reinações de narizinho
TRANSCRIPT
Reinações de Narizinho
Monteiro Lobato
Introdução
Criada em 1920, em A Menina do Narizinho Arrebitado, ela ganhou um volume especial de suas peripécias em 1931. O apelido pegou, assim como o universo encantado do Sítio do Picapau Amarelo, criado pelo escritor Monteiro Lobato. Reinações de Narizinho traz 11 histórias, com começo, meio e fim, escolhidas dentro de algumas de suas favoritas publicadas até então.
A obra trabalha com a imaginação do leitor de forma agradável e clara, possui bons personagens e ainda aborda com criatividade relações e questões humanas e sociais (envolvimento dos personagens, preconceito racial, organização da sociedade). Assim, Reinações de Narizinho resume-se a uma excelente obra, indicada para qualquer público.
Personagens
Reinações de Narizinho é a mais famosa criação do autor Monteiro Lobato. Escrito em 1931, faz parte das aventuras da famosa turma do Sitio do Picapau Amarelo. Na realidade, trata-se do primeiro livro da série que o autor escreveria sobre o sítio.Portanto, é nesse livro que somos apresentados a alguns dos personagens clássicos que vivem no Sitio: Emília, a boneca de pano que fala, a bondosa Tia Nastácia, os primos Pedrinho e Narizinho e sua avó Dona Benta, e o Visconde de Sabugosa, um brinquedo feito de sabugo de milho que faz as vezes de um erudito.
“Através de Emília diz tudo o que pensa; na figura do Visconde de Sabugosa, critica os sábios que só acreditam nos livros já escritos. Dona Benta é o adulto que aceita a aprende com a imaginação criadora das crianças, admitindo as novidades que vão modificando o mundo. Tia Nastácia é o adulto sem cultura que vê no desconhecido o mal e o pecado. Narizinho e Pedrinho são o eterno espírito infantil, abertos a tudo, desejando ser felizes, confrontando suas experiências com o que os mais velhos dizem e nunca deixando de acreditar no futuro”.
EmíliaMostra como os brinquedos eram feitos com restos do que havia nas casas. Ao falar, transforma-se numa grande questionadora e, para Lobato, adquire independência.
Visconde de Sabugosa
É um sábio. Para o escritor, sábio não tem e não precisa ter personalidade bem definida e pode dizer coisas sem dar muita explicação.
Dona BentaA avó de Pedrinho e Narizinho, é a proprietária do Sítio do Picapau Amarelo. É sábia, democrática e uma ótima contadora de histórias.
Tia NastáciaRepresenta a "preta quituteira", que não podia faltar em nenhuma fazenda. É uma figura maternal, extremamente amorosa, muito medrosa e mística.
Pedrinho
Reflete o próprio escritor quando criança: curioso sobre o mundo, interessado em aventuras e muito valente.
Narizinho Narizinho demonstra sabedoria invejável": concilia as mais distintas (e intensas) personalidades da turma, resolve conflitos e tem bom coração, sem ser submissa.
Resumo
Reinações de Narizinho, lançado em 1931, é considerado o ponto de partida da literatura infantil produzida por Monteiro Lobato. Composto pela reunião de várias aventuras publicadas anteriormente de forma isolada, é nesse livro que se firma o núcleo lobatiano - Dona Benta, Narizinho, Tia Nastácia, Emília, Rabicó, Pedrinho, Visconde de Sabugosa - e se estabelece o Sítio do Picapau Amarelo como espaço das histórias, a partir do qual as personagens partem para viver suas aventuras.
Nele, Narizinho, movida pelo desejo de viver experiências extraordinárias, transita entre o mundo real e sua imaginação com naturalidade, como se a fantasia pudesse fazer parte do cotidiano, sem necessariamente apoiar-se em explicações.
No livro há várias histórias curtas, como episódios, e não uma história longa como em um romance. As histórias foram publicadas individualmente em formato de capítulos, e posteriormente publicadas juntas. Dentre os enredos das histórias, há alguns completamente originais, e outros com junções de histórias infantis já conhecidas, ou com histórias baseadas no folclore brasileiro.
Tudo começa com uma inesperada visita da neta de Dona Benta ao Reino das Águas Claras e com a chegada de seu primo, Pedrinho, ao Sítio do Picapau Amarelo para mais uma temporada de férias. Depois do passeio pelo Reino das Águas Claras, as reinações de Narizinho ficam ainda melhores. As crianças se divertem fazendo o Visconde com um sabugo de milho e planejando o casamento de Emília com o leitão Rabicó.
Além disso, as histórias perpassam a literatura infantil de La Fontaine, quando os meninos viajam para o Mundo das Maravilhas, através do efeito do pó de pirlimpimpim, oportunidade em que conhecem os fabulistas Esopo e La Fontaine, e acabam resgatando o Burro Falante e o levando para morar no Sítio do Picapau Amarelo. Além desse episódio, há outros em que recebem ilustres visitas como Cinderela, Branca de Neve e o Pequeno Polegar.
A história mantém uma continuidade através de pequenas deixas que vão sendo mostradas em cada capítulo e que nos fazem entender que se trata da mesma história.
Passado x Presente
Reinações, como praticamente toda a obra de José Bento Monteiro Lobato, é um contraponto entre o arcaico e o moderno no Brasil da primeira metade do século 20. "No ambiente rural (o da infância do próprio autor numa Taubaté abandonada após o ciclo do café), vive Dona Benta, uma mulher extremamente culta, conhecedora da ciência e progressista", diz o historiador Raimundo Campos Bandeira, estudioso do trabalho do escritor. "Lobato dissecou a realidade brasileira."
Na literatura Brasileira coube a Lobato ser uma espécie de divisor de águas que separa o Brasil de passado e o Brasil da atualidade. Fazendo a herança do passado emergir no presente, inovando na linguagem, pois desenvolveu uma linguagem para crianças, brasileira e popular, além do uso de neologismos como as palavras: “emilice”, “emilíssima”, “sabuguiano” e “pirlimpimpinesco”. O escritor movido pela indignação social, focado no futuro, renovou a literatura com suas histórias criativas, sua mistura entre o real e o imaginário, além de sua crença total na liberdade, como vemos no Sítio do Picapau Amarelo, o espaço central de Reinações de Narizinho.
Conclusão
O livro Reinações de Narizinho destacou-se na literatura infantil e ficou conhecido como o melhor da obra de Monteiro Lobato, consagrando-o como um dos mais importantes autores da literatura infantil brasileira. Além disso, mantinha forte relação com a linguagem, a realidade social e política da época. Hoje em dia é criticado pela abordagem “preconceituosa” em relação à negra “Tia Nastácia”, porém para o ano em que foi escrito, era completamente aceitável, visto que os pensamentos faziam parte da mentalidade da época.