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Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: Esboço de uma interpretação histórico- metodológica Marilda Iamamoto Raul de Carvalho

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Page 1: Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: Esboço de uma interpretação histórico-metodológica Marilda Iamamoto Raul de Carvalho

Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: Esboço de uma interpretação histórico-metodológica

Marilda Iamamoto Raul de Carvalho

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Introdução: O objeto de estudo foi o Serviço Social como profissão no contexto de aprofundamento do capitalismo na sociedade brasileira, no período 1930-1960. Através desse estudo procurou-se desvendar o significado social da profissão e das práticas desenvolvidas em seu âmbito pelos Assistentes Sociais.

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Para analisar o objeto de estudo desta produção é necessário apreender o movimento no qual e através do qual se engendram e se renovam as relações sociais que peculiarizam a formação social capitalista.

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• Entendendo alguns conceitos:• Produção: Os homens estabelecem determinados vínculos e relações mútuas, exercendo uma ação transformadora da natureza. Assim, a produção é uma atividade social, histórica, uma relação social entre pessoas e entre classes sociais. Capital e trabalho assalariado são relações sociais.

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O capital se expressa sob a forma de mercadoria, meio de produção (matérias primas e auxiliares, instrumentos de trabalho) e meios de vida necessários à reprodução da força de trabalho.

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O trabalhador para sobreviver necessita vender a sua força de trabalho (a única mercadoria que possui). A força de trabalho só possui valor quando consumida.

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Em troca da venda da força de trabalho, o trabalhador recebe o salário. Este encobre toda a jornada de trabalho (necessária e excedente) fazendo com que todo o trabalho apareça como pago.

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O produto da produção capitalista é a mais-valia, que significa a materialização do tempo de trabalho que excede ao necessário para a criação da mercadoria.

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O trabalho é propriedade do capitalista, como também o produto dele. O objetivo primordial da produção não é a satisfação de necessidades sociais, mas a produção de mais-valia e a valorização do capital.

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O exército industrial de reserva é um produto da acumulação e é também uma das condições para que esta se efetive. O movimento geral dos salários é regulado pela expansão e contração da população trabalhadora sobrante. O exército sobrante cresce ao crescer a riqueza social.

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• O importante é destacar as relações sociais através das quais este processo se realiza. Para tanto, devemos considerar não o capitalista e o trabalhador individualmente, mas o conjunto dos capitalistas e dos trabalhadores enquanto classes sociais que personificam categorias econômicas: o capital, o trabalho e o seu antagonismo. A classe trabalhadora cria os próprios meios de sua dominação, como condição de sua sobrevivência.

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O Serviço Social se cria e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho, tendo por pano de fundo o desenvolvimento capitalista industrial e a expansão urbana, processos apreendidos sob o ângulo das novas classes sociais emergentes (burguesia e proletariado).

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Aspectos da História do Serviço Social no Brasil (1930-1969)

O aparecimento da “questão social” está diretamente relacionado à generalização do trabalho livre substituíndo o trabalho escravo.

A exploração abusiva a que a classe trabalhadora era sobmetida e a luta defensiva que o operariado desenvolve, aparecerão para o restante da sociedade burguesa como uma ameaça a seus valores.

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• Impõe-se, a partir daí, a necessidade do controle social da exploração da força de trabalho.• Com o aprofundamento do capitalismo, a questão social é colocada no centro das contradições que atravessam a sociedade, na contradição antagônica entre burguesia e proletariado.

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A implantação do Serviço Social se dá no decorrer desse processo histórico. Não se baseará, no entanto, em medidas coercitivas demandadas pelo estado. Surge da iniciativa particular de grupos e frações de classe, que se manifestam, principalmente, por intermédio da Igreja Católica.

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A legitimação do Serviço Social, sua origem, diz respeito à demandas das classes dominantes.

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Na década de 20, os movimentos sociais dão visibilidade às condições de precarização no trato com o proletariado, tornado essas condições públicas às diversas classes da sociedade brasileira.

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• Surgem as Ligas Operárias, que procuram aglutinar operários de diversos ofícios, tendo por objetivo a luta pela defesa de seus interesses comuns.•Constituir-se-ão na forma típica de resistência operária organizada, reunindo a parcela mais avançada do movimento operário.

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Na década de 20 são aprovadas leis que garantem uma parcela importante da chamada “proteção ao trabalho”, como lei de férias, acidente de trabalho, código de menores, seguro-doença etc.

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Na República Velha, as medidas parciais implantadas, combatidas pelo empresariado, visam à ampliação da base de apoio e à atenuação do conflito social, sem implicarem em um projeto mais amplo de canalização das reinvindicações operárias.

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Será a ação assistencialista da elite que constituirá a base para o surgimento do Serviço Social.

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A protoforma do Serviço Social se desenvolve moderadamente na década de 20 e se acelerará na década seguinte, com a mobilização da Igreja, do movimento católico leigo. Surgirá o Serviço Social como um departamento especializado em sua doutrina social.

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O desenvolvimento capitalista, tendo por núcleo central da acumulação a economia cafeeeira, traz contraditoriamente, em seu interior, o aprofundamento da industrialização, a urbanização acelerada, com a diferenciação social e diversificação ocupacional resultantes da emergência do proletariado e da consolidação dos estratos urbanos médios.

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Entretanto, a crise mundial de 1929 atuará como um catalisador dessas contradições, acelerando o surgimento das condições objetivas e subjetivas que possibilitaram o fim da supremacia da burguesia ligada ao complexo cafeeiro.

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• A situação de crise possibilita a aglutinação de oligarquias regionais não vinculadas à economia cafeeira, de setores do aparelho de Estado, militares e as classes médias urbanas. Forma-se assim, uma coalizão extremamente heterogênea, sob a bandeira da diversificação do aparato produtivo e da reforma da política que desencadeia o movimento político militar que põe fim à República Velha.

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Nesta época, o empresariado começa a aceitar a regulamentação do mercado por parte do Estado, aceitando como uma contingência necessária, entretanto se negará a arcar com qualquer ônus de sua implementação.

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Nesse período, Igreja e Estado, unidos pela preocupação comum de resguardar a ordem e a disciplina social, se mobilizarão para, a partir de distintos projetos corporativos, estabelecer mecanismos de influência e controle sobre a sociedade civil.

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A partir de 1932 ocorre uma grande diversificação e ampliação do movimento laico tendo por base as instituições Centro Dom Vital e a Confederação Católica.

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A intelectualidade católica procurará a adaptação à realidade nacional do espírito das Encíclicas Sociais Rerum Novarum e Quadragésimo Anno.

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A mobilização do movimento laico obecerá, pois, aos objetivos de definir as relações entre Igreja e Estado a partir de um modelo que seja favorável à primeira. Isto é, que lhe garanta e amplie os antigos privilégios e prerrogativas, e assegure, dentro do aparelho de Estado, as posições indispensáveis para a consolidação de sua influência social.

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No entanto, o que se poderia considerar como protoformas do Serviço Social, como hoje é entendido, tem sua base nas obras e instituições que começam a brotar após o fim da Primeira Guerra Mundial.

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• As instituições assistenciais que surgem nesse momento, como a Associação das Senhoras Brasileiras (1920) no Rio de Janeiro, e a Liga das Senhoras Católicas (1923) em São Paulo, possuem não apenas no discurso uma diferenciação em face das atividades tradicionais da caridade. Envolvem o nome da burguesia carioca e paulista, possuem aportes de recursos do Estado que lhes possibilita o planejamento de obras assistenciais de maior porte e eficiência técnica.

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Protoformas do Serviço SocialO Centro de estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS) é considerado como manifestação original do Serviço Social no Brasil e surge em 1932 com o incentivo e controle da hierarquia.

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O obejtivo do CEAS será promover a formação de seus membros pelo estudo da doutrina social da igreja e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais, visando tornar mais eficiente a atuação das trabalhadoras sociais.

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Nesse sentido, quando em 1936 é fundada pelo CEAS a primeira escola de Serviço Social, esta não pode ser considerada como fruto de uma iniciativa exclusiva do Movimento Católico Laico, pois já existe presente uma demanda a partir do Estado que assimilará a formação doutrinária própria do apostolado social.

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O Serviço Social no Rio de Janeiro e a Sistematização da Atividade Social

Em 1936 é realizado o primeiro curso intensivo de Serviço Social, com duração de 3 meses. Constava de uma série de palestras sobre temas sociais, legais, educacionais e médicos com ênfase na infância abandonada.

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A primeira iniciativa direta do governo para formação de Assistente Social será em 1940 com o curso de Preparação em Trabalho Social na Escola de Enfermagem Ana Nery e dará origem à Escola de Serviço Social da Universidade do Brasil.

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A finalidade do trabalho das Assistentes Sociais era prevenir situações de desorganização e decadência das famílias operárias e procurar elevar seu nível econômico e cultural por meio de serviços de assistência e educação.

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Nos encontros e conferências promovidos pelo movimento católico como: A semana de Ação Social e o Congresso de Direito Social, são expostas as primeiras tentativas de sistematização da prática e ensino do serviço social, assim como a visão do mundo que dá suporte a essas formulações.

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O marco da influência norte-americana no ensino especializado no Brasil foi o Congresso Interamericano de Serviço Social realizado em 1941 em Atlantic City (USA). A partir desse evento se amarram os laços que irão relacionar estreitamente as principais escolas de Serviço Social brasileiras com as grandes instituições e escolas norte-americanas.

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A ABESS (Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social – 1946) aparece como principal agência de difusão das modificações curriculares e de homogeneização do ensino no âmbito nacional. O explícito julgamento moral é substituído por um julgamento moral que se insinua através de uma análise de cunho psicológico.

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Com o Estado Novo (déc. 30) se abre uma política econômica que se coloca nitidamente a serviço da industrialização, procurando reverter para esse pólo os mecanismos econômicos naturalmente voltados para a sustentação da agro-exportação.

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A violência caracteriza o Estado Novo, visto que tenta superar a luta de classes por meio da repressão e tortura.

A expansão da acumulação se dá na ordem direta do aumento da miséria relativa da população trabalhadora e do aprofundamento de sua subordinação ao capital.

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Com a liquidação da Aliança Nacional Libertadora em 1935 e a desarticulação do restante do movimento operário com a repressão que se segue ao golpe de Estado de 37, os sindicatos são definitivamente transformados em agências de colaboração com o Poder Público.

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As instituições sociais e assistenciais convertem-se em instrumento de controle social e político dos setores dominados e de manutenção do sistema de produção, tanto por seus efeitos econômicos, como pela absorção dos conflitos sociais e disciplinamento das relações sociais vigentes.

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As instituições Assistenciais e o Serviço Social:

1) A legião Brasileira de Assistência:

É organizada em consequência

do engajamento do pais na Segunda Guerra.

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Consistia de uma iniciativa de particulares e financiada pelo governo para prover as necessidades das famílias cujos chefes tinham sido mobilizados para a guerra. A LBA começa a atuar em praticamente todas as áreas de assistência social.

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2) SENAIEm 1942 é criado o Serviço Social Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) com a incumbência de organizar e administrar nacionalmente escolas de aprendizagem para industriários. Está entre as primeiras grandes instituições a incorporar e teorizar o Serviço Social, utilizando as técnicas de caso e grupo.

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3) SESIO Serviço Social da Indústria (SESI) é oficializado em 1946, por intermédio do mecanismo de Decreto-lei ainda vigentem durante o período de elaboração da nova Constituição. Será atribuído ao SESI estudar, planejar e excutar medidas que contribuam para o bem-estar do trabalhador na indústria.

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O Serviço Social será reafirmado como elemento essencial para a harmonização entre capital e trabalho, atuando no sentido de conscientizar o patronato e preparar a elite de trabalhadores.

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A instituição (SESI) não possui cunho beneficente (não se destina a indigentes). Se destina aos inseridos formalmente no mercado de trabalho.

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4) Fundação Leão XIIIA Fundação Leão XIII surge em 1946, oficializada por um Decreto-Lei da presidência da República, como primeira grande instituição assistencial que tem por objetivo explícito uma atuação ampla sobre os habitantes das grandes favelas, que já nesse momento concentram parcela importante da população pobre dos grandes centros urbanos.

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Contando com forte apoio institucional a apartir do Estado e da hierarquia católica, procurará coordenar os serviços assistenciais que possam ser prestados à população englobada em seu âmbito, tendo por base sua própria infra-estrutura a ser montada (Centros de Ação Social (CAS)), assim como a de outras instituições e entidades.

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Previdência Social e Serviço SocialO Seguro Social começa a ser implantado ainda na fase final da República Velha. A partir da Lei Eloy Chaves aprovada pelo parlamento em 1923, lançam-se as bases para a futura política de Seguro Social, cujos princípios fundamentais permanecem válidos até 1966 quando da unificação das instituições de previdência.

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No ano de 1943, se procurará, sob a influência direta do Plano Beveridge, modernizar e ampliar o Seguro Social. Para tanto será proposta a unificação das diversas instituições previdenciárias, a ampliação dos programas de benefícios e sua universalização, com a criação do ISSB (Instituto de Serviço Social do Brasil).

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O processo de surgimento e desenvolvimento das grandes entidades assistenciais, estatais, autárquicas ou privadas, é também o processo de legitimação e instituicionalização do Serviço Social. A profissão apenas pode consolidar e romper o estreito quadro de sua origem católica a partir do mercado de trabalho que se abre.

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O Serviço Social aparece como anteparo às instituições, colocando-se não apenas entre estas e as necessidades da população carente, mas também entre as instituições e a revolta e o inconformismo da população-cliente.

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O elemento catalizador da prática educativa do Assistente Social será propor, veicular e induzir mudanças de comportamento, sem colocar em questão a estrutura de classes. A distribuição de auxílios realizada através de uma pesquisa economico-social, possibilita uma forma eficaz de subordinação e controle dos beneficiários.

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Em busca da atualizaçãoOs Congressos e Seminários constituem-se em momentos privilegiados para explicitar a atualização da profissão, seus métodos e técnicas em relação aos principais problemas sociais da conjuntura presente.

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A institucionalização da profissão foi marcada pelo viés conservador. É apenas no decorrer da década de 60 que o meio profissional dos Assistente Social começa a ampliar-se com certa rapidez, processo que ocorre paralelamente a uma abertura, um processo de modernização em que a instituição e o agente profissional procurarão abrir mão de características autoritárias e paternalistas a serviço das classes dominantes.

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Nos últimos anos da década de 50, podem ser localizadas as primeiras manifestações contra as práticas institucionais vigente. Essas posições florecem entre os profissionais vinculados a trabalhos de Desenvolvimento de Comunidade.

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Questões de prova FUMARC:As condições peculiares que determinam o surgimento do Serviço Social como fenômeno histórico, social, atividade profissional, e em que se reproduziram seus primeiros modos de aparecer, marcam a profissão como:

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a) criação típica do capitalismob) prática social a serviço do operariado

c) estratégia de prática social do Estado

d) projeto da classe trabalhadora

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O assistente social tem a _____________ como matéria prima ou objeto de trabalho profissional, devendo apreender como esta, em suas múltiplas expressões, é experimentada pelos sujeitos em suas vidas quotidianas.

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O termo ou expressão que preenche, CORRETAMENTE, a lacuna do texto é:a) técnica.b) sociedade.c) teoria social.d) questão social.