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Relatório 4 – Derivados do silício

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Page 1: Relatório 4 – Derivados do silício

Relatório 4 – Derivados do silício

Page 2: Relatório 4 – Derivados do silício

Autoria e Edição de Bain & Company 1ª Edição Abril 2014

Bain & Company Rua Olimpíadas, 205 - 12º andar 04551-000 - São Paulo - SP - Brasil Fone: (11) 3707-1200 Site: www.bain.com

Gas Energy Av. Presidente Vargas, 534 - 7° andar 20071-000 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Fone: (21) 3553-4370 Site: www.gasenergy.com.br

O conteúdo desta publicação é de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do BNDES. É permitida a reprodução total ou

parcial dos artigos desta publicação, desde que citada a fonte.

Este trabalho foi realizado com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES (FEP), no âmbito da Chamada Pública BNDES/FEP No. 03/2011. Disponível com mais detalhes em <http://www.bndes.gov.br>.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Índice

Derivados de silício .............................................................................................................................. 4

1. Escopo ............................................................................................................................................ 4

1.1. Silicones ................................................................................................................................. 5

1.2. Cadeia de valor dos silicones ............................................................................................. 6

2. Condições de demanda ............................................................................................................... 8

2.1. Mercado mundial ................................................................................................................. 8

2.2. Mercado brasileiro ............................................................................................................. 10

2.3. Balança comercial ............................................................................................................... 14

3. Fatores de produção .................................................................................................................. 16

3.1. Matérias-primas e custo de produção ............................................................................. 16

3.2. Recursos humanos e equipe de gestão ............................................................................ 21

3.3. Infraestrutura ...................................................................................................................... 21

3.4. Rotas tecnológicas .............................................................................................................. 21

3.5. Capital .................................................................................................................................. 23

3.6. Ambiente regulatório ........................................................................................................ 24

4. Dinâmica da indústria ............................................................................................................... 25

4.1. Estratégias de atuação dos players no mundo ................................................................ 25

4.2. Estratégias de atuação dos players no Brasil ................................................................... 28

4.3. Situação econômica das empresas ................................................................................... 30

4.4. Escala de plantas e investimentos .................................................................................... 31

4.5. Sinergias e polos produtivos ............................................................................................ 33

4.6. Barreira de entrada a novos players no mercado local .................................................. 33

4.7. Características dos clientes ............................................................................................... 34

5. Indústrias relacionadas ............................................................................................................. 35

6. Diagnóstico ................................................................................................................................. 36

7. Plano de ação .............................................................................................................................. 41

7.1. Estimular a demanda brasileira de silicones .................................................................. 42

7.2. Garantir a competitividade dos fatores de produção ................................................... 42

Anexo ................................................................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 47

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Derivados de silício

1. Escopo

O silício é o segundo elemento químico mais abundante da crosta terrestre, correspondendo a 30% em massa.1 Esse elemento é raramente encontrado em sua forma pura, Si. Normalmente ele se apresenta como areia ou quartzo (pedras de dióxido de silício, SiO2).

O silício é da mesma família química do carbono, possuindo características semelhantes, como a tetravalência, que possibilita a criação de cadeias químicas longas e complexas. Entre suas principais utilizações está a produção de silicones, ligas metálicas ferrosas e de alumínio, materiais semicondutores, abrasivos e refratários.

A cadeia do silício inicia-se no minério de quartzo, por meio do qual se obtêm 3 principais produtos: o silício metálico (Si), o ferrossilício (FeSi) e o carbeto de silício (SiC).

O silício metálico é a forma pura do elemento (Si), que atinge aproximadamente 98,5% de pureza.2 Suas principais aplicações são ligas de alumínio, silicones e semicondutores. O ferrossilício é uma liga de silício e ferro (FeSi), que varia de 15% a 90% de conteúdo de silício em peso e com aplicações na siderurgia.3 Já o carbeto de silício é um composto de silício e carbono (Si e C) que pode ser usado em materiais abrasivos, refratários, aço e células fotovoltaicas.

O foco primário deste Estudo são os silicones, tecnicamente chamados de siloxanos polimerizados ou polissiloxanos, produzidos com base no silício metálico (Figura 1). Os demais mercados são abordados no Anexo.

1 Nelson (2013). 2 Minasligas (s/d). 3 Moretto (2000).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 1: Derivados do quartzo

1.1. Silicones

Os silicones são compostos químicos que podem ser utilizados como: (i) insumo-base de produtos como mangueiras resistentes a altas temperaturas, revestimentos de parede e utensílios de cozinha; (ii) aditivos de produtos como xampus e lubrificantes especiais; ou (iii) insumos de processo industriais, como antiespumantes em processos de fermentação e tratamento de efluentes. As principais propriedades que o silicone confere aos produtos ou processos industriais são listadas na Figura 2.

Figura 2: Principais propriedades físico-químicas dos silicones

Brilho Maciez e toque Resistência à temperatura

Durabilidade Proteção Resistência estrutural

Inércia química Redução de espuma Selagem

Isolamento elétrico Repelência à água Adesão

PRINCIPAIS PROPRIEDADES FISICO-QUÍMICAS DOS SILICONES

Fonte: Abiquim (2011)

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Os silicones podem ser classificados como fluidos, elastômeros e resinas, que diferem entre si por suas estruturas moleculares. Fluidos normalmente são compostos por longas cadeias de siloxano. Os elastômeros são fabricados por meio de ligações cruzadas entre diferentes cadeias de fluidos de silicone, conferindo a elasticidade característica desses produtos. As resinas são semelhantes aos elastômeros, também contendo ligações cruzadas, porém, mais próximas, impedindo a elasticidade e garantindo maior rigidez ao silicone.

Elastômeros e fluidos correspondem a cerca de 89% do valor do mercado no Brasil e no mundo,4 enquanto resinas detêm aproximadamente 11% do mercado (Figura 3).

Figura 3: Tipos de silicone

1.2. Cadeia de valor dos silicones

A cadeia de valor dos silicones (Figura 4) se inicia com o mineral quartzo (SiO2, elo 1), que reage com madeira e carvão para gerar o silício metálico (Si, elo 2). O silício metálico reage com clorometano (produzido a partir de metanol e ácido clorídrico) e água para fabricar o siloxano (elo 3), unidade básica dos silicones. Ligações entre siloxanos geram os silicones, que podem ser elastômeros, fluidos ou resinas. O silicone (elo 4) é utilizado, diretamente ou após formulação específica, como componente de um produto final ou em um processo químico (elo 5). Quando é utilizado em um produto final, é destinado ao mercado consumidor (elo 6).

4 Freedonia (2013).

Elastômeros Fluidos1 Resinas

Principais produtos:

Importação do Brasil2 (2012):

Exportação doBrasil (2012):

Indústria:

• Adesivos e selantes• Moldes, implantes• Tubos, mangueiras

• Aglutinantes para tintas• Revestimentos

• 8,1 mil toneladas • 0,7 mil toneladas

• -

• Construção• Saúde• Eletrônicos

• Automotivo• Eletrônicos• Construção

% valor mundo (2012):

• 47% • 11%

• Shampoo• Antiespumante• Lubrificantes

• 9,4 mil toneladas

• 5,1 mil toneladas

• Cosméticos• Químicos• Transporte

• 42%

• 0,1 mil toneladas

(1) Inclui gel de silicone e outros (aproximadamente 7% do mercado global)(2) Não inclui produtos classificados como outros (1,7 mil toneladas)Fonte: Aliceweb; Freedonia (2013); Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 4: Cadeia de valor dos silicones

Entre o silício metálico e o silicone há uma agregação de valor de, aproximadamente, 8 vezes. Tanto o elo do siloxano quanto o elo do silicone agregam cerca de 200% de valor ao produto, em relação ao preço do elo anterior (Figura 5).

Figura 5: Agregação de valor na cadeia dos silicones

Preços relativos na cadeia dos silicones (US$/kg de silicone)

(*)Preço FOB de exportação para silício metálico, preço FOB de importação para o siloxano e preço médio do mercado global de siliconeFonte: Aliceweb; Freedonia (2013); Relatório anual das empresas; Entrevista com especialistas; Análise Bain / Gas Energy

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2. Condições de demanda

2.1. Mercado mundial

Tamanho

O mercado mundial de silício metálico (elo 2 da cadeia do silicone) foi de, aproximadamente, 1,8 milhão de toneladas em 2010, com crescimento anual de cerca de 3% entre 2005 e 2010.5 As principais aplicações de silício metálico são ligas metálicas (50% do mercado em volume), silicones (35%) e semicondutores (15%).5,6

O siloxano (elo 3), produzido a partir do silício metálico, é voltado para a produção de silicone. Em 2012, 1,5 milhão de toneladas de siloxano foram produzidas para atender ao mercado global de silicone de 1,8 milhão de toneladas de silicones7 (elo 4). Esse mercado de silicone alcançou, nesse mesmo ano, um valor de 14 bilhões de dólares.

O crescimento observado do mercado global de silicone, em volume, foi 2,9% ao ano entre 2002 e 2012. Para o período de 2012 a 2022, espera-se um crescimento mais acelerado, a uma taxa de 4,7% ao ano (Figura 6).

Figura 6: Mercado global de silicones (em milhões de toneladas)

5 Roskill (2011). 6 Ligas metálicas e semicondutores são abordados no Anexo. 7 Freedonia (2013).

O crescimento entre 2022 e 2027 foi estimado com base no PIB; CAGR = Compound Annual Growth Rate

Fonte: Freedonia (2013); LCA Consultores (2013); Análise Bain / Gas Energy

Mercado global de silicones(Milhões de toneladas)

ProjeçãoHistórico

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O mercado de silicones é concentrado em 5 indústrias: eletrônicos, construção, transportes, saúde & bem-estar e químicos. O crescimento, em valor, do uso de silicone nessas indústrias foi de 5,3% ao ano entre 2002 e 2012, com destaque para o aumento do consumo na indústria de eletrônicos, de 6,5% ao ano. Para o período de 2012 a 2022, a expectativa é de que esse crescimento seja acima de 5,0% ao ano em todas essas indústrias. O destaque para esse período é a indústria de construção, cujo crescimento anual esperado no consumo de silicones é de 6,6% (Figura 7).

Figura 7: Mercado global de silicones, por indústria consumidora

Tendência da demanda

As principais alavancas de crescimento da indústria de silicones são o crescimento econômico, o aumento da renda, a regulamentação do mercado consumidor e as novas aplicações.

O crescimento econômico resulta no aumento da atividade industrial e do consumo de forma agregada. Como os silicones são utilizados em diversos mercados, o crescimento de seu consumo pode ser balizado pelo crescimento do PIB. A projeção de crescimento do PIB global entre 2012 e 2022 é de 3,9% ao ano.8

O aumento da renda tende a impulsionar o consumo per capita de eletrônicos, construção e automóveis. Além disso, o aumento da renda promove a substituição de produtos de menor qualidade por produtos à base de silicone, com maior qualidade. Um exemplo é a substituição da massa de vidraceiro, utilizada para fixar vidros em janelas, por silicone, que

8 LCA Consultores (2013).

Mercado global de silicones(Bilhões de dólares)

O crescimento entre 2022 e 2027 foi estimado com base no PIBFonte: Freedonia (2013); LCA Consultores (2013); Análise Bain / Gas Energy

5,3% 5,6%

2,9% 3,9%

3,9%

4,7%

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é mais durável. O aumento da renda é demonstrado pelo crescimento esperado de 2,1% no PIB per capita global entre 2012 e 2022.9

A regulamentação do mercado consumidor, em especial as medidas voltadas a resultados economicamente superiores, à segurança e ao bem-estar da população, também exerce um importante papel na demanda por silicone.

Um exemplo de regulamentação de segurança é a obrigatoriedade de airbags em veículos leves. Os airbags são equipamentos que reduzem os ferimentos fatais em acidentes automotivos. Entretanto, para estarem disponíveis em todos os veículos novos, dependem de regulamentação que imponha sua instalação. No Brasil, a instalação do dispositivo em veículos novos tornou-se obrigatória a partir de janeiro de 2014. Os airbags são produtos que contêm silicone, portanto, a obrigatoriedade de sua instalação alavanca a demanda no segmento. Outras tendências regulatórias são abordadas em mais detalhes na Seção 3.6 – Ambiente regulatório.

Também há uma tendência de contínuo desenvolvimento de novas aplicações para o silicone em decorrência de suas diversas propriedades. A Wacker, por exemplo, criou, em 2012, na Coreia do Sul, um centro de P&D de silicones para eletrônicos,10 com linhas de pesquisa que visam identificar novas aplicações para o silicone nessa indústria.

2.2. Mercado brasileiro

Tamanho

O consumo brasileiro de silício metálico foi de 35 mil toneladas em 2012, em face de uma produção de 220 mil toneladas.11 Essa produção está voltada à exportação (85%) e ao mercado local de ligas metálicas (15%), visto que não há produção local de siloxano e dos demais derivados do silício metálico.

Com isso, o consumo local de siloxano, de 22 mil toneladas em 2012, foi integralmente suprido por importações.12 Esse volume foi utilizado para a produção local de silicones.

O mercado brasileiro de silicones foi de 295 milhões de dólares em 2012,13 o equivalente a cerca de 2% do mercado mundial e 55% do mercado da América do Sul e da América Central. Em volume, o consumo local foi de 41 mil de toneladas14 em 2012. Entre 2002 e 2012, o mercado cresceu, em média, 4,4% ao ano, e a projeção para o período de 2012 a 2022 indica um crescimento mais acelerado, de 5,4% ao ano (Figura 8).

9 ERS (2013). 10 Wacker (s/d). 11 Estimado com base em dados de produção de Brasil – Ministério de Minas e Energia (2011) e USGS (2013) e de exportação da Aliceweb. 12 Aliceweb. 13 Freedonia (2013). 14 Freedonia (2013) fornece o número de 38 mil toneladas para o consumo brasileiro em 2012. Apesar disso, o consumo aparente local, calculado com base no comércio exterior de siloxano e silicones, foi de 41 mil toneladas em 2012. No Estudo, é utilizado o valor de 41 mil toneladas para o mercado local de 2012.

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O mercado brasileiro de silicone não corresponde ao consumo de silicone contido15 no País, uma vez que muitos produtos são importados por falta de produção local. Ao considerar o mercado global de silicones e a parcela do PIB brasileiro no PIB global, estima-se que o consumo local de silicone contido possa ter alcançado o valor de 56 mil toneladas em 2012. Dessa forma, nesse mesmo ano, um total de 15 mil toneladas teria ingressado no País contido em produtos importados de maior valor agregado.

Figura 8: Mercado brasileiro de silicones

No Brasil, as principais aplicações dos silicones são saúde e bem-estar, e equipamentos de transportes (Figura 9). Enquanto no mundo essas aplicações são responsáveis, respectivamente, por 14% e 15% do valor do mercado de silicones, no Brasil elas representam 23% e 20% do consumo local.16 Por outro lado, os eletrônicos, principal aplicação em termos mundiais, com 21% do consumo de silicones, representam apenas 11% do consumo de silicones no Brasil. Essas diferenças explicam-se pelo perfil do parque industrial brasileiro, com maior representatividade das indústrias de cosméticos e automobilística no PIB industrial.

15 Silicone inserido em produtos finais. 16 Freedonia (2013). Dados referentes a 2012.

(*) O consumo aparente calculado pelo Consórcio foi de 41 mil toneladas em 2012O crescimento entre 2022 e 2027 foi estimado com base no PIB Fonte: Freedonia (2013); LCA Consultores (2013); Análise Bain / Gas Energy

Mercado brasileiro de silicones(Mil toneladas)

ProjeçãoHistórico

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 9: Mercado brasileiro de silicones, por indústria consumidora

Tendência

O mercado brasileiro de silício metálico tende a permanecer direcionado para a produção de ligas metálicas, visto que não existe previsão de início da produção de siloxano ou de polissilício (silício purificado, para semicondutores) no Brasil.

No segundo elo, o do siloxano, o crescimento da demanda local depende de novos investimentos produtivos em silicone, que dependem das estratégias dos players de produzir localmente ou importar. Essas estratégias são abordadas na Seção 4.2 – Estratégias de atuação dos players no Brasil.

A expectativa de crescimento do mercado brasileiro de silicones, terceiro elo da cadeia, é de 5,4% ao ano entre 2012 e 2020, semelhante à taxa estimada para o mercado global no mesmo período, de 4,7% ao ano. Os mesmos direcionadores da tendência global estão presentes no Brasil: (i) crescimento econômico; (ii) aumento da renda; (iii) regulação; e (iv) novas tecnologias.

Há uma semelhança entre o cenário brasileiro e o mundial no que diz respeito à expectativa de crescimento do PIB e da renda per capita. No Brasil, o crescimento esperado para o PIB, entre 2012 e 2022, é de 3,3% ao ano, contra 3,9% ao ano no mundo.17 O PIB per capita brasileiro, indicativo da renda da população, tem um crescimento esperado de 2,8% ao ano entre 2012 e 2022, diante de uma expectativa de crescimento médio global de 2,1%18 ao ano no mesmo período.

17 LCA Consultores (2013). 18 ERS (2013).

O crescimento entre 2022 e 2027 foi estimado com base no PIB Fonte: Freedonia (2013); LCA Consultores (2013); Análise Bain / Gas Energy

Mercado brasileiro de silicones(Milhões de dólares)

6,9% 6,3% 3,4%

4,4% 3,4%5,4%

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

A regulação no Brasil costuma acompanhar aquelas praticadas pelos países desenvolvidos. Ela tende, mesmo com certo atraso, a ser uma importante alavanca para o aumento do consumo de silicone no País. Por exemplo, como apresentado anteriormente, a obrigatoriedade do uso de airbags em automóveis, implementada nos EUA em setembro de 1998,19 entrou em vigor no Brasil em janeiro de 2014,20 mais de 15 anos depois.

Tratando-se do desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações, um player da indústria declarou que o Brasil não é um grande desenvolvedor de novos produtos à base de silicone, apenas produz localmente silicones com formulações desenvolvidas no exterior. Isso ocorre principalmente porque as exigências das indústrias locais consumidoras de silicone são pouco sofisticadas, demandando produtos que normalmente já são utilizados em outros países.

Outro parâmetro que indica o potencial crescimento do consumo local de silicones é o consumo per capita de silicones no Brasil, fortemente correlacionado21 com o PIB per capita conforme indicado na Figura 10. Em 2011, o consumo de silicones por habitante no Brasil foi abaixo do consumo de países como China e México, cujo PIB per capita é inferior ao brasileiro.

Tanto o crescimento do PIB per capita como a tendência de novas regulamentações com impacto na demanda por silicone podem impulsionar o consumo de silicone por habitante. O aumento do PIB per capita resulta no crescimento do consumo per capita de silicone conforme demonstrado na seta A da Figura 10. Novas regulações e aplicações resultam em movimentação vertical no gráfico apresentado (seta B).

Figura 10: Renda e consumo de silicone per capita

19 RITA – Research and Innovative Technology Administration (1991). 20 Brasil. Presidência da República (2009). 21 O R2 da amostra utilizada na Figura 10 é de 92%.

Fonte: Banco Mundial (2014); Abiquim (2011); Análise Bain / Gas Energy

Consu

mo a

nual

de

silic

one

per

capita

(quilo

spor

habitante

, 2011)

PIB per capita(mil dólares por habitante, 2011)

Renda e consumo de silicone per capita

AB

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Sofisticação da demanda local

A demanda local é pouco sofisticada, evidenciada pelo baixo consumo per capita de silicones e pelas limitações no desenvolvimento local de novas tecnologias e aplicações. Além disso, o Brasil é seguidor no que diz respeito a regulações.

2.3. Balança comercial

A balança comercial da cadeia de silicones no Brasil caracteriza–se pela exportação de produtos dos elos da cadeia localizados a montante, de menor valor, e pela importação de derivados dos elos localizados a jusante, de maior valor agregado. Dessa forma, ocorre um esvaziamento da cadeia produtiva local e o País perde a oportunidade de agregar valor à matéria-prima local.

A balança comercial é superavitária no segmento dos silicones em virtude da elevada exportação de silício metálico. Em 2012, foram exportados 188 mil toneladas de silício metálico (Figura 11), representando 516 milhões de dólares (Figura 12).22 Esse valor corresponde a aproximadamente 85% da produção local de silício metálico (220 mil toneladas em 201223). O principal destino das exportações de silício metálico em 2012 foram os Estados Unidos, com 68 mil toneladas24 enviadas ao país.

O Brasil não possui produção local de siloxano, portanto, toda a demanda é atendida por importações. Em 2012, foram importadas 22 mil toneladas, que representaram um déficit de 69 milhões de dólares na balança comercial. O volume dessas importações cresceu 4% ao ano de 2008 a 2012.

Em 2012, foram importadas cerca de 20 mil toneladas de silicones e exportadas 6 mil, representando um déficit de 14 mil toneladas e 93 milhões de dólares na balança. Esse déficit equivale a cerca de 35% do mercado interno de silicone em volume.

Uma multinacional do setor afirmou que a decisão de produção local de silicones é feita com base na demanda local por tipo de silicone. Há uma grande variedade de tipos e especificações de silicone e, portanto, manter produção local para atender às variadas especificações demandadas pode ser menos vantajoso do que importar, principalmente quando se trata de especificações para o atendimento a uma demanda local pouco significativa.

22 Aliceweb. 23 Estimado com base em dados de Brasil – Ministério de Minas e Energia (2011) e USGS (2013). 24 Aliceweb.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 11: Comércio exterior na cadeia dos silicones (em mil toneladas)

Figura 12: Comércio exterior na cadeia dos silicones (em milhões de dólares)

As importações de silicones em 2012 somaram 11 mil toneladas de fluidos e 8 mil toneladas de elastômeros, com as resinas representando apenas 0,7 mil toneladas (Figura 13). Já as exportações de silicones foram dominadas pelos fluidos, com 5,4 mil toneladas exportadas em 2012.

Imp.

Exp.

Fonte: Aliceweb; Análise Bain/Gas Energy

Comércio exterior na cadeia dos silicones(Mil toneladas)

Fonte: Aliceweb; Análise Bain/Gas Energy

Comércio exterior na cadeia dos silicones(Milhões de dólares)

Imp.

Exp.

Page 16: Relatório 4 – Derivados do silício

16

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 13: Comércio exterior de silicones em valor

3. Fatores de produção

3.1. Matérias-primas e custo de produção

Os principais componentes dos custos de fabricação do silício metálico são matérias-primas baseadas em recursos naturais (quartzo, madeira e carvão) e eletricidade (Figura 14). Para a fabricação do siloxano os custos mais relevantes são a depreciação da planta, o silício metálico e o metanol, enquanto para a fabricação do silicone os custos mais expressivos ocorrem com a aquisição do siloxano e a depreciação da unidade produtiva.

Imp.

Exp.

Fonte: Aliceweb; Análise Bain/Gas Energy

Comércio exterior de silicones(Mil toneladas)

Page 17: Relatório 4 – Derivados do silício

17

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 14: Participação dos principais itens de custos nos preços de silício metálico, siloxano e silicone

Matérias-primas do silício metálico

Os recursos naturais utilizados na produção do silício metálico são quartzo, carvão e madeira (Figura 15), que juntos representam, aproximadamente, 35% do preço do produto.

Figura 15: Matérias-primas do silício metálico

(*) A depreciação dos silicones foi interpolada a partir de dados do siloxanoNota: Os custos de produção são informações sigilosas dos players que atuam neste mercado, portanto as informações disponibilizadas são aproximações para facilitar a compreensão do leitorFonte: Relatórios das empresas; Entrevistas com especialistas; Análise Bain / Gas Energy

Participação dos principais itens de custos nos preços de silício metálico, siloxano e silicone

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

O quartzo, matéria-prima básica, é um dos minerais mais abundantes do planeta com reservas amplamente disponíveis em todo o mundo25.

O carvão é utilizado como agente redutor, capturando o oxigênio do quartzo e liberando dióxido de carbono como resíduo. O processo produtivo permite o uso tanto do carvão mineral quanto do vegetal, cada um apresentando vantagens específicas. De acordo com players da indústria, o custo de produção do carvão mineral é mais baixo, no entanto, o carvão vegetal, produzido pela queima da madeira, contém menos impurezas. No Brasil, emprega-se exclusivamente o carvão vegetal, produzido internamente pelas empresas de silício metálico para uso cativo. Em outros países, como os Estados Unidos e a China, é utilizado principalmente o carvão mineral.

A madeira também é usada como agente redutor no processo químico. Comparada ao carvão, seu custo é superior, porém sua porosidade é importante para garantir a permeabilidade do leito redutor26, permitindo a liberação dos gases gerados. Por isso, tanto o carvão quanto a madeira são utilizados no processo produtivo.

A madeira consumida na produção brasileira de silício metálico normalmente é plantada pelos próprios fabricantes, representando uma vantagem competitiva local.27 No Brasil, a idade média de corte do eucalipto, por exemplo, é de 7 anos após o plantio, quando atinge cerca de 35 metros de altura. Em outras regiões do planeta, ele pode precisar de mais de 25 anos para atingir o mesmo ponto de corte.28

A principal função da energia elétrica no processo produtivo do silício metálico é garantir as elevadas temperaturas necessárias para a reação do quartzo com o carvão. Para isso, são necessários aproximadamente 11,3 MWh por tonelada de silício metálico produzido,27 representando entre 30% e 40% do preço do produto.29 O custo da eletricidade no Brasil é superior ao praticado nos demais países produtores de silício metálico (Figura 16).

25 USGS (2013). 26 Vangskåsen (2012). 27 Brasil – Ministério de Minas e Energia (2009a). 28 BSC (s/d). 29 Globe Specialty Metals (2012).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 16: Custo da eletricidade industrial em 2013

Em resumo, tratando-se das matérias-primas, o Brasil possui vantagem competitiva no quartzo e na madeira e desvantagem no custo da eletricidade. Em relação ao carvão, não está claro se há vantagem ou desvantagem, visto que o carvão vegetal, utilizado localmente, é mais caro, porém fornece vantagem no processo produtivo.

Matérias-primas do siloxano

A produção de uma tonelada de siloxano consome, aproximadamente, 0,38 tonelada de silício metálico e 0,86 tonelada de metanol.30 Seu processo produtivo também utiliza ácido clorídrico, porém, ele não permanece no produto final, sendo reciclado no próprio processo. As matérias-primas correspondem a cerca de 50% do preço do siloxano (Figura 14). O segundo principal componente de custo é a depreciação.

O consumo específico de silício metálico para a produção de siloxano é de 0,38 toneladas de silício para cada tonelada de siloxano produzida. Apesar de ser pouco representativo em volume, o elevado custo unitário do silício metálico faz dele a principal matéria-prima, representando aproximadamente 70% do custo com matérias e 35% do preço do siloxano. O silício metálico também é utilizado para a fabricação de alumínio e outras ligas, de forma que seu preço no mercado internacional fica sujeito à demanda do mercado de ligas metálicas.

30 Calculado com base nas proporções estequiométricas.

Custo da eletricidade industrial (RS$/MWh, 2013)

Outros países produtores de silício metálico: África do Sul, Austrália, Malásia, NoruegaFonte: Sistema FIRJAN (2013); Análise Bain / Gas Energy

Não-produtores de silício metálicoDemais produtores de silício metálicoPrincipais produtores de silício metálico

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

O preço do silício metálico no mercado global está correlacionado ao preço do alumínio, com ambos variando significativamente entre 2007 e 2012 (Figura 17). Para evitar os riscos da oscilação no preço das matérias-primas, alguns produtores de siloxano se integraram a montante, adquirindo plantas de silício metálico.31 Em outros casos, os produtores de siloxano firmam contratos globais de fornecimento a longo prazo, reduzindo o risco na volatilidade dos preços spot.

No Brasil, a oferta de silício metálico é ampla, com produção local de 220 mil toneladas em 2012, das quais 188 mil foram destinadas ao mercado externo, conforme explicado na Seção 2.3 – Balança comercial.

Figura 17: Preço do silício metálico e do alumínio nos Estados Unidos

O metanol é o principal componente no volume do siloxano, com 0,86 toneladas consumidas por tonelada de siloxano produzida. Por ter menor preço unitário, é menos representativo que o silício metálico no custo do siloxano. O metanol representa 20% do custo de matérias-primas do siloxano.

O metanol é uma commodity amplamente disponível no mercado global, produzida com base no gás natural. No Brasil, existe produção de metanol, porém, por causa da pouca disponibilidade e baixa competitividade atual do gás natural, a produção local é insuficiente para atender à demanda brasileira. Assim como no Brasil, os principais países produtores de siloxano – Alemanha, China e Estados Unidos – também suprem sua demanda interna de metanol por meio de produção local e importação.

31 Dow Corning (2009).2

Fonte: Globe Specialty Metals (2012); Index Mundi (2014); Análise Bain / Gas Energy

Preço do silício metálico e do alumínio nos Estados Unidos(Dólares por quilo)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Matérias-primas do silicone O custo do silicone é composto, principalmente, por siloxano e depreciação. Além desses, também se incluem outras matérias-primas, como emulsificantes e aditivos, energia e mão de obra.

O siloxano é a principal matéria-prima dos silicones e representa, aproximadamente, 33% do preço total. Por não ser produzido localmente, torna-se necessária sua importação.

Estima-se que a depreciação represente aproximadamente 30% do preço dos silicones. A depreciação é relacionada ao investimento em capacidade produtiva, que, por sua vez, depende da disponibilidade de financiamento, do custo de capital e das indústrias relacionadas de obra civil e maquinário. Esses aspectos serão analisados posteriormente em seções específicas do Estudo.

3.2. Recursos humanos e equipe de gestão

Executivos locais do segmento afirmam que não existe falta de mão de obra de nível técnico. Em relação a recursos de formação superior, foi apontada a dificuldade em manter os funcionários nas áreas técnicas, já que tais profissionais dão preferência à carreira de gestão em detrimento da especialização técnica. Tratando-se da disponibilidade e qualidade de profissionais de gestão, não foram apontadas lacunas na disponibilidade local.

3.3. Infraestrutura

Empresas do setor indicam que uma infraestrutura logística mais desenvolvida aumentaria a competitividade local. No entanto, como os silicones são produtos de alto valor agregado, o frete não causa grande impacto no custo de produção.

3.4. Rotas tecnológicas

A produção do silício metálico utiliza tecnologias consolidadas e de fácil acesso, enquanto a produção dos siloxanos e dos silicones é realizada com base em tecnologias específicas, desenvolvidas por empresas desse setor. No Brasil, 4 das 6 principais empresas globais do setor já estão presentes (Dow Corning, Wacker, Bluestar e Momentive), diminuindo o gap tecnológico do País. O processo produtivo de cada um dos elos é descrito a seguir.

Silício metálico

Na produção do silício metálico é utilizado um forno de arco elétrico no qual são misturadas as matérias-primas (quartzo, madeira e carvão). Por meio de descargas elétricas, a temperatura do forno é elevada até que os materiais sejam fundidos, resultando no silício metálico.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Siloxano

A produção do siloxano é realizada pela síntese de Müller-Rochow, que também gera sílica pirogênica32 como coproduto (Figura 18). O processo parte do silício metálico, que reage com clorometano (cloreto de metila) em presença de catalisadores (normalmente cobre). O resultado é o silano (dimetildiclorosilano), que é hidrolisado para fabricar siloxano (dimetilsiloxano) e ácido clorídrico. De acordo com especialistas, esse ácido clorídrico é reutilizado no início do processo, de forma que seu consumo durante o processo é mínimo.33

A fabricação de clorometano é secundária ao processo, porém de extrema importância devido ao transporte e à tecnologia. O clorometano é um gás altamente inflamável, o que dificulta seu transporte. Por isso, normalmente esse processo é realizado na própria planta de siloxano. Poucas empresas dominam a tecnologia necessária para a fabricação de clorometano, que se torna, assim, uma barreira à entrada de outros players no mercado de siloxano, de acordo com especialistas.

Figura 18: Processo produtivo do siloxano

Silicones34

A produção dos silicones consiste na “construção” de cadeias com base na junção de elos unitários (siloxanos). Essas cadeias são de fluidos de silicones e podem ser utilizadas para criar fluidos de silicone formulados, elastômeros e resinas (Figura 19).

32 Utilizada principalmente como espessante em produtos diversos e enchimento em elastômeros de silicone. 33 O uso do ácido clorídrico resulta na rápida degradação dos equipamentos industriais, que devem ser trocados a cada 5 a 10 anos. 34 As informações desta subseção foram obtidas em entrevista com players.

Silício metálico

Metanol

Clorometano

Reação

Reaçãocom catalisador

(cobre)Reação

Polidimetil-siloxano (PDMS)

Água

Dimetil-dicloro-silano

Ácido clorídrico

“Siloxano”“Silano”

Fonte: Basic Silicone Chemistry – A Review (1999); Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 19: Silicones básicos e formulados

Os fluidos formulados de silicone são produzidos com base na inserção de radicais específicos às cadeias de fluidos básicos de silicone, de acordo com suas especificações. Dentre os tipos de fluidos formulados de silicone, destacam-se as emulsões de silicone, com ampla utilização em processos químicos. As emulsões também podem ser utilizadas como insumo para a produção de antiespumantes de silicone.

Os elastômeros básicos são fabricados por ligações cruzadas entre diferentes cadeias de fluidos de silicone, conferindo a elasticidade característica de tais produtos. A partir dos elastômeros básicos podem ser fabricados os compostos de elastômero, que obtêm características específicas pela inserção de radicais e aditivos químicos.

As resinas são semelhantes aos elastômeros, também contendo ligações cruzadas, mas, nelas, as ligações são mais próximas, impedindo a elasticidade e atribuindo maior rigidez ao silicone.

3.5. Capital

Executivos das principais empresas do setor, multinacionais, afirmam que o acesso a capital para investimento normalmente é obtido com baixo custo de suas matrizes. Afirmam, no entanto, que a disponibilidade de capital a condições especiais pode ser um fator adicional para atrair investimentos locais.

Fluidos de silicone

Fonte: Entrevista com especialistas

Fluidos formulados

Elastômeros de silicone

Resinas de silicone

Compostos de elastômeros

Resinas formuladas

Emulsõesde silicones

Anti-espumantes

SILICONES BÁSICOSSILICONES

FORMULADOSSILOXANOS

Siloxanos

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

3.6. Ambiente regulatório

O ambiente regulatório pode influenciar a demanda por silicones por meio de ações que visem a maiores benefícios à população. O benefício proporcionado pelos produtos com silicone pode estar relacionado a resultados economicamente superiores, à segurança e ao bem-estar da população.

De acordo com players da indústria, o benefício econômico da utilização de silicones em algumas aplicações é capturado no médio e longo prazos. Em comparação com produtos convencionais, os produtos com silicone contido tendem a resistir a condições mais extremas (altas temperaturas, alta umidade, etc.). Com isso, tendem a oferecer mais durabilidade e vida útil mais longa, necessitando de menos intervenções de manutenção em relação aos produtos convencionais.

Há necessidade de regulamentação, nesse caso, quando as despesas de manutenção de vida útil do produto não são levadas em consideração no momento de definição dos insumos dos processos de produção. Players da indústria mencionam que a utilização de silicones em obras públicas, como pontes e viadutos, reduziria a necessidade de manutenção dessas obras. A redução na manutenção poderia, apesar do maior custo inicial de investimento, trazer ganho real para a sociedade ao se justificar economicamente no longo prazo. Outro exemplo são as lâmpadas de LED, que contêm silicone. Apesar do preço superior, elas consomem menos energia, resultando em economia ao longo da vida útil da lâmpada.

Em muitos casos, o governo precisa interferir no mercado com medidas regulatórias para assegurar a segurança e o bem-estar da população na utilização de determinados produtos ou serviços. Os silicones, como insumos que garantem maior qualidade, poderiam ser beneficiados com a adoção de novas medidas regulatórias. Foi estimado pela Comissão Setorial de Silicones da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim)35 que o surgimento de nova regulamentação voltada para o bem-estar e a segurança da população acarretaria uma demanda excedente de silicones de 10 mil a 15 mil toneladas em 2017. Isso representaria um acréscimo de, aproximadamente, 25% da demanda local esperada para o mesmo ano (50,5 mil toneladas).

Um exemplo de nova regulação é a relativa ao uso de retardantes de chamas não halogenados nos eletrônicos. Os retardantes halogenados podem causar prejuízo à saúde humana e seu emprego está sendo restringido por meio de regulamentação nos Estados Unidos e na Europa36, abrindo espaço para substitutos, que possuem maior conteúdo de silicone.

Na construção civil, o Reino Unido possui um estatuto referente à construção de prédios37, que define diversas especificações de qualidade. Apesar de não estar explicitada a necessidade do uso de silicones, esses produtos podem contribuir de diversas formas para o cumprimento das exigências do estatuto, como a melhoria da eficiência energética, o isolamento de chamas em caso de incêndios, entre outros.

35 Abiquim (2011). 36 IEEE – Institute of Electrical and Electronic Engineers (2010). 37 Ver Legislation.gov.uk (2010).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Algumas dessas regulações já estão sendo implementadas no Brasil, como é o caso da já mencionada obrigatoriedade de airbags em todos os automóveis fabricados no País a partir de 2014.

4. Dinâmica da indústria

4.1. Estratégias de atuação dos players no mundo

Os participantes da indústria de silicones caracterizam-se por uma ampla integração vertical de suas atividades. Dos 8 principais players da cadeia, 4 estão em todos os elos, do silício metálico ao silicone formulado (Figura 20).

Figura 20: Integração vertical na cadeia dos silicones

Silício metálico

A produção global de silício metálico é destinada a dois mercados bastante distintos: Ásia Pacífica e o mundo ocidental. Na Ásia, cuja produção ocorre predominantemente na China, existem diversos pequenos players que juntos produziram cerca de 850 mil toneladas de silício metálico em 2010.38 Desde 2010, existe excesso de capacidade produtiva na China39 em função da crise global de 2008.

38 Roskill (2011). 39 Quebec Silicon Limited (2011).

Ferro-Atlantica

Globe Specialty Metals

Evonink

Momentive

Bluestar

Dow Corning

Shin-Etsu

Wacker Chemie

Integração vertical na cadeia dos silicones

Silício metálico

Siloxano Silicone básico

Silicone formulado

Fonte: Freedonia (2013); Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

O mercado ocidental é semelhante ao chinês em tamanho (950 mil toneladas em 2012), porém com uma concentração maior da produção em poucas empresas (Figura 21). Os 5 maiores players corresponderam a, aproximadamente, 70% da capacidade produtiva em 2012, sendo 3 deles integrados a jusante para a produção de silicones: Dow Corning, Bluestar e Wacker. As demais empresas – FerroAtlantica e Globe Specialty Metals – estão integradas na produção de ferrossilício, produto que utiliza matérias-primas e processos produtivos semelhantes aos empregados na produção do silício metálico.

O aumento da demanda, alavancado pelos 3 mercados a jusante (ligas metálicas, silicones e semicondutores), apontou a necessidade de novas plantas.40 No início de 2014, a FerroAtlantica anunciou que planejava construir uma nova unidade produtiva no Canadá, com capacidade esperada de 100 mil toneladas de silício metálico por ano.40 A Rima, empresa brasileira de silício metálico, também anunciou no início de 2014 que tinha planos para construir uma planta com capacidade de 36 mil toneladas por ano nos Estados Unidos.40

Figura 21: Produtores de silício metálico do mercado ocidental

Siloxano e silicone

Como os principais players de siloxano também fabricam silicones básicos e formulados, a estratégia de atuação dos players pode ser descrita para esses elos de forma conjunta.

Dois terços da produção mundial de siloxano estão concentrados em 3 países: China, Estados Unidos e Alemanha (Figura 22). Esses países têm disponibilidade das principais matérias-primas, estão próximos de grandes mercados consumidores e possuem infraestrutura desenvolvida, garantindo a competitividade das exportações. No caso dos Estados Unidos e da Alemanha, parte do silício metálico é importado, inclusive do Brasil.41

40 AMM (2014). 41 Aliceweb.

Fonte: Globe Specialty Metals (2012); Análise Bain / Gas Energy

Produtores de silício metálico do mercado ocidental(mil toneladas, 2012)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 22: Produção global de siloxano

A produção de silicones básicos é dominada por 6 players globais (Figura 23). Deles, 5 são integrados com a produção de siloxano e 4 também com a produção de silício metálico (Figura 20). A integração vertical no sentido do silício metálico é uma tendência crescente, já que o preço do insumo está sujeito ao mercado de alumínio, como já explicado na Seção 3.1, sobre matérias-primas e custos de produção.

Figura 23: Share da produção global de silicones

A produção de silicones básicos e formulados utiliza linhas de produção específicas para cada tipo de produto, possibilitando a existência de grandes plantas com produção diversificada ou pequenas plantas especializadas. As linhas de produção com maior escala produtiva são as de fluidos de silicones e de elastômeros básicos. Em geral, essas plantas são posicionadas de forma centralizada e, assim como os siloxanos, atendem ao mercado global por meio de exportações.

Fonte: Freedonia (2013); Análise Bain / Gas Energy

Produção global de siloxano(Mil toneladas, 2012)

Participação da produção global de silicones (bilhões de dólares, 2012)

Fonte: Freedonia (2013); Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

O processo produtivo de silicones formulados é descentralizado em função da escala da produção e da especificidade da demanda. Para esses produtos, a ordem de grandeza das escalas dessas plantas é de mil toneladas por ano (de um determinado tipo de silicone formulado). Além disso, os silicones formulados possuem, muitas vezes, especificações definidas pelos consumidores. Dessa forma, ao instalar a planta próxima ao mercado consumidor, as empresas conseguem atender melhor aos mercados locais. Além da descentralização, essa dinâmica de mercado incentiva a participação de empresas de nicho. Um exemplo é a American Sealant Inc., empresa americana especializada em adesivos e selantes de diferentes composições, incluindo silicones.

4.2. Estratégias de atuação dos players no Brasil

Silício metálico

A produção de silício metálico no Brasil é concentrada em 4 players (ver Figura 24), dos quais a Dow Corning é o maior e o único integrado verticalmente na cadeia do silicone que produz silício metálico localmente. Entre os demais produtores locais de silício metálico, a Rima e a Minasligas atuam no campo das ferroligas, produzindo, além do silício metálico, ferrossilício e outras ligas ferrosas, enquanto a Liasa é especializada em silício metálico, sendo este seu único produto.

Com exceção de uma das plantas da Dow Corning localizada no Pará, as demais estão em Minas Gerais. Isso ocorre devido à concentração dos depósitos de quartzo de alta pureza nesse Estado42. Todas as empresas focam na exportação do silício metálico devido ao baixo consumo local de tal insumo. No Brasil, a única aplicação do silício é na metalurgia, com baixo consumo aparente (aproximadamente 15% da produção local em 2012).

Figura 24: Produtores de silício metálico do Brasil

42 Brasil. Ministério de Minas e Energia (2009a).

(*) Capacidade produtiva de 2009Nota: Dados aproximados a partir de fontes abertasFonte: Sites das empresas; Brasil – Ministério de Minas e Energia (2009a); Análise Bain / Gas Energy

Produtores de silício metálico do Brasil(mil toneladas, 2012)

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Siloxano e silicones

Como não existe produção de siloxano no Brasil, o fornecimento de matéria prima para a produção local de silicone é efetuado exclusivamente por meio de importações, principalmente da Europa e dos Estados Unidos. Em 2012, a Europa foi a origem de mais de 80% das importações brasileiras de siloxano, enquanto os Estados Unidos representaram aproximadamente 15%.

Já houve produção de siloxano no Brasil em 1987, com a planta da Silinor em Camaçari, na Bahia. Tratava-se de uma joint venture entre a Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga e a Dow Corning, em uma planta de escala reduzida. A pequena escala resultou na falta de competitividade da produção, de forma que a Dow Corning optou por desativar a unidade e suprir o mercado brasileiro por meio de importações.

No elo dos silicones básicos, estão presentes no Brasil 4 dos 6 principais players globais: Dow Corning, Wacker, Bluestar e Momentive (Shin-Etsu e Evonik não estão presentes com negócios relativos ao silicone). A Dow Corning é líder em market share local, porém a participação exata de cada player não foi identificada pelo Consórcio. Esses players produzem parte do fluido de silicone utilizado localmente e importam o restante de suas filiais. No caso dos elastômeros básicos, não há produção local, e as empresas importam tal intermediário para abastecer a produção local de compostos de elastômero.

O Brasil é percebido pelos players de silicones como um potencial hub de abastecimento de silicone da América do Sul e América Central, mas não como potencial exportador global. É importante ressaltar que para obter o benefício de livre comércio na zona do Mercosul, é necessário que haja agregação local de valor de pelo menos 60%43,44. De acordo com players da indústria, em alguns casos os silicones produzidos no Brasil não atingem essa cota, estando sujeitos aos mesmos impostos de produtores europeus ou norte-americanos.

No Brasil, os silicones formulados são, em geral, produzidos localmente, seguindo a mesma lógica observada em outros países do mundo. Os players globais preferem estar próximos ao mercado consumidor, conseguindo identificar produtos e soluções específicas para as necessidades de seus clientes. Existem também diversos players locais que compram os silicones básicos e os formulam em aplicações de nicho.

43 Regime de Origem do Mercosul. 44 OEA (2004).

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4.3. Situação econômica das empresas

Silício metálico

Entre os 5 principais players globais de silício metálico, 3 são integrados a jusante com a produção de silicones e não reportam o resultado da operação de silício metálico separadamente (Dow Corning, Bluestar e Wacker). Os demais são o grupo espanhol FerroAtlantica e a norte-americana Globe Specialty Metals. O Grupo FerroAtlantica é parte do Grupo Villar Mir, um grupo espanhol com atuação global que participa de diversos segmentos, incluindo eletrometalurgia, fertilizantes, construção civil e energia. A Globe Specialty Metals é uma empresa focada em silício metálico e ligas de silício (por exemplo, o ferrossilício), com atuação predominante na América do Norte. Ambas as empresas são grandes players, com situação financeira estável (Figura 25).

Figura 25: Desempenho financeiro dos players de silício metálico

Silicones

As 6 principais empresas de silicone do mundo são de grande porte e atuam em diversos segmentos além do silicone. Shin-Etsu, Momentive e Wacker contam com unidades de negócio específicas para a cadeia dos silicones (Figura 26), com receita acima de 1 bilhão de dólares nessas unidades em 2012. A Momentive e a Wacker são as únicas que disponibilizam seu EBITDA45 específico para o negócio de silicone, com resultados de 10% e 11% em 2012, respectivamente.

45 Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (em português, Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 26: Desempenho financeiro dos players da indústria de silicones

4.4. Escala de plantas e investimentos

As plantas produtivas variam em escala e porte do investimento nos diferentes elos da cadeia produtiva.

Silício metálico

Para a produção de silício metálico, as unidades produtivas podem utilizar diversos fornos de tamanhos diferentes, possibilitando grande variedade na capacidade das plantas. No início de 2014, a FerroAtlantica anunciou planos para abrir uma planta de silício metálico no Canadá, com capacidade de 100 mil toneladas por ano, que seria a maior do mundo, com investimento aproximado de 375 milhões de dólares.46 No Brasil, a Dow Corning possui uma planta com capacidade de 44 mil toneladas por ano, enquanto a capacidade da planta da Minasligas é de 19 mil.47 O valor do investimento e o tempo de construção dessas plantas não foram identificados pelo Consórcio.

46 Montreal Gazette (2014). 47 Brasil. Ministério de Minas e Energia (2009).

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Siloxano

No elo do siloxano, o processo produtivo exige plantas de grande escala para serem economicamente viáveis. O crescimento do mercado de silicones também contribuiu para o crescimento da escala econômica. A Wacker possuía uma planta de siloxano, na Alemanha, com capacidade de 30 mil toneladas por ano em 2001. Em 2006, a planta foi expandida para 100 mil toneladas por ano e, em 2007, atingiu 120 mil toneladas por ano, exigindo investimentos de cerca de 750 milhões de dólares nas expansões.48 Em 2010, a Momentive e a Zhejiang Xinan formaram uma joint venture para construir uma planta de 50 mil toneladas de siloxano por ano. Em 2013, tal planta foi expandida para 150 mil toneladas por ano, sem uma divulgação pública do custo total da expansão.

No Brasil, um projeto de 2011 da Comissão Setorial de Silicones da Abiquim49 propôs uma planta de 100 mil toneladas por ano para o país. A construção duraria 3 anos e custaria 1,2 bilhão de dólares, com gastos divididos igualmente entre obras civis, máquinas nacionais e máquinas importadas. Posteriormente, players afirmaram que tal escala não seria competitiva em relação a novas plantas de siloxano.

Em 2011, uma joint venture formada pela Dow Corning e a Wacker concluiu a construção de um parque industrial de silicones na China. O complexo custou aproximadamente 1,8 bilhão de dólares, com tempo de construção de 4 anos. Nele está instalada uma planta de siloxano com capacidade de 105 mil toneladas por ano, além de diversas plantas de silicones básicos e formulados.

Silicones

As plantas de silicones básicos e formulados são de pequena escala quando comparadas às de siloxano, com capacidade produtiva inferior a 10 mil toneladas por ano. Em geral, plantas de silicones básicos têm capacidade superior às de silicones formulados, o que se deve, entre outras coisas, à maior variedade da demanda por formulados, destinados a aplicações específicas.

Existem plantas independentes, que fabricam apenas um tipo de silicone, e plantas integradas, que produzem diversos tipos de silicone em um único local.

As plantas independentes possuem capacidade produtiva variável, normalmente inferior a 10 mil toneladas por ano, em geral produzindo apenas silicones formulados. São plantas de pequeno porte voltadas para atender à demanda local, aproveitando a proximidade com o mercado consumidor. O pequeno porte torna-as pouco competitivas quanto ao custo, porém o diferencial delas é a capacidade de adequar a produção às demandas específicas dos clientes. Um exemplo de uma planta independente é a da joint venture entre a Wacker e a Dymatic, empresas que criaram, na China, uma planta de emulsões de silicone com capacidade produtiva de 4,5 mil toneladas por ano.50 O valor do investimento não foi divulgado.

48 Chemicals Technology (s/d). 49 Abiquim (2011). 50 The Indian Textile Journal (2009).

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As plantas integradas possuem diversas linhas de produção específicas para cada tipo de silicone. Essas plantas tiram proveito do fato de serem integradas verticalmente, de forma que o silicone básico produzido na planta pode ser utilizado na fabricação dos silicones formulados. Em 2008, a Momentive investiu 78 milhões de dólares em uma planta na China com capacidade produtiva de 20 mil toneladas por ano de silicones básicos e formulados.51

4.5. Sinergias e polos produtivos

No segmento dos silicones foram identificados ganhos potenciais de se integrar uma planta de siloxano a um polo químico.

O polo químico garante vantagens competitivas às diversas empresas nele inseridas. São sinergias relativas à infraestrutura, abastecimento de matérias-primas, mão de obra, entre outras. Especificamente no caso do siloxano, o polo químico poderia também garantir vantagem no suprimento de metanol importado. A quantidade demandada por uma planta de siloxano é pequena quando comparada a outras aplicações. Desse modo, o polo poderia se beneficiar de economias de escala na compra de insumos como o metanol, já que diferentes indústrias consumidoras poderiam realizar a compra de forma conjunta. Além disso, toda a infraestrutura necessária ao fornecimento e à armazenagem do insumo também poderia ser compartilhada.

4.6. Barreira de entrada a novos players no mercado local

Silício metálico

Não foram identificadas barreiras de entrada relevantes para novos produtores de silício metálico. As matérias-primas são amplamente disponíveis, a tecnologia é simples e de fácil acesso, e o silício metálico é uma commodity, o que facilita sua exportação.

Siloxano

Existem 3 principais barreiras de entrada no elo do siloxano: o custo do investimento para construção de plantas de elevado porte, o alto grau de verticalização e o acesso à tecnologia.

A principal barreira de entrada nesse elo da cadeia é o porte das plantas. Plantas mais recentes de siloxano apresentam capacidade de produção entre 100 mil e 150 mil toneladas por ano, enquanto o mercado local foi de 22 mil toneladas em 2012. Plantas desse porte exigem investimentos que superam 1 bilhão de dólares e dependem de exportação.

O alto grau de verticalização também se apresenta como um limitante de acesso ao mercado interno. Todos os grandes produtores de silicones presentes no país são integrados a montante e produzem siloxano. Com isso, um possível fluxo matriz-filial poderia limitar o mercado interno para um produtor local de siloxano.

51 Shanghai Daily (2008).

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Por último, de acordo com players, o acesso à tecnologia de processo também se apresenta como barreira para novos entrantes do segmento, visto que as tecnologias do siloxano são proprietárias.

Silicone

O mercado de silicones básicos é dominado por poucas empresas multinacionais, porém o de silicones formulados é pulverizado.

Assim como no mercado de siloxano, o tamanho do mercado interno e as barreiras de acesso decorrentes da verticalização da indústria e do acesso à tecnologia podem dificultar a entrada de um novo player no mercado de silicones.

No caso dos silicones formulados, as barreiras são menores, pois as plantas possuem menores escalas. Com isso, novos players teriam menos dificuldade de acessar o mercado, principalmente para atender a aplicações de nicho não atendidas pelos players globais.

4.7. Características dos clientes

Silício metálico

Algumas empresas de silício metálico são integradas a jusante, como já explicado nas seções 4.1 e 4.2, sobre a estratégia de atuação dos principais players. Entre aquelas que comercializam o silício metálico, os clientes são produtores de ligas metálicas, de siloxano e de polissilício (silício purificado, para semicondutores). Nos dois primeiros mercados, em geral as empresas são de grande porte e com capacidade produtiva de centenas de milhares de toneladas. No mercado de polissilício, as empresas são de menor porte, com capacidade produtiva inferior.

No Brasil, como não há produção de siloxano nem de polissilício, os únicos clientes das empresas de silício metálico são as metalúrgicas, que atuam, principalmente, na produção do alumínio.

Siloxano

Em geral, os produtores de siloxano são integrados a jusante, produzindo também silicones básicos. Entre os grandes players de silicone básico, apenas a Evonik não produz siloxano.

Silicone

Os principais produtores globais de silicones básicos são integrados a jusante. Eles fabricam e vendem silicone tanto básico quanto formulado.

O silicone básico pode ser vendido para grandes empresas para uso no processo produtivo ou para posterior beneficiamento (formulação). Essa formulação pode ser feita por grandes clientes para uso próprio ou por empresas locais de pequeno e médio porte que formulam e vendem sua produção. De acordo com players, um exemplo de empresas que utilizam o silicone básico em seu processo produtivo são as fabricantes de celulose, utilizando o silicone como antiespumante.

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Empresas de silicone de pequeno porte normalmente são formuladoras de silicones especializados e atuam em nichos de mercado. No mercado têxtil, algumas pequenas empresas, como a turca Prochem, especializaram-se em formular silicones para tecidos. No mercado automotivo, a inglesa Auto Silicone Hoses é especializada na fabricação de mangueiras de silicone para uso automotivo, adquirindo silicones básicos ou formulados. Na construção civil, empresas como a inglesa K-Rend adquirem silicones básicos (principalmente resinas) para fabricar acabamentos de alto valor agregado. São acabamentos com propriedades específicas, como isolamento térmico e hidrorrepelência.

5. Indústrias relacionadas

A cadeia dos silicones exige investimentos elevados em equipamentos, tornando esta indústria relevante para o segmento. Os elevados investimentos são resultado, entre outros fatores, da alta reatividade do silicone e seus intermediários. Essa característica exige materiais mais resistentes e reduz a vida útil das máquinas empregadas na indústria. Os players do segmento afirmam que alguns equipamentos precisam ser substituídos em prazos inferiores a 10 anos.

Grande parte das máquinas e equipamentos é importada, chegando a um terço do investimento em uma planta de siloxano.52 Segundo especialista do setor, existe produção local de alguns desses equipamentos, mas sua importação ocorre em virtude do menor preço do produto importado em relação ao brasileiro.

52 Abiquim (2011).

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6. Diagnóstico

Cenário atual

O mercado local de silicones foi de 295 milhões de dólares em 2012 e tem uma expectativa de crescer 5% ao ano até 2027, chegando a 643 milhões de dólares.

A balança comercial da cadeia do silicone (a partir do silício metálico) foi, em 2012, superavitária em 346 milhões de dólares, mas com cenários distintos nos diferentes elos da cadeia. Em silício metálico, o País apresentou superávit de 508 milhões de dólares em 2012, enquanto em siloxano e silicone, elos posteriores e com maior valor agregado, a balança comercial foi deficitária em 69 milhões e 93 milhões de dólares, respectivamente.

O déficit em siloxano e silicone deve-se à ausência de produção local de siloxano e ao fato de a produção local de silicone ser insuficiente para atender ao mercado interno (Figura 27). Dessa forma, ao exportar silício metálico e importar siloxano e silicone, o País deixa de agregar localmente valor nesses dois elos da cadeia.

Figura 27: Consumo aparente local na cadeia dos silicones

No elo do silicone, os principais fatores que justificam a falta de investimentos produtivos para atender à demanda local são: (i) demanda local insuficiente para justificar produção local de determinados tipos de silicone, como os elastômeros básicos e alguns tipos de silicones especializados; e (ii) ausência de vantagens competitivas para uma produção local voltada para a exportação.

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O tamanho do mercado local de silicones é inferior ao potencial do País, isso ocorre devido a dois fatores principais:

• Falta de maior adensamento da indústria de transformação consumidora de silicones. As importações brasileiras de bens de consumo finais representaram, aproximadamente, 25% do consumo total de silicone contido no País em 2012.53 Um exemplo de como a falta de adensamento na indústria de transformação resulta em importação de silicone contido é a lei que obriga a presença de airbags nos veículos novos. Essa lei impulsionou a demanda local por airbags, mas não a demanda local por silicone, um dos insumos para airbags. Apesar de haver disponibilidade local dos insumos (incluindo silicones), a falta de produção local de airbags canalizou essa demanda para a importação.

• Falta de estímulos à demanda local de silicone em aplicações nas quais o consumo representaria um maior benefício econômico ou de bem-estar à sociedade. São exemplos de aplicações que se enquadram nessa classificação: (i) utilização de hidrofugantes em obras públicas para reduzir custos de manutenção; e (ii) utilização de retardantes de chama não halogenados em polímeros para reduzir o risco de intoxicação em incêndios.

Outro fator que poderia atrair investimentos de produção local de silicone seria a exportação de silicone para o mercado regional (Américas do Sul e Central). O mercado de silicone da América do Sul e América Central, sem o Brasil, foi de 28 mil toneladas em 2012,54 enquanto o mercado brasileiro foi de 41 mil toneladas.

Para atender ao mercado externo, no entanto, o País não apresenta fatores de produção competitivos o suficiente para atrair investidores com esse objetivo. Dentre os principais fatores, destacam-se:

• Matéria-prima: a principal matéria-prima do silicone é o siloxano, que é importado e, portanto, não representa uma vantagem competitiva local.

• Depreciação: a depreciação é um dos fatores de maior relevância na composição de custos do silicone. Players da indústria mencionam que para grande parte dos equipamentos, o custo de importação é inferior ao custo local.

• Infraestrutura: as questões de infraestrutura de maior relevância referem-se à logística. Assim como na maioria dos segmentos químicos analisados no Estudo, a infraestrutura logística reduz a competitividade local.

A ausência de vantagem relativas aos fatores de produção é agravada pela perda de competitividade no âmbito do Mercosul. As exportações do Brasil dentro da união aduaneira estão sujeitas à limitação imposta pelo Regime de Origem, que exige pelo menos 60% de agregação de valor local. De acordo com players, essa cota não é atingida em alguns casos dos silicones, porém poderia ser caso o siloxano fosse produzido localmente.

53 56 mil toneladas de silicone contido no mercado consumidor versus 41 mil toneladas de silicone no mercado local (Figura 27). 54 Freedonia (2013) e análises Bain e Gas Energy.

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No elo do siloxano, a ausência de uma planta local é resultado: (i) da baixa demanda local em relação ao porte de plantas de siloxano de escala econômica; e (ii) da ausência de uma clara vantagem competitiva para uma produção local voltada para exportação.

Plantas de escala econômica de siloxano possuem capacidade produtiva da ordem de 100 mil a 200 mil toneladas, enquanto a demanda local de siloxano contido55 foi de 34 mil toneladas em 2012. Os fatores que influenciam a demanda local de siloxano são os mesmos apontados anteriormente, que influenciam a demanda de silicones: falta de adensamento da indústria de transformação, falta de estímulo à demanda local e à potencial exportação de silicone para a América do Sul e Central. O mercado de siloxano contido56 da América do Sul e América Central, incluindo Brasil, foi de 57 mil toneladas em 2012.

Além de o mercado local não ser suficiente para absorver a produção de uma planta de escala econômica de siloxano, o País não apresentava, no momento da realização deste Estudo, claras vantagens competitivas para uma produção local voltada à exportação.

• Matéria-prima: a principal matéria-prima do siloxano, o silício metálico, é produzida localmente e exportada. Isso implica potencial vantagem de custo em relação ao preço internacional desse insumo. Porém, essa vantagem é limitada em função da representatividade da energia elétrica na produção do silício metálico e ao alto custo da eletricidade brasileira quando comparada aos demais países produtores de silício metálico.57 O metanol, segunda principal matéria-prima da cadeia, é uma commodity. Os 3 principais países produtores de siloxano, apesar de produzirem metanol, apresentam déficit desse insumo, assim como o Brasil. Desse modo, a insuficiência da disponibilidade local de metanol não é vista como um fator impeditivo para a fabricação local de siloxano.

• Depreciação: a depreciação é um dos fatores mais relevantes na composição de custo do siloxano, sendo influenciada pelo custo de máquinas e equipamentos. A Comissão Setorial de Silicones da Abiquim58 estima que um terço do investimento em uma planta local de siloxano seria direcionado para máquinas e equipamentos importados. Essa necessidade de importação pode representar uma desvantagem no custo do investimento.

• Infraestrutura: assim como na maioria dos segmentos químicos analisados no Estudo, a infraestrutura logística reduz a competitividade local.

A ausência de vantagens competitivas claras nos fatores de produção e o pequeno mercado brasileiro justificam a opção dos players globais por não investirem na produção local de siloxano. Nesse cenário, a falta de planos de desenvolvimento no longo prazo para a indústria, que transmitam segurança aos investidores em relação à demanda e fatores de produção, também tende a influenciar a decisão dos players de não investir em plantas locais.

55 Demanda aparente de siloxano somada ao volume de siloxano contido na demanda de silicone. 56 Demanda aparente de siloxano somada ao volume de siloxano contido na demanda de silicone. 57 Os principais produtores de silício metálico são China, França, Rússia e Estados Unidos (Figura 16). 58 Abiquim (2011).

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Cenário futuro

Estima-se que o mercado local de silicones cresça 5% ao ano até 2027, atingindo 75 mil toneladas de silicone, representando 62 mil toneladas de siloxano contido.

Baseando-se na demanda local de silicone em 2012 e assumindo que não haja aumento da produção local nos próximos anos, as importações líquidas de silicone aumentariam de 14 mil toneladas em 2012 para 49 mil em 2027 (Figura 28), o que representaria um aumento no déficit de silicones de 93 milhões para 360 milhões de dólares. Além disso, as 22 mil toneladas de siloxano importadas em 2012 continuariam a ser importadas, contribuindo para o déficit da balança comercial em 69 milhões de dólares.

Figura 28: Previsão da importação de silicones no Brasil (em mil toneladas)

Em um primeiro cenário de investimento no qual houvesse aumento da capacidade produtiva de silicone para suprir o mercado local de 2027, seria necessário expandir a capacidade anual local em 50 mil toneladas. Esse investimento teria um impacto de 389 milhões de dólares na balança comercial da cadeia de silicone (Cenário 1 da Figura 29). No entanto, considerando o impacto negativo de 163 milhões de dólares na balança dos insumos para produção do silicone, principalmente de siloxano, o impacto líquido seria de 226 milhões de dólares. Com isso, a balança de siloxano e silicone passaria de um déficit potencial de 428 milhões de dólares para 202 milhões de dólares por ano.

Produção local

Importação

Nota: A projeção considera que o adicional de silicone importado a partir de 2017 seria formulado, de maior valor agregado. Foiutilizado como parâmetro o preço médio global de 2012, de 7,79 dólares por quilo. As 14 mil toneladas de 2012 foram importadas a um preço médio de 5,71 dólares por quilo e foi considerado que esse valor se manteria ao longo dos anos da projeção.Fonte: Aliceweb; Freedonia (2013); Abiquim (2011); Análise Bain / Gas Energy

Previsão da importação de silicones no Brasil(mil toneladas)

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Figura 29: Cenários de projeção de balança comercial de 2027 (em milhões de dólares)

Em um segundo cenário, além do investimento na produção local de 50 mil toneladas de silicone, é considerada a oportunidade de investir em uma planta de siloxano com capacidade de 100 mil toneladas por ano. Nesse novo cenário, o déficit do País seria ainda menor, 48 milhões de dólares por ano, sendo o impacto final da planta de siloxano de 154 milhões de dólares na balança comercial de 2027.

A oportunidade do primeiro cenário tende a ser capturada pelos players globais conforme a demanda local aumente. Medidas de estímulo à demanda local e ao adensamento da indústria de transformação consumidora de silicone podem acelerar o investimento dessas empresas em plantas de silicone. Esse investimento também pode ocorrer se essas medidas fizerem parte de políticas industriais que gerem um cenário de crescimento mais previsível e confiável para os investidores.

A oportunidade do segundo cenário, investimento em uma planta de siloxano, depende de um planejamento que garanta o desenvolvimento da competitividade local no longo prazo, visto que grande parte da produção terá que ser exportada. Além disso, é necessário criar incentivos provisórios para o investidor que compensem a baixa competitividade local no curto prazo.

O desenvolvimento da competitividade local no longo prazo depende de: (i) energia elétrica barata para assegurar fornecimento de silício metálico a custo competitivo; e (ii) metanol barato. Para os incentivos de curto prazo, podem ser considerados: (i) planos de estímulo à demanda de silicone no Brasil; e (ii) incentivos fiscais temporários.

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O momento é adequado para criar esse ambiente favorável ao investimento, pois se espera um déficit de capacidade produtiva mundial de 410 mil toneladas em 2017 (Figura 30). Desse modo, players globais do setor e potenciais entrantes passarão ou estão passando por um processo de definição de onde instalar a(s) nova(s) planta(s).

Figura 30: Previsão da produção global de siloxano e silicones em 2017 (em mil toneladas)

Dessa forma, a oportunidade nesse segundo cenário consiste em atrair empresas do setor (individualmente ou em consórcios) para discutir oportunidades de investimento local com um planejamento de longo prazo que crie as condições para que o País se torne competitivo.

7. Plano de ação

A estratégia de desenvolvimento local da cadeia dos silicones deve ser fundamentada em melhorar as condições de atuação dos players de silicone no Brasil como contrapartida de investimentos em produção local. As condições locais podem ser melhoradas estimulando-se a demanda brasileira de silicones e garantindo competitividade dos fatores de produção. É importante a coordenação de ações em ambas as frentes, como parte de uma política industrial que transmita segurança a potenciais investidores.

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7.1. Estimular a demanda brasileira de silicones

O estímulo ao mercado local pode ser realizado pelo desenvolvimento de novas regulações de consumo, pela utilização de silicones, por exemplo, em obras públicas e pelo adensamento da cadeia a jusante.

Desenvolver novas regulações do consumo: as regulações podem influenciar a demanda por silicones pelo estabelecimento de padrões de qualidade e pela maior responsabilização do fornecedor. Agências reguladoras brasileiras, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), podem estabelecer novas exigências em diversos produtos a fim de defender o interesse do consumidor. Exemplos de regulações que podem contribuir com isso são:

a) obrigatoriedade da utilização de retardantes de chama não halogenados em polímeros para reduzir o risco de intoxicação em incêndios;

b) normatização do uso de hidrofugantes e hidrorrepelentes em obras para reduzir o custo de manutenção;

c) normas de desempenho mais rigorosas para proteção de módulos eletrônicos por encapsulação de circuitos integrados para garantir a durabilidade do produto final;

d) limitação do uso de lâmpadas fluorescentes em favor das lâmpadas de LED em função do menor consumo de energia.

Elevar os padrões de qualidade das normas para obras públicas: os silicones utilizados em obras públicas podem gerar benefícios financeiros e de segurança. Padrões mais elevados de qualidade para obras públicas podem estimular a adoção do uso de silicones, que, embora elevem o investimento inicial da obra, podem contribuir com a redução de custos de manutenção durante a vida útil do empreendimento.

Estimular a indústria de transformação: para garantir que o desenvolvimento do consumo se converta em maior demanda local por silicones, é necessário estimular a indústria de transformação. Políticas de conteúdo local podem garantir vantagens de produtores brasileiros contra importações. Novas linhas de financiamento e planos gerais de industrialização local também podem auxiliar, visto que os silicones são utilizados em diversas indústrias. É importante uma coordenação entre o governo e a iniciativa privada para dar oportunidade à indústria local de se aparelhar a fim de atender à demanda proveniente de novas regulamentações.

7.2. Garantir a competitividade dos fatores de produção

A competitividade da produção local pode ser melhorada através do suprimento de matérias-primas a custo competitivo, do incentivo às exportações, da redução do custo de investimento e da criação de consórcios.

Garantir o suprimento de siloxano a custo competitivo: enquanto não existir produção local de siloxano, a importação desse insumo é inevitável para o desenvolvimento da indústria de silicones no Brasil. Portanto, garantir a importação competitiva de siloxano é essencial para a sobrevivência da indústria local de silicones contra as importações.

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Garantir o suprimento de metanol a custos competitivos: como o Brasil é importador de metanol, assegurar a competitividade do metanol importado pode elevar a atratividade de investimento na produção local de siloxano. A garantia de manutenção da isenção de alíquota de importação e a redução dos custos de internação relativos à infraestrutura e burocracia portuária são ações que contribuem com tal competitividade.

Reduzir o custo do investimento: como a indústria de silicone é intensiva em capital, as políticas que desonerem esse investimento ou acelerem o retorno financeiro são importantes incentivos ao investidor. Depreciação acelerada, redução do custo do capital por meio de linhas de financiamento específicas e desoneração de investimentos em máquinas são exemplos de medidas com esse objetivo.

Incentivar a formação de consórcios: a criação de alianças estratégicas para produzir siloxano facilita o acesso ao mercado local, visto que este mecanismo pode enfraquecer a lógica dos fluxos de matriz-filial em favor dos fluxos entre as empresas participantes da aliança. Além disso, a aliança é uma forma de atingir mais rapidamente a escala econômica de produção, já que podem ser unidas demandas de diferentes players a fim de equacionar a oferta e a demanda local e internacional. O modelo de joint venture entre a Dow Corning, Wacker e Bluestar, proposto pela Comissão Setorial de Silicones da Abiquim59, funcionaria nesse sentido, a exemplo do que existe entre a Dow Corning e a Wacker na China.

59 Abiquim (2011).

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Anexo

Subsegmentos de segunda prioridade

A classificação dos subsegmentos a seguir como segunda prioridade é resultado de evidências que indicam poucas ou limitadas oportunidades de impulsionar a balança comercial do segmento.

Este anexo contempla uma abordagem simplificada de tais subsegmentos, não apenas com o objetivo de caracterizar a situação geral desses setores no Brasil, mas também para demonstrar o motivo pela priorização definida.

Silício metálico: semicondutores

As principais aplicações dos semicondutores estão na indústria solar (85%60) e na de eletrônicos (15%).61 O mercado global de eletrônicos demonstrou estagnação entre 2010 e 2013,62 enquanto o solar cresceu 12% ao ano no mesmo período. No Brasil, tanto a indústria de eletrônicos quanto a de painéis solares são pouco desenvolvidas.

O mercado interno de eletrônicos é suprido tanto por importações como por produção local. No entanto, a produção local de eletrônicos é concentrada na fase de montagem de componentes.63 Os componentes de microeletrônica e material eletrônico básico, que consomem semicondutores em sua fabricação, são, em grande parte, importados.64 Dessa forma, o mercado direto de semicondutores para a indústria eletrônica no Brasil é muito restrito.

As importações de componentes de microeletrônica e material eletrônico básico com semicondutores contidos somaram 535 milhões de dólares em 2008 e 631 milhões em 2012.65 Sem produção local relevante de componentes eletrônicos, a demanda local por polissilício (silício metálico purificado) é prejudicada.

No mercado de energia solar, foram instalados 30 GW de potência66 em painéis fotovoltaicos, no mundo, em 2012. No Brasil, esse número foi de 6,5 MW, 67 representando 0,02% das instalações do mundo. Essa demanda local equivale a 39 toneladas de polissilício,68 o que ocuparia cerca de 0,3% de uma planta de escala econômica desse material (aproximadamente 15 mil toneladas por ano69), de forma que uma unidade produtiva brasileira precisaria ser voltada para a exportação.

60 Em valor. 61 Dados referentes ao ano de 2012. 62 NPD Solarbuzz, 2014. 63 Journal of Technology Management & Innovation (2007). 64 Instituto de Economia da UFRJ (2008). 65 Aliceweb. 66 Renewable Energy World (2013). 67 Jornal da Energia (2013). 68 Considerando o consumo específico de 6 toneladas de polissilício por megawatt instalado;. 69 Chemicals Technology (s/d).

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Como a produção de polissilício é intensiva em capital e em tecnologia, a depreciação representa aproximadamente 30% do custo de produção. Com isso, a principal matéria-prima, o silício, tem baixa representatividade no custo de produção, apenas 12,5%.70 Tal representatividade é ainda menor no elo mais a jusante dessa cadeia, o de módulos solares, nos quais a participação da principal matéria-prima, silício metálico purificado, cai para 2% do custo total de produção.71

O pequeno mercado local de painéis solares, a baixa representatividade do silício metálico no custo de produção e a falta de uma indústria relevante de componentes eletrônicos são as justificativas do não detalhamento dos semicondutores no Estudo.

Silício metálico: ligas metálicas

A principal liga que usa o silício metálico é o alumínio, utilizado em grande parte para a indústria automotiva. O silício metálico é empregado na liga para aumentar a resistência a esforços mecânicos do alumínio puro, garantindo, assim, maior dureza ao alumínio.

O silício corresponde a menos de 1% da massa do alumínio, porém, existem ligas de alumínio com maior utilização. Os silumins, ligas de alumínio e silício, contêm, na maior parte dos casos, de 7% a 12% de silício em massa. O conteúdo de silício nas rodas de liga leve, uma das principais aplicações do silumin, é da ordem de 7,5%.72

Há disponibilidade local de silício metálico para utilização na indústria do alumínio, de forma que uma eventual oportunidade de agregação de valor estaria na indústria metalúrgica, motivo pelo qual esse subsegmento não é detalhado no Estudo.

Ferrossilício

O ferrossilício é utilizado na indústria siderúrgica como um desoxidante na produção do aço, representando em média 0,3% do peso do aço.73 A produção de aço é bem desenvolvida no Brasil, tendo sua balança comercial apresentado um superávit de 2,5 bilhões de dólares em 2012.74 O ferrossilício não é considerado um produto químico,75 é pouco relevante em sua cadeia a jusante, que já é bem desenvolvida localmente. Por estas razões, não é detalhado no Estudo.

Carbeto de silício

O Brasil foi o quinto maior exportador de carbeto de silício do mundo, exportando 43 milhões de dólares em 2012.76 Suas principais aplicações são como abrasivos, refratários, siderurgia e semicondutores.

70 Siemens AG (2011). 71 National Renewable Energy Laboratory (2011). 72 Globe Specialty Metals (2013). 73 Alloy Consult (2012). 74 Instituto Aço Brasil (s/d). 75 Classificação da Abiquim. 76 Aliceweb.

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O uso do carbeto de silício como abrasivo está em declínio por causa da redução no consumo total de abrasivos e à substituição do carbeto de silício por outros abrasivos (óxido de alumínio, diamante sintético e nitrato de boro).77 Existe previsão de que a capacidade produtiva global de carbeto de silício decresça 1% ao ano até 2030, em função, principalmente, de sua substituição por óxido de alumínio e diamante sintético.78

A utilização do carbeto de silício no mercado dos refratários é bastante restrita. Ele é parte do nicho dos super-refratários, utilizados normalmente em aplicações de altas temperaturas, podendo superar 1.500 graus Celsius.79 O déficit da balança comercial dos refratários de carbeto de silício foi de dois milhões de dólares em 2012.80

Na siderurgia, o carbeto de silício tem função semelhante à do ferrossilício, como aditivo na produção do aço. Nessa aplicação, ele é normalmente utilizado como substituto ao ferrossilício em momentos de alta do preço deste último.81

No mercado de semicondutores, o carbeto de silício tem função semelhante à do silício metálico. Algumas características físico-químicas, como maior condutividade térmica e bandas de energia mais largas, tornam o carbeto de silício superior ao silício metálico em algumas aplicações.82 A representatividade do carbeto de silício no custo dos painéis solares é semelhante à do silício metálico, e a consolidação desse insumo como alternativa econômica depende, sobretudo, do desenvolvimento tecnológico.

O carbeto de silício não é detalhado no Estudo pelos motivos a seguir:

• no mercado de abrasivos, existe uma perspectiva de redução de seu uso; • na indústria dos refratários, é utilizado no nicho dos super-refratários, com pouca

representatividade na balança comercial; • como aditivo na siderurgia, sua utilização é limitada à eventual substituição de

outro produto consolidado no mercado; e • nos semicondutores, tem pouca representatividade no custo dos produtos finais,

além de o mercado local de semicondutores ser pequeno.

77 Aliceweb. 78 Brasil. Ministério de Minas e Energia (2009). 79 Carborundum Universal Limited (s/d). 80 Aliceweb. 81 Platts, McGraw Hill Financial (2013). 82 Markets and Markets (2012).

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