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Relatório de Arte – 1º semestre/2018
Turma: 9º ano
Professora: Agda Brigatto
Coordenadora: Maria Aparecida de Lima Leme
ESFERAS
… a arte como forma de ...
… expansão ...
… transformação ...
… e ressignificação ...
… dos limites.
Para a disciplina de arte, que privilégio trabalhar com o tema do ano “ESFERA: do
limite à expansão”. A arte é linguagem que conta com elementos, técnicas e ferramentas
específicas para expressar conteúdos que nem sempre as palavras são capazes de alcançar,
pois as palavras apresentam também seu limite expressivo. Para isso, a arte transforma
materiais, conteúdos e sentidos. Amplia dos significados para muito além de compreensões
óbvias.
Vejamos o trabalho de Meret Oppenheim:
Meret Oppenheim
Café da manhã envolto em pele
1936
xicara, pires e colher cobertos de pelo, 7cm (alt.) Museum of Modern Art, Nova York.
O objeto que antes fora xícara, ganha a pelagem de origem animal que modifica o
significado do item de porcelana. A xícara ainda mantém sua forma original, mas perdeu sua
função primeira. Nojo e aconchego são algumas das possíveis sensações despertadas por tal
objeto que, modificado, fazem o espectador reviver o asco contido na experiência de ingerir
um cabelo (ou pêlo) ou o conforto e a afetividade em acariciar um bichinho de estimação
quente e peludo. A arte aproxima sentidos diferentes e, muitas vezes distantes, a fim de criar
novas significações.
Como o trabalho acima descrito, a arte faz juz a icônica frase que propõe:
PENSAR FORA DA CAIXA!
Criativamente, como posso criar algo novo através de ideias,
materiais, objetos, textos, imagens já existentes? Como ampliar os
limites da expressão? Como estourar as bolhas de conhecimento?
Vamos partir dessa última expressão. Imaginemos a palavra esfera com o significado
de campo como quando nos referimos a “uma esfera do conhecimento”, ou seja, uma
determinada área de conhecimento. Ainda, pensemos nessa área, nesse campo, nessa esfera
como algo que se expande quando aprendemos algo novo. No entanto, essa esfera, esse
conhecimento, sempre terá um limite. O que faço com aquilo que não compreendo e não
identifico dentro dos padrões por mim conhecidos. Uma possibilidade pode ser o processo de
criação. Essa reflexão ficará mais clara e palpável com a descrição da atividade que foi
proposta a todos os alunos da escola já no primeiro dia da aula de arte baseada no tema do
ano.
Cada aluno recebeu uma folha de papel colorido com um círculo recordado, como
representação de uma janela de conhecimento. Atrás do papel colorido, foram coladas
fotografias de objetos (cadeiras, isqueiros, luminárias, mesas) que apresentassem um
desenho interessante deixando a mostra apenas um pequeno pedaço da imagem (as imagens
foram retiradas de revistas de design).
Círculo cortado em pedaço de papel colorido. Atrás do papel foi colada uma fotografia de
um objeto com design interessante.
O pequeno círculo deixa transparecer apenas uma pequena mostra da imagem.
“O que será?”
Com esse material em mãos, foi tentador não descolar o papel de revista para
identificar a imagem. Um pequeno pedaço de papel instaurou nas turmas curiosidade, senso
de exploração e criação de hipóteses e mistério. Tranquilizei-os!
Ao final da aula vocês podem olhar a fotografia! A proposta não se trata de acertar a
imagem. Não é esse tipo de jogo!
Pedi para que todos olhassem atentamente a pequena abertura no papel e se
deixassem imaginar desenhos que dessem continuidade às linhas e formas contidas no
círculo. Essas linhas imaginadas poderiam ser desenhadas no papel colorido, criando
possibilidades, hipóteses e novos sentidos a partir de um pequeno detalhe de uma imagem
que não é inteiramente conhecida.
Ao final, surpresas:
Minha mandala é uma cadeira…
… o meu é uma luminária ... um isqueiro ... uma mesa ... um computador …
… uma calculadora…
Se nosso conhecimento tem um limite, que tal usar nossa imaginação para ampliá-lo
em novas possibilidades e sentidos? Com esse convite, iniciamos 2018.
FOTOGRAFICAMENTE
O surgimento da fotografia livrou a pintura do realismo obrigatório e de funções como
registro e retrato. A disseminação das técnicas fotográficas provocaram importantes
mudanças na representação pictórica a medida que os artistas estavam livres para buscar
novos focos de interesse e experimentação.
O impressionismo é um exemplo de movimento artístico que passou a explorar
pinceladas mais expressivas e encontrou na representação da cor e na luz seu ponto central
de interesse. A série da Catedral de Rouen executada por Monet é um grande exemplo desse
momento artístico. Nessa série, Monet representou a catedral em vários momentos do dia,
sob diferentes situações climáticas e, consequentemente, sob diversos tipos e intensidades
de luz.
Claude Monet pintou cerca de 30 telas da catedral
Fonte: https://www.historiadasartes.com/tag/catedral-de-rouen/
Ao serem apresentados ao tema do ano desta turma - a fotografia - os alunos
estudaram esse momento em que esta técnica possibilitou uma mudança nas formas de
representação na arte. A partir das imagens dos impressionistas, os alunos tinham um desafio:
encontrar a sua forma de representar a luz sob a técnica do desenho e pintura. Cada aluno
foi encontrando sua forma de ver, focalizar e representar a luz.
Gabriela Morena Santos de Andrade
Marcelo Gouvêa Sícoli
Laura Lupe Pimentel de Almeida Julio Ramos Zica
Ao iniciar o diálogo mais específico com as técnicas de fotografia, alguns termos
começaram a aparecer como enquadramento, foco e zoom. Foi pedido aos alunos então, que
realizassem um desenho a partir do pressuposto da observação, selecionando os elementos
que estariam dentro de seu enquadramento, utilizando uma aproximação em relação ao
objeto, como se estivessem utilizando a função de zoom da câmera fotográfica.
Annanda Marques
Carolina Medeiros Romero
Felipe Vilhena da Silva Santos
Felipe Pesci dos Santos Marotta
Isabela Kirner Montoro
Isaque Barbosa Hessel
Julia Dambroski Partel
Laura Lupe Pimentel de Almeida
Maria Eduarda Penachione Fernandes
Após essa etapa, os alunos pesquisaram e apresentaram para a turma fotografias que
consideraram impactantes. Durante a apresentação foram analisados o tema da imagem, as
técnicas fotográficas que os alunos identificavam e foram elaboradas hipóteses sobre as
intenções do artista ao criar a imagem apresentada.
Nesta aula surgiram desde fotógrafos consagrados e estudados pela área da história
da arte, fotógrafos locais conhecidos pelos estudantes, propagandas de conscientização
contra a violência doméstica, assim como imagens retiradas da internet nas quais não se
identificava o autor. Discutimos, a partir daí, questões de direitos autorais e divulgação na
internet, edição de imagem digital e ficha técnica de uma obra artística.
Antonio Hideto Borges Kotsubo
Foto de W. Eugene Smith
Estela Vivaldi Barrella
Foto de Henri Cartier Bresson
Maria Eduarda Penachione Fernandes
He has his mother's eyes
Fotógrafo Lucas Rozada
Publicada em junho de 2014
Julia Dambroski Partel
Foto de Charlie Hamilton James
Julio Ramos Zica
Fotógrafo Fred Crema
Annanda Marques
Luciana Rodrigues
Julia Rezende de Araujo
Série El embarazo visto a través del tiempo
Marcelo Gouvêa Sícoli
Jess Findlay
Rita Gregorio Canelas Moreira Lara
Gabriel Isak
A partir deste momento, entramos em questões ainda mais técnicas da linguagem
fotográfica a fim de estudar regras composicionais. As composições de imagens artísticas
como desenho, pintura ou fotografia são formadas por elementos da linguagem que podem
gerar uma obra equilibrada ou desequilibrada se assim o artista quiser. Esses elementos
guiam o olhar do observador ao realizar a leitura de uma imagem de acordo com a intenção
de seu autor.
Esses elementos podem ser linhas, texturas, cores, formas, planos, relação entre
luz/sombra, etc. As regras composicionais são muito utilizadas na fotografia. São elas a regra
dos terços, o enquadramento, a simetria, o uso de reflexo, da sombra e das linhas guias.
Os exemplos abaixo foram foram selecionados a partir da coleção de fotografias da
fotógrafa americana Vivian Maier (Fonte: http://www.vivianmaier.com/).
REGRA DOS TERÇOS
Grade que divide a foto em terços. Algumas câmeras
fotográficas e celulares têm esse recurso
Vivian Maier, Autorretrato, sem data
Repare como o rosto da artista está praticamente na
intersecção da linha horizontal inferior e da linha vertical à
direita
ENQUADRAMENTO
SIMETRIA
Vivian Maier, Chicago, 1963
O vidro quebrado da janela enquadra a cena onde duas figuras humanas caminham em meio a neve
Vivian Maier, NY, 1954
Perceba que até a posição dos pés das mulheres de mãos
dadas para a criança estão simétricos
REFLEXO
SOMBRA
Vivian Maier, Nova York, 1953
A imagem do adulto com duas crianças caminhando aparecem refletidas no acúmulo de água no chão
Vivian Maier, Autorretrato, sem data
Perceba a folha seca que estava caÍda ao chão, foi enquadrada por Vivian ao lado esquerdo da sua sombra,
lugar onde fica o coração humano
LINHAS GUIAS
Vivian Maier, Nova Iorque, 1954
Além das linhas da calçada e do edifício, as próprias mulheres presentes nessa imagem formam uma fila estruturada
Com esse novo repertório em mãos, os alunos desenvolveram exercícios para
reconhecer regras composicionais em imagem de outros artistas e, como tarefa para casa, os
deveriam desenvolver três fotografias utilizando diferentes técnicas composicionais. Essas
fotografias foram analisadas coletivamente de forma que os próprios alunos apontaram o que
poderia melhorar nas composições e o que havia de interessante nas imagens feitas pelos
colegas.
Annanda Marques
REGRA DOS TERÇOS
Antonio Hideto Borges Kotsubo
SIMETRIA
Maria Eduarda Penachione Fernandes
REGRAS DOS TERÇOS + SOMBRA
Julia Dambroski Partel
SOMBRA
Julio Ramos Zica
REFLEXO
Isabela Kirner Montoro
REGRA DOS TERÇOS
Laura Lupe Pimentel de Almeida
REFLEXO
Carolina Medeiros Romero
REGRA DOS TERÇOS
Maria Luísa Wonsik Ribeiro
REGRA DOS TERÇOS
Marcelo Gouvêa Sícoli
SIMETRIA
Paulo Carneiro Muçouçah
SOMBRA
Rita Gregorio Canelas Moreira Lara
REGRA DOS TERÇOS
Julia Rezende de Araujo
REGRA DOS TERÇOS + SOMBRA
Para o segundo semestre, pretende-se que ocorra uma maior apropriação de
tratamento digital das imagens por aplicativos e softwares específicos, assim como um estudo
mais aprofundado de alguns fotógrafos importantes. Os alunos vêm se conscientizando de
que fazem parte da geração que mais produz e veicula imagens. As aulas de arte tem
chamado a atenção para a qualidade e para a intenção das imagens produzidas.