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I
Relação entre conhecimentos alimentares e os níveis de atividade
física em jovens adolescentes portugueses
Dissertação apresentada com vista à obtenção do 2º Ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Atividade Física e Saúde, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ao abrigo do Decreto-Lei nº74/2006 de 24 de março.
Orientador: Professor Doutor José Carlos Ribeiro
Orientado: Vasco André Serrão Pereira
Porto, 2017
III
Pereira, V. (2017) Relação entre conhecimentos alimentares e os níveis de
atividade física em jovens adolescentes portugueses. Porto: V. Pereira.
Dissertação com o objectivo de adquirir o grau de Mestre em Atividade Física e
Saúde da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
PALAVRAS CHAVE: ATIVIDADE FÍSICA, CONHECIMENTOS ALIMENTARES,
ADOLESCENTES, ACELEROMETRIA,
V
Financiamento
Esta dissertação foi apoiada pela Fundação para Ciência e a Tecnologia,
através do Projeto com a referência FCOMP-01-0124-FEDER-028619 (Ref.
FCT: PTDC/DTP-DES/1328/2012), e o Centro de Investigação em Atividade
Física Saúde e Lazer é suportado por UID/DTP/00617/2013.
VII
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao meu orientador da
dissertação de mestrado, Professor Doutor José Carlos Ribeiro,
pela disponibilidade e paciência que demonstrou ao longo de
todo este ano lectivo.
Quero também agradecer aos meus colegas de projeto,
nomeadamente a Tiago Matos, Filipe Ferreira, Joana Tavares e
Maria Moura, pelos conselhos que me foram dando e pela
colaboração que tivemos no decorrer da realização desta tese de
mestrado.
IX
Índice Geral
AGRADECIMENTOS .......................................................................................... VII
Índice Geral .......................................................................................................... IX
Índice de Ilustrações ............................................................................................. XI
Lista de Abreviaturas .......................................................................................... XIII
Resumo .............................................................................................................. XV
Abstract ............................................................................................................. XVII
1.Introdução ........................................................................................................... 1
1.1 Objetivo e Hipóteses .................................................................................... 3
2.Revisão de Literatura .......................................................................................... 5
2.1 Fatores influenciadores de atividade física e de conhecimento alimentar .... 5
2.2 A atividade física .......................................................................................... 6
2.3 O papel preponderante do ambiente que rodeia os jovens e a sua influência
e hábitos saudáveis ............................................................................................ 7
2.4 Influência dos meios de comunicação nos estilos de vida dos adolescentes
........................................................................................................................... 9
2.5 Associação entre conhecimentos alimentares e atividade física ................ 11
3.Metodologia ...................................................................................................... 13
3.1 Caracterização da amostra ......................................................................... 13
3.2 Atividade física (AF).................................................................................... 13
3.2.1 Acelerómetros ......................................................................................... 13
3.3 Conhecimentos alimentares ....................................................................... 15
3.4 Procedimentos Estatísticos ........................................................................ 15
3.5 Altura .......................................................................................................... 16
3.6 Peso e Percentagem de Massa Gorda (MG) .............................................. 16
3.7 Índice de Massa Corporal (IMC) ................................................................. 17
3.8 Perímetro da cintura ................................................................................... 17
3.9 Perímetro da anca ...................................................................................... 17
4. Apresentação de Resultados ........................................................................... 19
5. Discussão de Resultados ................................................................................ 29
6. Conclusões ...................................................................................................... 33
7. Bibliografia ....................................................................................................... 35
7. Bibliografia ....................................................................................................... 36
XI
Índice de Ilustrações
Figura 1: Distribuição dos anos de escolaridade ................................................. 19
Tabela 1: Características antropométricas da amostra ........................................ 20
Tabela 2: Correlação entre a pontuação do QCNA completo e as variáveis
antropométricas e de atividade física................................................................... 21
Tabela 3: Comparação dos resultados do QCNA e acelerometria por sexo ........ 23
Tabela 4: Comparação dos resultados do QCNA e acelerometria por IMC ......... 25
Tabela 5: Comparação dos resultados do QCNA e acelerometria por escolaridade
............................................................................................................................. 27
ANEXO I ................................................................................................................ II
.............................................................................................................................. IV
XIII
Lista de Abreviaturas
WHO - World Health Organization
IMC – Índice de Massa Corporal
QCNA- Questionário de Conhecimentos Nutricionais e Alimentares
CN – Conhecimentos Nutricionais
AF – Atividade Física
χ2 – Teste qui-quadrado
M- Média
DP- Desvio Padrão
GNKQA - Nutrition Knowledge Questionnaire for Adolescents
MG – Massa Gorda
XV
Resumo
Objetivo: O objectivo desta dissertação é verificar se existe alguma relação entre
a atividade física praticada pelos adolescentes e os seus conhecimentos
nutricionais.
Métodos: Neste estudo, foi usado um acelerómetro por parte de cada um dos 202
alunos e foi aplicado um questionário de conhecimentos alimentares conhecido
como Questionário de Conhecimentos Nutricionais e Alimentares (QCNA).
Resultados: Os resultados obtidos através dos dados recolhidos, mostram que a
hipótese inicial é contrariada, ou seja, não existe relação entre a atividade física
praticada e os conhecimentos alimentares dos adolescentes. Contudo, existem
outros resultados pertinentes como, por exemplo, o maior conhecimento
nutricional por parte de alunos num grau de escolaridade superior e,
contrastando, um menor índice de prática de atividade física por parte dos
mesmos.
Conclusões: Não se observaram associações significativas entre a atividade
física praticada e os conhecimentos alimentares. Após esta análise, conclui-se
que um estudo longitudinal é necessário para confirmar estes resultados, tendo
servido este como um guia, pois dará indicadores a futuros investigadores de
onde procurarem respostas para confirmarem as hipóteses secundárias
presentes neste trabalho
PALAVRAS CHAVE: ATIVIDADE FÍSICA, CONHECIMENTOS ALIMENTARES,
ADOLESCENTES, ACELEROMETRIA,
XVII
Abstract
Background: The purpose of this dissertation is to verify if there is a
relation/connection between the practiced physical activity and the nutritional
knowledge of the adolescents.
Methods: In this study, an accelerometer was used by each of the 202 students
and nutritional knowledge questionnaire known as QCNA was applied.
Results: The results obtained through the recovered data, show that the initial
hypothesis was countered, which means, that there is no significant association
between the physical activity practiced by the students and their nutritional
knowledge.
However, there are a number of secondary results encountered throughout the
analysis of the data, including, for instance, the larger nutritional knowledge and
lower levels of physical activity of students with a higher degree.
Conclusion: No significant associations were observed between physical activity
and nutritional knowledge. After analyzing the data, it can be concluded that a
longitudinal study is required, in order to understand if these results have any
impact in a larger period of time or if this was just the case for the period of time
we evaluated. This study can serve as a guide to other investigators, so they will
know where to look for possible answers.
KEYWORDS: PHYSICAL ACTIVITY, FOOD KNOWLEDGE, ADOLESCENTS,
ACCELEROMETRY
1
1.Introdução
Diversos estudos tais como Zarkin et al. (1993) e Warburton et al. (2006)
têm vido a salientar os efeitos benéficos para a saúde e o bem-estar, da
manutenção de estilos de vida adequados, sendo de salientar entre estes, a
prática regular de atividade física e de uma nutrição equilibrada e adequada, aos
diferentes escalões etários
“A World Health Organization (WHO) define atividade física como sendo
qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que
requeiram gasto de energia – incluindo atividades físicas praticadas durante o
trabalho, jogos, execução de tarefas domésticas, viagens e em atividades de
lazer.” (WHO, 2017)
“Nutrição é a ingestão de alimentos, tendo em conta as necessidades
alimentares do corpo. Uma boa nutrição - uma dieta adequada e equilibrada
combinada com atividade física regular - é a "pedra fundamental" de uma boa
saúde. A má nutrição pode levar à redução da imunidade, aumento da
suscetibilidade a doenças, prejudicando o desenvolvimento físico e mental
e redução da produtividade” (WHO, 2015)
3
1.1 Objetivo e Hipóteses
O objectivo deste estudo/investigação é verificar se existe relação entre os
conhecimentos dos alunos sobre a sua alimentação e a quantidade de actividade
física que praticam.
Alguns dos objectivos mais específicos passam por saber qual o nível de
conhecimento alimentar estes alunos possuem, assim como qual o seu nível de
atividade física, ou seja, será que os indivíduos mais ativos também acumulam
melhores conhecimentos sobre alimentação, em virtude de práticas mais
saudáveis se agregarem entre si?
Sendo assim, importa referir que a pesquisa é básica, exploratória e
quantitativa, pois não terá qualquer aplicação prática no imediato, procura uma
resposta para algo desconhecido e cinge-se a dados recolhidos de forma a se
puderem chegar a conclusões.
Consequentemente, as hipóteses desta dissertação são:
- Existe relação entre o conhecimento alimentar e atividade física?
Segundo Asfour (2015) na luta contra doenças não comunicáveis, está
bem estabelecido que algumas escolhas no estilo de vida podem atuar como
profundas e efetivas medidas. Estas incluem escolhas que dizem respeito ao uso
de tabaco, nutrição e atividade física.
De acordo com Julián-Almárcegui et al. (2015) compreender os papéis da
dieta e da atividade física em assegurar a massa óssea adequada durante a
infância e adolescência pode ajudar a identificar estratégias para reduzir o risco
de fratura osteoporótica mais tarde na vida.
Num artigo bem recente, Gustin et al. (2016) apontou para o fato de a
tendência das pessoas a tornarem-se obesas é alarmante e, especialmente, em
crianças com idade escolar.
5
2.Revisão de Literatura
2.1 Fatores influenciadores de atividade física e de conhecimento
alimentar
Segundo Dumith et al. (2012) e as conclusões do seu estudo sobre os
preditores de mudança da actividade física, factores sociais, familiares,
biológicos, comportamentais e ambientais exercem um papel importante na
mudança de actividade física entre os jovens enquanto estes caminham para a
adolescência.
Rawlins et al. (2013) refere que, após o seu estudo, que várias barreiras e
facilitadores de estilos de vida saudáveis eram comuns a todos os grupos étnicos
analisados. A diversidade de culturas não era apenas mais suavizada, mas
também moldava estilos de vida para crianças que faziam parte de minorias
étnicas. Após esta referência, interpreto que o fator cultural e os hábitos a este
inerente, fazem com que as crianças, que mais tarde se tornarão adolescentes,
tenham uma prática de atividade física e um conhecimento nutricional moldado
pela etnia a que pertencem.
Cuenca-García et al. (2013) numa análise à relação entre actividade física
e nutrição, refere que adolescentes mais jovens eram mais ativos e seguiam uma
dieta mais saudável do que adolescentes mais velhos.
De acordo comGarcia-Pastor et al. (2016), atividade física, aptidão física e
dieta podem explicar 30% da variação da percentagem de gordura corporal em
rapazes e 17% em raparigas.
Segundo Kumar et al. (2016), as descobertas que tiveram revelaram que o
conhecimento sobre alimentos saudáveis dos participantes adolescentes era
limitado. Sabor e aparência eram dois fatores principais que contribuíram para as
escolhas alimentares. Para além disto, a pressão dos pares foi um tema
predominante, motivando a maioria das atividades físicas dos adolescentes,
assim como as suas escolhas alimentares.
6
No estudo de Carro & Rebullido (2016), realizado numa escola em
Pontevedra, segundo os resultados, puderam reparar que estratégias promotoras
de educação são necessárias para aumentar os níveis de conhecimento sobre
actividade física e nutrição para a educação primária.
De acordo com Hardy et al. (2014), programas de educação física escolar
são um veículo de entrega ideal para atividade física organizada e precisam de
ser centrais para a política escolar.
Na mesma linha de pensamento, Oliva Rodriguez et al. (2013) concluiu
que as atividades educacionais adicionais sobre estilos de vida saudáveis podem
representar benefício adicional para estratégias apontadas para diminuir a
obesidade pediátrica na escola.
É referido por Thivel et al. (2013) que quando se consideram as respostas
ao consumo energético de acordo com o nível de gasto energético gerado por
essas atividades, é claro que o dispêndio energético não é o principal preditor do
consumo de comida tanto em crianças e adolescentes magras como nas obesas.
Larson et al. (2014) refere, na conclusão do seu estudo, que embora o
consumo de bebidas desportivas possa estar associado com maior atividade
física moderada a vigorosa, os adolescentes deviam ser lembrados das
recomendações para consumirem estas bebidas apenas após actividade
vigorosa prolongada. Também há uma necessidade para futuras intervenções
desenhadas para reduzir o consume de bebidas desportivas, para lidar com o
agrupamento de comportamentos não saudáveis.
Eli et al. (2016) refere que pais e avós parecem participar em hábitos
desenhados para preservar homeostasia familiar, o que pode providenciar uma
explicação convincente para as dificuldades persistentes em implementar
intervenções na obesidade infantil baseadas na família.
2.2 A atividade física
Obesidade é uma condição médica em que massa gorda excessiva é
acumulada até ao ponto de ter um efeito negativo na saúde. (WHO, 2016)
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Segundo Baghurst & Eichmann (2016), no âmbito de um programa
nutricional para reduzir a obesidade, a educação nutricional dentro de programas
escolares teve um impacto positivo nas escolhas nutricionais não sujeitas a
sugestão ou coordenação parental. Para além disso, programas concebidos para
aumentar a auto-eficácia dos jovens podem ter um papel na atenuação da
obesidade infantil e os custos sociais que a assistem.
Isto vem contrastar o livro de Callaghan et al. (2015) onde se constatou,
em escolas irlandesas, um total de 32.7% das escolas serviam batatas fritas na
sua cantina enquanto 44.2% das escolas vendiam alimentos pobres em
nutrientes e energeticamente densos dentro da escola.
Condit et al. (2015), aplicou um programa com base no exercício físico,
referindo que um modelo multidesportivo de intervenção desenhado
especificamente para focar as mais importantes categorias de motivação
subjectiva e necessidades dos adolescentes é um método viável para aumentar a
actividade física e melhorar a motivação para o exercício numa população em
idades de escola básica com excesso de peso numa cidade interior hispânica.
2.3 O papel preponderante do ambiente que rodeia os jovens e a sua
influência e hábitos saudáveis
Numa perspetiva de atuar na fonte do problema, Ward & Erinosho (2014)
indicam, num estudo de revisão sobre a promoção saudável do desenvolvimento
de peso corporal em centro de cuidados infantis, que dos poucos estudos de
intervenção que focam crianças de idade jovem, poucos se focaram em melhorar
os ambientes da nutrição e da actividade física nestes centros para cuidados de
crianças, de forma a promover o crescimento de peso saudável nas mesmas.
Para manter esse crescimento saudável, Kipp & Weiss (2013) refere que,
ultimamente, provas definitivas baseadas em dados podem revelar o poder da
atividade física para aumentar com sucesso o sentido de “eu” dos jovens e
interesse em abraçar a actividade física como um estilo de vida.
Num livro sobre saúde rural pública nos Estado Unidos da América (EUA),
Greder et al. (2014) sugerem que Americanos rurais têm mais probabilidade de
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serem obesos do que Americanos urbanos, sugerindo que o fator da localização
pode ter influência. Isto poderá estar relacionado com os fatores culturais
anteriormente citados. Interpreto aqui que é provável que os americanos rurais
estejam mais limitados devido ao local onde vivem. Segundo Warren & Smalley
(2014), um programa de promoção de atividade física que inclua ir a pé até à
escola secundária pode ser inapropriado devido à possiível falta de trajetos
apropriados ou até de uma escola próxima do local de residência dos alunos.
Isto também poderá ser influenciado por outros factores, como refere
Bowman & Obeng (2015), as crianças que vivem em áreas rurais têm menos
instalações designadas para atividades de recreação para usar e um número
limitado de crianças vizinhas para brincar comparadas a crianças que vivem em
outras áreas.
Woods (2014) refere que as oportunidades para as crianças serem ativas
deviam ser providenciadas através da família, da escola e da comunidade em
que determinada criança vive. Estas oportunidades incluem jogos não
estruturados, transporte ativo, educação física, jogos ou desporto.
Segundo Cook et al. (2013), no que diz respeito a um programa de
intervenção aplicado nas escolas, faz recomendações sobre abordagens para
fortalecer e melhorar programas e politicas para atividade física e educação física
em ambiente escolar, acrescentando ainda que este relatório mostra um conjunto
de princípios guia para orientação do seu trabalho nestas tarefas.
Alguns destes princípios são: promover hábitos saudáveis nas crianças,
melhor organização da atividade física escolar, considerar a diversidade dos
estudantes à medida que as recomendações são desenvolvidas.
Outro ponto a considerar é o referido por Cheval et al. (2016) na medida
em que a Educação Física é marcada por diferenças sexuais em termos de
comprometimento comportamental em desfavorecimento das raparigas, frisando
ainda que os professores de Educação Física devem estar particularmente
atentos à maneira como apresentam as actividades a ensinar e especialmente
quando estas actividades são consideradas masculinas.
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2.4 Influência dos meios de comunicação nos estilos de vida dos
adolescentes
Num outro livro, Wouters & Geenen (2014) fala da influência dos meios de
comunicação nestes comportamentos nos jovens, referindo que os meios de
comunicação podem aumentar excesso de peso e um estilo de vida sedentário.
Contudo, potencialmente estes meios de comunicação poderiam ser usados para
monitorizar e influenciar o comportamento do consumo de snacks e de actividade
física para o melhor.
Segundo Jelalian & Sato (2012) rapazes que passaram a maior parte do
tempo a ver televisão, e rapazes e raparigas que passaram a maior parte do
tempo a jogar videojogos durante a infância eram mais prováveis de mostrar altos
níveis de comportamentos sedentários durante a adolescência.
Ainda assim, alguns livros referem outros pontos de vista, como refere
Sanders & Witherspoon (2012), é tempo de virar as crianças para a atividade
física diária, e para muita da juventude de hoje, a tecnologia é um fator motivador
significante neste processo.
Uma primeira abordagem dos dados recolhidos na investigação de Horta
et al. (2013) permite concluir que as quatro escolas dos 1º e 2º ciclos do ensino
básico analisadas neste trabalho e que englobam alunos pertencentes às classes
média, baixa média, média alta seguem as diretrizes e recomendações de
nutrição, higiene e segurança do Ministério da Educação no sentido de
oferecerem às crianças e aos adolescentes menus equilibrados e alimentos
saudáveis tanto nas cantinas como nos bares. Contudo, é nos espaços
comerciais das imediações das escolas que as crianças encontram os seus
alimentos favoritos, apesar de menos saudáveis. Talvez o problema do
conhecimento alimentar e dos maus hábitos alimentares não esteja nas escolas
mas sim nos seus arredores e proximidades.
Segundo Adamo et al. (2010), os seus dados apoiam a superioridade de
andar de bicicleta a ouvir música quando comparado com o videojogo interactivo
GameBike, concluindo que o investimento neste ultimo poderá não valer a pena.
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Apesar de, segundo a minha pesquisa, a obesidade ser o problema
dominante na literatura, existem outros riscos de uma má sincronia entre
actividade física e nutrição, como refere Specter & Wiss (2014) dizendo que
quando se combina e intensifica a insatisfação com a imagem corporal, o
exercício compulsivo e a desregulação da ingestão de comida, o risco aumenta
para uma condição psiquiátrica identificada dentro dos últimos 20 anos conhecida
como disformia muscular, um distúrbio de auto-perceção no qual indivíduos são
obcessivamente preocupados com a crença de que são insuficientemente largos
ou musculados. Este estudo focou rapazes considerados suscetíveis, afirmando
ainda que fazem parte de um grupo em crescimento.
Morton et al. (2016), ao analisar as associações entre políticas escolares,
programas e instalações para actividade física e a medição objectiva da
intensidade da actividade física durante o dia de escola e na hora de almoço,
concluíram que as escolas deviam considerar o potencial impacto negativo de
reduzirem a duração do tempo de intervalo na actividade moderada a vigorosa e
no tempo sedentário dos estudantes durante o dia escolar.
Lubans et al. (2016) refere, após um programa para a prevenção da
obesidade, que intervenções que mais intensamente se foquem no ambiente
caseiro, assim como outras determinantes socio-ecológicas da obesidade podem
ser necessárias para prevenir aumento de peso não saudável em adolescentes
de comunidades com poucos rendimentos.
Segundo o estudo de um programa de intervenção, (De Visser et al., 2016)
programas de saúde com base na escola combinando lições educativas
atividades ambientais adicionais podem melhorar a dieta e a actividade física em
crianças do ensino médio a um grau superior ao de apenas lições educativas por
si só.
De acordo com Ferrar & Golley (2015), agrupamentos de dieta e atividade
física específica baseada no sexo do indivíduo podem ser usados para identificar
subgrupos em risco e informar intervenções multifacetadas para lidar com
excesso de peso e obesidade.
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2.5 Associação entre conhecimentos alimentares e atividade física
Steil & Poll (2016), concluem no seu estudo, que existe uma coexistência
predominante de atividade física praticada com bons conhecimentos alimentares.
De acordo com Turconi et al. (2008), o seu estudo concluiu que, embora
18,5% dos adolescentes tivessem um estilo de vida bem ativo, apenas 8,6%
revelaram bons conhecimentos alimentares. Embora exista alguma margem entre
estes valores, suscitou-me curiosidade o fato de serem ambos valores baixos e
motivou-me a realizar este trabalho.
Por fim, o estudo que demonstra a importância desta possível associação
é o de Zapata et al. (2008), que refere que com os hábitos e conhecimentos
diatéticos e de atividade física encontrados em adolescentes no seu estudo, a
epidemia da obesidade tem tendência a continuar.
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3.Metodologia
3.1 Caracterização da amostra
Foram incluídos neste estudo 202 adolescentes com idades
compreendidas entre os 12 e os 18 anos (Média(M)=15.55, Desvio
Padrão(DP)=2.01), 113 (55.9%) do sexo feminino e 89 (44.1%) do sexo
masculino. Mais de metade dos alunos frequentava os anos escolares 10º, 11º ou
12º ano (n=119, 58.9%). A distribuição dos anos de escolaridade pode ser
observada na Figura 1. A recolha de dados foi efectuada no Agrupamento de
Escolas Emídio Garcia em Bragança.
3.2 Atividade física (AF)
A atividade física foi avaliada por acelerómetros (GT3Xs wifi; MTI
Actigraph TM) durante um período de 7 dias consecutivos, com um mínimo de 10
horas de avaliação diária. Através deste método será obtida uma medida da
quantidade de AF diária. Os alunos apenas retiraram os acelerómetros quando
iam tomar banho e quando iam dormir.
Posteriormente, os dados foram processados através de um software
adequado e o volume de intensidades específicas de AF (moderada, vigorosa e
muito vigorosa) será examinado de acordo com os pontos de corte de Evenson et
al. (2008)
3.2.1 Acelerómetros
A AF foi avaliada através da utilização de acelerómetros (GT3x;
Actigraph, Florida), durante sete dias consecutivos. Os alunos utilizaram os
monitores na cintura, em cima da crista ilíaca, presos por um cinto elástico
(Evenson et al., 2008). Aos alunos foi dada a indicação para retirarem aparelho
apenas quando fossem tomar banho, fazer exercício na água ou deitar. Os
alunos registraram num diário os dias de utilização do aparelho e as horas a que
14
o colocavam e tiravam.
Os dados foram armazenados em bruto em amostras de 30Hz. Através
de um software específico (Actilife, versão 6.9, Actigraph, Florida), os dados
foram reduzidos em períodos de 1 minuto (epochs), organizados em AF diária e
posteriormente tratados depois da recolha. O tempo de utilização/não utilização
foi determinado de acordo com o algoritmo de Choi et al (2011). Períodos de
tempo com pelo menos dez minutos consecutivos de 0 counts foram excluídos
da análise, assumindo que o aparelho não estava a ser utilizado. O critério
utilizado para considerar os dados de AF diários como válidos foi o registro de
no mínimo 8 horas /dia (480 minutos/dia). Os dados recolhidos por cada aluno
só foram aceites para análise se cumprissem o requisito de utilização do
acelerómetro durante três dias de semana um dia de fim-de-semana. Os
principais dados recolhidos pelos acelerómetros foram: AF Total
(counts/minuto/dia); tempo em AF Sedentária (minutos/dia); AF Ligeira
(minutos/dia); AF Moderada (minutos/dia); AF Vigorosa (minutos/dia) e AF
Moderada a Vigorosa (minutos/dia). Os pontos de corte utilizados para
determinar o tempo passado nas diferentes intensidades de AF foram os de
Evenson et al (2008), seguindo as recomendações de Trost et al. (2011)Assim,
foram considerados os seguintes intervalos de counts/min: 0-100 para AF
sedentária; 101-2295 para AF Ligeira; 2296-4011 para AF Moderada e ≥4012
counts/min para AF Vigorosa (Evenson et al., 2008). AF Moderada a Vigorosa
(MVPA) foi determinada através da soma da AF Moderada e Vigorosa (Ramos,
2014).
15
3.3 Conhecimentos alimentares
Para avaliar os conhecimentos alimentares, aplicou-se a versão
portuguesa do General Nutrition Knowledge Questionnaire for Adolescents
(GNKQA) Ferro-Lebres et al. (2014). Este questionário foi validado e adaptado
para adolescentes tendo como base o GNKQ para adultos Parmenter & Wardle
(1999)
O GNKQA é constituído por 137 itens/score distribuídos pelas quatro
secções originais: secção 1- Recomendações dietéticas (score 13); secção 2-
Fontes dos nutrientes (score 73); secção 3- Escolhas diárias na alimentação
(score 9); secção4- Relação dieta-doença (score 42). Cada resposta correta foi
classificada com um ponto e cada resposta incorreta ou não respondida
avaliada com zero pontos.
Para a análise dos resultados utilizou-se a percentagem total de
respostas corretas como indicador dos níveis de Conhecimentos Nutricionais
(CN) (Ramos, 2014).
3.4 Procedimentos Estatísticos
A análise de dados foi realizada com o programa SPSS (versão 24). A
apresentação dos resultados baseou-se nas variáveis sociodemográficas e
antropométricas, bem como nas pontuações do Questionário de conhecimentos
de nutrição e alimentação (QCNA), e da acelerometria.
Para a descrição das variáveis foram calculadas frequências absolutas e
descritivas, no caso das variáveis qualitativas e médias (M) e desvios padrão
(DP) nas variáveis quantitativas.
A comparação de variáveis categóricas foi feita com recurso ao teste qui-
quadrado (χ2). No caso das variáveis contínuas foi utilizado o T-teste
(comparação de dois grupos) ou teste ANOVA (comparação de mais de dois
grupos).
Foram verificados e cumpridos os pressupostos de normalidade (avaliado
com o teste Kolmogorov-Smirnov) e homogeneidade de variâncias (avaliado com
o teste Levene). No T-teste, em caso de incumprimento do teste de
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homogeneidade de variâncias foi utilizado o teste de Welch. Ainda em relação à
ANOVA, este procedimento foi complementado com o teste de múltiplas
comparações de Tukey.
O nível de significância para rejeição da hipótese nula foi de 5%.
3.5 Altura
A altura (em cm) dos alunos foi medida através de um estadiómetro
portátil. Os alunos foram medidos descalços e sem meias. Colocaram-se de
pé, numa plataforma perpendicular ao bordo longo do estadiómetro. O peso
distribuído de forma igual pelos dois pés (pés e calcanhares juntos) e a cabeça
em posição horizontal e olhar dirigido para a frente (Plano de Frankfort); os
membros superiores ao longo do corpo, região dorsal e nádegas a tocar na
escala. O Plano de Frankfort é um plano estabelecido do ponto mais baixo do
bordo inferior da órbitra ao ponto mais alto do bordo superior do meato auditivo
externo correspondente. O observador coloca o bordo móvel do estadiómetro
junto à cabeça, comprimindo o cabelo e depois de uma expiração profunda,
procede-se à mensuração da altura até aos centímetros, com uma margem de
erro de ± 1cm. (Stewart et al., 2011)
3.6 Peso e Percentagem de Massa Gorda (MG)
Dias antes de serem feitas as medições do peso e da %MG foram feitas
algumas recomendações aos alunos, nomeadamente, não comer três horas
antes da avaliação; esvaziar a bexiga previamente e não ter objetos de metal
durante a medição.
O peso (em kg) e a %MG (total; do tronco; dos membros superiores e
inferiores) foram avaliados pela balança eletrónica Tanita BC545. Antes de
registar estas medidas programou-se a balança, introduzindo a idade, sexo,
altura e nível de atividades dos alunos. Seguiram-se os procedimentos
definidos no Manual Inner Scan Body Composition Monitor, 2007.
17
3.7 Índice de Massa Corporal (IMC)
O IMC foi calculado através da fórmula peso/altura (kg/m²). Para
descrever a prevalência de sujeitos com sobrepeso ou obesidade na amostra,
foram utilizados os valores de referência sugeridos por Cole & Lobstein (2012)
para o IMC.
3.8 Perímetro da cintura
O perímetro da circunferência da cintura (em cm) foi medido com uma
fita métrica não extensível e com uma margem de erro de ± 1 mm. Os alunos
foram medidos de pé, com abdómen relaxado, pés juntos e membros
superiores ligeiramente afastados de modo a que o medidor consiga passar a
fita métrica à volta da cintura. Esta medida é avaliada colocando a fita métrica
ao nível da parte mais estreita da última costela flutuante e a crista ilíaca e sem
comprimir a pele (Stewart et al., 2011).
3.9 Perímetro da anca
O perímetro da anca (em cm) foi medido com uma fita métrica não
extensível e com uma margem de erro de ± 1 mm. Os alunos foram medidos
em pé, com os glúteos relaxados, pés juntos e membros superiores
ligeiramente afastados de modo a que o medidor consiga passar a fita métrica
à volta da anca. Esta medida é avaliada colocando a fita métrica nível da maior
protuberância das nádegas, que geralmente corresponde, na parte anterior, ao
nível da sínfise púbica e sem comprimir a pele (Stewart et al., 2011).
19
4. Apresentação de Resultados
Figura 1: Distribuição dos anos de escolaridade
Como podemos verificar pela Figura 1, existe uma maior prevalência de
alunos do 7º ano, sendo que o ano de escolaridade menos representado é o 9º
ano.
Em relação às variáveis antropométricas (Tabela 1) a altura média dos
inquiridos foi de 160.37 cm (DP=6.86) para as raparigas e 166.22 cm
(DP=10.02) para os rapazes (p<.001)
Já no peso (p=.152) e Índice de Massa Corporal, variável contínua
(p=.105) e categórica (p=.398) não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas, embora seja de salientar a natural tendência
26,2
8,9
5,9
19,8 20,3 18,8
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
7º ano 8º ano 9º ano 10º ano 11º ano 12º ano
DISTRIBUIÇÃO DOS ANOS DE ESCOLARIDADE (%)
20
para valores mais elevados nos rapazes, ao nível do peso e o ligeiro
ascendente do IMC nas raparigas.
A percentagem de massa gorda foi superior nas raparigas (M=28.76,
DP=6.33) comparativamente aos rapazes (M=20.62, DP=6.33) (p<.001).
Se no perímetro abdominal não foram encontradas diferenças
significativas (p=.592) o perímetro da anca foi superior nas raparigas (M=94.33,
DP=8.25), em comparação com os rapazes (M=89.84, DP=8.70) (p<.001).
Tabela 1: Características antropométricas da amostra
Sexo feminino
M (DP)
Sexo masculino
M (DP) T-teste (200 gl)
Altura 160.37 (6.86) 166.22 (10.02) t=4.92. p<.001
Peso 57.89 (10.17) 60.22 (12.83) t=1.44. p=.152
IMC 22.45 (3.26) 21.66 (3.57) t=1.63. p=.105
Peso normal 85 (75.2%) 65 (73.0%)
χ2=1.84, p=.398 Excesso de peso 22 (19.5%) 22 (24.7%)
Obesidade 6 (5.3%) 2 (2.2%)
Percentagem de massa
gorda 28.76 (6.33) 20.62 (6.80) t=8.76. p<.001
Perímetro abdominal 73.04 (8.26) 73.70 (9.23) t=0.54. p=.592
Perímetro da anca 94.33 (8.25) 89.84 (8.70) t=3.74. p<.001
Análises inferenciais
Nas análises inferenciais são apresentados os resultados relativos às hipóteses
de investigação.
Hipótese 1: Existe uma relação entre os conhecimentos de nutrição e
alimentação considerando a atividade física desenvolvida, mesmo na presença
21
de eventuais confundidores como escolaridade, idade, sexo ou % de massa
gorda, em adolescentes.
Em primeiro lugar foi analisada a relação entre as variáveis relativas ao
questionário de conhecimentos de nutrição e alimentação (QCNA), no caso
representadas pelo total da pontuação do QCNA e às medidas de
acelerometria (H1). Os resultados das correlações sugerem ausência de
plausibilidade para a construção de modelos lineares, considerando a
pontuação do QCNA completo como variável dependente, uma vez que todas
as correlações foram inferiores a 0.3, ou seja, inferior ao aceitável para uma
correlação de Pearson (Tabela 2). Deste modo não se confirma a hipótese 1,
visto que a pontuação do questionário não estabelece associação significativa
com a atividade física praticada.
Tabela 1: Correlação entre a pontuação do QCNA completo e as variáveis
antropométricas e de atividade física
QCNA completo Correlação de
Pearson
Anos de escolaridade .199**
Idade .149*
Sexo -.056
% Massa gorda .098
AF diária (total min) -.041
AF ligeira (média/dia min) -.058
AF moderada (média/dia min) -.038
AF vigorosa (média/dia min) -.041
AF moderada-vigorosa (média/dia min) -.045
*p<.05;**p<.01
22
Hipótese 2: Adolescentes do sexo feminino têm mais conhecimentos de
nutrição e alimentação, mas índices mais baixos de atividade física
Ao comparar os conhecimentos de nutrição e alimentação e a atividade física
por sexo não foram encontrados resultados estatisticamente significativos no
que diz respeito aos conhecimentos de nutrição e alimentação. Contudo, no
que diz respeito à atividade física foram detetadas diferenças estatisticamente
significativas em quase todos os parâmetros considerados: AF diária (p=.025),
AF ligeira (p<.001) e AF moderada (p<.001). Nestes parâmetros os rapazes
obtiverem resultados médios mais elevados, o que indica mais tempo médio
(minutos) de AF, comparativamente às raparigas (Tabela 3). A exceção foi AF
moderada-vigorosa (p=.218). Estes resultados confirmam parcialmente a
hipótese 2, neste caso mais especificamente no que à AF diz respeito.
23
Tabela 3: Comparação dos resultados do QCNA e acelerometria por sexo
Feminino Masculino T-teste
(200 gl)
CQNA
Recomendações dietéticas 7.89 (2.08) 7.75 (2.25) t=1.24,
p=.218
Fonte dos nutrientes 34.85 (9.06) 33.18 (10.12) t=-1.40,
p=.164
Escolhas alimentares 4.14 (1.48) 4.44 (1.59) t=0.32,
p=.753
Relação dieta-doença 18.76 (7.31) 18.44 (6.92) t=0.79,
p=.430
QCNA completo 65.64 (16.55) 63.81 (16.14) t=-1.92,
p=.056
Acelerometria
AF diária (total min) 826.34 (104.22) 859.69 (142.14) t=-2.26,
p=.025
AF ligeira (média/dia min) 270.6 (68.25) 293.19 (73.23) t=-7.35,
p<.001
AF moderada (média/dia min) 27.46 (13.77) 45.55 (19.75) t=-4.85,
p<.001
AF vigorosa (média/dia min) 9.77 (10.37) 17.95 (12.99) t=-7.47,
p<.001
AF moderada-vigorosa
(média/dia min) 37.23 (20.75) 63.5 (27.58)
t=1.24.
p=.218
24
Hipótese 3: Adolescentes com peso mais elevado tendem a ter mais
conhecimento alimentar e adotar mais práticas de atividade física.
Na comparação dos conhecimentos de nutrição e alimentação e a atividade
física por categorias de IMC (Tabela 4) foram encontrados resultados
estatisticamente significativos na variável fonte dos nutrientes (p=0.038), com
maior conhecimento dos adolescentes excesso de peso (M=37.05, DP=8.71)
comparados com os de peso normal (M=33.11, DP=9.81). Os adolescentes
com excesso de peso apresentaram resultados médios mais elevados de
prática de AF moderada (M=46.62, DP=21.37), comparativamente aos de peso
normal (M=33.74, DP=17.82) (p=.011); os adolescentes com obesidade
obtiveram os resultados mais baixos de AF moderada (M=27.47, DP=15.57).
Esta tendência manteve-se na AF vigorosa apesar de não terem sido
encontrados resultados estatisticamente significativos (p=.125). No entanto,
foram identificados resultados estatisticamente significativos na AF moderada-
vigorosa (p=.025), com mais tempo despendido neste tipo de atividade por
parte dos adolescentes com excesso de peso (M=56.94, DP=28.57),
principalmente na comparação com os adolescentes com obesidade (M=32.33,
DP=16.33).
25
Tabela 2: Comparação dos resultados do QCNA e acelerometria por IMC
Peso normala Excesso de pesob Obesidadec
ANOVA
(199; 2
gl)
CQNA
Recomendações
dietéticas
7.89 (2.09) 7.86 (2.22) 6.38 (2.72) F=1.92,
p=.149
Fonte dos
nutrientes 33.11 (9.81)b 37.05 (8.71)a 36.88 (4.64)
F=3.32,
p=.038
Escolhas
alimentares 4.14 (1.54) 4.69 (1.46) 4.38 (1.60)
F=2.20,
p=.114
Relação dieta-
doença 18.33 (7.16) 19.22 (7.33) 20.75 (5.04)
F=0.64,
p=.530
QCNA completo 63.48 (16.63) 68.83 (16.15) 68.38 (6.30) F=2.03,
p=.133
Acelerometria
AF diária (total
min) 840.67 (126.06) 847.44 (123.75) 812.66 (47.28)
F=0.27,
p=.763
AF ligeira
(média/dia min) 275.90 (71.95) 289.98 (70.19) 315.89 (51.79)
F=1.70,
p=.185
AF moderada
(média/dia min) 33.74 (17.82)b 42.62 (21.37)a 27.47 (15.57)
F=4.65,
p=.011
AF vigorosa
(média/dia min) 13.55 (12.75) 14.32 (11.10) 4.86 (3.55)
F=2.10,
p=.125
AF moderada-
vigorosa
(média/dia min)
47.30 (26.81) 56.94 (28.57)c 32.33 (16.33)b F=3.75,
p=.025
Nota: As letras a,b,c registam as comparações estatisticamente significativas
entre as categorias de IMC
26
Hipótese 4: Adolescentes com escolaridade mais elevada apresentam mais
conhecimentos de nutrição e alimentação, mas índices menores de atividade
física
Os adolescentes com nível escolar mais elevado mostraram ter mais
conhecimento ao nível das recomendações dietéticas (p<.001), fonte dos
nutrientes (p=.040) e ao nível do conhecimento global (p=.008). Por outro lado
são os adolescentes com escolaridade mais baixa, e por inerência mais jovens,
que mais minutos passam, em média em AF ligeira (p<.001), moderada
(p<.001) e moderada-vigorosa (p<.001) (Tabela 5). Os resultados encontrados
confirmam a hipótese 4.
27
Tabela 5: Comparação dos resultados do QCNA e acelerometria por
escolaridade
Até 9º ano 10-12º ano T-teste
(200 gl)
CQNA
Recomendações dietéticas 7.18 (2.44) 8.28 (1.80) t=-3.71,
p<.001
Fonte dos nutrientes 32.46 (9.77) 35.27 (9.26) t=-2.07,
p=.040
Escolhas alimentares 4.06 (1.52) 4.42 (1.53) t=-1.62,
p=.107
Relação dieta-doença 17.52 (6.98) 19.39 (7.15) t=-1.85,
p=.066
QCNA completo 61.22 (16.10) 67.36 (16.13) t=-2.66,
p=.008
Acelerometria
AF diária (total min) 852.48 (106.35) 833.05 (133.53) t=1.10.
p=.271
AF ligeira (média/dia min) 310.53 (66.82) 259.64 (66.79) t=5.33.
p<.001
AF moderada (média/dia min) 46.89 (19.48) 27.43 (13.72) t=7.85.
p<.001
AF vigorosa (média/dia min) 14.66 (12.07) 12.49 (12.36) t=1.24.
p=.216
AF moderada-vigorosa
(média/dia min) 61.55 (28.12) 39.92 (22.88)
t=5.80.
p<.001
29
5. Discussão de Resultados
Os resultados demonstram que a hipótese inicial não foi contrariada.
Contudo, existem alguns pontos dignos de discussão.
Um fator que pode ter influenciado os resultados terá sido o tamanho da
amostra, visto que se trata de uma escola numa localidade de um país e que,
por essa razão, não poderá ser exclusivamente um guia para a situação a nível
nacional.
Deve-se ainda considerar o fato de o estudo ser transversal, o que
impede um acompanhamento desta intervenção numa sequência temporal
mais alargada.
Na Hipótese 2 é verificado que as raparigas são menos ativas que os
rapazes. Esta afirmação é confirmada na literatura, visto que, segundo Telama
& Yang (2000), os rapazes tendem a ser fisicamente mais ativos do que as
raparigas. Esta afirmação é corroborada por Seabra et al. (2008)
O aparecimento do período menstrual nas raparigas é também um fator
determinante para a diminuição da prática de atividade física. (Freedman et al.,
2002).
Nestes resultados, existe ainda uma exceção na diferença entre sexos
na atividade física moderada a vigorosa. Este resultado é particularmente
curioso, visto que não é apoiado pela literatura que encontrei e chega mesmo a
ser contrariado por Ramos (2014), que refere a existência de diferenças
significativas em todos os níveis de atividade física quando comparados por
género, dando também maiores níveis de atividade aos rapazes.
Nesta ultima hipótese, também se verifica que os conhecimentos
alimentares das raparigas são superiores aos dos rapazes. Isto poderá
prender-se com o que refere Pirouznia (2001), quando verificou no seu estudo,
que as raparigas possuíam uma média de pontuação superior à dos rapazes
num questionário de conhecimentos alimentares.
30
Relativamente à hipótese 3, conclui-se que existe alguma evidência de
que adolescente com excesso de peso possuem um conhecimento alimentar
superior aos restantes, o que na realidade é suportado por Burns et al. (1987),
que no seu estudo através da realização de um questionário de conhecimentos
alimentares, verificou que os indivíduos com excesso de peso tinham uma
pontuação superior no questionário, quando comparados a indivíduos com
peso normal.
Na hipótese 3, surge ainda a possível conclusão de que os adolescentes
com excesso de peso têm maiores níveis de atividade física superiores aos
adolescentes com peso normal.
Estes resultados, quando associados a outros estudos, como o de Butte
et al. (2007), fazem-nos concluir que o problema destes adolescentes com
excesso de peso poderá não estar na insuficiência de atividade física
moderada e vigorosa que praticam, mas sim na quantidade de atividade
sedentária que estes adolescentes têm. Uma solução, sugerida por Butte et al.
(2007), será a de transformar a atividade sedentária destes adolescentes em
atividade ligeiramente ativa.
Uma limitação nos resultados da hipótese 3, terá sido o uso do IMC
como indicador do nível de excesso de peso e obesidade dos adolescentes.
Como é referido por Santos Brant Rocha et al. (2011), a bioimpedância, que
mede a percentagem de massa gorda, é um método fiável, similar ao das
pregas cutâneas, menos invasivo e não necessita de um grau técnico elevado
para que a avaliação seja realizada. Gonçalves et al. (2013) reforça esta ideia,
afirmando que a bioimpedância é um método que permite predizer distrofias na
gordura corporal dos adolescentes.
Na hipótese 4, apresenta-se que quanto mais elevado é o ano escolar
dos adolescentes, maior é o conhecimentos alimentar e menos é a prática de
atividade física. Alterações a nível de composição corporal poderão estar na
31
origem do menor envolvimento em atividade física com o avançar da idade e
com o aparecimento da menstruação nas raparigas.(Freedman et al., 2002).
Outra razão comum aos dois géneros será o aumento do número de
atividades sedentárias referidas por Myers et al. (1996).
Embora possa parecer lógico, Spendlove et al. (2011) refere que no seu
estudo, os resultados no questionário de conhecimentos alimentares é
influenciado pela idade mas não pelo nível de educação que possuíam os
adolescentes. Seabra et al. (2008) vem reforçar esta tendência, afirmando que
a atividade física está negativamente associada com a idade.
Por fim, um ponto forte a favor deste estudo, terá sido o uso da
acelerometria como método fiável de medição da prática de atividade
física.(Skender et al., 2016).
33
6. Conclusões
O objetivo principal deste estudo foi verificar a existência de uma relação
entre a atividade física praticada pelos adolescentes e os seus conhecimentos
nutricionais.
Após a realização desta dissertação, conclui que não existe uma relação
estatisticamente significativa que comprove a hipótese inicial. Mais estudos são
necessários e recomendados de forma a averiguar a veracidade dos resultados
encontrados neste trabalho.
36
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