relacionamento interpessoal, mÃe e filha frente … · as filhas casadas dispensam menos atenção...
TRANSCRIPT
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL, MÃE E FILHA FRENTE AO
ENVELHECIMENTO: ESTUDO DE CASO
Daniel Ferreira Goyos 1, Helvécio Bueno2
RESUMO
Introdução: O relacionamento entre mãe e filha adulta é um tema ainda
pouco investigado, especialmente no Brasil. Objetivo Promover uma relação amistosa
entre mãe idosa e filha adulta. Metodologia: Foi realizado um estudo de caso de uma
senhora idosa de 88 anos, que reside no bairro Amoreiras, Paracatu, M-G, Brasil. Foram
utilizadas entrevistas semi-estruturadas individuais, cujo conteúdo foi organizado e os
dados foram classificados nas seguintes categorias: a história do relacionamento
(dependência/independência, expectativas de mudanças na relação. Baseado no método
Arco de Charles Maguerez foi possível fazer uma análise geral dos problemas
pertinentes à família bem como, encontrar as possíveis hipóteses de solução para os
mesmos. Resultado: Após dois anos de intervenção frente aos problemas da família,
felizmente o objetivo proposto pelo estudo foi atingido, ou seja, houve uma melhora
significativa na relação interpessoal (mãe e filha) e, com isso houve também uma
melhora significativa na qualidade de vida da idosa. Discussão: Algumas dimensões do
relacionamento entre mãe e filha foram analisados. O relacionamento entre elas é 1 Acadêmico do curso de medicina, Faculdade Atenas. Contato: Endereço eletrônico: [email protected]. Endereço Residencial: Rua Tenente Olímpio Gonzaga, 201, compl. 101 Paracatu, M-G. CEP: 38600-000. O presente trabalho é parte integrante da disciplina de Epidemiologia/Bioestatística, sob a orientação do Profª. Helvécio Bueno. 2 Professor do curso de Medicina da Faculdade Atenas de Paracatu-MG.
caracterizado por discórdias, separação, aproximação e principalmente dependêcia da
mãe com relação aos cuidados da filha. Em geral foi percebido que ambas se gostam e
parecem estar dispostas à mudanças na relação. Conclusão: Pode-se concluir que uma
boa relação entre mãe idosa e filha adulta, definitivamente é um fator de extrema
relevância no que diz respeito a um envelhecimento saudável bem como uma maior
longevidade a idosa.
PALAVRAS-CHAVE: relacionamento; envelhecimento; qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
1 ESTADO DA ARTE
O relacionamento entre pais e filhos adultos representa uma área de
pesquisa recente e ainda pouco investigada, especialmente em território nacional.
Contudo, frente ao aumento na expectativa de vida de pais e filhos, torna-se cada vez
mais relevante conhecer melhor essa relação (Luscher & Pillemer, 1998).
De modo particular, o relacionamento entre mãe idosa e filha adulta tem
despertado o interesse da comunidade científica internacional sob diferentes
perspectivas. A relação entre mãe idosa e filha se estende por toda a vida da mãe,
sofrendo mudanças com o casamento e a maternidade da filha e a velhice e a
enfermidade da mãe (Yoo, 2004).
O relacionamento entre mãe idosa e filha é fundamental para o
desenvolvimento da identidade feminina de ambas. Tal identidade, por sua vez, também
interfere e modula o relacionamento entre elas. As mulheres mantêm a identificação
com a mãe ao longo da vida e no relacionamento entre elas constroem o que é ser
mulher (Chodorow, 1979, 2002).
Por outro lado, a mãe também se identifica com a filha e projeta seus
sentimentos nela em busca de sua realização (Einchenbaum & Orbach, 1983).
Historicamente, as mulheres são responsáveis pelo campo privado, os
cuidados com a família e a perpetuação destes laços. Isto permite que a relação entre
mãe e filha promova uma identificação emocional e de papéis (Mottram & Hortaçsu,
2005).
A proximidade ajuda as mulheres a compreender-se, conhecer seus papéis
sociais e a própria feminilidade, de acordo com sua cultura. O processo de identificação
promove a similaridade entre mãe e filha. Do ponto de vista dos estudos sobre o
relacionamento, a similaridade tem sido considerada como um facilitador para uma
relação mais próxima, como ocorre nas amizades (Hinde, 1997).
Os cuidados providos pela filha adulta à mãe idosa é outro foco de atenção.
Ajudar os pais idosos é considerado uma obrigação e responsabilidade dos filhos
adultos (Cicirelli, 1993, 2003).
Entretanto, segundo o autor, outros aspectos motivacionais entrariam em
jogo, como o sentimento de apego (Bowlby, 1984, 1989).
As responsabilidades da vida adulta da filha, contudo, são importantes para
definir o tempo disponível para a atenção necessária à mãe (Scharlach, 1987).
As filhas casadas dispensam menos atenção e cuidados com a mãe do que as
filhas sem trabalho ou solteiras. Para algumas mães e filhas, a situação da filha como
cuidadora oferece a oportunidade de modificar a relação (Cantor & Hirshorn, 1989).
Cuidar e ser cuidado representam aspectos de um relacionamento
complementar. Por outro lado, pouco tem sido investigado sobre a reciprocidade no
relacionamento entre mãe e filha adulta, com ênfase em pontos de similaridade, quando
nenhuma apresenta uma relação de dependência da outra, como em situações de
enfermidade. Como em qualquer outro relacionamento, esta relação também apresenta
aspectos negativos. Os relacionamentos em geral estão sujeitos a dificuldades, entre elas
o conflito e a agressividade. (Hinde, 1997).
A coexistência de sentimentos positivos e negativos é normal na relação
entre mãe e filha, mas as discussões entre elas sobre os sentimentos negativos para
evitar o conflito não são comuns neste relacionamento (Fingerman, 1995, 1996).
Neste contexto, as mães percebem mais os pontos de similaridades e
aproximação com as filhas, que valorizam mais a relação à medida que envelhecem,
buscando a proximidade materna. (Lefkowitz e Fingerman (2003).
2 CONTEXTUALIZAÇÃO
Dona M. O. E é uma senhora de 88 anos, católica, aposentada, viúva e está
passando pelo ciclo de vida denominado envelhecimento. Dona “M” reside em um
bairro próximo ao centro da cidade (Paracatu), foi casada com “J”, desta união
nasceram seis filhos sendo três homens (“JB”, “A” e “W”) e três mulheres (“SE”, “M”
e “M”) os quais cinco deles encontram-se casados e residentes em Brasília, no entanto
a uma das filhas de Dona “M” reside com sua progenitora até o presente momento.
Devido à elevada idade, Dona “M”, possui algumas patologias como
osteoporose, otite, HAS. Para reverter o quadro patológico, ela faz uso de alguns
medicamentos os quais são respectivamente: Cálcio, Vitamina D, exposição ao sol (no
período das 09h00min às 10h00min horas), antiinflamatório (diclofenaco sódico) e
Captopril (25mg). Realiza freqüentemente exames pertinentes à saúde da mulher, com
resultados normais.
A residência da família é humilde contendo cinco cômodos, sendo eles: três
quartos, sala, cozinha e no fundo da casa existe um quintal com um pomar muito bem
cuidado por “M”. A casa é mantida por Dona “M” e cuidada por “M” que faz questão
de mantê-la organizada e limpa. Os quartos são pequenos, mas, suficientes para
acomodar ambas, contendo. A sala e confortável, com um jogo de sofá de dois e três
lugares, TV, mesa de centro, e decorações. A cozinha é pequena e simples, com um
fogão de quatro bocas, geladeira, mesa de quatro lugares e um filtro de água no flanco
superior direito. No que diz respeito ao estado de conservação da residência, está
encontra-se bem deteriorada, com pisos quebrados, paredes em péssimo estado de
conservação com rachaduras e infiltrações.
Felizmente Dona “M”, está amparada por sua filha que na medida do
possível procura atender a todas suas necessidades. Os cuidados à mãe ficam restritos
a “M”, que é responsável por absolutamente todas as coisas relacionadas à saúde da
mãe (agendamento de consultas médicas, controle medicamentoso e tarefas
domiciliares).
“M” é uma funcionária pública (professora primária) e grande parte de seu
salário e sua economia são direcionados tanto para a compra de medicamentos bem
como consultas médicas para a mãe. O pouco que sobra, é investido em uma
construção de uma nova casa, localizada ao centro da cidade. Após a conclusão da
obra, “M” pretende deixar a atual residência e mudar-se para a nova casa, pois
segundo informações colhidas ela já se sente uma senhora (42 anos) e pretende
usufruir os bens materiais os quais levaram décadas para serem concluídos. Essa
transição está causando certo desconforto em Dona “M”, pois ela viveu e morou por
toda sua vida na residência atual, e não pretende mudar-se com sua filha para o novo
lar. De forma geral deve-se considerar que “M” tem razão quanto a sua vontade de
querer desfrutar do novo lar, porém isso implicará diretamente na qualidade de vida
de sua mãe, que ficará a mercê dos cuidados de terceiros o que poderá culminar com
agravos à saúde de Dona “M”, como crises psicológicas, depressão, solidão entre
tantos outros.
Genograma da Família
Has
Has Has
J H B
M
W MMA S.EJ. B.
M B M B HJ
1967Infarto
A
J
80 anos 1990
51 anos
93 anos78 anos 88 anos69 anos
42 anos47 anos58 anos 43 anos53 anos
1920 Infarto
1940 ? 1938
?
1943?
2003
Legenda: HAS Hipertensão
Relação muito estreita
? Não soube responder
Has
Relações Habitacionais
Pessoa Entrevistada
Mulher
Homem
Falecido
Falecida
Atualizado em: 20/09/2007
3 JUSTIFICATIVA
A realização deste projeto torna-se oportuna por ser este um espaço
eminentemente de promoção da saúde e produção de conhecimento.
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL:
Promover uma relação amistosa entre “M” e Dona “M”.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Orientar “M” com relação aos riscos e agravos a saúde que sua mãe pode
estar sujeita, devido a sua mudança do lar;
- Informar a idosa sobre o estatuto do Idoso, com finalidade de orientá-la
sobre os deveres da família com relação aos cuidados a ela;
- Aconselhar a idosa sobre a importância de uma boa qualidade de vida,
tendo como resultante a minimização dos agravos à saúde.
METODOLOGIA
1 TIPO DE ESTUDO
Para a Elaboração deste artigo, foi utilizado o estudo de caso, baseado no
relato verbal de uma mulher aposentada, de 88 anos e também de sua filha de 49 anos.
2 ÁREA DE ESTUDO
Paciente moradora da área de abrangência do PSF Amoreiras, micro área, da
cidade de Paracatu-MG, noroeste mineiro.
3 COLETA DE DADOS
A coleta de dados se deu por meio de entrevistas as quais foram agendadas
de acordo com o calendário da Faculdade Atenas. Os dados eram coletados de acordo
com o calendário das atividades propostas pelos docentes da faculdade, ou seja, a cada
quinze dias, Eu, saía a campo para fazer visitas domiciliares na presente família, nessas
visitas, fui incumbido de coletar dados relacionados às condições de moradia, higiene,
relacionamento interpessoal dos integrantes do lar e enfermidades bem como a história
pessoal e social de Dona “M”, suas ansiedades, aflições, medos e até mesmo suas
intransigências com sua filha “M”. Após dois anos de acompanhamento, foi possível
adquirir muita informação relacionada à família em tese e, com isso fazer a elaboração
deste presente trabalho. Sendo estas promovidas quinzenalmente.
Na ocasião, inicialmente fui apresentado à respondente. Nesse intercurso,
procurei estabelecer uma relação de confiança com respondente e posteriormente
esclarecer dúvidas relacionadas com seu estado de saúde bem como sua qualidade de
vida. As entrevistas foram devidamente registradas e posteriormente transcritas em
um diário de bordo.
A quantidade de visitas em domicílio foi de 25 e a duração de casa uma
delas foi de aproximadamente, 80 minutos.
3 CRITÉRIO DE SELEÇÃO DOS SUJEITOS
A família em tese foi escolhida por intermédio das Agentes Comunitárias de
Saúde (ACS) do Programa de Saúde da Família (PSF) Amoreiras e, em seguida
repassada a enfermeira tutora do serviço. Após esse processo cada dupla se tornou
responsável por acompanhar três famílias e, para confecção do presente trabalho optei
por relatar a história de Dona “M”.
5 INSTRUMENTOS OU TÉCNICAS UTILIZADAS
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um diário de bordo o qual
tinha por finalidade elaborar uma entrevista semi-estruturada seguindo um roteiro
preestabelecido abordando diferentes aspectos do relacionamento entre mãe e filha
adulta: histórico e o cotidiano da relação, contexto familiar, percepção do
relacionamento e algumas dimensões como influência, cooperação e conflito.
Baseado no método Arco de Charles Maguerez foi possível fazer uma
análise geral dos problemas pertinentes à família bem como, encontrar as soluções
viáveis para a resolução do(s) mesmos. Esses problemas foram selecionados em ordem
decrescente de prioridade. Nesse esquema constam cinco etapas que se desenvolvem a
partir da realidade ou um recorte da realidade: a) Observação da realidade – observar a
realidade em si de modo a obterem a imagem ingênua da realidade; b) Pontos Chave –
selecionar o que é verdadeiramente importante do que é puramente superficial ou
contingente e identificam os pontos-chave do problema ou assunto em questão; c)
Teorização – explicação os fenômenos observados através da interação entre realidade e
instrumentos teóricos-científicos pré-existentes; d) Hipóteses de solução – Utiliza-se a
realidade para aprender com ela, ao mesmo tempo em que se prepara para transformá-la
e deve propor ações resolutivas e possíveis de serem aplicadas à realidade; e) Aplicação
à realidade – as soluções viáveis são selecionadas e sua aplicação aprendida e praticada.
RESULTADOS
1 DESCRIÇÃO
Após dois anos dialogando ora com mãe, ora com filha, felizmente o
objetivo proposto pelo estudo foi atingido, ou seja, houve uma melhora significativa na
relação interpessoal (mãe e filha) e, com isso houve também uma melhora na qualidade
de vida de Dona “M”.
Com relação a possível mudança de “M” para o centro da cidade, fiz alguns
questionamentos relacionados a essa possível transição, ou seja, procurei dialogar com
ela, mostrando a importância de seus cuidados frente a homeostasia de sua genitora.
Após incessantes diálogos, frente a atual situação, felizmente “M”, ficou pensativa no
assunto e a certeza que tinha sobre a mudança do lar, no momento não existe mais.
Orientações foram feitas a “M” com relação ao estatuto do idoso. No
decorrer do diálogo ela se atentou sobre as questões relacionadas com os deveres e
obrigações que devem ser prestados a sua mãe. O conselho foi passado de maneira clara
e objetiva à ela que por sua vez o acatou amistosamente.
Por fim, a paciente foi orientada sobre a importância de se ter uma boa
qualidade de vida. Juntamente com sua filha, procurei trazer informações relevante
sobre o processo envelhecimento associado a uma boa qualidade de vida. A princípio
orientei sua filha que procurasse encaminhar sua genitora para o grupo da terceira idade,
com intuito de receber os cuidados necessários para a reintegração social. Dias após
isso, “M” procurou a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro onde ali recebeu todas
informações relacionadas ao encaminhamento para o grupo.
DISCUSSÃO
1 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
O relacionamento entre mãe e filha adulta não é algo isolado e nem está
limitado ao contexto familiar (Mens-Verhulst, 1995).
Dona “M” considerou seu relacionamento com a filha aberto e sem segredos
porem, gostaria que sua filha se revelasse mais.
Já sua filha disse que, o melhor para os conflitos é sair da situação, pedir
desculpas e agir como se nada tivesse acontecido, minimizar os problemas,
considerando “coisa de momento” devido às atribulações da vida.
Várias dimensões do relacionamento entre mãe e filha adulta foram
analisadas. Alguns pontos podem ser destacados nessa relação. Na história do
relacionamento, os relatos apontam para três focos de atenção. Separação e
aproximação são vistas como partes integrantes do relacionamento. Paralelamente, a
dependência e a independência também se dão de forma dialética. Algumas dimensoes
do relacionamento entre mae e filha foram analisados. O relacionamento entre elas é
caracterizado por discórdias, separacao, aproximacao e principalmente dependecia da
mae com relacao aos cuidados da filha. Em geral foi percebido que ambas se gostam e
parecem estar dispostas a mudancas em seu relacionamento.
As expectativas de mudança também apontam para um movimento
dialético, ora promovendo a diferenciação entre mãe e filha, ora provocando uma maior
identificação entre elas (Chodorow, 2002).
Em geral, mãe e filha parecem dispor somente de algumas idéias sobre o
que se passa no íntimo da outra. Os medos e os sonhos, por exemplo, mantêm-se como
algo privado. A troca de opiniões ajuda e cumplicidade foram relatados tanto por mãe
quanto por filha. Ambas citaram o apoio como importante. Dona “M” informou que a
ajuda acontece quando uma precisa da outra, sendo que ela precisa mais da filha do que
o contrário, exceto quando sua filha adoece. Financeiramente, a mãe recebe o auxílio da
filha e nunca o contrário (tratamentos medicamentosos). A resolução dos problemas que ofereciam riscos a saúde da idosa foram em
tese sanados, o que garante por parte de sua filha que Dona “M” receba os cuidados
adequados de forma a garantir melhores condições de vida e de saúde para a mesma. A
paciente encontra-se hoje bem socializada com a filha, recebendo os cuidados
necessários a manutenção de sua saúde. No presente momento ambas residem na
mesma residência de referencia.
Contudo, ainda há muito a ser feito, visto que a melhoria na qualidade de
vida da família é uma questão progressiva e necessita de um acompanhamento periódico
da equipe de saúde do bairro (agentes comunitários de saúde, Enfermeiro (a) e médico
(a)) visando manter mãe e filha em perfeita harmonia, e principalmente monitorar o
estado de saúde da senhora “M”, evitando agravos à sua saúde.
2 COMPARAÇÃO COM OUTROS ESTUDOS
Segundo um estudo elaborado por Kirlla Cristhine Almeida Dornelas,
mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo, o relacionamento
entre mãe e filha é marcado por sua natureza dialética, no sentido de haver um constante
movimento de separação e de aproximação, de busca de diferenciação e descoberta de
similaridades, de encontros e desencontros. Essa dinâmica parece seguir-se a um
período de dependência maior por parte da filha adulta e antecede um período de
dependência maior da mãe idosa.
Esse estudo acima teve como objetivo, investigar, de forma exploratória e
qualitativa, algumas dimensões desta forma de relacionamento.
3 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES
Devido a uma relação extremamente amigável e confiável com a família,
não foram encontrados dificuldades na elaboração deste trabalho, porem acredito que,
se dispusesse de mais tempo para elaborar o presente trabalho, certamente o resultado
final do artigo superaria as minhas expectativas bem como a do leitor.
Limitações, não foram encontradas.
CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS
De forma geral, o relacionamento entre mãe e filha é marcado por sua
natureza dialética, no sentido de haver um constante desentendimento e aproximação
entre mãe e filha, de busca de diferenciação e descoberta de similaridades, de encontros
e desencontros.
O cotidiano é pautado por atividades compartilhadas e não compartilhadas e
a comunicação, ao mesmo tempo em que mantém o relacionamento também causa
discórdias, atribulações e percalços.
Semelhanças e diferenças são percebidas entre elas, bem como
reciprocidade e complementaridade.
Conflitos existem porem às vezes são negados ou minimizados em prol da
manutenção do relacionamento.
Em síntese foi percebido uma relevante mudança no relacionamento entre
mãe e filha. Espera-se que com o passar do tempo essa similaridade entre elas aumente
e que, ambas se reencontrem como mãe e filha, respeitando-se, e principalmente
buscando meios para melhor viverem juntas.
2 SUGESTÕES DE NOVAS PESQUISAS
Devido ao que foi apresentado, o trabalho proporciona a elaboração e
publicação de novas pesquisas com a finalidade de avaliar e analisar a relação
interpessoal (mãe idosa e filha adulta) frente ao envelhecimento bem como os agravos à
saúde dos idosos devido à falta de cuidados especiais à eles.
3 PROPOSIÇÕES E RECOMENDAÇÕES DE INTERVENÇÕES
(APLICAÇÕES)
- Encaminhamento para grupo de terceira idade;
- Acompanhamento dos Agentes comunitários de saúde (ACS), bem como de
toda equipe da UBS;
- Estreitar ainda mais os laços afetivos entre mãe e filha.
ABSTRACT
Introduction: The relationship between mother and adult daughter is still a not much investigated subject, specially in Brazil. Objetives: To promote a friendly relation between old mother and adult daughter. Methodology: There was carried out a case study of a 88-year-old old lady, who resides in the district Mulberry trees, Paracatu, Mg, Brazil. There were used semi-structured individual interviews, which content was organized and the data were classified in the next categories: the history of the relationship (dependence / independence, expectations of changes in the relation. When Arch of Charles Maguerez was based on the method it was possible did a general analysis of the relevant problems to the family as well as, to find the possible hypotheses of solution for same. Resulted: After two years of intervention in front of the problems of the family, fortunately the objective proposed by the study was reached, in other words, there was a significant improvement in the interpersonal relation (mother and daughter) and, with that there was also a significant improvement in the capacity of life of the old one. Discussion: Some dimensions of the relationship between mother and daughter were analyzed. The relationship between them is characterized by discord, separation, mainly dependêcia approach and relationship with the mother to care of her daughter. In general it was noticed that both are like and seem willing to change in the relationship. Conclusion: It is possible to end that a good relation between old mother and adult daughter, definitely is a factor of extreme relevance what concerns a healthy aging as well as a bigger longevity the old one. KEY WORDS: relationship; aging; quality of life.
REFERÊNCIAS
1. BOWLBY, J. Apego. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
2. BOWLBY, J. Uma base segura: aplicações clínicas da teoria do apego. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1989.
3. CANTOR, M. H.; HIRSHORN, B. Intergeneracional transfers within the family
context-motivation factors and their implications for caregiving. Women and
Health, v.14, p.39-51, 1989.
4. CHODOROW, N. Estrutura familiar e personalidade feminina. Em M. Z. Rosaldo
& L. Lamphere (Orgs), A mulher, a cultura e a sociedade, p. 198-226, 1979.
5. CICIRELLI, V. Mother’s and daughter’s paternalism beliefs and caregiving
decision making. Research on Aging, v.25, n.1, p. 3-21, 1993.
6.CHODOROW, N. Psicanálise da maternidade: uma crítica a Freud a partir da
mulher (2ª ed.). Rio de Janeiro: Record/Rosa dos Tempos, 2002.
7.CICIRELLI, V. Attachment and obligation as daughters’motives for caregiving
behavior and subsequent effect on subjective burden. Psychology and Aging, 8 (2),
144-155, 2003.
8.EINCHENBAUM, L.; ORBACH, S. Understanding women. NY: Basic Books,
1983.
9. FINGERMAN, K. L. Aging mothers’ and their adult daughters’ perceptions of
conflict behaviors. Psychology and Aging, v.10, p. 639-649, 1995.
10. FINGERMAN, K. L. Sources of tension in the aging mother and adult daughter
relationship. Psychology and Aging, v.11, n.4, p.591-606, 1996.
11. FINGERMAN, K. L. A distant closeness: intimacy between parents and their
children in later life. Genenerations, v.25, p.26-33, 2003.
12.HINDE, R. A. Relationships: a dialectical perspective. Hove, UK: Psychology
Press Publishers, 1997.
1. LEFKOWITZ, E. S.; FINGERMAN, K. L. Positive, and negative emotional
feelings and behaviors in mother-daughter ties in late life. Journal of Family
Psychology, v.17, n.4, p 607-617, 2003.
2. LUESCHER, K.; PILLEMER, K. Intergenerational ambivalence: a new
approach to the study of parent-child relations in later life. Journal of Marriage
and the Family, v.60, n.2, p.413-425, 1993.
3. MAGUEREZ, C. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas;
disponível em <http://www.interface.org.br/revista2/artigo3.pdf>. Acesso em:
quarta-feira, 25 de junho de 2008 às 19h:13min.
4. MENS-VERHULST, J. V. Reinventing the mother-daughter relationship.
American Journal of Psychoterapy, v.49, p.526-539, 1995.
5. MOTTRAM, S. A.; HORTAÇSU, N. Adult daughter aging mother relationship
over the life cycle: the Turkish case. Journal of Aging Studies, v.19, p.471-488,
2005.
6. SCHARLACH, A. E. Role strain in mother-daughter relationships in later life.
The Gerontological Society of America, v.27, n.5, p.627-631, 1987.
19. YOO, G. Attachment relationships between Korean young adult daughters and
their mothers. Journal of Comparative Families Studies, v.35, n.1, p.21-32, 2004.