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Relatório de Estágio – A Moagem Cidade do Engenho e das Artes
Carlos Miguel Gonçalves Martins I
3Instituto Politécnico da Guarda
Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto
Relatório de Estágio
Nome: Carlos Miguel Gonçalves Martins
Curso: Animação Sociocultural
Número de Aluno: 6406
Docente Orientador: Dr.ª Maria do Rosário da Silva Santana
Instituição de Estágio: A Moagem – Cidade das Artes e do Engenho
Morada: Largo da Estação 6230-311 Fundão
Orientador no Local de Estágio: Dr. Rui Quelhas
Data de Inicio do estágio: 1 de Agosto
Data de Fim do estágio: 31 de Outubro
Duração: 3 Meses
Relatório de Estágio – A Moagem Cidade do Engenho e das Artes
Carlos Miguel Gonçalves Martins II
Agradecimentos
Agradeço ao Instituto Politécnico da Guarda, concretamente à Escola Superior de
Educação Comunicação e Desporto e a todos os docentes que me acompanharam
durante os três anos, pelo apoio prestado e por todos as aprendizagens e conhecimentos
facultados, imprescindíveis para o meu crescimento pessoal e profissional.
Agradeço à Moagem e ao meu orientador na instituição, assim como aos
funcionários, que me receberam de braços abertos e sempre se mostraram prestáveis
durante a minha estadia.
Com o maior apreço agradeço a todos os que me acompanharam nesta jornada que
aqui termina, pelo apoio incansável nos bons e maus momentos, por todas as
experiências e novos conhecimentos que me fizeram crescer enquanto homem e
animador.
Aos meus pais por todos os seus esforços e apoios que me “empurraram” para o
sucesso.
E, por fim, a todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, marcaram a minha
passagem nesta escola e nesta cidade. Nunca serão esquecidos. A todos, um grande
Obrigado.
Relatório de Estágio – A Moagem Cidade do Engenho e das Artes
Carlos Miguel Gonçalves Martins III
Índice
Introdução ......................................................................................................................... 1
Capítulo I Animação Sociocultural – Enquadramento Teórico ....................................... 2
1.1 A Animação Sociocultural e a promoção de práticas culturais ......................... 3
1.2 Animação Sociocultural e o Desenvolvimento Comunitário ................................. 4
1.3 O Animador Sociocultural: Papel e Funções .......................................................... 6
Capítulo II Caracterização da Instituição ......................................................................... 8
2.1 Contextualização Histórica ..................................................................................... 9
2.2 Contextualização Geográfica ................................................................................ 10
2.3 Contextualização Social: Missão e Objectivos ..................................................... 12
2.4 O Espaço Físico .................................................................................................... 13
2.5 Recursos Humanos ............................................................................................... 16
2.6 Plano Anual de Actividades ................................................................................. 16
Capítulo III O Estágio Curricular ................................................................................... 18
3.1 Considerações Iniciais .......................................................................................... 19
3.2 Público-alvo, Objectivos e Estratégias ................................................................. 19
3.3 Plano de Estágio ................................................................................................... 20
3.4 Actividades Desenvolvidas .................................................................................. 20
3.5 Actividades ........................................................................................................... 22
3.5.1 Visitas Guiadas ao edifício da moagem e ao museu do centeio .................... 22
3.5.2 Frente de sala em diversos espectáculos ....................................................... 23
3.5.3 Recepção e acompanhamento de bandas durante o festival “Chocalhos” ..... 23
3.5.4 Arquivo de documentos ................................................................................. 27
3.5.5 Procura e tratamento de cartazes no arquivo ................................................. 27
3.5.6 Montagem e desmontagem de sala de exposições e de conferências ............ 29
Avaliação/Reflexão Final ........................................................................................... 30
Considerações Finais ...................................................................................................... 31
Bibliografia ..................................................................................................................... 32
Webgrafia ....................................................................................................................... 33
Anexos
Relatório de Estágio – A Moagem Cidade do Engenho e das Artes
Carlos Miguel Gonçalves Martins IV
Índice de Ilustrações
Ilustração 1: Região Centro NUTS III ............................................................................ 11
Ilustração 2: Concelho do Fundão .................................................................................. 11
Ilustração 3: Moagem ..................................................................................................... 13
Ilustração 4: Moagem ..................................................................................................... 13
Ilustração 5: Museu do Centeio ...................................................................................... 22
Ilustração 6: Museu do Centeio ...................................................................................... 22
Ilustração 7: Cartaz dos Chocalhos ................................................................................ 24
Ilustração 8: Tenda Promocional .................................................................................... 25
Ilustração 9: Tenda Promocional .................................................................................... 25
Ilustração 10: Grupo de Bombos .................................................................................... 26
Ilustração 11: Grupo de Bombos .................................................................................... 27
Ilustração 12: Cartazes.................................................................................................... 28
Ilustração 13: Cartazes.................................................................................................... 29
Índice de Quadros
Quadro 1: Cronograma de actividades ........................................................................... 21
Relatório de Estágio – A Moagem Cidade do Engenho e das Artes
Carlos Miguel Gonçalves Martins 1
Introdução
O presente relatório, efectuado no âmbito da unidade curricular de Projecto/Estágio,
do Terceiro Ano do curso de Animação Sociocultural, é elaborado segundo as normas
descritas no Regulamento de Estágio/Projecto aprovado pelo Concelho Técnico-
científico em 21 de Abril de 2010, em vigor na Escola Superior de Educação
Comunicação e Desporto da Guarda.
Este relatório diz respeito ao estágio realizado na Instituição “A Moagem – Cidade
do Engenho das Artes”, de 1 de Agosto e 31 de Outubro de 2011, na localidade do
Fundão e tem como finalidade apresentar e reflectir sobre a forma como decorreu o
estágio. Durante este período, pude identificar e pôr em prática o papel da Animação e
do Animador Sociocultural junto da comunidade. Assim, como metodologia da
animação, nomeadamente trabalhar com a comunidade e não para a comunidade,
incutindo um sentido de pertença e de defesa daquilo que é característico, o animador,
será um agente dinamizador, que actua junto da comunidade, ouvindo as suas
necessidades e que, com ela, é capaz de combater e colmatar essas deficiências,
estimular os relacionamentos e a sua criatividade.
A escolha da instituição não foi fortuita. A promoção e o desenvolvimento cultural
foram sempre um objectivo principal para mim. Trabalhar com a cultura, com os
espaços culturais e a população autóctone, conjugado com a minha área de residência,
permitiu-me conhecer um pouco melhor a realidade onde estou inserido e tentar pôr em
prática os conhecimentos adquiridos durante os três anos de curso.
Neste contexto, este relatório divide-se em três partes. Numa primeira parte farei um
enquadramento teórico sobre a Animação Sociocultural e o seu papel na promoção das
práticas culturais, vou abordar o papel desta no Desenvolvimento Comunitário, e, por
último, o papel e as funções do Animador Sociocultural.
Numa segunda parte, incidirei sobre a Instituição, fazendo uma pequena
caracterização histórica e geográfica, os seus objectivos, os seus recursos humanos e
ainda apresentarei um plano anual de actividades.
A última parte referir-se-á ao estágio curricular, e à minha prestação na instituição.
Analisarei a minha prestação, o público-alvo e as actividades realizadas durante estes
três meses.
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Capítulo I Animação Sociocultural – Enquadramento Teórico
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1.1 A Animação Sociocultural e a promoção de práticas culturais
O aparecimento da Animação Sociocultural está intimamente ligado à Revolução
Industrial, no séc. XVIII, e a todas as transformações que ocorreram a partir dessa data:
o êxodo rural e consequente desertificação dos meios rurais; o desenvolvimento urbano
e aumento da população urbana; o desenvolvimento tecnológico e o aumento do tempo
livre. Estas metamorfoses ocorreram de forma demasiado rápida, fazendo com que a
população sentisse dificuldades de adaptação à nova realidade. Assim, “ (…) a ASC
nasce como uma forma de produção de actividades destinadas a ocupar criativamente
o tempo livre, a atenuar o desenraizamento que produzem os grandes centros urbanos,
evitar que se afunde ainda mais a fenda ou fossa cultural existente entre diferentes
sectores sociais, desbloquear a comunicação social mediante a criação de âmbitos de
encontro que facilitem as relações interpessoais, a estimular as atitudes favoráveis a
assumir a educação permanente como necessidade de toda a pessoa e a estimular a
realização de actividades que desenvolvem a expressão, a iniciativa, a participação e a
criação pessoal.” (Ander-Egg, 2000)
Entendemos assim a Animação como uma tecnologia social que estimula as pessoas
à participação, através de metodologias, estratégias e tarefas geradoras de processos de
intervenção a partir das realidades sociais. Segundo a UNESCO (1997) “ A Animação
Sociocultural é um conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a
iniciativa, bem como a participação das comunidades no processo do seu próprio
desenvolvimento e na dinâmica global da vida sócio-politicas em que estão integrados”.
A Animação está organizada em três dimensões base, a social, educativa e a cultural,
sendo que estas não podem ser estáticas nem autónomas, estando interligadas entre si. A
primeira dimensão defende a constante promoção, dinamização, motivação de relações
interpessoais, comunicativas e humanas remetendo para o desenvolvimento pessoal e
comunitário. Na dimensão educativa, a animação tem um papel importante, o de incutir
nas pessoas o desejo para continuarem os estudos, para se instruírem, fomentando o seu
desenvolvimento e melhoramento da qualidade de vida. No que concerne à dimensão
cultural, o seu objectivo na animação é a promoção da cultura como elemento principal
do desenvolvimento pessoal e colectivo de um povo. Jor (1979, citado por Serrano e
Puya 2006) define a cultura como a síntese de todas as actividades criativas de um povo
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que, por sua vez, são como um caminho para a reestruturação e regeneração de qualquer
processo cultural.
É através desta dimensão da Animação Sociocultural que enquadramos a
necessidade de haver uma promoção das actividades culturais que projectem o
desenvolvimento cultural, visando o reforço da identidade própria, através de medidas
de conservação e divulgação do património. Primeiramente, essas actividades são o
reflexo do reconhecimento, por parte da população autóctone, do património cultural
existente nessa região, e posteriormente, em conformidade com o animador
sociocultural, a gestão e o manejo dos recursos, para que haja uma relação coesa entre
animador e população, culminando na elaboração, promoção, difusão, do património em
forma de actividade cultural.
1.2 Animação Sociocultural e o Desenvolvimento Comunitário
Conforme relatámos anteriormente, a animação emergiu na época da revolução
industrial como resposta às necessidades das comunidades que foram surgindo devido
ao êxodo rural. As pessoas foram-se deslocando para os grandes centros, esquecendo as
aldeias e vilas que os viram nascer e, com isto, foram esquecendo os aspectos culturais
que outrora achavam importantes e que constituíam a base da sua sobrevivência.
Procuraram assim outro tipo de cultura, uma cultura de massas, promovida pela
estandardização dos desejos, nascida da falta de interesse cultural e da necessidade de
colmatar as carências das populações ainda existentes nesses locais rurais. Tendo um
papel fundamental na defesa da cultura endógena, defende as diferenças e as
particularidades que cada região e comunidade têm.
A Animação Comunitária, âmbito da Animação Sociocultural que assenta a sua
estratégia de intervenção na promoção e apoio a organizações empenhadas no
desenvolvimento da comunidade, tem como finalidade a promoção, a participação e a
dinamização social, com a preocupação central de fortalecer o tecido social a partir dos
processos de responsabilização dos indivíduos na gestão dos seus próprios recursos.
Esse desenvolvimento é visto como “ integral e endógeno; integral, visto que é capaz
de unir entre si os progressos económicos, sociais, culturais, morais, reforçando-os na
sua relação mutua. Endógeno, como a passagem de si mesmo a um nível superior, em
relação de soma positiva com os outros” (Lenoir, 1989, p.50 citado por Trilla, p.293).
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Nesta perspectiva da animação comunitária, a animação é o elemento fundamental
para motivar a participação, promovendo a cooperação entre as várias estruturas da
sociedade, a população, os partidos políticos, instituições e redes inter-associativas.
“Esta visão de desenvolvimento comunitário parte da necessidade de uma adequada
articulação da sociedade, em que os três eixos por que é constituída: Estado, mercado
e sector terciário, trabalhem de forma completa e onde a solidariedade exista no
interior de cada um deles” (Trilla, 1997, p.293), segundo García Roca “só as relações
sinérgicas estão em condições de afiançar uma coordenação adequada…, significa
incrementar a coordenação entre os diferentes intervenientes e entre as distintas
dimensões da necessidade, com a participação de todos os agentes envolvidos” (Garcia
Roca, 1995, citado por Trilla, p.293).
Ao falar de desenvolvimento comunitário não podemos apenas referirmo-nos à
animação comunitária mas também à animação turística. Esta última visa, cada vez
mais, a promoção de um turismo que estimule as pessoas a participarem na descoberta
dos locais, sítios e monumentos que visitam. Actualmente, a animação turística está
direccionada para a redução da desertificação das zonas do interior, lutando contra o
turismo de massas que, maioritariamente, se encontra nas regiões do litoral, oferecendo
propostas diferenciadas e relacionadas com a fauna, flora, termas, paisagens, montanha,
gastronomia, crenças, tradições, em suma, o património.
O cariz essencial da Animação turística é a interacção com as pessoas e o meio,
gerando assim um potencial desenvolvimento económico, social, cultural, ambiental,
segundo Cunha “Pelas suas características o turismo é um fenómeno que estabelece
relações não só com todas as actividades humanas como também com o ambiente
físico. Por um lado, os seres humanos nas suas viagens influenciam, com maior ou
menos intensidade, todas as actividades e todas as relações humanas: económicas,
sociais, politicam, sanitárias, culturais, ambientais, e, por outro, são origem a
actividades produtivas que estabelecem estritas interdependências directas ou
indirectas com as existentes” (Cunha, Licínio. 2001, citado por Sousa Lopes, 2008,
p.365).
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1.3 O Animador Sociocultural: Papel e Funções
O animador sociocultural é um profissional que, através da sua formação
pluridisciplinar, tem de saber responder às necessidades da comunidade em que se vai
inserir e posteriormente actuar. Tem como principal objectivo promover a comunicação
no grupo e entre grupos, incutindo neles a vontade de participar no seu próprio
desenvolvimento e no da comunidade, através de actividades sociais e culturais. Deve-
se adaptar às necessidades do grupo, e terá de saber ouvir e saber estar em silêncio, não
ser heróico nem vedeta, pois “ (…) Não vamos à procura de Super-Homens. (…) O
verdadeiro trabalho de Animação é o fazer pensar, fazer falar e fazer actuar. Pouco a
pouco, ele vai agindo de modo a que o grupo possa determinar por si mesmo, os seus
objectivos e a escolher os meios mais adequados para os atingir (Garcia, 1975, citado
por Lopes, p.172)
Segundo Valle (1972 citado por Trilla), as funções do animador são as seguintes:
• Animar globalmente a vida comunitária, desde que o processo esteja
iniciado ou dando-lhe continuidade;
• Realizar estudos de situação, de actividades ou de projectos de
transformação;
• Promover e orientar grupos de acção e de reflexão;
• Suscitar e propor iniciativas que possam transformar a situação social e
cultural;
• Programar actividades e elaborar de planos globais;
• Formar pessoas, dando conteúdos e modificando atitudes;
• Realizar gestões vinculadas às actividades que se levam a cabo, à vida
associativa ou aos serviços sociais existentes;
• Proporcionar assistência técnica directamente ou através de quem puder
facilitá-la, para a execução e o andamento das actividades que a requeiram;
• Assegurar um relacionamento dinâmico entre pessoas e os grupos e as
actuações comunitárias;
• Controlar e avaliar resultados.
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Sucintamente, podemos concluir que o animador sociocultural tem de ter
competências que lhe permitam saber estar em grupo, criar relações de amizade e
confiança, ter sentido social e conceber o seu papel como animador ou facilitador,
criando um ambiente relaxado e favorável ao trabalho, exercendo um tipo de liderança
repartida, na qual as decisões só são tomadas por consenso.
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Capítulo II Caracterização da Instituição
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2.1 Contextualização Histórica
Fruto evidente das forças e vontades regeneradoras do mundo destruído pela
Primeira Guerra Mundial, registam-se projectos para a implementação desta unidade
desde 1919, sendo a sua concretização efectuada nos primeiros anos da década de vinte.
Como titular destes projectos surge o nome Joaquim Mathias Lopes.
A Empresa de Moagem do Fundão regista-se como sócia da Associação Industrial
Portuguesa a 27 de Setembro de 1922. A sua localização pretende aproveitar a
proximidade do caminho-de-ferro para a recepção do cereal e para a expedição da
farinha, bem como a disponibilidade de água para o seu consumo, havendo no interior
da propriedade um poço com recursos permanentes, mesmo no Verão. A
implementação do ramal de acesso directo à fábrica é feita logo a seguir ao fim da
Segunda Guerra Mundial, facilitando, através do acesso directo, a entrada e a expedição
das matérias e dos produtos.
A propriedade da moagem estava organizada por três edifícios, o da moagem do
trigo, do milho e do centeio, que se interligavam entre si através de pontes e rampas de
descarga. Este último, por ainda conter muita da maquinaria em bom estado utilizada na
altura, foi escolhido para ser perpetuado no projecto de “A Moagem – Cidade do
Engenho e das Artes”, mantendo assim, na íntegra, os seus mecanismos e possibilitando
a demonstração das várias etapas do processo de moagem. Este edifício ocupava três
níveis, onde foram distribuídos vários maquinismos do sistema austro-húngaro1 com a
sua sequência de operações. No piso térreo, situava-se a zona de moagem, localizando-
se num entre-piso inferior o veio da força motriz proveniente da casa das máquinas. No
início, a electricidade era obtida através de um motor a combustível que posteriormente,
com a disponibilização da energia eléctrica a partir da rede pública, deixou de
funcionar. O cereal era depositado no tegão2, aberto no pavimento deste nível e elevado
até ao último, onde se iniciava o processo de limpeza, selecção, tratamento e
armazenamento antes de ser moído. Era neste último piso que se encontravam os
1 Sistema austro-húngaro - é um sistema de moagem, que se caracteriza pelo complexo diagrama de produção composto por maquinaria distribuída pelos diversos pisos e espaços fabris. Também caracterizado pela substituição das mós de pedra por cilindros metálicos. 2 Tegão - É uma caixa com fundo em cone ou pirâmide invertida, onde se deposita o cereal, à qual se liga uma calha no qual conduz o grão para o olho do moinho.
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sistemas de peneiramento, compostos por três plansichters sendo um deles suspenso.
Complementavam este conjunto, três peneiros prismáticos para uma última peneiração
designada por peneiro de segurança. No segundo piso era onde se procedia ao
ensacamento, possuindo igualmente outras máquinas. Neste nível, sobre a casa das
máquinas, situava-se a confecção das sacas de serapilheira. No lado oposto, fazia-se a
armazenagem e a expedição.
Em todos os maquinismos desta zona de moagem do centeio era preponderante a
madeira, sendo reconhecido que muitas das suas máquinas seriam as da instalação
original dos anos 20, que foram para ali trazidas conforme a moagem do trigo foi sendo
actualizada. De facto, o edifício inicial, a que corresponde a moagem do trigo, foi sendo
sucessivamente adaptado e ampliado. A mais importante e determinante modernização
data dos primeiros anos da década de 70, com a renovação completa dos seus
maquinismos por máquinas provenientes de Praga, da então, Checoslováquia, sendo a
madeira substituída pelo metal, num evidente esforço de resistência física e ao fogo,
sendo que, para além dos sistemas de elevadores e de parafuso sem-fim, também foi
introduzido um sistema pneumático, através da tubagem de vidro, possibilitando
assistir, através dessa transparência, à sua deslocação. Estes tubos possuíam uma lista de
tinta preta para a condução de electricidade estática, proveniente da fricção no vidro da
movimentação dos vários produtos.
A fábrica encerrou no final da década de oitenta e encetou um processo de falência.
O seu último proprietário, o Sr. Calheiros, readquiriu-a, em hasta pública, tendo
posteriormente negociado a venda do seu recheio com um sucateiro local, levando a um
processo de desmantelamento de maquinaria e equipamentos, que apenas a aquisição do
conjunto edificado por parte da Câmara Municipal do Fundão, em 2003, permitiu pôr
um fim.
2.2 Contextualização Geográfica
A Instituição “A Moagem – Cidade do Engenho e das Artes”, situa-se na Freguesia
do Fundão, uma das 31 freguesias que constituem o concelho do Fundão. Este está
inserido na NUT II Centro e NUT III Cova da Beira que é constituído por três
concelhos, Fundão, Covilhã e Belmonte.
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Ilustração 1: Região Centro NUTS III Fonte: https://www.ccdrc.pt/index.php
Por se situar perto da A23, principal rede viária da zona centro que liga a regiões
como Lisboa, Abrantes, Coimbra, Guarda, dá a este concelho uma boa acessibilidade
potencializando a comunicação, o comércio e o turismo.
Ilustração 2: Concelho do Fundão
Fonte: http://www.hotelsamasafundao.com
Esta instituição, localizada na cidade do Fundão, fica um pouco aquém da adesão
esperada pois está entre duas cidades que são os grandes pólos do Distrito, a capital de
distrito Castelo Branco e Covilhã. Sendo duas cidades com ensino superior, um
Politécnico e uma Universidade respectivamente, são uma grande atracção para a
população, pois têm, também elas, instituições de promoção cultural.
Apesar de ser uma região do interior, que sobrevive maioritariamente da agricultura
e tem como expoente máximo a produção de cereja, assim como de outra frutas como a
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maça e o pêssego, não podemos esquecer a azeitona e o azeite, assim como outros
pontos de relevância para o turismo local e nacional. Assim, referenciamos no seu
concelho uma aldeia que pertence à Rede de Aldeias Históricas de Portugal, Castelo
Novo, e outras duas que pertencem à Rede de Aldeias de Xisto, Barroca e Janeiro de
Cima.
2.3 Contextualização Social: Missão e Objectivos
A Moagem é “um equipamento cultural assente na recuperação do complexo
edificado da antiga Empresa de Moagem do Fundão, que contempla valências
diversificadas que interagem na criação de uma oferta cultural integrada”3, criando um
diálogo entre o novo e o antigo, respeitando as memórias de um local de referência no
concelho do Fundão.
Assim, é constituído um exemplar núcleo distribuidor e estruturante da oferta
cultural do município do Fundão, elevando o potencial da mesma numa afirmação em
contexto regional e nacional, cruzando eixos de intervenção cultural, actividades,
temáticas e linguagens artísticas.
A estratégia de intervenção da moagem é direccionada para as actividades culturais
que contribuem para a visibilidade das virtudes do projecto junto da região e do país.
Estas actividades, que não são estritamente direccionadas à moagem enquanto edifício,
são também direccionadas ao exterior, cooperando com entidades e autarquias locais na
promoção e desenvolvimento local como por exemplo em festas ligadas ao património
endógeno, como é o caso dos Chocalhos – A Rota da Transumância, Artes e Sabores da
Maúnça, Festival do Cogumelo entre outros.
Tendo como missão e principais objectivos:
• Aproximação entre a comunidade e as linguagens artísticas
• Oferta cultural diversificada
• Criação de plataforma pedagógica artística e cultural
• Dinamização de redes externas de programação
• Afirmação oferta cultural local a nível regional e nacional
3 http://www.amoagem.com.pt/
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• Envolvimento das comunidades
No âmbito do meu estágio, uma actividade cultural que tencionava participar era a
feira dos “Chocalhos – A Rota da Transumância”, onde houve património local exposto
aos visitantes, mostras de actividades próprias daquela região. Este tema será abordado
mais adiante com mais pormenor.
2.4 O Espaço Físico
Ilustração 3: Moagem
Fonte: Própria
A Moagem – Cidade e do Engenho das Artes, está dotada de várias valências que
servem de apoio ao município assim como à comunidade.
Ilustração 4: Moagem
Fonte: Própria
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Estes espaços estão destinados a diversas actividades, nomeadamente espectáculos
de música e teatro, conferências, exposições, ateliês, entre outros, a saber:
Centro do Visitante
Ponto de recepção e acolhimento da Moagem. É igualmente a porta de entrada no
território do Fundão, disponibilizando-se aqui toda a informação relativa à oferta
turística e cultural existente no concelho.
Auditório
Com lotação de 140 lugares encontra-se plenamente equipado para a produção de
espectáculos de música, teatro e dança, exibição regular de cinema, bem como de
seminários e conferências.
Estúdio
Sala equipada para uso diversificado com lotação de 50 lugares.
Blackbox
Complementando a oferta de equipamentos que A Moagem – Cidade do Engenho e
das Artes propõe aos criadores, a blackbox é um espaço de criação / laboratório /
apresentação para produções nas áreas do teatro, dança, instalação e artes performativas
em geral.
Sala de Exposições
Antigo armazém, requalificado para acolhimento de exposições de arte
contemporânea, alternando entre exposições de reconhecido mérito em parceria com
outras entidades e a exibição de criações próprias da Moagem - Cidade do Engenho e
das Artes.
Serviço Educativo
Sala ampla onde se realizam ateliês com actividades de valorização de experiências
culturais para toda a comunidade, enquanto estímulo da criatividade e comunicação.
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CRIALAB
Laboratório de Tecnologias Criativas
O CriaLab está equipado com sete computadores onde estão instalados programas
para trabalhar som e imagem. Destina-se a ser usado tanto por profissionais, como por
quem procura tomar contacto com as ferramentas digitais que hoje são utilizadas na
criação artística.
Centro de Interpretação - A Moagem do Centeio
Núcleo que mantêm a intrincada estrutura do circuito de processamento do centeio
por 3 pisos e reconstitui a singular maquinaria em madeira preservando a memória
associada à identidade do próprio edifício, tornando-se num importantíssimo e único
exemplar da arqueologia industrial, evidenciando o encadeamento de processos até ao
produto final.
Lounge
Bar panorâmico no piso superior do complexo, dispõem de equipamento de som e
vídeo, que permite o acolhimento de uma programação específica centrada na
contemporaneidade da cultura urbana, em contraponto com acções informais de
comunicação que, desta forma, alternam os registos de um espaço que cruza exibição de
documentários, videoclips, performances, DJ’s e VJ’s, lançamento de edições e
conversas informais com artistas, autores e criadores.
Restaurante – Moagem d’Avó
Implantado em torno da velha chaminé e do forno da antiga padaria, este restaurante
pretende celebrar o ciclo do pão enquanto elemento nobre da alimentação humana,
constituindo-se como elemento central de um compromisso entre a tradição culinária e a
contemporaneidade gastronómica.
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2.5 Recursos Humanos
A equipa que impulsiona esta instituição na sua demanda não é muito vasta, mas
todos eles trabalham em prol dos objectivos talhados, e são eles:
1- Directora e Promotora de Eventos
1- Promotora de Eventos
1- Relações Públicas
2- Técnicos de som e luz
2- Dois responsáveis pelo equipamento
1- Motorista
2- Auxiliares de Limpeza
2.6 Plano Anual de Actividades
A Moagem, enquanto casa da cultura, alberga uma grande variedade de actividades.
Para além de actividades permanentes, acolhe também projectos exteriores, pelo que o
plano de actividades anual é alterado conforme a necessidade. A programação visa:
• Produção de eventos, espectáculos e objectos artísticos;
• Acolhimento de projectos externos;
• Exposições de arte contemporânea;
• Actividades pedagógicas;
• Registos criativos;
• Produções Próprias;
• Espectáculos.
Embora a programação seja alterada conforme a necessidade, esta tem actividades
permanentes:
• Visitas às exposições;
• Visitas ao edifício;
• Diálogos / Formação / Ciclos;
• Encontro com as escolas;
• Workshops;
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• Projectos pedagógicos;
• Espectáculos e Oficinas.
Entre as actividades elencadas, destacam-se os seguintes principais eventos
culturais:
Festival da Cereja
Tem como objectivo principal a promoção daquela que já é a marca do Fundão, a
cereja, e recebe milhares de pessoas oriundas dos mais diferentes pontos do mundo.
Cale Festival
De cariz urbano, para além de dinamizar e reavivar a zona antiga do Fundão,
envolvendo a comunidade, tem como principal objectivo promover todo o potencial
artístico dos jovens criadores oriundos do Fundão através de uma mostra de trabalhos
com uma linguagem contemporânea.
Chocalhos – os Caminhos da Transumância
Realizado em Alpedrinha, freguesia do Fundão, este evento é destinado à celebração
da Transumância, enquanto valor patrimonial de excelência, cruzando a música pastoril,
os produtos locais.
IMAGO
O IMAGO - Festival Internacional de Cinema Jovem (integrado na Coordenação
Europeia de Festivais de Cinema) apresenta-se como uma estrutura multifacetada,
dinâmica, plena de interacção entre as áreas que a constituem, centrando o seu projecto
de programação nos filmes de jovens realizadores e dando a possibilidade ao público
português no geral de contactar com filmes não distribuídos comercialmente no nosso
País.
Relatório de Estágio – A Moagem Cidade do Engenho e das Artes
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Capítulo III O Estágio Curricular
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3.1 Considerações Iniciais
Como unidade curricular de fim de curso, foi-nos proposto a elaboração de um
projecto ou de um estágio. A escolha recaiu sobre o estágio, uma vez que a
possibilidade de estar inserido no meio de trabalho me enriqueceria mais devido à falta
de experiencia profissional. A escolha foi tomada de acordo com os objectivos futuros
de trabalhar na minha área de residência e de estar em contacto com actividades
culturais relativas ao património existente na região.
No primeiro dia que me apresentei na instituição “A Moagem – Cidade do Engenho
e das Artes”, fui recebido pelo meu orientador que me apresentou à restante equipa.
Posteriormente em reunião mensal onde são debatidas e divididas todas as tarefas (ver
anexo1), foi-me dito que para ser bem sucedido na instituição durante o meu estágio,
teria de fazer um pouco de tudo como todos os trabalhadores e que me iria integrar nas
tarefas programadas. Como animador sociocultural e agente multifacetado, aceitei a
proposta e iniciei o trabalho que me foi destinado.
Durante o estágio, que decorreu entre 1 de Agosto e 30 de Outubro de 2011, e
perante os desafios que me foram colocados, tentei exercer o papel de animador
incutindo na população o espírito participativo, valorizando os recursos e criando laços
de confiança e um ambiente relaxado entre o animador, o grupo e a população
envolvida.
3.2 Público-alvo, Objectivos e Estratégias
As acções desenvolvidas pela Moagem têm o intuito de promoção da cultura e arte e
são dirigidas a toda a população, desde os mais novos aos mais velhos, passando por
instituições de ensino, tempos livres e ATL’s.
Ao tomar conhecimento das actividades que iria estar envolvido e do público-alvo,
tracei alguns objectivos:
• Integrar-me na instituição;
• Tentar aplicar conhecimentos adquiridos durante a formação;
• Entrar em contacto com a população, promovendo a interacção e a participação;
• Incentivar o interesse pela cultura e pela arte;
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• Completar os conhecimentos adquiridos com experiência no terreno.
3.3 Plano de Estágio
No primeiro contacto que tive na instituição com o meu coordenador, foi-me
explicado que esta já tinha uma programação definida e que não era possível integrar na
programação uma actividade proposta por mim. No entanto, foi-me proposto integrar e
coordenar vários ateliês programados, mas, devido a alterações e cortes nos orçamentos
impostos pela Câmara Municipal do Fundão, não os pude realizar, sendo estes entregues
a ATL’s, cedendo a Moagem o espaço para a sua realização. Foi-me proposto então
integrar a equipe de trabalho da Moagem, dando apoio à equipa e a todo o seu trabalho.
3.4 Actividades Desenvolvidas
O meu estágio realizou-se numa época de interrupções lectivas, sendo que no
primeiro mês, o mês de Agosto, as escolas se encontram de férias pelo que as
actividades planeadas para o ano inteiro naquele mês não se realizaram. Estas só
começaram, posteriormente, em meados de Setembro. Este mês foi um pouco parado
relativamente a actividades desenvolvidas, mas que me serviu para perceber a
funcionalidade do espaço “A Moagem”.
Ao longo dos três meses, as actividades desenvolvidas foram muitas e variadas,
passando por distribuir cartazes, como forma de divulgação das
actividades/espectáculos, fazer visitas guiadas as instalações e museu do centeio,
preparação de salas ou estúdios para a realização de diversas apresentações ou
conferencias, participando também no evento “Chocalhos”.
Apresenta-se a seguir um cronograma das actividades realizadas:
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Agosto Setembro Outubro
Inicio do Estágio X Visitas Guiadas ao edifício da
Moagem e ao Museu do Centeio
X X
Frente de sala em diversos espectáculos X X X
Recepção e acompanhamento de bandas durante o festival
“Chocalhos X
Arquivo de documentos variados X X X
Procura e tratamento de cartazes no arquivo X X X
Montagem e desmontagem de sala de exposições e de
conferências X X X
Quadro 1: Cronograma de actividades
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3.5 Actividades
3.5.1 Visitas Guiadas ao edifício da moagem e ao museu do centeio
No meu primeiro dia na instituição, depois de apresentada a equipa e da reunião
mensal com o grupo, foi-me feita uma visita guiada ao edifício da Moagem assim como
ao Museu do Centeio. Nesta visita foi-me mostrado todo o edifício, em todas as suas
valências, bem como toda a sua funcionalidade.
Ilustração 5: Museu do Centeio
Fonte: Própria
Aquando da visita ao museu, quem me acompanhava entregou-me alguma folhas
onde constava uma pequena história da Moagem e a sua evolução ao longo do tempo, e
as etapas que existiam desde a chegada do cereal pelos caminhos ferro, à sua trituração,
filtragem até ao produto final, a farinha (ver anexo2).
Ilustração 6: Museu do Centeio
Fonte: Própria
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No fim dessa visita, foi-me dito para estudar um pouco esses documentos, visto que,
sempre que fosse necessário, seria eu fazer a visita ao Museu.
Tive a oportunidade de fazer três visitas durante o tempo de estágio. Durante todas
elas tentei fazer o papel do animador sociocultural, criando um ambiente relaxado entre
mim e o grupo, fui explicando o porquê da proximidade dos caminhos-de-ferro ao
edifício, a evolução da força motriz do processo, inicialmente de força produzida por
combustível e posteriormente através da rede eléctrica, e depois explicando o processo
de limpeza, peneiração, trituração e selecção até chegar à melhor farinha. Tentei,
durante a minha apresentação, que o grupo participasse activamente, ajudando assim a
um melhor entendimento de todos acerca dos processos, criando desta forma uma
dinâmica de grupo.
3.5.2 Frente de sala em diversos espectáculos
Fazer frente de sala consiste em, antes do início do espectáculo, estar dentro da sala
onde este se vai realizar, e na hora marcada ou se houver atraso, com a autorização dos
artistas, abrir a porta e dar entrada aos espectadores aceitando os seus bilhetes.
Esta actividade foi realizada sem dificuldade visto que o trabalho em si não era
difícil. Mas, não pude deixar de reparar que, apesar da divulgação através de posters,
flyers, cartazes, nos jornais, na rádio, todos os espectáculos tinham uma adesão bastante
fraca. Esta constatação fez-me identificar uma lacuna, uma possível falta de interesse
cultural da população, eventualmente devido à sua localização ou à forte concorrência
derivado da existência de outros equipamentos culturais no distrito.
3.5.3 Recepção e acompanhamento de bandas durante o festival “Chocalhos”
A Transumância uniu, desde sempre, geografias e paisagens, costumes e gentes.
Hoje, essa pluralidade, mais do que relembrar as sociedades passadas, assume um valor
patrimonial de excelência. É através deste património colectivo que este evento cultural
pretende revivificar com um alargado conjunto de iniciativas, cruzando a música
pastoril, os produtos locais com as paisagens.
As ruas e ruelas da vila de Alpedrinha repletas de animação, sons dos chocalhos, de
bombos e gaitas de foles, enchem-se de milhares de pessoas durante os três dias do
evento. Através de passeios pedestres na antiga rota da Transumância, as pessoas,
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pastores e rebanhos voltam a reviver memórias de outrora, actualmente considerado
património pastoril.
Ilustração 7: Cartaz dos Chocalhos
Com este festival dos caminhos da Transumância pretendia-se, desde o início,
desenvolver um programa de actividades de carácter marcadamente cultural. Ou seja,
pretendia-se dar-lhe visibilidade através da cultura e, simultaneamente promover,
através deste mecanismo secular, a aproximação dos povos desta região.
Pretende-se estimular consciências para a valorização do património endógeno da
região e levar a uma aproximação, através da cultura, das mais diversas zonas do país a
uma região do interior, abrindo uma janela para o desenvolvimento.
Numa outra perspectiva, ambiciona-se que esta iniciativa, em simultâneo com a
realização de muitas outras actividades, possa ser o chamariz para que ao longo do
tempo de duração desta iniciativa haja uma grande adesão a este projecto.
À Moagem, espaço cultural do município do Fundão, coube-lhe a parte da animação
de rua com a contratação de grupos. Como este evento é de grande envergadura, toda a
sua programação (ver anexo3), na altura que eu integrei o grupo, já estava definida. Fui
então incumbido de receber os grupos que iam animar as ruas. À sua chegada,
encaminhava-os às pessoas que os iam acompanhar durante a noite, cabendo-me
também a mim acompanhar alguns dos grupos durante a animação de noite (ver
anexo4).
Este festival caracteriza-se por se realizar na zona antiga da vila de Alpedrinha, nas
ruas e ruelas onde as pessoas que aí têm casas abrem as portas das suas garagens e aí
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expõem, ou para vendem, os produtos característicos da região, desde licores a filhós.
Assim os visitantes entram e compram interagindo com as pessoas da terra.
Ilustração 8: Tenda Promocional
Fonte: Própria
O festival começou no dia 16 de Setembro, mas antes, dias 12 a 14 tivemos de ir
para Alpedrinha montar as tendas, representadas nas ilustrações 8 e 9, onde iriam se
situar os pontos de promoção e venda dos produtos tradicionais tais como o Queijo da
Soalheira, o rebanho de ovelhas, o cão da Serra da Estrela, o Museu dos Lanifícios da
UBI, uma tenda para um artesão que fazia gaitas de foles, e uma outra como zona de
restauração.
Ilustração 9: Tenda Promocional
Fonte: Própria
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No dia 16, dia de início, apesar da hora de abertura estar prevista para às 18h,
tivemos de ir mais cedo para eu tomar conhecimento do percurso que deviam fazer. Este
facto permitiu-me, posteriormente, explicar os sítios onde deviam parar para proceder à
dinamização das actividades. Durante o reconhecimento deste percurso, fui abordado
por várias pessoas da vila que tinham as suas tasquinhas e me vieram pedir para que
levasse os grupos a passar pelas suas portas, atraindo para lá as pessoas. Durante essas
pequenas conversas, e na qualidade de animador, fui bom ouvinte. Foi-me explicado
que, em anos anteriores, aquelas ruas estavam sem animação e, consequentemente, sem
gente. Tentei assim criar pequenos laços com a população atendendo aos seus pedidos.
Terminado o reconhecimento, era hora de começar o festival, pois eram 18h e
começavam a chegar os grupos que partiam para o seu percurso com a missão de animar
as ruas, como mostra as ilustrações 10 e 11.
Ilustração 10: Grupo de Bombos
Fonte: Própria
Estive neste posto até as 21h. Quando chegou o grupo que eu iria acompanhar, fui
com eles visto que ainda tinham de jantar e só depois iriam para as ruas. E foi assim
durante os três dias, receber os grupos e depois acompanhar um desses grupos o resto da
noite.
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Ilustração 11: Grupo de Bombos
Fonte: Própria
No dia seguinte ao fim do festival, fomos outra vez para Alpedrinha, mas desta vez
para desmontar as tendas, pois estas iam ser precisas para outro evento.
Durante os três dias de festival, pude interpretar o meu papel enquanto animador
sociocultural, sendo um bom dinamizador entre os grupos e a população, levando à
interacção entre ambos. Tentei assegurar um relacionamento dinâmico entre grupos e
população e animador. Compreendi também a necessidade da animação sociocultural
nestas áreas, onde o êxodo rural é grande, promovendo actividades culturais tentando
combater esse facto e tentado que as pessoas se fixem nestas zonas.
3.5.4 Arquivo de documentos
Ao longo dos três meses, apesar de não mexer em papéis relativos à Moagem e a
todos os tipos de eventos que lá se realizam, era incumbido de arquivar e criar arquivos
para determinados documentos.
Esta actividade tinha como objectivo melhorar o arquivo, criando assim uma melhor
acessibilidade de documentos quando estes são necessários.
3.5.5 Procura e tratamento de cartazes no arquivo
Nesta actividade, fui incumbido de procurar no arquivo e nas arrumações da
moagem cartazes de todos os espectáculos que já se realizaram desde a sua inauguração.
Cartazes esses que podiam ser dos mais variados espectáculos, concertos, ateliês,
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workshops, cinema, teatro etc. Fui informado posteriormente que esses cartazes iriam
servir para realizar uma exposição, quando o espaço de exposições tivesse vago e a
recuperação dos cartazes estivesse pronta. Nesta actividade fui sempre acompanhado
por um colega da moagem. Devido ao facto de os cartazes estarem dobrados e muito
vincados, tivemos de os colocar sob um peso durante algum tempo, a fim de ficarem o
mais direito possível. Quando os cartazes estavam prontos, foi-nos pedido um
levantamento do material necessário para se proceder à respectiva aquisição. Como os
cartazes eram muitos, foi decidido que o material seria comprado faseadamente,
consoante as necessidades.
O meu colega disse-me que iríamos trabalhar com um material chamado k-line.
Como nunca tinha trabalhado com esse material fiquei muito curioso para saber o que
era e como seria trabalhar com ele. As placas de k-line são formadas por duas folhas de
cartão que, no meio têm uma espécie de espuma, o que faz com que seja um material
muito leve e fácil de cortar. Então começamos o trabalho, tentando encaixar os diversos
cartazes nas placas de k-line, com o intuito de reduzir ao máximo a quantidade de
material desaproveitado, como está demonstrado na ilustração 12. Depois das placas
cortadas pelo tamanho certo, era agora preciso colar os cartazes no sítio que lhes era
destinado.
Ilustração 12: Cartazes
Fonte: Própria
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Esta etapa também me deixou curioso, visto que, em vez de utilizarmos cola normal
em tubos como eu estava à espera, o meu colega disse-me que iríamos colar com cola
spray. Este tipo de cola, além de ser fácil de utilizar, seca também muito rápido.
Ilustração 13: Cartazes
Fonte: Própria
Nesta actividade, pude pôr em prática alguns dos conhecimentos adquiridos nas
unidades curriculares de ateliês, mas também tive a oportunidade de adquirir outros
conhecimentos com a aplicação de materiais que nunca tinha utilizado.
3.5.6 Montagem e desmontagem de sala de exposições e de conferências
A Moagem é um espaço virado não só para a cultura, mas também serve de apoio à
comunidade e ao município. Assim sendo, era pedido à moagem a cedência de espaço
para a realização das mais diversas actividades, desde conferências, exposições a
lançamentos de livros.
Nesta actividade, cabia às pessoas da moagem a montagem dos espaços para a
realização dessas actividades. Era-nos dada uma lista das especificações a cumprir, o
número de pessoas, o material necessário nessas salas e se era necessário apoio de som.
Com estas indicações, preparávamos os locais em questão de acordo com o pedido.
Em relação às exposições, as especificações são iguais, mas durante o tempo que
estive na Moagem, só houve uma exposição da Fundação PT (ver anexo5). Nesse caso,
a fundação trouxe uma pessoa encarregada para preparar a sala visto que seria preciso
certas pormenorizações que só podiam ser organizadas com alguém instruído para o
efeito.
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Avaliação/Reflexão Final
A minha estadia na instituição foi muito proveitosa, pois consegui entrar em
contacto com o mundo do trabalho, algo que ambicionava. Em relação à minha escolha
pela instituição, acho que foi a mais acertada pois ambiciono vir a trabalhar na mesma
área que estagiei. Pude, portanto, tirar algumas dúvidas que tinha sobre vários aspectos
do trabalho com a cultura e os seus benefícios. Constatei que nem todos os trabalhos
têm o horário fixo, pois muitas vezes, as actividades que se realizaram na Moagem
exigiam de mim estar muitas vezes disponível aos fins-de-semana ou estar presente até
altas horas da noite.
Penso que, apesar de não haver nenhuma nota que confirme o sucesso da minha
presença na instituição, com a disponibilidade demonstrada, a vontade de participar, a
integridade com que encarei todas as tarefas e as reacções demonstradas pelos colegas,
o estágio terá de ser considerado positivo.
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Considerações Finais
A realização deste estágio e a consequente elaboração deste relatório, é para mim o
encerrar de mais um capítulo na minha formação e evolução, enquanto homem e
Animador Sociocultural.
Os ensinamentos adquiridos na Escola Superior de Educação Comunicação e
Desporto, no Curso de Animação Sociocultural, nas diversas unidades curriculares,
como por exemplo Ateliers de Expressão Plástica, Gestão de Eventos, Património
Natural e Construído, Animação Turística, Animação Comunitária, foram
extremamente variados, e com estes, pude desenvolver o estágio com as competências
necessárias para as eventualidades que pudessem surgir.
Pelo facto de o animador sociocultural ser um agente multifacetado, os estágios têm
também de abranger uma grande variedade de âmbitos. Assim, as unidades curriculares
correspondentes a cada estágio serão também diferentes. É então fundamental que a
aprendizagem seja diversificada, uma vez que as saídas profissionais são igualmente
diversas.
O estágio acabou por ser uma experiencia bastante proveitosa e positiva, pois tive a
oportunidade de trabalhar em diversas áreas, com um público muito variado, com faixas
etárias dos 8 aos 80, e consegui identificar e pôr em prática conhecimentos adquiridos
durante o meu percurso escolar.
Posso concluir que a cultura e o património desempenham um papel importante no
desenvolvimento comunitário nas regiões do interior. É de salientar a importância das
casas da cultura e das associações culturais, que através de actividades culturais, são
vistas como uma mais-valia na promoção e difusão não só do património autóctone mas
também da população e da região.
Em suma, o curso de Animação Sociocultural orientou-me para que possa encarar,
trabalhar e ultrapassar todos os obstáculos com que me depararei futuramente.
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Bibliografia
• ANDER-EGG, Ezequiel, Metodologia y Práctica de la Animacion
Sociocultural, Madrid: Editorial CCS 2000.
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Profissionalização dos Animadores, Livpsic Novembro de 2010
• LOPES, Marcelino de Sousa, Animação Sociocultural em Portugal, Intervenção
– Associação para a Promoção e Divulgação Cultural, Fevereiro de 2008
• LOURO, Victor, Desertificação – Sinais, Dinâmicas e Sociedade, Tipografia
Tadinense
• PEREIRA, José Dantas Lima; VIEITES, Manuel Francisco; LOPES, Marcelino
de Sousa, Animação, Artes e Terapias, Intervenção – Associação para a
Promoção e Divulgação Cultural, Abril de 2007
• PEREIRA, José Dantas Lima; VIEITES, Manuel Francisco; LOPES, Marcelino
de Sousa, A Animação Sociocultural e os Desafios do Século XXI, Intervenção –
Associação para a Promoção e Divulgação Cultural, Abril de 2008
• PERES, Américo Nunes; LOPES, Marcelino Sousa, Animação Sociocultural –
Novos Desafios, Associação Portuguesa de Animação e Pedagogia (APAP)
• SERRANO, Gloria Pérez; PUYA, Mª Victoria Pérez de Guzmán, Qué es la
Animación Sociocultural – Epistemología y valores, Narcea, S.A. de Ediciones,
2006
• TRILLA, Jaume, Animação Sociocultural – Teorias, Programas e Âmbitos,
Editorial Ariel 1997 e 1998
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Webgrafia
http://www.amoagem.com.pt/, consultado dia 10 de Novembro de 2011
http://www.apdasc.com/, consultado dia 17 de Novembro de 2011
https://www.ccdrc.pt/index.php, consultado dia 10 de Novembro de 2011
http://www.cm-fundao.pt/, consultado dia 10 de Novembro de 2011
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ANEXOS
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Listagem de Anexos Anexo 1: Programação Mensal
Anexo 2: Plano de visitas guiadas ao Museu do Centeio
Anexo 3: Programação do festival “Chocalhos”
Anexo 4: Horários dos Grupos do festival “Chocalhos”
Anexo 5: Ficha informativa da Exposição de Arte Contemporânea da Fundação
Portugal Telecom
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Anexo 1: Programação Mensal
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Anexo 2: Plano de visitas guiadas ao Museu do
Centeio
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Anexo 3: Programação do festival “Chocalhos”
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Anexo 4: Horários dos Grupos do festival
“Chocalhos”
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Anexo 5: Ficha informativa da Exposição de Arte
Contemporânea da Fundação Portugal
Telecom
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