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Universidade Federal do Ceará Centro de Ciências Curso de Pós-graduação em química Inorgânica Mestrado em Química Inorgânica Reforma Catalítica do Metano com Dióxido de Carbono Usando Catalisadores de Níquel Dopados com Ce, Nb e Sn Aluno: Rafael Saraiva Nunes Orientador: Antoninho Valentini

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Universidade Federal do Ceará

Centro de Ciências

Curso de Pós-graduação em química Inorgânica

Mestrado em Química Inorgânica

Reforma Catalítica do Metano com Dióxido de Carbono Usando Catalisadores de Níquel

Dopados com Ce, Nb e Sn

Aluno: Rafael Saraiva Nunes

Orientador: Antoninho Valentini

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Universidade Federal do Ceará

Centro de Ciências

Curso de Pós-graduação em química Inorgânica

Mestrado em Química Inorgânica

Reforma Catalítica do Metano com Dióxido de Carbono Usando Catalisadores de Níquel

Dopados com Ce, Nb e Sn

Dissertação apresentada à coordenação do

Curso de Pós-Graduação em Química Inorgânica

da Universidade Federal Do Ceará para

a obtenção do grau de mestre

em Química Inorgânica

Aluno: Rafael Saraiva Nunes

Orientador: Antoninho Valentini

Fortaleza

2008

N928r Nunes, Rafael Saraiva Reforma catalítica do metano com dióxido de carbono usando catalisadores de níquel dopados com Ce, Nb e Sn / Rafael Saraiva Nunes. 2008.

60 f. ;il. color. enc.

Orientador: Prof. Dr. Antoninho Valentini Área de concentração: Catálise heterogênea

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências. Depto. de Química Orgânica e Inorgânica, Fortaleza, 2008

1. Catálise heterogênea 2. Metano 3. Reforma 4. Processo Fischer-tropsch I. Valentini , Antoninho (orient.) II. Universidade Federal do Ceará – Curso Pós-Graduação em Química Inorgânica III.Título

CDD 546

Agradecimentos:

- A Deus, por me dar o dom da sabedoria e me iluminar nos momentos mais

difíceis;

- Ao professor Antoninho Valentini, pelo apoio, paciência e orientação recebida;

- Ao professor Sasaki, pelas análises de DRX e FRX;

- A técnica Tereza, do laboratório de análises técnicas, pelas análises de TGA e

DSC;

- A todos os colegas do Langmuir - Laboratório de Adsorção e Catálise,

especialmente os colegas Narcísio e Tiago pelo apoio dado;

- Aos professores Belmino e Sandro, pela amizade e apoio em orientações

anteriores;

- Aos meus pais Iara e Washington, por me dar educação, caráter e

personalidade;

- Aos meus irmãos Rebeka e Renato;

- A todos os meus amigos;

- Ao CNPQ, pela bolsa concedida;

- Em especial, a minha namorada Juliana, por me dar forças, apoio e

companheirismo nas horas mais difíceis;

Sumário

1. Introdução ........................................................................................................................ 7 1.1 Revisão da Teoria Sobre Catálise ........................................................................... 7

1.1.1 Definições ........................................................................................................... 7 1.1.2. Conceitos e teorias em catálise heterogênea...................................................... 10 1.1.3. Adsorção ............................................................................................................ 11 1.1.4. Seletividade ....................................................................................................... 14 1.1.5. Atividade ........................................................................................................... 15 1.1.6. Estabilidade e Regenerabilidade. ...................................................................... 16 1.1.7. Propriedades mecânicas e térmicas ................................................................... 17

1.2. Preparação dos catalisadores: ................................................................................... 18 1.2.1. Catalisadores mássicos ...................................................................................... 18 1.2.2. Catalisadores Suportados ................................................................................... 19

1.3. Reações Catalíticas ................................................................................................. 19 2. Justificativa ................................................................................................................... 23 3. Objetivos .......................................................................................................................... 25 4. Metodologia .................................................................................................................... 25

4.1. Síntese dos catalisadores ....................................................................................... 26 4.2. Caracterização dos catalisadores ........................................................................... 28

4.2.1. Análise Termogravimétrica (TGA) .................................................................. 28 4.2.2. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC).................................................. 28 4.2.3. Difratograma de Raios-X (DRX) ..................................................................... 28 4.2.4. Refinamento de Rietveld ................................................................................... 29 4.2.5. Redução em Temperatura Programada (TPR) .................................................. 29 4.2.6. Fluorescência de Raios-X (FRX) ..................................................................... 29 4.2.7. Reação de Hidrogenação do Benzeno .............................................................. 29 4.2.8. Reforma do Metano com Dióxido de Carbono ................................................ 30

5. Resultados e Discussão ................................................................................................. 32 5.1. Análise termogravimétrica (TGA)......................................................................... 32 5.2. Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)....................................................... 34 5.3. Fluorescência de Raios-X ..................................................................................... 39 5.4. Difração de Raios-X ............................................................................................. 40 5.5. Atividade Catalítica .............................................................................................. 45 5.6. Avaliação da Área Metálica Relativa: Hidrogenação do Benzeno ........................ 50 5.7. Redução em Temperatura Programada.................................................................. 52

6. Conclusões .................................................................................................................. 56 7. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 57

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Lista de Figuras

Figura 1: Diagrama de energia potencial para uma reação R P. Comparação dos percursos catalíticos e não catalíticos. Figura 2: Efeito do catalisador sobre a velocidade de aproximação do equilíbrio (A reação não catalisada; B reação catalisada). Figura 3: Representação esquemática da energia superficial de um sólido Figura 4: curva de energia potencial para adsorção física e química Figura 5: isobárica de adsorção; a) adsorção física no equilíbrio; b) adsorção química no equilíbrio; c) adsorção química e física. Figura 6: fluxograma da metodologia de preparo e caracterização dos catalisadores Figura 7: Linha reacional para a hidrogenação do Benzeno. Figura 8: Sistema catalítico para a reforma do metano com gás carbônico. Figura 9: Difratograma de raio-x dos catalisadores sob fluxo de N2. Figura 10: Calorimetria diferencial por varredura (DSC) dos catalisadores em atmosfera inerte de N2 Figura 11: Difratograma de raio-x após tratamento térmico: a) Ni/Al2O3 em 300, 360 e 700 ºC; b) Ni/AlCe-4 em 360, 400 e 700ºC; c) padrões de difração. Figura 12: Difratograma de raio-x após tratamento térmico: a) Ni/AlNb-2 em 408, 530 e 700 ºC; b) Ni/AlSn-4 em 400, 515 e 700ºC; c) padrões de difração. Figura 13: Perfis de difratograma de raios-x dos catalisadores dopados com cério e da amostra de referência (Ni/Al2O3) Figura 14: Perfis de difratograma de raios-x dos catalisadores dopados com nióbio Figura 15: Perfis de difração de raios-x dos catalisadores dopados com estanho. Figura 16: Conversão do CH4 em função do tempo dos catalisadores ativados a 650ºC durante 1h em hidrogênio. Temperatura da reação: 630 ºC. Tratamento térmico prévio a ativação: a) sob fluxo de N2 a 700ºC, b) sob fluxo de ar a 700ºC. Figura 17 – Conversão do CH4 em função do tempo dos catalisadores ativados a 650ºC durante 1h. Temperatura da reação: 630 ºC. Tempo de Teste: 24h Figura 18: Seletividade catalítica na forma de razão H2/CO para testes catalíticos. Figura 19: Reação de Hidrogenação do Benzeno. Temperatura da reação: 100ºC Figura 20: Análise termogravimétrica em atmosfera de ar dos catalisadores Ni/Al2O3 e Ni/AlCe-4 após teste catalítico de 5h. Figura 21: Redução A temperatura Programada (TPR) Figura 22: Reação de hidrogenação do benzeno para a amostra Ni/AlCe-2 após redução em diferentes temperaturas. Temperatura da reação: 100ºC.

6

Lista de Tabelas

Tabela 1: Reações do gás de síntese (CO + H2)

Tabela 2: Classificação de Catalisadores Heterogêneos

Tabela 3: Comparação entre Adsorção Física e Química

Tabela 4: Denominação assumida para os catalisadores sintetizados para reforma

do CH4 com CO2

Tabela 5: Resultados obtidos por refinamento de Rietvield

Tabela 6: Fluorescência de Raios X

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1. Introdução 1.1 Revisão da Teoria Sobre Catálise 1.1.1 Definições

Catálise é o fenômeno em que uma quantidade relativamente pequena de

um material estranho à estequiometria - o catalisador - aumenta a velocidade de

uma reação química sem ser consumido no processo.

Seja a reação R P, cuja velocidade é pequena ou desprezível. Em presença de

uma substância X pode tornar-se possível um novo mecanismo reacional,

envolvendo o intermediário RX:

R + X RX

RX P + X

Se o processo é agora significativamente mais rápido, X é um catalisador.

A reação catalítica é uma seqüência fechada de etapas elementares, análogas a

propagação de uma reação em cadeia. O catalisador intervem no mecanismo,

mas é regenerado a cada ciclo reacional.

A introdução do catalisador no sistema proporciona, portanto um novo

percurso reacional energeticamente mais favorável, o que se traduz por uma

diminuição da energia de ativação, com o conseqüente aumento da velocidade.

Na figura 1, compara-se a reação catalítica com a reação na ausência de

catalisador. Uma vez que o estado inicial e o estado final são os mesmos, a

variação de energia livre ∆G é igual nos dois processos. Então, como constante

de equilíbrio K = e - ∆Gº/RT, conclui-se que a posição de equilíbrio não é alterada

pelo catalisador, este se limita a aumentar a velocidade de aproximação ao

equilíbrio (fig. 2).

Em geral, a partir dos mesmos reagentes haverá várias reações

termodinamicamente possíveis, isto é, para os quais ∆G<0. Por exemplo, na

tabela 1, apresentam-se vários processos baseados no gás de síntese (H2 + CO),

onde se verificam que os catalisadores diferentes originam produtos diferentes.

Em cada caso, o catalisador favorece uma entre várias reações possíveis. Essa

propriedade do catalisador designa-se por seletividade.

8

Figura 1. Diagrama de energia potencial para uma reação R P. Comparação

entre os percursos catalítico e não catalítico.

A atividade do catalisador é a medida do seu efeito sobre a velocidade da

reação. Para comparar as atividades de vários catalisadores relativamente a uma

dada reação podem determinar-se as velocidades nas mesmas condições de

temperatura e concentração. É, no entanto, mais prático determinar a chamada

“temperatura isocinética”, isto é, a temperatura para a qual se obtém a mesma

velocidade de reação, ro. O catalisador mais ativo será aquele no qual sua

presença possui ro a uma temperatura mais baixa. Quando o catalisador e os

reagentes estão dispostos na mesma fase, a catálise diz-se homogênea. Quando

o catalisador constitui uma fase distinta a catálise é heterogênea. Neste caso a

reação química ocorre na interface entre as fases, e sua velocidade será, em

princípio, proporcional a área respectiva.

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Figura 2. Efeito do catalisador sobre a velocidade de aproximação do equilíbrio

(A reação não catalisada; B reação catalisada)

Tabela 1 – Reações do gás de síntese (CO + H2)

Catalisador Condições Produtos

Ni 100-200ºC, 1-10 atm CH4 + H2O

ZnO-Cr2O3 400ºC, 500 atm CH3OH + H2O

Co/ThO2 190ºC, 1-20 atm CH4, C2H6 e alcanos

superiores + H2O

Fe + alcali 315ºC, 15 atm Idem + olefinas, álcoois

e ácidos

Ru 200ºC, 200 atm Alcanos de peso

molecular elevado + H2O

ThO2 400ºC, 200 atm Alcanos de cadeia

ramificada + H2O

Em catálise heterogênea são possíveis diversas combinações de fases,

mas em geral o catalisador é um sólido, enquanto que os reagentes e produtos se

distribuem por uma ou mais fases fluidas. A catálise enzimática tem caráter

intermediário entre os dois anteriores. O catalisador é uma macromolécula

(enzima) que por um lado podemos considerar dispersa juntamente com os

reagentes formando uma só fase, mais que já é suficientemente grande para

serem considerados centros ativos na sua superfície.

10

1.1.2. Conceitos e teorias em catálise heterogênea

A superfície dos catalisadores não é uniforme. As reações ocorrem em

locais específicos da superfície, os centros ativos. A concentração de centros

ativos é da ordem dos 1015/ cm2 nos metais, e de 1011/ cm2 nos catalisadores

ácidos.

Os catalisadores podem classificar-se em condutores, semicondutores e

isolantes de acordo com a mobilidade dos seus elétrons. Os metais são

condutores, sendo particularmente importantes em catálise os metais de

transição. Os óxidos não-estequiométricos e sulfuretos são semicondutores a

temperaturas elevadas. Os óxidos estequiométricos são isolantes e funcionam

como ácidos ou bases. Conforme se verifica na tabela 2, a cada uma destas

classes corresponde um determinado tipo de atividade catalítica. Para

compreender essa correlação entre a natureza química e a atividade do

catalisador, é necessário examinar em detalhe as possibilidades de interação

entre os reagentes e a superfície.

Tabela 2: Classificação de Catalisadores Heterogêneos

Classe Funções Exemplos

Metais Hidrogenação

Desidrogenação

Hidrogenólise

(Oxidação)

Fe, Ni, Pd, Ag, Cu

Óxidos semicondutores

e sulfuretos

Hidrogenação

Desidrogenação

Dessulfuração

(hidrogenação)

NiO, ZnO, MnO2, Cr2O3,

Bi2O3, MoO3, WS2.

Óxidos estequiométricos Desidratação Ai2O3, SiO2, MgO

Ácidos Polimerização

Isomerisação

Craqueamento

Alquilação

H3PO4, H2SO4

SiO2 – Al2O3

zeólitos

11

A reação catalítica envolve a adsorção transitória de um ou mais reagentes

na superfície do catalisador, rearranjo das ligações e dessorção dos produtos. As

teorias geométricas procuram explicar a catálise com base na correspondência

entre a configuração geométrica, dos centros ativos e a configuração dos átomos

nos reagentes. As teorias eletrônicas procuram relacionar a atividade catalítica

com as propriedades eletrônicas do catalisador. Contrastando com estas

interpretações de natureza física, as teorias químicas visualizam o catalisador

como um intermediário que forma com os reagentes um complexo de superfície

instável e transitório, que por decomposição origina os produtos e regenera o

catalisador.

1.1.3. Adsorção

A interação entre os reagentes e a superfície do catalisador é o fenômeno

de adsorção e resulta de existirem forças atrativas não compensadas na

superfície (fig. 3). Conforme a natureza das forças envolvidas, podemos distinguir

dois tipos de adsorção:

a) Adsorção física. - é um processo semelhante à condensação envolvendo

forças não específicas - forças de van der Waals. Não há alteração química

das moléculas adsorvidas, e o calor de adsorção é pequeno (da mesma

ordem de grandeza do calor de condensação).

Figura 3. Representação esquemática da energia superficial de um sólido.

b) Adsorção química – envolve a formação de ligações químicas, pelo que o

calor de adsorção é da ordem da grandeza dos calores de reação.

12

No primeiro caso, podem formar-se camadas moleculares sobrepostas, e a

força de adsorção vai diminuindo a medida que o número de camadas aumenta.

No segundo caso forma-se uma única camada molecular adsorvida (monocamada

ou camada monomolecular) e a força de absorção diminui a medida que a

extensão de superfície ocupada aumenta. Na tabela a seguir, comparam-se os

dois tipos de adsorção.

Tabela 3: Comparação Entre Adsorção Física e Química

Critério Adsorção Física Adsorção Química

Adsorvente Todos os sólidos Alguns sólidos

Adsorvido Todos os vapores Alguns gases

Zona de temperatura Baixa Geralmente alta

Adsorção a baixa

pressão

Baixa Alta

Adsorção a alta pressão Alta Ligeiro aumento

Especificidade Baixa (toda superfície

disponível)

Alta (toda superfície

disponível)

Cobertura superficial Camadas múltiplas Monocamada

Reversibilidade Reversível Frequentemente

irreversível

Calor de adsorção Baixo (0,5-5 Kcal/mol) Alto (5-500 kcal/mol)

Energia de ativação Baixa (<1 kcal) alta

A adsorção química diz-se não dissociativa quando a molécula é adsorvida

sem fragmentação. Quando a molécula é adsorvida com dissociação em dois ou

mais fragmentos ligados à superfície, o processo é dissociativo. A adsorção reduz

o desequilíbrio das forças atrativas que existe na superfície e, portanto a energia

livre superficial (∆G<0).

Por outro lado, o fenômeno é acompanhado de uma diminuição do número

de graus de liberdade, pois as moléculas do adsorvido só podem deslocar-se

sobre a superfície; isto é, ∆S < O. Como ∆G = ∆H - T∆S, terá que ser ∆H < O ou

seja, a adsorção é um processo exotérmico. A quantidade de gás adsorvido

13

diminui, portanto, quando a temperatura aumenta (princípio de Le Chatelier).

Figura 4. Curva de energia potencial para adsorção física e química.

A natureza da adsorção física e química é ilustrada pelas curvas de

energia potencial da figura 4, para o caso da adsorção de um gás diatômico X2

sobre um metal M. A curva P representa a interação entre M e X2 enquanto que a

curva C representa á adsorção química, tendo o gás sofrido uma dissociação a

2X (ex. adsorção de H2 em Ni). Daqui se conclui que a adsorção física inicial é

uma etapa importante na adsorção química. Com efeito, na sua ausência, seria

necessário ativar as moléculas do gás fornecendo-lhes uma energia igual à

energia de dissociação, muito elevada. Na realidade, as moléculas gasosas

sofrem primeiro uma adsorção física, isto é, aproximam-se da superfície através

de um caminho de baixa energia. No ponto de intersecção das curvas P e C

ocorre a passagem a adsorção química. Quando esse ponto se situa acima do

eixo das abscissas, como no caso da figura 4, a adsorção química é ativada.

Note-se, no entanto que o valor da energia de ativação é muito inferior ao da

energia de dissociação das moléculas. No caso do hidrogênio em Ni, tem o valor

de 103kcal/mol. Todos os sólidos adsorvem gases fisicamente, mas a quantidade

adsorvida diminui rapidamente à medida que a temperatura aumenta, e é

geralmente muito pequena para temperaturas superiores à temperatura crítica.

Por outro lado, devido à existência de uma energia de ativação, a adsorção

química é em geral muito lenta a temperaturas baixas. Na figura 5 mostra-se

como pode variar a quantidade de gás adsorvido com a temperatura, a pressão

14

constante. Adsorção química é a primeira etapa da reação catalítica, permitindo o

enfraquecimento das ligações das moléculas reagentes e facilitando a sua

conversão em produtos. Uma espécie adsorvida quimicamente e o átomo ou

átomos da superfície com o qual está ligada constituem um composto químico

superficial, o complexo de adsorção. Note-se que as moléculas saturadas só

podem ser adsorvidas dissociativamente, enquanto que as moléculas com

elétrons pi ou elétrons desemparelhados podem ser adsorvidas sem dissociação -

adsorção não dissociativa.

Figura 5. Isobárica de adsorção; a) adsorção física no equilíbrio; b) adsorção

química no equilíbrio; c) adsorção química e física

1.1.4. Seletividade

Seletividade é usada para comparar as velocidades relativas de duas ou

mais reações simultâneas. É a propriedade mais importante do catalisador

industrial, já que na maior parte dos processos existe a possibilidade de

ocorrerem reações secundárias. A seletividade pode ser expressa como:

ssecundário produtos dos formação de svelocidadedesejado produto do formação de velocidade

∑=S

Embora seja por vezes definida em termos de rendimento relativo:

reagente do conversão de de velocidadedesejado produto do formação de velocidade'=S

15

Fatores como concentração dos reagentes e temperatura afetam na

seletividade já que as velocidades das várias reações envolvidas são em geral

funções desses parâmetros. Por outro lado, os tamanhos das partículas e dos

poros do catalisador podem afetar a seletividade quando houver limitações

difusionais.

No entanto é a formulação do catalisador que determina fundamentalmente

a seletividade intrínseca. Uma vez conhecido o mecanismo reacional, pode se

definir as condições que o catalisador deve obedecer para favorecer a reação.

Quando essas condições forem diferentes para as várias reações possíveis, o

catalisador que satisfizer os requisitos de apenas uma delas será seletivo para

essa reação particular.

1.1.5. Atividade

A atividade do catalisador pode exprimir-se pela velocidade da reação que

ele catalisa, embora outras medidas de atividade relativa sejam por vezes

usadas:

a) A temperatura necessária para atingir uma conversão fixada;

b) A temperatura necessária para obter uma dada especificação do

produto;

c) A conversão obtida em condições pré-fixadas das variáveis

processuais;

d) O tempo de contato para o qual se obtém, com um dado reator, uma

conversão pré-fixada;

e) Constantes cinéticas.

Em geral, os catalisadores sofrem uma perda de atividade ao longo da sua

vida útil pelo que pode ser conveniente exprimir a atividade pelo quociente r/ro,

em que r é a velocidade da reação nas condições atuais, e ro é a velocidade

obtida com a carga de catalisador novo, medidas nas mesmas condições

operatórias. Uma medida absoluta da atividade catalítica seria o número de

moléculas que reagem na unidade de tempo por cada centro ativo; contudo, é

geralmente difícil determinar inequivocamente o número de centros ativos do

16

catalisador. A formulação do catalisador é também o fator mais importante que

determina a sua atividade intrínseca. De notar que, em geral, quanto mais ativo

for o catalisador, menos seletivo ele é. A seleção das espécies ativas faz-se não

só em função das reações que se quer catalisar, mas também tomando em

consideração as (possíveis) reações secundárias que é necessário evitar.

Em particular, é necessário saber quais as ligações das moléculas

reagentes que devem ser quebradas e quais não convém ativar. Note-se ainda

que, nas condições do processo, as espécies catalíticas podem existir no estado

livre (metais) ou combinado (óxidos, sulfuretos, cloretos, etc.).

No caso de catalisadores metálicos, verifica-se que a velocidade de certas

reações é independente do tamanho, forma e outras características dos cristais

sendo proporcional apenas ao número de átomos metálicos expostos aos

reagentes. Tais reações dizem-se insensíveis a estrutura ou fáceis. Noutros

casos, a reação é sensível a estrutura.

1.1.6. Estabilidade e Regenerabilidade.

A estabilidade do catalisador é fundamental para que ele possa ter uma

vida útil longa, e é determinada pela estabilidade das diversas fases sólidas e

pela sua resistência aos diversos processos de desativação entre os quais avulta

a sinterização. Com efeito, se os íons constituintes de um sólido tiverem

mobilidade suficiente, podem ocorrer processos tendentes a diminuir sua energia

superficial como alterações da forma das partículas e junção das partículas

pequenas formando partículas maiores de menor razão área/volume.

Estes processos são tanto mais rápidos quanto menores forem as

partículas e maior a temperatura e recebem a designação genérica de

´´sinterização´´. A mobilidade dos íons no interior do sólido torna-se apreciável a

temperaturas Tt = 0,5Tf (temperatura de Tammann) e na superfície para

temperaturas Tt=0,3Tf (temperatura de Huttig), em que Tf(K) é o ponto de fusão

da substância. Para impedir a sinterização do catalisador com a conseqüente

diminuição da atividade e seletividade, suporta-se a fase ativa sobre um material

refratário (Al2O3, SiO2, MgO). Daqui se conclui que, para a maioria das

aplicações, os metais dos grupos IB e os metais de transição devem ser sempre

17

suportados. Os metais nobres do grupo VIII têm pontos de fusão mais elevados;

contudo são também em geral suportados por razões de economia. Neste caso, a

espécie catalítica encontra-se dispersa sobre o suporte, geralmente Al2O3. O

refratário pode constituir apenas um suporte, isto é, uma superfície sobre a qual

se distribuem os cristais da fase ativa (exemplo: Ni / Al2O3) ou pode ser usado sob

a forma de uma dispersão fina que, colocada entre as partículas da fase ativa,

evita a coalescência dos seus cristais. Neste último caso, o volume da fase ativa é

geralmente superior ao do refratário, que se designa por estabilizador. (exemplo:

catalisador para a síntese do amoníaco, Fe/Al2O3/K2O).

Por outro lado, é frequentemente inevitável que o catalisador sofra uma

desativação mais ou menos rápida, podendo em certos casos recuperar-se total

ou parcialmente a sua atividade inicial - regeneração do catalisador. A maior ou

menor facilidade com que o catalisador se presta a esta operação é uma das

propriedades que podem determinar o sucesso ou insucesso do processo

catalítico.

1.1.7. Propriedades mecânicas e térmicas

A forma e tamanho dos catalisadores industriais dependem do processo a

que se destinam e, sobretudo do estado físico dos reagentes.

Assim, quando os reagentes são gases usam-se frequentemente reatores

de leito fixo, e o catalisador é empregado sob a forma de pastilhas, esferas ou

grânulos de dimensões normalmente compreendidas entre 1,5 e 12 mm. Para

tamanhos maiores (12-25 mm) usam-se partículas com a forma de anéis de

Raschig. O qual fornece a existência de vazios no enchimento, de modo a reduzir

a perda de carga através do reator. Por outro lado, em reatores de leito fluidizado,

pretende-se uma distribuição de tamanhos na gama 20-300 micrômetros a fim de

permitir uma boa fluidização. Com reagentes líquidos podem usar-se reatores

agitados e o catalisador deve ser também microparticulado (75-200 micrômetros

de diâmetro) para se manter em suspensão no líquido. A separação dos produtos

faz-se geralmente por filtração, O que impõe o limite inferior ao tamanho das

partículas que se podem usar. Cada tipo de reator faz exigências diferentes do

ponto de vista das propriedades mecânicas do catalisador. Em reatores de leito

móvel, exige-se uma elevada resistência ao atrito para reduzir as perdas do

18

catalisador. Em reatores de leito fixo, o fator mais importante é a perda de carga

através do leito, que deve ser minimizada e e que determina o tamanho mínimo

das partículas a usar (quanto menor, maior a perda de carga). É vital que o

catalisador apresente uma elevada resistência a compressão para poder suportar

as cargas a que fica sujeito (pressão e peso do próprio leito) e para evitar a sua

desagregação durante as cargas e descargas do reator. A forma e resistência

mecânica das partículas do catalisador são os fatores que determinam o correto

escoamento do fluido do reator. Outra característica importante do catalisador é a

condutividade térmica. Uma boa condutividade favorece as transferências de

calor e ajuda a diminuir os gradientes de temperatura.

1.2. Preparação dos catalisadores:

As principais propriedades dos catalisadores (atividade, seletividade,

resistência mecânica e condutividade térmica) estão intimamente ligadas a sua

composição e tecnologia de preparação.

Para facilitar o acesso dos reagentes aos centros ativos localizados na

superfície dos poros do catalisador, deve-se facilitar seu acesso diminuindo o

diâmetro dos grãos do catalisador e aumentando sua porosidade.

Quando se quer preparar um catalisador, tem que fazer uma seleção entre

diversos materiais de base e escolher o método de preparação. Por exemplo, se

quer preparar um catalisador de níquel suportado em alumina, deve-se escolher o

precursor do níquel (nitrato e cloreto) e o método de impregnação do suporte.

1.2.1. Catalisadores mássicos

Num catalisador mássico toda a sua massa é constituída por substâncias

ativas. É o caso dos óxidos de bismuto e molibdênio para a oxidação

desidrogenante das olefinas, do zeólito Y na forma protônica para o

craqueamento de hidrocarbonetos, dos óxidos de cromo. O esquema geral de

preparação dos catalisadores mássicos e suportes é o seguinte: precipitação,

transformações hidrotérmicas, filtração, lavagem, secagem, calcinação e

ativação. A precipitação é uma técnica que permite obter uma fase sólida a partir

da fase líquida. Uma operação muito importante é a calcinação, que influencia

19

nas propriedades texturais como área específica, volume poroso, repartição

porosa e, indiretamente, na atividade, seletividade e estabilidade do catalisador.

Realiza-se sob ar ou nitrogênio, a temperaturas elevadas, e seu objetivo é gerar

porosidade e dar resistência mecânica ao catalisador. Durante a calcinação,

podem-se ocorrer alguns fenômenos como, por exemplo, alteração da estrutura

cristalina com mudança de fase do catalisador, modificação da textura por

sinterização, processo físico que modifica o tamanho das partículas e,

consequentemente, a área específica. Outro aspecto importante é o precursor da

fase ativa. No caso do níquel, o nitrato de níquel é um bom precursor porque

atinge uma elevada área específica antes de iniciar a sinterização. Outra

operação importante é a ativação, que consiste num tratamento térmico a

temperaturas elevadas sob gás inerte (azoto) com o intuito de eliminar as

substâncias voláteis existentes nos poros, sendo efetuado dentro do reator

catalítico.

1.2.2. Catalisadores Suportados

São catalisadores com maior utilização industrial, sendo constituído de um

suporte sobre o qual se dispersa uma substância ativa. O suporte confere ao

catalisador porosidade e resistência mecânica, podendo ser inativo do ponto de

vista catalítico e o catalisador será monofuncional , ou ativo, e o catalisador será

bifuncional. Para preparar um catalisador suportado, seguem-se as seguintes

etapas: a) preparação do suporte de acordo com o esquema já deferido para

catalisadores mássicos, b) impregnação das espécies ativas, c) secagem,

d)calcinação e ativação.

1.3. Reações Catalíticas

O crescimento industrial e todos os benefícios que o mesmo proporciona

ao homem, como prolongamento da expectativa de vida média, mesmo que não

seja comum a todos, resultam em uma crescente demanda energética. Um dos

problemas decorrentes da vida moderna é o consumo cada vez maior dos

recursos naturais, a necessidade mínima energética, per capita, cada vez maior, a

geração ou emissão de poluentes através da queima de combustíveis fosseis.

20

Todos estes fatores têm sofrido um acréscimo significativo nas últimas décadas.

Umas das conseqüências é a elevação da temperatura média do planeta (efeito

estufa) provocada pela emissão de poluentes como o CO2. O desenvolvimento de

novas tecnologias que possibilitem a substituição das fontes energéticas

poluentes por fontes limpas e renováveis, em curto prazo, é uma excelente opção.

Visando o menor consumo energético e melhores benefícios ao homem, há a

possibilidade de, através de processos catalíticos, promover ou facilitar o

consumo de parte dos gases poluentes, considerados nocivos ao planeta (quando

em excesso), tais como metano e dióxido de carbono, principais responsáveis

pelo aquecimento global.

Frente a estas possibilidades, a necessidade de obtenção de processos

quimicamente limpos e com baixo custo de produção tem incentivado a pesquisa

na área de catálise heterogênea.

Nunca é demais afirmar que diferentes e importantes processos industriais

encontram aplicação de catalisadores sólidos com metais de transição como sítio

ativo. Um exemplo clássico é o processo inovador desenvolvido por Fischer e

Tropsch, no uso de gás de síntese para a obtenção de produtos químicos de

elevado valor comercial e industrial [12]. O mesmo foi inventado na década de

vinte, e ainda hoje requer pesquisa na melhoria do processo e dos catalisadores

para que sejam mais seletivos e de menor consumo energético. Catalisadores

para aplicação em tal síntese (Fischer- Tropsch) usualmente contêm metal do

Grupo. VIII como sítio ativo. Em particular, ferro, cobalto, níquel e rutênio têm sido

grandemente utilizados. Cobalto e rutênio são tidos como os mais adequados

para o processo, no qual o gás de síntese é convertido, com elevada seletividade,

em hidrocarbonetos possuindo cinco ou mais átomos de carbono.

No processo Fischer-Tropsch (PFT) para a produção de hidrocarbonetos,

apenas a obtenção do gás de síntese purificado pode atingir valores entre 60 a

70% do total dos custos do processo [13]. Portanto, diminuir os custos de

produção do gás de síntese é um importante item a ser considerado na

implantação do PFT. A proporção molar entre H2 e CO requerida é dependente da

síntese em questão, do catalisador utilizado e da temperatura do processo

[13,14], sendo que a mesma varia entre 1 e 2.

A reforma a vapor do metano (Equações 1 e 2), usada extensivamente na

indústria, produz uma mistura rica em H2.[15,16]

21

CH4(g) + H2O(l) CO(g) + 3 H2(g), (∆Ho298 = + 206 Kj/mol) (1)

CO(g) + H2O(l) CO2 (g) + H2(g) (∆Ho298 = -41Kj/mol) (2)

Para a obtenção de gás de síntese com uma razão molar menor entre

H2/CO, a reforma do metano com dióxido de carbono (Equação 3) é um processo

que merece destaque:

CH4(g) + CO2(g) 2 CO(g) + 2 H2(g) (∆Ho298= + 247 Kj/mol) (3)

Além da obtenção de produtos com maior valor agregado, este processo é

interessante, também, por consumir gases que provocam o efeito estufa [16-19].

Sabe-se que a viabilidade econômica do processo Fischer-Tropsch (PFT) é

dependente do preço do óleo cru (petróleo), atualmente a fonte de energia com

melhor relação custo e benefício. Porém a possibilidade de otimizar as condições

experimentais para aumentar a vida útil do catalisador nos processos catalíticos,

especialmente na reforma do gás natural, é um dos fatores importantes para

viabilizar e implementar a utilização do PFT [13]. Durante a II Guerra Mundial a

Alemanha e, mais recentemente, a África do Sul, desenvolveram tecnologia para

diminuir o custo de uma planta baseada no processo Fischer-Tropsch [15] e

mostraram que pode ser vantajoso obter combustível a partir do gás de síntese.

Muitos trabalhos foram realizados sobre a reação de reforma catalítica do

metano com CO2 empregando-se diferentes catalisadores, com ênfase para o Ni

suportado em SiO2, α-Al2O3 ou MgO [20-27]. O problema mais importante

encontrado neste processo é a desativação catalítica devida à deposição de

coque [20]. O desenvolvimento de catalisadores que apresentem elevada

resistência ao depósito de coque é, então, fator importante para aumentar a vida

útil do catalisador, contribuindo, na atualidade, para um grande número de

pesquisas na área. As estruturas carbonadas formadas por reações na fase

gasosa, que incluem alcatrões e fuligens, podem, depois de passarem por uma

etapa de difusão, sofrer precipitação sobre a superfície dos catalisadores

metálicos (geralmente Ni, Fe e Co suportados). Desta forma, podem ocasionar a

formação de filamentos (tubos de carbono) que, embora não obstruam de

imediato a superfície metálica, provocam a fratura dos grãos do catalisador, com

a posterior possibilidade de encapsulamento. Este fenômeno ocasiona o aumento

22

da perda de carga nos reatores, em seguida à sua desativação [26-29]. O

planejamento do sistema catalítico resulta em definir estratégias que, em

condições normais de operação, possibilitem a supressão ou decréscimo da

quantidade de coque depositado. A menor deposição de coque dependerá do

balanço entre as reações que produzem carbono e seus precursores, e das

reações que conduzem ao desaparecimento dessas espécies. Prevenir a

deposição de coque equivale a favorecer as reações que inibem a formação de

carbono; assim sendo, uma das soluções amplamente usada para evitar a

formação de coque na fase gasosa, é o uso de agentes gaseificantes (por

exemplo, MgO e K2O), em conjunto com condições operacionais que

desfavoreçam o aparecimento de radicais livres ou ainda por diminuição dos

tempos de residência [26]. Diferentes processos têm sido usados para minimizar

o depósito de materiais carbonosos. Por intermédio de reativações consecutivas

do catalisador (Ni suportado em alumina) com atmosfera rica em CO2, foi possível

eliminar o carbono remanescente do processo catalítico, por oxidação do mesmo,

com formação de CO.

23

2. Justificativa

Apesar do avançado desenvolvimento das técnicas de caracterização dos

sólidos inorgânicos possibilitarem a obtenção de informações estruturais,

morfológicas e texturais dos materiais catalíticos, no sentido de explicar as

variações das propriedades observadas, são ainda colocadas diversas hipóteses,

tais como: o efeito eletrônico, o efeito da força das ligas metálicas, o efeito

geométrico, bem como o conjunto deles, sem, contudo, poder atribuir

precisamente a um dentre eles, as variações experimentais observadas no

desempenho catalítico. A etapa de preparação, de ativação e de redução do

catalisador tem um papel muitas vezes determinante na origem dos efeitos

citados acima e, portanto sobre as propriedades catalíticas dos sólidos.

Um esforço significativo deve ser então, empregado para compreender e

melhorar as propriedades existentes e conseqüentemente desenvolver novos

catalisadores.

No campo do desenvolvimento tecnológico ouvem-se constantemente a

palavra nanotecnologia, obtenção de dispositivos de escala nanométrica (10-9m) e

suas aplicações. Catalisadores são típicos nanomateriais, talvez o primeiro

nanomaterial com grande aplicação. No entanto, apenas após a disposição de

modernas técnicas de caracterização de materiais é que se tem dado maior

ênfase à obtenção de nanopartículas metálicas com aplicação catalítica.

O estudo desenvolvido relacionado a nanopartículas e o conhecimento

acumulado pelos alunos e professores do laboratório Langmuir - Laboratório de

Adsorção e Catálise podem contribuir para a compreensão de propriedades e

características de catalisadores nanoparticulados através da síntese,

caracterização e aplicação em reações de reforma catalítica.

Estes estudos nos conduziram a estabelecer um plano de trabalho

compreendendo sistemas Ni/Al2O3/X, onde X é um dopante a ser usado

justificando-se:

- o alumínio, por ser um composto que na forma de óxido é um suporte

largamente empregado na obtenção de catalisadores. O mesmo apresenta a

possibilidade de obtenção de um material com boas propriedades como alta área

superficial e estável termicamente numa grande faixa de temperatura.

- o níquel pelas suas propriedades já conhecidas (elevada atividade

24

catalítica em muitos processos), pelo seu baixo custo, e pelo que se pode prever

do desenvolvimento em razão do aumento do interesse por reações de

valorização de hidrocarbonetos, da conversão de óxidos de carbono e do

tratamento de compostos poluentes.

- o cério, um elemento 4f que, em razão de sua estrutura eletrônica

particular, promove mudanças nas propriedades eletrônicas dos metais de

transição 3d (Ni). Em adição, a presença de cério possibilita mudanças na

morfologia do catalisador (área específica, porosidade). Modificações estas que.

podem favorecer sensivelmente as propriedades catalíticas do metal de transição.

- Aos óxidos de estanho e nióbio, por apresentarem propriedades

responsáveis pela melhora na acidez e seletividade do catalisador.

- A escolha do método de preparo dos catalisadores, pelo sistema de

precursores poliméricos, visando um melhor controle da área superficial, uma

distribuição de tamanho e volume de poros mais adequado e tamanho de

partículas com baixo grau de aglomeração.

Espera-se que estes compostos possam servir de modelo, pois pela

substituição parcial do metal de transição d, pode-se fazer variar a ocupação da

banda d e tentar correlacionar este fator com as variações das propriedades

catalíticas.

No sentido de aprofundar a compreensão dos sistemas catalíticos por nos

elaborados, procuramos, dentro do quadro de colaboração com outros

laboratórios, caracterizar, empregando as técnicas disponíveis, tais como:

- Análise termogravimétrica

- Calorimetria Exploratória Diferencial

- Fluorescência de Raios-X

- Redução em temperatura programada.

- Difração de raios - X.

Todas as técnicas citadas foram acessíveis na Universidade Federal do

Ceará.

25

3. Objetivos

O principal objetivo do presente trabalho é contribuir para o estudo e

desenvolvimento de um catalisador que apresente resultados (desempenho) que

viabilize ou justifique seu emprego na implementação do processo de reforma a

seco do metano em escala industrial, na produção de hidrogênio e gás de síntese.

Com este intuito esse trabalho visa:

1 – Sintetizar via precursores poliméricos, catalisadores a base de óxidos

de alumínio como matriz mesoporosa, que contenha níquel (Ni) disperso

homogeneamente na matriz em escala nanométrica.

2 – Estudar o efeito da presença de dopantes como o cério, estanho e

nióbio nas propriedades do catalisador.

3 - Analisar a atividade catalítica das amostras na reação de reforma do

metano com dióxido de carbono.

4 - Caracterizações dos materiais catalíticos sintetizados.

4. Metodologia

As diversas técnicas de síntese de partículas metálicas encontradas na

literatura conduzem à obtenção de materiais alternativos com diferentes

propriedades catalíticas. Sendo assim, alguns dos parâmetros mais importantes a

serem observados na escolha do método de síntese são aqueles que se

direcionam a um melhor controle da área superficial, menor tamanho de

partículas, ou seja, baixo grau de aglomeração.

A utilização de precursores orgânicos na síntese de materiais finamente

divididos proporciona características importantes às amostras, pois através da

degradação do polímero no interior do sólido ocorre a abertura de poros ou

canais, através dos quais os produtos da decomposição térmica são liberados.

Posteriormente, esses poros resultantes podem atuar como fatores determinantes

na seletividade catalítica da amostra.

26

Figura 6: fluxograma da metodologia de preparo e caracterização dos

catalisadores

4.1. Síntese dos catalisadores

De posse de tais informações foi optado por sintetizar os catalisadores pelo

método dos precursores poliméricos, o qual consiste na formação de quelatos

entre os cátions metálicos (dissolvidos em solução aquosa) com ácidos

carboxílicos (ácido cítrico) e posterior polimerização através de uma reação de

poliesterificação com poliálcoois (etilenoglicol), visando uma elevada distribuição

dos cátions (aleatoriamente) a nível atômico na estrutura polimérica. A reação de

poliesterificação é promovida através do aquecimento em temperaturas

moderadas (100°C), com eliminação do excesso de água; resultando em uma

“resina” polimérica sólida que pode ser dissolvida em água dependendo da

relação estequiométrica dos reagentes.

O citrato metálico foi obtido através da simples dissolução de ácido cítrico

em etanol e água sob agitação mecânica. Após a completa dissolução do ácido

cítrico adicionou-se a quantidade necessária do precursor da matriz cerâmica

(solução aquosa de nitrato de alumínio), seguido do acréscimo de solução de

nitrato do metal (Ni) hidratado bem como dos dopantes, sendo posteriormente

adicionado o etilenoglicol.

As amostras catalíticas com diferentes composições foram sintetizadas

seguindo-se o procedimento descrito acima, variando-se a quantidade de

Etilenoglicol

Óxido do Metal

Catalisador Em pó

TGA e DSC

Ácido Cítrico dissolvido em volumes Iguais de água e etanol

Ni(NO3)2

Al(NO3)3

Seco a 80ºC sobagitação

Catalisador em Forma de gel

Tratamento Térmico a 300ºC

Testes Catalíticos(reforma do Metano e Hidrog. Do benzeno)

DRX FRX TPR

CromatógrafoGasoso (FID E DCT)

27

dopante. Foi mantida uma relação molar de 3/1 entre ácido cítrico e o total de

cátions de metal presente (Al, Ni, Sn, Ce e Nb) e uma relação mássica de 6/4

entre ácido cítrico e etilenoglicol, para todas as amostras.

Os precursores empregados foram: 1) Nitrato de níquel hexaidratado

[Ni(NO3)2.6H2O], 2) ácido cítrico mono hidratado [C6H8O7.H2O], 3) etileno glicol

[C2H6O2], 4) nitrato de alumínio nonaidratado [Al(NO3)3.9H2O], 5) nitrato de cério

hexaidratado [Ce(NO3)3.6H2O], 6) óxido de nióbio (Nb2O5), e 7) cloreto de estanho

[SnCl2].

Após o processo de poliesterificação o material foi submetido ao

tratamento térmico em forno mufla na temperatura de 300°C durante uma (1)

hora. O tratamento térmico em temperatura mais elevada foi realizado em forno

tubular sob fluxo de gás, sob taxa de aquecimento controlada (10°C/min).

Na tabela abaixo estão apresentados os valores dos teores (percentagem

em massa) dos dopantes empregados e a denominação assumida para cada

amostra. O teor de níquel foi mantido fixo em 10%, percentagem em massa.

Tabela 4: Denominação assumida para os catalisadores sintetizados para reforma

do CH4 com CO2

Catalisador Amostra CeO2 (%)* SnO2 (%)* Nb2O5 (%)*

Ni/AlX

Ni/Al2O3 - - -

Ni/AlCe-2 2 - -

Ni/AlCe-4 4 - -

Ni/AlCe-10 10 - -

Ni/AlNb-2 - - 2

Ni/AlNb-4 - - 4

Ni/AlNb-10 - - 10

Ni/AlSn-2 - 2 -

Ni/AlSn-4 - 4 -

Ni/AlSn-10 - 10 -

- X representa o dopante utilizado (Ce, Sn ou Nb).

- * os números representam os teores em massa previstos considerando-se o óxido aqui representado.

28

4.2. Caracterização dos catalisadores

4.2.1. Análise Termogravimétrica (TGA)

Para se determinar as condições para o tratamento térmico, as amostras

de catalisadores foram submetidas à análise termogravimétrica (TGA),

empregando-se um equipamento TGA-50 Shimadzu - Thermogravimetric

Analyser. As amostras pré-calcinadas em 300°C foram submetidas a um aumento

programado de temperatura sob fluxo de gás inerte (nitrogênio) a uma vazão de

20 mL/min com uma taxa de aquecimento de 10°C/min desde a temperatura

ambiente até 1000°C, a análise foi realizada em cadinho de platina e massa

próxima de 10 mg.

4.2.2. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

Para obter informações das possíveis transições térmicas com o aumento

da temperatura, utilizou-se a técnica de calorimetria diferencial de varredura

(DSC). Durante o ciclo de aquecimento a amostra foi aquecida até 600°C sob

atmosfera de nitrogênio em uma taxa de 10°C/min. Utilizou-se um calorímetro

diferencial de varredura Shimadzu, modelo DSC-50.

4.2.3. Difratograma de Raios-X (DRX)

Com o intuito de se verificar as possíveis fases cristalinas formadas as

amostras, posteriormente ao tratamento térmico em atmosfera de nitrogênio (no

forno tubular) na temperatura de 700ºC, foram submetidas à análise de Difração

de Raios–X. O aparelho empregado foi um difratômetro para amostras

policristalinas modelo DMAXB fabricado pela Rigaku (Japão) constituído de um

gerador de raios-X com potência máxima de 2kW, usando radiação CuKα de λ=

1.5405 Å, com variação 2θ de 10 a 80 graus e com uma taxa de 0,5°/min.

29

4.2.4. Refinamento de Rietveld O refinamento de Rietveld é um método de estrutura cristalina a partir de dados

de difração de raios X ou nêutrons. Este método propõe obter valores refinados

para os parâmetros da estrutura cristalina de um material utilizando dados

coletados de difração, que serão denominados a partir deste momento de

difratograma observado. Para realizar o método de refinamento de Rietveld

(RIETVELD, 1969) foi utilizado o programa DBWS-tools. O método foi usado para

confirmar e quantificar as fases cristalinas formadas após o processo de

calcinação.

4.2.5. Redução em Temperatura Programada (TPR)

Para se avaliar a temperatura de redução dos óxidos dos metais presentes,

foram realizadas análises de TPR. Nos ensaios de redução a temperatura

programada (TPR) as amostras previamente calcinadas foram introduzidos em

um reator de quartzo, alimentado com uma mistura gasosa redutora (5% em vol.

de H2 em N2), a uma vazão de aproximadamente 30 mL/min. O aumento da

temperatura foi programado para uma taxa de aquecimento de 10°C/min, desde a

temperatura de 100°C até aproximadamente 950°C. Ao longo da análise foi

registrado o consumo de hidrogênio, utilizando um detector de condutividade

térmica, em função da temperatura da amostra.

4.2.6. Fluorescência de Raios-X (FRX)

Para se avaliar a razão atômica entre os componentes dos catalisadores

sintetizados, foi realizada a análise de fluorescência de raios-X das amostras,

posteriormente ao tratamento térmico em 700ºC. O aparelho empregado foi um

ZSM Mini com tudo de raios-X de Pd, cristais difratores LiF200, PET, TAP e

detector F-PC.

4.2.7. Reação de Hidrogenação do Benzeno

A reação de hidrogenação catalítica do benzeno é um processo

extensivamente estudado. Devido a isso, hoje se pode empregar esta reação para

se classificar, relativamente, uma série de catalisadores quanto à área metálica

30

ativa (Ni) exposta; visto que a atividade na hidrogenação do benzeno depende

basicamente da área metálica. Como os catalisadores do presente estudo

possuem o mesmo teor de níquel (Ni) para todas as amostras (10% em massa),

pode-se empregar esta reação química para se verificar o efeito da presença do

dopante na área superficial ativa, e relacionar com o desempenho na reforma do

metano.

A reação de hidrogenação do benzeno foi conduzida em reator de leito fixo

e fluxo contínuo confeccionado em aço inox (mesmo sistema usado na reforma do

metano), conforme esquema na Figura 7. A ativação do catalisador foi realizada

no próprio leito catalítico com a utilização de 70 mg de catalisador através de fluxo

de 20mL/min de H2 sob temperatura de 650ºC durante 1 hora. O gás de arraste

reacional, H2, foi introduzido ao sistema, passando-se o mesmo pelo saturador

onde se encontrava o reagente (benzeno) sob temperatura controlada (5ºC). A

mistura reacional (H2 com benzeno) foi introduzida no reator, o qual se encontrava

na temperatura 100ºC. Os produtos reacionais foram analisados por

cromatografia gasosa empregando-se o aparelho Simple Chrom II dotado com

detector de ionização de chama e coluna capilar apolar (Ciola 1).

Figura 7: Linha reacional para a reação de hidrogenação do Benzeno

4.2.8. Reforma do Metano com Dióxido de Carbono

A Figura 8 representa a linha reacional utilizada no processo de reforma

catalítica do CH4, cujo reator foi confeccionado em aço inoxidável. A ativação

catalítica foi realizada sob fluxo de H2 em 650ºC durante 1h. Massa de catalisador

CG (coluna capilar

apolar, Ciola-1) (FID)

Injetor

H2

1- Saturador 2- Reator 3- Forno

1 3

2

31

utilizada foi de 0,070 g com temperatura reacional de 630ºC. Foi empregado fluxo

total dos reagentes de 35cm3/min e composição molar de 4:1:1 entre N2:CH4:CO2

para os testes catalíticos. Foi empregado N2 como gás diluente sendo o mesmo

utilizado como padrão interno para a análise cromatográfica. A análise foi

efetuada com a utilização de duas colunas de separação, peneira molecular 5A

(PM5A) e porapak-Q, detector de condutividade térmica (TCD) com Ar como gás

de arraste.

Figura 8: Representação da linha reacional utilizada para o teste catalítico de

reforma do metano.

A escolha das condições reacionais de reforma catalítica do metano:

ativação em 650ºC durante 1h, reação em 630ºC a composição selecionada bem

como o fluxo e o tempo reacional se devem a observações feitas na literatura

relacionada e em resultados experimentais.

A temperatura reacional de 630ºC foi escolhida devido ao fato de que a

reação de reforma do metano com dióxido de carbono quando conduzida em

elevadas temperaturas (800, 900ºC) é observada menor deposição de coque,

sendo assim, trabalhar em condições que favoreçam a deposição de coque pode

ser mais indicado para se levantar informações quanto à estabilidade catalítica da

amostra. A presença de nitrogênio na mistura reacional é bastante útil,

principalmente na determinação dos valores de conversão dos reagentes, pois o

mesmo atua como um padrão interno na análise cromatográfica, sendo este o

melhor método de determinação quantitativa em cromatografia gasosa.

CG (coluna

empacotada PM-5A,

Porapak-Q) (TCD) Injetor

N2

H2

CO2

CH4

32

5. Resultados e Discussão

5.1. Análise termogravimétrica (TGA)

Após o processo de pré-calcinação realizado a 300ºC no forno mufla, as

amostras foram submetidas à análise termogravimétrica (TGA), com o intuito de

se obter informações a respeito das melhores condições para o tratamento

térmico.

Nos ensaios de análise térmica e também no tratamento térmico imposto

posteriormente foi utilizado atmosfera inerte (N2), pois se sabe que em tais

condições não se observa a total eliminação do material precursor [30, 31]. Após

o tratamento térmico em elevada temperatura é observada a presença de carbono

residual [30], tal resíduo de carbono auxilia (fisicamente) na obtenção de

partículas de pequenas dimensões, ou seja, o carbono residual dificulta o

processo de sinterização e também a formação de outras fases, tal como o

aluminato de níquel (NiAl2O4).

Os perfis de TGA apresentados na Figura 9 mostram que a eliminação

mais acentuada de matéria ocorre até a temperatura de 500ºC; sendo observada

ainda, em pequena extensão para algumas amostras, eliminação de matéria

acima de 800ºC.

A eliminação de massa que ocorre até 200ºC é atribuída principalmente à

umidade retida pelo material pré-calcinado em 300ºC. Para a faixa de temperatura

entre 200ºC e 400ºC, na qual se observa uma taxa mais acentuada de eliminação

de matéria, tem-se a decomposição térmica de resíduos dos reagentes

precursores na forma de CO2 e CO; sendo que o ponto de inflexão, o qual acusa

a temperatura na qual ocorre a taxa máxima de eliminação de matéria, se

encontra por volta de 350 a 400ºC conforme indicado nos gráficos.

33

0 200 400 600 800 100040

50

60

70

80

90

100

354 378

479

0 200 400 600 800 100040

50

60

70

80

90

100

465

263

354

0 200 400 600 800 1000

30

40

50

60

70

80

90

100

258

344

0 200 400 600 800 10002030405060708090

100

220

260

350583

0 200 400 600 800 1000

60

70

80

90

100

467

318

Mas

sa re

sidu

al (%

)

0 200 400 600 800 100050

60

70

80

90

100

363

448

DTG

Ni/AlNb-4

0 200 400 600 800 1000

50

60

70

80

90

100

275 448

363

Ni/AlNb-10

0 200 400 600 800 100040

50

60

70

80

90

100

297

363

452

0 200 400 600 800 1000

50

60

70

80

90

100

457

364

Ni/AlSn-4

T (OC)

Ni/Al2O3

Ni/AlCe-2

Ni/AlCe-4 Ni/AlCe-10

Ni/AlNb-2

Ni/AlSn-2

0 200 400 600 800 100050

60

70

80

90

100

430

365

T (OC)

Ni/AlSn-10

Figura 9: Análise termogravimétrica dos catalisadores sob fluxo de N2.

Com auxílio das curvas referentes às derivadas (DTG) observamos que a

adição do dopante Ce promoveu uma mudança no perfil das curvas TG e DTG,

com o evidente surgimento de um ponto de inflexão, referente à eliminação de

matéria em temperaturas inferiores (próximo de 260°C), com deslocamento para

temperaturas inferiores com o acréscimo do teor de Ce.

Tal evento pode estar relacionado ao fato de o Ce4+ é facilmente reduzível

34

para Ce3+, isto significa que durante o tratamento térmico, o Ce ao passar de Ce4+

para Ce3+ libera oxigênio, o qual estaria disponível para reagir com a matéria

orgânica residual e ser então eliminado como CO ou CO2, observando-se deste

modo a eliminação de matéria em temperaturas inferiores.

Tal fenômeno torna-se mais evidente ao se observar que o aumento do

teor de Ce torna menos significativo o evento em 350°C.

Por outro lado, a presença de Nb ou Sn não afeta significativamente o perfil

de eliminação de matéria devido ao aumento de temperatura em atmosfera inerte.

5.2. Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)

A análise de DSC nos traz informações interessantes a respeito das

transições de fase que podem ocorrer durante o procedimento de tratamento

térmico. Apesar da limitação técnica do aparelho empregado, temperatura

máxima de trabalho de 600ºC, os eventos observados no intervalo de temperatura

em questão nos fornecem dados e observações que merecem ser destacados.

Observa-se, para todas as amostras, uma transição endotérmica que se

estende em todo intervalo inicial, até aproximadamente 200ºC, relacionado à

eliminação de umidade retida pela amostra.

O efeito da adição de cério (Ce), observado anteriormente no TGA, está

evidente no DSC. Para as amostras contendo Ce, a partir de 200ºC observa-se a

presença de evento exotérmico, o qual se torna mais intenso com o acréscimo do

teor de Ce. Em adição, a banda endotérmica próxima de 370ºC torna-se menos

significativa. Tais eventos concordam com as observações obtidas por TGA; o

fato de os eventos exotérmicos com máximo em 205 e 250 ºC ocorrerem com

eliminação de matéria, está relacionado com a facilidade de o Ce4+ sofrer redução

para Ce3+ e deste modo, disponibilizar oxigênio para reagir com o carbono

residual (trata-se de uma reação de combustão).

35

368335

Ni/Al2O3

369

Ni/AlCe-2

367

Ni/AlCe-4

456355

Ni/AlCe-10

302

Ni/AlNb-2

mW

/g (u

.a.)

468350

Ni/AlNb-4

461350

Ni/AlNb-10

338

470

Ni/AlSn-2

0 100 200 300 400 500 600

543349470

Ni/AlSn-4

T (OC)0 100 200 300 400 500 600

548345

468

T (OC)

Ni/AlSn-10

Figura 10: Calorimetria diferencial por varredura (DSC) dos catalisadores em

atmosfera inerte (N2).

Para os demais catalisadores, dopados com nióbio ou estanho, apenas a

amostra Ni/AlSn-2 apresentou em seu perfil a presença de um evento exotérmico

com máximo em 265ºC. Portanto, se o evento exotérmico estiver relacionado ao

processo de “liberação” de oxigênio (oxidação-redução), pode-se, neste instante,

prever que uma baixa taxa de estanho oferecerá resultados positivos quanto às

propriedades do catalisador frente a reação de reforma do metano com dióxido de

carbono. Tal observação é realizada com base nas evidências e propostas

mecanísticas da reação [32], a qual cita que no ciclo reacional o catalisador é

36

oxidado e posteriormente reduzido.

Por outro lado, existem fatores não menos importantes tais como a

dispersão do sítio ativo (níquel) e o livre acesso dos reagentes (CH4 e CO2) ao

sítio ativo, os quais são significativamente afetados pela presença de um dopante.

De modo geral, os perfis de DSC das amostras nos indicam que a

presença dos dopantes promove o surgimento de novos eventos, exotérmicos e

endotérmicos, e por vezes a supressão de outros. Não se trata apenas de

deslocamento da faixa de temperatura dos mesmos eventos, isto é evidenciado

pelo aparecimento dos eventos exotérmicos e pela presença de ombros em 300 e

370 ºC nas amostras Ni/AlNb-10 e Ni/AlSn-2, os quais estão presentes na

amostra de referência (Ni/Al2O3).

Os eventos endotérmicos a partir de 300ºC possivelmente estão

relacionados à formação de fase de um dos metais presentes na composição, tais

como Ni ou NiO. O fato de se observar também a eliminação de matéria por TGA

na mesma faixa de temperatura é coerente com a formação das fases, visto que

ao ser eliminado como CO2 ou CO, o carbono demanda oxigênio, o que pode

promover mudança do arranjo estrutural dos metais presentes.

Com o intuito de se verificar quais as fases que estariam sendo formadas

em determinadas faixas de temperatura (correlacionadas a um evento no DSC),

foram selecionadas as amostras Ni/Al2O3 e Ni/AlCe-4 e estas foram submetidas,

separadamente, a um tratamento térmico (em fluxo de N2) até a temperatura

imediatamente anterior ao início do evento (300ºC para o Ni/Al2O3 e 360ºC para o

Ni/AlCe-4) e analisadas por DRX. Posteriormente, novas amostras (Ni/Al2O3 e

Ni/AlCe-4) foram submetidas ao tratamento térmico, porem a uma temperatura

imediatamente acima do final do evento (360ºC para Ni/Al2O3 e 400ºC para

Ni/AlCe-4) e em seguida analisadas por DRX. Os resultados das análises por

DRX destas amostras encontram-se na Figura 11, em conjunto com o perfil obtido

para as amostras tratadas em 700ºC (temperatura escolhida para o tratamento

térmico das amostras antes da realização do teste catalítico).

Após as análises dos perfis obtidos e em comparação com padrões de

difração, pode-se afirmar que o evento entre 300 e 360ºC para a amostra Ni/Al2O3

é referente à formação de NiO; e tal fase é observada também para o catalisador

Ni/AlCe-4 com tratamento térmico em 360ºC. A partir de 360ºC até 400ºC

teríamos a formação de níquel no estado de oxidação zero (Niº), Figura 11-a.

37

b

Ni/Al2O3 300ºC Ni/Al2O3 360ºC Ni/Al2O3 700ºC

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

20 30 40 50 60 70 80

c

Ângulo 2θ

Ni NiO

a

Ni/AlCe-4 360ºC Ni/AlCe-4 400ºC Ni/AlCe-4 700ºC

100 200 300 400 500

0

2

4

DSC

100 200 300 400 500

-2

0 DSC

Figura 11: Difratogramas de raios-X após tratamento térmico: a) Ni/Al2O3 em 300,

360 e 700 ºC; b) Ni/AlCe-4 em 360, 400 e 700 ºC; c) Padrões de difração.

Inseridos encontram-se os perfis de DSC para as amostras correspondentes.

Nesse processo, em temperaturas a partir de 350ºC, houve formação e

liberação de CO, o qual é um forte agente redutor que estaria sendo formado

devido a forte demanda por oxigênio no processo de degradação térmica, o que

promoveria a redução do óxido de níquel a níquel metálico, sendo observados CO

e CO2 na mistura gasosa de saída do reator, conforme equação abaixo.

NiO(s) CO Ni CO2+ +(g) (s) (g)

De modo similar, porém para as amostras Ni/AlNb-2 e Ni/AlSn-4 e em

temperaturas distintas, foi realizado o mesmo experimento com o intuito de se

verificar quais as fases que estariam sendo formadas na faixa de temperatura

38

relacionada ao evento com intensidade máxima de fluxo de calor em 470ºC. Os

resultados das análises por DRX destas amostras encontram-se na Figura 12, em

conjunto com o perfil obtido para as amostras tratadas termicamente em 700ºC.

a

Ni/AlNb-2

408ºC

530ºC

700ºC

Inte

nsid

ade

(u.a

)

c

Ni NiO

10 20 30 40 50 60 70 80

d

Nb2O5 NiAl2O4

Ângulo 2θ

Ni/AlSn-4

400ºC

515ºC

700ºC

b

0 100 200 300 400 500 600

-2

-1

0

1

2

0 100 200 300 400 500 600

-2

0

Figura 12: Difratogramas de raios-X após tratamento térmico: a) Ni/AlNb-2 em

408, 530 e 700 ºC; b) Ni/AlSn-4 em 400, 515 e 700 ºC; c) Padrões de difração.

Inseridos encontram-se os perfis de DSC para as amostras correspondentes.

39

Os resultados apontam que o evento endotérmico em 470ºC observado no

DSC para a amostra Ni/AlSn-4 é devido a formação da fase Ni. No entanto, o

evento não claramente definido nesta mesma faixa de temperatura apresentado

pela amostra Ni/AlNb-2 não apontou para a formação de fases, visto que os perfis

de difração são idênticos para as diferentes temperaturas de difração (408 a

700º).

5.3. Fluorescência de Raios-X

Foi realizada a análise por Fluorescência de Raios-X dos catalisadores,

após o processo de tratamento térmico a 700ºC sob fluxo de nitrogênio (N2), com

o intuito de se obter a proporção molar entre os componentes presentes nas

amostras e, também para se verificar a coerência entre os valores obtidos e os

previstos na síntese. Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 5.

Tabela 5: Composição dos catalisadores obtida por Fluorescência de Raios-X.

Amostra Fração mássica Proporção Atômica

Ni Al Ni/Al Ni/Ce Ni/Nb Ni/Sn

Ni/Al2O3 0.379 0.613 0.284

Ni/AlCe-2 0.375 0.600 0.287 49.8

Ni/AlCe-4 0.330 0.607 0.249 12.8

Ni/AlCe-10 0.334 0.519 0.296 5.7

Ni/AlNb-2 0.386 0.595 0.298 39.3

Ni/AlNb-4 0.306 0.653 0.215 14.1

Ni/AlNb-10 0.310 0.627 0.227 8.1

Ni/AlSn-2 0.353 0.611 0.265 48.8

Ni/AlSn-4 0.362 0.575 0.290 34.5

Ni/AlSn-10 0.847 0.055 7.2 48

Deve ser salientado que na análise por Fluorescência de Raios-X não foi

considerado o óxido do metal, mas apenas o metal, visto que nem todo metal

presente possui uma fase definida; assim como não foi obtido o teor de carbono

(sistema utilizado não detecta o carbono).

40

5.4. Difração de Raios-X

As análises por difração de raios-X (DRX) para identificação das fases

presentes foram realizadas após as amostras terem sido submetidas ao

tratamento térmico sob fluxo de N2 na temperatura de 700ºC. Tais condições

foram estabelecidas com base no perfil obtido no TGA.

Na Figura 13 estão apresentados os difratogramas obtidos para as

amostras contendo o dopante cério (Ce) e da amostra de referência (Ni/Al2O3).

Conforme os padrões de difração de Ni e NiO inseridos (Figura 13-b),

observa-se que para esta série de catalisadores houve a formação das fases Ni e

NiO. O fato de apenas a amostra Ni/AlCe-4 ter apresentado majoritariamente uma

fase (Ni), provavelmente está relacionado ao pré-tratamento térmico. Ou seja,

após o pré-tratamento esta amostra pode ter retido uma quantidade maior de

matéria orgânica, que as demais, deste modo ao se realizar o tratamento térmico

sob fluxo de N2 a 700ºC, a demanda por oxigênio foi superior às outras;

promovendo assim a redução do óxido de níquel em maior extensão.

a

Ni/Al2O3 Ni/AlCe-2 Ni/AlCe-4 Ni/AlCe-10

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

10 20 30 40 50 60 70 80

b

NiO Ni

Ângulo 2θ Figura 13: Perfis dos difratogramas de raio-X dos catalisadores dopado com

cério e da amostra de referência (Ni/Al2O3).

41

Os perfis aqui apresentados (Figura 13-a) não sugerem a formação, ou

presença, de fases cristalinas de óxido de alumínio ou óxido de cério. Para o caso

do cério, por estar em pequena proporção, sua aglomeração para formar

cristalitos de uma fase definida, torna-se mais difícil que a de alumínio, sugerindo

uma elevada dispersão, ou partículas com diâmetro muito pequeno. Por outro

lado, o alumínio se encontra com elevado teor, mesmo assim não foi observado

picos de difração de óxido de alumínio.

Sabe-se que é possível se obter as fases Al2O3 ou NiAl2O4 com tratamento

térmico à 500ºC, mas sob fluxo de oxigênio [33]. Nas condições impostas no

presente trabalho, atmosfera inerte (N2), uma determinada fração do carbono

(precursores) permanece na amostra, a presença deste carbono residual pode

dificultar ou impedir fisicamente a formação de tais fases. Em adição, com

atmosfera inerte ocorre uma demanda por oxigênio no processo de eliminação de

carbono (CO ou CO2), deste modo a formação as fases Al2O3 ou NiAl2O4 estaria

também comprometida pela falta de oxigênio no meio.

Diferentemente das amostras contendo cério (Ce), os catalisadores

dopados com nióbio apresentaram a formação do óxido do dopante (Nb2O5),

sendo que para as amostras Ni/AlNb-4 e Ni/AlNb-10 a intensidade dos picos

principais do Nb2O5 (em ângulo 2θ de 22,7 e 28) estão bem evidentes, Figura 14.

O perfil de difração apresentado pela amostra Ni/AlNb-2 indica a formação

de NiO, Al2O3 e NiAl2O4. A formação de tais fases indica que esta amostra

provavelmente sofreu uma eliminação mais significativa da matéria orgânica

devido ao pré-tratamento térmico, em comparação com as demais amostras.

Ao se analisar o perfil de TGA (Figura 9) e DSC (Figura 10) para a amostra

Ni/AlNb-2, percebe-se um comportamento diferenciado. A temperatura do ponto

de inflexão (DTG) e a porcentagem de massa eliminada são inferiores às demais

amostras contendo nióbio. O perfil de DSC para esta amostra apresentou um

evento endotérmico em 302ºC e outro evento (ou eventos) não claramente

definido entre 400 e 500ºC, no entanto bem diferente das demais amostras.

Por outro lado, as amostras Ni/AlNb-4 e Ni/AlNb-10 apresentaram a

formação das fases Nb2O5 e Ni, conforme apontado pelos padrões inseridos

(Figura 14 – b e c).

Tal comportamento pode estar associado à maior energia necessária para

42

que o Nb2O5 seja reduzido, quando comparado ao NiO, sendo observadas,

portanto, as fases Nb2O5 e Ni nas amostras Ni/AlNb-4 e Ni/AlNb-10. Não estão

evidentes os picos de difração da fase Nb2O5 para a amostra Ni/AlNb-2,

provavelmente devido ao baixo teor de nióbio.

a Ni/AlNb-10

Ni/AlNb-4

Ni/AlNb-2

Inte

nsid

ade

(u.a

)

b

Ni NiO

10 20 30 40 50 60 70 80

c

Nb2O5 NiAl2O4

Ângulo 2θ Figura 14: Perfis dos difratogramas de raios-X dos catalisadores dopados com

nióbio.

O esclarecimento da diferença de comportamento apresentado pela

amostra Ni/AlNb-2 é atraente. No entanto, pelo fato de o mesmo demandar um

período de tempo mais prolongado, tal estudo será conduzido por estudantes que

derem seqüência ao projeto, no futuro.

43

A Figura 15 apresenta os perfis de difração de raios-X obtidos para as

amostras contendo estanho como dopante. Para todas as amostras desta série é

observada a presença da fase Ni (níquel zero), conforme sugere o padrão

inserido na Figura 15 c.

Por outro lado, quanto às outras possíveis fases presentes, foi detectado

que cada amostra apresentou uma segunda fase, mas não comum às três

amostras. Enquanto o catalisador Ni/AlSn-2 apresentou Ni e Al2O3, a amostra

Ni/AlSn-4 apresentou Ni e NiO, e o catalisador Ni/AlSn-10 apontou para a

formação de Ni e Ni3Sn, conforme padrões nas Figuras 15 b e c.

Ni/AlSn-10

Ni/AlSn-4

a

Ni/AlSn-2

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

10 20 30 40 50 60 70 80

c

Ni NiO

Ângulo 2θ

b

Al2O3 Ni3Sn

Figura 15: Perfis dos difratogramas de raios-X dos catalisadores dopados com

estanho.

44

Nas condições de tratamento térmico impostas, não foi observada a

formação da fase SnO2, o que sugere uma elevada dispersão do estanho. O fato

de a fase Ni3Sn ter sido observada apenas na amostra Ni/AlSn-10 pode estar

relacionado com o baixo teor de estanho presente nas outras amostras. O quê

concorda com resultados obtidos por Xie e colaboradores [34], que por sua vez

observaram o pico de difração referente à fase Ni3Sn apenas para as amostras

com razão Ni/Sn abaixo de 20; conforme resultado de Fluorescência de raios-X

(Tabela 5) a razão Ni/Sn ficou entre 50 e 25, para as amostras do presente

trabalho.

Com o intuito de se estimar da quantidade relativa entre as fases cristalinas

presentes e também de se obter o valor médio do diâmetro das partículas, foi

realizado o refinamento pelo método de Rietvield dos difratogramas obtidos para

os diferentes catalisadores. Os resultados dos cálculos realizados estão expostos

na Tabela 6.

Tabela 6: Resultados obtidos por refinamento de Rietvield.

Fase Cristalina Observada (% em mol) Diâmetro da

partícula (nm)

Catalisador Ni NiO NiAl2O4 Nb2O5 Al2O3 Ni3Sn Ni NiO

Ni/Al2O3 53,1 46,9 51,5 13,3

Ni/AlCe-2 74,9 25,1 69,5 10,8

Ni/AlCe-4 95,4 5,0 27,6 4,4

Ni/AlCe-10 69,4 30,6 39,6 32,7

Ni/AlNb-2 47,9 52,0 0,1 13,8

Ni/AlNb-4 98,2 1,8 38,3

Ni/AlNb-10 93,9 6,1 37,2

Ni/AlSn-2 37,7 62,3 3,0 32,3

Ni/AlSn-4 64,9 33,5 1,6 27,0 5,6

Ni/AlSn-10 61,9 28,9 9,2 15,3 28,1

45

5.5. Atividade Catalítica

Como evidenciado pelos resultados das análises de DRX (Figuras 13 a 15)

em 90% das amostras sintetizadas e submetidas ao tratamento térmico sob fluxo

de N2, a fase níquel (Ni) foi detectada, sendo que a fase óxido de níquel (NiO) se

fez presente em 70% das amostras, incluindo a que não apresentou a fase Ni

(Tabela 6). Diante disso e dos resultados obtidos por Fluorescência de raios-X

quanto a razão atômica entre Ni e Al (Ni/Al) que ficou entre 0,2 e 0,3 (Tabela 1), o

qual nos indica um elevado teor de níquel, espera-se que todas as amostras após

um processo de ativação em 650ºC sob fluxo de H2, apresentem atividade

catalítica frente a reação de reforma do CH4, visto que a mesma é dependente da

fase Ni.

Deste modo, com o objetivo de se verificar a atividade das amostras, foi

realizado um teste catalítico preliminar frente à reação de reforma do CH4; teste

apenas para se verificar a atividade das amostras em um curto período de tempo.

Tais resultados preliminares estão expressos na Figura 16.

Figura 16: Conversão do CH4 obtida com os catalisadores ativados a 650ºC

durante 1h em hidrogênio. Temperatura da reação de 630ºC. Tratamento térmico

prévio a ativação: a) sob fluxo de N2 a 700ºC, b) sob fluxo de ar a 700ºC.

Deve-se ressaltar na Figura 16-a a ausência de dados de conversão do

CH4 para algumas amostras (Ni/AlNb-4, Ni/AlNb-10, Ni/AlSn-2, Ni/AlSn-4 e

Ni/AlSn-10), mesmo após um segundo teste. Diante de tais resultados, os quais a

46

princípio não concordam com os dados de DRX, foi realizado um novo tratamento

térmico com tais amostras, porém em atmosfera oxidante. Esta condição foi

escolhida, pois o carbono residual poderia estar obstruindo o acesso dos

reagentes ao sítio ativo (Ni), ou ainda, o dopante pode estar recobrindo a

superfície do Ni (fenômeno conhecido como SMSI - strong metal support

interaction) [36], e através da calcinação seria promovida uma sinterização do

dopante (na forma de óxido) e consequentemente expor o níquel. Deste modo foi

conduzida a calcinação na temperatura de 700°C sob fluxo de ar e realizado o

teste catalítico, após a ativação sob fluxo de H2 em 650°C durante 1h; os

resultados assim obtidos estão expostos na Figura 16-b.

Como indicado na Figura 16-b, apenas a amostra Ni/AlSn-2 apresentou

atividade, as demais permaneceram com o mesmo comportamento. Tal

observação deve-se, provavelmente, ao fato de esta amostra possuir um baixo

teor de estanho quando comparado aos catalisadores Ni/AlSn-4 e Ni/AlSn-10, e

através do tratamento térmico ao ar foi possível expor o Ni aos reagentes.

Obtendo-se, deste modo, valores de conversões do CH4 comparáveis aos demais

catalisadores ativos.

Por outro lado, as amostras com maior teor de dopante podem ter

apresentado tal comportamento devido ao fenômeno classificado como SMSI [36].

Tal fenômeno é observável quando o catalisador é composto por um metal e um

óxido (o qual pode ser um suporte ou um dopante) redutível ou parcialmente

redutível [35]. O dopante Nb2O5 empregado, é parcialmente redutível e forma

espécies NbOx, os quais são móveis, recobrindo assim a superfície do metal,

provocando uma redução do número de sítios ativos disponíveis para a reação

[35]. Deve ser considerado ainda que, a presença do metal (Ni) pode proporcionar

que a redução parcial do dopante ocorra em temperaturas inferiores à qual

ocorreria normalmente, ou seja, o metal (Ni) pode catalisar a redução do dopante,

facilitando assim a ocorrência da SMSI.

Portanto, os resultados dos testes catalíticos apresentados na Figura 16

indicam claramente que a adição do dopante em elevados teores (4 e 10%) pode

ser prejudicial ao processo catalítico.

Com a finalidade de se verificar o desempenho catalítico, capacidade de

conversão e estabilidade, comparativamente entre as amostras com diferentes

dopantes, os catalisadores com menor teor de dopante, os quais apresentaram

47

atividade (NiAlCe-2, Ni/AlNb-2 e Ni/AlSn-2) em conjunto com a amostra de

referância, foram submetidos a um teste catalítico com tempo reacional de 24

horas e sob melhores condições de controle de fluxo e composição reacional. Os

resultados obtidos na conversão percentual do CH4 estão apresentados na Figura

17.

A Figura 17 mostra que os valores de conversão inicial de CH4 para todas

as amostras apresentaram-se similares, entre 50 e 55%, ou seja, para testes

catalíticos com intervalo de tempo até 5 horas não é observada diferença entre os

catalisadores, dopados ou não.

0 5 10 15 20 2510

20

30

40

50

60

70

Ni/Al2O3 Ni/AlCe-2 Ni/AlNb-2 Ni/AlSn-2

Con

vers

ão d

o C

H4(%

)

Tempo (h)

Figura 17: Conversão do CH4 em função do tempo dos catalisadores ativados a

650ºC durante 1h. Temperatura da reação: 630 ºC. Tempo de Teste: 24h

Por outro lado, a partir de períodos reacionais acima de 5 horas o efeito do

dopante passa a ser perceptível. Observa-se na Figura 17 que todas as amostras

apresentam queda de conversão do CH4 com o tempo reacional. No entanto, o

decréscimo da capacidade de conversão do CH4 após 24 horas é menos

pronunciado para os catalisadores em cuja composição possui dopantes, o que é

48

positivo. A maior estabilidade na conversão do CH4 observada para as amostras

contendo dopante, quando comparadas a amostra Ni/Al2O3, concorda com

resultados apresentados na literatura [38], os quais mostram que a adição de um

dopante contribui para a obtenção de um grau maior de dispersão do metal

(níquel). Isso significa maior área ativa por massa de amostra. Em adição, as

amostras contendo dopantes contam ainda com a superior capacidade de

adsorção de CO2, o que possibilita uma maior estabilidade na conversão do CH4.

O efeito da adição de dopantes no sistema Ni/Al2O3 não é apenas na

conversão do CH4. Como pode ser observado na Figura 18, a presença dos

dopantes a base de cério, estanho e nióbio influenciaram na seletividade dos

produtos. Enquanto que a amostra não dopada apresentou uma razão H2/CO

entre 0,4 e 0,6, os catalisadores dopados apresentam uma razão H2/CO entre 0,5

e 0,7. Portanto, a seletividade para H2 aumenta com a presença de Ce, Sn ou Nb.

Observa-se também que a razão H2/CO depende da taxa de conversão do CH4.

0 5 10 15 20 250,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0 Ni/A2O3 Ni/AlCe-2 Ni/AlNb-2 Ni/AlSn-2

Raz

ão H

2/CO

Tempo (h)

Figura 18: Seletividade catalítica na forma de razão H2/CO para testes catalíticos.

A queda da razão H2/CO com o decréscimo da conversão do metano

podem estar relacionados com a mudança de propriedades dos sítios ativos do

49

catalisador devido à desativação. Uma baixa razão H2/CO está relacionada com a

formação de água, subproduto reacional,

CO + H2 C + H2O (1)

CO2 + H2 CO + H2O (2)

Sendo que a reação reversa de Shift (2) pode ser a principal responsável,

visto que a mesma promove o consumo de H2 e a produção de CO.

O coque (depósito de carbono) é outro subproduto que se forma no

processo de reforma do metano com dióxido de carbono e que pode afetar na

seletividade dos produtos, ou seja, na razão H2/CO.

CH4 C + 2 H2 (3)

A principal reação responsável pela deposição de coque é a decomposição

do CH4 (3), a reação de numero 1 também é responsável, porém passa a ser

significativa quando a produção de CO é elevada [32]. Portanto, levando em

consideração as reações apresentadas (1 e 2), a análise da Figura 17 indica que

tais reações paralelas ocorreram com maior afinidade no catalisador Ni/Al2O3,

ocasionando uma maior deposição de coque e um decréscimo na seletividade por

intermédio do consumo de H2.

O CO2 desempenha um importante papel na eliminação do coque através

da reação com o carbono (4) depositado pela reação de decomposição do CH4.

Porém, sua pressão parcial não pode ser muito elevada para que não haja o

favorecimento da reação reversa de Shift (2).

CO2 + C 2 CO (4)

Deste modo prefere-se promover a reação de reforma do metano com

dióxido de carbono com misturas estequiométricas.

A queda de conversão do CH4 e da razão H2/CO apresentada para todas

as amostras no intervalo de tempo estudado, indica que os catalisadores tendem

a uma desativação total em intervalo de tempo não muito prolongado. Por outro

lado, estes mesmos resultados nos indicam que a adição do dopante apresentou

50

melhoria no desempenho catalítico.

É importante também ressaltar que, os valores iniciais de conversão (50 a

55%) e seletividade (razão H2/CO de 0,7) estão próximos dos previstos pelo

equilíbrio termodinâmico [32] para as condições reacionais empregadas, o que é

um bom indicativo quanto ao material sintetizado, ou seja, os materiais atingiram

inicialmente a conversão máxima prevista para o processo em estudo.

5.6. Avaliação da Área Metálica Relativa: Hidrogenação do Benzeno

Como exposto anteriormente no Procedimento Experimental, a reação de

hidrogenação catalítica do benzeno foi empregada para se classificar,

relativamente, a série de catalisadores quanto à área metálica ativa (Ni) exposta;

visto que a atividade na hidrogenação do benzeno depende basicamente da área

metálica.

Todas as amostras catalíticas foram submetidas ao teste de hidrogenação

do benzeno e, o resultado obtido para esta reação encontra-se exposto na Figura

19.

0 20 40 60 80 1005

10

15

20

25

Ni/Al2O3 Ni/AlCe-2 Ni/AlCe-4 Ni/AlCe-10 Ni/AlNb-2 Ni/AlSn-2

Con

vers

ão (%

)

Tempo (min)

Figura 19: Reação de Hidrogenação do Benzeno. Temperatura da reação: 100ºC

Observa-se que apenas os catalisadores que se mostraram ativos na

51

reação de reforma do metano, apresentaram atividade de hidrogenação. Tal

resultado nos leva a concluir que realmente o níquel encontra-se recoberto pelo

dopante ou pelo suporte nas amostras Ni/AlNb-4, Ni/AlNb-10, Ni/AlSn-4 e Ni/AlSn-

10.

Como as condições de redução (ativação) para a reação de hidrogenação

foram as mesmas que as do processo de reforma do metano, através da análise

dos perfis dos dados de hidrogenação, percebe-se que as amostras contendo

dopante apresentam área ativa exposta inferior à amostra de referência. Tal

conclusão está baseada no fato de que todas as amostras contendo dopante

apresentaram menor capacidade de conversão do benzeno que a amostra de

referência (Ni/Al2O3).

Deste modo, a atividade catalítica frente ao processo de reforma do

metano, similar e/ou superior, das amostras contendo dopante deve-se,

provavelmente, à maior capacidade de adsorção do CO2, o que leva a maior

capacidade de conversão do CH4 e menor deposição de coque, melhorando a

estabilidade catalítica, conforme observado na Figura 17.

Com o objetivo de verificar se a amostra contendo dopante apresentou

menor teor de coque depositado, foi realizada análise termogravimétrica em

atmosfera oxidante dos catalisadores Ni/Al2O3 e Ni/AlCe-4 após o teste catalítico

de reforma do metano com tempo de 5 horas.

0 200 400 600 800 100092

94

96

98

100

Mas

sa re

sídu

al (%

)

T (0C)

Ni/Al2O3 Ni/AlCe-4

Figura 20: Análise termogravimétrica sob fluxo de ar dos catalisadores Ni/Al2O3 e

Ni/AlCe-4 após teste catalítico de 5h.

52

Os resultados obtidos e apresentados na Figura 20 apontam para a maior

deposição de coque na amostra não dopada (Ni/Al2O3), cerca de 2% maior, no

intervalo de tempo em questão (5h). Portanto, a maior estabilidade catalítica

observada no processo de reforma do metano para as amostras contendo

dopante deve-se à menor deposição de coque.

5.7. Redução em Temperatura Programada.

Para se obter um número maior de informações a respeito dos

catalisadores sintetizados, os mesmos foram submetidos a análise de Redução

em Temperatura Programada (TPR).

Como indicado pelos perfis de DRX (Figuras 13 a 15) para algumas

amostras não seriam observadas curvas de consumo de H2 no TPR, visto que os

mesmos apresentaram basicamente níquel no estado de oxidação zero. Deste

modo, os catalisadores foram submetidos à análise TPR somente após um longo

período de exposição ao ar (posteriormente a sua preparação) e, os resultados

obtidos estão expostos na Figura 21.

Os perfis foram separados em grupos, na Figura 21 a estão as amostras

contendo cério e a amostra de referência, enquanto que as amostras contendo

nióbio e estanho estão nas Figuras 20 b e 20 c, respectivamente. As diferenças

entre os perfis de consumo de H2, para as séries, são pronunciadas, porém é

importante destacar os perfis apresentadas pelas amostras que não se mostraram

ativas na reforma do metano (Ni/AlNb-4, Ni/AlNb-10, Ni/AlSn-4 e Ni/AlSn-10).

Percebe-se que estas quatro amostras apresentaram um baixo consumo de H2,

principalmente na faixa de temperatura de 100 a 650°C.

53

Ni/AlCe-10

Ni/Al2O3

Ni/AlCe-4

Ni/AlCe-2

Con

sum

o de

H2 (

u.a.

)

Ni/AlNb-10

Ni/AlNb-4

Ni/AlNb-2

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Ni/AlSn-10

Ni/AlSn-4

T (OC)

Ni/AlSn-2

Figura 21: Redução em temperatura programada (TPR).

Por outro lado, percebe-se que as amostras com menor teor de nióbio e

estanho apresentam uma banda de consumo de H2 com máximo por volta de

54

430°C, a qual seria referente à redução do óxido de níquel. Nas demais amostras

contendo nióbio ou estanho a ausência de uma banda de consumo de H2,

significativa, em temperaturas abaixo de 650°C pode estar diretamente

relacionado à possibilidade de o dopante estar recobrindo o níquel; deste modo o

níquel pode nem mesmo ter sofrido a oxidação para posteriormente ser reduzido.

Tais observações concordam com os resultados obtidos nos testes catalíticos. Em

elevadas temperaturas, o dopante pode sofrer uma redução mais significativa,

observando-se assim uma maior consumo de H2.

Os gráficos de consumo de H2 para as demais amostras, principalmente as

com menores teores de cério e a de referência, apresentam perfis diferenciados.

A redução se inicia por volta de 200°C, porém apresenta a formação de um

patamar de consumo de H2, para posteriormente apresentar uma banda de

consumo de H2 típica de perfis de TPR. Tais patamares podem estar associados

com a presença de nanopartículas de óxido de níquel com fraca interação com o

suporte, as quais estariam mais propensas ao processo de redução. A presença

de partículas de níquel ou de óxido de níquel em tais dimensões (nanométricas)

foi indicada no resultado do refinamento pelo método de Rietvield (Tabela 2).

Para se certificar que as bandas de consumo de H2 em baixas

temperaturas estão relacionadas à redução do óxido de níquel, a amostra

Ni/AlCe-2 foi submetida ao teste de hidrogenação do benzeno após os seguintes

processos: 1) a amostra foi tratada termicamente até a temperatura de 230°C sob

fluxo de H2, 2) tratamento térmico até a temperatura de 360°C sob fluxo de H2, e

3) tratamento térmico até a temperatura de 440°C sob fluxo de H2. Após cada

tratamento térmico, foi realizado o teste catalítico de hidrogenação, cujos

resultados estão expostos na Figura 22.

55

5 10 15 20 25 30 350

2

4

14

16

Con

vers

ão (%

)

tempo (min)

3600C 4400C 6500C

Figura 22: Reação de Hidrogenação do Benzeno para a amostra Ni/AlCe-2 após

redução em diferentes temperaturas. Temperatura da reação: 100ºC.

A falta de conversão para a amostra tratada termicamente em 230ºC

confirma que o catalisador se encontrava no estado oxidado. Com maior

temperatura de redução o catalisador apresenta maior capacidade de conversão,

como previsto. Todavia com a temperatura de redução de 360ºC a amostra se

mostrou mais estável se comparado ao teste com as outras temperaturas de

ativação.

56

6. Conclusões

De acordo com os resultados de Difração de Raios-X e do refinamento pelo

método de Rietvield, observou-se que a metodologia de síntese permitiu a

formação de nanopartículas de níquel e de óxido de níquel, dispersas em um

suporte.

O efeito da adição de dopantes no sistema Ni/Al2O3 foi positivo ao que se

refere à estabilidade catalítica, visto que esta aumentou com a presença dos

dopantes.

Através de reações de hidrogenação do benzeno, perfis de TPR, DRX e

reforma catalítica do metano, observa-se que a concentração do dopante tem

papel decisivo na atividade do catalisador, visto que baixas concentrações

melhoraram o desempenho catalítico enquanto que altas concentrações do

dopante promoveram a desativação catalítica, fato esse justificado pelo

recobrimento do metal ativo por parte do dopante.

Portanto, deve-se buscar o teor ideal de dopante para se obter um

catalisador ativo e estável frente ao processo de reforma do metano.

57

7. Referências Bibliográficas

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