relatório cpi da merenda
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Relatório CPI da MerendaTRANSCRIPT
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO
PROCESSO: 223/2012
INTERESSADO: CARLOS EDUARDO ROSSLER.
ASSUNTO: INSTAURAÇÃO DE CPI PARA APURAÇÃO DE DENÚNCIAS DE
IRREGULARIDADES NA TERCEIRIZAÇÃO DO FORNECIMENTO DE
MERENDA ESCOLAR CELEBRADO ENTRE A PREFEITURA MUNICIPAL DE
LIMEIRA E AS EMPRESAS SP ALIMENTAÇÃO E SERVIÇOS LTDA, E LE
BARON ALIMENTAÇÃO LTDA, CONFORME FATOS AMPLAMENTE
NOTICIADOS E DIVULGADOS PELA IMPRENSA LOCAL, REGIONAL E
NACIONAL.
“Não tenhais medo dos homens, pois
nada há de encoberto que não venha
a ser revelado, e nada há de
escondido que não venha a ser
conhecido.” Jesus Cristo, in Mateus,
10:26
EXECELENTÍSSIMOS SENHORES VEREADORES
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RELATÓRIO FINAL
I. DA EXPOSIÇÃO DOS FATOS
A presente Comissão Parlamentar de Inquérito foi
constituída nesta Egrégia Câmara Municipal de Limeira, através do
Requerimento de nº 223/12, assinado pelos vereadores Carlo Eduardo Rossler,
Ronei Costa Martins, Paulo César Junqueira Hadich, João Alberto dos Santos,
Mário Celso Botion, Raul Nilsen Filho, Miguel Lombardi, Almir Pedro dos Santos,
Antônio Brás do Nascimento – Piuí, Carlos Eduardo Silva, Iraciara das Dores
Basetto Barollo Sagioro, José Farid Zaine, Nilce Segalla e Silvio Marcelo
Francisco Brito; e constituída, por força do Ato da Presidência nº 13/2012, com
prazo de funcionamento de 90 dias, prorrogada por igual período, para
“apuração de denúncias de irregularidades na terceirização do fornecimento de
merenda escolar celebrado entre a Prefeitura Municipal de Limeira e as
Empresas SP Alimentação e Serviços Ltda, e Le Baron Alimentação Ltda,
conforme fatos amplamente noticiados e divulgados pela imprensa local,
regional e nacional”.
Referida Comissão Parlamentar de Inquérito restou
composta pelos seguintes vereadores indicados por acordo de lideranças e de
conformidade com o artigo 58, inciso I, combinado com o artigo 122, ambos da
Resolução n.º 44/92 – Regimento Interno da Câmara Municipal de Limeira:
Carlos Eduardo Rossler (posteriormente substituído pelo vereador Eliseu Daniel
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dos Santos), Carlos Eduardo da Silva (posteriormente substituído pelo
vereador), João Alberto dos Santos (posteriormente substituído pelo vereador),
Miguel Lombardi e Ronei Costa Martins; os quais, em primeira reunião, realizada
em data de 17 de maio de 2012, elegeram como Presidente da Comissão
Parlamentar de Inquérito o vereador Eliseu Daniel dos Santos, e como relator, o
vereador Ronei Costa Martins.
Os Excelentíssimos Senhores Vereadores subscritores
do Requerimento n. 223/2012 anteriormente mencionado apresentaram, como
justificativa, o fato de existirem denúncias de irregularidades na terceirização do
fornecimento de merenda escolar celebrado entre a Prefeitura Municipal de
Limeira e as empresas SP Alimentação e Serviços Ltda e Le Baron Alimentação
Ltda, conforme fatos amplamente noticiados e divulgados pela imprensa local,
regional e nacional, motivo que ensejaria a instituição de Comissão Parlamentar
de Inquérito para buscar os esclarecimentos necessários e medidas jurídicas
que o caso requer.
II. DAS PROVAS COLHIDAS
Em data de 17 de maio de 2012, reuniram-se os
Vereadores Eliseu Daniel dos Santos, Carlos Eduardo da Silva, João Alberto dos
Santos, Miguel Lombardi e Ronei Costa Martins, já sob a presidência do
primeiro, os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito aprovaram por
unanimidade a expedição de mandado de notificação ao Exmo. Sr. Prefeito
Municipal de Limeira para que, querendo, se manifesta-se no prazo de 10 dias.
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Posteriormente, a Comissão parlamentar de Inquérito
reuniu-se na data de 04 de junho de 2012, informou a entrega da defesa
apresentada pela municipalidade e determinou o encaminhamento de cópias a
todos os membros desta Comissão para ciência e também tronou disponível a
imprensa, motivo pelo qual a sessão foi suspensa para a leitura do documento
citado. Na sequência foi realizada a leitura da referida defesa pelo relator, Ronei
Costa Martins. Em seguida, foi dada a palavra ao Vereador Ronei para a leitura
dos requerimentos com pedido de informações, os quais foram elaborados
previamente e de comum acordo entre todos os membros.
O presidente da comissão colocou em votação e foram
aprovados todos os Requerimentos na seguinte ordem: 1. Cópia do processo
licitatório, do contrato e dos termos aditivos formalizados entre o MUNICÍPIO DE
LIMEIRA e a empresa LE BARON; 2. Provas emprestadas do processo nº
3108/2010 CPI DA MERENDA; 3. Requer cópias das decisões do TCE sobre a
contratação da LE BARON e o MUNICÍPIO DE LIMEIRA (concorrência,
contratos e aditivos); 4. Cópia do TAC nº 228/2012 celebrado entre a LE BARON
e o Ministério Público do Trabalho da 15ª Região, nos autos da representação
002191.2011.15.000/2-16; 5. Cópia das atas e dos pareceres do Conselho de
Alimentação Escolar referente ao período de vigência do contrato entre o
MUNICÍPIO DE LIMEIRA e a empresa LE BARON; 6. Certidão de quitação de
tributos (Regularidade Fiscal) da empresa LE BARON da Receita Federal e
Estadual e que seja expedido ofício para que a Empresa investigada apresente
as Certidões de quitação de tributos de regularidade fiscal Municipal
(Comprovantes de recolhimento de ISSQN), Estadual e Federal no prazo
improrrogável de quinze dias; 7 – Cópia do Inquérito Civil nº 18/10 e 740/12 em
trâmite na Promotoria de Justiça na área de defesa do patrimônio público; 8.
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Sejam oficiados a Justiça Estadual e Federal para o envio das Certidões de
distribuições de processos judiciais de Limeira, bem como perante a Vara
Federal de Piracicaba/SP, além da área de abrangência da sede da empresa
investigada Le Baron Alimentação na Comarca de Santo André; 9. Cópias do
Processo Administrativo 1.977/2001, do Edital nº 022/2007, e do Pregão
Presencial nº 014/2007 em trâmite na Autarquia Municipal do CEPROSOM; 10.
Cópias das planilhas de medição de consumo (relatório de medição) de todas as
escolas Municipais e Estaduais as quais a empresa LE Baron fornece alimentos
de janeiro de 2012 até a presente data; 11. Cópias a serem enviados pela
Municipalidade de procedimentos de distribuição, da conferência do
recebimento, formas de manuseio, armazenamento e preparo dos alimentos
servidos pela empresa LE Baron; 12. Solicitação de cópias dos procedimentos
administrativos em sua íntegra, que acarretaram na Vigilância Sanitária dos
autos de infração lavrados referente à irregularidades do fornecimento de
Merenda Escolar, incluindo eventuais Laudos, dentre eles do “Instituto Adolfo
Lutz”; Todos estes requerimentos foram discutidos, levados à votação
comprovação unânime de todos os membros, todos devidamente entregues e
cujos documentos fazem parte integrante dos autos. Ao final da reunião, o
Vereador Ronei Martins se manifestou sobre a intimação das testemunhas,
entendendo ser necessário serem feitos somente após o recebimento dos
documentos ora aprovados, a proposta foi discutida e aprovada por todos os
membros.
Em reunião realizada aos 25 dias do mês de junho do
ano de 2012, o Vereador Eliseu Daniel dos Santos solicitou ao Vereador Ronei
Martins a leitura do Oficio nº 35/2012, encaminhado pela Prefeitura Municipal de
Limeira, assinado pela Secretaria de Negócios Jurídicos do Município, Dra.
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Helenita de Barros Barbosa, endereçado ao Presidente da Câmara Municipal de
Limeira, referente ao Oficio 869/2012, atendendo ao Oficio enviado por esta
Edilidade solicitando o envio dos documentos requeridos por esta Comissão
Parlamentar de Inquérito na data de 04 de junho de 2012. Em seguida, o Exmo.
Sr. Presidente solicitou ao vereador relator a leitura do oficio enviado pelo
Presidente da Câmara Municipal de Limeira, que atendendo ao que foi requerido
pela Comissão Permanente de Controle e Fiscalização dos Atos do Poder
Executivo, enviou a esta Comissão cópia do processo TC – Tribunal de Contas
nº 702/02/010/06, protocolado nesta Casa sob o nº 3869/2010. Dando
continuidade aos trabalhos, o presidente comunicou aos demais membros da
Comissão que analisando os autos, observou a ausência dos documentos
solicitados às fls. 28 endereçado ao Ministério Público do Trabalho da 15ª
Região, do documento de fls.29 endereçado a Delegacia da Receita Federal e
também do documento de fls.31 endereçado a Secretaria da Receita Estadual,
registrou que o prazo ainda não havia se esgotado e orientou que a Comissão
aguardasse o fim do prazo legal, já em relação ao documento de fls.30, o
promotor Dr. Luiz Alberto Segalla Bevilacqua fez contato com a assessoria da
casa via telefone, colocando a disposição da Comissão a possibilidade de
realizar-se carga rápida no prazo de 48 horas para extração de xerox dos
documentos necessários, tendo em vista a existência de mais de 22 volumes, o
presidente colocou a matéria para apreciação dos demais membros, que
decidiram pela realização de cópias integrais do referido Inquérito civil.
Considerando que ainda restavam alguns documentos a serem enviados a
Comissão, os vereadores entenderam por bem, aguardar a vinda destes
documentos para somente após a juntada, deliberar sobre a relação das oitivas
das testemunhas a prestarem depoimentos perante a CPI. Esta deliberação foi
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aprovada por todos. Toda a documentação entregue foi colocada a disposição
dos membros da Comissão e por fim, foi deliberada a data da próxima reunião.
Em reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito,
realizada em 10 de julho de 2012, aberta a reunião pelo Vereador Eliseu Daniel
dos Santos, este comunicou aos presentes que compulsando os autos, verificou-
se que os Ofícios 1/2012 encaminhado ao Ministério Público do Trabalho da 15ª
Região, recebido em 15/06/2012 sob o protocolo nº 5867/12; Ofício 2/2012
encaminhado à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Limeira – 8ª RF,
recebido em 15/06/2012 sob o protocolo nº 183/12; e, Ofício 3/2012
encaminhado à Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, recebido em
15/06/2012. Até a referida data não haviam sido respondidos ou entregues a
esta Comissão os Ofícios de resposta. O Sr. Presidente Eliseu consultou os
demais Vereadores membros sobre a possibilidade de insistência, reiterando-se
os Ofícios. Colocado em discussão e votação foi aprovado sua reiteração,
devendo os mesmos serem encaminhados novamente. Tão logo os Ofícios
retornassem com novos documentos, seria comunicado aos procuradores da
Prefeitura Municipal de Limeira pelo prazo de 05 dias para que, querendo, se
manifestassem. Tendo em vista que não existiam até aquele momento outras
provas documentais a serem juntadas aos autos, os advogados da Prefeitura
Municipal de Limeira foram intimados, para que, se manifestassem sobre os
documentos carreados aos autos. Em seguida, a Comissão deliberou sobre a
oitiva de testemunhas que deveriam ser convocadas para serem ouvidas, com a
palavra o Exmo. Presidente informou que os depoimentos iriam ocorrer em três
dias seguidos para melhor aproveitamento dos trabalhos. Na sequencia,
passada a palavra ao Vereador Ronei Martins, este em nome de todos os
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membros da Comissão, explicou os critérios utilizados para justificar a
convocação das testemunhas, as quais poderiam contribuir com a elucidação de
dúvidas com relação a qualidade, quantidade, medição, fiscalização, sobre o
processo licitatório e o contrato da merenda, assim, as convocações ficaram
agendadas da seguinte forma: dia 01 de agosto de 2012 às 09:00hrs as
seguintes testemunhas: 1- ANTONIO MONTESANO NETO (Ex- Secretário da
Educação); 2- SUELI KAZUE KOMATSU; 3 - MARISA BORTOLETTO RIBEIRO
(Sócia Administradora da Le Barom); 4- LUIS CARLOS PRADA (Ex-Diretor da
Merenda escolar); 5- ARACIANA ROVAI CARDOSO DALFRÉ. Dia 02 de agosto
de 2012, às 09:00hrs as seguintes testemunhas: 1- NAILIA AQUINO DA SILVA
(Merendeira); 2- FÁTIMA DE ARAUJO ROSENDO LEONARDO (Merendeira);
EDVALDO MENDES DA COSTA (Presidente do CAE); LEDA MARCIA DE
SOUZA (Ex- Diretora de escola); FABRICIO CASTILHO RODRIGUES Motorista
terceirizado; RODRIGO BELFIORE NUNES Motorista terceirizado; ALFREDO
DA SILVA RIBEIRO (Motorista terceirizado), e para o dia 03 de agosto de 2012
as seguintes testemunhas: 1- SUSANA ELIZABETE PEREIRA DIAS (Atual
Diretora da Merenda Escolar); 2- Diretora Maria Cristina Modesto Fanti; 3- Vice
Diretora Silvana Pereira Chaves Manfre; 4- Diretora Roseli Aparecida Buzinaro;
5- Vice Diretora Luciane Amatio Berto; 6- Diretora Maria Gorette dos Santos
Damasceno; 7- Vice Diretora Silmara Betti Celotti; 8- Diretora Claudia Regiane
Camargo Certori; 9- Vice Diretora Fabiana Pessi Bento Passari; 10- Diretora
Marisa de Fátima Kempe da Silva; 11- Vice Diretora Vilma Setozzi Lima; 12-
Diretora Andréa Giovana Ferreira; 13- Vice Diretora Adriana de Cássia Silveira
Cintra; 14- Diretor Jucélio Duarte; 15- Vice Diretora Elisa de Lima Castellar; 16-
Diretora Marli Theresa dos Santos; 17- Diretora Claudia Regiane Camargo
Sertori; 18- Diretora Lucilena Marcondes; 19- Diretora Ana Márcia de Paula e 20-
Oswaldo Storel Filho (Consultor Merenda Escolar). A Comissão aprovou os
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nomes e as datas por todos os Vereadores através de chamada nominal. A
Comissão também deliberou, através de seu Presidente Eliseu Daniel, sobre a
prorrogação dos trabalhos por mais 90 dias, o qual, submetido à votação, foi
aprovado por todos os Vereadores presentes, sendo determinado que a
aprovação interna (pela Comissão), deverá ser submetida à votação em Sessão
Ordinária.
Em reunião realizada em 01 de agosto do ano de 2012,
às 09h00m, reuniu-se a Comissão Parlamentar de Inquérito no Plenário “Vitório
Bortolan” da Câmara Municipal de Limeira, o Exmo. Sr. Presidente solicitou ao
vereador Ronei Costa Martins que fizesse a leitura do ato de prorrogação por
mais 90 dias dos trabalhos desta Comissão aprovado em Sessão Plenária, com
a justificativa devidamente constante da decisão. O Relator procedeu a leitura da
justificativa de ausência da sócia da empresa Le Barom, Sra. Marisa, por motivo
de força maior, designado sua juntada aos autos. Foi recebido e lido o Oficio
enviado pela Procuradoria do Trabalho de Campinas com cópia do Termo de
Ajustamento de Conduta assinado entre a empresa Le Barom e o Ministério
Público do Trabalho, sendo determinado sua juntada aos autos. Informou-se a
intimação de todas as testemunhas contidas na Ata do dia 10 de julho de 2012.
Foi aprovado a inversão da ordem de oitiva da testemunha Sra. Araciana Dalfré,
Secretaria Municipal de Educação como a primeira a depor na CPI por tratar-se
de ser o primeiro dia da municipalização da merenda escolar depois de ter sido
rescindido o contrato com a empresa Le Baron. Em seguida, o Exmo.Sr.
Presidente desta Comissão solicitou que a Sra. Araciana Rovai Cardoso Dalfré
tomasse assento a mesa para dar início a sua oitiva. Passada a palavra ao
relator vereador Ronei Costa Martins em nome da Comissão, iniciou as
perguntas que foram previamente elaboradas em conjunto com os demais
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membros da Comissão. Em sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão
solicitou que a Sra. Suely Kazue Komatsu tomasse assento a mesa para dar
início a sua oitiva. Ato contínuo, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou
o Sr. Luis Carlos Prada tomasse assento a mesa para dar início a sua oitiva, e
por fim, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou o Sr. Antônio
Montesano Neto tomasse assento a mesa para dar início a sua oitiva.
Aos dois dias do mês de Agosto do ano de dois mil e
doze, as 9:00hrs, reuniu-se a Comissão Parlamentar de Inquérito no Plenário
“Vitório Bortolan” da Câmara Municipal de Limeira, o Exmo. Sr. Presidente da
Comissão colocou em discussão a inversão da ordem para oitiva da testemunha
do Sr. Edvaldo Mendes Da Costa (Presidente do CAE), bem como a desistência
de duas testemunhas que estavam arroladas para depor, os dois requerimentos
foram aprovados por unanimidade. Em seguida, o Exmo.Sr. Presidente desta
Comissão solicitou que Sr. Edvaldo Mendes Da Costa tomasse assento a mesa
para dar início a sua oitiva. O Exmo. Sr. Presidente da Comissão colocou em
discussão o requerimento do Vereador Ronei Costa Martins solicitando a
inversão da ordem para oitiva da testemunha do Sr. Fabrício Castilho Rodrigues,
colocado em votação a inversão foi aprovada por todos os membros. Em
sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou que o Sr. Fabrício
Castilho Rodrigues tomasse assento a mesa para dar início a sua oitiva. O
Exmo. Sr. Presidente da Comissão colocou em discussão o requerimento do
Vereador Ronei Costa Martins solicitando a inversão da ordem para oitiva da
testemunha Sr. Rodrigo Belfiore Nunes, colocado em votação a inversão foi
aprovada por todos os membros. Em sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta
Comissão solicitou que o Sr. Rodrigo Belfiore Nunes tomasse assento a mesa
para dar início a sua oitiva. Durante a oitiva, o declarante, informou ter em seu
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poder cópias de documentos e canhotos que demonstravam a relação entre a
Le Baron e a empresa Terra Azul. O vereador Ronei Costa Martins requereu a
juntada destes documentos aos autos, o qual foi aprovado por todos os
membros da Comissão. Ato contínuo, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão
solicitou a Sra. Nailia Aquino da Silva tomasse assento a mesa para dar início a
sua oitiva, e por fim, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou a Sra.
Fátima de Araujo Rosendo Leonardo tomasse assento a mesa para dar início a
sua oitiva.
Aos três dias do mês de Agosto do ano de dois mil e
doze, as 9:00hrs, reuniu-se a Comissão Parlamentar de Inquérito no Plenário
“Vitório Bortolan” da Câmara Municipal de Limeira, o Exmo. Sr. Presidente da
Comissão colocou em votação o Requerimento do Vereador Ronei Costa
Martins para que a Comissão encaminhasse cópias dos depoimentos dos
motoristas prestados na data de 02 de agosto ao Ministério Público para a
tomada das providências cabíveis, visto que os declarantes informaram se
sentir- se coagidos por terceiros, possivelmente a mando da empresa Le Baron,
o requerimento foi aprovado por todos os membros da Comissão. Também foi
aprovado o requerimento do vereador Ronei Martins solicitando a inversão da
ordem para oitiva da testemunha Sra. Lucilena Marcondes Coelho de Oliveira.
Em sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou que a Sra.
Lucilena Marcondes Coelho de Oliveira tomasse assento a mesa para dar início
a sua oitiva. Logo após, também foi aprovado o requerimento do vereador Ronei
Martins solicitando a inversão da ordem para oitiva da testemunha Sra. Marisa
de Fátima Kempe da Silva. Em sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta
Comissão solicitou que a Sra. Marisa de Fátima Kempe da Silva tomasse
assento a mesa para dar início a sua oitiva. O Exmo. Sr. Presidente da
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Comissão colocou em discussão o requerimento do Vereador Ronei Costa
Martins solicitando a inversão da ordem para oitiva da testemunha Sra. Maria
Gorette dos Santos Damasceno. Em sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta
Comissão solicitou que a Sra. Maria Gorette dos Santos Damasceno tomasse
assento a mesa para dar início a sua oitiva. Logo após, o Exmo. Sr. Presidente
desta Comissão solicitou que o Sr. Jucélio Duarte tomasse assento a mesa para
dar início a sua oitiva. O Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou que o
Sra. Claudia Regiane Camargo Sertori Duarte tomasse assento a mesa para dar
início a sua oitiva. O Exmo. Sr. Presidente da Comissão colocou em discussão o
requerimento do Vereador Ronei Costa Martins dispensando a oitiva de treze
testemunhas que foram devidamente arroladas e estiveram presentes, o qual foi
aprovado por todos os membros da Comissão. Por último, o Exmo. Sr.
Presidente desta Comissão solicitou que o Sr. Antonio Oswaldo Storel Junior
tomasse assento a mesa para dar início a sua oitiva.
Aos quatorze dias do mês de Agosto do ano de dois mil
e doze, as 9:00hrs, reuniu-se a Comissão Parlamentar de Inquérito no Plenário
“Vitório Bortolan” da Câmara Municipal de Limeira, o Exmo. Sr. Presidente Eliseu
Daniel dos Santos consignou a substituição do vereador Carlos Eduardo da
Silva e João Alberto dos Santos respectivamente, pelos vereadores Antonio Braz
do Nascimento e Paulo Barbosa de Melo. Foi lido a petição apresentada pela
advogada da testemunha Marisa Bertolotto Ribeiro, proprietária da Empresa Le
Barom, justificando sua ausência por entender que a imprensa e os trabalhos da
CPI praticamente já teriam a qualificado como ré nos trabalhos desenvolvidos
pela CPI, requerendo assim, vista aos Autos e o adiamento de seu depoimento.
Foi deliberado o primeiro pedido, pelo deferimento de vista aos Autos. Quanto
ao segundo pedido da testemunha Marisa Bortollo dirigido à Comissão, foi
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redesignando uma terceira data para o depoimento, sendo aprovado o
requerimento a data para o próximo dia 28 de agosto de 2012, após contato
telefônico via celular com a procuradora da testemunha, que se comprometeu
para se esforçar para trazer sua cliente. Em eventual ausência da Sra. Marisa
pela terceira vez, ficou registrado que em caso de não comparecimento seria
requerido ao Poder Judiciário sua presença coercitiva. Ao final o vereador Eliseu
Daniel se despediu dos colegas em razão do seu afastamento das atividades
parlamentares do cargo de vereador para se dedicar exclusivamente a
campanha eleitoral, e comunicou sua substituição pelo vereador Carlos Eduardo
Rossler.
Aos vinte e oito dias do mês de Agosto do ano de dois
mil e doze, as 9:00hrs, reuniu-se a Comissão Parlamentar de Inquérito no
Plenário “Vitório Bortolan” da Câmara Municipal de Limeira, o Exmo. Sr.
Presidente Carlos Eduardo Rossler anunciou a juntada de documentos
recebidos em resposta ao ofício desta Comissão, vindos da Delegacia de
Polícia, com cópias do IP que investiga a qualidade do alimento fornecido nas
escolas, foi aprovado também, por todos os Vereadores, a juntada dos
documentos apresentados pela testemunha Marisa, sendo: Contrato Societário
atualizado da empresa, notas fiscais dos últimos três meses, romaneios de
hortifruti, documentos de treinamento dos funcionários, fotos do galpão da
empresa e a forma de acondicionamento, extratos das licitações nos hospitais,
contrato de locação em nome da empresa Le Barom, documentos de
regularização junto à Vigilância Sanitária, ofícios de solicitação de alteração de
cardápios, documentos de regularidade de Fundo de Garantia e rescisões de
contrato de trabalho, relatório mensal da merenda servida e alguns documentos
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de manutenção de itens de cozinha dos últimos 3 meses, bem como pelas fotos
apresentadas pelo vereador Ronei Martins.
Na prática, o processo investigativo somente poderia ser
iniciado com a chegada dos dados e documentos. Deveria seguir cada passo
para rastrear efetivamente o curso da movimentação dos valores, porque assim
chegar-se-ia à estrutura completa de todos os envolvidos e, em seguida, à
identificação do beneficiário final, que, em tese, seria o principal favorecido com
aquela irregularidade. Não havia como antecipar oitivassem ter clareza dos
dados, pois, afinal, o tema dos fundos de pensão possui um teor de tecnicidade
elevado, mais complexo do que todos os outros já investigados pela CPMI.
As linhas de investigação amadureceram conforme a
progressão dos trabalhos. Movida ainda pela incerteza quanto à possível
prorrogação da CPMI, a Sub-relatoria envidou esforços para realizar
umaprestação de contas de suas ações, compromisso que, aliás, foi
estabelecido na apresentação do plano de trabalho.
III. DOS FATOS APURADOS
Do cotejamento das provas produzidas pode-se concluir,
mediante robusta comprovação fática e documental, que os contratos de
Fornecimento de Merenda Escolar com as empresas SP Alimentação e Le
Baron, vencedoras dos certames realizados respectivamente nos anos de 2005
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e 2009, foram extremamente danosos ao erário mediante dolo dos agentes
públicos e particulares envolvidos.
Tal conclusão enseja a adoção das medidas judiciais
cabíveis contra o Ex- Prefeito Silvio Félix, Constância Berbet Dutra e contra o Ex
– Secretário Antonio Montesano Neto, além da responsabilização dos
proprietários das empresas envolvidas.
Depois de apreciados os fundamentos a seguir aduzidos,
requer seja enviado de imediato o presente relatório ao Ministério Público
Estadual para que o incorpore em suas investigações em curso para que tome
as medidas que julgar cabíveis, bem como, as instituições apontadas ao final
para adoção das demais providências pertinentes ao caso.
IV. DA DECISÃO SOBRE A CONTINUIDADE DO
PROCESSO DE TERCEIRIZAÇÃO DA MERENDA ESCOLAR NO MUNICÍPIO
DE LIMEIRA.
Aos sete dias do mês de abril de 2009, no Centro
Municipal de Estudos Pedagógicos (CEMEP), reuniram se o ex - Secretário
Municipal da Educação, Prof. Antonio Montesano Neto, e os Diretores das
Escolas da Rede Municipal de Ensino de Limeira, para debater sobre a situação
da merenda escolar no município, tendo em vista a necessidade de se decidir de
que forma a alimentação dos alunos seria administrada, considerando que
naquele momento havia uma empresa terceirizada (SP ALIMENTAÇÃO)
atuando na área.
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Consta em ata (fls.2029, Volume XI), que o Sr.
Secretário apresentou a situação da merenda escolar, e ressaltou que a
empresa que oferecia a merenda teve seu contrato prorrogado, solicitando um
posicionamento dos dirigentes escolares quanto à qualidade da alimentação
oferecida nas escolas e quanto à forma pela qual a alimentação deveria ser
administrada, ou seja, se deveria ser terceirizada ou se o município deveria
reassumir a gestão da merenda. As diretoras, assim se manifestaram:
“Avaliando a merenda oferecida nas unidades escolares, os
diretores das escolas apontaram que a qualidade da atual
alimentação oferecida tem agradado os alunos e os
profissionais das instituições escolares que acompanham os
trabalhos, e que, com a terceirização, a equipe de gestão
escolar pôde se dedicar com mais afinco ao pedagógico.
Alguns diretores disseram, ainda, que estão muito satisfeitos
com o cardápio oferecido, bem como com a rápida reposição
dos funcionários, quando ocorre algum problema, e com a
manutenção realizada nos equipamentos e utensílios
utilizados”.
O resultado da assembléia realizada pelas diretoras foi
favorável à continuidade do fornecimento da merenda escolar de forma
terceirizada, sendo que, após a votação, constatou-se que 51 diretores foram
favoráveis a terceirização da merenda escolar, 5 foram favoráveis ao município
reassumir a merenda escolar e 4 abstenções foram registradas.
Tendo obtida legitimidade entre seus pares para dar
continuidade à terceirização, os quais consideraram como satisfatória a
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qualidade dos serviços prestados pela empresa SP ALIMENTAÇÃO, o ex –
Secretário Antônio Montesano Neto, deu início ao processo licitatório.
V. O PROCESSO LICITATÓRIO (PREPARAÇÃO DO
PROCESSO DE LICITAÇÃO)
O processo licitatório iniciou-se formalmente em
02.06.09, por meio da Requisição de Compra/Serviço nº 019/2009, emitida pelo
Sr. Luiz Carlos Prada, Ex – Diretor do Departamento de Merenda Escolar, teve
como justificativa, o vencimento do contrato com a terceirizada SP Alimentação
e Serviços LTDA, em 07.09.09. A Requisição foi aprovada pelo Sr. Antonio
Montesano Neto, então Secretário Municipal de Educação (fls. 2026, Volume XI).
Previu-se ainda, que seria necessária uma reserva orçamentária estimada no
valor de R$ 17.923.870,89,
Em 10.06.2009, o Departamento de Gestão de
Suprimentos, ligado a Secretaria Municipal de Administração, solicitou ao Setor
Núcleo de Protocolo, que fosse autuado o processo administrativo, o qual
recebeu o nº 19.083/2009, com a finalidade de abertura de procedimento
licitatório da modalidade “Pregão” nº 104/2009, para: “contratação de
empresa especializada na prestação de serviços de preparo, nutrição,
armazenamento, distribuição nos locais de consumo, logística,
manutenção corretiva e preventiva dos equipamentos e utensílios
utilizados, com emprego de mão-de-obra e treinamento de pessoal, bem
como fornecimento de todos os gêneros alimentícios e demais insumos
utilizados incluindo a prestação de serviços de limpeza nas cozinhas das
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Unidades Escolares, do Ensino Fundamental, Médio, durante o período de
aulas ministradas na rede oficial, inclusive no período noturno, e nas
creches oficiais e onde o município indicar por convênio, também no
período de férias”.
Embora o término do contrato entre a Prefeitura
Municipal de Limeira e a empresa terceirizada estivesse próximo, a eficiência
demonstrada afim de agilizar todos os trâmites burocráticos necessários para
dar seguimento a contratação da empresa que iria substituir a SP
ALIMENTAÇÃO impressionam, pois, se considerarmos que estamos diante de
uma Administração Pública criticada muitas vezes pela lentidão, a rapidez aqui
observada, é digna de nota, quiçá, se assim fosse demonstrado todo esse
empenho em outras áreas da Prefeitura, como na extinção do déficit de vagas
em creches por exemplo.
Em 01.07.09, a Diretoria do Departamento de Gestão de
Suprimentos, enviou um e-mail, às 12h:42min, endereçado ao setor de Licitação
da empresa denominada Gente BR, com o seguinte texto: Prezada Sra; Segue
em anexo solicitação de orçamento, favor preencher o Formulário em
anexo e responder o mais rápido possível. Atenciosamente Cassiana
Pessatti de Toledo – Diretora. Em resposta, o Setor de Licitações da empresa
Gente BR, encaminha um e-mail, às 15h:54min, informando a estimativa de
preço solicitada.
De posse do orçamento, a diretora, que já possuía outras
duas cotações, elabora, pelo visto, rapidamente uma planilha com a descrição
do serviço a ser contratado, constando o nome das empresas consultadas e o
respectivo valor informado, e chega ao preço médio da Licitação, ou seja, R$
17.923.870,89. Na sequência, os autos tramitam internamente do Departamento
18
de Gestão de Suprimentos, sendo destinados ao funcionário Fábio, para que
seja gerada a devida requisição no sistema e posterior encaminhamento ao
Planejamento Orçamentário para reserva de dotação orçamentária no valor já
apontado.
Uma vez gerada a devida Requisição, os autos seguem
para o Departamento de Planejamento Orçamentário para que seja efetuada a
reserva. O Departamento de Planejamento Orçamentário efetua as devidas
reservas orçamentárias, nos importes de R$ 5.200.000,00 para o ano de 2.009
e R$ 12.723.870,89 para 2.010, que culminaram no importe total de R$
17.923.870,89, e encaminha os autos para continuidade de seu respectivo
trâmite processual.
Logo após, o Diretor de Planejamento Orçamentário, as
17h:12min:51s, efetua as movimentações necessárias para alterar os saldo da
reserva de dotação solicitada, conforme demonstra os documentos
(fls.2180/2187), e apresenta uma tabela contendo a estimativa de impacto
orçamentário – financeiro que a despesa iria causar nos anos de 2009, 2010 e
2011.
O ritmo da administração pública local segue rápido,
dando tempo do Assessor Geral do Gabinete do Prefeito, Ordenador das
Despesas, assinar uma Declaração atestando as condições financeiras da
Administração Pública ser capaz de suportar os encargos da presente licitação
em conformidade com o previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (fls. 2188).
19
Embora seja cansativo, é imperioso demonstrarmos
todos os trâmites burocráticos que este processo licitatório passou em um único
dia, fato que no mínimo causa estranheza, mas que vale a pena mencionar
todos os pormenores.
Após vencer todo o ciclo dos trâmites internos da
Diretoria de Planejamento, os autos voltam ao Departamento de Gestão de
Suprimentos e desta vez é encaminhado para o setor de Editais, para
elaboração da Minuta de Edital. O Setor de Editais, a toque de caixa, elabora
uma Minuta de Edital contendo 147 páginas, e envia o processo licitatório nº
19083/09, para análise e parecer da Assessoria Jurídica. É louvável à celeridade
deste setor!
Na mesma data, a Minuta do Edital de Licitação foi
aprovada, pela Dra. Mariane Pinarelli Cover, Assessora Geral Jurídica, da
Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos, por meio do Parecer n°
1908322009-1224. Neste documento, a Assessoria Jurídica informa que a
Minuta do Edital e seus anexos (de 147 páginas), preenchem os requisitos da
Lei de Licitações e opina pelo prosseguimento do certame licitatório,
encaminhando os autos de volta ao Departamento de Gestão e de Suprimentos.
A Diretora do Departamento de Gestão e de Suprimentos
recebe os autos, e envia o processo para apreciação do Sr. Secretário de
Administração, João Batista Bozzi. O Secretário de Administração, estando de
acordo com o procedimento, por sua vez, encaminha os autos para a Secretaria
de Educação para Autorização da Abertura do certame licitatório na modalidade
“Pregão”.
20
Por fim, os autos são recepcionados pelo então
Secretário de Educação, Antonio Montesano Neto, que nos termos da Lei de
Licitações, autoriza a abertura do certame licitatório e encaminha os autos para
as providencias cabíveis.
Relevante destacar, conforme narramos acima, como a
nossa Prefeitura Municipal de Limeira quando quer, sabe ser muito eficiente.
Segundo os documentos juntados aos autos, após o recebimento de um e-mail
enviado praticamente as quatro da tarde, contabilizamos 10 funcionários
públicos que juntos elaboram um total de 16 documentos, entre esses,
Despachos, Declarações, Pareceres e uma Minuta de Edital de 147 páginas!
Toda a estrutura administrativa de quatro Secretarias se movimentaram para
atingir um único objetivo, dar continuidade a terceirização do fornecimento
de merenda escolar para nossas crianças. Veremos mais a frente, que toda a
energia despendida em um único dia, acabou gerando atropelos que forçaram
inúmeras interrupções no certame.
Nobres pares desta Comissão, agora sabemos de toda
capacidade administrativa que detém a Prefeitura de Limeira, não aceitaremos
mais desculpas como justificativas para o não atendimento das demandas da
população nas mais diversas áreas.
V.I DA ELABORAÇÃO DO EDITAL 147/2009
O processo de Licitação nº 19.083/2009, na modalidade
de Pregão Presencial nº 104/09, aberto pelo Edital 147/2009 para a contratação
21
de empresa especializada no fornecimento de merenda escolar foi publicado no
Jornal Oficial do Município em 04.07.2009 (fls. 2318, volume XII).
Depois de iniciado o processo, por determinação da
autoridade competente, atendendo ao pedido de providências para realização de
alterações técnicas da Diretoria de Merenda Escolar, o certame foi suspenso
liminarmente. Esta decisão foi publicada no Jornal Oficial do Município no dia
09.07.2009 (fls.2325).
A Diretoria de Merenda Escolar indicou uma relação das
alterações técnicas que deveriam ser inseridas no referido Edital, em especial,
nos Itens 2.3 Distribuição, 2.4 Logística, 2.7 Medição, 2.12 Coleta de Amostras,
2.19 Elaboração do cardápio e 2.29 Manual de Boas Práticas (fls.2328/2329).
A primeira modificação diz respeito ao cumprimento da
legislação sanitária no ato de distribuição. Inicialmente, o texto do Edital tinha o
seguinte teor:
“A distribuição das refeições deverá ser feita por mão de obra
devidamente qualificada, utilizando-se os utensílios adequados para esta finalidade”.
Passou para a seguinte redação:
“A distribuição das refeições deverá ser feita por mão de obras
devidamente qualificada, utilizando-se os utensílios adequados para esta finalidade e atendendo
normas sanitárias vigentes”.
A segunda modificação diz respeito à logística. A regra
anterior tinha o seguinte teor:
22
a) A execução do objeto desta licitação, inclusive no tocante ao
fornecimento de insumos devem ser executados de forma estratégica, integrada e harmônica
entre si, de modo a atingir níveis de qualidade e segurança satisfatórios.
b) A entrega dos insumos deverá ser feita nos pontos estabelecidos,
sempre com antecedência, visando cumprir rigorosamente com o estabelecido em contrato.
Foi alterado para:
a) A execução do objeto desta licitação, inclusive no tocante ao
fornecimento de insumos devem ser executados de forma estratégica, integrada e harmônica
entre si, de modo a atingir níveis de qualidade e segurança satisfatórios.
b) A entrega dos insumos deverá ser feita nos pontos estabelecidos,
sempre com antecedência, visando cumprir rigorosamente com o estabelecido em contrato.
c) Todos os insumos deverão ser transportados em veículos
apropriados, inspecionados pelos Órgãos Públicos, atendendo normas sanitárias
vigentes.
A terceira modificação trata-se de um dos principais itens
do Edital, a medição. A redação original:
“Para efeito do objeto da presente licitação, ficam estabelecidos os
seguintes conceitos:
a) CARDÁPIO/MERENDA: compreende uma refeição, podendo ser:
desjejum, almoço, lanche ou jantar;”
Foi alterada para:
23
a) CARDÁPIO/MERENDA Para fins dessa licitação considera-se
cardápio o conjunto de todas as refeições servidas num mesmo dia e considera-se
merenda cada unidade de refeição servida. Exemplo:
1 Cardápio compreende o conjunto de 1 desjejum e 1 refeição
para todas as Unidades Escolares, menos para os Centros Infantis que será de 1
desjejum, almoço, lanche e jantar.
A quarta modificação trata da coleta de amostras, segue
abaixo o texto original descrito:
2.8 A empresa contratada deverá obrigatoriamente efetuar coleta
diária de amostras das merendas servidas e guardá-las por 72 horas em refrigeração, uma
amostra de no mínimo 100g de cada alimento pronto e servido para o aluno, devidamente
identificado (data, horário e período em que foi servido).
Foi modificada para:
“A empresa contratada deverá obrigatoriamente efetuar coleta
diária de amostras das merendas servidas atendendo normas sanitárias vigentes”
A quinta alteração foi a respeito da elaboração do
cardápio, o texto original estabelecia o seguinte:
“Toda a equipe de trabalho da empresa contratada alocada na
execução deverá ser supervisionada e orientada por profissional nutricionista da empresa, que
se responsabilizará tecnicamente pelas refeições distribuídas e pela correta execução
contratada”.
A redação ficou da seguinte forma:
24
“Toda a equipe de trabalho da empresa contratada alocada na
execução deverá ser supervisionada e orientada por profissional nutricionista da empresa, que
responderá operacionalmente pelas refeições distribuídas. A Nutricionista da Prefeitura
Municipal de Limeira responderá em conjunto com a empresa pela elaboração do
cardápio.
Por último, foi sugerido a inclusão do item 2.29 no Edital,
com a seguinte redação:
A contratada deverá ter Manual de Boas Práticas, que atendam
normas vigentes em todas as Unidades Escolares.
Em 13.07.09, após as devidas atualizações solicitadas,
os autos foram enviados para análise e visto da minuta o Edital a ser elaborado
pela Assessoria Jurídica. (fls.2330. Volume XII). Não conta nos autos que a
Assessoria Jurídica tenha se manifestado sobre as alterações, conforme orienta
a Lei de Licitações, consta na sequência, que após a elaboração do edital com
as alterações, o mesmo foi divulgado no dia seguinte, 14.07.09 no Jornal Oficial
do Município, informando que a abertura dos envelopes, seria realizada no dia
03.08.09 (fls.2627, Volume XIV). Mas, três dias depois, o Jornal Oficial do
Município, comunica nova alteração na data de abertura de envelopes, que foi
prorrogada para 10.08.09. (fls. 2629,Volume XIV).
Depois de reiniciado o processo, o Tribunal de Contas do
Estado de São Paulo, por intermédio de representação de empresas
interessadas (RAFAEL PIRUTTI FRISIOLI OAB 258.969 E SIDNEY
MELQUIADES DE QUEIROZ OAB 184.500), suspendeu liminarmente o
certame, esta decisão foi publicada no Jornal Oficial do Município no dia
08.08.2009 (fls.2632).
25
Ao final, o E. Tribunal de Contas do Estado de São
Paulo, determinou a retificação dos itens 8.3.2.2, 8.3.2.3.1 e 8.3.4.3.4 do Edital
104/2009 e sua conseqüente republicação:
Assim sendo, VOTO pela procedência parcial da Representação
processada no TC 27660/026/09 e pela procedência daquela sob nº TC 27713/026/09,
determinando à PREFEITURA MUNICIPAL DE LIMEIRA promover a correção do edital
impugnado, nos termos acima explicados, de maneira a adequar o texto editalício às disposições
legais aplicáveis à matéria, com a conseqüente publicação do novo texto e reabertura do prazo
legal (nos termos do artigo 4 º, inciso V, da Lei Federal nº 10.520/02 c.c artigo 21, § 4 º, da Lei n
º 8.666/93) para oferecimento de propostas.
Cumprindo a determinação do TCE, o Poder Executivo
Municipal retificou o Edital 104/2009 e novamente o publicou em 29.09.2009 no
Jornal Oficial do Município, desta vez, a abertura dos envelopes foi agendada
para o dia 13.10.2009.
Enviada novamente a Assessoria Jurídica, desta vez, a
minuta de Edital de Licitação foi novamente aprovada, em 30.09.09. atendendo
as alterações determinadas pelo TCE. (Fls.2795, Volume XIV).
Porém, em 01.10.2009, o Jornal Oficial do Município
comunica o cancelamento da publicação do dia 29.09, e informa que abertura
dos envelopes será realizada no dia 16.10.2009 (fls.2955, Volume XV).
Em 15.10.2009, foi designado o Sr. Marcelo Augusto
Pereira da Cunha como Pregoeiro Coordenador para a sessão pública do
certame e para a Equipe de Apoio a Sra. Flávia Aparecida Bonin, nos termos da
26
Portaria 1.499/2008, que constituiu o Corpo de Pregoeiros e Equipe de Apoio do
Departamento de Gestão de Suprimentos da Secretaria Municipal de
Administração. (fls.2962, Volume XV).
Nobres pares, entre o inicio do procedimento para
contratação de uma empresa especializada no fornecimento de merenda
escolar, o qual se deu com a Requisição elaborada pelo ex- Secretário de
Educação, Sr. Antonio Montesano Neto, em 01.07.2009, até a data agendada
para a abertura dos envelopes 16.10.2009, ultrapassaram-se mais de três
meses, precisamente, 115 dias, incluindo as 6 (seis) interrupções que houveram
durante o tramite do procedimento.
Depois de todo empenho investido na elaboração do
Edital de Licitação 147/2009, pelo ex – Prefeito Silvio Félix, é de se imaginar que
o resultado deste documento tivesse alcançado um grau de satisfação que
atendesse, no mínimo, os requisitos básicos que este tipo de contratação
requer. Contudo, não foi isso exatamente o que ocorreu, pois, um dos principais
itens que deveria constar do Edital foi esquecido, implicando em sério prejuízo
aos cofres públicos municipais, como demonstraremos a seguir.
V.I.I DA OMISSÃO SOBRE O ÍNDICE DE 40 % DE
ABSENTEÍSMO NO EDITAL 147/2009.
Antes de se passar a apreciação mais aprofundada do
Edital 147/2009, com a respectiva análise que lhe dê inteligibilidade, é
necessário explicitar que a Prefeitura Municipal de Limeira, já tem um histórico
27
na realização deste tipo de contratação de serviços de fornecimento de merenda
escolar.
Durante os trabalhos realizados por ocasião da
primeira CPI da Merenda Escolar, (Processo 3108/2010), dentre as provas
colhidas e analisadas, uma em especial chamou a atenção, tratava-se da
exclusão imotivada do item 12.2.1, do Edital de Licitação 18/2005 que resultou
na contratação da empresa SP Alimentação.
O item 12.2.1, na versão original do certame, versava
sobre uma redução de 40% no cálculo de pagamento da empresa vencedora da
disputa, posto que tal percentual diga respeito ao índice de absenteísmo do
consumo de merenda escolar, ou seja, trata-se de índice comprovado sobre o
não consumo da merenda escolar pelos estudantes das EMEIEF e EMEI e
Escolas Estaduais na cidade de Limeira; além do índice de 5% de absenteísmo
no tocante aos alunos das creches.
12.2.1 Para efeito de cálculo, deverá ser considerada uma redução de 40% (quarenta por cento) do número de alunos das EMEIEF, EMEI e dos alunos Estaduais, tendo em vista o absenteísmo, e de 5% (cinco por cento) no tocante aos alunos das Creches.
O Tribunal de Contas durante a apreciação do
referido Edital 18/2005, não apontou irregularidade no item 12.2.1 e tão pouco
determinou fosse ele retificado. Porém, o Poder Executivo promoveu as
alterações determinadas em outros dois itens pelo Tribunal de Contas do
Estado, e aproveitando-se desta situação exclui o Item 12.2.1 na republicação
da nova versão do Edital 18/2005.
28
Portanto, o conjunto probatório colhido naquela CPI,
apontou que a exclusão do item 12.2.1 do Edital 18/2005, quando republicado
no Jornal Oficial do Município, caracterizou, de forma objetiva, dano ao erário
mediante expressa violação ao art. 3º da Lei 8.666/931 que afirma a destinação
do processo licitatório em garantir a proposta mais vantajosa para a
administração, em conformidade com os princípios básicos, em especial, da
legalidade, impessoalidade, moralidade e da probidade administrativa.
O expediente utilizado pela Administração Pública
Municipal noutra contratação, (exclusão imotivada do Item 12.2.1 do Edital
18/2005), fez com que o nosso olhar se voltasse para a existência ou não de um
Item semelhante ao excluído, desta vez, no Edital 147/2009, ora sob exame.
Nobres pares, analisando atentamente os
documentos juntados nestes autos, em nenhum momento sequer, em qualquer
das versões elaboradas do Edital 147/2009, jamais localizamos a existência de
um Item semelhante ao que foi excluído do Edital 18/2005, episódio, que nos
leva a crer que os responsáveis pela Prefeitura Municipal de Limeira, novamente
tenham agido com má-fé, visando com isso, beneficiar interesses particulares,
em prejuízo do interesse público.
Portanto, tal conduta, de omitir a existência do índice
comprovado de 40 % de abstinência no edital 147/2009, impetrada pela
Administração Municipal conota a atuação dolosa para causar prejuízo ao erário.
1 Art. 3 - A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
29
Trata-se de fraude capitulada no art. 902 da Lei de
Licitações, cujo objetivo foi de obter vantagem para si ou para outrem com a
omissão da existência do índice comprovado de 40 % de abstinência no edital
147/2009, prática já perpetrada por ocasião da exclusão do item 12.2.1. do
Edital 18/2005, que culminou na contratação da SP Alimentação. Ademais, a
omissão do item mencionado alterou o próprio caráter competitivo e equilíbrio
para a consecução do serviço licitado, afetando, ao menos em tese, as demais
empresas concorrentes do certame e gerando, além disso, indubitavelmente,
dano ao erário.
Neste aspecto, a omissão imotivada e ilegal da
existência de um Item contendo o índice de 40% de absenteísmo no Edital
147/2009, incorre na prática de ato comissivo de improbidade administrativa,
inda mais porque o elemento subjetivo de má-fé, de dolo, comparece no
conjunto probatório que ora se discorre.
De partida, quanto à configuração objetiva do ato
ímprobo, a inobservância da legalidade para omitir regra do certame 147/2009,
de modo a, pela simples ausência do índice de 40% de absenteísmo, verificar-se
a perda patrimonial e o malbaratamento do erário municipal, caracterizam a
previsão do art. 103 da Lei 8.429/92.
2 Art. 90 - Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:3 Art. 10 - Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no artigo 1º desta Lei, e notadamente: I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei; (...) VIII - frustar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;
30
Mas não é só. Tal ato comissivo da Municipalidade
que omitiu regra de redução dos pagamentos à empresa vencedora em 40%
para que o contrato se adequasse à realidade de consumo da merenda em
nosso município, o chamado índice de absenteísmo, violou os deveres
intrínsecos de todo administrador público: o da honestidade, imparcialidade,
legalidade e lealdade às instituições públicas. A simples violação dos deveres
constitucionais, e reproduzidos na Lei de Improbidade, caracteriza ato ímprobo
punível pela respectiva Lei, sobretudo porque, neste caso, o ato teve por
finalidade primeira frustrar a licitude do processo licitatório e, depois, praticar
finalidade proibida em lei, tal como prevê o inciso VII do art. 10 e o caput do art.
11 e seu inciso I, ambos da Lei 8.429/92.
Contudo, para que não se prolonguem discussões, a
gravidade do ato ímprobo caracterizado, neste caso, por seus elementos
objetivo e subjetivo, independem de efetivo dano ao patrimônio público e da
aprovação ou rejeição das contas pelo Tribunal de Contas do Estado. Convém
ressaltar isso por mera retórica argumentativa, em especial sobre o Tribunal de
Contas, posto que a extensão dos danos ao erário foram comprovadas pelas
provas colhidas por esta Comissão Parlamentar.
Do exposto, verifica-se que o ato ilegal da
Municipalidade que omitiu do certame regra justa e condizente com a realidade
local para facilitar transferência de verbas públicas para o patrimônio de pessoa
jurídica, sendo evidente a má-fé e a desonestidade comprovadas pelas provas
colhidas, alçou-se ao status de ato ímprobo e merece as reprimendas cabíveis,
em especial contra o Ex. Prefeito Municipal, Silvio Félix, e o Ex. Secretário de
Educação, Antonio Montesano Neto.
31
Patente o animus em omitir a existência da citada
regra a fim de favorecer o enriquecimento Ilícito da empresa contratada.
V.I.II DO CONTRATO 273/2009
Dos Insumos Utilizados e Despesas Diretas e Indiretas
Depois do questionável processo licitatório, em
dezembro de 2009 a Prefeitura Municipal de Limeira celebrou o respectivo
contrato sob o número 273/2009, com a empresa Le Barom Alimentação Ltda,
vencedora do certame.
Em sua Cláusula Segunda, o contrato trata de seu
objeto:
Este contrato tem por objeto a CONTRATAÇÃO DE EMPRESA ESPECIALIZADA NO FORNECIMENTO E PREPARO DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR, COM O FORNECIMENTO DE GÊNEROS E DEMAIS INSUMOS, TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO NOS LOCAIS DE CONSUMO, LOGÍSTICA, SUPERVISÃO, MANUTENÇÃO PREVENTIVA, E CORRETIVA DOS EQUIPAMENTOS E REPOSIÇÃO DE UTENSÍLIOS, PARA ATENDER AO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR NAS UNIDADES EDUCACIONAIS, de conformidade com os anexos integrantes deste Edital, para atender ao programa de merenda escolar nas unidades educacionais de responsabilidade do Município de Limeira, conforme especificações e quantidades definidas no Anexo I do Edital n 147/09, Pregão 104/09, que
32
fica fazendo parte integrante deste instrumento independentemente de transcrição. (grifo nosso)
Em depoimento prestado a esta CPI, o Sr. Antonio
Montesano Neto, ex – Secretário de Educação, afirmou que o contrato da
Merenda estipula o pagamento de refeições, incluindo mão de obra, custos
diretos e indiretos, pagando todos os cardápios consumidos (fls.9748,
Vol.XLIX).
Considerando que a terminologia ‘insumo’ refere-se a
todos os elementos necessários para a feitura da merenda escolar, incluindo
matéria-prima, consumo de água e energia elétrica, equipamentos, etc, e que as
despesas que, porventura, não sejam consideradas como ‘insumos’ estão
incluídas na modalidade “custos diretos e indiretos”, conforme afirmado pelo
ex-secretario, o preço ofertado pela empresa Le Barom Alimentação para o
fornecimento de Merenda Escolar inclui ‘gastos com insumos, custos diretos
e indiretos’.
No entanto, as despesas com o consumo de água e
energia elétrica, ambas indispensáveis para o preparo da merenda escolar e
determinantes na composição do preço ofertado no certame, pertencem à
categoria de despesa “insumos” e são vinculadas à responsabilidade da
empresa Le Barom Alimentação, pelo Contrato 237/2009.
Conforme apurado, estas despesas representam
17,5% do custo global de preparo da merenda escolar4, sendo 2,5% referente ao
4 Informação conforme Acórdão do TCU 2214/2010, p 4, 01/09/2010, que julgou irregular o contrato de fornecimento de merenda escolar celebrado entre a empresa SP Alimentação e a prefeitura de Canoas RS.
33
consumo de água e 15% referente ao consumo de energia elétrica. Se
considerarmos o contrato que vigorou por 12 meses e custou ao erário R$
14.994.400,00 (quatorze milhões, novecentos e noventa e quatro mil e
quatrocentos reais), as despesas referentes ao consumo de água e energia
elétrica somam R$ 2.624.020,00 (dois milhões, seiscentos e vinte quatro mil e
vinte reais).
Fato preponderante é que o armazenamento e o
preparo da alimentação escolar acontecem no ambiente da escola. E, assim
sendo, a empresa Le Barom Alimentação LTDA, utiliza os insumos água e
energia elétrica da municipalidade quando do armazenamento e feitura das
refeições.
Muito embora o preço global de prestação do serviço
de fornecimento de merenda escolar inclua o fornecimento de todos os gêneros
alimentícios e demais insumos, bem como todos os serviços prestados,
encargos tributários, trabalhistas e previdenciários e todas as despesas diretas e
indiretas decorrentes do objeto do presente contrato, não consta no presente
contrato cláusula de devolução dos recursos correspondentes ao consumo de
água e energia elétrica para a municipalidade.
Corroborando com esta tese basta ressaltar que não
há, tanto no Edital 147/2009, quanto no contrato resultante, menção alguma á
possível dedução dos valores referentes ao consumo de água e energia elétrica
para o armazenamento e preparo das refeições escolares.
34
Configurando, portanto, num prejuízo ao erário da
ordem de aproximadamente R$ 2.624.020,00 apenas no primeiro ano de
execução do contrato.
Se considerarmos o período total de vigência do
contrato (08 de dezembro de 2009 a 31 de Agosto de 2012), levando-se em
conta o incremento na quantidade de estudantes e reajustes de contrato, esta
quantia certamente ultrapassa a casa dos R$ 6.000.000,00 (seis milhões).
Diante este mecanismo observado, que trata de
onerar o erário pela via oblíqua, a empresa vencedora do certame pode ofertar o
preço da merenda incluído seus custos com água e energia, contudo, em
manifesto desvio que ocasiona a perda patrimonial da Municipalidade em favor
de pessoa jurídica privada, novamente vislumbra-se que o ato ilegal foi lançado
no rol dos atos ímprobos, conforme prevê o caput do art. 105, e inciso II, da Lei
8.429/92.
V.I.III DO FORMATO DE FATURAMENTO
(CARDÁPIO X REFEIÇÕES).
Conforme o Edital de Licitação, em seu item 2.7,
considera-se ‘Cardápio’ o conjunto de todas as refeições servidas num mesmo
dia, e considera-se ‘merenda/refeição’ cada unidade de refeição servida,
conforme a descrição e a proporção quantitativa estabelecidas no Anexo I.
5 Art. 10 - Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no artigo 1º desta Lei, e notadamente: (...) II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
35
Já o contrato, em sua cláusula quarta, estabelece que
a cobrança é feita por preço unitário pelo total de cardápios servidos.
Conforme o Anexo I, do Edital 147/2009, os cardápios
são divididos em três tipos:
• Cardápio A : Formado por duas merendas/refeição;
• Cardápio B: Formado por quatro merendas/refeição e
• Cardápio C: Formado por uma merenda/refeição.
Em seu depoimento, no âmbito desta CPI, o Sr.
Antonio Montesano Neto, afirmou categoricamente que: “Na minha opinião
pessoal defendo a terceirização da merenda escolar.Confirmo que eram
cardápios diferentes de acordo com as idades, se a criança comesse uma
das refeições do cardápio que eram quatro durante o dia, era cobrado o
cardápio do dia na escola infantil, sendo considerado uma baixa
possibilidade de tal fato ocorrer, sendo que a criança passava o dia todo
na escola, muitas vezes esse porcionamento não era suficiente, estando
previsto no edital e no contrato. Nos casos em que a criança repetia uma
refeição, o município pagava dois cardápios”.
Sendo assim, na oportunidade em que o Ex-
secretario se pronunciou à esta CPI, bem como na vez anterior (2010/2011), em
ambas, ele defendeu a forma equivocada do faturamento para as empresas SP
Alimentaçao e Le Barom Alimentação, a qual baseava-se na quantidade de
cardápios oferecidos aos estudantes. Relatou ainda o secretário que “o que é
pago à empresa é o que é posto à disposição da criança e se ela repetir
36
uma refeição tem o direito de repetir todas.” Noutro exemplo o secretário
relata que no caso das escolas de educação infantil, em que é disponibilizado à
criança um cardápio com quatro refeições, se um estudante comer cinco
refeições (um cardápio completo + uma refeição), será faturado para a empresa
terceirizada dois cardápios completos, ou seja, oito refeições. Uma diferença de
três refeições não servidas e faturadas, num universo de oito refeições,
representando um percentual de 37,5%.
Identificamos aqui uma situação de flagrante prejuízo
ao cofre público. Nas palavras do próprio secretário a empresa cobra aquilo que
é colocado à disposição da criança, mesmo o estudante não deseje comer, será
cobrado. Noutras palavras, a Municipalidade pagou por um serviço que não foi
prestado.
Ainda mais grave é o fato de que se um aluno que
tinha à sua disposição um cardápio de duas refeições e comesse apenas uma
delas era faturado para a empresa o cardápio completo, ou seja, duas refeições.
Flagrante prejuízo ao erário, uma vez que a segunda refeição sequer foi
fornecida.
Nobres pares, outra vez, chamo a atenção de Vossas
Excelências para a astúcia do depoimento do Sr. Antonio Montesano Neto
colhido nesta CPI, a riqueza das informações por ele prestadas, se analisadas
com o conjunto probatório juntado aos autos, evidencia, que ao defender com
ênfase o processo de terceirização da merenda escolar, o ex-secretario, ao
nosso ver, se coloca entre duas posições antagônicas, ou ele é muito ingênuo, o
que de fato não acreditamos, ou, ele é cúmplice das artimanhas praticadas pela
“Máfia da Merenda Escolar”.
37
Nesse passo, a fim de sustentar nossa opinião, e
para o completo entendimento de todos os mecanismos de funcionamento do
esquema, e do relevante papel desempenhado pelo ex-secretario, merece
destaque, o depoimento do Sr. GENIVALDO MARQUES DOS SANTOS,
prestado na sede do Ministério Público em São Paulo aos oito dias do mês de
abril do ano de 2010 (fls.8660/8673, Vol.XLIV).
Entendemos caber a transcrição da pertinente
declaração, em especial no seguinte trecho:
“Qualidade da merenda e superfaturamento – para propiciar
o pagamento de propina, esclareço que a merenda escolar fornecida pelas empresas do
GRUPO SP ALIMENTAÇÃO era de má qualidade. Além disso, a quantidade era inferior
àquela prevista nos contratos firmados com as Prefeituras Municipais. O declarante,
esclarece que as merendeiras eram instruídas a servir uma porção mínima, que não
condizia com as quantidades previstas nos contratos firmados. A desculpa era evitar que
os alunos ficassem obesos, mas, em verdade, eram cobradas as repetições de pratos.
Caso fosse servida a porção correta, não haveria necessidade de repetição pelos alunos
das escolas e, portanto, o município economizaria recursos”.
Soma-se a isso, o depoimento prestado a esta CPI
pela merendeira, ex-funcionária da SP Alimentação e da Le Barom, Sra. Nailia
Aquino da Silva, (fls.9785/9786, Vol.XLIX):
“Havia orientação com relação ao porcionamento a menor.
O objetivo era estimular a criança para repetir a refeição. Cheguei a presenciar um índice
alto de repetição, sempre que a comida era boa”.
Do mesmo modo, conforme relatado em ata de
reunião realizada pelo Conselho de Alimentação Escolar (CAE), desta vez, no
38
dia 03.05.12, (fls.4369,Vol.XXII), que na ocasião realizou uma visita a uma
escola situada no bairro dos Pires, na zona rural do município, o presidente do
Conselho, na presença da diretora daquela unidade, questionou uma professora
presente a reunião sobre a existência de dúvidas com relação a merenda
servida na escola, obtendo como resposta a seguinte consignação:
“não sei o que eles consideram por porção: para a
educação infantil é colocado um pouquinho de alimento e depois se quiserem as crianças
repetem”.
Assim como os demais, o Diretor de Escola Sr. José
Jocélio Duarte, em depoimento prestado a esta CPI, confirmou a adoção do
mesmo procedimento supracitado com relação ao porcionamento das refeições
servidas na merenda escolar (fls9812,Vol L):
“muitas crianças repetem, cerca de 80% a 90%; o alto índice
de repetição da merenda, acredito que seja pela forma que é feita a porção, mas não
entendo; acredito que a porção é colocada a menor para não haver sobras, mas a criança
come quanto ela quiser;eu tenho um número de aproximadamente 270 alunos, o fato de
todos terem repetido os cardápios no mês de fevereiro, e mesmo durante todo o ano
letivo, creio que estejam corretos os relatórios”.
Ressalta-se ainda, que uma das empresas
participantes do Pregão 104/2009, que resultou na contratação da empresa Le
Barom, (fls.8282, Vol.XLII), interpôs uma Impugnação contra o Modelo de
Proposta Comercial adotado naquele procedimento.
39
Dentre as razões, a empresa questionou
objetivamente um dos itens do Edital, destacando-o da seguinte forma: Quanto
as medições.
“Como será cobrada a merenda de aluno que consumir
apenas 01 item do cardápio, por exemplo, aluno que consome a refeição no Cardápio A,
sem desejum?
Em resposta ao questionamento supra mencionado a
Pregoeira Flávia A. Bonin informou:
“Somente será considerado para apontamento se o aluno
consumir a refeição principal (conforme instruções do Sr. Secretário Municipal de
Administração)”.
Nesse sentido, as informações constantes no
Acórdão TC 000702/010/06, emanado pelo Tribunal de Contas do Estado de
São Paulo que julgou irregular a licitação e o contrato celebrado entre a SP
Alimentação e a Prefeitura Municipal de Limeira são relevantes (fls fls.4650,
Vol.XXIV).
Em petição apresentada pela referida empresa na
tentativa de demonstrar ao TCE regularidade de seus atos, foi ressaltado o
seguinte: que o Município só paga aquilo que efetivamente é consumido, de
tal modo que, em função da evasão escolar e faltas que ocorrem no ano
letivo, o valor despendido acaba sendo menor que o previsto no contrato.
O argumento utilizado pelo grupo SP Alimentação na
tentativa de influenciar a opinião dos Conselheiros do TCE, não vingou,
40
entretanto, influencia para a formação da nossa opinião, já que, em três linhas, a
empresa rebate a fala do ex-secretário Montesano ao afirmar que o Município só
paga aquilo que efetivamente é consumido.
Relembramos, que num primeiro momento, o ex-
secretario, Sr. Antonio Montesano Neto, que esteve presente prestando
esclarecimentos perante as Comissões Parlamentares de Inquérito que tiveram
como objetivo investigar o serviço de merenda escolar declarou em duas
oportunidades que: “o que é pago à empresa é o que é posto à disposição
da criança e se ela repetir uma refeição tem o direito de repetir todas. No
caso das escolas de educação infantil, em que é disponibilizado à criança
um cardápio com quatro refeições, se um estudante comer cinco refeições
(um cardápio completo + uma refeição), será faturado para a empresa
terceirizada dois cardápios completos, ou seja, oito refeições.
A incerteza sobre a forma adequada de se realizar a
medição, ganha maiores contornos se apreciarmos o conjunto dos depoimentos
e as análises dos documentos juntados aos autos, pois, no mínimo, existem três
versões para um mesmo fato. O pior de tudo, é que nos parece que a versão
mais prejudicial ao interesse público, no caso, a versão apresentada pelo ex-
secretário, é que parece ser na verdade a que era aplicada em nosso município.
Esse esquema de servir os cardápios às crianças,
com um porcionamento a menor, praticado reiteradamente durante todo o
período de terceirização (2006/2012), caracterizou-se pela sua estrutura
simples, mas eficiente, possibilitando a “maximização dos lucros” da SP
Alimentação e da Le Barom.
41
Os dados abaixo se encontram devidamente
corroborados pelos depoimentos já mencionados, elucidando de forma clara a
eficiência do modus operandi da máfia da merenda escolar, espancando
definitivamente qualquer dúvida que possa pairar sobre o assunto.
V.I.IV SOBRE CASOS CONCRETOS QUE
COMPROVAM O PORCIONAMENTO MENOR ESTIMULANDO A REPETIÇÃO
DE CARDÁPIOS.
A título de amostragem, a respeito do porcionamento
a menor a fim de estimular a repetição, os números das medições das merendas
servidas, não deixam dúvidas, reafirmam tudo o que foi exposto até agora neste
Relatório. Vejamos os dados relacionados ao Centro Infantil “Lia Maura Matos
Silveira Unidade I”, referente ao mês março de 2012, (fls.1083, Vol.VI)
Num contingente de 172 estudantes matriculados, os
registros dão conta de que o fornecimento de merenda escolar entre os dias 01
e 31 de março foi no total de 8.936/mês, em média, equivalente a 406
cardápios/dia. Considerando que, durante o mês inteiro, nenhum aluno faltasse
às aulas e que absolutamente todos comessem, ainda assim, seria necessário
que todas as crianças repetissem uma vez e outras 62 crianças repetissem uma
segunda vez.
Tabela Período x Merendas Servidas
E
NÚMERO DE MÉDIA DE
PERÍODO DIAS LETIVOS C
CARDÁPIOS
42
ESCOLAALUNOS
CARDÁPIOS
SERVIDOS/DIASERVIDOS/MÊS
C
CI Lia Maura
Mattos Silveira I
172 40601 a 31 de
Março/1222 8.936
C
CI Carolina
Guilhermina S.
Bohianza
1
187
4
466
v
01 a 31 de
Março/12
2210.273
C
CI Irmã Maria
José de Jesus
Silva
1
194
4
457
v
01 a 31 de
Março/1222 10.073
C
CI Stella Regina
Furlan I
2
284
5
574
v
01 a 31 de
Março/12
22 12.638
C
Creche S.
Vicente de Paulo
e Emei
Laranjinha
8
88
2
241
v
01 a 31 de
Março/12
225.311
Portanto, conforme dados da Tabela acima,
relatamos a situação de cinco escolas, comprovando todo o que foi alegado até
agora sobre o porcionamento a menor. Como já visto, somente na CI Lia Maura
Mattos Silveira, temos uma média de 406 cardápios servidos, para um total de
172 estudantes. Isto significa dois cardápios por criança, todos os dias, durante
todo o mês. Acreditamos que se o porcionamento servido as crianças fosse feito
de forma adequada, um único cardápio, contendo quatro refeições, ao longo do
dia, seria suficiente para alimentar bem qualquer criança. Mas ao contrário,
43
estamos diante de duas situações nada agradáveis, pois ou se estimula a má-
alimentação, no caso em excesso, podendo até gerar obesidade infantil, ou
existe de fato, como comprovado, um esquema para aumentar os lucros das
empresas terceirizadas, através do porcionamento a menor.
Infelizmente, as declarações emitidas pelo ex-
secretário de educação, por uma merendeira, uma professora e por um diretor,
se analisadas em conjunto com as declarações do Sr.Genivaldo Marques dos
Santos, dão conta que o município de Limeira contribuiu e muito para a
maximização dos lucros das empresas do grupo SP ALIMENTAÇÃO/LE BAROM
e dos agentes públicos que beneficiaram deste esquema, seja através do
estimulo a repetição com o porcionamento menor, ou por meio da adulteração
das planilhas de medição, ou até mesmo, com a adoção dos dois “esquemas”,
como veremos mais a frente.
V. I. V DAS MEDIÇÕES ADULTERADAS
Durante todo o período em que esteve vigente o
processo de terceirização no fornecimento da Merenda Escolar no município de
Limeira, em ambos os contratos celebrados, respectivamente com as empresas
SP ALIMENTAÇÃO e LE BAROM, a responsabilidade acerca da fiscalização do
fiel cumprimento das regras estabelecidas sempre foram claras e objetivas, com
cláusulas semelhantes, sempre rezando o seguinte:
“A CONTRATANTE, por meio da Secretaria Municipal de
Educação, fiscalizará a manutenção dos equipamentos e utensílios utilizados, bem como
o processamento e distribuição da alimentação, solicitando à CONTRATADA, sempre que
achar conveniente, informações do seu andamento”.
44
“Caberá à Secretaria Municipal de Educação exercer
rigoroso controle do cumprimento do contrato, em especial quanto à quantidade e
qualidade, fazendo cumprir a lei e as disposições do presente ajuste”.
Todavia, os subsídios trazidos aos autos, obtidos das
mais diversas fontes, corroboram para a existência de uma visão míope por
parte da Secretaria de Educação em relação à fiscalização do contrato, pois, os
elementos que confirmam este pensamento foram colhidos nesta CPI, assim
como na primeira CPI da Merenda, vejamos...
Conforme relatado na ata da reunião do Conselho de
Alimentação Escolar, do dia 31 de julho de 2008 (fls. 22893 e 22894, do volume
XL Processo 3108/2010), por ocasião da inspeção realizada pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento Educacional, FNDE, sob a responsabilidade dos
auditores Marta de Jesus Xavier e Carlos Antônio de Oliveira Ferreira, foi
verificada diferença gritante entre a quantidade de merenda servida e a
quantidade de merenda faturada. Nas palavras da auditora: “foram
constatadas divergências monstruosas no sentido da quantidade de
refeição servida com o controle efetuado pela escola”. Ainda na mesma ata
a auditora afirma que a maneira de se controlar a quantidade de merenda
servida é equivocada e irregular. Alega ainda a senhora Marta ter identificado
em várias escolas refeições servidas contadas a mais.
Situação grave identificada pela auditora do FNDE,
pois este fato resulta no faturamento inadequado, leia-se a maior, das refeições
servidas. Nobres pares, a conjuntura envolvendo a merenda escolar em nossa
comuna é tão absurda que levou os auditores deste órgão retornarem a Limeira
45
novamente a fim de se fazer uma auditoria especial sobre o assunto, conforme
divulgado na imprensa local recentemente.
Como se não bastasse, em outro trecho do
depoimento do Sr. GENIVALDO MARQUES DOS SANTOS, acima mencionado
(fls.8660/8673, Vol.XLIV), que com suas palavras, faz menção sobre: “outro
esquema que visava maximizar os lucros das empresas do GRUPO SP
ALIMENTAÇÃO”, e que mesmo não citando Limeira em suas declarações, é
visível que a prática relatada por ele, aqui também era aplicada, o que vai ao
encontro das constatações feitas pelos auditores do FNDE, se não vejamos:
“Além de oferecer merenda em qualidade e quantidade
indevidas, havia um esquema em algumas cidades, tais como Jandira, Itapevi e Cotia (pelo
menos até 2008), pelo qual as medições eram adulteradas. Assim, as merendeiras e a
Diretora da Escola marcavam corretamente determinadas quantidades de merendas, em
um dia, mas a medição particular da SP ALIMENTAÇÃO continha um número maior, que
era aceito pelas Secretarias de Educação daquelas cidades”.
Apenas a titulo informativo, o declarante acima
mencionado, para ilustrar o funcionamento deste esquema, cita que no caso da
cidade de Cotia/SP, o valor marcado a maior na medição após recebido pela SP
era entregue de volta ao Secretário de Educação daquela cidade.
Também em depoimento prestado ao Ministério
Público nesta comarca, e ratificado em depoimento prestado perante esta
Comissão Parlamentar de Inquérito, a Diretora de Escola, Sra. Lucilena
Marcondes Coelho de Oliveira (fls.9816/9817, Vol.L), com suas palavras, faz
alusão sobre o assunto, da seguinte forma:
46
“sempre discordei do relatado nos relatórios de medição de
consumo de merenda, pois não correspondia a realidade do efetivamente consumido; o
relatório já chegava pronto, não era elaborado pela depoente; as quantidades eram muito
acima do efetivamente consumido; sempre assinei os relatórios, apesar de desconfiar do
relatado e consciente de que não correspondia a realidade”.
Na mesma linha, o depoimento da Diretora Marisa de
Fátima Kempe da Silva, em 03.08.12, ao responder indagação do Relator Ronei
Costa Martins, menciona explicitamente situação anormal com relação à
medição dos cardápios servidos, conforme o trecho a seguir transcrito:
“...A Secretaria da Educação preparava os relatórios e eu
assinava;questionava a quantidade, a porção era pequena sendo necessário repetir;havia
repetição do cardápio pela porção ser menor; no mês de fevereiro de 2012, assinei um
relatório contendo mais que o dobro de repetição por criança, confirmo os dados do
relatório por mim assinado, um representante da diretoria de merenda entregava o
relatório;não me lembro quem entregava o relatório”.
A expressiva discrepância das planilhas de medição,
sempre resultaram em questionamentos entre as diretoras da rede municipal,
reforçando a tese que o esquema de adulteração das planilhas visando onerar o
patrimônio público não era apenas uma divagação do delator da Máfia da
Merenda.
A diretora Sra. Claudia Regiane Sertori afirmou a esta
CPI que:
“sempre houve questionamento, ou seja, desde a SP
Alimentação6; nunca bateu o relatório com o nosso controle; sempre o relatório
6 Vide depoimento de Claudia Regiane Sertori (Fls. 9810/9811, Vol.L).
47
apresentava números superiores; oficialmente, nunca apresentei reclamação, só
verbalmente, a contagem dos cardápios era feito por uma funcionária específica; de
confiança da diretoria, contudo, quando da assinatura do relatório, os dados não batiam;
não sei se o que era pago era justo ou não; não conversei com o secretário durante as
visitas; o assunto saía em reuniões; sempre ficou entre as diretoras a dúvida sobre os
relatórios: não tínhamos muita saída; quando não assinávamos, éramos chamadas para
assinar, no dia seguinte; a assinatura se dava no departamento, com os atendentes,
secretárias, nunca uma pessoa específica; o departamento entrava em contato por
telefone para assinar; comparecia em no máximo 2 dias para assinar;havia sempre muito
questionamento, se deveria ou não assinar; nas reuniões com outros diretores, restava
claro que todos se sentiam desconfortáveis com a situação, contudo, todos assinavam;”.
Senhores Vereadores, diante de tudo isso, é de se
admirar a postura “corajosa” do ex- secretario de educação Antonio Montesano
Neto demonstrada nesta CPI, ao realizar de modo veemente a defesa do
processo terceirização do serviço de fornecimento de merenda escolar.
V.I.VI DA QUALIDADE DA MERENDA SERVIDA E SOBRE O SERVIÇO
PRESTADO
Os relatórios de supervisão, juntados aos autos a
partir das fls.1239, realizados pelas técnicas de nutrição do Departamento
Municipal de Merenda Escolar, a partir de janeiro de 2012, período em que as
reclamações sobre a péssima qualidade da merenda servida, bem como sobre o
descumprimento de diversas cláusulas contratuais, se avolumaram, expôs a
situação de caos que estava instalada nas cozinhas das escolas municipais,
causada pela omissão na fiscalização do cumprimento do contrato por parte da
Secretaria de Educação, aliada a falta de profissionalismo da empresa Le
Barom.
48
Por exemplo, o Relatório de Supervisão na rede
escolar elaborado aos vinte dias do mês de janeiro de 2012, constante as
fls.1240/1241, em visita no Centro Infantil X, indica que o prato do dia era: arroz,
feijão, carne moída com abobrinha e polenta cremosa, no entanto, a técnica
responsável pela elaboração do relatório, registrou que o cardápio sofreu
alteração, já que faltou polenta, devido a quantidade que havia no estoque,
cerca de 1,5kg, o que não era suficiente para todas as crianças que estavam no
Centro Infantil, em torno de 60 alunos.
Cabe ainda ressaltar que, no mesmo Centro Infantil, o
relatório apontou que cinco itens estavam em desconformidade com o previsto
no contrato, sendo que foram analisados e considerados incorretos os seguintes
itens: Higiene dos Equipamentos, Manutenção de Equipamentos, Higiene dos
Utensílios (desinfecção), quantidade de gêneros e Uniformes.
Entre as observações anotadas no Relatório, foram
feitas as seguintes constatações:
1. Geladeira furada acaba sujando muito
rápido e não fecha corretamente;
2. De todos os utensílios e equipamentos
que realmente necessitam para o funcionamento BÁSICO desta cozinha,
não chegou nada nesta Unidade Escolar até o término desta visita;
3. É necessário consertar URGENTE o
forno do fogão (que mesmo na temperatura baixa, queima os alimentos);
49
4. O fogão precisava de manutenção (03
bocas não acendem)
5. Necessitam URGENTE de: facas de
corte, colheres grandes, bacias, plásticas com tampa, tábua de carne,
concha, escumadeira, peneiras, ralador;
6. Precisam URGENTE de todos os
uniformes (camisetas, calças, sapatos e aventais).
Anexo ao Relatório, consta ainda, cópia de um Ofício,
(fls.1242, do Volume VII), datado de 17 de janeiro do corrente ano, endereçado
ao Diretor da Merenda Escolar, Sr. Luiz Carlos Prada, com o seguinte assunto
em destaque: MANUTENÇAO DA COZINHA. Vale à pena destacar um trecho
deste Ofício: “Venho por meio deste comunicar que ainda estou no aguardo
da manutenção, troca e envio dos itens abaixo conforme solicitado em
ofício anterior protocolado em 28/10/11”. Na sequencia, a diretora relaciona
os problemas identificados acima verificados in loco pela técnica de nutrição e
finaliza com um registro que define bem a circunstância, “Visto o péssimo
estado e a falta de todos os utensílios, há urgência imediata para
podermos funcionar e neste momento aproveito para entregar as bacias e
talheres as quais não temos condições de usá-lo, ficamos sem nenhum na
Unidade escolar, as fotos mais uma vez comprovam o estado precário”.
A direção da Escola, em poucas linhas, de forma
ponderada, insiste na resolução dos problemas na cozinha daquela unidade,
situação que pelo visto, se houve atendimento, demorou no mínimo quase três
meses, ou seja, 90 dias para que a Prefeitura tomasse as providências
necessárias junto à empresa gestora do contrato. Uma situação é a constatação
50
das condições das cozinhas e dos alimentos feita por vereadores, outra é a
comprovação dos fatos através de documentos como este ocasião em que nos
questionamos se existia ou não um responsável pelo abandono das escolas
municipais.
Verifica-se através das informações contidas nos
Relatórios de Supervisão constantes nas (fls.1239/ 1943), que todas as escolas
municipais vistoriadas, nenhuma ficou sem algum tipo de constatação de
condições contrárias as boas normas sanitárias, de higiene e nutrição, além do
que, foi observado que era recorrente e sistemático em todas as escolas a falta
de equipamentos, do tipo utensílios básicos para o manuseio e preparo das
refeições, problemas com a falta de manutenção em geladeiras, fogões,
liquidificador, freezers entre outros. Em alguns casos, as Unidades Escolares
estavam no aguardo de receberem de volta equipamentos que foram levados
para manutenção ainda na época que o serviço era feito pela “outra” empresa,
no caso, a SP Alimentação.
Existem registros que, em muitas escolas não havia
os itens necessários para a realização da limpeza da cozinha e dos utensílios.
Notou-se também, que na maioria das escolas todas as funcionárias
necessitavam de uniformes completos. Outra situação que chama a atenção
eram as constantes alterações no conteúdo dos cardápios servidos, em razão
da falta de gêneros alimentícios como: arroz, frango, carne, feijão, leite, pão
entre outros, sendo que era rotineiro, a supervisora da Le Barom, orientar as
merendeiras a buscarem os itens faltantes nas escolas mais próximas. Foi
constatado também, a baixa qualidade da carne em cubos e do fígado servidos,
51
e, em mais de uma escola foi flagrado salsichas guardadas com o prazo de
validade vencido.
V.I.VII DAS INFRAÇÕES SANITÁRIAS COMETIDAS PELA LE BAROM
Aos 11 dias do mês de abril de dois mil e doze, a
Vigilância Sanitária (VISA), realizou inspeção sanitária no depósito de
distribuição de produtos alimentícios da empresa Le Barom Alimentos Ltda,
situado na Via Luiz Vargas, 3402, na Vila Labaki, responsável pelo fornecimento
dos alimentos da merenda escolar de Limeira – SP, em atendimento de uma
denúncia feita pela imprensa local sobre possível fornecimento de carnes sem
condições sanitárias adequadas. Os fiscais da Vigilância Sanitária, constataram
que as carnes já haviam sido distribuídas nas escolas, porém a Coordenadora
responsável pela empresa Le Barom, Sra. SUELI KAZUE KOMATSU, informou
aos fiscais que esse era o procedimento padrão e que toda carne entregue não
ficava armazenada neste depósito sendo repassadas imediatamente, aos
motoristas terceirizados no ato da entrega.
Nobres pares, membros desta Comissão Parlamentar
de Inquérito, peço atenção de Vossas Excelências, para leitura deste fragmento
do relatório que segue, o qual julgo, ser mais um dos fortes indícios que
conseguimos obter com o aprofundamento dos trabalhos desta Comissão e que
denotam, mais uma vez, que a processo de terceirização da merenda escolar
iniciado em nosso município no ano de 2005 e extinto em meados de 2012,
sempre esteve a serviço de atender única e exclusivamente aos interesses de
52
um grupo empresarial, ou melhor, de uma quadrilha composta por empresários
inescrupulosos.
Pois, segundo a Ficha de Procedimentos, preenchida
pela VISA (fls.1961/1963), os profissionais que atenderam a ocorrência,
verificaram que não havia registros em nome da empresa LE BAROM no órgão,
sendo que a mesma não possuía nenhum processo de licenciamento em trâmite
na Vigilância Sanitária, pois a estrutura física que estava cadastrada era em
nome da empresa SP ALIMENTAÇÃO.
Nobres pares, peço que se atentem ao que foi dito
acima, e para que não haja dúvidas, reescrevo novamente o mesmo trecho,
pois, se trata de um relevante fator para caracterizar o relacionamento entre as
empresas que explorarão o contrato de terceirização com a Prefeitura de
Limeira, pois, segundo a Vigilância Sanitária, não haviam registros em nome
da empresa LE BAROM no órgão, sendo que a mesma não possuía
nenhum processo de licenciamento em trâmite na Vigilância Sanitária, pois
a estrutura física que estava cadastrada era em nome da empresa SP
ALIMENTAÇÃO.
Não há dúvidas, já que se realmente estamos diante
de empresas diferentes, que não fazem parte do mesmo grupo, como alegou a
testemunha proprietária da empresa a esta Comissão, a postura correta, seria a
LE BAROM ter pleiteado a alteração no cadastro sanitário assim que assumiu os
serviços prestados pela SP ALIMENTAÇÃO, mas não foi o que ocorreu.
53
Por não possuir licença de funcionamento, a Le
barom, colocou seu público alvo (crianças), sob o risco potencial, já que não
passou por vistoria apta a analisar se a mesma atendia ou não em seu depósito
todas as condições sanitárias necessárias para o desempenho seguro da
atividade de armazenagem e distribuição de alimentos.
Nobres pares, honrosos membros desta Comissão
Parlamentar de Inquérito, causa-nos espanto, o fato de uma empresa que esta
há mais de 27 anos atuando no segmento de alimentação, como bem assinalou
a proprietária da empresa, Sra. MARISA BORTOLETTO RIBEIRO, em
depoimento prestado a esta Comissão7, desconhecer por completo a
obrigatoriedade de que toda empresa do ramo, deve solicitar o alvará sanitário
junto a Vigilância Sanitária para obter sua licença de funcionamento antes
mesmo de iniciar suas atividades, conforme previsto no artigo 86 da Lei Estadual
nº 10.083/988. Isso, beira a má-fé, e mais, desta forma, a Le barom da mostras
de que pauta suas ações tendo como norte o caminho da ilegalidade.
Diante de tal fato, não restou alternativa para os
agentes da Vigilância Sanitária, a não ser, a imposição de um Auto de Infração
contra a empresa, pois a mesma não possuía licenciamento, não tendo como
assegurar sua total integridade em infrações que poderiam ter ocorrido.
A equipe executora da inspeção no exercício do
poder de fiscalização sanitária lavrou, também, outro Auto de Infração Sanitária,
7 Ver Depoimento da Sra. Marisa Bortoletto Ribeiro (fls.10.004, Vol. LI)8 Artigo 86 - Todo estabelecimento de interesse à saúde, antes de iniciar suas atividades, deverá encaminhar à autoridade sanitária competente declaração de que suas atividades, instalações, equipamentos e recursos humanos obedecem à legislação sanitária vigente, conforme modelo a ser estabelecido por norma técnica, para fins de obtenção de licença de funcionamento através de cadastramento
54
em face Le Barom, pelo fato da empresa armazenar produtos que não estão de
acordo com a legislação sanitária vigente. (fls.1944/1945, Volume X). Na
inspeção sanitária realizada no depósito de distribuição de alimentos da
empresa, estabelecida, neste município, foi constatado que:
- Haviam vários produtos armazenados em
condições inadequadas para o consumo;
- Produtos com prazo de validade expirado (cereal
para alimento infantil, leite em pó e pão de hot dog);
- Produtos fora do depósito, armazenados na área
externa (biscoitos, macarrão, arroz, feijão, leite em pó, bebida láctea em pó,
farinha para quibe, alho);
- Produtos armazenados inadequadamente, sem
refrigeração, desrespeitando as indicações do fabricante (margarina);
- Produtos armazenados inadequadamente, em
embalagens abertas dentro do freezer e em contato com caixas de papelão
(almôndegas);
- Embalagens avariadas (embalagem de suco em
pó rasgada e lata de leite em pó amassada)
Por fim, a ocorrência, contrariou o disposto no Código
Sanitário Estadual (Lei 10083/98), motivando uma atitude mais enérgica por
parte da equipe da Vigilância Sanitária, que apreendeu os produtos acima
mencionados, a qual retirou do depósito da LE BAROM aproximadamente 40 kg
de alimentos inservíveis ao consumo humano e destinando-os ao Aterro
Sanitário, lavrando o respectivo Termo de Inutilização de Produtos
(fls.1948/1950). Infelizmente como veremos mais a frente, esse também foi o
55
destino de mais de 1 tonelada de alimentos que igualmente foram
inutilizados por serem considerados inservíveis ao consumo humano. A
Vigilância Sanitária, impediu que mais de 50 mil alunos pudessem ser
contaminados com o consumo destes alimentos, os quais seriam sem qualquer
culpa distribuídos nas escolas de Limeira pela Le Baron.
Vale ressaltar, que assim como os fiscais da
Vigilância Sanitária, no mesmo dia, 11 de abril do corrente ano, também esteve
presente acompanhando os trabalhos, o promotor da área do Patrimônio Público
e Social do Ministério Público Estadual, Dr. Luis Alberto Segalla Bevilacaqua,
que igualmente, presenciou todas as infrações assinaladas, bem como, em
decorrência da apreensão dos produtos armazenados de forma inadequada, em
embalagens abertas dentro do freezer e em contato com caixas de papelão,
como no presente caso, se tratava de aproximadamente 6kg de carne, no
formato de almôndegas as quais estavas congeladas, diligenciou no sentido de
requisitar que uma amostra da carne fosse enviada para análise ao Instituto
Adolfo Lutz, ligado a Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de
Estado de Saúde.
O Laudo de Análise produzido pelos pesquisadores
desta renomada instituição na data de 20 de abril do corrente ano, segue
juntado nos autos (fls.2001/2004), e seu resultado, evidenciou aquilo que já era
público e notório nesta cidade, mas que ainda carecia de comprovação técnica,
ou seja, a carne servida aos 52.426 (cinqüenta e dois mil quatrocentos e vinte e
seis) alunos da rede municipal de ensino, submetida a análise pelo Instituto
Adolfo Lutz, foi considerada através do Laudo de Análise como insatisfatória,
56
pois tratava-se de produto em desacordo com a legislação em vigor, por
apresentar características sensoriais alteradas.
Nobres pares, a sequência de infrações sanitárias
descobertas em um curto espaço de tempo, (menos de dois meses), parece não
ter fim, uma vez que, a Vigilância Sanitária foi acionada novamente, desta vez,
inclusive a pedido deste vereador relator Ronei Costa Martins e do presidente
desta CPI vereador Carlos Rossler.
Aos 11 dias do mês de maio de 2012, a LE BAROM
novamente incorreu em infração sanitária, contrariando o disposto na Legislação
vigente sobre o assunto9, conforme consta no Auto de Infração (fls. 2014/2015,
Volume XI). Desta vez, a equipe técnica da Vigilância realizou uma inspeção
sanitária na escola municipal “Mariana Seneguim”, uma vez no local, constatou
que no freezer, juntamente com a alimentação que seria servida para as
crianças havia carnes (carne em cubos, salsichas, frango e almôndegas)
impróprios para o consumo, com prazo de validade expirado e/ou embalagem
danificada (perda de vácuo) e/sem qualquer identificação de tipo, fornecedor e
data de validade e/ou coloração escura e inadequada, alguns destes já haviam
sido previamente armazenados em sacos plásticos transparentes por uma
técnica em nutrição da rede municipal, esta ainda orientou as cozinheiras a não
mais fazer o recebimento de produtos naquele estado, na mesma data, as
agentes da VISA foram informadas pelo superior desta técnica, que ela havia
emitido um relatório informando o fato e que este relatório havia sido enviado a
empresa Le Barom para que esta providenciasse a retirada dos materiais, fato
este que não ocorreu, permanecendo assim os produtos impróprios para o
9 Itens 9.12.2, 19.2, 19.3, da Portaria CVS 06/99 c.c item 4.7.4 da Resolução RDC 216/04 c.c inciso XI do artigo 122 do Código Sanitário Estadual Lei 10083/98.
57
consumo armazenados juntamente com os produtos servidos na alimentação da
escola.
Contudo, como era de se esperar, outras infrações
sanitárias vieram a ser cometidas pela LE BAROM, comprovando amplamente a
má conduta dos proprietários da empresa, que insistiam em realizar suas
atividades inerentes ao contrato de terceirização da merenda escolar sempre a
margem da lei e das regras sanitárias.
Outra vez, agora na data de 05 de junho do corrente
ano, a LE BAROM do mesmo modo, recebeu mais um Auto de Infração Sanitária
(fls. 2021/2022, Volume XI), reproduzimos parcialmente um trecho do
documento citado “a empresa foi notificada e orientada a respeitar a
legislação referente à entrega de produtos alimentícios, sendo que os
mesmos não deveriam ser entregues por veículo particular, o que fere a
legislação sanitária vigente, a empresa teve um prazo de 15 dias, desde o
inicio da intervenção na empresa, para regularizar suas entregas não
havendo a necessidade da mesma ser realizada em carro particular, no
entanto hoje pela manhã fomos informados por responsáveis da CEIEF
Prof. Deovaldo Teixeira de Carvalho, situada no Jd. Nova Limeira, que a
Sra. Ana Francisca nutricionista da já citada empresa, realizou a entrega de
leite em pó em seu carro hoje pela manhã, desrespeitando a legislação
sanitária vigente e ainda o que foi solicitado por esta VISA, e ainda em
inspeção sanitária na escola fomos informados pelos mesmos
responsáveis que no carro da já citada nutricionista havia uma quantidade
de leite em pó; contrariando o disposto na Legislação vigente sobre o assunto10.
10 Item 24 da Portaria CVS 06/99 c.c Portaria CVS 15/91 c.c inciso XIX e XX do artigo 122 do Código Sanitário Estadual Lei 10083/98.
58
A sistemática de irregularidades sanitárias cometidas
pela empresa LE BAROM, põe em sob suspeita, tudo aquilo que já foi dito em
defesa da qualidade advinda da terceirização da merenda escolar em nosso
município, ao longo dos últimos seis anos.
VI. RELAÇÃO ENTRE OS AGENTES PRIVADOS ENVOLVIDOS
VI.I SP ALIMENTAÇÃO E SERVIÇOS LTDA.
A SP ALIMENTAÇÃO E SERVIÇOS LTDA., CNPJ – nº 02.293.852/001-40, com sede à Avenida Queiroz Filho nº, 767, CEP 05.319-000, São Paulo – SP, CEP: 05.319-000, Brasil, tem como sócios:
SÓCIOS PARTICIPAÇÃO NO CAPITAL SOCIALELOIZO GOMES AFONSO 127.500 QUOTAS...R$ 1.275.000,00VALMIR RODRIGUES DOS SANTOS 43.750 QUOTAS... R$ 437.500,00VILSON DO NASCIMENTO 78.750 QUOTAS... R$ 787.500,00TOTAL 250.000 QUOTAS.. R$ 2.500.000,00
Segundo depoimento prestado a esta CPI e também
ao Ministério Público, o Sr. Genivaldo Marques dos Santos, delator do esquema
envolvendo a “máfia da merenda” declarou: “... que o Sr. Eloizo Afonso
Gomes Durães é proprietário das empresas SP Alimentação, Lê baron e
Unifarma”.
VI.II DA LE BAROM
59
A LE BAROM ALIMENTAÇÃO LTDA., CNPJ – nº 55.261.689/0001-08, com sede à Rua Araçatuba, nº 416, Bairro Santa Maria, CEP: 09.071.-310, Santo André/SP, tem como sócios:
SÓCIOS (%) QUOTAS VALOR –R$ABONA PARTICIPAÇÕES LTDA 98 1.960.000 1.960.000,00MARISA BORTOLETTO RIBEIRO 02 40.000 40.000,00TOTAL 100 2.000.000 2.000.000,00
A SP Alimentação prestou serviços de fornecimento
de merenda escolar a Prefeitura Municipal de Limeira entre os anos de 2006 a
2009.
Ocorre que em 2009 a empresa SP Alimentação e
Serviços LTDA foi substituída pela empresa Lê Baron Alimentação, que venceu
o pregão presencial ocorrido em outubro de 2009, a qual permaneceu
contratualmente vinculada ao município de Limeira até o final do mês de julho de
2012. Entretanto, conforme apurado, não resta dúvida que o fornecimento de
merenda escolar em nossa cidade permaneceu sob o controle do Grupo SP
Alimentação que envolve diversas empresas de fornecimento de alimentação
escolar e está envolvida em escândalos por todo o país.
(DA LIGAÇAO ENTRE A SP ALIMENTAÇAO E A LE BAROM)
Observando-se o histórico das alterações contratuais,
e a sequencia das mudanças do quadro societário das empresas Le Barom, SP
Alimentação, entre outras acusadas de fazerem parte do mesmo grupo
empresarial, notou-se um relacionamento intenso entre os sócios das empresas
60
referidas, que realizavam uma espécie de rodízio, alternando-se, da composição
societária das empresas do mesmo grupo.
De acordo com, Instrumento Particular de
constituição de contrato social (fls. 2902, Vol. VI, processo 3108/2010),VILSON
DO NASCIMENTO, foi sócio fundador da empresa SP ALIMENTAÇÃO. Em 10
de outubro de 1997, Vilson se juntou ao representante da empresa CEAZZA
DISTRIBUIDORA DE FRUTAS, VERDURAS E LEGUMES LTDA, Sr. ELOIZO
GOMES AFONSO.
Contudo, em 05 de outubro de 1999, VILSON DO
NASCIMENTO, deixa o quadro societário da SP ALIMENTAÇÃO, para a
entrada do Sr. VALMIR RODRIGUES DOS SANTOS. (Fls.2910).
Tempos depois, em 03 de março de 2005, o
advogado VILSON DO NASCIMENTO retorna ao quadro societário da SP
ALIMENTAÇÃO, conforme consta nos autos11.
De estranho, há de ressaltar, que embora em seu
depoimento, bem como nos memórias entregues a esta CPI, a suposta dona da
empresa LE BAROM, Sra. MARISA BORTOLETTO RIBEIRO, negue qualquer
vinculo entre a sua empresa Le Barom e a SP Alimentação, afirmando
desconhecer o quadro social da empresa do mesmo ramo, porém, as provas
juntadas aos autos demonstram exatamente o contrário.
11 Ver Documento fls. 2933/2934 vol. VI processo 3108/2010.
61
Vejamos, consta nos autos12, que em 29 de junho de
2007, a sócia, MARISA BORTOLETTO se retira do quadro societário da LE
BAROM, para a entrada do ex-sócio, fundador do grupo SP ALIMENTAÇÃO,
Sr. VILSON DO NASCIMENTO, admirável coincidência, mas quando
questionada pelo relator se conhecia os donos da SP ALIMENTAÇÃO, esta
afirmou conhecer somente o Sr. ELOISIO DURÃES FILHO, preferiu se omitir
com relação ao Senhor VILSON DO NASCIMENTO, mesmo existindo nos autos
um documento assinado por ambos, na mesma data.
Poderíamos a titulo de reconhecimento de uma
possível falha humana, acreditar que a omissão em declarar a participação de
um ex-sócio da SP ALIMENTAÇÃO, no quadro societário da LE BAROM seria
apenas uma falha de memória. Mas, nobres membros desta Comissão, não foi!
Pois, como se não bastasse, a discrepância entre as
declarações prestadas pela Sra. MARISA dona da LE BAROM, e o documentos
juntados aos autos, dão conta, que o esquecimento da referida depoente, não
passou batido pelos olhos deste Relator, que localizou nos autos, mais um prova
atestando contra as afirmações prestadas perante esta Comissão.
Cabe relembrar, que a Sra. MARISA dona da LE
BAROM, em junho de 2007, deixou momentaneamente a sociedade, sendo
substituída por um ex-sócio da SP ALIMENTAÇÃO, embora a mesma não tenha
lembrado deste episódio durante o seu depoimento prestado a esta Comissão.
Pelo visto, a Sra. MARISA também não se recordou,
que um pouco antes de sua empresa assumir o contrato de fornecimento de
12 (fls.3362, vol. XVII).
62
merenda escolar junto a Prefeitura de Limeira, em substituição a SP
ALIMENTAÇÃO, mas precisamente em 13 de março de 2009, a mesma, após
ter deixado o quadro societário da empresa em junho de 2007, voltou a fazer
parte do quadro societário da LE BAROM, mas desta vez, no lugar do Sr.
VILSON DO NASCIMENTO. Consta também, no mesmo documento, que na
mesma data, uma terceira pessoa deixou a sociedade, trata-se do Sr. LUCAS
DO NASCIMENTO.
Ou seja, a Sra. MARISA saiu do quadro societário da
LE BAROM para entrada do Sr. VILSON, e voltou novamente à sociedade em
substituição do mesmo, apesar de não o conhecer como sendo ex-sócio da SP
ALIMENTAÇÃO, conforme depôs neste Plenário.
Cabe ainda ressaltar, que em outro momento de
mudanças no quadro societário da LE BAROM, em 16 janeiro, de 2003,
segundo a vigésima quinta alteração contratual da LE BAROM (fls.3321/3330,
Vol.XVII) houve um cisão parcial da sociedade, quando na oportunidade
ingressaram no quadro societário da empresa os senhores JOSÉ AMÂNCIO DA
SILVA FILHO, e JURANDIR LONGO. Na data de 10 de fevereiro de 2004,
segundo vigésima sexta alteração contratual da empresa (3331/3340 Vol. XVII),
o sócio JURANDIR LONGO se retira do quadro societário da LE BAROM.
Embora os relatos que seguem, não compreendem
exatamente a ordem cronológica do acontecimento dos fatos, vale à pena
registrar que na data de 01 de fevereiro de 2008, conforme consta na Vigésima
Nona alteração contratual da LE BAROM, (fls.3363/3365, Vol.XVII), o Sr. JOSÉ
63
AMÂNCIO DA SILVA FILHO se retira da sociedade. Na mesma data, ingressa
na sociedade LUCAS DO NASCIMENTO, tendo como sócio remanescente
VILSON DO NASCIMENTO, que ao julgarmos pelo sobrenome visível, pode-se
tratar respectivamente de pessoas de uma mesma família.
Porém não demora muito tempo, e JOSÉ AMÂNCIO
DA SILVA FILHO, já esta de volta atuando no mercado, desta vez, ao lado de
um conhecido, que assim como ele, também já pertenceu aos quadros
societários da empresa LE BAROM, trata-se de JURANDIR LONGO, com
quem, na data de 10 de março de 2008, constitui uma outra empresa do setor de
alimentação, denominada como “JLA ALIMENTAÇÃO LTDA”,
coincidentemente, a nova empresa constituída por dois ex-sócios da LE BAROM
participam do Pregão 104/2009, no qual, a ex - empresa de ambos, sagrou-se
vencedora, fato que corrobora a informação prestada pelo Sr. GENIVALDO
MARQUES DOS SANTOS em seu depoimento prestado ao Ministério Público, o
qual afirmou que a empresa JLA participou da licitação apenas para dar
cobertura a LE BAROM.
Nobres pares, vejam que interessante, dois ex-sócios
da Le Barom se juntam em determinado momento e resolvem constituir uma
empresa no mesmo segmento de alimentação, imagina-se que era para
“competir” quem sabe, com a empresa de qual ambos já foram sócios.
Apenas para registrar, a empresa JLA foi consultada
pelo Departamento de Gestão de Suprimentos da Prefeitura de Limeira, para
apresentar um à estimativa de preços para elaboração da cotação do valor do
edital 147/2009, que resultou na contratação da LE BAROM, (fls.2174, Vol.XI).
64
VII DOS INDICIOS DE IRREGULARIDADES
OCORRIDAS NO CEPROSOM
O Centro de Promoção Social Municipal (CEPROSOM), órgão da Administração
Indireta do Município de Limeira, deu inicio através do processo de licitação, na
modalidade de Pregão (Presencial), aberto pelo Edital 022/2007, a contratação
de empresa especializada para prestação de serviços no preparo e fornecimento
de refeição, no sistema de bandejão, para o restaurante do trabalhador do
município, conforme foi publicado no Jornal Oficial do Município em 28.07.2007
(fls. 141, volume I).
Vale à pena relembrar, que nesta data, a Autarquia era presidida, pela ex-
primeira dama, a Sra. Constância Berbet Dutra da Silva. O fato da ex- primeira
dama, além de seus filhos, irmãos e funcionários terem sido presos em 24 de
novembro de 2011, a pedido do Ministério Público Estadual, que através de uma
investigação criminal, localizou em nome de “Constância Félix e família” dezenas
de imóveis de alto padrão adquiridos de maneira obscura, fez com que a nossa
atenção na condução da presente “CPI da Merenda”, se voltasse também para
identificar eventuais irregularidades até então, encobertas, as quais, com
empenho, vamos decifrando os detalhes mais sórdidos dos esquemas
perpetrados contra o erário público, que causaram prejuízos incalculáveis até o
presente momento para toda sociedade limeirense.
Tudo o que se passou nos bastidores do CEPROSOM que tem como principal
função cuidar dos cidadãos menos abastados, em situação de vulnerabilidade
econômica e social, através da implementação da política assistencial do
65
município, evidencia, a total falta de compromisso com a coisa pública, além de
demonstrar também, que tudo foi feito sempre visando atingir a satisfação de
interesses pessoais, em detrimento do interesse público.
Com a finalidade de celebrar um contrato cujo objeto era a contratação de uma
empresa especializada na prestação de serviços no preparo e fornecimento de
refeição, no sistema de bandejão, para o restaurante do trabalhador do
município, a Autarquia, conduzida pela ex-primeira dama Constância Félix, foi
em busca de um “expert” na elaboração de editais deste tipo. Como era preciso
agilizar essa empreitada, um conhecido funcionário do governo Félix foi
escalado para orientar todo o processo “burocrático” necessário para este
serviço.
A ex- primeira dama, Constância Félix, esposa do prefeito cassado Silvio Félix,
na condição responsável legal pela Autarquia, com a autoridade e os poderes
previstos no artigo 22 do Decreto n° 253/200513, designou como pregoeiro
responsável pelos trabalhos advindos da modalidade de licitação de “Pregão” no
âmbito do CEPROSOM, o servidor Sr. Dr. Rodrigo Cruanes de Souza Dias,
conforme foi publicado no Jornal Oficial do Município em 14.03.2007 (fls. 61,
volume I). Ainda que possa parecer uma simples coincidência, embora não
acreditamos nesta hipótese, o servidor designado para esta atividade, é o
mesmo que igualmente participou da Comissão de Licitação que aprovou a
contratação entre a Prefeitura Municipal de Limeira e a empresa SP
13 Decreto 253 /2005, art. 22. No Centro de Promoção Social Municipal – CEPROSOM caberá ao Presidente da Autarquia ou ao Superintendente do órgão: I – Determinar abertura da licitação; II – Providenciar, junto ao setor competente, a respectiva reserva orçamentária, para o pagamento dos bens e serviços a serem adquiridos, e o respectivo empenho orçamentário; III – Designar o pregoeiro e os componentes da equipe de apoio; IV – Decidir os recursos contra os atos do pregoeiro em caso de indeferimento, e V – Homologar o resultado da licitação e assinatura do termo de contrato correspondente. Parágrafo Único. As confirmações de fornecimento/serviço serão assinadas pelo Presidente ou pelo Superintendente do Centro de Promoção Social Municipal – CEPROSOM.
66
Alimentação, tanto, que o mesmo, é réu na Ação de Improbidade Administrativa,
movida pelo Ministério Publico Estadual, em trâmite nesta Comarca, que tem
como pedido o ressarcimento de R$ 56 milhões de reais referente aos prejuízos
causados ao município em razão do superfaturamento do aludido contrato ter
sido considerado lesivo aos cofres públicos.
Como se não bastasse, as surpresas não param por aí, nos debruçando um
pouco mais sobre os autos, identificamos mais uma prova inquestionável de
todo o esquema engendrado pela ex - primeira dama, Constância Félix.
Desta vez, outro personagem de todo o escândalo envolvendo a administração
pública local, se fez presente, trata-se do Sr. Genivaldo Marques dos Santos,
(Delator do esquema da merenda escolar junto ao GAECO), conhecido pelos
mais íntimos com a alcunha de “Tiquinho”, e que em depoimento a primeira CPI
da Merenda Escolar realizada nesta Câmara Municipal através do Processo
3108/2010, prestou declarações sobre como era o “modis operandis” da máfia
da merenda escolar, inclusive citando o pagamento de propina a agentes
políticos locais14.
Consta nas fls. 77 dos presentes autos, um ofício anexado ao processo
administrativo n° 1977/2007, endereçado ao Departamento de Compras do
CEPROSOM, tendo como destinatário o Sr. Cláudio, e como assunto: cotação
de preços, onde foi enviada a cotação de preços para o fornecimento de
refeições da empresa VERDURAMA COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA,
assinado pelo sócio, GENIVALDO MARQUES DOS SANTOS. Neste ponto, vale
a pena registrar que o delator do esquema da máfia da merenda, apontou em
14 Ver depoimento Genivaldo Marques dos Santos fls.8540, Vol. XLIII
67
seu depoimento15, a existência de uma quadrilha organizada em desviar
recursos públicos destinados a aquisição da alimentação escolar para crianças
de todo país, utilizando-se, para tanto, de expediente capcioso com vistas a
fraudar os procedimentos licitatórios, simulando a participação de empresas
distintas, quando na verdade, trata-se de um único grupo empresarial.
Ratificando as palavras do Sr. GENIVALDO MARQUES DOS SANTOS
declaradas perante o Ministério Público e a CPI da merenda instalada nesta
Câmara Municipal no ano de 2010 que: O Sr. Eloizo Gomes Durães é
proprietário das empresas SP Alimentação, Le Baron e Unifarma, bem como, as
palavras da Sra. MARISA BORTOLLETTO, que afirmou perante esta CPI ser
proprietária da empresa Le Barom, e da empresa Terra Azul Alimentações
Coletivas, mais um fato chama a atenção deste relator, pois na elaboração da
cotação do preço a ser estipulado em edital, também Consta nas fls. 81 dos
presentes autos, um ofício anexado ao processo administrativo n° 1977/2007,
endereçado ao Departamento de Compras do CEPROSOM, em que a empresa
TERRA AZUL apresenta sua estimativa de preços para o certame, bem como, a
empresa que se sagrou vencedora do certame também apresentou sua cotação,
conforme se verifica as fls.79 dos autos.
Nobres pares, observem que, num mesmo procedimento licitatório, participaram
as empresas: Le Baron, Terra Azul e Verdurama, esta última representada pelo
seu sócio Genivaldo Marques dos Santos, neste ponto, não se trata de
conjecturas abstratas, e sim de documentos públicos, em posse desta CPI, os
quais corroboram a tese de que a máfia da merenda escolar esteve instalada
tanto no Edifício Prada, como também na sede do CEPROSOM, fato que requer
maiores esclarecimentos das autoridades competentes. Ainda, carreando os
15 Idem ao item 12
68
autos, observamos uma quarta empresa apontada como integrante da máfia da
merenda, e que também participou do processo, apresentando proposta
comercial, neste caso, trata-se da Geraldo J. Coan Alimentos.
A situação acima assinalada, pode em tese, configurar ato ilícito, caso seja
demonstrado que houve desrespeito ao Item 3.2.4 do Edital de Pregão
(Presencial) n° 022/2007, referente ao processo n° 1977/2007, que resultou na
celebração do contrato n° 044/2007, assinado aos vinte e quatro dias do mês de
agosto de 2007, (fls. 358 dos autos), tendo como objeto a contratação de
empresa especializada para prestação de serviços no preparo e fornecimento e
refeições no restaurante do trabalhador, o qual, consta de um lado como
contratante o CEPROSOM representado pelo Secretário Executivo,
Administrativo e Financeiro, Sr. RODRIGO CRUANES DE SOUZA DIAS, e como
contratada a empresa LE BAROM, representada pelo Sr. JOSÉ AMÂNCIO DA
SILVA FILHO. O valor estimado do contrato foi previsto em R$ 1.145.340,00 (um
milhão, cento e quarenta e cinco mil, trezentos e quarenta reais), o qual foi
prorrogado por quatro vezes, porém, alterou-se os responsáveis legais pelas
assinaturas do contrato, os quais eventualmente em caso de responsabilização
judicial também precisam ser alcançados, bem como houve reajustes nos
valores do contrato, que obteve seu termino em agosto de 2012.
VIII A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR NA MERENDA
ESCOLAR
69
Inúmeras famílias brasileiras ainda obtêm sua renda por meio da agricultura. A
chamada agricultura familiar, constituída por pequenos e médios produtores,
representa a maioria dos produtores rurais brasileiros. E os números
comprovam: são 4,5 milhões de pequenas propriedades rurais. Segundo dados
do Ministério da Agricultura, cerca de 70% do alimento que chega à mesa do
povo brasileiro é proveniente do pequeno produtor, da agricultura familiar.
Entretanto, este mesmo produtor, se vê abandonado à própria sorte, sem
qualquer amparo do poder público. Situação que o obriga abandonar sua
atividade essencial para buscar outras alternativas de sobrevivência. Este
fenômeno deve chamar nossa atenção, uma vez que a redução da produção
diminui, consequentemente, a oferta de alimentos, e este cenário não é diferente
em nossa cidade, Limeira.
Esta lógica perversa tem, paulatinamente, afastado o habitante do meio rural,
restando-lhe como única alternativa a saída de sua propriedade. A falta de
incentivo ao produtor rural, a dificuldade de escoamento de sua produção,
associada à expansão do agronegócio têm desestimulado o morador do campo.
Basta imaginar que é mais rentável arrendar sua gleba de terra a um grande
usineiro de cana de açúcar a continuar enfrentando todas as dificuldades para
produzir. Constatamos, então, a expansão das conhecidas monoculturas e a
redução cada vez mais intensa das superfícies de terra destinadas á agricultura
familiar e a produção de alimentos.
O produtor rural espera que o poder público municipal, estadual e federal
garantam políticas públicas que cheguem até a roça. O que percebemos são
ações localizadas, comprometendo resultados, como um todo.
70
É prática comum em municípios vizinhos, que secretarias como Agricultura
mantenham parcerias com universidades, aberturas para novos projetos dos
governos estadual e federal, ou no mínimo, parceria com o Sebrae, para que o
produtor familiar possa ter acesso a um planejamento estratégico para produção
nas propriedades. O que constatamos é que o posto do Sebrae em Limeira foi
fechado, e produtores estão sem acesso ao grandioso serviço oferecido através
do Agro Sebrae.
Outro aspecto que envolve a persistência do produtor rural é sua capacidade de
querer trabalhar em sua terra. Temos visto surgir diversas hortas pelo bairro dos
Pires. O produtor familiar revela seu desejo de que Limeira tenha um entreposto
para a venda da produção familiar com preço justo e justifica que a Secretaria
deve fazer o papel que lhe convém. Não acha justo que tenham que oferecer
seus alimentos a leilão na porteira, querem valorizar seus produtos, mas não
sabem como. Querem vender para a merenda escolar de Limeira, mas não
sabem como. Não basta informar, é preciso fomentar!
Iniciativas de aquisição espontânea ou estimuladas de gêneros alimentícios para
o cardápio da merenda escolar não são novidades, conforme diversas
experiências que nos foram relatadas em depoimento prestado nesta CPI pelo
Consultor Antonio Oswaldo Storel Junior. Antes mesmo de se tornar Lei, esse
tipo de aquisição já era adotado por centenas de municípios em todo país.
Porém, no caso de Limeira, embora o ex- Prefeito que se auto declarava como
sendo um Produtor Rural, nunca direcionou em momento algum de sua gestão,
ações políticas com vistas a favorecer o homem do campo, durante os sete
anos, um mês e vinte quatro dias que governou este município.
71
Esse quadro só piora, à medida que buscamos aprofundar o nosso
conhecimento sobre tema, oportunidade aberta a partir da instalação desta
Comissão Parlamentar de Inquérito, que cumpre sua função constitucional de
investigar as denúncias de desvios de recursos públicos no pagamento do
serviço de fornecimento de merenda escolar pelas empresas do Grupo SP
ALIMENTAÇÃO, bem como, enfrentamos ao mesmo tempo o desafio de sermos
propositivos, tendo em vista a mudança de cenário já em curso com
remunicipalização do serviço de merenda escolar.
De posse de todos os documentos ofertados aos membros desta Comissão, em
meio a tudo que se descobriu em termos de irregularidades, as quais foram uma
a uma apontadas no presente Relatório, floresce também, um amplo campo de
oportunidades a serem exploradas pela Administração Municipal no tocante aos
diversos benefícios que podem ser compartilhados entre a sociedade local e
regional, se, tivermos a maturidade de estabelecermos um novo marco no
incentivo a agricultura familiar, tendo como norte num primeiro momento, uma
ação imediata que beneficiará a todos, que seria o incentivo público á formação
de cooperativas e associações de produtores, pelas quais o Poder Público
poderá adquirir gêneros alimentícios para a merenda escolar. Medida que
satisfará nas duas pontas: Alimento de qualidade para as crianças e incentivo á
produção rural, o que melhorará a renda dos trabalhadores, justificando sua
fixação no campo.
VIII.I DA AQUISIÇÃO DE 30% DOS GÊNEROS ALIMENTÍCIOS DA
AGRICULTURA
72
FAMILIAR (LEI FEDERAL Nº 11.947/2009)
“A Lei Federal nº 11.947, de 16 de junho de 2009, em seu artigo 1416, determina
que as prefeituras adquiram até 30% dos gêneros alimentícios destinados à
merenda escolar com recursos repassados pelo Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE) diretamente de agricultores familiares e
empreendedores rurais familiares. Nossa cidade é um exemplo de como a
inércia não deve ser seguida, pois, provocações, reclamações, cobranças e
questionamentos não faltaram advindos das diversas vozes da sociedade
limeirense, essa Câmara Municipal, o Conselho de Alimentação Escolar, o
INCRA, o Ministério Público Estadual e a sociedade civil sempre apontaram ao
Poder Executivo Municipal à necessidade e a importância estratégica de se
atender as regras estabelecidas pela legislação federal que rege o assunto,
porém todos, foram ignorados sobre os mais diversos pretextos.
Primeiramente, cabe consignar que o Edital de Licitação 147/09, conforme já
anotado anteriormente neste Relatório (fls. 2318, volume XII), tem sua primeira
versão elaboração registrada no dia 01.07.2009, portanto já na vigência da nova
Lei 11.947/2009, publicada em 16.06.09, dispondo sobre o atendimento da
alimentação escolar. Entretanto, o que se esperar do conluio entre o ex-
mandatário e a máfia da merenda, já que juntos infligiram a Lei de Licitações,
ignoraram a Lei de Improbidade Administrativa. Conseqüência disso, o contrato
também nada previu sobre o as diretrizes estabelecidas pela nova legislação,
16 Art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.
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omissão e falta de visão estratégica que ainda predomina no atual governo, visto
que o mesmo por ocasião da municipalização da merenda escolar continua
fazendo tábula rasa do dispositivo legal que determina que do total dos recursos
financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta
por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios
diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas
organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as
comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.
A fim de ilustrar as cobranças para o atendimento a Legislação mencionada,
destacamos parcialmente, a Ata do Conselho de Alimentação Escolar17, por
ocasião da reunião realizada na data de 17.03.2010, quando a então presidente
do conselho, Sra. Valéria Pires questiona o seguinte: “porque não há
produtores locais atuando como fornecedores da empresa terceirizada”.
Em resposta, a Sra. SUELI KAZUE KOMATSU, ex funcionaria da SP
Alimentação, ex- funcionaria da Le Barom e atual Diretora do Departamento de
Merenda Escolar da Prefeitura Municipal de Limeira, disse que: estou
procurando parceiros que possam suprir as necessidades do município, e pelo
visto, considerando que ate hoje nada de efetivo foi realizado neste sentido,
podemos acreditar que a atual Diretora da Merenda Escolar de Limeira, ainda
continua a procura, mesmo tendo ultrapassados mais de dois anos desde a data
da reunião em comento.
Em termos práticos, conforme dados consultados junto ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE)18, tivemos acesso as informações
relacionadas ao repasse de recursos do Governo Federal para aquisição da
17 Ver Ata da 4ª Reunão Extraordinária do CAE (fls.4289/4292,Vol.XXII)18 https://www.fnde.gov.br/pls/simad/internet_fnde.liberacoes_result_pc
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merenda escolar entre o mês de junho de 2009 à agosto de 2012, e que são
reproduzidas na Tabela abaixo:
ANO PERÍODO VALOR
2009 JUN/DEZEMBRO R$ 1.553.745,60
2010 MAR/DEZEMBRO R$ 3.609.80,00
2011 MAR/DEZEMBRO R$ 3.633.300,00
2012 MAR/AGOSTO R$ 2.671.728,00
TOTAL R$ 8.796.125,60
Se, considerarmos que a Prefeitura Municipal de Limeira no período acima
indicado, poderia ter utilizado no mínimo 30 % do total dos R$ 8.796.125,60 dos
recursos enviados pelo Governo Federal, através do MEC, para aquisição de
alimentos de qualidade para fornecimento de merenda escolar as nossas
crianças e, ao mesmo tempo incentivando o produtor rural, teríamos investidos
diretamente no nosso município o equivalente a R$ 2.638.837,68.
Mas infelizmente a opção foi investir o montante dos recursos em alimentos de
origem duvidosa, sem identificação e sabe-se lá a que preço.
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VIII.I.I SUGESTÕES
- Elaboração de um Plano de trabalho para os próximos três meses a fim de
incentivar a organização dos produtores rurais/regionais a fim de incentivar a
organização de cooperativas com a finalidade de fornecer gêneros alimentícios
para a merenda escolar servida nas escolas de Limeira.
- Elaboração campanha informando as regras necessárias para criar e participar
de uma cooperativa através de: Cartilha (animação), TV, Rádio, jornais e
internet.
- Realização de estudo sobre a demanda pelo consumo de gêneros alimentícios
específicos para a merenda escolar e para o Restaurante do Povo.
- Criar linhas de créditos especifica para o apoio aos membros das cooperativas
rurais através do Banco de crédito municipal.
- Criar um entreposto de distribuição da produção rural em local de fácil acesso a
ser definido em conjunto com os produtores rurais.
- Reativar o Conselho Municipal de Segurança Alimentar (CONSEA).
- Realizar Audiência Pública na Câmara Municipal com todos os interessados,
Prefeitura, CAE, Produtores, Sindicatos, SEBRAE, Assentados, ONGs,
Conselho Rural e representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
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- Debater e acompanhar a execução das ações previstas do Plano de
Desenvolvimento Rural Sustentável.
IX DA CAPITULAÇÃO LEGAL DAS INFRAÇÕES PERPETRADAS PELO EX-
PREFEITO
Agindo da forma suso descrita, o Ex-Prefeito Municipal incorreu contrariamente
ao disposto nos arts, 315 e 317 do Código Penal, arts 10, I e II, 11, I, da Lei de
Improbidade Administrativa, arts. 90, 92, 93 e 96, V da Lei 8.666/93
IX.I CAPITULAÇÃO LEGAL DAS INFRAÇÕES PERPETRADAS PELO EX-
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Agindo da forma suso descrita, o Ex-Secretario de Educação incorreu
contrariamente ao disposto nos arts, 299. 315 e 319 do Código Penal, arts 10, I
e II, 11, I, da Lei de Improbidade Administrativa, arts. 90, 92, 93 e 96, V da Lei
8.666/93
IX.II CAPITULAÇÃO LEGAL DAS INFRAÇÕES PERPETRADAS PELA EX-
PRIMEIRA DAMA
Agindo da forma suso descrita, a Ex-Primeira Dama incorreu contrariamente ao
disposto nos arts, 315 e 317 do Código Penal, arts 10, I e II, 11, I, da Lei de
Improbidade Administrativa, arts. 90, 92, 93 e 96, V da Lei 8.666/93.
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IX.III CAPITULAÇÃO LEGAL DAS INFRAÇÕES PERPETRADAS PELA
PROPRIETÁRIA DA EMPRESA LE BAROM MARISA BORTOLETTO RIBEIRO
Agindo da forma suso descrita, a proprietária da empresa Le Barom, MARISA
BORTOLETTO RIBEIRO inculcar incorreu contrariamente ao disposto nos arts,
278, 335 do Código Penal, arts. 4 e 7 da Lei que define os crimes contra a
ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, arts 9 e 10 da Lei
de Improbidade Administrativa, arts. 93, 95 e 96 da Lei 8.666/93.
X. CONCLUSÃO.
Diante todo o exposto, por tudo que dos autos consta,
restando comprovada a prática das ações típicas descritas no requerimento de
abertura desta CPI, envolvendo a Prefeitura Municipal de Limeira, o Grupo SP
Alimentação, do qual faz parte a empresa Le Barom composto entre outras
empresas, o ex- secretario de educação Antonio Montesano Neto, a ex-primeira
dama Constância Dutra, os quais estando fora da administração são passiveis
das ações medidas administrativas e judiciais cabíveis a serem interpostas pelos
órgãos abaixo elencados, requerendo seja submetido ao A. Plenário para
votação, aprovação e conseqüente envio cópia deste relatório e dos autos desta
CPI para o Ministério Público incorporar em sua investigação em curso e adotar
as medidas que julgar cabíveis, o que se requer.
De outra competência, cumpre ao Ministério Público
Federal e à Polícia Federal tomar conhecimento dos presentes autos e Relatório
para que procedam com as medidas cabíveis no âmbito de sua atuação, o que
se requer.
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XI PROVIDÊNCIAS
Enviar cópia do relatório para as seguintes autoridades: PREFEITURA
MUNICIPAL DE LIMEIRA, MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, MINISTÉRIO
PÚBLICO FEDERAL, POLICIA CIVIL E POLICIA FEDERAL, FUNDO
NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, TRIBUNAL DE
CONTAS DA UNIÃO, CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO, TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SÃO
PAULO, CONGRESSO NACIONAL E AO CONSELHO DE ALIMENTAÇÃO
ESCOLAR.
Ronei Martins
Relator
Carlos Rossler
Presidente
Miguel Lombardi
Membro
Paulo Barbosa
Membro
Antonio Braz do Nascimento (PIUÍ)
Membro
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