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Resumo Relatório da “Investigação sobre a actual situação dos Jovens Anónimos de Macau” 2011 RES Solutions (Macau) Ltd. 2011/09

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Resumo

Relatório da “Investigação

sobre a actual situação dos

Jovens Anónimos de Macau”

2011

RES Solutions (Macau) Ltd.

2011/09

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Relatório da “Investigação sobre a actual situação dos Jovens Anónimos de Macau”

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Resumo

Relatório da “Investigação sobre a actual situação dos

Jovens Anónimos de Macau”

Na presente investigação, foram adoptados três métodos para a recolha de dados

(entrevista por via telefónica, entrevista no domicílio e entrevista em grupo) que

permitiram compreender a situação actual dos jovens anónimos de Macau. De

entre os três métodos referidos, a entrevista por via telefónica foi o meio mais

utilizado, servindo os outros dois como instrumentos importantes de apoio. A

análise sintética dos dados obtidos permite-nos tirar uma conclusão

fundamentada em relação à situação actual do objecto da pesquisa.

1. Método de investigação e descrição do processo de execução

1.1 Entrevista por via telefone: as entrevistas foram realizadas, no período de 10 a

19 de Agosto de 2010, por via telefónica, a 1.506 (mil quinhentos e seis)

residentes locais da faixa etária de doze a vinte e quatro anos. No mencionado

período, os investigadores fizeram 27.780 (vinte e sete mil setecentos e oitenta)

chamadas, tendo marcado aleatoriamente 12.432 (doze mil quatrocentos e trinta e

dois) números de telefone. Segundo as fórmulas de Taxa de Resposta (Response

Rate 3 - RR3) e de Taxa de Cooperação (Cooperation Rate 3 - COOP3), definidas

pela Associação Americana para Pesquisa da Opinião Pública (American

Association for Public Opinion Research - AAPOR), a Taxa de Resposta é de

44,8% e a Taxa de Cooperação é de 70,6%, sendo o erro de amostragem (sampling

error) de ±2,58%, tendo cada entrevista durado 18,19 minutos, em média.

1.2 Entrevista aos pais / familiares dos jovens anónimos no seu domicílio: no

período compreendido entre 27 de Outubro a 14 de Novembro de 2010, foram

realizadas dez entrevistas, no domicílio, aos pais / familiares dos jovens anónimos

ou suspeitos de terem esta característica (detectados nas entrevistas por via

telefónica).

1.3 Entrevista em grupo: nos dias 4 e 5 de Dezembro de 2010, realizaram-se três

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sessões de entrevistas em grupo, nas quais participaram nove pessoas (excluindo o

entrevistador), sendo três pessoas na 1ª sessão, quatro na 2ª e duas na 3ª sessão. A

classificação dos entrevistados foi feita tendo em consideração a entrevista por via

telefónica, e nesse sentido, apenas oito deles foram entrevistados, tendo um ficado

de fora. Quanto à entrevista no domicílio, apenas dois dos pais foram

entrevistados nos respectivos domicílios, tendo os restantes sete ficado sem serem

entrevistados. Observando as características dos entrevistados como membros da

sociedade, apenas cinco tinham / ou eram suspeitos de ter as características de

jovens anónimos, os outros quatro não demonstravam ter tais características.

2. Entrevistas por via telefónica

2.1 O estado global dos jovens entrevistados

2.1.1 Modo geral de vida

- Os jovens, na faixa etária de doze a vinte e quatro anos, residentes de Macau,

são 78% estudantes.

- Durante as férias de verão (as entrevistas por via telefónica foram realizadas

nesse período), 26% dos entrevistados ficavam muitas vezes/todos os dias em

casa (19,1%: muitas vezes; 6,9%: todos os dias). De entre os entrevistados que

ficavam sozinhos em casa durante as férias de verão, 20,4% tinham o mesmo

hábito noutros períodos do ano (14,2%: muitas vezes; 6,2%: todos os dias).

- De entre os entrevistados que ficavam sozinhos em casa, a maior parte interagia

com amigos da vida real (57,2%), e a falta de locais para visitar/não existência

de programas de divertimento/amigos sem tempo para eles/sem convite para sair,

foram as razões invocadas para terem ficado sozinhos em casa (35%).

2.1.2 Utilização da rede e contacto com os média

- 97,8% dos entrevistados utilizavam internet, sendo a comunicação com os

outros a sua actividade na rede mais favorita (56,6%).

- 48,5% dos entrevistados costumavam jogar nas máquina ou em rede, sendo os

jogos de acção / luta / desporto os mais escolhidos (38,1%).

- 53,5% dos entrevistados tinham o hábito de ler livros de desenhos animados /

banda desenhada, sendo o preferido da grande maioria a leitura da banda

desenhada cómica ou de tipo de luta (40,6% e 41,6%, respectivamente).

- Dormir era a actividade desenvolvida diariamente e que ocupa mais tempo (7,8

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4

horas).

2.1.3 Atitude perante a vida, actividades, convívio social, grau de satisfação

com a sociedade e relação com os familiares

Foi registado forte desacordo no item de “Tem medo de estar presente em

eventos em que estejam muitas pessoas” (53,6%), e forte acordo no item de

“Gosta de conviver com os outros” (73%).

- Foram registadas as seguintes respostas, mediante perguntas sobre a atitude

perante a vida:

Forte desacordo: “Tem medo de estar presente em eventos em que haja muitas

pessoas” (53,6%), “Tem normalmente a sensação de que é menos capaz do que

os outros (52%), “Sente-se normalmente nervoso quando faz perguntas aos

outros (50,3%);

Forte acordo: “Gosta de conviver com os outros” (73%), “Costuma falar com

os outros e pedir ajuda quando se encontra com dificuldades” (72,7%),

“Definiu meta para ser alcançada na vida” (63,6%).

Raramente “é excluído/ultrajado/criticado/repreendido pelos outros (85%:

nunca/raramente) ”; normalmente “tem tempo suficiente para dormir (56,7%:

muitas vezes/quase todos os dias) ”.

- As respostas dadas às perguntas sobre as actividades realizadas e sobre o

convívio social demonstram que são as seguintes as três situações menos

ocorridas e as actividades menos realizadas (nunca/raramente): “É

excluído/ultrajado/criticado/repreendido pelos outros (85%) ”, “Participa nas

actividades de benefício social (contribuindo com dinheiro) ou trabalha como

voluntário (48,8%) ”, “Não quer ir às aulas / ir ao emprego (48,5%) ”;

São as seguintes as três situações mais ocorridas e as actividades mais

realizadas (muitas vezes/quase todos os dias): “tem tempo suficiente para

dormir (56,7%) ”, “Encontra-se com colegas/amigos (46,8%) ”, “Participa

nas actividades realizadas pela escola/empresa/amigos (37,4%) ”.

Está mais satisfeito com “o regime educacional actual de Macau (35,8%) ” e

menos satisfeito com “a situação actual de emprego em Macau (29,6%) ”.

- As respostas dadas às perguntas sobre o grau de satisfação com a sociedade

demonstram que os entrevistados estão mais satisfeitos com o regime

educacional actual de Macau (35,8% estão satisfeitos) e estão menos

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satisfeitos com a situação actual de emprego em Macau (29,6% não estão

satisfeitos).

Foi registado forte desacordo no item de “Costuma sair com os familiares e

participar nas actividades, em conjunto” (28,4%), e forte acordo no item de

“Os pais costumam ter a iniciativa de dar-lhe atenção e tomar conta de si”

(72%).

- As respostas dadas às perguntas sobre a relação com os familiares revelam que a

maior parte dos entrevistados concorda com o item de “os pais costumam ter a

iniciativa de dar-lhe atenção e tomar conta de si” (72% estão de acordo), sendo

o item que recolhe menos adesão o de “costuma sair com os familiares e

participar nas actividades em conjunto” (28,4% não concordam).

2.1.4 Impressão que o público em geral tem sobre os jovens anónimos e a

auto-avaliação dos mesmos

A maior parte dos entrevistados tem a impressão de que “os jovens anónimos

entregam-se aos jogos electrónicos / em rede (72,8%) ”.

- As respostas às perguntas sobre a impressão que o público em geral tem sobre

os jovens anónimos e a auto-avaliação dos mesmos, mais de metade dos

entrevistados demonstram uma imagem predominantemente negativa para

com este tipo de jovens e são de opinião de que se trata de um grupo de jovens

que se entrega aos desenhos animados e a banda desenhada (64,4%), aos jogos

electrónicos / em rede (72,8%), que costuma navegar em rede (71%), que

nunca sai de casa (70,7%), que é excluído pelas escolas e pelo mercado de

trabalho (56%), e que não quer trabalhar / assistir às aulas (58,5%).

De entre as razões que levaram ao aparecimento de jovens anónimos, a

maioria dos entrevistados aponta para a da “falta de autoconfiança / sem

especialidade (24,9%) ”.

- A maioria dos entrevistados indica as seguintes razões como as responsáveis

pelo aparecimento de jovens anónimos: falta de auto-confiança / sem

especialidade (24,9%), falta de atenção e cuidado dos outros (22,9%), entrega

à navegação em rede e aos jogos electrónicos / em rede (19,6%), pertença à

baixa camada social / problemas na comunicação com os familiares (16,1%),

falta de reconhecimento e apreciação dos outros (13,7%), exclusão e

repreensão pelos outros (12,8%).

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A maior parte dos jovens não tem amigos que sejam jovens anónimos

(77,6%)

- A maior parte dos jovens não é amigo de jovens anónimos (77,6%), apesar de

19.4% dos entrevistados terem reconhecido que tinham um a cinco amigos

deste tipo, ocupando uma percentagem muito mais reduzida, aqueles que

disseram que tinham um número maior de amigos que são considerados como

jovens anónimos. Na auto-avaliação, 6,3% dos entrevistados reconheceram

que eram jovens anónimos, muito embora 9,9% dos entrevistados tenham

reconhecido que são considerados por outros como anónimos ou com

características semelhantes.

2.2 Análise de contraste entre “jovens anónimos /potencialmente anónimos” e

“jovens não anónimos”

2.2.1 Comparação das características

As respostas devidamente dadas pelos jovens anónimos /potencialmente

anónimos e jovens não anónimos apresentam grandes divergências no que

diz respeito à ocupação, à duração de tempo em que ficam sozinhos em casa,

à comunicação com os outros quando estão sozinhos em casa, razões que os

levaram a ficar sozinhos em casa, e ao reconhecimento do seu estatuto de

jovem anónimo.

- Ocupação: Os jovens anónimos /potencialmente anónimos não são estudantes

nem trabalhadores (100%), ao passo que os jovens não anónimos são

estudantes e trabalhadores (79,7% e 17,9%, respectivamente), mostrando o

tratamento estatístico que a diferença entre os dois grupos de jovens é grande.

- Duração de tempo em que ficam sozinhos em casa: a duração máxima em que

se fica sozinho em casa, nos dois grupos, normalmente não ultrapassa três

meses (93,9% e 98,5%, respectivamente). No grupo de jovens anónimos

/potencialmente anónimos, existe ainda a possibilidade de ficar sozinho em

casa, sem sair, durante mais de um ano (6,1%), caso raramente encontrado no

grupo de jovens não anónimos.

- Comunicação com os outros quando ficam sozinhos em casa: o fenómeno de

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não comunicação com alguém e a não interacção com o sistema externo é

muito mais evidente nos jovens anónimos /potencialmente anónimos do que

nos jovens não anónimos (41,2% vs 19,5%; 75,8% vs 41,3%), mostrando o

tratamento estatístico que a diferença entre os dois grupos de jovens é

marcante.

- Razões que os levaram a ficarem sozinhas em casa: no grupo de jovens

anónimos /potencialmente anónimos, existem mais indivíduos que ficam

sozinhos em casa porque não conseguiram arranjar emprego / não querem ir

para a escola ou ir para o emprego / não querem ver ninguém, do que no grupo

de jovens não anónimos (30,3% vs 5,7%), mostrando o tratamento estatístico

ser grande a diferença entre os dois grupos de jovens.

- Vontade de ficar sozinho em casa: existem mais indivíduos no grupo de jovens

anónimos /potencialmente anónimos que querem ficar sozinhos em casa do

que no grupo de jovens não anónimos (58,1% vs. 46,5%). Por outro lado, o

número de indivíduos que querem muito tornar-se em anónimos ou que evitam

em tornar-se anónimos é muito maior no grupo de jovens anónimos

/potencialmente anónimos do que grupo de jovens não anónimos (9,7% vs

4,9%; 9,7% vs. 4,2%).

- Ter amigos que sejam jovens anónimos e reconhecimento do seu próprio

estatuto de jovem anónimo: quer pertencentes ao primeiro grupo (ainda com

uma percentagem ligeiramente mais pequena), quer pertencentes ao último

grupo, a maioria dos entrevistados disseram não ter amigos que fossem jovens

anónimos (71,9% vs. 78,8%). Para além disso, a maior parte dos entrevistados

não reconheceu que fossem jovens anónimos, ocupando estes entrevistados

uma percentagem mais pequena no primeiro grupo do que no último grupo

(82,4% vs 93,8%). Relativamente a este aspecto, os tratamentos estatísticos

demonstram que é grande a diferença entre os dois grupos de jovens.

2.2.2 Comparação do uso que fazem dos média

Nitidamente, os jovens anónimos /potencialmente anónimos entregam-se

completamente à navegação em rede, passam o tempo a jogar nas

máquinas/em rede e ver desenhos animados. Gostam pouco de ver

televisão/ler jornais/ler revistas/praticar desporto, mas dormem bastante. Os

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comportamentos acima referidos reflectem claramente a tendência de

desarticulação deste grupo de indivíduos com a realidade.

- Uso da internet: todos os entrevistados, quer pertencentes ao primeiro grupo,

quer pertencentes ao último grupo, tem o hábito de utilização da internet

(93,9% e 97,9%).

- Analisando as cinco actividades desenvolvidas na internet, propostas no

inquérito e mais seleccionadas pelos entrevistados, verifica-se que, em

comparação com o grupo de jovens não anónimos, no grupo de jovens

anónimos /potencialmente anónimos, há menos indivíduos que utilizam zonas

comunitárias em rede (45,2% vs 48%), preferindo navegar em rede e considera

esta actividade como passatempo e diversão (58,1% vs 56,5%).

- Não foi registada grande diferença entre os dois grupos em análise, quanto ao

tempo de uso da internet. Foi detectada, porém, no grupo de jovens anónimos

/potencialmente anónimos, uma maior tendência à Desordem de Dependência

da Internet (Internet Addiction Disorder – IAD), do que no grupo de jovens

não anónimos.

- Jogar nas máquinas/em rede: os dois grupos mostraram o mesmo grau de

interesse pelos jogos nas máquinas/em rede (48,5%). No entanto, detectou-se

que o grupo de jovens anónimos /potencialmente anónimos é mais atraído

pelos jogos de representação de personagens (37,5% vs 27,5%), jogos

destinados ao desenvolvimento cognitivo e jogos de raciocínio (25% vs 20,4%)

do que o grupo de jovens não anónimos.

- No grupo de jovens anónimos /potencialmente anónimos, há mais indivíduos

que jogam todos os dias nas máquinas/em rede do que no grupo de jovens não

anónimos, tendo sido registados também muito mais indivíduos no primeiro

grupo, que consideram jogar nas máquinas/em rede como actividade de

média-alta importância/alta importância (6-10 pontos), do que no último grupo

(43,8% vs 23,5%). Quer analisando diariamente, semanalmente, mensalmente

ou por período mais longo, o valor médio do tempo gasto nos referidos jogos

pelos jovens anónimos /potencialmente anónimos é muito maior do que no

caso dos jovens não anónimos.

- Os jovens anónimos /potencialmente anónimos têm maior possibilidade de ser

aconselhados pelos familiares ou amigos íntimos a jogar menos nas

máquinas/em rede do que os jovens não anónimos (às vezes: 50% vs 33,5%;

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muitas vezes/todos os dias: 18,8% vs 9,3%).

- Passar tempo (81,3% vs 60,4%) e não ter outras coisas para fazer (43,8% vs

20,7%) são as duas razões principais, reconhecidas por muitos jovens

anónimos /potencialmente anónimos, que os levam a jogar nas máquinas/em

rede, havendo, porém, muito menos indivíduos no grupo de jovens não

anónimos que considera estas como razões pelas quais se envolvem nos

referidos jogos.

- Ver desenhos animados e ler banda desenhada: o gosto pelos desenhos animados

e banda desenhada é semelhante nos dois grupos (52,9%, 53,3%). No entanto,

a preferência dos desenhos animados e banda desenhada de tipo de luta

(64,7% vs 41,1%) e de amor/donzelas (33,3% vs 22,9%) é mais nítida nos

jovens anónimos/potencialmente anónimos do que nos jovens não anónimos.

- Embora a frequência de ver desenhos animados e ler banda desenhada seja igual

nos dois grupos (semanalmente, mensalmente, com o intervalo de vários

meses: 88,9%, 87,5%), quer analisando diariamente, semanalmente,

mensalmente ou por período mais longo, o valor médio do tempo gasto nas

referidas actividades pelos jovens anónimos /potencialmente anónimos é muito

maior do que no caso dos jovens não anónimos.

- Tanto os jovens anónimos /potencialmente anónimos como os jovens não

anónimos são poucas vezes aconselhados pelos familiares ou amigos íntimos a

ver menos desenhos animados ou ler menos banda desenhada, apesar de ter

sido registados relativamente mais casos de aconselhamento nos jovens

anónimos /potencialmente anónimos do que nos jovens não anónimos (5,9%,

1,9%). São raros os casos em que o não acesso a desenhos animados ou banda

desenhada cause inquietações, tendo sido registados, porém, mais indivíduos

no grupo de jovens anónimos /potencialmente anónimos do que no grupo de

jovens não anónimos, que vêem desenhos animados ou lêem banda desenhada

muito frequentemente ou mesmo diariamente (5,9% vs 0,8%).

- Passar tempo, história atraente, gosto pessoal / ser interessante / ser excitante /

ser cómico são razões, reconhecidas pela maioria de jovens anónimos

/potencialmente anónimos, que levam a ver desenhos animados e ler banda

desenhada, tendo-se registado menos indivíduos, no grupo de jovens não

anónimos, que considera a última como razão para a realização da referida

actividade, do que no grupo de jovens anónimos /potencialmente anónimos

(27,8% vs. 14,9%).

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- Outros media / comportamento: o tempo gasto, em média, pelos jovens

anónimos /potencialmente anónimos, nas actividades de ver televisão, ler

jornais e revistas, assim como em praticar desporto, é menor do que pelos

jovens não anónimos, tendo sido verificado o contrário no tempo gasto para

dormir.

2.2.3 Comparação do modo de vida e a atitude perante a vida

O carácter introvertido e a fraca autoconfiança não lhes permitem encarar a

vida com uma atitude muito positiva, nem lhes permitem desenvolver e

melhorar as suas capacidades. Como consequência disso, em vez de serem

reconhecidos e elogiados, este tipo de jovens muitas vezes são ultrajados pelos

outros. Apesar disso, não deixa de existir, no seu interior, paixão pela vida, a

qual se manifesta na sua insatisfação com a vida real e na vontade de

modificar a situação em que se encontram, elaborando projectos e definindo

metas para serem alcançadas.

- Atitude perante a vida: comparados com os jovens não anónimos, os jovens

anónimos /potencialmente anónimos têm menos vontade de estar presentes em

eventos com muitas pessoas (36,4% vs 21,3%), pensando mais vezes em que

não têm oportunidades suficientes para realizar-se (30,3% vs. 18,5%). No

entanto, a par disso, estão mais insatisfeitos com a vida (31,3% vs. 8,6%),

desejando modificá-la (76,5% vs 48,5%) e tendendo a elaborar novos

projectos (58,8% vs 49,2%), bem como definir objectivos para serem atingidos

na vida (72,7% vs 63,7%).

- Actividades / convívios: Comparados com os jovens não anónimos, os jovens

anónimos /potencialmente anónimos têm maior tendência para se ausentar-se

das actividades realizadas pela escola / empresa / amigos (34,4% vs 21,1%),

são excluídos/ultrajados/criticados/repreendidos com mais frequência (às

vezes: 18,2% vs 12,2%; muitas vezes/todos os dias: 6,1% vs 2,4%), são

elogiados menos vezes (45,5% vs 28,2%), rejeitam mais assistir às aulas /

necessidade de ir para o emprego (31,3% vs 16,7%), participam menos nas

actividades de benefício social (contribuindo com dinheiro ou trabalhando

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como voluntário) (75% vs 48,2%), mas têm sempre tempo suficiente para

dormir (72,7% vs 56,3%).

O baixo grau de satisfação para com a sociedade tem provavelmente a ver

com o facto de que os jovens anónimos /potencialmente anónimos não são

estudantes nem trabalhadores. No obstante, a atenção prestada pelos

familiares, os quais procuram sempre comunicar-se com eles, dando, no

entanto, mais importância ao seu estudo do que ao seu interesse e ao seu

talento. Tudo isto pode ter contribuído para a sua insatisfação com a

sociedade e com o regime educacional actual.

- Grau de satisfação com a sociedade: o grupo de jovens anónimos

/potencialmente anónimos estão menos satisfeitos com a sociedade do que o

grupo de jovens não anónimos, o que é manifestado pelos valores mais baixos

que estes jovens atribuíram aos seguintes itens: grau de satisfação com o

regime actual (31,3% vs 36,4%), com o desenvolvimento do regime político

(9,7% vs 22,4%), com o modelo de distribuição de recursos sociais (12,5% vs

24,4%), e com a situação actual do emprego (9,1% vs 23,7%).

- Relação com os familiares: os jovens anónimos /potencialmente anónimos

obtêm normalmente mais atenção dos familiares do que os jovens não

anónimos, nomeadamente a atenção e cuidado dos pais (81,8% vs 71,9%), a

boa comunicação com os familiares (63,6% vs 54,4%), a apreciação e

encorajamento dos familiares (46,9% vs 35,8%). Mas por outro lado, os pais

destes jovens também prestam uma atenção maior ao seu estudo e ao

respectivo aproveitamento escolar (64,7% vs 46,6%).

2.3.4 Comparação da impressão que o público em geral tem sobre os jovens

anónimos e sobre os jovens não anónimos

Convergência da impressão sobre os jovens anónimos

- No que diz respeito às características dos jovens anónimos: mais de metade

dos indivíduos do grupo de jovens anónimos /potencialmente anónimos e do

grupo de jovens não anónimos, têm a impressão de que os jovens anónimos

não querem trabalhar / assistir às aulas, são excluídos pelas escolas e pelo

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mercado de trabalho, nunca saem de casa, entregam-se à internet, entregam-se

aos jogos electrónicos / em rede e aos desenhos animados / banda desenhada.

Nos itens de auto-avaliação, há mais indivíduos do grupo de jovens anónimos

/potencialmente anónimos do que no grupo de jovens não anónimos, que

reconhecem que são jovens anónimos (17,6% vs 6,2%), tendendo os

indivíduos com características de ocultar-se e a reconhecer que são jovens

anónimos, o que demonstra que é clara, para o público em geral, a definição

dos referidos jovens. É de sublinhar que a característica mais importante dos

jovens anónimos, reconhecida pelos indivíduos com características de jovens

anónimos, é o grande entusiasmo pelos jogos nas máquinas / em rede (81,3%).

A maior razão, atribuída pelos jovens anónimos /potencialmente anónimos,

para o aparecimento de indivíduos com estas características, é a “fraca

autoconfiança/ser introvertido/sem especialização” (39,4%).

- Razão para o aparecimento de jovens anónimos: a maior razão, atribuída pelos

jovens anónimos/potencialmente anónimos, para o aparecimento de indivíduos

com estas características, é a “fraca autoconfiança/o ser introvertido/sem

especialização” (39,4%), factores que coincidem com a atitude passiva perante

a vida e pouca força de vontade destes jovens na realização de actividades /

convívios.

3. Entrevista aos pais/familiares dos jovens anónimos no seu domicílio

Foram realizadas dez entrevistas, nos respectivos domicílios, aos pais dos jovens

anónimos/potencialmente anónimos, detectados nas entrevistas por via telefónica.

As descrições feitas pelos entrevistados demonstram que os jovens anónimos

/potencialmente anónimos que tinham sido entrevistados por via telefónica têm as

seguintes características:

3.1 Características dos jovens anónimos /potencialmente anónimos, descritas

pelos pais/familiares, no seu domicílio

- Educação ou estatuto: é relativamente baixo o nível de habilitações literárias da

maior parte destes jovens (nove deles nunca frequentaram instituições de ensino

superior). De entre aqueles que não são estudantes, a maioria está desempregado

/ está à espera de um emprego / ainda não conseguiu arranjar um emprego, ou

então, tem emprego que não exige técnicas especiais, ou trabalha como croupier

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nos casinos. Os jovens anónimos desempregados / que estão à espera de um

emprego / que ainda não conseguiram arranjar um emprego ficam todos os dias

em casa, ao passo que os outros, ou seja, os que estudam ou trabalham, passam

o seu tempo livre sobretudo em casa.

- Actividades desenvolvidas em casa: gasta grande parte do tempo na internet,

sendo a actividade mais comum jogar nas máquinas/em rede, enquanto a banda

desenhada / desenhos animados tem uma atracção de grau médio. Parte destes

jovens tem o hábito de “inversão do dia e da noite” ou “fica em casa de dia e sai

à noite”.

- Personalidade e comportamento: a maioria absoluta dos jovens anónimos é

introvertida, calma, para além de pouco conversador. Aos olhos dos pais, estes

jovens têm fraca capacidade de convívio e não têm muitos amigos. Gostam de

ficar sozinhos em casa, participam pouco ou nada nas actividades sociais. Parte

deles até conversam pouco com os pais.

- Caractéristicas próprias para serem considerados como jovens anónimos: visto

que os jovens, cujos pais foram alvo de entrevista, mantinham ainda algum

contacto com o exterior, a maioria dos pais não pensa que o seu filho/filha seja

jovem anónimo. No entanto, visto que, segundo a descrição dos pais, existem,

de modo geral, características de jovens anónimos /potencialmente anónimos

nestes indivíduos, prova-se que está correcta a respectiva avaliação, atribuída

aos jovens entrevistados por via telefónica.

3.2 Atitude típica dos pais

- Estão preocupados com a influência nociva da entrega dos filhos à internet e aos

jogos nas máquinas/em rede: quando se falou na entrevista do respectivo

assunto, a maioria dos pais não concordava com o comportamento dos filhos no

que toca a gastar demasiado tempo na internet e nos jogos nas máquinas/em

rede, considerando-o um comportamento irracional.

- Modo de intervenção simples e brusco: ao aconselharem os filhos a deixar a

referida dependência, parte dos pais adoptam um modo de intervenção simples e

brusco, sem fazerem profundas reflexões sobre a causa que os levou a ter este

hábito. Os meios mais utilizados para intervir são repreensões ou impedimento

directo da realização da respectiva actividade, meios que, porém, não ajudam a

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Relatório da “Investigação sobre a actual situação dos Jovens Anónimos de Macau”

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resolver o problema nem contribuem para o melhoramento da situação.

- Preocupação com a possibilidade de os filhos, ao saírem, conhecerem amigos

prejudiciais e terem conduta desviante: trata-se de um assunto não abordado no

programa da entrevista. A mesma preocupação, porém, foi referida, em vários

momentos da entrevista por pais que não se conheciam e que foram

entrevistados em ocasiões diferentes. Devido a esta preocupação, esses pais

tendem a limitar a saída dos filhos que, já sendo introvertidos, naturalmente vão

permanecer em casa, tornando-se, assim, jovens anónimos /potencialmente

anónimos.

- Atitude de permissividade: a outra atitude completamente diferente é a de

permissividade: parte dos pais com baixo nível de habilitações literárias e com

fraca auto-confiança pensam que não sabem educar os filhos e assumem uma

atitude de permissividade; outros acham que quando os filhos já estão crescidos,

têm o direito de escolher a sua vida, realizando actividades de que gostam e não

devem intervir demasiado na vida privada dos filhos.

- Falta de comunicação/ comunicação insuficiente: ao responderem às perguntas

feitas na entrevista, alguns pais escolheram a resposta “não sei”, ou “não

tenho conhecimento”. Apesar disso, continuavam a sentir-se satisfeitos com o

grau de compreensão que têm do filho.

- Ineficácia das reacções e tratamento efectuado depois de os filhos terem sido

ultrajados / desprezados: depois de tomarem conhecimento que os filhos

foram ultrajados / desprezados, parte dos pais trataram o assunto de uma

forma passiva, aconselhando os filhos a “não ligar” / “deixar o emprego se

não estivessem satisfeitos”, ou “deixassem morrer o assunto e ser mais

cautelosos da próxima vez”. Outros pais não fizeram perguntas sobre o

assunto e nem prestaram ajuda, mesmo tendo conhecimento do sucedido.

4. Entrevista em grupo

De entre os nove jovens que foram convidados para a entrevista em grupo,

cinco mostraram, durante as entrevistas por via telefónica, ter características de

jovens anónimos /potencialmente anónimos. Depois da análise efectuada aos

resultados, detectou-se que, quatro dentre os cinco jovens mencionados, têm

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tendência evidente a ocultar-se.

De seguida serão expostos dados concretos verificados nestes quatro jovens:

4.1 Temperamento introvertido, modelo de vida com pouco convívio

- Os quatro jovens em questão gostam de ficar em casa, insistindo neste hábito

mesmo que os pais os tivessem aconselhado a sair. Os seus interesses e

gostos estão praticamente concentrados em navegar na internet e jogar nas

máquinas/em rede, assumindo uma atitude de indiferença para com as

actividades sociais (benefício social / trabalhos de voluntariado),

participando muito raramente em actividades públicas.

- Em termos de convívio social, só um dos entrevistados disse ter alguns amigos,

os restantes disseram ter poucos. Mesmo o que disse ter mais amigos

reconheceu que, de vez em quando, podia ocorrer a situação de interrupção

no convívio social.

4.2 Os jogos nas máquinas/em rede servem para passar tempo e para se ter a

sensação de êxito

- De entre os quatro jovens, três reconheceram que tinham o hábito de jogar nas

máquinas/em rede, tendo o hábito sido criado sobretudo pelas seguintes duas

razões: primeira, a necessidade de ter a sensação de êxito; segunda, a

necessidade de passar tempo.

4.3 A fraca auto-confiança

- Três dos jovens entrevistados mostraram ter fraca autoconfiança, tendo

confessado que tinham sentido forte complexo de inferioridade, causado pela

zombaria e exclusão dos colegas. O desprezo dos pais e da sociedade também

lhes teria causado a atitude de auto-abandono, e o medo de o seu aspecto

exterior poder ser alvo de troça teria sido a razão que os levou a ficar sempre

em casa.

4.4 Pouca eficácia da educação prestada pelos familiares / problemas na

comunicação com os pais

- Pouca comunicação / pouca confiança no efeito da comunicação: durante a

entrevista foi detectado que parte dos entrevistados pensava que os pais não os

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compreendia, e que as impressões que os pais tinham deles eram superficiais.

Reconheceram também que havia pouca comunicação entre eles e os pais, que

não achavam serem os familiares capazes de os ajudar nas situações de

dificuldades, e que tudo tinha que ser resolvido por eles próprios.

- Abandono da comunicação: houve jovens entrevistados que confessaram ter

abandonado a comunicação com os pais, por causa do fracasso que tiveram

nas tentativas que fizeram para se comunicarem com os pais e não achavam

que a comunicação com os pais lhes pudesse trazer benefícios.

- Método errado de educar/ pouco elogio aos filhos: os pais de dois

entrevistados adoptaram métodos educacionais errados: a) tomaram uma

atitude de abandono/desistência quando os filhos tiveram mau aproveitamento

escolar. Em vez de encorajar e ajudar os filhos desempregados que ficavam em

casa durante longo período de tempo, repreenderam-nos, prejudicando

repetidamente a sua auto-estima e auto-confiança; b) não tiveram a necessária

tolerância na educação dos filhos, tendo provocado nos filhos o sentimento de

ódio e resistência.

4.5 Consciência de salvar-se

- Dois jovens entrevistados reconheceram já terem sido jovens anónimos, e que

abandonaram este tipo de vida por não gostarem, facto que revelou existir no

interior dos jovens anónimos a consciência de auto-salvação.

5. Estimativa do número total de jovens anónimos

A presente investigação divide os jovens de Macau em três grupos: jovens

anónimos, jovens potencialmente anónimos e jovens não anónimos. Os critérios

para a detecção de jovens anónimos /potencialmente anónimos são “indivíduos

que não são estudantes nem trabalhadores” e que têm outras características

especialmente previstas para o referido fim.

Divisão dos três tipos de jovens

Tipo Características

Anónimos “Indivíduos que não sejam estudantes nem trabalhadores” + “que fiquem sozinhos em casa

durante mais de três meses”

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Potencialmente

anónimos

“Indivíduos que não sejam estudantes nem trabalhadores” + “quando estão sozinhos em

casa não comunicam com ninguém”

“Indivíduos que não sejam estudantes nem trabalhadores” + “quando estão sozinhos em

casa só comunicam com o sistema interno (os familiares) ”

“Indivíduos que não sejam estudantes nem trabalhadores” + “quando estão sozinhos em

casa só comunicam com o sistema imaginário (os amigos da rede) ”

“Indivíduos que não sejam estudantes nem trabalhadores” + “que ficam em casa por

razões específicas” + “que ficam em casa por opção própria”

Não

anónimos

Indivíduos que não tenham ou que não pareçam ter características próprias de jovens

anónimos

Foram realizadas entrevistas, no período compreendido entre o dia 10 a 19 de

Agosto de 2010 e por via telefónica, a 1.506 (mil quinhentos e seis) residentes

locais na faixa etária de doze a vinte e quatro anos. Foi calculado o número total

de jovens anónimos /potencialmente anónimos existentes em Macau, valor esse

que foi ajustado tendo em consideração os resultados obtidos nas entrevistas aos

pais / familiares dos jovens anónimos no seu domicílio e nas entrevistas em

grupo. De seguida serão expostos os dados obtidos e o processo de cálculo.

Número estimado de vários tipos de jovens de Macau (12 -24 anos)

Tipo de jovens

Resultado da análise Número real

estimado de jovens

pertencentes aos três grupos

No obtido

através da

análise feita às

entrevistas por

telefone

No obtido

depois do

ajustamento

feito de

acordo com

os resultados

das

entrevistas

aos pais dos

jovens e das

entrevistas

em grupos

Percentagem

%

Número real

estimado  mbito da flutuação

Anónimos 2 1 0,07 69 67-70

Potencialmente 31 24 1,59 1.645 1.603-1.688

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anónimos

Não anónimos 1.473 1.481 98,34 101.526 98.907-104.146

Total N°

dos jovens entrevistados por via de

telefone = 1.506 pessoas

No total de jovens na faixa etária de

12 a 24 anos, existentes em Macau

= 103.240

Nota: a) Para a definição do número total de jovens na faixa etária entre 12 a 24 anos, existentes em Macau,

foram tidas como referência os dados estatísticos publicados nas «Estimativas da População de

Macau – 31/12/2010», pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.

b) O âmbito da flutuação é calculado segundo a taxa para o erro de amostragem (sampling error)

de ± 2.58%.

Tal como está revelado no quadro acima exposto, embora o número total de

jovens anónimos e potencialmente anónimos tenha diminuído depois do ajustamento

de acordo com os resultados das entrevistas aos pais dos jovens e das entrevistas em

grupo, estima-se que na presente investigação existam em Macau sessenta e sete a

setenta jovens anónimos, mil seiscentos e três a mil seiscentos e oitenta e oito jovens

potencialmente anónimos, número esse que é bastante significativo e a sociedade de

Macau deve prestar atenção ao fenómeno em análise.

6. Conclusão e Recomendação

6.1 Os resultados obtidos nos três tipos de entrevistas (por via telefónica, aos

pais/familiares dos jovens anónimos no seu domicílio e em grupo), são

coerentes e apontam para o seguinte:

- Ficar sozinho em casa: quando os jovens anónimos /potencialmente anónimos

ficam sozinhos em casa, comunicam poucas vezes com outras pessoas ou não

comunicam com ninguém. Não conseguir arranjar um emprego / não querer ter

contacto com os outros são as principais razões que os levam a ficar em casa.

No entanto, os mesmos não deixam de sentir um conflito interior entre a

vontade de ficar em casa e o reconhecimento da necessidade de contactar com

os outros.

- Actividades realizadas: os jovens anónimos /potencialmente anónimos passam

o tempo e procuram a sensação de êxito jogando nas máquinas / em rede,

sendo o seu entusiasmo pelos desenhos animados e banda desenhada de grau

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relativamente menos intenso. Por outro lado, gastam normalmente mais tempo

a dormir por terem mais tempo livre.

- Vida social e atitude perante a vida: os jovens anónimos /potencialmente

anónimos não gostam de estar presentes nos eventos com muitas pessoas,

pensam que não têm oportunidades suficientes para mostrar os seus talentos, e

querem modificar a situação em que se encontram. São excluídos / ultrajados

pelos outros com mais frequência do que os jovens não anónimos, são menos

elogiados, participam menos nas actividades de beneficência e raramente

trabalham como voluntários.

- Relação com os familiares: a situação de comunicação com os familiares / de

compreensão mútua / de convivência com os familiares é preocupante.

As análises referentes às razões que levam ao aparecimento de jovens anónimos

apontam para os factores situados na área familiar, na área escolar/regime

educacional e na área social, de grau mais ou menos evidente, sendo mais fraca

a influência dos factores culturais.

6.2 Nas recomendações são referidas a necessidade de cooperação entre o

Governo, a família e a escola para conseguir o efeito desejado:

- O Governo deve organizar campanhas de sensibilização junto dos cidadãos,

reforçando o conhecimento das associações nucleares juvenis sobre os jovens

anónimos, e acompanhando constantemente a situação de jovens anónimos e

a evolução de serviços prestados em Macau e nas regiões vizinhas.

- A família deve adoptar o modelo de educação correcto, reforçando a

comunicação com os filhos, procurando adquirir conhecimentos

computacionais para poder dialogar com a nova geração, e melhorar a

consciência dos pais de pedir ajuda às instituições profissionais.

- A escola deve encorajar os professores a prestar mais atenção e orientação aos

alunos, contratando agentes sociais que procurem activamente entrar em

contacto com os jovens anónimos /potencialmente anónimos, comunicando

com eles.

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Por fim, queríamos chamar a atenção das entidades afins e do público em geral para a

necessidade de prevenção do fenómeno de jovens anónimos, porque as experiências

mostram que, de certo modo, a prevenção é ainda mais importante do que o

tratamento.

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