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RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO
Quebra de dormência e avaliação do potencial germinativo de
sementes de Erythrina crista-galli L.
Acadêmico: Luis Augusto Goi Rott
Curso de Engenharia Florestal
São Gabriel, RS, Brasil.
Novembro de 2012.
Quebra de dormência e avaliação do potencial germinativo de
sementes de Erythrina crista-galli L.
Por:
Luis Augusto Goi Rott
Relatório de estágio final apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Florestal, Área de Silvicultura, da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Florestal.
Orientadora: Profa. Dra. Nirlene Fernandes Cechin
São Gabriel, RS, Brasil.
Novembro de 2012.
LUIS AUGUSTO GOI ROTT
Quebra de dormência e avaliação do potencial germinativo de
sementes de Erythrina crista-galli L.
Elaborado por Luis Augusto Goi Rott
como requisito parcial para obtenção
do grau de Engenheiro Florestal
COMISSÃO EXAMINADORA:
______________________________
Profa. Dr
a Nirlene Fernandes Cechin/Unipampa
______________________________
Prof. Dr. Ítalo Filippi Teixeira/Unipampa
______________________________
Gestor Ambiental Marcelo Rodrigo Muller
São Gabriel, Novembro de 2012.
Dedico este Trabalho a meus pais, Reini
Luiz Rott e Soraia Goreti Goi Rott, meu
irmão Jerônimo Augusto Goi Rott, minha
avó Esther Rott e em especial meu avô,
Orgênio Rott (in memorian).
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por tudo que tem me proporcionado na minha vida.
Aos meus familiares, pela força, compreensão, amor e carinho concedido durante
essa longa caminhada. Ao meu avô paterno Orgênio Rott (in memorian) que ao
longo de minha graduação infelizmente nos deixou fisicamente, porém sempre
esteve presente em meu coração.
Agradeço ao Gestor Ambiental Sr. Marcelo Rodrigo Muller e proprietário do Viveiro e
Floricultura Amor Perfeito pela oportunidade da realização do estágio.
Á minha orientadora Profa Dra Nirlene Fernandes Cechin, por ter acreditado na ideia,
pelo auxílio, orientação, confiança e compreensão.
Aos colegas que de alguma forma contribuíram para a realização do estágio, em
especial ao Ícaro Taborda, pelo convívio, ajuda na realização de atividades e pelos
momentos de amizade, o meu muito obrigado.
E a todos que, de uma forma ou de outra, ajudaram na realização deste trabalho.
RESUMO
Este trabalho teve por objetivos verificar qual é o método mais eficiente para quebra
de dormência tegumentar de sementes de Erythrina crista-galli L., além de avaliar o
percentual de germinação das sementes desta espécie em dois tipos de substratos
(convencional e comercial) Em um dos lotes com 200 sementes foi utilizado o
substrato convencional, onde foram realizados 4 métodos de quebra de dormência,
cada um utilizando 40 sementes, restando 40 para serem utilizadas como
testemunhas. No outro lote de 200 sementes foi utilizado o substrato comercial e
também foram aplicados os mesmos tratamentos. No substrato convencional, 75
sementes germinaram, 28 dias após a semeadura, caracterizando um percentual de
37,5%. Aos 49 dias, 87 sementes germinaram, totalizando ao final do teste, 43,5%
de sementes germinadas. Em substrato comercial, 75 sementes germinadas após
28 dias de semeadura, estabelecendo um percentual de germinação de 37,5%.
Entretanto, aos 49 dias de semeadura, houve um incremento de 16 sementes
germinadas. Ao final dos testes de germinação o percentual de sementes
germinadas foi de 43,5% e 45,5% no substrato convencional e no substrato
comercial, respectivamente. O tratamento utilizado para quebra de dormência de
corticeira do banhado que possibilitou melhor germinação de sementes foi o método
mecânico (escarificação). Além do estudo realizado, foram executadas atividades
referentes ao dia-a-dia de um viveiro florestal.
Palavras-chaves: quebra de dormência; percentual de germinação; substrato.
ABSTRACT
This study aimed to ascertain the most efficient method for breaking dormancy of
tegumentary seeds of Erythrina crista-galli L., and to evaluate the percentage of
germination of this species on two types of substrates (conventional and commercial)
In a seed lots with 200 used the conventional substrate, where they were performed
four methods of dormancy, each using 40 seeds, remaining 40 to be used as
controls. In another batch of 200 seeds was used commercial substrate and also the
same treatments were applied. In conventional substrate, 75 seeds germinated 28
days after sowing, featuring a percentage of 37.5%. After 49 days, 87 seeds
germinated, totaling the end of the test, 43.5% of germinated seeds. In commercial
substrate, 75 seeds germinated after 28 days of sowing, setting a germination
percentage of 37.5%. However, at 49 days of sowing, there was an increase of 16
seeds germinated. At the end of the germination percentage of the seeds germinated
was 43.5% and 45.5% in the conventional substrate and commercial substrate,
respectively. The treatment used to break dormancy of cork that bathed the best
possible seed germination was the mechanical method (scarification). Besides the
study were performed activities relating to day-to-day of a nursery.
Keywords: break dormancy, germination percentage; substrate.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel – RS, 2012. ................................... 22
FIGURA 2 – Flor (a); fruto (b) e sementes (c) - Erytrina crista-galli L. - Corticeira do
Banhado., .................................................................................................................. 23
FIGURA 3: Métodos de quebra de dormência empregados. São Gabriel- RS.......... 24
FIGURA 4 – Tubete de propileno .............................................................................. 25
FIGURA 5 – Substrato comercial Mecplant (a), substrato convencional produzido no
viveiro (b). Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS. .................................................. 26
FIGURA 6 – Escarificação mecânica da semente retirada do tegumento com um
canivete. .................................................................................................................... 26
FIGURA 7: Número de sementes germinadas no substrato convencional durante as
semanas de avaliação. .............................................................................................. 30
FIGURA 8: Número de sementes germinadas no substrato comercial durante as
semanas de avaliação. .............................................................................................. 31
FIGURA 9: Total de plântulas germinadas sob cada tratamento (método de quebra
de dormência) para o substrato convencional. .......................................................... 32
FIGURA 10: Total de plântulas germinadas sob cada tratamento (método de quebra
de dormência) para o substrato comercial. ............................................................... 33
FIGURA 11 – Germinação de sementes de corticeira do banhado. Viveiro Amor
Perfeito, São Gabriel- RS. ......................................................................................... 33
FIGURA 12 – Presença de ervas daninha no substrato convencional e ausência no
substrato comercial. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS.................................... 34
FIGURA 13 – Tubetes preenchidos com substrato convencional. Viveiro Amor
Perfeito, São Gabriel- RS. ......................................................................................... 36
FIGURA 14: Semeadura de espécies florestais nativas. Viveiro Amor Perfeito, São
Gabriel- RS. ............................................................................................................... 37
FIGURA 15: Rega. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS. .................................... 38
FIGURA 16: Ervas daninha no substrato (a) antes da retirada e (b) depois da
retirada. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS. ..................................................... 38
FIGURA 17: Mesa suporte para os tubetes. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS.
.................................................................................................................................. 39
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Tratamentos realizados para quebra de dormência tegumentar da
Erytrina crista-galli L. São Gabriel – RS, 2012. ......................................................... 24
TABELA 2: Total de sementes germinadas após 28 dias e 49 dias de testes e seus
respectivos percentuais de germinação em substrato convencional. São Gabriel –
RS, 2012. .................................................................................................................. 28
TABELA 3: Total de sementes germinadas após 28 dias e 49 dias de testes e seus
respectivos percentuais de germinação em substrato comercial. São Gabriel – RS,
2012. ......................................................................................................................... 29
TABELA 4: Resultado da análise de variância para a germinação em substrato
convencional e substrato comercial. ......................................................................... 34
TABELA 5: Resultado para as médias dos tratamentos. .......................................... 35
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SUMÁRIO
1. ORGANIZAÇÃO ................................................................................................... 10
2. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13
3.1 A espécie ......................................................................................................... 13
3.2 Germinação das sementes .............................................................................. 14
3.3 Dormência das sementes ................................................................................ 15
3.4. Quebra de dormência ..................................................................................... 17
3.5. Recipientes e substratos ................................................................................. 18
4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ......................................................................... 21
4.1. Localização ..................................................................................................... 21
4.2. Quebra de dormência e germinação da Erytrina crista-galli L. ....................... 22
5. RESULTADOS ...................................................................................................... 27
5.1 Total de sementes germinadas em substrato convencional ............................ 27
5.2 Total de sementes germinadas em substrato comercial .................................. 28
5.3 Análise estatística ............................................................................................ 34
6. OUTRAS ATIVIDADES REALIZADAS................................................................. 36
6.1 Enchimento de tubetes .................................................................................... 36
6.2 Semeadura de espécies florestais nativas ....................................................... 37
6.3 Regas ............................................................................................................... 37
6.4 Limpeza de ervas daninha ............................................................................... 38
6.5 Construção de mesas suporte ......................................................................... 39
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 40
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 42
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1. ORGANIZAÇÃO
Foi realizado o estágio curricular profissionalizante no viveiro da Floricultura
Amor Perfeito, que fica localizado na Rua Francisco Silva, Nº 3571, Bairro
Medianeira, em São Gabriel, no estado do RS.
O viveiro está registrado na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA)
do município de São Gabriel e, atualmente, possui convênio com a Universidade
Federal do Pampa, Campus São Gabriel. O convênio consolidado entre a Empresa
e a UNIPAMPA tem por objetivo proporcionar aos acadêmicos desta Instituição de
Ensino a possibilidade destes realizarem estágios, trabalhos de conclusão de curso
e pesquisas científicas na área de silvicultura.
No viveiro florestal é realizada a produção de mudas de espécies florestais
nativas e exóticas, de espécies frutíferas, de hortaliças, além da produção de flores
de corte e de substratos específicos.
O proprietário do viveiro, o Gestor Ambiental Marcelo Rodrigo Muller, também
possui uma floricultura, denominada Amor Perfeito, que está sediada na Rua
Coronel Soares, 867, sala 2, no centro do município.
A floricultura, fundada há cerca de 10 anos, possui projetos de expansão,
principalmente em termos de produção, tendo por objetivo atender a demanda por
produtos e materiais de jardinagem. Esta comercializa diretamente a sua produção,
para pessoas físicas e jurídicas e também para os órgãos públicos relacionados à
sua área de atuação, abastecendo também floriculturas locais e de cidades vizinhas.
As mudas são utilizadas na ornamentação de jardins residenciais, na
arborização urbana e de áreas verdes, em plantios florestais comerciais, na
recuperação de áreas degradadas, em serviços de restauração paisagistica, entre
outras.
O gestor procura aliar seu compromisso com a qualidade dos produtos e
serviços, assim como a satisfação dos clientes, à proteção do meio ambiente e
mitigação de impactos, adotando uma gestão sustentável.
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2. INTRODUÇÃO
O Rio Grande do Sul sofreu durante muito tempo com a degradação de suas
florestas nativas, desde sua colonização. Primeiramente pela necessidade dos
imigrantes usarem arvores nativas para produção de energia, visando também à
utilização das áreas desmatadas para lavoura. Outro fator que contribuiu com a
degradação das florestas foi a utilização da madeira para a construção de ferrovias,
assim como para produção de vapor para as maquinas. Hoje em dia, as
necessidades não são mais as mesmas, porem, nem por isso a devastação deixou
de existir, pois vários agricultores retiram árvores da floresta de maneira
descontrolada, com o objetivo de obter madeira para lenha ou utilizam estas como
local de sombreamento para o gado, ocasionando grande impacto, principalmente
sobre a regeneração natural.
Hoje em dia, existe uma maior preocupação por parte da população no que
diz respeito à preservação e recuperação do meio ambiente. Sendo assim, a
produção de mudas de espécies nativas se torna necessária para suprir a demanda
do mercado atual. O conhecimento sobre tais espécies, sua produção e manejo é de
extrema importância para ter sucesso na recuperação de uma área degradada, visto
que cada espécie possui suas particularidades.
Segundo Figliolia e Pinã-Rodrigues (1995b), a crescente procura por
sementes de espécies arbóreas nativas, principalmente na Região Centro-Sul do
Brasil, está associada à utilização cada vez mais intensa destas em programas de
recuperação ambiental e de conservação de recursos hídricos.
A espécie Erythrina crista-galli L. é uma planta pioneira, decídua, heliófita, de
madeira leve e porosa, característica de terrenos úmidos existentes ao longo de rios
e estuários, justificando seu nome popular de corticeira do banhado (LORENZI,
2008). Par o autor, a espécie produz, anualmente, grande quantidade de sementes,
porém, estas são frequentemente atacadas por insetos, o que dificulta sua
regeneração natural.
A corticeira do banhado, arvore comumente encontrada em banhados e
várzeas no Rio Grande do Sul, por possuir varias utilidades, mesmo que sua
madeira não seja muito resistente, sofreu uma grande diminuição na sua população.
Gratieri-Sossella et al. (2008) afirmam que, no Rio Grande do Sul, a espécie é imune
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ao corte pela Lei Estadual 9.519/92 que institui o Código Florestal do Rio Grande do
Sul, (Art. 33º), que protege as figueiras e as corticeiras em todos os casos, exigindo
imediata reposição da espécie em caso de sua eliminação, sendo considerado crime
seu corte ou qualquer forma de degradação da mesma.
A multiplicação da corticeira por sementes encontra algumas dificuldades. A
produção de sementes é prejudicada pela autogamia, que tende a ocorrer em muitos
sítios de coleta devido à fragmentação da floresta original, pelo intenso ataque de
besouros curculionídeos nos frutos e sementes e por as sementes apresentarem
germinação irregular no tempo (Galleto et al., 2000).
Determinadas espécies florestais apresentam dificuldades para produção de
mudas, devido à produção de um número reduzido de sementes ou à presença de
dormência. A dormência em sementes é uma estratégia reprodutiva associada às
plantas que se regeneram naturalmente a partir do banco de sementes do solo ou
àquelas que precisam conservar a sua viabilidade até que condições propícias à
germinação ocorram (FIGLIOLIA e PIÑA-RODRIGUES, 1995b).
As sementes viáveis, em repouso por quiescência ou dormência, quando são
satisfeitas uma série de condições externas (do ambiente) e internas (intrínsecas do
indivíduo), ocorrerá o crescimento do embrião, o qual conduzirá à germinação. Por
isso, do ponto de vista fisiológico, germinar é simplesmente sair do repouso e entrar
em atividade metabólica.
O cultivo desta espécie é importante para diversas finalidades. Apesar da
corticeira do banhado apresentar grande produção anual de sementes, muitas delas
perdem sua viabilidade, o que dificulta a regeneração da espécie.Logo, informações
sobre a dormência tegumentar de suas sementes são escassas e imprecisas. Por
isso, este trabalho teve por objetivos verificar qual é o método mais eficiente para
quebra de dormência tegumentar de sementes de Erythrina crista-galli L., além de
avaliar o percentual de germinação das sementes desta espécie em dois tipos de
substratos.
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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 A espécie
A Erytrina crista-galli L., conhecida popularmente por eritrina ou corticeira do
banhado, é uma planta leguminosa da família Fabaceae. Segundo Lorenzi (2008), a
corticeira é uma árvore espinhenta, com altura que pode variar entre 6 a 10 metros,
com tronco tortuoso de 30 a 40 cm de diâmetro, revestida por casca pardacenta,
folhas alternas espiraladas, flores róseas ou vermelhas e frutos do tipo vagens
deiscentes negras, com poucas sementes rajadas por frutos. Ocorre do Maranhão
até o Rio Grande do Sul, em várzeas pantanosas ou alagadiças. Na região Sul, essa
espécie produz flores vermelhas, constituindo uma raça geográfica.
A dispersão da corticeira do banhado é maior nas formações secundárias
como capoeiras, sendo raramente encontrada no interior da mata primária densa.
Um fator que diminui seu potencial de regeneração natural é que suas sementes são
fortemente prejudicadas por insetos. A árvore floresce, predominantemente, durante
os meses de setembro a dezembro e a maturação dos frutos ocorre entre janeiro a
fevereiro e sua reprodução ocorre tanto por sementes como por estacas (LORENZI,
2008).
As eritrinas encontradas no Brasil são ornamentais e adequadas para o
paisagismo e recuperação ambiental (BRANDÃO et al., 2002).Os usos tradicionais
das diversas partes da árvore incluem artefatos rurais e musicais, medicamentos e
material para tingimento (DEMAIO et al., 2002) e bóias para pesca. Nos tempos
atuais, seu cultivo tem interesse para restauração ambiental e para fins ornamentais
(LONGHI, 1995; DEMAIO et al., 2002). As flores são procuradas por beija-flores e
abelhas (LONGHI, 1995). Em ecossistemas naturais, as árvores servem de suporte
para grande número de espécies de orquídeas, principalmente do gênero Cattleya
(BACKES e IRGANG, 2002), muitas delas em vias de extinção (LONGHI, 1995).
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3.2 Germinação das sementes
O processo de germinação inicia com a retomada do crescimento pelo
embrião das sementes, desenvolvendo-se até o ponto em que forma uma nova
planta com plenas condições de nutrir-se por si só, tornando-se independente
(KRAMER E KOZLOWSKI, 1972).
Segundo Hoppe e Brun (2004), as sementes têm um tempo de vida que varia
de espécie para espécie e depende das condições de armazenamento. Para a
produção e comercialização de mudas é importante saber quantas sementes
daquele lote ainda conservam a sua capacidade de germinar, isto é, qual sua
porcentagem de germinação. Logo, conhecer e controlar os fatores ambientais
permitem otimizar a quantidade, velocidade e uniformidade da germinação e
produzir mudas vigorosas de baixo custo.
A germinação ocorre a partir de uma sequencia de eventos fisiológicos
influenciados por fatores externos (luz, temperatura, disponibilidade de água e de
oxigênio) e internos (inibidores e promotores da germinação) às sementes, que
podem atuar por si ou em interação com os demais fatores. (KRAMER e
KOZLOWSKI, 1972; NASSIF et al., 1998).
Existe grande variação na resposta das sementes à luminosidade. A
germinação das sementes de algumas espécies é inibida pela luz, enquanto que em
outras a germinação é estimulada. Sendo assim, algumas sementes germinam com
extensa exposição à luz, outras com breve exposição e outras se apresentam
indiferentes à luminosidade. Conforme Nassif et al., (1998), a germinação está
relacionada também com a qualidade de luz, que, durante a maturação da semente,
é um importante fator controlador da germinação. Geralmente os fatores luz e
temperatura têm efeito interativo sobre a germinação de sementes fotossensíveis.
A temperatura pode afetar as reações bioquímicas que determinam todo o
processo germinativo. A germinação de cada espécie depende da temperatura e
ocorre dentro de limites definidos (mínimo, ótimo e máximo), que caracterizam sua
distribuição geográfica. Há espécies que respondem bem tanto à temperatura
constante como à alternada. A alternância de temperatura corresponde,
provavelmente, a uma adaptação às flutuações naturais do ambiente (Nassif et al.,
1998).
15
A água é o fator de maior influência sobre o processo de germinação. A partir
da absorção de água, por embebição, ocorre a reidratação dos tecidos e,
consequentemente, a intensificação da respiração e de todas as outras atividades
metabólicas, que resultam no fornecimento de energia e nutrientes necessários para
a retomada de crescimento por parte do eixo embrionário. Nassif et al., (1998)
enfatiza que o excesso de umidade pode provocar decréscimo na germinação, pois
impede a penetração do oxigênio e reduz todo o processo metabólico resultante. A
velocidade de absorção de água varia com: a espécie, o número de poros
distribuídos sobre a superfície do tegumento, a disponibilidade de água,
temperatura, pressão hidrostática, área de contato semente/água, forças
intermoleculares, composição química e qualidade fisiológica da semente.
Entre os gases que influenciam a germinação estão o O² e o CO². A
necessidade de oxigênio para a germinação varia de espécie para espécie, mas as
plantas lenhosas que crescem em terra firme necessitam de solo bem aerado com
boa disponibilidade de oxigênio e muitas plantas que suportam períodos de
submersão só germinam durante períodos mais secos (KRAMER e KOZLOWSKI,
1972).
Os nutrientes influenciam diretamente o desenvolvimento da nova plântula. As
formigas, os pássaros, os roedores, entre outros, podem danificar as sementes
impedindo a germinação ou dificultando a mesma ou, até mesmo, podem romper o
tegumento impermeável e facilitar a germinação. Os fungos e as bactérias presentes
no solo tanto podem impedir a conclusão da germinação, retardar o crescimento, ou
deformar a plântula, ou mesmo levá-la à morte após a germinação, como podem
minimizar a dormência tegumentar, degradando o tegumento das sementes
(FOWLER e BIANCHETTI, 2000).
3.3 Dormência das sementes
A dormência das sementes é uma estratégia adaptativa das espécies, no que
se refere à sobrevivência e perpetuação. Porém, muitas vezes é uma característica
negativa para o homem manejar e fazer as sementes germinarem (COSTA et al,
2010).
16
Na maioria das vezes, a dormência é vantajosa para sobrevivência da
espécie em condições naturais, visto que distribui a germinação ao longo do tempo
ou permite que a germinação ocorra somente quando as condições forem favoráveis
à sobrevivência das plântulas. Entretanto, a dormência é, frequentemente,
prejudicial às atividades de viveiro, onde se espera que grandes quantidades de
sementes germinem em curto espaço de tempo, permitindo a produção de mudas
uniformes (MEDEIROS FILHO et al., 2002).
Segundo Fowler et al (2001), a dormência das sementes se caracteriza
quando os tecidos que as envolvem exercem um impedimento que estas não podem
superar, sendo conhecida como dormência tegumentar. Esta é a dormência mais
comum, e está relacionada com a impermeabilidade do tegumento empregando
certa resistência mecânica ao crescimento do embrião.
De acordo com Fowler e Bianchetti (2000), existem duas categorias de
dormências de sementes: a dormência tegumentar ou exógena e a dormência
embrionária ou endógena.
Ainda segundo os autores (ibidem), as causas desse tipo de dormência são:
a) interferência na absorção de água- as sementes apresentam um tecido
osteoscleides que impede a entrada de água e causa a dormência por longos
períodos; b) impedimento mecânico - se o embrião não consegue vencer a barreira
dos tecidos que o envolve, ou não produzir, em alguns casos a enzima manana ele
não consegue germinar; c) interferências nas trocas gasosas - os tecidos que
envolvem o embrião não permite trocas gasosas, assim não permite a entrada de
oxigênio; d) presença de inibidores - em algumas sementes, os inibidores químicos
presentes no tegumento quando a sementes fica embebida, ao invés de se
dispersar, mantém o embrião dormente.
A impermeabilidade do tegumento é a principal causa da dormência das
sementes e, segundo Santos et al., (2004), esta pode estar associada à presença de
células em paliçada e uma camada de cutícula que protege o embrião.
A dormência tegumentar é muito comum em leguminosas e espécies do
grupo ecológico das pioneiras. As técnicas mais recomendadas para a quebra desse
tipo de dormência são a escarificação térmica, a partir da utilização de água quente,
a escarificação ácida ou mecânica, ou qualquer outra que permita a penetração de
água através do tegumento (FIGLIOLIA e PIÑA-RODRIGUES, 1995a, b).
17
A ocorrência de dormência tegumentar em sementes de corticeira do
banhado é um tema conflitante. De acordo com um grupo de pesquisadores, as
sementes sem dormência germinam com facilidade (FIGLIOLIA e PIÑA-
RODRIGUES, 1995b; LORENZI, 1998) e começam a perder seu poder germinativo
aos 90 ou 180 dias após a sua colheita (LONGHI et al., 1984; LONGHI, 1995).
Entretanto, é reconhecida a ocorrência de dormência tegumentar em muitas
espécies de Erythrina (CARVALHO et al., 1980; TEKETAY, 1994; FIGLIOLIA e
PIÑA-RODRIGUES, 1995a), até mesmo para corticeira do banhado (CRUZ et al.,
2001).
O cultivo de espécies que apresentam sementes dormentes torna-se um
problema devido ao tempo demorado de germinação que atrasa o desenvolvimento
das mudas, principalmente após a semeadura, quando as sementes estão há muito
tempo no solo, ficando suscetíveis à ataques de fungos, o que pode ocasionar
prejuízos, tanto na produção quanto econômicos (SANTOS et al., 2004).
3.4. Quebra de dormência
A superação da dormência tegumentar pode ocorrer através de diversos
métodos: a) escarificação ácida - as sementes são imersas em ácido sulfúrico por
um determinado tempo, que varia em função da espécie, sendo depois lavadas em
água corrente e colocadas a germinar; b) imersão das sementes em água quente –
são colocadas a uma temperatura de até 80ºC, permanecendo assim por um
período de tempo variável de acordo com a espécie; c) imersão das sementes em
água fria - à temperatura ambiente (25ºC) por 24 horas; d) escarificação mecânica -
as sementes são submetidas à abrasão, através de cilindros rotativos forrados
internamente com lixa para desgastar o seu tegumento, proporcionando condições
para que estas absorvam água e iniciem o processo germinativo, (HOPPE e BRUN,
2004).
Segundo Fowler et al (2001), a dormência das sementes se caracteriza
quando os tecidos que as envolvem exercem um impedimento que estas não podem
superar, sendo conhecida como dormência tegumentar. Esta é a dormência mais
18
comum, e está relacionada com a impermeabilidade do tegumento empregando
certa resistência mecânica ao crescimento do embrião.
A dormência de sementes pode ser superada através de incisões superficiais
no tegumento, processo chamado de escarificação. A escarificação artificial pode
ser realizada com algumas opções de agentes escarificadores, sendo esta um
processo viável e eficaz. Porém, devem-se tomar cuidados para não exceder o limite
de escarificação do tegumento para não causar danos e atrapalhar a germinação
(SANTOS et al., 2004).
Um dos principais problemas que dificultam a produção de mudas de
espécies florestais é a dormência apresentada por algumas espécies, principalmente
as da família das leguminosas. Para Oliveira et al.(2003), inúmeros são os
tratamentos para a superação da dormência, entre eles se destacam as
escarificações mecânica e química, e a imersão em água quente.
Na dormência tegumentar, a superação pode ocorrer por meio de diferentes
métodos. Entretanto, a escarificação mecânica é o mais eficiente para superar a
dormência de sementes em espécies leguminosas, a partir do desgaste do
tegumento, por meio de lixa ou outro material, permitindo a entrada de água
(FOWLER e BIANCHETTI, 2000).
3.5. Recipientes e substratos
O recipiente age principalmente sobre a temperatura, aeração das raízes,
umidade, luz e têm influência sobre a conformação do sistema radicular em
desenvolvimento. A escolha do recipiente mais adequado está sujeita a diversos
fatores ficando, muitas vezes, na dependência de condições locais ou relacionadas
com a espécie a ser reproduzida (AGUIAR e MELLO, 1974). Além disso, com o
desenvolvimento tecnológico, muitos materiais têm sido utilizados na fabricação de
novos recipientes, com vistas a sanar algumas desvantagens apresentadas pelos já
existentes.
De acordo com Gonçalves e Poggiani (1996), a boa formação de mudas
destinadas à implantação de povoamentos florestais para produção de madeira e de
povoamentos mistos para fins de preservação ambiental e/ou recuperação de áreas
19
degradadas está relacionada com o nível de eficiência dos substratos. A germinação
de sementes, a iniciação do crescimento radicular e da parte aérea está associada à
boa capacidade de aeração, a drenagem, a retenção e a disponibilidade de água
apresentada pelos substratos. Essas características são altamente correlacionadas
entre si, as duas primeiras estão diretamente relacionadas com a macroporosidade,
enquanto retenção de água e os nutrientes estão relacionados com a
microporosidade e superfície específica do substrato
A utilização de recipientes na produção de mudas de diversas espécies
vegetais vem sendo empregada na maioria dos viveiros. Dentre as suas vantagens
destacam-se: a) o controle eficaz de fungos e nematóides; b) a possibilidade de
acelerar o processo de produção de mudas através do uso de substratos
específicos; c) o bom controle da condição nutricional das mudas; d) a obtenção de
mudas com sistema radicular bem desenvolvido, sem traumatismos e lesões, com
facilidade no transplante; e) o aumento do número de plantas por área (CASTLE e
ROUSE, 1991).
Ainda segundo os autores (ibidem), o recipiente pode apresentar como fator
negativo a má formação e desenvolvimento do sistema radicular, ocasionado pelo
dimensionamento incorreto de recipientes
O volume, a altura e o diâmetro do recipiente são variáveis de acordo com a
espécie. A restrição do crescimento do sistema radicular, proporcionado pelo volume
do recipiente, pode promover o desequilíbrio na razão entre raízes e parte aérea,
alterando as respostas fisiológicas da planta (REIS et al., 1989) e repercutindo na
qualidade da muda.
O recipiente age principalmente sobre a temperatura, aeração das raízes,
umidade, luz e têm influência sobre a conformação do sistema radicular em
desenvolvimento (FLORIANO, 2004).
Segundo Macedo (1993), a escolha do tipo de recipiente a ser utilizado é
função do seu custo de aquisição, das vantagens na operação (durabilidade,
possibilidade de reaproveitamento, área ocupada no viveiro, facilidade de
movimentação e transporte etc) e de suas características para a formação de mudas
de boa qualidade.
A escolha do recipiente mais adequado está sujeita a diversos fatores ficando,
muitas vezes, na dependência de condições locais ou relacionadas com a espécie a
ser reproduzida (AGUIAR e MELLO, 1974). Além disso, com o desenvolvimento
20
tecnológico, muitos materiais têm sido utilizados na fabricação de novos recipientes,
com vistas a sanar algumas desvantagens apresentadas pelos já existentes.
Os tubetes mais utilizados são os de formato cônico, com capacidade de 50
cm³ para mudas de rápido crescimento, como os eucaliptos, pinus e pioneiras
nativas. Para as espécies de crescimento inicial mais lento, tal como as espécies
não pioneiras nativas, os tubetes devem ter capacidade de 100 cm³, pois as mudas
permanecem mais tempo no viveiro (MACEDO, 1993).
Segundo Carneiro (1995), o substrato é o meio que fornece o suporte para
que as raízes proliferem-se. É, portanto dele que dependerá o crescimento inicial da
plântula, já que a raiz é a ligação entre ele e a parte aérea que terá um
desenvolvimento em função das suas propriedades físicas, químicas e biológicas
desde que, as condições de umidade, temperatura, luz e vento não sejam limitantes.
A qualidade do substrato estabelece outro fator importante na produção de
mudas. Conforme Mourão Filho et al. (1998), inúmeros materiais podem ser
empregados como substrato, devendo-se levar em conta a disponibilidade, o custo e
as características físico-químicas do mesmo. A correta combinação de materiais
deve garantir boas características físicas, tal como boa drenagem e retenção de
água.
O substrato influencia diretamente na germinação, pois em função de sua
capacidade de retenção de água, estrutura e aeração, este afeta o fornecimento de
água e de oxigênio para as sementes e oferece o suporte físico para o
desenvolvimento da plântula (FIGLIOLIA et al., 1993).
Conforme Gonçalves (1995), os substratos destacam-se por apresentar as
funções básicas de sustentação da planta e o fornecimento de nutrientes, água e
oxigênio.
Como características desejáveis os substratos devem apresentar baixo custo,
suficientes teores de nutrientes, boa capacidade de troca de cátions, relativa
esterilidade biológica e permitir a aeração e a retenção de umidade, além de
favorecer a atividade fisiológica das raízes (GONÇALVES et al,. 2000).
A qualidade do substrato constitui outro fator importante na produção de
mudas. Conforme Mourão Filho et al. (1998), inúmeros materiais podem ser
empregados como substrato, devendo-se levar em conta a disponibilidade, o custo e
as características físico-químicas do mesmo. A correta combinação de materiais
21
deve garantir boas características físicas, tal como boa drenagem e retenção de
água.
4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
4.1. Localização
O presente estágio foi realizado no viveiro da floricultura Amor Perfeito, no
período entre 28 de março a 30 de maio de 2012.
O Viveiro Amor Perfeito localiza-se na Rua Francisco Silva, Nº 3571, Bairro
Medianeira, no município de São Gabriel – RS, na latitude 30°21’25.83’’S e longitude
53°15’56.39O’’, as margens da BR-290, sentido São Gabriel - Santa Margarida do
Sul (Figura 1).
São Gabriel está localizado no sul do estado do Rio Grande do Sul, na região
da Campanha. O município apresenta um clima subtropical, com temperaturas
mínimas durante o ano de 14°C e temperaturas máximas de 25°C, com precipitação
média mensal de 132 mm e média anual perto de 1600 mm (TEMPO AGORA,
2011).
22
FIGURA 1 – Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel – RS, 2012.
Fonte: Google Earth, adaptado pelo autor.
4.2. Quebra de dormência e germinação da Erytrina crista-galli L.
No estudo de quebra de dormência e germinação de corticeira do banhado
foram utilizados lotes de sementes adquiridos junto à Fundação Estadual de
Pesquisa Agropecuária (Fepagro Florestas) de Santa Maria - RS.
A finalidade dos testes foi comparar entre os métodos utilizados, qual é o
mais eficiente para quebra de dormência tegumentar de sementes de Erythrina
crista-galli L., alem de comparar a eficiência de dois tipos de substratos na
germinação de plântulas de qualidade.
A Figura 2 apresenta a flor, o fruto e as sementes da espécie.
23
FIGURA 2 – Flor (a); fruto (b) e sementes (c) - Erytrina crista-galli L. - Corticeira do Banhado.,
Fonte: www.ufsm.br/herbarioflorestal (2012).
Inicialmente, foram selecionadas 400 sementes sadias de corticeira, a fim de
que houvesse uma padronização nos resultados dos testes de avaliação da
germinação. Estas, apresentavam um bom padrão de qualidade e estavam em
condições de germinar.
As sementes foram separadas em 2 lotes de 200 sementes cada. Em um dos
lotes, com 200 sementes, foi utilizado o substrato convencional, onde foram
realizados 4 métodos de quebra de dormência, cada um utilizando 40 sementes,
restando 40 para serem utilizadas como testemunhas. No outro lote de 200
sementes foi utilizado o substrato comercial e também foram aplicados os mesmos
tratamentos (TABELA 1).
Na quebra de dormência das sementes foram utilizados copos plásticos,
sendo escrito junto aos mesmos o tipo de tratamento realizado. Em cada copo onde
o tratamento necessitava agua, foi introduzido um volume de água 3 a 4 vezes maior
que o volume de semente (FIGURA 3).
a) b) c)
24
FIGURA 3: Métodos de quebra de dormência empregados. São Gabriel- RS.
Fonte: Autor.
TABELA 1: Tratamentos realizados para quebra de dormência tegumentar da Erytrina crista-
galli L. São Gabriel – RS, 2012.
Tratamentos Substrato Métodos N0 sementes
T1
Convencional
Testemunha 40
T2 Água a temperatura ambiente e imersão por 24 horas 40
T3 Água a temperatura ambiente e imersão por 48 horas 40
T4 Água quente ( 85°C) e imersão por 5 minutos 40
T5 Escarificação mecânica 40
T1
Comercial
Testemunha 40
T2 Água a temperatura ambiente e imersão por 24 horas 40
T3 Água a temperatura ambiente e imersão por 48 horas 40
T4 Água quente ( 85°C) e imersão por 5 minutos 40
T5 Escarificação mecânica 40
Total 400
25
Os recipientes utilizados nos testes foram os tubetes de polipropileno (Figura
4), adequados para produção de mudas de árvores nativas. Parte dos tubetes foi
preenchida com o substrato comercial MECPLANT e os outros com o substrato
convencional, produzido no próprio viveiro. Cada tubete utilizado foi preenchido, em
média, com 100 gramas dos substratos utilizados.
O substrato comercial MECPLANT possui composição à base de casca de
pinus bio-estabilizada, vermiculita, corretivo de acidez e fertilizantes minerais e, uma
capacidade de retenção de água de 60% (Figura 5a).
O substrato convencional é composto por cama de aviário, madeira
decomposta triturada, terra de subsolo e calcário (Figura 5b).
Durante o período das avaliações de emergência das plântulas foi mantida a
umidade constante dos substratos.
FIGURA 4 – Tubete de propileno
Fonte: www.phbio.com.br
26
FIGURA 5 – Substrato comercial Mecplant (a), substrato convencional produzido no viveiro (b). Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS.
Fontes: Nasiniak (2011).
A escarificação mecânica nas sementes foi realizada a partir da utilização de
um canivete. Nas sementes, foi feito um corte no lado oposto ao hilo, visando a
preservação do embrião (Figura 6) e a entrada de água para proporcionar a ativação
do metabolismo a partir da hidratação da semente.
FIGURA 6 – Escarificação mecânica da semente, retirada do tegumento com um canivete.
Fonte: Autor.
b) a)
27
5. RESULTADOS
Os cálculos foram realizados avaliando a percentagem de sementes
germinadas entre as 40 sementes, para cada tratamento individualmente,
encontrando assim o percentual de germinação. Após, foi determinado o percentual
de germinação nos dois lotes avaliados, contendo as 200 sementes cada, nos dois
tipos de substratos.
5.1 Total de sementes germinadas em substrato convencional
Na tabela 2 é possível verificar o total de sementes germinadas, em cada
tratamento, após 28 e 49 dias de testes e os seus respectivos percentuais de
germinação em substrato convencional.
Em relação ao lote das 200 sementes semeadas no substrato convencional,
apenas 75 germinaram 28 dias após a semeadura, caracterizando um percentual de
37,5%. Aos 49 dias após a semeadura somente 87 sementes germinaram,
constituindo assim, um incremento de 12 sementes germinadas.
Em relação aos tratamentos, o tratamento T5 apresentou os melhores
resultados de quebra de dormência, aos 28 e 49 dias, ambos com um percentual de
67,5% de sementes germinadas. Isso se explica devido à entrada de água no
metabolismo do embrião por escarificação mecânica possibilitar um maior índice de
germinação, mesmo quando comparado a embebição das sementes em água.
Nos demais tratamentos, os índices de germinação aos 28 e 49 dias após a
semeadura foram inferiores a esse valor, principalmente quando se refere ao T2
(água a temperatura ambiente por 24 horas), com 13 sementes germinadas.
Verifica–se, também, um baixo índice de germinação no T1 (testemunha),
com apenas 7 sementes germinadas. Este baixo número de sementes germinadas
possivelmente foi causado pela baixa permeabilidade do tegumento.
Logo, até o final dos testes de germinação o percentual de sementes que
haviam germinado foi de 43,5% e 56,5% ainda não haviam germinado, o que
caracteriza um alto percentual de falha na germinação.
28
TABELA 2:
Total de sementes germinadas após 28 dias e 49 dias de testes e seus respectivos
percentuais de germinação em substrato convencional. São Gabriel – RS, 2012.
Tratamentos
Quantidade
Total de sementes germinadas
após 28 dias
Percentual de germinação
após 28 dias (%)
T1 40 7 17,5
T2 40 13 32,5
T3 40 15 37,5
T4 40 13 32,5
T5 40 27 67,5
Tratamentos
Quantidade
Total de sementes germinadas
após 49 dias
Percentual de germinação
após 49 dias (%)
T1 40 11 27,5
T2 40 15 37,5
T3 40 18 45,o
T4 40 16 40,0
T5 40 27 67,5
5.2 Total de sementes germinadas em substrato comercial
Analisando a tabela 3, é possível constatar o total de sementes germinadas,
em cada tratamento, as 28 e 49 dias de testes e os seus relativos percentuais de
germinação.
No lote de 200 sementes, é possível observar um total de 75 sementes
germinadas após 28 dias de semeadura em substrato comercial, estabelecendo um
percentual de germinação de 37,5%. Entretanto, 21 dias após o início dos testes,
houve um incremento de 16 sementes germinadas. Logo, o percentual total de
sementes germinadas ao final dos testes foi de 45,5% e o de falhas na germinação
foi de 54,5%.
29
O substrato comercial apresentou os melhores resultados nos tratamentos T5,
de quebra de dormência, aos 28 e 49 dias, ambos com um percentual de 77,5% de
sementes germinadas, ou seja, 31 sementes.
TABELA 3:
Total de sementes germinadas após 28 dias e 49 dias de testes e seus respectivos
percentuais de germinação em substrato comercial. São Gabriel – RS, 2012.
Tratamentos
Quantidade
Total de sementes germinadas após 28 dias
Percentual de germinação
após 28 dias (%)
T1 40 4 10,0
T2 40 10 25,0
T3 40 13 32,5
T4 40 17 42,5
T5 40 31 77,5
Tratamentos
Quantidade
Total de sementes germinadas
após 49 dias
Percentual de germinação
após 49 dias (%)
T1 40 11 27,5
T2 40 11 27,5
T3 40 18 45,0
T4 40 20 50,0
T5 40 31 77,5
Na Figura 7, é possível verificar o desempenho da germinação das sementes
ao longo das 7 semanas em que foram realizados os testes.
A emergência das plântulas teve início na primeira semana após a
semeadura, com exceção do tratamento T4.
A testemunha (T4) foi o tratamento em que houve o menor número de
sementes germinadas,
Nas semanas seguintes, até o final de avaliação, o número de sementes
germinadas nos tratamentos T1, T2, T3 e T4 apresentou um incremento pouco
significativo.
Entretanto, o tratamento T5 apresentou uma boa diferença entre a primeira e
a segunda semana, onde houve um incremento de 22 sementes germinadas. Nas
30
demais semanas, a diferença no número de sementes germinadas quase não
apresentou alterações.
Ficou evidente que o tratamento T5 foi o que apresentou os melhores
resultados em relação aos demais tratamentos.
FIGURA 7: Número de sementes germinadas no substrato convencional durante as semanas de avaliação.
Ao analisarmos a Figura 8, verificamos que a diferença entre o tratamento T5
e os demais tratamentos é nítida, sendo este considerado o melhor método de
quebra de dormência quando comparado aos outros tratamentos utilizados.
Entre a primeira e a segunda semana houve um incremento de 15 sementes
germinadas no tratamento T5. Na terceira semana o incremento foi de 9 sementes e
na quarta foi de 4 sementes, ficando assim estabilizado até a última semana de
avaliação.
Até a terceira semana de avaliação, as sementes do tratamento T1 ainda não
haviam germinado.
Ao final das 7 semanas, ocorreu a germinação de 31 sementes semeadas no
substrato comercial e com dormência superada a partir da escarificação mecânica.
31
FIGURA 8: Número de sementes germinadas no substrato comercial durante as semanas de avaliação.
A Figura 9 apresenta, particularmente, os tratamentos realizados e seus
respectivos resultados, sendo considerado para o substrato convencional o método
de quebra de dormência por escarificação mecânica (T5) foi o mais eficiente, com 27
germinadas.
O método de imersão em água a temperatura ambiente por 48 horas (T3) foi
o segundo melhor, com 18 sementes germinadas, seguido de imersão em água
quente por 5 minutos a 85 °C (T4) com 16 sementes e de imersão em água a
temperatura ambiente por 24 horas (T2) com 15 sementes. Observa-se também que
ocorreu a germinação de 11 sementes utilizadas como testemunhas (T1).
32
FIGURA 9: Total de plântulas germinadas sob cada tratamento (método de quebra de dormência) para o substrato convencional.
A Figura 10 apresenta os tratamentos realizados e os respectivos resultados
dos testes realizados no substrato comercial.
O método de quebra de dormência por escarificação mecânica (T5)
apresentou um total de 31 sementes germinadas.
Na quebra de dormência a partir da imersão das sementes em água quente
por 5 minutos a 85 °C (T4) apenas 20 sementes germinaram. No método de
imersão em água a temperatura ambiente por 48 horas (T3) foi o terceiro melhor,
com 18 sementes germinadas. Nos métodos utilizando à imersão das sementes em
água a temperatura ambiente por 24 horas (T2) e das testemunhas (T1) somente 11
sementes germinaram.
Observa-se, também, que a germinação de 11 sementes utilizadas como
testemunhas foi o mesmo resultado obtido no teste utilizando o substrato
convencional.
33
FIGURA 10: Total de plântulas germinadas sob cada tratamento (método de quebra de dormência) para o substrato comercial.
Na Figura 11 é possível verificar a diferença entre os tratamentos realizados
na germinação de sementes de corticeira do banhado.
No canto inferior esquerdo, estão localizados os recipientes onde as
sementes tiveram a quebra de dormência por meio da escarificação mecânica, onde
as plântulas se encontram em um estágio mais avançado de germinação quando
comparado aos outros métodos.
FIGURA 11 – Germinação de sementes de corticeira do banhado. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS.
Fonte: Autor.
34
Na figura 12 é possível observar a presença de ervas daninhas no substrato
convencional, à frente, e a ausência no substrato comercial, ao fundo.
FIGURA 12 – Presença de ervas daninha no substrato convencional e ausência no substrato comercial. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS.
Fonte: Autor.
5.3 Análise estatística
Na avaliação estatística dos dados, na realização da análise de variância e do
teste de Tukey foi utilizado o programa ASSISTAT 7,6 (2011).
TABELA 4:
Resultado da análise de variância para a germinação em substrato convencional e
substrato comercial.
Germinação
GL SQ QM F
Tratamento 1 1,60000 1,60000 0,0311
Resíduo 8 412,00000 51,50000
Total 9 413,60000
35
Após a utilização do programa e a avaliação dos resultados, foi verificado que
o valor de f calculado é menor que o valor de f tabelado, conforme a Tabela 4.
TABELA 5:
Resultado para as médias dos tratamentos.
Médias do Tratamento
Tratamento Plantas Germinadas
Convencional 17,4 a
Comercial 18,2 a As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste t ao nível de 5% de probabilidade.
Na Tabela 5 é possível visualizar que não houve diferença significativa entre
as médias dos tratamentos substrato convencional e substrato comercial em nível de
5% de probabilidade de erro.
36
6. OUTRAS ATIVIDADES REALIZADAS
Alem do monitoramento do estudo de quebra de dormência e germinação de
Erytrina crista-galli L, durante o período de estágio foram realizadas várias
atividades comuns ao dia-a-dia de um viveiro florestal, tais como: o enchimento de
tubetes, a semeadura de sementes de espécies florestais nativas, as regas das
mudas, a limpeza de ervas daninhas, a transferências de tubetes.
6.1 Enchimento de tubetes
Os tubetes foram preenchidos com substrato convencional confeccionado
pelo proprietário do viveiro, de acordo com uma formulação pré-estabelecida, alem
do uso do substrato comercial Mecplan.
FIGURA 13 – Tubetes preenchidos com substrato convencional. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS. Fonte: Autor.
37
6.2 Semeadura de espécies florestais nativas
Durante a realização do estágio foram semadas 234 sementes de Canforeira
(Cinnamomum camphora), 286 de Louro-Pardo (Cordia trichotoma (Vell.)), 93 de
Cinamomo (Melia azedarach L), 339 de Ipê-Amarelo (Handroanthus chrysotrichus
(Mart. ex DC) Mattos), 458 de Ipê-Roxo (Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos),
705 de Chal chal (Allophylus edulis (A. St-Hil., Cambess. & A. Juss.)), além das 400
sementes de Corticeira do Banhado, utilizadas no presente estudo.
FIGURA 14: Semeadura de espécies florestais nativas. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS. Fonte: Autor.
6.3 Regas
As regas foram realizadas duas vezes ao dia, uma no período da manhã e a
outra no período da tarde visando à manutenção da umidade no substrato de acordo
com as necessidades diárias de água pela espécie.
38
FIGURA 15: Rega. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS. Fonte: Autor.
6.4 Limpeza de ervas daninha (monda)
Foram retiradas ervas daninha que estavam surgindo no substrato produzido
no viveiro, fato que prejudica o desenvolvimento das mudas de espécies florestais
pela competição de luz, água e nutrientes.
Abaixo a Figura 12 expressa como estava e como ficaram os substratos após
a realização da limpeza.
FIGURA 16: Ervas daninha no substrato (a) antes da retirada e (b) depois da retirada. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS. Fonte: Autor.
39
6.5 Construção de mesas suporte
Junto às atividades do estágio, também foram construídas 4 mesas teladas
para suporte dos tubetes de polipropileno onde, posteriormente foi realizada a
semeadura de espécies nativas.
FIGURA 17: Mesa suporte para os tubetes. Viveiro Amor Perfeito, São Gabriel- RS. Fonte: Autor.
40
7 CONCLUSÃO
Após o estudo realizado durante o período de estágio foi possível concluir que:
o tratamento utilizado para quebra de dormência de corticeira do banhado que
possibilitou melhor germinação de sementes foi o método mecânico
(escarificação). Tal método proporcionou um maior contato das sementes
com a água, promovendo a germinação de sementes e a posterior
emergência de plântulas..
o substrato convencional confeccionado pelo viveiro não possui diferenças
quando comparado ao substrato comercial, sendo a taxa de germinação
muito próxima em ambos, não influenciando na germinação das sementes.
Este é um aspecto positivo, pois o valor do substrato convencional quando
comparado ao comercial é bem menor, acarretando em um custo menor para
o proprietário.
o substrato convencional (produzido no viveiro) possui a desvantagem da
ocorrência de inúmeras ervas daninhas, que competem com as mudas em
nutrientes. Isso também acarreta um maior dispêndio de mão de obra no que
tange a retirada das ervas daninhas dos tubetes onde foi realizada a
semeadura.
ficou evidenciado através do teste com os diferentes substratos que,
utilizando o substrato comercial não ocorreu vantagem alguma no que se
refere ao tratamento T2 (embebição da semente em água por 24 horas)
quando comparado ao tratamento T1 (testemunhas), concluindo assim que o
plantio pode ser realizado diretamente, sem a utilização deste método de
quebra de dormência.
ao final dos testes de germinação o percentual de sementes germinadas foi
de 43,5% e 45,5% no substrato convencional e no substrato comercial,
respectivamente. Tais valores caracterizam um alto percentual de falha na
41
germinação, o que, possivelmente, pode ter sucedido devido à ocorrência de
noites frias, com baixas temperaturas, durante o período de avaliação ou pelo
fato das sementes terem sido mal armazenadas após a coleta das mesmas, o
que proporcionou uma menor viabilidade das mesmas.
recomendo a área de silvicultura e o viveiro e floricultura Amor Perfeito para
alunos que tiverem interesse em realizar testes de germinação e outros
estudos referentes ao processo de produção de mudas de essências
florestais.
ao final do estágio curricular, posso afirmar que o acompanhamento das
atividades em um viveiro florestal possibilitou-me um melhor conhecimento
em relação ao processo de produção de mudas, sejam elas nativas ou
exóticas. Isso permitiu que eu pudesse colocar em pratica e, também,
aperfeiçoar o conhecimento teórico adquirido durante os anos de graduação.
42
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