relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais
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CEPDECMA
22/2/2016
CBMMA
RELATÓRIO DE MONITORAMENTO E AÇÕES CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS NO MARANHÃO
SUMÁRIO
1. HISTÓRICO .................................................................................................................... 3
2. OBJETIVOS GERAIS ..................................................................................................... 7
2.1. Objetivos específicos ............................................................................................... 7
3. MONITORAMENTO DE QUEIMADAS (2º SEMESTRE DE 2015) .................................. 7
3.1. Trimestre de julho a setembro ................................................................................. 8
a) Mês de julho .......................................................................................................... 10
b) Mês de agosto ....................................................................................................... 12
c) Mês de setembro ................................................................................................... 16
3.2. Trimestre outubro a dezembro ............................................................................... 19
a) Mês de outubro ...................................................................................................... 19
b) Mês de Novembro ................................................................................................. 19
c) Mês de dezembro .................................................................................................. 20
4. IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS CAUSAS ............................................................. 22
5. ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DAS QUEIMADAS ................................................ 23
5.1. 1ª Etapa: Educação e Conscientização .................................................................. 23
5.2. 2ª Etapa: Mobilização e Prevenção ........................................................................ 24
5.3. 3ª Etapa: Fiscalização e Combate aos incêndios florestais e controle de queimadas
26
5.4. 4ª Etapa: Balanço sobre as queimadas em 2015 e metas para 2016 ..................... 26
6. PLANEJAMENTO E AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS EM TERRAS INDÍGENAS
COM ALTO RISCO DE INCÊNDIO FLORESTAL ............................................................... 27
6.1. Justificativa ............................................................................................................ 27
6.2. Objetivos específicos do planejamento .................................................................. 28
6.3. Execução ............................................................................................................... 28
6.3.1. Etapa I ............................................................................................................ 31
6.3.2. Etapa II ........................................................................................................... 31
6.3.3. Etapa III .......................................................................................................... 32
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 33
3
ESTADO DO MARANHÃO
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO MARANHÃO
COORDENADORIA ESTADUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
1. HISTÓRICO
No Brasil, os focos de queimadas se concentra, normalmente, nas região
Centro-Oeste e em algumas partes das regiões Norte e Nordeste.
O monitoramento das queimadas no país é realizado pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) por meio de sensoriamento remoto por satélites.
As últimas atualizações indicam o Brasil lidera o ranking de quantidade de
focos de incêndio entre os países da América Latina. Via de regra, as queimadas
iniciam-se praticamente em quase todas as regiões brasileiras no período de julho em
diante, sendo agosto e setembro, os meses mais críticos.
A seguir, é apresentado a série histórica sobre a ocorrência de queimadas no
Brasil, por estado da federação, destacando-se os que tradicionalmente apresentam
os maiores quantitativos de focos de calor no período de 2011 a 2015.
Imagem 01: Ranking de focos de calor de 2011 a 2015 (Fonte: INPE/CPTEC).
Em relação ao Estado do Maranhão, pode-se dizer que possui uma estrutura
administrativa formada por 217 municípios, extensão territorial de 331.983,293 km² (o
8° maior em extensão territorial do Brasil), está localizado na região Nordeste do Brasil
e possui uma vegetação predominante de cerrado. Historicamente, tem se destacado
de forma preocupante, ocupando quase sempre as primeiras posições entre os
estados mais afetados pelas queimadas (registrados por satélite) em todo país.
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
2011 2012 2013 2014 2015
PA
MT
MA
4
A alta vulnerabilidade das regiões atingidas, ocasionada pela deficiência de
medidas no campo da prevenção, fez com que o Estado ocupasse as três primeiras
posições no ranking de queimadas nos últimos cincos anos e certamente tudo isso
está associado a fatores como:
Redução intensa das precipitações pluviométricas;
Redução da umidade relativa do ar;
Alterações climáticas que incrementam a velocidade dos ventos;
Intensificação da cultura de atear fogo em áreas de florestas e
vegetações, principalmente em áreas indígenas.
Como consequência, os incêndios florestais e/ou queimadas têm provocado
o empobrecimento do solo, a destruição do hábitat de vários animais da fauna silvestre
maranhense, a diminuição da vegetação de preservação permanente. Além de
contribuir para o desaparecimento de espécies vegetais, impedindo a regeneração da
vegetação, provocando o aumento do percentual de dióxido de carbono na atmosfera
e consequentemente intensificando o efeito estufa.
Nesse contexto, faz-se necessário conhecer a composição florestal do
Maranhão, que é contemplando pelos seguintes biomas: Amazônia (34,78%), Cerrado
(64,09%) e Caatinga (1,13%), o que lhe atribui grande diversidade morfológica e
ambiental (VALLARDES, 2007).
Imagem 02: Distribuição dos biomas maranhenses (Fonte: MMA, IBGE. 2004).
5
É importante lembrar que, a legislação ambiental brasileira é bastante clara
quanto à proibição do uso de fogo na queima de vegetação nativa, seja ela florestal
ou não.
O Código Florestal (Lei n.º 4.771/65), estabelece em seu artigo 27 que “É
proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação” e estabelece
como exceção o uso de fogo controlado em práticas agropecuárias “se peculiaridades
locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou
florestais, a permissão será estabelecida em ato do poder público, circunscrevendo
as áreas e estabelecendo normas de precaução”.
Fica claro, entretanto, que o uso do fogo controlado deve ser precedido por
permissão pelo poder público. A permissão pode ser concedida pelo órgão ambiental,
mediante a análise de requerimento escrito encaminhado pelo produtor, porém, o que
se observa na prática é que essa medida é contraproducente.
É interessante destacar que a queima vem sendo ocasionada por diferentes
fatores, que podem ser agrupados em quatro classes (BRASIL, 2010):
Fatores climáticos (incontroláveis);
Fatores vegetacionais (parcialmente manejáveis);
Fatores edáficos (parcialmente manejáveis);
Fatores culturais (parcialmente manejáveis).
Em relação a dinâmica das queimadas no Maranhão, observa-se que parece
estar alinhada com a sazonalidade climática e a sua variação regional. Sendo que o
uso do fogo se mostra mais intenso no bioma Cerrado que na Amazônia Maranhense
e, na Caatinga é bastante inexpressivo, devido à reduzida abrangência territorial deste
bioma no Estado.
É importante, antes de tudo, saber diferenciar os seguintes termos: focos de
calor, incêndio e queimadas (GASPAR, Lúcia. Queimadas no Brasil. 2009).
Focos de calor: qualquer temperatura registrada acima de 47ºC. Um foco de
calor não é necessariamente um foco de fogo ou incêndio. O foco de calor é
o registro de calor detectado na superfície do solo por sensores a bordo de
satélites de monitoramento. A informação sobre focos de calor é
disponibilizada diariamente pelo INPE e utilizada na rotina de monitoramento
dos órgãos competentes.
Queimada: é uma antiga prática agropastoril ou florestal que utiliza o fogo de
forma controlada para viabilizar a agricultura ou renovar as pastagens. A
queimada deve ser feita sob determinadas condições ambientais que
permitam que o fogo se mantenha confinado à área que será utilizada para a
agricultura ou pecuária.
6
Incêndio Florestal: é o fogo sem controle que incide sobre qualquer forma
de vegetação, podendo tanto ser provocado pelo homem (intencional ou
negligência), quanto por uma causa natural, como os raios solares, por
exemplo.
Conforme já foi comentado, o segundo semestre é, quase sempre,
caracterizado pelo aumento significativo dos focos de calor em boa parte do país, isso
acontece principalmente devido à baixa precipitação pluviométrica - típica desse
período - associado ao manejo e uso do fogo de modo incorreto.
De acordo com as informações coletadas e analisadas pelos técnicos da
Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDECMA), a quantidade de
focos de queimada no Maranhão estiveram acima da média prevista para o trimestre
julho, agosto e setembro (JAS). Estatisticamente, em relação ao ano de 2015, se
verificou que de junho para julho, o aumento foi de 85%; de julho para agosto, o
aumento foi de aproximadamente 230,6%; enquanto que de agosto para setembro,
este aumento foi de apenas 18%.
Imagem 03: Evolução dos focos de calor no trimestre mais crítico do ano no Estado do Maranhão em 2015 (Fonte: INPE/CPTEC).
As informações sobre focos de calor são coletadas pelo satélite de referência
(NOAA 12 Noite/AQUA UMD Tarde) e disponibilizadas pelo INPE. De acordo com o
histograma anual (2015) de focos de queimada no país, o Maranhão ocupou o
terceiro lugar no ranking nacional.
Imagem 04: Ranking dos estados brasileiros mais afetados pelas queimadas em 2015 (Fonte: INPE/CPTEC).
0%
500%
1
85%
230,50%18%
junho a julho julho a agosto agosto a setembro
PA
MT
MA
BA
TO
45.202
33.007
30.137
18.397
17.403
Nº de focos
7
2. OBJETIVOS GERAIS
Disponibilizar informações sobre o monitoramento de queimadas realizado
pela CEPDECMA e identificar quais fatores tem contribuído para que o Maranhão,
anualmente, esteja entre os cincos mais afetados por focos queimadas no Brasil.
Assim como propor medidas preventivas e de resposta, a médio e longo prazo, que
possam ser adotadas com o objetivo de reduzir o quadro clínico do Estado no quesito
queimadas.
2.1. Objetivos específicos
Disponibilizar os dados sobre focos de calor nos últimos cincos anos no
Maranhão;
Destacar os meses mais críticos no quesito queimadas no ano de 2015,
bem como as ações que foram desenvolvidas pelo CEPDECMA e
CBMMA para minimizar os impactos causados;
Identificar os municípios mais afetados pelas queimadas;
Apresentar as principais causas que tem contribuído para que o
Maranhão, todos os anos, possua um elevado número de focos de calor;
Identificar as principais consequências das queimadas no Estado e
principalmente nos municípios mais críticos;
Elaborar uma metodologia de educação ambiental que implique na
redução das queimadas nas áreas indígenas;
Propor estratégias e ações para que os órgãos públicos possam se
integrar de modo a tornar as ações de fiscalização e conscientização
mais eficientes.
3. MONITORAMENTO DE QUEIMADAS (2º SEMESTRE DE 2015)
Transcorrido o trimestre que vai de julho a setembro, observou-se que o
quantitativo de focos monitorados pelo INPE, em 2015, esteve um pouco acima da
média prevista para o mesmo período, contudo, ainda permaneceu abaixo da máxima
(2012) já verificada.
O gráfico a seguir faz um comparativo dos registros de focos de calor no
período compreendido de janeiro a outubro de 2015, apresentando as máximas e
médias obtidas no espaço temporal de 1998 a 2015. Nele, observa-se que a criticidade
está nos meses de julho a setembro, devido principalmente aos efeitos provenientes
do El Niño, que traz consigo consequências como a pouca ou nenhuma quantidade
de chuvas para o período.
8
Imagem 05: Comparativo dos focos de calor observados em 2015 com os valores médios e máximos já registrados (Fonte: INPE/CPTEC).
3.1. Trimestre de julho a setembro
Vitor Kratz (2015) do Climatempo relata que:
O inverno começa no dia 20 de junho, às 13h38, horário de Brasília e será
marcado pela influência do evento El Niño e isso será o suficiente para mexer
com as condições do nosso inverno. Essa situação é bem diferente do
registrado, por exemplo, nos anos de 2010, 2011 e 2013, que na época
estávamos com a presença da La Niña, ou seja, com o Pacífico Equatorial
mais frio que o normal, e tivemos muitas massas polares avançando pelo
centro-sul do Brasil. Já nestes últimos anos, a situação é oposta, pois no ano
passado o Pacífico Equatorial estava ligeiramente mais quente do que o
normal e neste ano estamos em El Niño, ou seja, Pacífico Equatorial mais
quente do que a média. Portanto, podemos imaginar um inverno não muito
rigoroso.
A chuva continuará escassa na maior parte do país, ou seja, normal ou abaixo
da média, como já é normal nesta época do ano. Somente na região Sul a
chuva é acima da média por causa do fenômeno. Com relação as
temperaturas, a tendência é que o El Niño diminui o frio ou teremos
temperaturas acima da média de uma maneira geral.
Deste modo, os dados acima são suficientes para constatar que os primeiros
três meses do 2º semestre são os mais propícios a estiagem e, por conseguinte, as
queimadas.
O Climatempo apresentou em seu site os mapas a seguir, expondo a anomalia
de chuva e temperatura para o mês de julho. Tal anomalia representa um desvio em
relação a normalidade, podendo ser positiva ou negativa.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Média 192 32 23 34 81 338 1.018 2.952 4.659 5.042 3.635 1.921
2015 494 95 53 119 194 887 1.642 5.428 6.423 1.331 0 0
Máximo 507 116 82 128 286 915 3.548 10.395 9.795 11.244 7.567 3.470
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
Nº
de
fo
co
s
Meses
9
Imagem 06: Anomalia de precipitação e de temperatura para julho.
De acordo com os dados observados nos mapas acima, fica evidenciado que
no Maranhão a precipitação pluviométrica ficou abaixo dos 25mm, contribuindo para
o aumento das queimadas.
Outra informação importante foi apresentada pelo INPE em seu site, diz o
seguinte:
A previsão por consenso para o trimestre julho a setembro de 2015
(JAS/2015) indica maior probabilidade dos totais pluviométricos sazonais
ocorrerem na categoria abaixo da faixa normal climatológica para o leste da
Região Nordeste, que se encontra no término de seu período mais chuvoso,
a previsão indica maior probabilidade das chuvas ocorrerem na categoria
dentro da faixa normal climatológica, com a segunda categoria mais provável
abaixo da média, conforme distribuição de probabilidades: 25%, 40% e 35%
para as categorias acima, dentro e abaixo da faixa normal climatológica,
respectivamente.
Desta forma, ressalta-se que no decorrer do referido trimestre ocorrerá o ápice
do período de estiagem e consequente o aumento climatológico do número de
queimadas em algumas regiões do Estado.
10
Imagem 07: Previsão probabilística de consenso do total de chuvas no trimestre JAS/2015 (Fonte: Infoclima).
O mapeamento acima deixa claro que os Estados marcados com a cor cinza
estão sujeito a igual probabilidade tanto para acima, dentro e abaixo do normal,
entretanto, passado o mês de julho, o que se verificou na prática foi que a
porcentagem de chuva ficou abaixo do normal previsto para o mesmo mês.
a) Mês de julho
Normalmente as queimadas começam a se intensificar neste mês, portanto,
destaca-se que o foco das preocupações para esse período recaiu sobre o município
de Mirador, por se posicionar em primeiro lugar no ranking estadual de queimadas,
além de possuir uma área de preservação ambiental (Parque Estadual do Mirador).
Ao todo, foram registrados pelo satélite de referência do INPE cerca de 1.642
focos de calor no Estado; importante frisar que em São Luís e Imperatriz foram
registrados apenas 1 e 2 focos de calor, respectivamente.
Os demais focos se concentraram nas regiões sul e centro do Maranhão, ou
seja, reafirmando que os municípios mais afetados foram os localizados nessas
regiões.
11
Imagem 08: Distribuição dos 1.642 focos no mês de julho/2015 (Fonte: SIG Queimadas – INPE (AQUA UMD – Tarde).
Traduzindo as informações observadas no mapa acima, verifica-se que os
municípios maranhenses com maior quantidade de focos no mês de julho de 2015,
foram os citados no gráfico abaixo.
Imagem 09: Ranking dos municípios mais afetados pelas queimadas – Mês 07 (Fonte: INPE/CPTEC).
0
50
100
150
200
250
300
12
A estatística de queimada para o mês de julho, distribuída de acordo com os
tipos de biomas presentes no Estado, evidencia o bioma cerrado como o mais afetado,
devido a sua área de cobertura e principalmente em função das características dessa
vegetação no período de estiagem.
Imagem 10: Biomas mais afetados no Maranhão (Fonte: SIG Queimas – INPE/CPTEC).
b) Mês de agosto
As condições meteorológicas são acompanhadas diariamente pela
CEPDECMA diretamente nos sites do INPE e do Climatempo, e estes dados norteiam
parcialmente as ações de prevenção e combate a queimadas no Estado.
Imagem 11: Registros de focos de calor nos primeiros treze dias do mês agosto (Fonte: Climatempo).
Imagem 12: Precipitação de Acumulada Observada (mm) (Fonte: INPE/CPTEC - Res 25km. Gerado em: 2015/08/25, 18 UTC).
Cerrado94%
Amazonia6%
Caatinga0%
13
Foram registrados 39.459 focos de calor no país somente neste mês, sendo
5.428 focos apenas no Maranhão, ou seja, o Estado classificou-se como 2º mais
afetado no país, perdendo tão-somente para o Pará (7.913 focos). Em 30 dias de
análise, constatou-se que a média de precipitação acumulada observada ficou entre
5 a 10 mm em mais de 80% do Maranhão, conforme aponta o mapa acima (à direita).
A precipitação muita baixa de certo modo contribuiu para o elevado número
de queimadas registradas nesse mês, logo, foram verificados 5.428 focos de calor no
Estado. Vale lembrar que a média para o mês de agosto é de 2.952 focos e o máximo
já registrado aconteceu no ano de 2012, quando foram computados 10.395 focos.
Deduz-se, então, que a quantidade de focos para o mês de agosto foi quase que o
dobro da média registrada para o mesmo período.
Imagem 13: Distribuição dos 5.428 focos no mês de agosto/2015. (Fonte: INPE/CPTEC - NOAA 12 Noite/AQUA UMD tarde).
Logo abaixo, observa-se no mapa de registro de dias sem chuvas divulgado
no dia 12 de agosto, que mais de 70% do Estado se encontrava há 15 dias sem
chuvas, enquanto que boa parte do centro-sul maranhense já estava há 30 dias.
Tal informação serve de embasamento para identificarmos o porquê do aumento
brusco de focos de calor nesse mês em específico.
O Climatempo apresentou em seu site os mapas a seguir, expondo a anomalia
de chuva e temperatura para o mês de agosto, assim como feito no mês de julho. Esta
anomalia representa um desvio em relação a normalidade, que pode ser positiva ou
negativa.
14
Imagem 14: Registro de número de dias sem chuva no Maranhão (Fonte: INPE/CPTEC).
Imagem 15: Anomalia de precipitação e de temperatura para agosto.
De acordo com os dados observados nos mapas acima, fica evidenciado que
no Maranhão a precipitação pluviométrica ficou muito abaixo dos 25 mm,
intensificando ainda mais as queimadas no Estado.
15
Imagem 16: Ranking dos municípios mais afetados pelas queimadas – Mês 08 (Fonte: SIG Queimadas - INPE/CPTEC. Satélite de Referência).
Ao final do mês, consultou-se o mapa risco de fogo com as previsões do
período de 25 de agosto a 1º de setembro e este apontou que o risco de fogo seria
de alto a crítico, concentrando-se em sua grande maioria na messoregião sul
maranhense, afetando ainda uma pequena faixa das messoregiões oeste, centro e
leste maranhense; já grande parte da messoregião norte e oeste apresentariam riscos
de baixo a minímo.
Imagem 17: Modelo de monitoramento de risco de fogo no Maranhão (Fonte: SIG Queimadas – INPE/CPTEC).
Imagem 18: Ranking dos municípios mais afetados pelas queimadas – Mês 08 (Fonte: INPE/CPTEC).
615
577
4627
255
221
180
178
176
144
135
0 1000 2000 3000 4000 5000
Grajaú
Barra do Corda
Mirador
Jenipapo dos Vieiras
Colinas
Fernando Falcão
Amarante do Maranhão
Balsas
Riachão
Alto Parnaíba
Qtd de focos
16
Os dados apresentados pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos - CPTEC alusivos a precipitação acumulada observada (PCD) para os
últimos 10 dias (15 a 24 de agosto) apontam que as mesorregiões Sul, Centro, Oeste
e Norte maranhense registraram 5 mm de chuvas acumuladas para o período, sendo
que boa parte do Leste maranhense e uma pequena porção do Sul registrou 0 mm
de chuvas acumuladas para o mesmo período.
O mapa ao lado deixa claro que
ocorreriam poucas chuvas na
segunda quinzena do mês de agosto,
pois como já se sabe este é um mês
seco do ponto de vista climatológico.
Observa-se ainda que a previsão
indicava 30mm ou menos de chuva na
região norte do Estado e em boa parte
da baixada maranhense. Enquanto
que na região sul do Estado, a
previsão era de no máximo 2mm de
chuvas.
Imagem 19: Previsão de chuva acumulada para o período de 13 a 27 de agosto (Fonte: Climatempo).
c) Mês de setembro
A equipe do Departamento de Gestão de Riscos de Desastres (DGRD) da
CEPDECMA, em seu constante monitoramento acerca dos focos de calor no
Maranhão, chegou as seguintes conclusões sobre as queimadas no último trimestre.
Imagem 20: Técnicos da CEPDECMA em reunião acerca das queimadas no Maranhão.
17
Conforme os dados disponibilizados pelo INPE e analisados pelos técnicos
do DGRD da CEPDECMA, a quantidade de focos de queimadas no Maranhão
estiveram acima da média prevista para o trimestre (julho-agosto-setembro).
Estatisticamente, verificou-se que de julho para agosto houve um aumento de
aproximadamente 230,6% no número de focos, enquanto que de agosto para
setembro o aumento foi de apenas 18%.
Conforme dados anteriormente apresentados pelo Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC sobre a climatologia para o trimestre JAS
(julho, agosto e setembro), observou-se que de fato as chuvas diminuíram em grande
parte da Região Nordeste, incluindo o Maranhão. E que neste trimestre não choveu
em grande parte do Estado, implicando no aumento das queimadas.
Imagem 21: registro de queimadas do último trimestre JAS (Fonte: INPE/CPTEC).
Analisando as informações acerca das queimadas para o mês de setembro,
fica facilmente comprovado que o Maranhão se posicionou em 4º lugar no ranking
de queimadas para este mês, entretanto, quando se observa o quantitativo de
focos para o último trimestre, o Maranhão passa a ocupar o 3º lugar na
classificação nacional, com 13.199 focos registrados.
Imagem 22: Ranking de queimadas no Brasil – mês 09 (Fonte: INPE/CPTEC).
1.642
5.428 6.423
1.018
2.952
4.659
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
julho agosto setembro
2015 Média
M TP A
B AM A
R O
11.06811.068
7.956
6.4236.129
18
No que se refere a classificação dos municípios maranhenses mais
afetados no mês de setembro, verificou-se a seguinte disposição:
Imagem 23: Municípios maranhenses com destaque no ranking de queimadas – mês 09 (Fonte: INPE/CPTEC).
No mapa de distribuição dos focos de calor disponibilizado pelo INPE/CPTEC,
utilizando-se o satélite de referência na coleta dos dados, verificou-se a
concentração dos focos nas regiões Sul, Leste e Centro maranhense.
Imagem 24: disposição dos 6.423 focos de calor no Estado do Maranhão (Fonte: INPE/CPTEC).
O mapa de número de dias sem chuvas divulgado no último domingo (27/09)
pelo INPE expos uma situação alarmante, porém, já prevista, que mais de 90% do
Maranhão se encontrava há mais de 30 dias sem chuvas, havendo algumas regiões
mais críticas onde se verificava mais de 60 dias sem chuvas, como a exemplo da
pequena porção do leste maranhense.
0
200
400
600546
432364
266 230 218 207 204 193 160
19
Imagem 25: mapa do número de dias sem chuvas divulgado no dia 27/09 (Fonte: INPE/CPTEC).
Contudo, nos últimos dias do mês de setembro já se conseguiu observar
uma melhora em relação ao número de dias sem chuvas, conforme apontou o relatório
de queimadas apresentado pelo INPE do dia 29/09/2015. Neste documento ficou claro
que aproximadamente 70% do Estado já apresentava uma redução no período sem
chuvas, diminuindo de 60 dias para 3 a 5 dias em boa parte do Maranhão.
3.2. Trimestre outubro a dezembro
a) Mês de outubro
Em outubro, foram registrados 6.746 no Maranhão, logo, observando o
registro de focos mês a mês neste mês ocorreu o ápice do número de focos de calor
registrado no ano de 2015. O gráfico abaixo dispõe sobre os municípios maranhenses
mais afetados no período.
Imagem 26: Ranking de queimadas no Maranhão – mês 10 (Fonte: INPE/CPTEC).
b) Mês de Novembro
412256
241207206
193192
169153
138
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Amarante do Maranhão
Parnarama
Arame
Alto do Parnaíba
Aldeias Altas
Nº DE FOCOS
20
Já em novembro, computou-se 4.350 focos, onde se observou, conforme o
gráfico a seguir, os municípios que foram mais afetados pelos incêndios.
Imagem 27: Municípios maranhenses mais afetados pelas queimadas – mês 11 (Fonte: INPE/CPTEC).
c) Mês de dezembro
Já no último mês de 2015, o número de queimadas no Maranhão superou a
média prevista, de acordo com os dados históricos do INPE.
A média e o mínimo registrados para esse período é de, respectivamente,
2.025 e 800 focos. No entanto, foram registrados 3.706 focos de calor (satélite
referência), valor mais alto já registrado para esse mês nos últimos 18 anos.
Nesse mesmo mês, foram identificados os municípios mais atingidos pelas
queimadas em todo o estado, o gráfico abaixo apresenta os 10 municípios mais
afetados de acordo com o INPE.
326
192159 154
103 93 91 88 88 79
21
Imagem 28: Municípios maranhenses mais afetados pelas queimadas - mês de 12 (Fonte: INPE/CPTEC).
A maioria dos focos concentraram-se nas mesorregiões norte, leste e oeste
maranhense, conforme pode ser observado no mapa a seguir.
Imagem 29: Distribuição espacial dos focos de queimadas no mês de dezembro de 2015 (Fonte: INPE).
O relatório anual do INPE (2015) apontou um total de 30.066 focos de calor
apenas no Estado do Maranhão. Sendo, portanto, o segundo maior registro nos
últimos 18 anos (série histórica de 1998 a 2015), valor tão alto somente foi observado
em 2012, quando foram computados 31.594 focos calor.
244
178153 147
120 96 93 77 74 69
22
Tabela 01: Comparação do total de focos ativos detectados pelo satélite de referência (1998-2015), com destaque nos dois anos mais críticos.
Fonte: INPE/CPTEC.
4. IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS CAUSAS
Diversas são as causas podem ser apontadas como motivadoras para que o
Maranhão vigore sempre entre os Estados com maiores registros de focos de calor
no Brasil. Uma parte se deve aos fatores climáticas característicos dos meses de
julhos a novembro, que possuem uma redução brusca nos índices de precipitações
pluviométricas, havendo momentos em que algumas partes do Estado ficam sem
registros de chuvas por mais de 60 dias, e quando chove é muito pouco. Além disso
a umidade do ar e as altas temperaturas também são fatores que ajudam a maximizar
tal situação.
As queimadas também estão associadas ao fator ecológico, ou seja, vários
aspectos relacionados à ecologia do fogo na vegetação do cerrado têm sido
investigados. Estudos feitos apontam que a recorrência do fogo nesse tipo de bioma
ocorre devido a distribuição do material combustível, sua frequência de combustão e
conteúdo de umidade tende a aumentar quando o período de estiagem é
suficientemente mais intensificado.
Um ponto crítico deve-se ao fato da vegetação se encontrar muito seca,
devido ao período de estiagem prolongado, de modo a favorecer ainda mais
queimadas
E também, não menos importante, a ação antrópica, que talvez seja umas das
principais causas. A queima da vegetação como prática de manejo para criação de
gado, aliado a expansão da fronteira agrícola, visto que as terras dos cerrados têm
23
baixo custo e proveem condições favoráveis à produção intensiva de cereais. Além
do uso do fogo na caça de animais, principalmente nas reservas ambientais, também
contribuem nesse quesito.
Outra peculiaridade observada é que a maior incidência de incêndios está
concentrada em municípios que possuem aldeias indígenas e algumas fazendas mais
rudimentares.
Por fim, analisando um pouco o perfil dos municípios afetados podemos
considerar que as ações antrópicas têm contribuído de forma preponderante para a
intensificação dos incêndios.
5. ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DAS QUEIMADAS
O ideal para que as ações não sejam ineficazes, seria dividir os trabalhos em
pelos menos quatro etapas, que seriam as seguintes:
5.1. 1ª Etapa: Educação e Conscientização
Necessário que sejam desenvolvidas medidas que possam comtemplar as
seguintes ações:
Campanhas educativas de prevenção ao fogo;
Imagem 30: Modelo de panfleto educativo utilizado na Operação Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
24
Visitas de sensibilização e orientação aos produtores rurais e indígenas;
Imagem 31: Campanha de conscientização desenvolvida na Aldeia de Bacurizinho no município de Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
Imagem 32: Reunião com o Cacique da Aldeia Sabonete em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
A atuação em áreas indígenas é de grande importância, pois, os municípios
com maiores índices de queimadas na maioria das vezes possuem aldeias, e de certo
modo, os índios tem contribuído para essa agravar essa situação. A exemplo do que
acontecer nas aldeias de Bacurizinho, Cocal, Atiriú, Sapucaia, Sabonete e Matusalém,
todas situadas no município de Grajaú (2012).
Palestras para os agentes ambientais e agentes de saúde.
Imagem 33: I Conferência da Campanha contra as Queimadas: “O fogo pega, mas a vida acaba!”, realizado na Câmara dos Vereadores em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
Imagem 34: Reunião com a Guarda Municipal de Grajaú e o promotor de justiça local para traças ações de combate as queimadas (Fonte: BBA, 2012).
5.2. 2ª Etapa: Mobilização e Prevenção
Tais medidas já vêm sendo desenvolvidas pelo Batalhão de Bombeiros
Ambiental, contudo, estão centralizadas no quesito resposta. Faz-se necessários um
maior enfoque nas ações preventivas por parte do Estado, pois, só assim realmente
25
se conseguirá resultados mais efetivos.
Promover a capacitação de brigadas civis nos municípios rotineiramente mais
afetados para a prevenção e combate a incêndios florestais e controle de
queimadas nos períodos de estiagem;
Imagem 35: Guarnições formadas por equipes de Bombeiros Civis, Guardas Municipais e Prevfogo, na Expo Agro no Município de Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
Imagem 36: Guarda Municipal e Prevfogo trabalhando em parceria no combate as queimas em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
Busca de sustentabilidade das brigadas civis de combate a incêndios florestais;
Limpeza de áreas prioritárias;
Imagem 37: Deslocamento para limpeza de áreas prioritárias em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
Imagem 38: Área toda protegida por aceiro em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
Ampliar as ações de implementação de protocolos municipais de uso do fogo;
Descentralização das orientações para autorizações de queima controlada;
Caracterização das atividades agropecuárias que fazem uso do fogo no Estado
estabelecendo os períodos para autorização de queima;
Prevenção a Incêndios Florestais nas Áreas Protegidas do Estado do
Maranhão.
26
5.3. 3ª Etapa: Fiscalização e Combate aos incêndios florestais e controle de
queimadas
Promover monitoramento de queimadas e prevenção de incêndios florestais;
Validar informações de focos de queimadas do satélite “in loco”;
Imagem 39: Identificação de 31 focos de calor expressivos em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
Imagem 40: Visualização “in loco” focos identificados no sistema do Inpe em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
Combate aos incêndios florestais;
Imagem 41: Identificação de área devastada pelas queimadas em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).
Imagem 42: Bombeiro do BBA realizando o combate as queimadas em Grajaú (Fonte: BBA, 2015).
Reprimir o uso ilegal do fogo;
Controle de queimadas em municípios estratégicos.
5.4. 4ª Etapa: Balanço sobre as queimadas em 2015 e metas para 2016
Realizar levantamento de dados sobre a saúde referente às Infecções
Respiratórias Agudas nos municípios com os maiores índices de queimadas;
Apresentar dados, estatísticas e relatórios ao comando do CBMMA sobre a
27
situação encontrada;
Definir ações que deverão ser executadas bem como reformular as que não
foram eficazes.
6. PLANEJAMENTO E AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS EM TERRAS
INDÍGENAS COM ALTO RISCO DE INCÊNDIO FLORESTAL
Os incêndios florestais são enquadrados como desastres graduais (agravam-se
com o tempo), periódicos (ocorrem em períodos esperados) e frequentemente de origem
antrópica. Por essas características, pensou-se na elaboração de ações em épocas
específicas e direcionadas no que tange ao combate e, principalmente, prevenção desse
tipo de desastre.
Nesse contexto, a CEPDECMA e o CBMMA têm planejado ações direcionadas
as áreas indígenas no Estado do Maranhão, a fim de reduzir a frequência e a dimensão
dos incêndios florestais nessas localidades. Para tal, foram desenvolvidas medidas de
intervenção que possibilitam alcançar o resultado esperado, sendo elas: capacitação em
prevenção e combate a incêndio florestal, palestras educativas, além de controle e
monitoramento a serem realizados em uma escala muito mais ampla e sensível.
Essas medidas serão executadas em períodos específicos, principalmente
durante o “período seco”, e em áreas indígenas que se localizem nas regiões de alto
risco de incêndio florestal segundo o mapeamento realizado por esta Coordenadoria.
Com isso, almeja-se reduzir de maneira significativa o risco de incêndio
florestal, tornando a população residente extremamente preparada para atuar tanto na
prevenção como na resposta.
Dessa forma, a proposição de medidas que visem reduzir a incidência e os
impactos das queimadas em áreas indígenas, ajudam a alcançar resultados mais
duradouros permitindo que seus efeitos sejam sentidos a curto e longo prazo.
6.1. Justificativa
Tal planejamento visa preparar a população que reside nas terras indígenas no
que tange a incêndio em vegetação e incêndios florestais, principalmente nos períodos
regulares de estiagem. Este tipo ocorrência tem sido cada vez mais frequente nesses
locais devido a fatores como: limpeza de áreas para plantio feito de maneira incorreta,
incêndios criminosos e períodos de estiagem mais rigorosos.
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6.2. Objetivos específicos do planejamento
Capacitar os moradores das terras indígenas em prevenção e combate a
incêndio florestal;
Ministrar palestras educativas para a população nas áreas de prevenção de
incêndios florestais, ações básicas para prevenção e tratamento em caso de acidentes
domésticos, noções básicas em Proteção e Defesa Civil;
Aproximar as autoridades estaduais das lideranças indígenas; e
Facilitar o monitoramento das áreas indígenas com alto risco de incêndio
florestal.
6.3. Execução
A execução aconteceria em três etapas distintas, a saber:
Tabela 02: Etapas de execução do planejamento.
Fonte: CEPDECMA (2016).
As regiões onde serão realizadas as atividades previstas nesse planejamento
englobam áreas indígenas quem se situam em áreas de alto risco de incêndio florestal,
conforme mapeamento realizado pela CEPDECMA no final de 2015.
Imagem 43: Mapa de risco de incêndio florestal no maranhão (Fonte: CEPDECMA).
29
Após analisar os dados coletados pela CEPDECMA durante o monitoramento de
queimadas no ano de 2015, constatou-se que as áreas indígenas de maior risco
englobam aquelas localizadas no Centro maranhense, a saber: Arariboia, Toco Preto,
Lagoa Comprida, Guajajara, Governador, Kikati, Rodeador, Porquinhos, Morro Branco,
Bacurizinho e Kanela. Destas, a Terra Indígena Arariboia é a maior em área e já foi
atingida por um incêndio florestal de grandes proporções no ano de 2015.
A tabela em seguida apresenta a quantidade de focos de calor em cada uma das
Terras Indígenas (TI’s) maranhenses.
Tabela 03: Monitoramento e registro de focos de calor nas TI’s maranhenses (2015).
TERRA INDÍGENA (TI) LOCALIZAÇÃO Nº DE FOCOS
Porquinhos dos Canela-Apãnjekra Fernando Falcão/MA 321
Kanela Fernando Falcão/MA 196
Bacurizinho Grajaú/MA 448
Araribóia Amarante do Maranhão/MA 975
Porquinhos Barra do Corda/MA 164
Cana Brava Jenipapo dos Vieiras/MA 643
Awá Zé Doca/MA 81
Krikati Montes Altos/MA 276
Governador Amarante do Maranhão/MA 132
Caru Bom Jardim/MA 19
Rodeador Barra do Corda/MA 08
Urucu-Juruá Grajaú/MA 33
Alto Turiaçu Centro Novo do Maranhão/MA 125
Lagoa Comprida Jenipapo dos Vieiras/MA 58
Rio Pindaré Bom Jardim/MA 08
Geralda/Toco Preto Arame/MA 14
TOTAL: 3.501 focos de queimadas.
Fonte: INPE/CPTEC (2015).
30
Imagem 44: Mapa de demarcação de unidades de conservação e áreas afins (Fonte: http://www.zee.ma.gov.br/html/indi.html).
As etapas de execução seriam realizadas dispostas segundo tabela abaixo.
Tabela 04: Período de execução das etapas.
Fonte: CEPDECMA (2016).
31
6.3.1. Etapa I
O curso de capacitação em prevenção e combate a incêndio florestal representa
o principal ponto na execução das atividades e demanda uma maior quantidade de
recursos, entretanto, tem um maior impacto na redução e no combate aos incêndios
florestais.
O perfil do público alvo são pessoas, principalmente homens, entre 18 e 30 anos
com afinidade em combate às chamas e pré-disposição física para o mesmo. Essas
pessoas serão devidamente capacitadas com o intuito de manterem-se
permanentemente brigadas voluntárias de prevenção e combate a incêndio florestal nas
áreas indígenas.
Os responsáveis por ministrar os cursos seriam militares do CBMMA com
especialização na área de prevenção e combate a Incêndio florestal, ficando a
coordenação dos cursos a cargo do Batalhão de Bombeiros Ambiental (BBA), devendo
este preparar todo o planejamento e a logística necessária para a execução dos mesmos
em parceria com a CEPDECMA.
Por fim, cabe ressaltar que o curso tem uma duração aproximada de dois meses
e, portanto, precisa ser direcionado às áreas mais significativas no que tange a
densidade demográfica e o tamanho da área.
6.3.2. Etapa II
As palestras educativas têm por função levar conhecimento a população em
geral que reside em áreas indígenas. Sendo exploradas as seguintes: prevenção de
incêndios florestais, ações básicas para prevenção e tratamento em caso de acidentes
domésticos e noções básicas em Proteção e Defesa Civil.
As apresentações serão realizadas durante um turno inteiro de um dia em cada
localidade escolhida, portanto, a organização e a logística necessária ficaria a cargo do
BBA e da CEPDECMA.
Esta etapa, por demandar menos tempo que a anterior, pode abranger uma área
maior e consequentemente um número maior de pessoas. Com isso os resultados
podem ser mais abrangentes e alcançar o objetivo geral deste planejamento.
Vale lembrar que esta etapa demanda uma logística de transporte muito mais
ampla que a etapa I devido a grandes distâncias entre as localidades e acessos muitas
vezes precários e que os capacitados nos cursos da etapa I seriam empregados nesta
fase.
32
6.3.3. Etapa III
Constitui a fase mais dinâmica, pois necessita de comprometimento e ação
integrada de todos os envolvidos na execução das atividades. Caracteriza-se por uma
coordenação absoluta dos recursos humanos capacitados durante as etapas anteriores,
monitoração “in loco” por lideranças indígenas e monitoração geral a ser realizada pela
CEPDECMA em parceria com o CBMMA e a SEMA.
Esta etapa é circundada de dificuldades como falta de meios apropriados de
comunicação na maior parte das áreas indígenas, dificuldade de acesso e falta de
envolvimento com a atividade. Ainda assim, ela constitui uma parte essencial para que
as atividades executadas nas fases anteriores não sejam desperdiçadas.
É nesse ponto que os focos de incêndio deverão ser informados e combatidos
com antecedência e que as atividades preventivas realizadas pelos capacitados serão
desenvolvidas. Dessa forma, a monitoramento torna-se mais objetivo, preciso e precoce,
permitindo a rápida ação de todos os órgãos envolvidos nas ações de combate a
incêndio florestal.
33
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As queimadas florestais constituem um dos mais danosos eventos que
provocam alterações nas formações vegetais, sejam elas naturais ou plantadas.
Muitas são as causas de sua origem, entretanto, as mais frequentes e preocupantes
reúnem-se em pequeno grupo onde o homem se destaca, principalmente por meio de
suas atividades no meio rural (ASSUNÇÃO, 2011). Em vista disso, quando a natureza
entra em desequilíbrio, normalmente as consequências são sentidas de maneira
quase imediata pelo ser humano. E é isso que vem acontecendo nos períodos de
ausência prolongada das chuvas (estiagem), momento este em que a vegetação se
torna de fácil combustão, principalmente nas regiões de cerrado.
Assim como no período de chuvas intensas, também no período de ausência
prolongada das chuvas (estiagem), o Estado precisará estar preparado e equipado
para atuar de forma preventiva, de maneira que a população não sofra danos ainda
maiores do que os já previstos. Para uma melhor atuação no combate a esse tipo de
problema se faz necessário o uso de medidas que vão além do monitoramento e
identificação das queimadas florestais, ou seja, o desenvolvimento de medidas
educativas que conscientizem a população acerca do uso e manejo do fogo de
maneira correta.
Em se tratando dos recursos humanos, a Corporação dispõe de 97 militares
qualificados e preparados para atuar no combate as queimadas florestais, todavia,
as ações de resposta, apesar de necessárias, exigem um investimento
financeiro muito alto (diárias, combustível, materiais e equipamentos,
contratação de carro-pipa e manutenção dos materiais e equipamentos). De
modo que, a prevenção de qualquer sinistro é uma tarefa muito mais segura, no
entanto, para que a prevenção se torne efetiva é necessário um planejamento sério
associado a uma análise bem apurada dos dados históricos (com estimativa sobre a
probabilidade de ocorrência de fogo juntamente com a implementação de medidas
mitigadoras para impedir a recorrência desse tipo de problema). É importante destacar
que dentre todas as ações, a conscientização da população atinente aos riscos da
queimada florestal constitui-se numa tarefa fundamental.
A prevenção, pelo fato de preceder as demais ações para controle dos
incêndios florestais, tem por objetivo principal a adoção de medidas que procuram
eliminar a origem ou a causa das queimadas, bem como reduzir os riscos de
propagação do fogo, constituindo-se numa das mais importantes etapas. A
experiência mostra que os investimentos realizados com ações preventivas são
compensadores em relação aos custos de combate, os quais envolvem riscos de
acidentes e desgaste físico dos brigadistas, desgaste e perda de ferramentas e
equipamentos, custos com transporte e apoio logístico, perdas econômicas reais do
objeto da proteção e perdas devidas aos danos ambientais.
34
Infelizmente, as queimadas florestais somente chamam a atenção quando
ocorrem em grandes proporções e de forma inesperada e destrutiva. E o que se
observa, geralmente, é que as ações de prevenção não mostram, num primeiro
momento, um retorno econômico, em virtude da dificuldade em se estimar os
benefícios advindos destas, bem como a ideia equivocada de que é muito mais fácil
avaliar os prejuízos provocados pelo fogo do que dimensionar os benefícios auferidos
por medidas preventivas de combate as queimadas florestais.
É importante esclarecer que as ações preventivas serão tão mais eficientes
quanto mais investimentos se fizer nas seguintes áreas: educação ambiental
direcionada a atividade do homem no meio rural (campanhas educativas, aplicação
da legislação e medidas coercitivas voltadas para o uso e manejo do fogo), redução
dos riscos de propagação do fogo (construção de aceiros, manejo do material
combustível e utilização de técnicas adequadas de manejo do fogo), vigilância ou
patrulhamento das áreas com maior recorrência de focos (participação da sociedade
civil), treinamento de pessoal (brigadistas), equipamentos (planejar as ações com
base nos recursos disponíveis), montagem de um banco de dados (contribuindo tanto
no aumento da eficiência técnica quanto na economia dos trabalhos) e formação de
parcerias (afinal, os incêndios florestais não respeitam fronteiras administrativas nem
políticas de uma região).
São Luís – MA, 22 de fevereiro de 2016.
Rafael Lima de Araújo – 1º Ten. QOCBM Chefe da Seção de Ações de Defesa Civil
Jairon Moura da Silva – Cap. QOCBM Chefe do Departamento de Gestão de Riscos de Desastres
Izac Muniz Matos – Cel. QOCBM Coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil