relatório - primeira escola normal do brasil - 2011-1
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HISTÓRIA DA ESCOLA NORMAL DE NITERÓI
Rio de Janeiro – 2011
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ISMÊNIA DE LIMA MARTINS & PAULO KNAUSS
HISTÓRIA DA ESCOLA NORMAL DE NITERÓI
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Humanas e Sociais
Escola de Educação
Departamento de Fundamentos da Educação
Professor: Naílda Bonato
Disciplina: História da Educação Brasileira
Alunos: Vera Lucia Ferreira
Érica Gentil
Mariana Saldanha
Rio de Janeiro - 2011
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SUMÁRIO:
Introdução 4
História 7
A trajetória da Escola Normal pela província de Niterói 13
Atuação dos Diretores na Escola Normal de Niterói 18
As mulheres no magistério 17
Atualidade 20
Bibliografia 22
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INTRODUÇÃO
Este trabalho vem discorrer sobre a 1ª Escola Normal brasileira, sua criação,
sua história, sua cronologia, seu método, suas mudanças, o ínicio do grupo
feminino, sua trajetória pela Província de Niterói, suas fotos documentárias, a função
de seus diretores e a sua atualidade.
No século XIX houve uma grande discussão sobre a questão de formação de
professores para os anos iniciais da escolaridade obrigatória, tal discussão resultou
na instalação das primeiras escolas de ensino mútuo, essas escolas eram
destinadas ao ensino das primeiras letras e, a preparar professores para tal ensino,
em bases exclusivamente práticas.
Após o ato adicional de 1834, subiu ao poder o grupo conservador
representado pelo Presidente, Joaquim José Rodrigues Torres e pelo vice-
presidente Paulino José Soares de Souza e coube-lhes a idéia de organizar uma
escola normal onde se formariam os professores da província, conforme
Tanuri(2.000,p.63), “(...) as primeiras iniciativas pertinentes a criação de escolas
normais coincidem com a hegemonia do grupo conservador resultando das ações
por ele desenvolvidas e para consolidar e a impor seu projeto político.”Os
chamados Saquaremas”.
A primeira escola normal brasileira foi criada na Província do Rio de Janeiro,
na cidade de Niterói pela Lei nº 10, de 1835. Segundo Romanelli ( 2003), essa
escola normal foi pioneira da América Latina e a primeira de caráter público em todo
o continente, sendo suprimida em 1859
Inspirada na educação francesa, o imperador escolheu como método de
ensino, o método mútuo , como o único a ser utilizado pelas escolas da Província
do Rio de Janeiro, o que parece não utilizar uma postura técnica mas sim política.
Isto porque este método visava mais o quantitativo do que o qualitativo, pela
possibilidade de instruir muitas pessoas ao mesmo tempo e a um baixo custo. Como
se vê o interesse era político e econômico, e não pedagógico.
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De acordo com Moacyr (1939, p.199), em quatro anos de existência a
Escola habilitou 14 professores, dos quais 11 exerceram a profissão e três a
recusaram. Das vinte escolas de primeiras letras da Província do Rio de Janeiro,
apenas dezessete estavam em exercício e somente onze delas eram providas por
formados da Escola Normal. Por volta de 1840, cada professor da Escola recebia
1.600$000 (mil e seiscentos Réis) e mais 400$000 (quatrocentos Réis) de
gratificação. Recebiam também, casa para residência e para recebimento de alunos;
utensílios para montar as aulas e uma quantia anual de papel.
Nessa época havia muita discriminação social contra os negros e mulheres,
daí um ponto que merece destaque no estudo da Escola Normal de Niterói, refere-
se à ausência do elemento feminino e do negro na busca do preparo para a
docência. A instrução era pública, mas o saber era distribuído em porções e não
atingia a todos os segmentos da sociedade. Na verdade, somente aqueles que eram
homens, livres e possuíam propriedades eram depositários do nobre beneficio de
ser cidadão do Império. Os negros, inclusive os já libertos, eram proibidos de
freqüentar as escolas públicas da Província; diz a lei no seu artigo 9º”São
proíbidos de frequentar as escolas públicas os que padecerem moléstias
contagiosas, os escravos e os pretos africanos ainda que sejam libertos ou
livres”,da mesma forma que era vetada a sua freqüência na Escola Normal.
Somente a partir da década de setenta do século passado é que a instrução do
negro passou a ser discutida pela sociedade, impulsionada pela crise no
escravismo e pela Lei do Ventre Livre. Para Villela (1992, p.32), a interdição da
escolaridade dos negros no Brasil estava associada à possibilidade de que a
instrução propiciasse um clima de manifestações e revoltas. Segundo a autora,
"havia um temor constante de que os negros viessem a se organizar de alguma
forma e, certamente, o domínio da leitura e da escrita constituiria um instrumento
poderoso para a sua organização."
Quanto à discriminação sofrida pelas mulheres, era um pouco mais sutil dada
a prerrogativa da diferenciação de currículo em relação ao que era oferecido nas
escolas primárias masculinas. A elas era dado aprender leitura, escrita e as quatro
operações matemáticas, sendo, portanto interditado ensino de Geometria, Decimais
e Proporções, oferecido aos meninos. Na lei nº10, que criou a Escola Normal, bem
como em seu regulamento, não estava prevista inicialmente a matrícula de
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mulheres. Tanto que, desde a sua criação em 1835 até sua extinção em 1851, não
houve nenhuma mulher matriculada na Escola Normal de Niterói.
No inicio desta escola somente matriculavam-se alunos do sexo masculino,
com o passar do tempo fez-se presente o sexo feminino que foi considerado um
avanço na época. Em sua história cronológica podemos observar este fato,
percebendo que a escola normal foi criada em 1835 através do Ato nº 10 de 1º de
abril de 1835, em 1847 esta escola foi extinta e absorvida pelo Liceu Provincial e em
1862 ela se restabelece e abre para o sexo feminino. Somente mais tarde, no
período de reabertura da escola, é que as aulas para preparar professoras
aparecem no currículo.
Em 1847, com a finalidade de dar novo impulso à instrução na Província,
decide-se fundir a Escola Normal, o Liceu de Artes Mecânicas e a Escola de
Arquitetos e Medidores, compondo o Liceu Provincial, que deveria ser uma escola
modelo na preparação de quadros administrativos para o Estado Imperial. Porém, a
maior expectativa girava em tomo do curso de formação de professores oferecido
pelo Liceu. O projeto do Liceu de Niterói acabou fracassando, conforme observa
Villela (1990), não obstante o empenho dos dirigentes em organizar um instituto tão
complexo. E como a relação primordial era com o magistério público de nível
primário, o Liceu veio pouco a pouco assumindo identidade de curso de formação
docente, até novamente se transformar em Escola Normal - embora mantivesse o
nome de Liceu -, vindo a ser desativada em 1851.
A Escola Normal de Niterói fora alvo de críticas durante toda a primeira fase
de sua existência. As críticas vinham relacionadas principalmente à morosidade do
processo de formação de professores e ao alto índice de evasão. A Escola Normal
fluminense, criada em 1835 foi a precursora do projeto público, gestado pelas
elites, para a formação de professores no Brasil e a partir dela, muitas outras
Escolas Normais foram estruturadas em todo o país.
A escola de Niterói tem uma trajetória peculiar, pois instalou-se em vários
lugares, conforme poderemos observar através do desenvolvimento do texto,
atualmente a Escola têm 176 anos e passou por diversas etapas que iremos analisar
no decorrer da história. Seus diretores também vêm ultrapassando as modificações
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que ocorreram na sociedade e no sistema educacional, sendo eles, importantes
articuladores de todas as forças, tanto dos órgãos normativos quanto da
comunidade escolar.
Aqui começa uma viagem no tempo pela Escola Normal de Niterói.
Palavras chaves: Escola normal de Niterói – ensino mútuo – hegemonia
Imperial - grupo feminino – trajetória – província – cronologia – diretores –civilização
-cultura
HISTÓRIA
Com a chegada da Família Real no Brasil muitas coisas mudaram, foi um
marco para a civilização e cultura. De acordo com o professor Lauro de Oliveira
Lima a vinda da família Real representou a verdadeira “descoberta do Brasil” (Lima,
[1971];103). O professor explica que “a abertura dos portos”, além do significado
comercial da expressão, significou a permissão dada aos brasileiros, na época os
(madeireiros de pau-brasil.) de entender de que existia no mundo, um fenômeno
chamado civilização e cultura” (idem)
De acordo com a história em 1820 o povo de Portugal mostra-se angustiado
com a demora do retorno da Família Real a Portugal, isto gera uma Revolução
Constitucionalista, na cidade do Porto. Forçando D. João VI a voltar para Portugal
em 1821. Em 1822, D. Pedro I pressionado pelos brasileiros declara a
Independência do Brasil, no dia 7 de setembro deste ano, às margens do Rio
Ipiranga, dando assim o direito do Brasil a ter sua própria constituição. Os
legisladores inspirados na Constituição Francesa, de cunho liberal, em 1824 outorga
a primeira Constituição. A Carta Magna dizia em seu artigo 179 que a “Instrução
primária e gratuita era para todos os cidadãos.” Mas como toda discriminação social,
sabia-se que entre esses cidadãos estavam excluídos uma grande massa como os
negros e as mulheres , que não podiam votar, logo estavam fora desse título de
cidadão.
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Em 1823, através da decisão nº 11 de 29 de janeiro de 1823, na tentativa de
se suprir a falta de professores instituiu-se o Método Lancaster, ou do ensino mútuo,
onde um aluno treinado (decurião) ensina um grupo de dez alunos (decúria), sob a
rígida vigilância de um inspetor.
No ano de 1826 surge um Decreto que institui quatro graus de instrução:
Pedagogias (escolas primárias), Liceus. Ginásios e Academias. Em 1827 surge um
projeto de Lei que prever o exame na seleção de professores, para nomeação .
Este Decreto propunha ainda a abertura de escolas para meninas. Uma Lei
Geral de 15 de outubro dispõe sobre as escolas de primeiras letras, fixando-lhes o
currículo e institui o ensino primário para o sexo feminino.
Em 1834 o Ato Adicional à Constituição vem dispor que as províncias
passariam a ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário.
Graças a este Ato, em 1835, surge a primeira escola normal do país em Niterói.
Então , a lei nº 10 de 4 de abril de1835, quando criou a Escola Normal de
Niterói definiu no mesmo momento que o método de ensino mútuo seria o adotado
para ser ensinado aos futuros professores que se destinassem ao magistério nas
escolas da província. É assim que, no seu segundo artigo, definia o ensino do
método e também apresentava as matérias do currículo:
Art.2º -A mesma escola será regida por um diretor que ensinará . Primo:
a ler e escrever pelo método lancasteriano, cujos princípios teóricos e
práticos explicará. Secundo: as quatro operações de aritmética ,quebrados,
decimais e proporções. Tertio: noções gerais de geometria teórica e prática.
Quinto: elementos de geografia. Sexto: os princípios da moral cristã e da
religião do estado.
Como se pode perceber, o diretor da escola acumularia as tarefas de
professor de todas as disciplinas do currículo, inclusive da parte metodológica.
A escolha dos dirigentes fluminenses recaiu sobre o tenente-coronel do
exército José da Costa Azevedo (1791-1860) Figura proeminente em sua classe
desempenhara responsabilidade , dirigindo obras militares na Bahia.
O perfil de José Costa Azevedo não nos deixam dúvidas de que ao ser
nomeado para dirigir a Escola Normal da província fluminense , el e dominava
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teórica e praticamente o método lancasteriano e, pela notoriedade desse fato se
deu a sua indicação.
Assim, no mesmo ano de 1835, esse diretor e professor iniciou suas
atividades com dez alunos e mais três professores, que já em exercício vinham
atualizar-se. O regulamento de 10 de outubro de 1835, no seu art.9º, dizia: Logo
que o diretor julgar um escolar suficientemente instruído, dará disso parte ao
presidente da província, a fim de marcar o dia para os exames. O exame era
público, em presença do presidente da província, que convidaria três examinadores
dentre pessoas de notório saber. Artigo 11º estabelecia que os exames seriam
vagos e compreenderiam às seguintes matérias:
1º- a leitura e análise gramatical de um discurso em prosa e de outro em
verso.
2º- a escrita de um discurso ditado:
3º- a prática das quatro operações de aritmética sobre os números
inteiros, decimais e fracionais, e a solução dos problemas que demandem o
emprego das proporções;
4º- a solução dos problemas gerais de geometria;
5º- a solução dos problemas geográficos sobre o globo e a esfera,
descrição da terra e situação respectiva de suas diferentes partes, notícia
política dos diferentes estados, e a posição geográfica de cada um deles;
6º- a exposição sucinta dos princípios da doutrina cristã, tanto da moral
como dogmática do estado;
7º- finalmente, a maneira de transmitir todas estas doutrinas pelo
método lancasteriano.
Somente os alunos aprovados no exame final da escola poderiam pretender o
concurso às cadeiras vagas do magistério da província.
Na província do Rio de Janeiro, a primeira sugestão de mudança do
método ,data de dois anos após a medida legal tomada pela Bahia. Isso quer dizer
que, só em 1844, o então presidente João Caldas Viana criticou oficialmente o
método em seu relatório anual. Na sua opinião nenhuma escola usava o método
lancasteriano puro e que se fossem muito freqüentada, ainda haveria razão para Página 9 de 22
isso. Como essa não era a realidade, entendia que o sistema misto de decúrias ou
turmas poderiam ser mais vantajoso. Apenas em 1847 apareceu em um
regulamento: Incumbe ao diretor das escolas ( diretor geral das escolas
públicas e particulares) propor ao presidente da provócia nas escolas
públicas.
Assim, caberia ao diretor geral das escolas propor e justificar perante o
presidente da província qualquer modificação de métodos. Só em 1849, o
regulamento definitivo da Instrução primária proposto pelo presidente Couto Ferraz
e aprovado pela Assembléia Legislativa assumiria inteiramente um novo método. “
O método de ensino das escolas públicas, será em geral o simultâneo . Poderá,
porém , o presidente da província, quando julgar conveniente mandar que se adote
outro em algumas localidades conforme seus recursos e necessidades.”
Substituiu-se, assim, na província do Rio de Janeiro, um pouco tardiamente, o
ensino mútuo pelo ensino simultâneo.
Geograficamente:
Caminhando pela história da Escola Normal, percebemos que não podemos
ultrapassar sem falar da historia de Niterói, quando antes da fundação da cidade, o
lugar era composto de um areal que margeava uma extensa enseada. Então por
isso surgiu seu primeiro nome que era Praia Grande. Havia no meio da mata
pouquíssimos caminhos para o sertão. A Rua Direita da Conceição é originária de
uma das poucas picadas que entravam no interior da Banda D’Além. No fim desta
via, está situada uma das igrejas mais antigas da cidade, homônima à rua, cujo
primeiro assentamento se deu no ano de 1671. Há alegações que uma descendente
do cacique Araribóia doou as terras para erguimento da Igreja. Já naquela época o
povoamento original de São Lourenço entravam em decadência, e muitos dos índios
se viram a doar, vender ou mesmo terem suas terras tomadas por outros
proprietários. Mais tarde, com o adensamento populacional da área da enseada, o
Império eleva em 10 de maio de 1819 o arraial à qualidade de Villa Real da Praia
Grande, entretanto, todas as repartições Públic as e comercio principal ainda se
localizavam na vizinha de São Domingos. Com, a implantação do serviço de barcas,
Praia Grande tem sua ponte de embarque e desembarque construída, juntamente
com a de São Domingos. A primeira ponte localizava-se em frente à Rua Marquês
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de Caxias, só sendo transferida para sua localização atual em 1835. Em 1834 o Ato
Adicional indicaria àquela localidade a sediar a capital da província do Rio de
Janeiro, esta desmembrada da cidade de mesmo nome, que fora proclamada
Município Neutro da Corte. Daí em diante, a nascente cidade recebeu diversas
obras de Urbanização e melhoramentos. Prédios para comportar a administração
pública foram construídos, criaram-se dois estabelecimentos de ensino. (A Escola
Normal de Niterói e o Liceu Provincial de Niterói), uma nova Igreja foi construída e
também chácaras vão dando lugar a novas ruas e estabelecimentos comerciais.
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Resumindo, a Escola Normal de Niterói, primeira instituição pública do gênero nas
Américas, inicia-se com as reformas à Constituição do Império de 1824 que
resultaram no Ato Adicional de 6 de agosto de 1834. Outra conseqüência desta lei
foi a transformação do Rio de Janeiro em Município Neutro da Corte,
desmembrando-se este da Província do Rio de Janeiro. O povoado da Vila Real da
Praia Grande (hoje Niterói) seria escolhido como capital da província .
O deputado Paulino José Soares de Sousa, Visconde de Uruguai, apresenta
à primeira Assembléia Provincial um projeto onde se instituiria uma escola normal.
Com o objetivo de formar professores da província
Assim em 4 de abril de 1835 o novo presidente da província Joaquim José
Rodrigues Torres, o Visconde de Itaboraí, sancionou o Ato nº10 da Assembléia
Legislativa, de 1º de abril de 1835, criando a primeira escola normal.
Objetivos desta escola:
O curso Normal criado em 1835 tinha o objetivo de formar professores para
atuarem no magistério de ensino primário e era oferecido em cursos públicos de
nível secundário, hoje chamado de ensino médio.
Primeiras turmas:
Dos candidatos a uma vaga na Escola Normal requeria-se: “ser Cidadão
brasileiro, maior de dezoito anos, com boa morigeração, e saber ler e escrever”(Ato
nº10/1835 artigo 4º).
No início contou com a realização de 21 matrículas de alunos interessados no
curso de formação de professores, sendo o primeiro a ser matriculado o mineiro
José de Souza Lima, que foi mais tarde o primeiro professor formado no Brasil.
José de Souza teve como alunos, personalidades tais como: Raul Pompéia, Lopes
Trovão e o Padre Julio Maria.
O Currículo:
As Escolas Normais e todo o sistema educacional pautavam-se em um
currículo alinhavado aos conteúdos literários de inspiração européia, alinhando-se Página 12 de 22
às relações hegemônicas da sociedade, consolidando as idéias liberais de
democratização e de obrigatoriedade de ensino da instrução primária, bem como de
liberdade de ensino eTanuri, 2000,p.64)
A TRAJETÓRIA DA ESCOLA NORMAL PELA PROVÍNCIA DE NITERÓI
A primeira Escola Normal durou pouco, porque foi absorvida na Reforma do
Ensino em 1847 pelo “Liceu Provincial” juntamente com a “Escola de Arquitetos
Mediadores” e o”Colégio das Arte Mecânicas, logo depois extintos. O “Liceu
Provincial” também seria efêmero e a Escola Normal se restabeleceria.
Em 1862, sendo festivamente reinaugurado pelo Imperador Pedro II em 29 de
junho daquele ano. Abriu-se desde então para o sexo feminino.
Em 1866 formou-se a primeira professora primária fluminense: Joaquina
Maria Rosa dos Santos, filha do ator João Caetano dos Santos..
, Em 15 de abril de 1890 no governo republicano de Francisco Portela, era a
Escola Normal novamente extinta e restabelecida pelo Liceu de Humanidades de
Niterói, a que se agregaram como simples cadeira de pedagogia. Aos poucos, de
reforma em reforma, restabelecem-se as cadeiras do Curso Ginasial, ficando ambos
reunidos com a denominação “Escola Normal de Niterói” e “Liceu Nilo Peçanha”.
Em 1938, com a assinatura do Decreto nº 391 de 30 de março pelo
interventor Federal no Estado do Rio de Janeiro, o Almirante Hernani do Amaral
Peixoto, o “Liceu Nilo Peçanha e a Escola Normal de Niterói passam a denominar-se
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, que passa a ser
considerado o estabelecimento padrão do Ensino Normal no Estado.
O Instituto de Educação passa a compreender além do Curso de Formação
de Professores, com duração de dois anos, destinados à preparação de professores
primários e com denominação de Escola de Professores, também o Curso
Secundário Fundamental. Este destinado a ministrar o Ensino Básico, necessário à
preparação para o curso de formação de professor.
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Os Institutos de Educação passam a compreender também os cursos
primários e pré-primários, constituídos enquanto “Escola de Aplicação”, destinados à
prática e à experimentação pedagógica das alunas mestras do curso de formação
de professores.
Em 1921, é inaugurada a primeira sede especificamente construída para a
Escola Normal na Praça da República , e passa a abrigar em 1931 também o
“Liceu Nilo Peçanha”. Por mais de vinte anos convivem na mesma casa, separando-
se definitivamente em 1955, quando acontece a transferência do Instituto de
Educação para a Travessa Manoel Continentino em São Domingos.
Desligado do Liceu Nilo Peçanha pela Lei nº 2146, em 1954, o Instituto de
Educação do Estado do Rio de Janeiro passou a denominar-se INSTITUTO DE
EDUCAÇÃO DE NITERÓI, sendo transferido para a Travessa Manoel Continentino,
habilitando-se a manter os seguintes cursos:
a) Pré- primário – Jardim de Infância.
b) Primário -Grupo Escolar - Subdividido em Elementar e
complementar.
c) Secundário com organização e finalidades estabelecidas pela
legislação Federal
d) Normal - Escola Normal - destinada a formação de professores do
ensino primário.
e) De aperfeiçoamento - aprimoramento do nível cultural dos
professores primários.
f) De Administração Escolar de grau primário, para habilitação de
diretores e orientadores de ensino,
g) De Especialização (art.9])
Em 1954 - 0 Grupo Escolar Getúlio Vargas e o Jardim de Infância Maria
Guilhermina, localizados na Travessa Manoel Continentino, passam a integrar o
Instituto de Educação de Niterói.
Em 1962 – com a elevação à 2ª categoria, o Grupo Escolar Getúlio Vargas e
a criação do curso Ginasial através do Decreto nº 8555, de 02/07/62, determina que
os institutos de Educação passem a manter além do curso de formação de Página 14 de 22
professores primários, o curso destinado a preparar candidatos . segundo o art.1º.
Os institutos passam a ministrar cursos de especialização de orientadores de
educação primária, de educação de excepcionais, de educação pré-primária e
de orientação de 1ª série primária de administradores escolares e, ainda de
aperfeiçoamento, todos para graduados por escola normal de grau colegial
(art.2º ).
Em 1965 - como homenagem a uma das figuras do magistério fluminense, o
instituto de Educação de Niterói passou a chamar-se INSTITUTO DE
EDUCAÇÃO PROFESSOR ISMAEL COUTINHO, o IEPIC que conhecemos
(Decreto nº 11.913 de 26/07/1965).
Em 1975, através do Parecer nº 1.133/75 do Conselho Estadual de Educação,
o Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho teve autorização para a
implantação da reforma do Ensino relativa ao 2º Grau com o Curso de Formação de
Professores habilitados para 1ª a 4ª série do 1º Grau (Decisão nº 06/75,
homologada em 17/02/1975).
Pelo Decreto nº 2027 de 10 agosto de 1978 0 IEPIC absorve a Escola
Estadual Getúlio Vargas, a Escola Estadual de Ensino Supletivo Getúlio Vargas e o
Jardim de Infância Maria Guilhermina passando a constituir um único
estabelecimento de ensino, integrando o Pré-Escolar e o Curso Supletivo aos cursos
de 1º e 2º Graus.
Em 1981 – o IEPIC é autorizado, através da Portaria nº 2.122/ECDAT de
09/09/81, a ministrar no Ensino de 2º Grau, os Estudos Adicionais, com
aprofundamento em Educação Pré-Escolar e Alfabetização.
Em 24 de agosto de 1989, pelo Decreto nº 13.414, exclui-se a Unidade
Escolar situada à Rua Alexandre Moura em São Domingos CIEP Geraldo Reis –
transformando-a Anexo do Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho, sendo
considerado como considera como Escola de Aplicação para o Estágio
Supervisionado dos alunos do Curso de Formação de Professores e 1ª à 4ª série do
IEPIC . Em 14 de novembro de 1991 revoga-se o ato de integração 62 restabelece-
se a Escola das Unidades Escolares através do Decreto nº 16.960.
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Desde o Decreto nº 2027 de 10 de agosto de 1978, O Instituto de Educação
Professor Ismael Coutinho oferece através de seus Cursos a Educação Básica.
A trajetória da Escola Normal – cronologia
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ATUAÇÃO DOS DIRETORES NA ESCOLA NORMAL DE NITERÓI
Para freqüentar a Escola Normal, os pretendentes deveriam atender as
exigências mínimas, ou seja, ser cidadão brasileiro, maior de dezoito anos, com boa
morigeração e saber ler e escrever. Quanto a primeira exigência, garantia o
acesso dos brasileiros às instituições públicas. A segunda, estabelecia a idade
mínima para a habilitação de professor. A próxima exigência relacionava-se à
moral , bons costumes e boa educação, sendo que dependia do aval de um juiz de
paz. E a última exigência, dependia da avaliação do diretor da Escola Normal,
onde o candidato deveria ter habilidades suficientes para leitura e escrita. Mas a
ênfase maior era dada à moralidade, segundo VILLELA(1990, p 125), “se
relacionava à sensação de intranqüilidade em que se viviam naqueles
tempos .”tumultuados por movimentos “desordeiros”. Muitos políticos defendiam que
os professores deveriam se distinguir mais pelas qualidades morais do que pelas
intelectuais”. Caberia então ao Diretor da escola:
- a matrícula do aluno,
- o seu desligamento caso não atendesse as exigências do curso,
- a responsabilidade pela distribuição das matérias,
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- pela verificação da chamada dos alunos no início das aulas,
-pelo encaminhamento do aluno que julgasse capaz para prestar exame de
conclusão do curso normal.
- o diretor exercia toda a autoridade no cotidiano da instituição.
Percebemos então, que o diretor era responsável por todo bom andamento da
escola
AS MULHERES NO MAGISTÉRIO
A economia colonial brasileira fundada na grande propriedade rural e a mão-
de-obra escrava deu pouca atenção ao ensino formal para os homens e nenhuma
para as mulheres. O isolamento, a estratificação social e a relação familiar patriarcal
favoreceram uma estrutura de poder fundada na autoridade sem limites dos homens
donos de terras. Segundo Ribeiro (2000), a tradição cultural Ibérica, transporta de
Portugal para a colônia brasileira, suas raízes e considerava a mulher um ser
inferior, que não tinha necessidade de aprender a ler e a escrever.
Com a Independência, em 1822 a sociedade brasileira começou a
apresentar uma estrutura social mais complexa.
Nesse novo contexto, pela primeira vez os dirigentes do país manifestaram
preocupação com a educação feminina. Assim na metade do século XIX,
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começaram a aparecer as primeiras instituições destinadas a educar as mulheres,
mas em um quadro de ensino dual, com claras especializações de gênero. Ao sexo
feminino coube, em geral a educação primária, com forte conteúdo moral e social,
dirigido para o fortalecimento do papel de mãe e esposa.
A educação secundária feminina ficava restrita, em grande medida, ao
magistério, Isto é, formação de professoras para os cursos primários.
A primeira escola normal foi criada em Niterói no ano de 1835, mas de início
não era destinada as mulheres . Mais tarde sim, virou especialidade da classe
feminina.
Os cursos Normais não habilitavam as mulheres para as faculdades.
Durante o funcionamento da Escola Normal , houve um aumento no acesso
das mulheres no magistério. Podemos notar este crescimento em DEMARTINI
(1993,p.6) quando ele afirma que “a situação se alterou e, pouco a pouco , as
mulheres foram sendo admitidas na Escola Normal, então, passou a representar
uma das poucas oportunidades, se não a única, de as mulheres prosseguirem seus
estudos além do primário.”
Desta forma o magistério pouco a pouco foi consolidando-se como carreira
feminina. Em muitos casos, a profissão docente era exercida paralelamente a outras
profissões mais rentáveis e, aqueles que permaneciam exercendo o magistério,
recebiam tratamento diferenciado em relação a carreira e a remuneração. Neste
processo, o magistério se consolidou não apenas numericamente como profissão
feminina, mas também como maneira respeitável e institucionalizada de emprego
para as mulheres de classe média. Em PETRY (1991,p.101) encontramos a
afirmação de que “durante o Império e I República a Escola Normal gerida pelo
Estado ou por instituições religiosas, mesmo com todas as limitações que continha ,
desempenhou papel relevante na formação profissional e na elevação da cultura da
mulher brasileira.”
Concluindo: a Escola Normal de Niterói, na primeira fase, não formou
nenhuma professora primária, e mesmo após sua reinauguração, em 1862, quando
já havia uma previsão para receber alunas, estas cursavam as aulas em dias
alternados e posteriormente em casas separadas dos alunos.
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Somente em 1880 foi experimentada a co-educação na Escola Normal
quando, então. o número de mulheres já ultrapassava os de homens. No entanto, a
experiência cercou-se de cuidados, como se percebe por uma carta do diretor da
escola ao chefe da Instrução Pública. Além do extenso relato sobre a circulação
vigiada de alunos e alunas dentro da escola, o diretor da escola de Niterói ainda
afirmava que seu esquema de vigilância era muito superior ao da escola de
Pernambuco (que mandara levantar uma parede pelo centro da sala em frente à
cadeira do professor, para que homens e mulheres não se comunicassem).
Tal era o rigor da Escola em relação às mulheres, naquela época.
Os movimentos pela educação feminina foram reforçados, principalmente
pelo Positivismo. Seus seguidores admitiam a inferioridade orgânica intelectual
das mulheres, porém as consideravam superiores
do ponto de vista moral, o que as fazia
merecedoras da “abnegada e louvável missão de
educar crianças, rompendo, assim, com as idéias
anteriores de destinar à parcela feminina apenas a
função de procriar, embora mantivessem a estreita
relação professora-mãe.
ATUALIDADE
Novamente no começo do século XX a
Escola Normal de Niterói é recriada e,
depois,parece ser incorporada ao Liceu Nilo
Peçanha, criado em 1931, este sim existente até
hoje.
A história das duas instituições parece se confundir recorrentemente até que,
na década de 50, a criação do Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho
vem cristalizar uma distinção entre elas. E, no entanto, não se trata das mesmas
duas instituições. São nomes que se repetem, mudando seu conteúdo. Mas até
que ponto muda esse conteúdo? O que há de permanente em suas configurações
que possa ser identificado com uma representação de escola? O que caracteriza o
aspecto mutável de seu conteúdo? Como as políticas formuladas para a educação.
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A nível nacional, interferem nessas mudanças. Estas são algumas perguntas que
os pesquisadores atuais estão tentando decifrar.
Sabemos que:
As Escolas Normais formavam professores leigos (com pouco grau de
instrução) e os cursos tinham caráter de terminalidade.
Em 1961 é formada 1ª LDB ( Lei Diretrizes e Bases) da educação brasileira, que não
traz mudanças significativas. A estrutura do ensino que se constitui de Primário,
Ginásio e Cursos Técnicos, estes últimos tinham disciplinas direcionadas a cada um
deles.
Já no ano de 1971, a LDB de n° 5.692 instala a criação de cursos profissionalizantes
trazendo uma mudança estrutural para o Curso Normal. Este deixa de ser chamado
de Curso Normal e é chamado de Curso de Formação de professores. A visão
tecnicista que já vinha ser formando, se intensifica após a Lei. "(...) O trabalho
pedagógico era representado por dois personagens distintos: aquele que planejava
as ações: (docentes – discentes) aqueles que executavam(...)".
A LDB de 1971 sofre modificações com a Lei de 1982 de nº 7.044 que acaba com a
profissionalização compulsória, mas não acrescentou nada à estrutura curricular do
Curso Normal,pois os alunos continuavam se formando, obedecendo às exigências
de um currículo insatisfatório.
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