Relatório das atividades de Pesquisa de avaliação da Política Nacional de Saúde

Integral das Populações do Campo, Floresta e das Águas — PNSIPCFA da Ilha de Maré, Salvador, Bahia 24 e 25 de novembro de

2014

Responsáveis:Eliete Paraguassu — Pesquisadora Popular, Quilombola, Marisqueira e representante do Movimento das Marisqueiras e Pescadoras — mppbahia@yahoo.com.brFernando Ferreira Carneiro — NESP-UnB e Fiocruz — CearáGisella Garritano — DAGEP/MSWendel Viana — UFBa

Participantes: Wendel VianaAntonio, QuilombolaAloisio, pescador, agricultor, inventorKatia, Ilha de MaréIlka, Ilha de MaréWillian, Coord. CPP Bahia MinasWaldemar, Ilha de MaréNatan, Ilha de Maré, MaracanaMaria Jose — Sec Nacional — CPPElionice, Salinas da MargaridaMariselia -MPPJussara — UFBA

Foram realizadas 5 atividades principais Fórum com representantes da Comunidade (24/11/2015) ManhãOficina de Pesquisa (24/11/2015) TardeVolta a Ilha (25/11/2015)ManhãReunião da Equipe de Pesquisa (25/11/2015) TardeReunião com os gestores do SUS (25/11/2015) Tarde

Plenária/Fórum com representantes das comunidades de Ilha de Maré — 24 de novembro pela manhã

Na sede da Associação das Pescadoras e Pescadores da Ilha de Maré por volta de 150 representantes das comunidades apresentaram suas demandas com referencia aos principais problemas de saúde vivenciados. Após uma breve exposição sobre o objetivos e a natureza da pesquisa pelo Observatório da PNSIPCFA — Teia de Saberes e Práticas — OBTEIA.

Vários depoimentos relacionavam os problemas de saúde à poluição da Bahia de Aratu, principalmente pelo Porto. A poluição se dá em termos atmosféricos e pela água. As cargas embarcadas no Porto geram todo o tipo de odores de produtos químicos, como o enxofre e gases de amônia. Informaram que a poluição na ilha esta em um nível 10 vezes superior ao de Cubatão segundo relatos de alguns pesquisadores.

Dentre os relatos se destacam a alta incidência de asma, problemas oculares, novas alergias, vários casos de câncer em pessoas com menos de 30 anos, a dormência nos dedos, unheiros e até casos como o de uma família em que os quatro filhos estão ficando cegos. Esses problemas de saúde são novos na história das comunidades da Ilha de Maré com as drogas e a prostituição também recém chegadas.

O Posto de Saúde não consegue atender emergências e funciona até as 15:30 além de estar fechado no final de semana.

Também apontaram a necessidade de uma ambulancha. Falta ponto de acesso aos cadeirantes para tomar as embarcações.

Muitas mulheres se manifestaram cansadas e sem esperança no futuro, se sentindo ignoradas pelo Estado. Algumas acreditam que só se vão fazer algo quando uma "grande desgraça acontecer".

“Dói na alma tudo o que a gente sente, mas temos vontade de viver”

Pesquisadores da UFBA, do MARSOL, informam que a Fiocruz Bahia possui uma pesquisadora que também trabalha na vigilância ambiental que está avaliando a colocação de um monitor da qualidade do ar na Ilha de Maré.

Oficina de Planejamento da Pesquisa — Tarde do dia 24/11/2014Na parte da tarde um grupo de representantes da comunidade, da Comissão Pastoral dos Pescadores, e UFBA continuaram nos trabalhos já com a presença de representante do Ministério da Saúde/DAGEP e o representante da SES-Bahia, Diretoria de Promoção do Cuidado (Antônio da Purificação).No momento inicial esses representantes se apresentaram e falaram um pouco da área de trabalho dos mesmos, e a relação com a saúde das populações da águas. Foi informado que houve uma reunião com Katia Souto, Diretora do Departamento de Apoio á gestão Participativa do Ministério da Saúde, sobre a importância de se criar um comitê de equidade que incluísse a temática da saúde do campo, floresta e águas. Informa que programa da atenção básica do estado da Bahia tem a intenção de implementar as unidades de saúde da família, levando em consideração a Carta de Salinas. Considera incluir, quando da criação do Comitê de Saúde das Populações do Campo, da Floresta e das Águas,, a Secretaria Estadual de Assistência Social, a Secretaria Estadual de Educação, além da Secretaria Estadual de Saúde.  

A seguir apresentou algumas sugestões para as demandas do Movimento de Pescadores e Pescadoras da Ilha de Maré:

· Fazer um mutirão de cadastramento para os moradores terem acesso ao Cartão SUS. · A comunidade da Ilha de Maré tem que informar especificadamente em qual comunidade quer o Programa de Saúde da Família. · Informa da existência e do apoio das ações sobre as práticas complementares e Integrativas do SUS realizadas pela SESAB-Bahia · A Secretaria Estadual de Saúde da Bahia está selecionando parteiras quilombolas para fazer um curso de capacitação; 

· Informa que a ambulancha não funciona para a Ilha de Mare como deveria; · Comunica da necessidade urgente de se fazer um estudo sobre a situação de saúde da comunidade, mais especificadamente exames para verificar os níveis de metais pesados e de contaminação tóxicas existentes nos moradores da Ilha de Mare, de modo que se possa ter subsídios para a área da saúde e para as demais autoridades tomarem as providências cabíveis no sentido de dirimir esses danos; · Necessidade da implementação de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na Ilha de Maré.

  Foi realizada uma dinâmica de grupo de levantamento de expectativas da pesquisa por meio de uma teia de linha. Posteriormente foi levantado o que ameaça e o que promove a vida na Ilha de Maré, como registrado abaixo: 

— O que ameaça e promove a vida na Ilha de Maré, Salvador, 2014.

O que ameaça a vida:

O modelo de desenvolvimento; A pobreza

O Porto de Aratu

A perda do território

A PetrobrásA falta de Saneamento básico

As drogas

Falta de estudos sobre o impacto à saúde dessas populações;

O que promove a vida

O ritual pesqueiro

O mar, a energia e a saúde

A convivência da comunidade

O modo de vida e o bem viver;

A biodiversidade

O artesanato, o plantio e a arquitetura

A culinária

Avaliação da oficina  Foi conduzida a dinâmica “que pena”, “que bom”e “que tal” para avaliar os pontos negativos, positivos e sugestões para a melhoria das próximas atividades de pesquisa.Resultados da Dinâmica de avaliação da oficina  Que pena  Que o MS não pôde estar presente antes, no período de 24/11/2014 pela manhã.apenas um dia para passar as demandas Que bom Que esta atividade está acontecendo.a presença dessa pesquisa do observatório dentro da comunidade;a força da comunidade e que bom que ela existe;estão dando mais importância a nossa situaçãoQue tal Marcar um dia melhor para realizar esse tipo de atividade.que essa pesquisa não ser mais tão corrida;dar uma atenção mais qualificada a essa causa da contaminação da ilha de Maré.construir um hospital na ilha;que no final poder comer as comidas típicas

Conhecendo a Ilha de Maré O movimento de pescadores conseguiu um barco para levar os facilitadores da UnB e DAGEP para percorrer todo o perímetro da Ilha de Maré. Foram reconhecidos os grandes empreendimentos no Porto de Aratu que ameaçam as comunidades bem como as características marcantes de cada uma.

Reunião do Grupo de Pesquisa na Escola das Águas

Nessa reunião foi discutido o contexto, o planejamento da pesquisa e seus objetivos.Fernando Carneiro recapitula a escuta que foi feita durante a oficina, onde foram identificado fatores que ameaçam e promovem a vida, seus modos de vida, além de todo o dialogo feito com a comunidade. Relata a volta na Ilha de Maré, descrevendo a situação de vulnerabilidade em saúde dessa população. Destaca que o foco da pauta é o planejamento da pesquisa de avaliação da implementação da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas na Ilha de Maré.

Almoço Coletivo na Escola das Águas

Também foi informado da elaboração de um documento de contexto da saúde na Ilha de Maré pela equipe do OBTEIA que foi disponibilizado para todos avaliarem.Durante a discussão o grupo elaborou dois novos objetivos específicos para a pesquisa: · Contribuir para caracterizar melhor a contaminação ambiental e os impactos a saúde esses empreendimentos; · Ajudar na interlocução com os diversos níveis do SUS em relação as questões de saúde vivenciadas pela população da Ilha de Maré.  O cronograma deve considerar o calendário lunar, carnaval, janeiro e fevereiro pois é mais complicado para juntar as pessoas da Ilha.

Continuação da reunião do grupo de pesquisa com a presença dos gestores estaduais e municipal do SUS.

Atila — SMS Salvador/USF da Ilha de MaréAntonio da Purificação — SESABLiliane Silverio — SESABGrupo de pesquisaO objetivo dessa etapa da reunião já foi o de promover uma articulação das ações em respostas às demandas de saúde da Ilha de Maré. · A representante do MS, Gisella Garritano, informou que o Ministério da Saúde tem todo o interesse de promover uma articulação no sentido de buscar uma implementação da Politica Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas, considerando as especificidades da Ilha de Maré-BA. Destacou a necessidade de se articular a criação do Comitê de Saúde das Populações do Campo, das Floresta e das águas.

· A representante da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, Eliane Mascarenhas informou que está disposta a colaborar também com as demandas da Ilha de Mare. Contudo, para a criação do Comitê de Saúde das Populações do Campo, da Floresta e das águas encontra-se atualmente sem recursos humanos para ser responsável pelo comitê. Está se buscando resolver essa situação. No mais, propõe que juntamente com a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador se faça um levantamento das ações que cabe a cada ente da federação no sentido de verificar as demandas urgentes da população e tentar realizar essa articulação.· O representante da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, Átila comunica a existência das ações de atenção básica da Ilha de Mare e também se dispõe a colaborar com o levantamento mais urgente que é preciso ser feito, tais como a ampliação da equipe de saúde e também o mutirão do Cartão SUS, a sala de situação em saúde, além de verificar toda a questão da atenção básica na Ilha, no que cabe a Secretaria Municipal de Saúde. Com o intuito de fazer uma ação integrada em saúde Ilha de Mare, foi proposta uma reunião para o dia 18 de dezembro na Ilha de Maré, que foi remarcada para o dia 6 de fevereiro de 2015.

NO RIO E NO MARPESCADORES NA LUTA

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