relatório 5 - sistemas desequilibrados

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Laboratório de Circuitos Polifásicos Medidas em Sistemas Desequilibrados Juremir da Silva Ramos, UFPI. Thiago Cavalcante de Sousa, UFPI . Wilson Thiago Santos Sousa, UFPI. Raniere Lira de Sousa Martins, UFPI І. Resumo: Neste experimento verificamos a medição de potências em circuitos trifásicos com cargas desequilibradas conectadas em Y com neutro, Y sem neutro e , verificando o método do deslocamento do neutro e o cálculo de potências trifásicas. Palavras-chaves: Circuitos trifásicos desequilibrados, Medida de potência, deslocamento do neutro. II. Introdução teórica: A) Sistemas Desequilibrados A seguir são apresentados sistemas nos quais as cargas trifásicas não são iguais. Cargas trifásicas diferentes são chamadas cargas desequilibradas. Para cada uma das configurações são apresentadas as equações necessárias à solução do circuito. A.1) Carga em Δ A resolução de um circuito com uma carga desequilibrada ligada em ∆ consiste em calcular as correntes de fase I AB , I BC e I CA para após, utilizando estas correntes e a Lei das Correntes de Kirchoff calcular as correntes de linha. Desta maneira tem-se que: I AB = EAB Z 1 , I BC = EBC Z 3 , I CA = ECA Z 2 E utilizando LCK: I A = I AB – I CA I B = I BC – I AB I C = I CA – I BC Figura 1- Circuito trifásico desequilibrado em ∆ A.2) Carga em Y com Neutro Em um sistema com uma carga trifásica ligada em Y com neutro, o condutor neutro transporta a corrente não equilibrada. As correntes nas impedâncias são as próprias correntes de linha que são desiguais e não apresentam simetria. Estas correntes não simétricas e a corrente no neutro são dadas por:

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Page 1: Relatório 5 - Sistemas Desequilibrados

Laboratório de Circuitos PolifásicosMedidas em Sistemas DesequilibradosJuremir da Silva Ramos, UFPI. Thiago Cavalcante de Sousa, UFPI .Wilson Thiago Santos Sousa, UFPI. Raniere Lira de Sousa Martins, UFPI

І. Resumo:

Neste experimento verificamos a medição de potências em circuitos trifásicos com cargas desequilibradas conectadas em Y com neutro, Y sem neutro e ∆, verificando o método do deslocamento do neutro e o cálculo de potências trifásicas.

Palavras-chaves: Circuitos trifásicos desequilibrados, Medida de potência, deslocamento do neutro.

II. Introdução teórica:

A) Sistemas Desequilibrados

A seguir são apresentados sistemas nos quais as cargas trifásicas não são iguais. Cargas trifásicas diferentes são chamadas cargas desequilibradas. Para cada uma das configurações são apresentadas as equações necessárias à solução do circuito.

A.1) Carga em Δ

A resolução de um circuito com uma carga desequilibrada ligada em ∆ consiste em calcular as correntes de fase IAB, IBC e ICA para após, utilizando estas correntes e a Lei das Correntes de Kirchoff calcular as correntes de linha. Desta maneira tem-se que:

IAB = EABZ 1

, IBC = EBCZ 3

, ICA = ECAZ 2

E utilizando LCK:

IA = IAB – ICA IB = IBC – IAB IC = ICA – IBC

Figura 1- Circuito trifásico desequilibrado em ∆

A.2) Carga em Y com Neutro

Em um sistema com uma carga trifásica ligada em Y com neutro, o condutor neutro transporta a corrente não equilibrada. As correntes nas impedâncias são as próprias correntes de linha que são desiguais e não

apresentam simetria. Estas correntes não simétricas e a corrente no neutro são dadas por:

IA = EANZ 1

, IB = EBNZ 2

, IC = ECNZ 3

IN = IA

+ IB + IC

Figura 2 – Circuito desequilibrado em Y com neutro

A.3) Carga em Y sem Neutro

Existem três métodos de solução: (1) utilização do método das correntes de malha; (2) transformação da carga em Y em uma carga em Δ; (3) utilização do método do deslocamento do neutro. Veremos a seguir o método

do deslocamento do neutro.Para este método deve ser construído o triângulo

de tensões apresentado abaixo (Figura 4):Figura 3 – Circuito trifásico desequilibrado em Y sem

Neutro

Page 2: Relatório 5 - Sistemas Desequilibrados

Figura 4 – Triângulo das tensões com deslocamento do neutro

Do circuito obtém-se as seguintes equações:

Aplicando-se a lei de Ohm para as impedâncias têm-se:

Como as tensões EAB e EBC são conhecidas pode-se obter a tensão EB0. A partir do triângulo de tensões pode-se obter as tensões EA0 = EB0 + EAB e EC0 = EB0 - EBC e então obter as correntes nas linhas:

A tensão de deslocamentos é dada por:

E0N = EBN – EB0

B) Potência em cargas trifásicas desequilibradas

Com impedâncias diferentes têm-se correntes

diferentes e potências por fase diferentes. Logo deve-se calcular a potência em cada fase e depois somá-las (somente as potências ativa e reativa).

III. Objetivos

Fazer medidas de tensão, corrente em sistemas desequilibrados configurados em triângulo, estrela e estrela com neutro e observar os efeitos.

Observar a importância do neutro num sistema trifásico.

IV. Materiais utilizados

- Painel de montagem com:

Fonte de alimentação 220 VCabos bananasResistor 100 ΩIndutor 305 mHCapacitor 10 µF

VI. Procedimento Experimental

1) Para o circuito em estrela sem ligação com neutro da fonte, mostrado na figura 5, foi calculado os valores teóricos esperados para o seu funcionamento, através dos seguintes valores nominais:

Figura 5-Circuito estrela sem ligação com neutro

Vab = 220 VZ1 = 100 ΩZ3 = L = 305 mHZ2 = C = 10 µF

Como Vab = 220 V é referência temos então que as tensões de fase são:Van = 127< -30º ; Vbn = 127< -150º; Vcn = 127< 90º assim pode-se determinar as correntes de linha:

Z1 = 100 Ω

Z3 = jωL = 115< 90º

Page 3: Relatório 5 - Sistemas Desequilibrados

Z2 = − jωC

= 265,25< -90º Ω

Ia = VanZ 1

=127<−30 °100

= Ia = 1,27 < -30° A

Ib = VbnZ 2

= 127<−150 °265,25<−90

= Ib = 0,479 < 60° A

Ic = VcnZ 3

=127<90 °115<90

= Ic = 1,104 < 0° A

Deslocamento do neutro:

Va n'=Van+Vn=I 1∗Z 1

Vn n'=−(

VanZ 1

+ VbnZ 2

+ VcnZ 3

1Z 1

+1

Z 3+

1Z 2

)

Vn n'=−( 1,27←30 °+1,1←240 °+0,48<180 °0,01<0 °+0,004<90°+0,009←90 °

)

Vn n'=−( 0,325<77,6 °0,0051←78,7 °

)

Vn n'=−63,7<156,3° V

Va n'=127←30 °−63,7<156,3 °

Va n'=190,4←27,89°=I 1∗Z 1I 1=1,9←27,89° A

Vb n'=127←150 °−63,7<156,3 °=103<120 °=I 2∗115<90 °

I 2=0,89<30 ° A

Vc n '=127<90 °−63,7<156,3 °

Vc n '=117<60 °=I 3∗265,25←90 °I 3=0,44<150° A

2) Para o circuito em estrela com ligação com neutro da fonte, mostrado na figura 6, foi calculado os valores teóricos esperados com os mesmos valores nominais citados anteriormente, mostrados abaixo:

Figura 6-Circuito estrela com ligação com neutro

Ia = VanZ 1

=127<−30 °100

= Ia = 1,27 < -30° A

Ib = VbnZ 2

= 127<−150 °265,25<−90

= Ib = 0,479 < 60° A

Ic = VcnZ 3

=127<90 °115<90

= Ic = 1,104 < 0° A

In = Ia + Ib + Ic

¿=1,27( 12− j √3

2 )+0,478( 12− j √3

2 )+1,1

¿=0,635− j1,1+0,414− j 0,239+1,1¿=2,15− j1,339=¿∈¿2,53<31,9 ° A

3) Para o circuito em triângulo, mostrado na figura 7, foi calculado os valores teóricos esperados com os mesmos valores nominais citados anteriormente, mostrados abaixo:

Transformando a ligação da carga de estrela para triângulo temos:

Figura 7-Circuito delta desequilibrado

Correntes de fase:

|I1| =VabZ 1

= 220100

=> |I1| = 2,2 A

Page 4: Relatório 5 - Sistemas Desequilibrados

|I2| =VbcZ 2

= 220115

=> |I2| = 1,91 A

|I3| =VcaZ 3

= 220

265,25 => |I3| = 0,8 A

I1 = 2,2< 0° A ; I2 = 1,91< 30° A ; I3 = 0,8< - 30° A

Correntes de linha:

Ia = I1 – I2 = 2,2< 0° - 1,91< 30° => Ia = 1,1< -60° A

Ib = I3 – I1 = 0,8< -30° - 2,2< 0° => Ib = 1,56< -165° A

Ic = I2 – I3 =1,91< 30° - 0,8< -30° => Ic = 1,66< -54,65° A

Após a montagem do circuito em laboratório foram feitas as medidas com o auxílio do multímetro para cada ligação:

Estrela sem ligação com neutro da fonte

Correntes de linha Tensão de fase

IR = 1,171 A VR = 116,3 V

IL = 1,895 A VL = 234,0 V

IC = 1,176 A VC = 310,8 V

Estrela com ligação do neutro

Correntes de linha Tensão de fase

IR = 1,152 A VR = 114 V

IL = 0,777 A VL = 116,4 V

IC = 0,466 A VC = 120,2 V

IN = 2,166 A ---

Circuito em triângulo

Correntes de fase

Correntes de linha

Tensão de fase

IR = 2,013 A IR = 1,410 A VRS = 204,2 V

IS = 1,49 A IS = 1,182 A VRT = 204,3 V

IT = 0,765 A IT = 1,361 A VST = 206,9 V

A partir dos valores calculados esperados e dos valores medidos em laboratório, viu-se que a primeira evidência de que o sistema está desequilibrado é com o aparecimento de uma corrente elétrica sendo conduzida pelo, pois se as cargas estivessem equilibradas, teoricamente não haveria corrente no neutro e nas medições apenas uma pequena corrente seria conduzida pelo por ele.

Nos circuitos em estrela com neutro e sem neutro, as correntes medidas ficaram um pouco diferentes das correntes calculadas, pois o neutro do laboratório não possui um bom aterramento, mas a corrente do neutro

calculada e medida foram semelhantes mostrando assim que o experimento foi realizado corretamente.

Contudo, os resultados observados foram bastante satisfatórios, pois com o cálculo do deslocamento do neutro foi mostrado a importância do mesmo em um sistema trifásico.

VII. Conclusão:

Neste experimento foram realizadas montagens de circuitos trifásicos desequilibrados em estrela sem neutro, estrela com neutro e em triângulo. Após as medidas das correntes elétricas e das tensões em cada impedância obteve-se um resultado um pouco diferente para o circuito em estrela com neutro e o estrela sem neutro.Foi observado que, para um circuito com neutro as tensões ficam bem estáveis, pois o neutro serve como referência para o sistema.Sendo assim, após esta observação e com os valores medidos próximos ao esperado, pode-se afirmar que a prática foi realizada com sucesso.

VIII. Bibliografia[1] JOHNSON, David; Fundamentos de análise de

circuitos elétricos. 4ª ed. Rio de Janeiro, 2000.

Juremir da Silva Ramos aluno do 6° período do curso de engenharia elétrica UFPI.

Thiago Cavalcante de Sousa aluno do 6° período do curso de engenharia elétrica UFPI.

Wilson Thiago Santos Sousa aluno do 6° período do curso de engenharia elétrica UFPI.

Raniere Lira de Sousa Martins aluno do 6° período do curso de engenharia elétrica UFPI.