espécies de carbono

Estrutura Designação Temperatura de

Formação (°C)

Temperatura do

Pico para reação

com H2 (°C)

Adsorvida, atômica (dispersa,

carbeto superficial) Cα 200-400 200

Polimérica, filmes amorfos ou

filamentos Cβ 250-500 400

Filamento Polimérico, fibras ou

“whiskers” Cv 300-1000 400-600

Carbeto de níquel (bulk) Cγ 150-250 275

Grafíticas (cristalinas) e filmes Cc 500-550 550-850

Fonte: Bartholomew (1984).

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Tabela II.3 : Formação e efeito das espécies de carbono na reforma a vapor.

Tipo de carbono Carbono Filamentar

Polímeros Encapsulados

Carbono Pirolítico

Formação Difusão de C através de cristais de Ni, e formação de filamentos com cristais de Ni no topo. Favorecido em presença de hidrocarbonetos aromáticos e baixas razões H2O/CnHm.

Baixa polimerização de radicais CnHm na superfície do Ni. Favorecido em presença de hidrocarbonetos aromáticos, e baixa razões H2O/CnHm e H2/CnHm.

Craqueamento térmico do CnHm e deposição de precursores de C no catalisador. Favorecido na presença de catalisadores ácidos, elevada pressão e baixa razão H2O/CnHm.

Efeitos Nenhuma desativação da superfície do Ni, porém ocorre quebra do catalisador.

Progressiva desativação

Encapsulação de partículas de catalisadores: desativação e aumento do ∆P.

Faixa de temperatura(ºC)

>450 <500 >870

Fonte: Bartholomew (1984).

Resultados de oxidação à temperatura programada (técnica que consiste no

monitoramento do consumo de oxigênio de uma corrente gasosa que escoa por uma

amostra do catalisador após a passagem de uma corrente de metano, enquanto a

temperatura da amostra é aumentada linearmente) permitem o estudo da desativação do

catalisador bem como a determinação do intervalo de temperatura em que ocorre a

oxidação do coque na superfície do mesmo.

Wang & Lu (1998) estudaram o TPO de catalisadores de Ni suportados em

α-Al2O3, γ-Al2O3 , SiO2 e MgO para medir a quantidade de coque depositada sobre os

catalisadores submetidos a um tratamento com uma corrente de CH4 e CO2. Os resultados

obtidos estão apresentados na Tabela II.4:

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Tabela II.4 - Quantidade de C depositado durante a reação de Oxidação a

Temperatura Programada

Quantidade Total de Coque (g C/g cat.)Catalisador

Estudo de Desativação b Tempo de Corrida (h)

Ni/α-Al2O3 0,20 24

Ni/γ-Al2O3 0,15 24

Ni/SiO2 0,068 24

Ni/MgO 0,049 24

Fonte: Wang & Lu (1998).

b Redução a 500°C e vazão total=60ml/min.

Os autores verificaram que a oxidação do carbono se inicia a 500°C para todos os

catalisadores, mas seus máximos ocorrem a diferentes temperaturas. O catalisador

Ni/α-Al2O3 mostrou um pico de oxidação em torno de 620°C e o catalisador Ni/MgO

mostrou um pico em torno de 650°C. Para Ni/γ-Al2O3 e Ni/SiO2, a oxidação se tornou mais

difícil e os picos ocorreram em torno de 700°C. A quantidade de coque medida indica que o

catalisador Ni/MgO é o que possui a menor quantidade de coque formada enquanto o

Ni/α-Al2O3 é o que apresenta a maior quantidade.

Segundo os mesmos autores, foi verificada a formação de dois tipos de carbono no

catalisador Ni/MgO e um tipo no catalisador Ni/SiO2. O carbono no Ni/SiO2 é atribuído ao

carbono grafítico que foi oxidado à alta temperatura, enquanto que no catalisador Ni/MgO

o carbono é mais reativo e oxidado à temperatura mais baixa.

Swaan et al. (1994) observaram a presença de dois tipos de carbono depositados

sobre os catalisadores Ni/Al2O3. Eles são oxidados a 500 e 650°C, respectivamente.

Considerando-se a localização do carbono nas partículas do níquel e a temperatura

de desgaseificação, pode-se deduzir que a superfície das espécies de carbono foi facilmente

gaseificada por oxidação. Vários estudos têm mostrado que existe uma relação entre a

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temperatura de oxidação e a distância entre o coque no suporte e no metal. O coque no

metal é queimado à temperatura mais baixa que no suporte, pois o metal pode catalisar a

combustão do coque.

Para os catalisadores Ni/α-Al2O3 e Ni/MgO os depósitos de C superficiais estão

próximos às partículas de níquel pois o níquel e o carbono estão sobre toda a superfície.

Em virtude das partículas de níquel se depositarem preferencialmente no interior dos poros

dos catalisadores Ni/SiO2 e Ni/MgO, durante a impregnação, resultando em uma maior

distância entre a superfície do carbono e as partículas de níquel, a gaseificação do carbono

nestes catalisadores se torna mais difícil.

Figura II.10 - Efeito da formação de coque a 500°C com a adição de Mg e Ca a

catalisadores Ni/α-Al2O3 (Lodeng et al., 1997).

Lodeng et al. (1997) estudaram a formação de carbono durante a decomposição do

CH4 sob catalisadores Ni/α-Al2O3 com e sem a adição de promotores Ca e Mg. A adição de

Ca e, em particular, de Mg aumenta a taxa de formação de carbono, como pode ser

observado na Figura II.10. No caso do catalisador Ni (Mg)/Al2O3, a formação do C ocorre

após um curto período de tempo. O aumento da taxa de formação de carbono também foi

observado com a adição de pequenas quantidades de água.

0

20

40

60

80

100

0 50 100 150 200Tempo de Reação (min.)

Aum

ento

de

Peso

(mg/

g.ca

t)

Ni(Mg)Al2O3Ni(Ca)Al2O3Ni/Al2O3

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Santos (2002) estudou o efeito da adição de Ca e Mg como promotores no

catalisador de Ni/α-Al2O3 a fim de minimizar a formação de coque. Valores de oxidação à

temperatura programada (TPO) mostraram que a reação de oxidação iniciou-se a

temperatura de 400ºC para o catalisador de 5%Ni e próximo a 500ºC para os demais

catalisadores, sendo que a temperatura máxima fica em torno de 600ºC e aumenta com o

aumento de teor de níquel. Nos catalisadores contendo 5% e 10% de Ni sem promotores

não foi verificada a presença de água, confirmando a formação de apenas um tipo de coque.

Nos demais catalisadores, uma pequena quantidade de água foi formada. Pode-se verificar a

ocorrência de um pico e de um ombro evidenciando a existência de dois tipos de carbono

depositados sobre os catalisadores. Na Tabela II.5 são apresentadas as quantidades totais de

CO2 formadas, para os diferentes catalisadores, onde se pode verificar que a formação de

CO2 aumenta com o aumento do teor de níquel e com a adição de promotores.

Tabela II.5-Quantidade de CO2 formado durante o TPO

Catalisador CO2 Formado

(mmol/g cat)

5%Ni/α-Al2O3 0,351

10%Ni/α-Al2O3 0,556

20%Ni/α-Al2O3 0,820

20%Ni/α-Al2O3Impr. um. 0,774

5%MgO-10%Ni/α-Al2O3 1,515

5%CaO-10%Ni/α-Al2O3 1,314

5%MgO-5%CaO-10%Ni/α-Al2O3 1,685

Fonte: Santos, 2002.

A adição de Mg como promotor causou a formação de um coque mais facilmente

oxidável, o que demonstra que houve uma diluição do Ni na superfície pelo Mg, explicando

assim o efeito benéfico deste promotor.

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CAPÍTULO III

METODOLOGIA III.1- MATERIAIS E MÉTODOS

III.1.1 - PREPARAÇÃO DOS CATALISADORES

Foram preparados catalisadores 10%Ni/α-Al2O3 e catalisadores promovidos com

niobia (Ni-Nb/α-Al2O3), variando-se os teores de Nb em 0,5% a 2%, onde foram estudadas

a estrutura final, as propriedades do sólido catalítico e o seu desempenho.

O suporte α-Al2O3 utilizado foi a ALCOA PTE 817 (Área específica BET 1,5 m2/g

e volume de poros 0,003 cm3/g). O suporte sofreu tratamento térmico em uma mufla a

temperatura de 800ºC por 6h e as partículas foram separadas usando-se em uma peneira de

mesh 150 µm, para uma melhor uniformidade dos grãos.

A preparação dos catalisadores foi baseada no método de impregnação seca,

utilizando-se como precursor da fase ativa o Ni(NO)3.6H2O, fabricante Merck e

NH4(NbO(C2O4)2 (H2O)2] (H2O)n, fornecido pela CBMM, precursor do promotor. O

oxalato amoniacal de Nióbio é um composto cristalino de coloração branca solúvel em

água (60 g Nb/L a 25ºC) (CBMM, 2003). No método de impregnação seca utiliza-se um

volume de solução impregnante igual ao volume de poros do suporte a ser impregnado.

Primeiramente, adicionou-se o promotor e posteriormente a fase ativa.

Como procedimento experimental, após a determinação do volume de poros do

suporte, colocava-se a quantidade de suporte a ser impregnada em um gral e adicionava-se

aos poucos, utilizando-se uma pipeta, a solução aquosa de NH4[NbO(C2O4)2 (H2O)2]

(H2O)n de maneira a fornecer um teor 0.5-2.0 % p/p de Nb aos catalisadores promovidos.

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Após esta impregnação, os catalisadores foram secos em estufa a 100 °C por 24 horas e

seguiram para a calcinação em uma mufla, com uma taxa de aquecimento de 10°C/min até

a temperatura final de 650 °C. Com exceção do catalisador calcinado a 400ºC, todos foram

mantidos às suas respectivas temperaturas de calcinação, por 6 h.

Após a adição do promotor, os catalisadores foram impregnados com uma solução

aquosa de Ni(NO3).6H2O de maneira a fornecer um teor de Ni aos catalisadores de 10%

p/p. Os catalisadores foram secos em estufa a 100 °C por 24 horas e seguiram para a

calcinação em uma mufla, com uma taxa de aquecimento de 10 °C/min até a temperatura

final de 650 °C. Com exceção ao catalisador calcinado a 400 ºC, todos foram mantidos as

suas respectivas temperaturas de calcinação por 6 h.

III.2 - ANÁLISES DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA.

III.2.1 - ÁREA ESPECÍFICA (BET)

A área específica BET foi medida utilizando-se um equipamento automático, ASAP

(Accelerated Surface Area and Porosimetry System) Micromeritics 2010. O pré-tratamento

da amostra consistiu na secagem em estufa a 100 °C por 24 horas. Após esta etapa, cerca de

dois gramas da amostra foram inseridos em um reator de quartzo e uma nova etapa de

secagem, conhecida como desgaseificação, foi realizada no próprio equipamento a 150°C,

por 2 horas, de maneira a remover qualquer traço de umidade que por ventura ainda

estivesse presente na amostra.

Após a desgaseificação, o reator foi transferido para a seção de análise do

equipamento, onde se inicia a medida da área BET. O teste foi realizado a uma temperatura

criogênica, utilizando-se nitrogênio líquido que tem ponto de ebulição de –195,8°C, à

pressão de 1 atm.

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III.2.2 - DIFRAÇÃO DE RAIOS-X

Os suportes, após a etapa de calcinação em mufla, foram analisados pela técnica de

difração de raios-X (DRX) em um equipamento RIGAKU modelo Miniflex cedido pelo

NUCAT-UFRJ, utilizando radiação CuKα (1,540 Å). Os difratogramas foram obtidos entre

2θ = 20° e 80°, usando um passo de 0,04° e um tempo de contagem de 1 segundo por

passo.

III.2.3 - ESPECTROSCOPIA NO UV-VISÍVEL COM

REFLECTÂNCIA DIFUSA

Os catalisadores, após a etapa de calcinação, foram analisados pela técnica de

espectroscopia no UV-visível com reflectância difusa (DRS UV-vis). O equipamento

empregado para as análises realizadas na faixa de 180 nm – 800 nm foi um

espectrofotômetro VARIAN – Cary 500 acoplado ao acessório de reflectância difusa

(Harrick), equipamento este cedido pelo NUCAT-UFRJ. Os espectros de reflectância difusa

foram obtidos a temperatura ambiente, e, de forma a separar a contribuição do suporte, a

reflectância R (λ) da amostra era dividida pela reflectância do suporte, antes do cálculo da

função “Kubelka-Munk” (F(R)).

III.2.4 - FLUORESCÊNCIA

A técnica de análise de Fluorescência de Raio-X determina o teor exato dos

componentes contidos em uma amostra de catalisador. Esta análise foi realizada no

equipamento Rigaku modelo RIX 3100, cedido pelo NUCAT-UFRJ.

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III.2.5 - REDUÇÃO À TEMPERATURA PROGRAMADA

Para a realização das análises de TPR, foi utilizada uma unidade multipropósito

acoplada a um espectrômetro de massas (Balzers Omnistar) como mostra a figura III.1.

A corrente gasosa passa por um controlador de fluxo mássico Aalborg modelo

PROC4, onde sofre ajustes de fluxo, e entra no reator. Em seguida, a corrente gasosa

efluente do reator chega ao espectrômetro de massas onde é analisada.

O reator de quartzo é aquecido por um forno cerâmico de resistência exposta que é

controlado por um programador linear de temperatura Therma TH 2231P. A taxa de

aquecimento é monitorada por um termopar tipo K situado na parede do forno enquanto

que a temperatura do reator é medida por outro termopar tipo K situado no reator. Toda

linha por onde a corrente gasosa passa é mantida aquecida a 100°C de maneira a evitar a

formação de condensados. Esse controle é realizado por um termo-controlador analógico,

modelo FH-1 da Digimec. As temperaturas do reator e da linha são verificadas em um

indicador de temperatura de seis canais fornecido por Equipamentos Científicos do Brasil,

modelo MD 350.

A amostra (100 mg) era submetida a um pré-tratamento que consistia em se passar

uma corrente gasosa de hélio a 150°C por 30 min, com uma taxa de aquecimento de

10°C/min e uma vazão de 30 mL/min, de maneira a eliminar qualquer traço de umidade

presente na mesma. Este procedimento foi realizado com a válvula de seleção

pulso/dinâmico posicionada em pulso, de maneira que a corrente gasosa de hélio escoasse

pelo arraste.

Após a secagem, a válvula de seleção by-pass/reator era posicionada em by-pass o

canal do controlador de fluxo mássico correspondente a mistura gasosa 5% H2/Ar era

aberto. Posicionava-se então a válvula de seleção pulso/dinâmico em dinâmico e válvula de

seleção by-pass/reator era posicionada em reator.

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Figura III.1 - Unidade Multipropósito utilizada na técnica de TPR

Ao passar a mistura gasosa 5 % H2/Ar no reator, verificava-se no espectrômetro de

massas um consumo aparente de H2 devido ao volume morto e ao possível consumo de H2

na redução à temperatura ambiente. O reator era então isolado posicionando-se a válvula de

seleção by-pass/reator em by-pass. A válvula de seleção pulso/dinâmico era posicionada em

pulso de maneira que o hélio escoando no arraste, purgasse todo o H2. Repetia-se, então, a

etapa anterior para se obter o consumo de H2 relativo somente ao volume morto do reator.

Após esta etapa, iniciava-se a redução à temperatura programada com o

aquecimento do reator até 1000 °C (10 °C/min).

A metodologia de cálculo do consumo de H2 na redução encontra-se no apêndice 2.

III.2.6- QUIMISSORÇÃO

As medidas de quimissorção são utilizadas de maneira a medir a capacidade de

adsorção dos catalisadores além de fornecer uma medida do número de sítios ativos

existentes na superfície do catalisador.

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A quimissorção das amostras (1,5 mg) foi realizada no ASAP 2010C. O

experimento consistiu em três etapas consecutivas, sendo elas, secagem, redução e análise.

A tabela III.1 a seguir apresenta as condições realizadas nos catalisadores no

experimento de quimissorção.

Tabela III.1 – Etapas do experimento de quimissorção

Etapas da Quimissorção Gás Temperatura Taxa de

aquecimento (ºC/min)

Tempo

(min)

1º Secagem He 150ºC 10 45

2º Ativação Catalítica H2 800ºC 10 120

3º Vácuo - 35ºC 10 60

4º Análise H2 35ºC 10 -

III.2.8- REAÇÃO SUPERFICIAL À TEMPERATURA

PROGRAMADA

Experimentos de TPSR foram realizados na mesma unidade multipropósito

acoplada a um espectrômetro de massas Balzers Omnistar utilizada nos experimentos

anteriores. O pré-tratamento das amostras (10mg diluídas a 100mg em Carbeto de silício)

consistiu na secagem a 150°C, por 30 min, sob fluxo de He (30mL/min), seguida de

redução sob fluxo de H2 a 800°C, a uma taxa de aquecimento de 10°C/min por 2h, e

resfriamento em He até a temperatura ambiente. Após o resfriamento o catalisador entrava

em contato com a mistura reacional, CH4, H2O (vapor), H2 e He (puro), com vazões

respectivas, de 3,0 mL/min, 3,0 mL/min, 16,0 mL/min e 108,0 mL/min. A razão final da

mistura CH4:H2O:H2:He era de 2.3:2.3:12.3:83 com uma vazão total de 130 mL/min. A

mistura reacional era obtida utilizando-se um saturador contendo água, à temperatura

ambiente. O reator era então aquecido a uma taxa de 20 °C /min até a temperatura de 900°C

e a corrente efluente do reator monitorada por espectroscopia de massas.

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III.3 – DESIDROGENAÇÃO DO CICLOEXANO.

Para a realização da reação modelo de desidrogenação do cicloexano, utilizou-se

uma unidade acoplada a um cromatógrafo a gás 5890, Série II da Hewlett Packard, como

mostra a figura III.2.

A mistura gasosa reacional foi obtida pelo arraste a vapor do cicloexano por uma

corrente de H2 utilizando um saturador mantido à temperatura de 12°C. A composição

desta mistura é determinada pela pressão parcial de cicloexano na temperatura do saturador,

que era mantida constante, considerando-se o sistema ideal em equilíbrio.

Figura III.2 – Esquema da unidade de desidrogenação do cicloexano

A temperatura da água de resfriamento foi controlada pela utilização de um

aparelho refrigerador QUIMIS dotado de controlador eletrônico de temperatura. A reação

foi processada em um reator tubular de quartzo e operada à pressão atmosférica. O reator

foi aquecido por um pequeno forno cerâmico de forma cilíndrica, circundado por uma

resistência elétrica ligada a um controlador de temperatura.

1 – Compressor 2 – Filtro 3 – Válvula de bloqueio 4 – Válvula controladora de pressão 5 – Termopar 6 – Saturador 7 – Válvula de 4 vias 8 – Válvula micrométrica 9 – Banho termostático 10 – Reator 11 – Forno 12 – Cromatógrafo 13 - Fluxímetro

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As medidas de temperatura foram efetuadas por termopares de cromel-alumel,

conectados a um indicador de temperatura.

A análise da composição da mistura gasosa de saída foi feita por um cromatógrafo a

gás 5890 Série II, da Hewlett Packard, contendo a coluna capilar HP-INNOWAX, com 60m

de comprimento, temperatura de 70 °C e temperatura do injetor e do detector de ionização

em chama de 200 °C.

Foram utilizados 150 mg de catalisador. As vazões de N2 e H2 puro empregadas na

etapa de ativação foram ajustadas para 30 mL/min. O aquecimento foi efetuado a uma taxa

de 10 °C/min, até 500°C. A redução foi mantida nesta temperatura por mais 2 h. Após a

redução, o reator foi resfriado até 250 °C e, em seguida, isolado.

O arraste do cicloexano pelo hidrogênio no saturador era iniciado com o ajuste da

vazão para se obter 100mL/min e permitia-se que a mistura reacional escoasse pelo reator.

Media-se a vazão volumétrica da corrente gasosa efluente em um fluxímetro sendo,

em seguida, a corrente analisada pelo cromatógrafo de ionização em chama. Este

procedimento foi repetido para as outras temperaturas, com diferença de 10 °C até a

temperatura máxima de 330 °C. Conhecendo-se a composição e a vazão da corrente gasosa

efluente do reator, calcula-se a taxa de reação de desidrogenação do cicloexano a cada

temperatura.

III.4 - TESTES CATALÍTICOS

Os testes catalíticos da reforma do metano com vapor, foram realizados em uma

unidade acoplada a um cromatógrafo à gás VARIAN CP3800.

A unidade foi projetada de modo a permitir de maneira prática e eficientes todas as

etapas da reação de reforma catalítica a vapor do metano, tais etapas se resumem ao pré-

tratamento, ativação catalítica e a reação de reforma propriamente dita.

O esquema da unidade, demonstrado na figura III.3, apresenta as principais linhas e

válvulas da unidade, e no que diz respeito ao controle da temperatura, a unidade possui um

forno cerâmico de resistência exposta que aquece o reator de quartzo no qual está contida a

amostra. O forno é controlado por um programador linear de temperatura Therma

TH 2231P. A taxa de aquecimento é monitorada por um termopar tipo K situado no reator.

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Toda linha por onde a corrente gasosa passa é mantida aquecida a 110°C de maneira a

evitar a formação de condensados. Esse controle é realizado por um termo-controlador

analógico, modelo FH-1 da Digimec. As temperaturas do reator, da linha e do saturador são

verificadas em um indicador de temperatura de seis canais fornecido por Equipamentos

Científicos do Brasil, modelo MD 350. O aquecimento da água no saturador é controlado

pelo Banho ultratermostato criostato 521/D (Nova Ética).

Figura III.3 – Esquema da unidade de conversão de metano.

A amostra era submetida a um pré-tratamento que consistia em se passar uma

corrente gasosa de hélio a 150°C por 30 min, com uma taxa de aquecimento de 10°C/min e

uma vazão de 30 mL/min, de maneira a eliminar qualquer traço de umidade presente na

amostra. Este procedimento foi realizado com a válvula de seleção pulso/dinâmico

posicionada em pulso, de maneira que a corrente gasosa de hélio escoasse pelo arraste.

Após a secagem, a válvula de seleção by-pass/reator era posicionada em by-pass o

canal do controlador de fluxo mássico correspondente a corrente de H2 era aberto.

Posicionava-se então a válvula de seleção pulso/dinâmico em dinâmico e a válvula de

seleção by-pass/reator era posicionada em reator, então iniciava-se a ativação catalítica

onde o catalisador era reduzido a 800ºC, a uma taxa de aquecimento de 10ºC/min por 2h.

Após ativação catalítica, a válvula de seleção by-pass/reator era posicionada em by-pass, os

1-Válvula de seleção de gases 6-Válvula de seleção Pulso/Dinâmico 2-Válvula para arraste dos pulsos 7-Válvula de injeção de pulsos 3-Válvula Micrométrica 8-Válvula By-pass do reator 4-Válvula de seleção By-pass/Saturador 9-Forno cerâmico do reator 5-Saturador 10- Cromatógrafo a gás

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canais do controlador de fluxo mássico correspondente à mistura gasosa CH4, H2 e He eram

abertos e, posicionando-se a válvula saturador/by-pass em saturador, em seguida,

posicionava-se então a válvula de seleção pulso/dinâmico em dinâmico e a válvula de

seleção by-pass/reator era posicionada em reator.

A mistura gasosa reacional foi obtida pelo arraste a vapor da água por uma corrente

de CH4, H2 e He ou CH4, He utilizando um saturador mantido à temperatura ambiente ou a

50ºC.

A corrente gasosa passava por um controlador de fluxo mássico Brooks Instruments

modelo 0124, onde sofria ajustes de fluxo, e entrava no reator. Em seguida, a corrente

gasosa efluente do reator chegava ao cromatógrafo à gás VARIAN CP3800 com detector

de condutividade térmica (TCD) e coluna capilar Supelco Carboxen 1010 tplot, a qual

estava submetida as seguintes condições:

Tabela III.2 – Variáveis da coluna capilar Supelco Carboxen 1010 tplot.

Temperatura (ºC) Taxa de aquecimento(ºC/min)

Tempo de Permanência (mim) Tempo total (min)

220 - 0,02 0,02

40 40 8,50 13,02

100 40 3,00 17,52

220 40 2,58 23,10

Pressão Psia Taxa de compressão (Psia /mim)

Tempo de Permanência (min) Tempo total (min)

3,5 - 12,80 12,8

4,6 0,79 3,00 17,33

6,9 0,79 2,58 22,89

Razão de split 1/10 Volume do Loop (µl) 100

Tempo de injeção

(min) 6,75

Temperatura de

injeção (ºC) 230

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Os gases efluentes do reator analisados no cromatógrafo a gás eram reportados

graficamente em um cromatograma figura III.4, onde podiam ser analisados qualitativa e

quantitativamente.

Figura III.4 - Cromatograma específico da reação de reforma.

Foram realizados três testes nas amostras sob as seguintes condições:

Tabela III.3 – Condições reacionais da reforma do metano com vapor com H2 na

carga (Não isotérmico).

Condições limpas - não isotérmicas

Amostra 10mg de catalisador diluídos com 90mg de Carbeto de silício

Faixa de temperatura 700 ºC a 900 ºC Saturador Temperatura ambiente. Vazões

Vazão total

CH4 – 3,0 mL/min H2O – 3,0 mL/min He – 108 mL/min H2 – 16 mL/min

130 mL/min

Razão CH4 : H2O : He : H2 1 : 1 : 5,3 : 36

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Tabela III.4 – Condições reacionais da reforma do metano com vapor com H2 na

carga (isotérmico).

Condições limpas - reação isotérmica Amostra 100 mg de catalisador

Temperatura 800 ºC por 24 h Saturador Temperatura ambiente Vazões

Vazão total

CH4 – 3,0 mL/min H2O – 3,0 mL/min He – 108 mL/min H2 – 16 mL/min

130 mL/min

Razão CH4 : H2O : He : H2 1 : 1 : 5,3 : 36

Tabela III.5 – Condições reacionais da reforma do metano com vapor sem H2 na

carga (isotérmico).

Condições severas - reação isotérmica

Amostra 50 mg de catalisador diluídos com 100 mg de Carbeto de Silício

Temperatura 800 ºC por 24 h Temperatura do saturado 50 ºC

Vazões

Vazão total

CH4 – 14,0 mL/min H2O –14,0 mL/min He – 102 mL/min

130 mL/min

Razão CH4 : H2O : He 1 : 1 : 7,3

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CAPÍTULO IV

RESULTADOS E DISCUSSÃO IV.1 - QUIMISSORÇÃO DE H2

Os resultados de quimissorção de H2 para os catalisadores estudados podem ser

observados na Tabela IV.2. A razão H/Ni foi obtida considerando-se quimissorção total,

pois somente o catalisador 10%Ni/α−Al2O3 apresentou reversibilidade.

Tabela IV.2 – Quimissorção de H2 a 35ºC em catalisador à base de Níquel.

Catalisador

H2 Quimissorvido (µmol/gcat)

H2 Quimissorvido Irreversível (µmol/gcat)

H/Ni

(%)

10%Ni/α−Al2O3 7,0 4,5 0,2 10%Ni-0,5%Nb/α−Al2O3 2,3 - 0,07 10%Ni-2,0%Nb/α−Al2O3 1,3 - 0,04

10%Ni-2,0%Nb/α−Al2O3calc.400ºC 2,0 - 0,06

Observa-se uma maior quantidade de H2 quimissorvido para o catalisador

10%Ni/α−Al2O3 e para os catalisadores promovidos a quantidade de H2 quimissorvido

diminuem com o aumento do teor do promotor. Isto é devido ao efeito SMSI, onde ocorre

uma forte interação entre o promotor e a fase ativa. Espécies de NbOx criam mobilidade

recobrindo a superfície do metal (fase ativa).

Em resumo, o aumento do teor do promotor provoca um maior efeito SMSI e

conseqüentemente uma diminuição na área metálica.

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IV.2 - DIFRAÇÃO DE RAIO-X

A Figura IV.1 representa o difratograma característico dos catalisadores com e sem

promotor suportados em α-Al2O3 obtido por impregnação seca. Para todas as amostras

observa-se a coincidência de picos, a partir do padrão da α-Al2O3. Por sua vez, a seqüência

desses valores é sempre mantida, permitindo a identificação das fases presentes, resultantes

das diferentes interações entre as fases no catalisador. Porém não foi detectado nenhum

traço de niobia em nenhum dos catalisadores promovidos, pois a mesma estava contida em

baixos teores. Esta técnica foi realizada com o objetivo de confirmar a presença de NiO e

α-Al2O3 nos catalisadores preparados. Os resultados apresentados no difratograma estão de

acordo com o difratograma da α-Al2O3 apresentado por Kis et al, (1998).

20 40 60 80

NiO 10%Ni-2.0%Nb/α-Al2O3calc. 400ºC

10%Ni-2.0%Nb/α-Al2O3

10%Ni-0.5%Nb/α-Al2O3

10%Ni/α-Al2O3

α-Al2O3

Inte

nsid

ade

(U.A

)

2 θ

Figura IV.1 –Difratograma característico dos catalisadores de níquel suportados

em α-Al2O3.

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IV.3 - FLUORESCÊNCIA

A Tabela IV.3 apresenta os resultados do experimento de fluorescência realizados

nas amostras, que permitiu quantificar os reais teores dos componentes em cada catalisador.

Cabe ressaltar que os teores de NiO e Nb2O5 não estão acima do teórico (10% Ni), pois as

amostras foram analisadas somente estando calcinadas, em forma de óxido.

Tabela IV.3 – Resultados do experimento de fluorescência

Catalisador NiO (% em massa)

Nb2O5 (% em massa)

α-Al2O3 (% em massa)

10%Ni/α- Al2O3 13,4 - 86,6 10%Ni-0,5%Nb/α- Al2O3 13,7 0,6 85,6 10%Ni-2,0%Nb/α- Al2O3 12,8 2,4 84,8

10%Ni-2,0%Nb/α- Al2O3 calc.400ºC 12,2 2,2 85,6

IV.4 - ESPECTROSCOPIA NO UV-VISÍVEL COM REFLETÂNCIA

DIFUSA

A Figura IV.2 apresenta os resultados de espectroscopia no UV-Visível com

refletância difusa dos catalisadores, após etapa de calcinação.

Para todos os catalisadores foram observadas bandas entre 235 e 305 nm, a primeira

indica a presença da espécie Ni2+ tetraédrica no NiO e a última ao NiO livre (Kis et al,

1998). A banda octaédrica típico do Ni2+ em NiO está entre 740 e 715nm (Dellanay, 1984).

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65

Figura IV.2 – Espectro dos catalisadores de Níquel.

IV.5 - REDUÇÃO A TEMPERATURA PROGRAMADA

Na Figura IV.3 são apresentados os perfis de redução à temperatura programada dos

catalisadores.

O perfil de redução indicou para o catalisador de 10%Ni/α-Al2O3, 2 picos de

redução a temperaturas aproximadas a 400ºC e 500ºC correspondentes à redução do NiO

com menor interação com o suporte e à redução do NiO pela incorporação dos íons Al3+

originados na dissolução da α-Al2O3 durante a etapa de impregnação (Richardson et al.,

1996).

Para os catalisadores promovidos 10%Ni-0,5%Nb/α-Al2O3 e 10%Ni-2,0%Nb/α-

Al2O3, os perfis de redução também apresentaram 2 picos de redução a 400ºC-500ºC

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correspondentes as interações justificadas por Richardson et al. (1996), sendo que o

promotor Nióbia presente é parcialmente reduzido a NbOx, com o máximo de redução na

faixa de temperaturas entre 650ºC - 850ºC.

O catalisador 10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3 calc. 400ºC apresentou um segundo pico a

1000ºC, devido à redução do pentóxido de nióbio presente no catalisador.

Figura IV.3 – Perfil de TPR dos catalisadores de Níquel.

IV.6 - DESIDROGENAÇÃO DO CICLOEXANO

A desidrogenação do cicloexano é uma reação insensível à estrutura. Portanto, é

função apenas do número de sítios ativos expostos na superfície do catalisador, e não da

disposição dos átomos na superfície. Sendo assim, a taxa da reação é diretamente

proporcional ao número de sitios ativos, sendo uma medida indireta da dispersão da fase

ativa.

Na tabela IV.4 encontram-se os resultados da reação modelo de desidrogenação do

cicloexano que é uma reação insensível à estrutura. Para o catalisador 10%Ni/α-Al2O3 foi

200 400 600 800 1000

10%Ni-0.5%Nb/α-Al2O3

10%Ni-2.0%Nb/α-Al2O3

10%Ni/α-Al2O3

10%Ni-2.0%Nb/α-Al2O3 calc. 400ºC

Sina

l do

E.M

.( u.

a.)

1000

390

650540

450

530

435

540

430

Temperatura (ºC)

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observado tanto a reação de desidrogenação bem como a reação de hidrogenólise. Para os

demais catalisadores somente foram observados a reação de desidrogenação, portanto

somente formação de benzeno. A adição do promotor niobia favoreceu uma diluição do

níquel na superfície do catalisador suprimindo a reação de hidrogenólise, que bem como as

reações formadoras de coque, são reações sensíveis à estrutura. A presença do promotor

suprime reações sensíveis à estrutura, que requerem grandes conjuntos de átomos chamados

ensembles para que ocorram, enquanto reações insensíveis à estrutura, que requerem

conjuntos menores de sítios ativos, praticamente não são influenciadas (Sinfelt, 1983).

Tabela IV.4 – Resultados da reação modelo de desidrogenação do cicloexano para os

catalisadores de Ni.

Catalisador H/Ni (%)

Ni na superfície (µmol/gcat)

Taxa de Hidrogenólise a

260ºC (x 10-3

mol/hgcat)

Taxa de Desidrogenação

a 260ºC (x 10-3

mol/hgcat)

TOF para Desidrogenação

(x10-1 s-1)

10%Ni/α-Al2O3 0,2 3,7 2,6 4,9 3,6 10%Ni-0.5%Nb/α-Al2O3 0,07 1,2 0 0,4 0,9 10%Ni-2.0%Nb/α-Al2O3 0,04 0,65 0 0,0002 0,001

10%Ni-2.0%Nb/α-Al2O3calc.400ºC 0,06 1,0 0 1,5 4,2

Resultados da atividade por sítio (TOF) demonstram que para os catalisadores

10%Ni/α-Al2O3, 10%Ni-0,5%Nb/α-Al2O3 e 10%Ni-2,0%Nb /α-Al2O3 a taxa de

desidrogenação é proporcional ao Ni na superfície. Porém, para o catalisador 10%Ni-

2,0Nb/α-Al2O3 observa-se que houve um bloqueio quase que total dos sítios ativos pela

niobia. Para o catalisador 10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3calc.400 ºC observa-se um aumento

considerável no TOF, podendo ser justificado pela formação de sítios interfaciais devido à

forte interação existente entre o metal e o suporte.

Como já foi mencionada anteriormente, a taxa de desidrogenação é proporcional ao

número de sítios ativos. Dessa forma, a análise da tabela IV.4 evidencia que o catalisador

10%Ni/α-Al2O3 possui o maior número de sítios ativos, apresentando maior taxa de

desidrogenação de cicloexano. Entretanto, o catalisador 10%Ni-0,5%Nb/α-Al2O3 não

apresenta atividade por sítio na mesma ordem de grandeza do catalisador não promovido,

porém não apresentou reação de hidrogenólise. Logo, dentre os catalisadores promovidos o

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catalisador 10%Ni-0,5%Nb/α-Al2O3 apresentará uma melhor estabilidade na reforma do

metano com vapor.

IV.7 - REAÇÃO SUPERFICIAL À TEMPERATURA PROGRAMADA

O perfil de reação superficial à temperatura programada para o catalisador 10%Ni-

2,0%Nb/α-Al2O3, Figura IV.4, é representativo de todos os catalisadores.

Para todos os catalisadores, foram observados perfis consistentes com o mecanismo

de reforma a vapor na geração do gás de síntese, os demais perfis encontram-se no anexo

III. Não foi observada a reação de deslocamento da água (shift), uma vez que não houve a

formação de CO2, donde conclui-se que na reação superficial para todos os catalisadores,

foi verificada apenas a formação do gás de síntese, segundo a reação (2), apresentada

anteriormente.

Figura IV.4 - Perfil de TPSR do catalisador 10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3.

200 400 600 800 1000

Isotérmico

catalisador (10%Ni-2.0%Nb/α-Al2O3))

Perfil de TPSR

H2

CH4

H2O

CO

CO2

Sina

l E.M

. (u.

a.)

Temperatura (ºC)

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A Tabela IV.5 apresenta estimativas da conversão do metano ao final das medidas

de TPSR, obtidas a partir dos sinais obtidos no espectro. A conversão de CH4 foi próxima a 10% para todos os catalisadores, o experimento foi realizado visando condições diferenciais

(xa = 0,1). O experimento realizado permitiu observar que para o catalisador

10%Ni/α-Al2O3 há uma maior conversão de metano, e para os catalisadores promovidos

verifica-se que o aumento do teor do promotor diminui a conversão devido ao efeito SMSI.

Tabela IV.5: Valores de conversão de metano verificados nas reações de TPSR. Catalisador Conversão de metano 10%Ni/α-Al2O3 11,0

10%Ni-0.5%Nb/α-Al2O3 9,5 10%Ni-2.0%Nb/α-Al2O3 8,0

10%Ni-2.0%Nb/α-Al2O3calc.400ºC 10,0

Segundo os autores Wei & Iglesia (2004) a etapa determinante da taxa de reação para

as conversões de metano é a ativação da ligação C – H, na qual a cinética segue o modelo

de primeira ordem. Dessa forma, o aumento na conversão do metano observado nos

experimentos de TPSR está relacionado com uma maior quantidade de sítios ativos para a

reação. A Figura IV.5 mostra que a taxa de desidrogenação do cicloexano tem uma

correlação linear boa com a conversão de CH4 no TPSR sendo, portanto, consistente com o

resultado obtido por Wei e Iglesia (2004), mostrando assim que o catalisador mais ativo na

reforma a vapor do metano é aquele que possui a maior quantidade de sítios ativos para esta

reação, no caso específico deste estudo, o catalisador 10 % Ni/α- Al2O3.

0

3

6

9

12

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Taxa de desidrogenação do cicloexano (*10-3 mol/hgcat)

Con

vers

ão d

e m

etan

o (%

)

Figura IV.5 – Correlação entre a conversão final de metano no TPSR e a taxa de desidrogenação do cicloexano

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IV.8 - REFORMA A VAPOR DO METANO

Os resultados da reação de reforma a vapor do metano estão apresentados nas

Figuras e Tabelas seguintes.

A Tabela IV.6 apresenta os valores da taxa da reação de reforma a 750ºC e a

atividade por sítio. Nesta temperatura de 750ºC, obteve-se condições diferenciais

(conversão de metano menor que 10%). Com objetivo de manter a superfície do catalisador

livre de coque e obtenção de maior atividade, a reação foi conduzida sob corrente contendo

H2.

A Figura IV.6 mostra a reação de reforma não isotérmica. A reação foi conduzida

em condições longe do equilíbrio. Dados da reação em equilíbrio foram calculados no

software HYSYS versão 3.1. Este software permite uma interação aproximada com respeito

à simulação de processos para análise e otimização.

Tabela IV.6 – Resultados da reação de reforma em condições limpas, isotérmica a 750ºC.

Catalisador H/Ni (%) Ni na

superfície (µmol/gcat)

Taxa de reação a 750 ºC

(x 10-2 mol/hgcat)

TOF para Reação a 750ºC

( s-1) 10%Ni/α-Al2O3 0,2 3,7 2,6 2,0

10%Ni-0.5%Nb/α-Al2O3 0,07 1,2 1,6 3,9 10%Ni-2.0%Nb /α-Al2O3 0,04 0,65 0,5 2,2

10%Ni-2.0%Nb /α-Al2O3calc.400ºC 0,06 1,0 1,3 3,5

Conforme descrito anteriormente, os autores Wei & Iglesia (2004) mostraram

recentemente que a etapa determinante da taxa de reação para as conversões de metano é a

ativação da ligação C-H, na qual a cinética segue o modelo de primeira ordem.

Os autores Wei & Iglesia (2004) realizaram experimentos no catalisador

7%Ni/MgO e obtiveram uma atividade por sítio de 31s-1 a 750ºC. No presente trabalho, os

catalisadores de Ni suportados em α-Al2O3, desta forma possuem atividades inferiores, pois

o catalisador 7%Ni/MgO possui uma maior dispersão metálica, 9,3 %, pois a metodologia

de preparo foi pelo método sol-gel.

Em condições não isotérmicas o catalisador 10%Ni/α-Al2O3 apresentou maior

conversão de metano. Verifica-se que a atividade catalítica segue a mesma ordem da

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desidrogenação do cicloexano, onde o aumento do teor do promotor Nb provoca um

decréscimo da atividade devido ao efeito SMSI. O feito SMSI (strong metal suport

interaction) é uma forte interação entre o metal e o suporte facilmente redutível. O Nb2O5

reduzido forma espécies NbOx que são muito móveis recobrindo a superfície do metal,

provocando assim uma redução do número de sítios ativos disponíveis para a reação. O

efeito SMSI ocorre durante a etapa de redução do metal e é um processo reversível uma vez

que se oxide a superfície metálica do catalisador.

Conversão de metano não-isotérmico

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

680 730 780 830 880

Temperatura (ºC)

Conv

ersã

o m

etan

o (%

)

10%Ni/α-Al2O3

10%Ni-0,5%Nb/α-Al2O3

10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3calc400ºC

10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3

Equilíbrio

Figura IV.6 - Reação de reforma a vapor do metano com H2 na carga em condições não

isotérmicas. Vazão total de 130ml/min. Razão volumérica de CH4:H2O:H2:He de 1:1:5:36.

A Figura IV.7 apresenta os resultados da reação de reforma do metano com vapor

em condições limpas e isotérmico (800ºC), por 24h. Verifica-se uma maior atividade

catalítica para o catalisador 10%Ni/α-Al2O3 e um decréscimo de atividade para os

catalisadores promovidos. O mesmo resultado em atividade catalítica se observa para a

reação de reforma sem H2 na carga. O catalisador 10%Ni/α-Al2O3 se mostra mais ativo

frente aos promovidos.

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Figura IV.7 - Reação de reforma a vapor do metano com H2 na carga em condições

isotérmicas. Vazão total de 130ml/min. Razão volumérica de CH4:H2O:H2:He de 1:1:5:36.

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Figura IV.8 : Reação de reforma a vapor do metano sem H2 na carga em condições

isotérmicas. Vazão total de 130ml/min. Razão volumétrica de CH4:H2O:He de 1:1:7,3.

Para ambas as reações de reforma isotérmicas, os experimentos não apresentaram

desativação catalítica durante o tempo de exposição dos catalisadores a mistura reacional.

Observa-se que para tempos acima de 20 h o catalisador 10%Ni/α-Al2O3 se

apresenta um pouco mais ativo que os catalisadores promovidos. A presença do Nb2O5

como promotor provoca um decréscimo da atividade catalítica na reforma a vapor do

metano, devido ao efeito SMSI.

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CAPÍTULO V

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

V.1-CONCLUSÕES

Os catalisadores de Níquel suportados em α-Al2O3 foram caracterizados e

comparados frente à reforma a vapor do metano para a geração do gás de síntese.

O difratograma característico da Difração de Raios-X apresentou uma coincidência

de picos a partir do padrão da α-Al2O3, confirmando a presença de α-Al2O3 nos

catalisadores preparados. Porém, não foi detectado nenhum traço de nióbia em nenhum dos

catalisadores promovidos, pois a mesma estava contida em baixos teores.

Os espectros de DRS, assim como os perfis de TPR mostraram a presença de

diferentes espécies de NiO nos catalisadores. Traços de nióbia não foram detectados nos

catalisadores promovidos, uma vez que apresentaram os mesmos perfis de DRS.

Os perfis de TPR indicaram, para os catalisadores, de

10%Ni/α-Al2O3, 10%Ni-0,5%Nb/α-Al2O3 e 10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3, 2 picos de redução a

temperaturas aproximadas a 400 ºC e 500 ºC correspondentes à redução do NiO com menor

interação com o suporte e à redução do NiO pela incorporação dos íons Al3+ originados na

dissolução da α-Al2O3 durante a etapa de impregnação. A nióbia presente é parcialmente

reduzida a NbOx, com o máximo de redução na faixa de temperaturas entre

650 ºC – 850 ºC. O catalisador 10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3 calc. 400 ºC apresentou um

segundo pico a 1000ºC, devido à redução da nióbia presente no catalisador.

Os perfis de TPSR apresentaram para todos os catalisadores a formação do gás de

síntese. Entretanto, a reação WGS (water gas shift reaction) nem a reação de Bordouard

não foram observadas, uma vez que não houve formação de CO2.

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75

A desidrogenação do cicloexano por ser uma reação insensível a estrutura, fornece

uma medida indireta da dispersão da fase ativa, que é de fundamental importância para a

reforma a vapor do metano. A reação de conversão do cicloexano mostrou a formação

apenas de benzeno, através da reação de desidrogenação para os catalisadores promovidos,

mas a ocorrência de hidrogenólise, com a formação de n-hexano, foi observada apenas para

o catalisador 10%Ni/α-Al2O3. Foi observado que adição de nióbia suprimiu totalmente a

formação de produtos de hidrogenólise, indicando uma diluição do níquel na superfície por

este promotor.

Os resultados da reação de reforma a vapor do metano evidenciaram que a adição

do promotor niobia diminui a taxa da reação de reforma, devido ao efeito SMSI. Dessa

forma, o catalisador mais ativo é o 10%Ni/α-Al2O3, uma vez que possui a maior quantidade

de sítios ativos para a reforma a vapor do metano.

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76

V.2 – SUGESTÕES

Para um melhor entendimento do sistema catalítico frente a reforma a vapor do

metano, seria a realização de alguns experimentos adicionais, como:

• Estudo detalhado da estabilidade dos catalisadores, através da realização

de testes catalíticos em tempos longos de duração com desativação do

catalisador, para quantificar a formação de depósitos de carbono.

• Quantificação da formação de depósitos carbonáceos, bem como estudo

do tipo de carbono formado através de experimentos de TPO.

• Pulsos de CH4 e O2 que permitem investigar a capacidade de remoção

das espécies carbonáceas da superfície catalítica.

• Microscopia eletrônica de transmissão, com a finalidade de identificar o

tamanho real das partículas dos sistemas catalíticos analisados.

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85

ANEXO I

METODOLOGIA PARA CÁLCULOS DE REDUÇÃO A

TEMPERATURA AMBIENTE E TPR

O reator de TPR pode ser descrito como um reator tubular.

Onde:

Fe – vazão molar total da corrente de entrada

Fs – vazão molar da corrente de saída

Xe – fração molar de H2 na mistura H2/Ar na corrente de entrada

Xs – fração molar de H2 na mistura H2/Ar na corrente de saída

Como a fração molar de H2 nas correntes é muito baixa (0 a 5%), temos que: Fe ≈ Fs

= F.

Assim, pelo balanço de massa para o H2 no reator, pode-se escrever:

( )seH x- x F

dtdN

2 =

onde 2HN é o nº de moles consumidos de H2.

Integrando, temos:

[ ]∫= dtx - t x F N seH2 (A.1-1)

São dados diretos das análises realizadas:

a. A vazão volumétrica da corrente gasosa (v0), que se relaciona com F, através da equação dos gases ideais.

RTv*P F 0= , onde P = 1atm e T = 298K (A.1-2)

xe xs

Fe Fs

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86

b. A área do pico registrado (A).

As considerações seguintes referem-se a figura A.1.1

3 0 0 0 4 0 0 0 5 0 0 0 6 0 0 0

I 0

i (

A)

0

t e m p o ( s )

Seja i a intensidade iônica da m/z=2. Pode-se relacionar a coordenada i com a

composição molar do gás na saída do reator sabendo-se que a intensidade iônica é

proporcional à concentração.

Da figura A.2-1 vê-se que:

• quando i = 0 xs = xe

• quando i = I0 x = 0

Dada a condição de proporcionalidade, relação entre xs e i é linear:

0ees I

i * x- x x = (A.1-3)

Substituindo (A.1-3) em (A.1-1):

= ∫ dt )

Ii x- x( - t x F N0

eeeH2

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87

= ∫ dt i

Ix - t x- t x F N0

eeeH2

Então:

0

eH I

A xF N2

= (A.1-4)

onde A é a área sob a curva do gráfico i versus t.

A equação (A.1-4) foi utilizada para calcular a quantidade de H2 consumido na

redução.

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88

ANEXO II

GRÁFICOS DE QUIMISSORÇÃO DE H2 PARA OS

CATALISADORES À BASE DE Ni

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 2200

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

N.R

N.TCatalisador 10%Ni/α-Al2O3

nº m

oles

(µm

ol/g

cat)

Pressão (mmHg)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 2200

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50 Catalisador 10%Ni-0,5Nb/α-Al2O3

N.R

N.T

nº m

oles

(µm

ol/g

cat.)

Pressão (mmHg)

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89

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 2200

5

10

15

20

25

30

35

40 N.TCatalisador 10%Ni-2,0Nb/α-Al2O3

nº m

oles

(µm

ol/g

cat.)

Pressão (mmHg)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 2200

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50Catalisador 10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3calc.400ºC

NT

nº m

oles

(µm

ol/g

cat.)

Pressão (mmHg)

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90

ANEXO III

GRÁFICOS DE REDUÇÃO SUPERFICIAL A TEMPERATURA

PROGRAMADA - TPSR

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91

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92

ANEXO IV

GRÁFICOS DE ARRHENIUS PARA CONVERSÃO DO

CICLOEXANO

Catalisador 10%Ni/α-Al2O3

y = -5387,3x + 4,1787R2 = 0,9874

-7

-6,7

-6,4

-6,1

-5,8

-5,5

-5,2

-4,9

-4,6

0,0017 0,00175 0,0018 0,00185 0,0019 0,00195

1/T(1/K)

ln(-r

a)de

sidr

ogen

ação

Catalisador 10%Ni-0,5%Nb/α-Al2O3

y = -10431x + 11,71R2 = 0,9741

-8,5

-8

-7,5

-7

-6,5

-6

-5,5

-5

0,0016 0,00165 0,0017 0,00175 0,0018 0,00185 0,0019

1/T(1/K)

ln(-r

a)de

sidr

ogen

ação

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93

Catalisador 10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3

y = -9313,3x + 1,9902R2 = 0,9747

-16,5

-16

-15,5

-15

-14,5

-14

-13,5

0,0017 0,00175 0,0018 0,00185 0,0019 0,00195

1/T(1/K)

ln(-r

a)de

sidr

ogen

ação

Catalisador 10%Ni-2,0%Nb/α-Al2O3 calc.400ºC

y = -9591.9x + 11,49R2 = 0,9941

-8

-7,5

-7

-6,5

-6

-5,5

-5

-4,5

-4

0,0017 0,00175 0,0018 0,00185 0,0019 0,00195

1/T (1/K)

ln(-r

a)de

sidr

ogen

ação

Tabela anexo IV 4.1: Energia de ativação para os catalisadores de Ni.

CATALISADOR -Ea/R Ea (kcal/mol)

10%Ni/α-Al2O3 -5387,3 10,7 10%Ni-0,5%Nb//α-Al2O3 -10431 20,7 10%Ni-2,0%Nb//α-Al2O3 -9313,3 18,5

10%Ni-2,0%Nb//α-Al2O3calc.400ºC -9591,9 19,0

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94

Hidrogenólise do cicloexano no catalisador 10%Ni/α-Al2O3

ln (-r) hidrogenólise x 1/T

y = -27566x + 41,68R2 = 0,975

-9

-8

-7

-6

-5

-4

0,00170 0,00172 0,00174 0,00176 0,00178

1/T

ln (-

r) h

idro

genó

lise

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