renascer - livro 1 - o encontro dos elementos
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Renascer O Encontro dos Elementos
Autor:
Avner Staimetz da Rosa
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Sumário:
Explicações Gerais...................................................................................................................03
Capítulo 0 - Prólogo.................................................................................................................04
Capítulo 1 - O Fogo e A Luz.....................................................................................................06
Capítulo 2 - A Terra....................................................................................................................?
Capítulo 3 - A Água....................................................................................................................?
Capítulo 4 - O Ar........................................................................................................................?
Capítulo 5 - As Trevas................................................................................................................?
Glossário.....................................................................................................................................?
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Explicações Gerais
I - Para identificar quando um determinado personagem está falando, seu nome será
colocado com dois pontos e sublinhado antes da fala, para melhor identificação.
II - No decorrer da história, as magias efetuadas pelos personagens estarão em
Latim, mas suas traduções serão colocadas no final de cada página, na qual
determinada magia aparecer.
III - Explicações maiores sobre personagens, lugares, eventos e magias estarão
colocadas no final deste livro, no Glossário, para maiores entendimentos.
IV - Falas em itálico se referem ao pensamento de algum personagem, que será
devidamente indicado também.
V - Personagens, explicações, cenários e tantas outras coisas podem não ser meras
coincidências, se comparados com livros de autores já conhecidos, pois muito foi
baseado em certos autores, os quais aqui são homenageados com um mínimo de
suas ideias. Foi o meu jeito de dizer obrigado por me proporcionarem uma leitura
incrível, quando adquiri seus livros.
Sem mais, agradeço sua escolha e espero que se divirta. Boa Leitura.
Avner Staimetz da Rosa - Autor
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Prólogo
Numa era longínqua, anterior até mesmo ao tempo dos Deuses, conhecidos como
pagãos, duas civilizações coexistiam sobre a superfície da Terra. Uma delas, a
civilização mágica de Atlântida, com suas colônias espalhadas pelo globo e sua
veneração total a um único Deus, dito como criador de toda a existência, vivia em
harmonia com os seres espirituais e prosperava alegremente sem impedimentos. A
outra, a civilização de Nod, descrentes, não aptos à magia pura, utilizavam do
artifício da magia negra, muitas vezes com sacrifícios e rituais de sangue, para
guerrear e cumprir seus princípios.
Por eras se pensou na aniquilação dos conhecimentos atlantes, junto de seu povo,
após o dilúvio. Ninguém tinha a ideia de como esses conhecimentos de Atlântida
não estavam perdidos, e sim, esperando pelo aparecimento de pessoas corajosas o
suficiente para procurá-los, enfrentando os mais incríveis perigos para, aí sim,
encontrar cada uma de suas dez colônias, dando um fim aquele que outrora destruiu
o sonho de uma civilização e corrompeu todo um planeta.
Algum tempo se passou e os herdeiros de Enoque se espalharam pelo globo.
Novas civilizações foram criadas, Deuses foram glorificados. As Américas, com
seus povos, deixaram um legado espiritual forte, com muitos deuses, como os Incas,
Maias e muitos outros. Os Egípcios trouxeram a revolução na agricultura, em um
lugar onde, aparentemente, nada pudesse crescer e também na medicina, com sua
religião de deuses fortes e poderosos. A Grécia e Roma Antigas foram símbolos de
poder e inteligência, onde os seus Deuses eram praticamente os mesmos, com
nomes e algumas características diferentes, se formos compará-los. Nesses tempos,
onde os Deuses pagãos se fortaleciam e a humanidade já havia superado diversas
calamidades, uma batalha conhecida pelo nome de “As Guerras Etéreas” acontece.
Muitos Deuses pagãos, idolatrados pelos homens, são derrotados e desaparecem,
outros vencem suas batalhas, mas por algumas razões, muitas vezes desconhecidas,
decidem por proteger a humanidade de outras maneiras e outros foram lacrados em
locais, e até dimensões diferentes, algumas completamente desconhecidas.
Os Deuses sobreviventes estabeleceram suas próprias regras, alguns,
simplesmente deixaram a humanidade de lado, outros continuaram protegendo-a e
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alguns poucos, resolveram, com o passar dos séculos, tentar acabar com ela,
criando-se, então, diversas guerras entre deuses, onde um matava ou aprisionava o
outro, e que aconteciam enquanto a humanidade crescia, guerrilhava entre si e se
multiplicava pelo mundo.
Hoje, após infindáveis guerras sangrentas, a humanidade possui alta tecnologia,
Atlântida e Enoque tornaram-se lendas, para os poucos interessados pelas histórias
dos povos antigos, Deuses são considerados coisa das pessoas do passado, de
civilizações de uma outra época. A ciência domina e a instabilidade econômica pode
acabar levando essa raça, sobrevivente de diversos tipos de calamidades, a um fim
tão trágico, que será culminado pela ganância da própria humanidade. Mas um
evento especial está para mudar a mente humana, unindo os homens, reavivando a
magia e ascendendo, mais uma vez, uma chama de esperança capaz, quem sabe, de
salvar, não apenas a Terra, mas também os Céus, os espíritos e talvez, quem sabe,
todo o universo. A partir de hoje, a mudança ocorrerá e uma guerra diferente de
tudo que já foi visto pelo homem, onde não está em jogo apenas sua própria
sobrevivência, como também a de todo o planeta Terra, e porque não, do próprio
universo, está prestes a começar. Bem-vindos ao Universo de Renascer.
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O Fogo e A Luz
Um homem, de altura mediana, com um sobretudo lhe cobrindo até os pés e com
chapéu negros, caminhava por Jerusalém em direção àquele que é conhecido por
Muro das Lamentações, o mesmo que, desde tempos imemoriais dizem dividir o
inferno e a Terra, sendo considerado indestrutível. Apesar do calor do verão do
oriente médio, as roupas pesadas pareciam não preocupá-lo. Andando de cabeça
baixa, escondendo seu rosto, ele parou em frente ao muro, ao lado de uma turista
solitária, vestida como as mulheres muçulmanas, a qual tirava suas fotos com uma
expressão a qual demonstrava total admiração.
Estranho: Interessante não acha? - falou para a turista.
Turista: Com certeza. É muito bonito e cheio de mistérios. - respondeu ela,
olhando, fascinada, para o monumento.
Estranho: E dizer que este é o único obstáculo que impede o meu mestre de vir
para este mundo.
Turista: Como é? – perguntou confusa, olhando para o homem. No mesmo
instante ele aplicou um golpe ligeiro, mesmo para os olhos humanos, com sua mão
esquerda, pressionando a cabeça dela na parede e espalhando o sangue pelo chão e
pela superfície do muro.
Estranho: Mas esse obstáculo termina aqui. Meu mestre já esperou tempo demais
e é hora dele sair de seus domínios para dominar este mundo. - um sorriso malicioso
na face.
Levantando a cabeça, como se olhasse para o céu, ele mostrou seu semblante, um
rosto pálido de um homem de meia idade, com os cabelos negros descendo até meia
altura da testa e os olhos tomados pela negritude, como se tivessem sido retirados a
muito tempo, e mesmo assim, continuassem com as pálpebras abertas. Levantando
as mãos para cima ele indaga:
Estranho: Ó Muro que aqui jaz! Escute meu chamado e com este sangue que lhe
ofereço abra o caminho do Sheol para a Terra. Atenda ao meu pedido, Muro das
Lamentações - ao acabar de proferir as palavras ele se abaixou até tocar as duas
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mãos, antes em direção ao céu, no sangue da vítima ainda escorrendo pelo muro e
pelo chão. - Solaris Ictum.1
Um brilho dourado começou a emergir do sangue que escorria, aos poucos
aumentando de intensidade, até poder ser visto de uma longa distância. O homem
atirou seu chapéu para trás, seu sorriso demonstrando total alegria e prazer, como
uma criança contente por acabar de ganhar um brinquedo a tempos desejado.
Estranho: Finalmente meu mestre virá à Terra e os homens perecerão. Escute
meu chamado meu amo e venha até nós através desta passagem no grande Muro
das Lamentações. - Disse com uma risada alta em sequência.
***
Em algum lugar no interior do Sul do Brasil, dois jovens combatiam um contra o
outro para concluir mais um dia de treinamento. Um deles de estatura mediana, pele
branca, com cabelos e olhos castanho escuros, de calça, calçados e canguru pretos,
possuía uma camisa vermelha por baixo. O outro, um moreno mais alto, de
aparência mais jovem, com a barba meio rala e cabelo curto, calça de brim, camisa
preta e coturno. Seus nomes eram Remborx e Tristan e treinavam para aprimorar
princípios a muito tempo esquecidos, mas apresentados a Remborx por seu antigo
mestre, passados depois à Tristan e conhecidos por eles como as energias física e
espiritual.
Remborx: Tristan! Não é possível! Pelo tempo de treino, você já deveria poder
fazer algo com sua energia espiritual, apesar da limitação existente, causada pelo
tecido da realidade.
Tristan: Ah sim! Muito fácil falar! Sendo que você também não consegue fazer
nada. - meio indignado com a afirmação de Remborx.
Remborx: Não vem ao caso. - desviando o assunto - Afinal, não digo que você
consiga fazer magias, mas pelo menos um dos elementos tinha que reagir a você,
caso tentasse algo. E até agora...
Nesse instante o céu azul do dia, ainda com algumas nuvens, acima do campo de
grama rala onde os dois estavam treinando, ficou roxo, dando a impressão do
momento existente na passagem do dia para a noite, o que não aconteceu. As nuvens
criaram uma cor púrpura e os dois sentiram que alguma coisa estava errada.
1 Solaris Ictum: Impacto Solar
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Próximo ao campo onde os dois estavam, havia uma casa velha, de madeira,
rodeada de árvores de diversos tamanhos, próxima de um lago. Este era o lugar
onde eles ficavam nas épocas de treino intensivo, geralmente nas férias de verão ou
inverno. Os dois entraram na casa, já com a televisão ligada, mas o que se sucedeu
após isso, nem mesmo eles acreditaram.
A televisão estava com o noticiário urgente falando sobre um incidente no oriente
médio, mostrando a região de Jerusalém através de uma câmera postada em um
helicóptero, o qual sobrevoava o local próximo ao Muro das Lamentações que
aparentava estar com um buraco enorme:
Jornalista: “...Após o brilho intenso, como o de uma bomba potente, nas
imediações do local da parede conhecida como Muros das Lamentações, um buraco
enorme ficou visível em sua estrutura, dita sagrada por cristãos, muçulmanos e
judeus. Além deste buraco, o céu de toda a região...” - um silêncio tomou conta da
notícia por alguns instantes, os quais estranhamente pareciam eternidades. - “...não
apenas da região, mas sim do mundo inteiro, passou a ficar com um arroxeado sem
explicações até o momento...”
Enquanto a jornalista continuava a falar, algo que a princípio não poderia ocorrer,
acabou acontecendo, deixando os dois jovens, além de fascinados devido,
acreditavam eles, ao seu treinamento, ao mesmo tempo apavorados. Sem saber ao
certo o porquê, para eles foi como se o tempo diminuísse seu fluxo, fazendo-os
enxergá-lo de uma forma mais lenta que o normal, de forma a fazer os dois
perceberem as coisas, e os seres vivos, se moverem muito mais lentamente.
Percebendo isso, instintivamente prestaram atenção na televisão e viram, do buraco
filmado pelo cinegrafista na muralha em Jerusalém, saírem diversos seres
horrendos, alguns com asas, outros de três, quatro e até mais membros, todos a uma
velocidade inacreditável, não captada pelos olhos humanos comuns, como se
estivessem sendo tragados para muitas direções. Não demorou muito e a estranha
capacidade cessou e a imagem da televisão, assim como o tempo a volta deles,
voltou ao normal.
Tristan: Tu viu isso? - virando seu rosto para conversar com Remborx. Ao fazer
isso, reparou que seu amigo estava parecendo paralisado, com a visão ainda fixa na
televisão, pálido, como se tivesse visto um fantasma. - Remborx, o que foi?
Remborx: Tamo tudo fudido. - Respondeu sem se mexer.
Tristan: Quê? - ponderou com certo ar de confusão.
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Remborx: Uma guerra vai começar e não será a terceira guerra mundial humana.
Aquelas coisas, que pelo jeito só nós vimos, eram nada mais, nada menos que
demônios, saindo direto do inferno para o nosso mundo. - disse, dessa vez olhando
para o amigo.
Tristan: Me conta uma coisa que eu não saiba. - disse, com certo tom de ironia.
Remborx: Tá bom! O filme na televisão estava muito legal, com o efeito
cinematográfico perfeito, feito no céu do mundo inteiro. Nós até podemos continuar
o treino amanhã, depois de descansar.
Tristan: Por que você tem que dar uma de engraçadinho até quando parece que é
o fim do mundo?
Remborx: Quer que eu faça o que? Pegue uma faca e me mate antes deles virem
até mim? - Tristan fez uma expressão como se Remborx tivesse razão. - Tudo bem
que não é má ideia mas, né...
Tristan: Cara, eu não sei porque eu ainda te escuto. - respondeu inconformado –
Melhor eu continuar treinando que eu ganho mais.
Remborx: Enquanto isso vou preparar algo para comermos. Vê se demora!
Preciso aproveitar um pouco do que eu fizer aqui antes de tu voltar. - disparou, com
uma leve risada.
Tristan: Muito engraçado. - falou em tom sarcástico.
Tristan saiu pela porta, desaparecendo na paisagem. Ao mesmo tempo, Remborx
se deslocou em direção à cozinha, onde ascendeu a chama do fogão, quando se
lembrou de um aviso, o qual deveria ter passado ao amigo. Se aproximando da
janela ele enxergou Tristan fazendo socos no ar como se estivesse lutando com
alguém, aumentando a velocidade desses movimentos gradativamente, enquanto ele
gritava de dentro da casa:
Remborx: É melhor você treinar os fundamentos espirituais agora, o físico você
treina quando estiver treinando comigo.
Tristan: Está bem. - gritou.
Remborx voltou à cozinha e o que aconteceu, nem ele mesmo acreditou,
chegando a se assustar. Ao preparar a comida a ser colocada na panela,
inesperadamente o fogo aceso no fogão começou a crescer lentamente, como se
tivesse sendo controlado, mas não por ele. Ao perceber uma futura situação de
perigo, tentou desligá-lo, não esperando, como deveria ser, a continuidade de seu
crescimento, sem se extinguir, mesmo com a boca do fogão desligada. Temendo
pelo pior, ele chamou por Tristan com toda sua voz, para não sair dali e tentar
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controlar a situação, caso ela se transformasse num incêndio. Ao escutar o chamado
nada normal de Remborx, Tristan parou seu treinamento de concentração e foi
correndo em direção à casa, entrando pela porta, quase quebrando-a.
Tristan: Que merda foi essa? - Perguntou ele entrando na casa. - Por que gritou
desse jeito?
Remborx: O fogo no fogão estava fora de controle. Eu tentei desligá-lo mas não
apagou, apenas depois que eu te chamei. - Respondeu, olhando pensativo para o
local onde o fogo estava. - Será que...?
Tristan: Que o que? O que tu tá pensando?
Remborx: Me espere lá fora. Preciso fazer um teste. Acho que as coisas vão
mudar um pouco a partir de hoje. - Pediu a Tristan que, mesmo sem entender, se
dirigiu novamente para fora para esperá-lo.
Após alguns minutos, Remborx apareceu segurando alguns jornais velhos em um
braço e um isqueiro na mão direita, além de três tijolos no outro braço. Ele
posicionou os jornais em linha no chão e colocou os tijolos nas pontas, apenas para
impedi-los de saírem voando com o vento.
Tristan: O que tu tá fazendo? - Perguntou com uma expressão de completa dúvida
em seu rosto.
Remborx: Quero tirar uma dúvida que me surgiu. Se eu estiver certo, iremos levar
nossos treinos a patamares maiores, para que tenhamos mais habilidades. -
explicou.
Tristan: Só quero ver. - disse como se duvidasse das palavras de Remborx.
Remborx: Na verdade, é você quem vai me tirar essa dúvida, ou seja, vai fazer.
Tristan: E o que seria?
Remborx: Bem. Vou ascender duas das três folhas no chão. Na primeira, quero
que você eleve a sua energia espiritual. Se a primeira não der certo, nem
precisaremos continuar. - explicou. - Ok?
Tristan: Tá certo - repondeu, meio sem entender o motivo daquilo.
Remborx: Quando eu ascender, você começa a te concentrar conforme eu disser,
aumentando ou diminuindo a intensidade da tua energia. - disse, se posicionando
para melhor visualizar o jornal. - Posso?
Tristan: Tá bom. Se você diz. Pode ascender.
Quando a primeira folha foi acesa, Tristan cerrou os punhos e fechou os olhos,
ostentando uma expressão clara de concentração. Ao fazer isso, Remborx disse para
ele elevar sua energia e ele, assim o fez.
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Ao começar a se concentrar, o fogo começou a aumentar seu tamanho e
intensidade, o que não escapou aos olhos de Remborx, dizendo para ele fazer o
contrário e se concentrar para diminuir a intensidade de sua energia, com o amigo
obedecendo. O fogo, para a surpresa de seu observador, também começou a
regressar em tamanho e intensidade, mas sem se apagar completamente e assim,
eles repetiram este ciclo até Remborx finalmente dizer para Tristan parar. Ao abrir
os olhos novamente, ele perguntou com ar de curiosidade.
Tristan: E aí? Resolveu seu mistério?
Remborx: Por incrível que pareça, sim. - Respondeu, com certa animação.
Tristan: E?
Remborx: Bem, meu caro. Para a sua surpresa, e para a surpresa geral da nação,
o fogo reagiu a ti. - disse, super animado.
Tristan: Legal. Só não entendi o porquê da nação, se só tem nós aqui e ninguém
sabe o que fazemos e treinamos.
Remborx: Ah! Deixa pra lá. A segunda parte já não é mais um teste e sim um
treino.
Tristan: Mas já? - num ar triste em sua fala.
Remborx: Claro. Não vai dar uma de Magnus agora, ou você acha que vamos
ficar aqui, parados, enquanto a Terra é invadida por demônios? - Antes que Tristan
pudesse responder, Remborx disse rapidamente. - Não responda.
Tristan: Sim. Claro. - como se já esperasse por aquela resposta inusitada.
Remborx: Agora vou ascender a folha e você terá que controlar o fogo, fazendo
qualquer coisa com ele, contanto que não o jogue em mim, claro.
Tristan: Ia ser legal. - com um sorriso infantil no rosto.
Remborx: Mas não é uma opção. - indagou.
Tristan: Chato. - diz, meio que desviando o rosto, com um ar desanimado.
Remborx: Recomendo que tu veja o fogo como se vocês fossem um só e que ele
faria tudo o que você quisesse, como se este fosse mais um membro ativo do seu
corpo, já que alguma coisa deve ser.
Tristan: O que tu quer dizer com isso? - indagou com um certo ar de indignação.
Remborx: Vamos logo. - apressou ele, indo em direção a segunda folha.
Ao ascender da segunda folha, Tristan estendeu sua mão em direção ao fogo
consumindo o jornal, começando a se concentrar. Após alguns segundos, o fogo,
como se tivesse vida própria, começou a se movimentar, de forma a sair do chão e
ficar pairando sobre o ar. Ao ver seu controle sobre a chama funcionando, ele fechou
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sua mão, ficando apenas com o indicador apontando para ela no ar, a qual não
demorou a ir em sua direção, parando a dois centímetros de seu dedo, com o garoto
levantando-o quase na altura de seu rosto. Ele olhou a pequena chama admirado,
completamente fascinado por sua própria habilidade, encarando o fogo e
acompanhando cada um de seus movimentos.
Como se querendo testar o seu novo dom, Tristan fez um gesto de lançamento
com o dedo, arremessando a chama até certa altura, parando-a no ar logo em
seguida. Ao fazer movimentos com o indicador, a mão e os braços, a chama o
obedecia, imitando-o, como se estivesse presa ao dedo de Tristan, que ficou ali,
brincando e se divertindo, maravilhado com suas capacidades, até então
desconhecidas. Após algum tempo, também impressionado, Remborx finalmente
falou:
Remborx: Pode parar agora. Você tem uma habilidade incrível e pelo jeito já se
divertiu bastante. Vai precisar de energia para a última etapa - disse quando Tristan
parou sua concentração e também seus movimentos, fazendo a chama simplesmente
desaparecer no ar, como se nunca tivesse estado ali, sendo controlada por suas
habilidades.
Tristan: Sempre estragando a alegria dos outros. - disse meio desanimado.
Remborx: Nada fora do normal. – respondeu ao amigo. - Agora a parte mais
difícil. O que tu fez antes foi pegar a chama pronta, no chão, queimando o jornal,
mas agora, quero que tu te concentre para criar a chama, lançando-a contra a última
folha, com uma magia conhecida como “Globus Ignis”, a famosa bola de fogo.
Acha que consegue? - pergunta lançando um olhar desafiador para Tristan.
Tristan: Acho que sim. Vou tentar. – respondeu começando a se ajeitar.
Remborx se afastou alguns metros, temendo uma explosão devido a
inexperiência do amigo e o poder destrutivo de uma magia envolvendo o fogo, que
ele pensou, poderia ter.
Ao se concentrar, Tristan tomou uma posição de luta inicial, como se fosse lutar
com alguém. Alguns minutos se passaram e quando Remborx pareceu que ia dizer
para Tristan parar, aconteceu o momento mais aguardado: da mão direita de Tristan
começou a nascer labaredas, estas foram crescendo até o meio do seu antebraço.
Abrindo os olhos, mostrando um olhar determinado, desferiu um soco no ar,
indagando enquanto realizava o movimento:
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Tristan: Chamas, ascendam e queimem o seu alvo. Globus Ignis.2 - Ao finalizar
o movimento, uma chama com o formato de uma bola e do tamanho de uma bola
de tênis saiu voando de sua mão direita, se espalhando pelo chão, no local onde
estava a terceira folha de jornal fixa com o tijolo, queimando-a por completo.
Após essa demonstração, devido ao gasto de energia provocado durante os testes,
Tristan caiu no chão, já desmaiando, mas com uma expressão de alegria imensa no
rosto, impossível, até mesmo, de se explicar, enquanto escutava seu amigo gritar:
Remborx: Cara! Tu é foda. Isso foi demais. Parabéns. - em uma euforia total.
***
Em algum lugar, no mais profundo do Inferno, Lúcifer jazia descansando em seu
trono de ossos e caveiras. Parecido com um homem comum, de cabelos loiros e
olhos azuis, com aparência bela e jovial, sendo a única parte de seu corpo
mostrando-o como um ser daqueles domínios, as asas de morcego, enormes e
recolhidas, sendo ótimas para fazê-lo voar, apesar das deformações aparentes.
Uma entidade, com uma aparência totalmente mortal, com um colete preto sobre
uma camisa branca e calça preta, mais justa ao corpo para facilitar seus movimentos
em combate, pele clara, aparência bela e jovial, cabelos crespos negros e olhos
verdes como o mar, se aproximou do senhor do Sheol, nome dado ao inferno pelos
anjos e seres etéreos, os moradores do mundo espiritual. O arcanjo abriu os olhos
calmamente e falou com uma voz tranquila, nada demoníaca, diferente dos muitos
seres daquele lugar:
Lúcifer: O que foi Seradon?
Seradon: Meu amo! - respondeu a mulher, ajoelhando-se em sinal de respeito
perante ele. - Os preparativos já foram feitos, a passagem foi aberta e a tropa de
busca já começou a caça pela cidade perdida.
Lúcifer: Quantos foram mandados?
Seradon: Pouco mais de dez mil, meu amo. Todos estão procurando dentro de
um raio de, aproximadamente, duzentos quilômetros a partir da localização
fornecida pelo senhor.
Lúcifer: Excelente! - mostrando uma expressão maléfica, com um sorriso no
rosto. - O poder dos mestres da magia daquele lugar era formidável. Acredito que
2 Globus Ignis: Bola de Fogo.
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mesmo se aquela cidade estiver embaixo d’água, ela está intacta e ao ressuscitá-la,
utilizando-a em meus propósitos, tenho certeza de que nada, nem ninguém, nem
mesmo Miguel, conseguirá me deter. Seradon! - Indagou para sua serva, para ela
levantar a cabeça e dar atenção às suas palavras. - Cuide de tudo e me traga notícias
assim que a busca for concluída.
Seradon: Sim, meu amo! - se levantando e virando-se em direção oposta à do
arcanjo, se retirando do local.
Lúcifer: O momento de expandir meus domínios, aniquilar os anjos e os seres de
barro chegou. - Proclamou o senhor do Sheol soltando uma risada demoníaca.
***
No quarto céu, o local conhecido como paraíso, um homem de cabelos claros,
olhos brancos, com roupas brancas, andava calmamente sobre uma pequena colina,
transmitindo paz e tranquilidade, enquanto observava um grupo de crianças
brincando nos campos mais abaixo, junto de alguns animais.
Um anjo de cabelos castanhos, olhos cor de mel, estatura mediana e as asas tão
brancas quanto a neve se aproximou do homem. Com uma voz tranquila e serena,
transmitindo a mais pura paz ele falou:
Anjo: Rafael!
Rafael: Hahuiah, meu caro amigo ofanin. - respondeu com um sorriso no rosto.
Hahuiah: O Muro das Lamentações na Haled foi destruído e alguns seres saíram
do Sheol. Parece que estão procurando por alguma coisa nas águas do mar,
conhecido como Oceano Atlântico pelos homens.
Rafael: Atlântico? - disse pensativo. - Isso pode ser perigoso para os homens, no
caso de eles se depararem com a cidade perdida da magia.
Hahuiah: O tecido da realidade também fora afetado, perdendo um pouco mais
da metade dos seus efeitos. O céu da Haled também perdeu o seu tom azulado e
agora está parecendo mais o céu do Sheol, com seus tons de roxo.
Rafael: A situação é pior do que eu pensei, então. Meus irmãos já se
pronunciaram sobre o que está ocorrendo?
Hahuiah: Ainda não. Gabriel segue fortalecendo os rebeldes, Miguel está
montando suas defesas no sétimo céu e Uziel se mantém organizando as tropas
querubins para Miguel. Mas as coisas não estão tão ruins assim, o quanto parecem.
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Rafael: O que quer dizer? - perguntou, virando-se para encarar o ofanin, com
uma expressão mais séria.
Hahuiah: Surgiu uma esperança, talvez até, mais de uma, entre os homens. Parece
que a magia, após a redução dos efeitos do tecido da realidade, aflorou novamente.
Rafael: Magia? Qual tipo de magia? - perguntou, perdendo nitidamente o seu ar
sereno de tranquilidade e exaltando um ar de total curiosidade.
Hahuiah: Um jovem inflamou a energia de sua alma, tal qual os antigos homens
das grandes civilizações faziam, antes de sumirem no dilúvio, produzindo
labaredas, igual aos Ishins do fogo. Parece também que ele não é o único, podem
haver mais deles espalhados pela Haled.
Rafael: Hahuiah! Reúna esses guerreiros e leve um ishin com você, peça para
Gabriel ceder um excelente mestre elemental. Ajude esses guerreiros da melhor
forma possível com esse amigo que levar. A minha luz o acompanhará. Pelo jeito,
serão os homens que salvarão o universo das ambições dos arcanjos.
Hahuiah: Certo, Rafael! Irei agora mesmo à cidade do fogo. - Ele vira-se,
expandindo suas magníficas asas e, ao fazer um movimento de salto em direção ao
céu, desaparece, como se nunca estivesse estado naquele lugar.
***
O primeiro céu, também conhecido como cidade do fogo, é o lar dos Ishins e
também o local onde se encontrava o arcanjo Gabriel, apoiador da causa dos
homens e comandante das tropas rebeldes, anjos opositores aos ideais do arcanjo
Miguel. Ele jazia em seu palácio, um local imenso, branco, todo constituído pelo
mais puro mármore, no meio do vulcão ativo do primeiro céu, sentado em seu trono
meditando, seus cabelos negros e longos estavam presos em um rabo de cavalo, sua
roupa branca e ao seu lado, a sua espada dentro da bainha. Uma mulher anjo, com
cabelos negros e olhos dourados, se aproximou do trono, vestindo uma armadura
prateada com detalhes dourados cobrindo-lhe o peito, ombros, cintura, canelas e
braços, tomando uma posição de sentido em frente ao Arcanjo, chamando-o em
seguida.
Mulher Anjo: Senhor Gabriel! - o arcanjo não se mexeu, muito menos abriu seus
olhos, continuando com sua expressão neutra de concentração. – O ofanin Hahuiah
vem até o senhor para lhe falar.
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O ofanin adentrou o salão, se dirigindo até o trono e parando ao lado da mulher
anjo, olhando para todos os cantos, como se visse aquele lugar pela primeira vez,
transmitindo em seu rosto pacífico um olhar de completa admiração.
Hahuiah: Gabriel, arcanjo do fogo, venho em nome de Rafael para lhe solicitar
um Ishin, mestre do controle elemental. - disse calmamente.
Gabriel: O que aconteceu para meu querido irmão me fazer um pedido como
este? – perguntou, abrindo os belos olhos negros, com um sorriso no rosto, contente
de ter escutado o nome de seu iluminado irmão.
Hahuiah: Tenho a missão de ir até a Haled, guiar os homens que despertaram o
poder mágico perdido, mas preciso de um amigo ishin para ensinar-lhes os
princípios da alma e dos elementos. – explicou.
Gabriel: Homens utilizando a magia perdida? - se levantando rapidamente, como
se tivesse recebido um susto, seus olhos ostentando um brilho que a muito não se
via. – Lelahel! Prepare Menadel para acompanhar Hahuiah até a Haled. Se o que
você diz é verdade, o universo poderá ser salvo da tirania dos arcanjos.
O ofanin correspondeu com alegria e um imenso sorriso às ordens e sentimentos
de Gabriel, o único dos arcanjos que, assim como Rafael, defendia a vida dos
homens e de todo tipo de vida existente no planeta e no universo.
No início, não foi sempre assim, antigamente, o senhor do fogo não se importava
com os homens da Terra. Praticamente não se importava como seu irmão, o arcanjo
Rafael. Caso tivesse de cumprir alguma missão na Haled, fazia-a rapidamente e
retornava para o seu recinto, junto de seus irmãos no sétimo céu. Mas um evento
mudou seu pensamento e, então, ele lutava pela causa e pela vida dos homens.
***
Voltando de seu desmaio, após o excessivo uso de energia para a execução de sua
magia, Tristan acordou em seu quarto, na casa do campo.
Tristan: “Que sonho maluco.” - pensou. - “Tenho que parar com as comidas
fortes de Remborx.”
Remborx: Olha só! Alguém resolveu acordar. - Entrando no quarto. - Bela
demonstração de energia. Só meio que exagerou na quantidade, não acha?
Tristan: Isso não foi um sonho? - perguntou confuso.
Remborx: Ainda bem que não. A sua magia foi real e você mandou muito bem,
falta eu descobrir se posso fazer alguma coisa também.
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Tristan: Você não tentou? - falou como se estivesse surpreso ao saber daquilo.
Remborx: Claro que não. Se fôssemos atacados por aqueles bostinhas, eu teria
de protegê-lo. Pra ti ver como tu só me causa problemas. - falou como se estivesse
dando uma bronca em Tristan.
Tristan: Sim. Eu. Claro. - respondeu, com um ar indignado - Não sei quem me
chama quando as coisas ficam fora de controle!
Remborx: Não interessa. - disse, desviando do assunto. - A comida está pronta lá
embaixo. Melhor ir comer logo, senão vai esfriar. Apesar de que agora, isso para
você não é mais um problema. - abrindo um sorriso.
Tristan: Sempre engraçadinho. - com um tom sarcástico.
Remborx: Nem imagina o quanto. Até parece que não me conhece.
Ao descer, Tristan viu seu prato já servido. Apesar de achar aquilo estranho, ele
se sentou para comer, achando que o amigo tinha lhe feito um favor ao servi-lo, pois
estava exausto, desmaiado na cama por conta do treinamento. Ele apenas não
esperava a surpresa que viria a seguir. Ao começar a comer, imediatamente sua boca
começou a queimar, com seu rosto ficando vermelho quase instantaneamente. Foi
pegar o copo d'água na sua frente, tomando rapidamente e, para sua total
infelicidade, outra surpresa. O conteúdo do copo era cachaça pura, aumentando o
efeito da comida altamente apimentada em sua boca e alongando o efeito até sua
garganta. Já se controlando para não rir da situação do amigo, Remborx apareceu.
Remborx: Mas o que houve Tristan? Até parece que tu tá pegando fogo por
dentro. Tá expandido seu poderes? - disse, soltando altas gargalhadas em seguida.
Tristan: Vai me pagar por isso, Remborx! - ponderou, abrindo a torneira e
tomando quantidades enormes de água, enquanto o amigo continuava a rir sem
parar.
Sem os dois notarem, devido à brincadeira armada por Remborx, duas entidades
se manifestaram próximo à casa do campo. Ao perceber, finalmente, como não
estavam sozinhos, Remborx fechou a porta rapidamente.
Remborx: Tristan! - deixando de lado os risos e sendo tomado por uma expressão
séria no rosto. - Não estamos sozinhos. Acho melhor se preparar, pois o bicho vai
pegar por aqui.
Entendendo o recado, Tristan fechou a torneira e se aproximou de Remborx, para
armar a estratégia de defesa. Os dois se posicionaram no meio do caminho entre a
porta e a parede às suas costas, um ao lado do outro, pensando em evitar ataques
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surpresas. Tristan, até foi além, começando a criar suas labaredas. Após um tempo
e com o nervosismo tomando conta dos dois jovens, se escutou uma batida na porta.
Remborx: E agora? - perguntou.
Tristan: Vamos fazer o seguinte: como já estou pronto, vá até a porta e abra-a
rapidamente... - mais uma batida na porta.
Remborx: Então pare com as chamas e vá você! - num tom nervoso.
Tristan: Assim que abrir, lanço minhas chamas e você os finaliza. - disse, não se
importando com as palavras de Remborx.
Remborx: Certo. - respondeu com um ar desanimado.
Remborx então se aproximou cuidadosamente da porta. Colocando a mão sobre
a maçaneta, viu Tristan fazer um sinal de positivo com a cabeça, para abri-la. Num
movimento rápido, ele girou a maçaneta, puxando a porta rapidamente, saindo do
caminho das chamas de Tristan, disparadas por ele quando o amigo fez seu
movimento.
Tristan: Globus Ignis!3 - vociferou ele, com as chamas atravessando a casa em
direção ao alvo.
Em frente a porta haviam duas figuras, uma delas era o ofanin Hahuiah, sem suas
asas e com roupas brancas, leves. O outro era o respeitado ishin Menadel. O ishin,
líder de parte das tropas de Gabriel também estava sem suas asas, tinha longos cabe-
los pretos, presos por um rabo de cavalo, nariz meio pontiagudo e olhos dourados.
Usava uma camisa branca com botões dourados de manga curta, uma calça de
abrigo preta e uma bota, parecida com um coturno, indo até um pouco acima do
tornozelo.
Menadel: Achei que não... - sem poder terminar de falar, o anjo foi atingido pelas
chamas, sendo jogado para longe, caindo à certa distância, com sua camisa se
mantendo intacta.
O ofanin Hahuiah, ao lado do ishin, é surpreendentemente atacado por Remborx,
sendo derrubado no chão. Pronto para socar o anjo, ele escutou:
Menadel: Luminosa Ictum!4 - uma luz foi vista, com Remborx sendo lançado para
longe do ofanin, se chocando contra a parede da casa, destruindo parte de sua
estrutura com o impacto.
Tristan: Remborx! - gritou, indo em sua direção, pronto a proteger o amigo.
3 Globus Ignis: Bola de Fogo.
4 Luminosa Ictum: Impacto Luminoso.
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Menadel: Se acalmem! - gritou. - Não somos seus inimigos. Somos anjos a
mando dos arcanjos Gabriel e Rafael.
Tristan: Anjos? - perguntou com ar de dúvida. - Que anjo atacaria dessa forma?
– apontando para Remborx no chão, já se levantando, mas sem desviar o olhar do
ishin.
Menadel: Ele estava prestes a atacar o ofanin Hahuiah, queria que eu agisse como
dessa distância? - ponderou.
Tristan: Tá certo. - respondeu acalmando-se.
Remborx: Tá certo, nada! - gritou, causando surpresa nos anjos e prendendo
repentinamente a atenção de Tristan. - Um poder dessa magnitude, com nítida
intenção de me matar, não merece o ar da dúvida.
Menadel: Você está de brincadeira, não é? - perguntou o ishin, expressando uma
cara de dúvida, enquanto Tristan colocava a mão no rosto, com nítido sinal de
vergonha da situação. Após um tempo de seriedade no ar, Remborx correu em
direção ao ishin, parando à centímetros de distância do anjo, que já estava
preparado, com as mãos postadas em frente ao corpo, pronto para defender a
tentativa de ataque desferida pelo garoto.
Remborx: Na verdade, estou! - diz o jovem, rindo, assim que parou.
Menadel: Você está querendo morrer? - indagou, furioso, com o ofanin rindo ao
lado de Tristan, o qual apenas suspirou profundamente, em sinal de alívio.
Remborx: Viu como queria me matar? - falou, virando-se de costas para Menadel,
o anjo com uma expressão de fúria no rosto e as mãos serradas, prontas para socar,
lutando para se controlar. O jovem começou a caminhar em direção à casa. - E pare
com esse dramalhão. – disse ao anjo. - Entrem logo, vamos conversar lá dentro.
Tristan: Eu te mato da próxima vez que me assustar desse jeito, seu maluco. –
disse para Remborx, quando o amigo passou ao seu lado para adentrar na casa,
seguindo-o junto de Hahuiah e Menadel.
***
Nas profundezas do Oceano Atlântico, aproximadamente mil, dos seres vindos
do Muro das Lamentações, se locomoviam procurando por vestígios da cidade
perdida. Um ser pequeno, deformado, sem pele, com a carne em constante
decomposição e com o olho direito pendurado, se aproximou de um outro,
aparentemente o líder das tropas. A aparência dele era diferente da de todos os
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outros, possuía armadura, de aparência completamente enferrujada, cobrindo-lhe o
peito e os antebraços, possuía cabelos longos e brancos, com seu rosto coberto de
cicatrizes, parecidas com cortes, e chifres de bode saindo de sua testa. Não possuía
pernas comuns, sendo da cintura para baixo, partes do corpo de um carneiro. Esta
era a aparência de um dos mais temidos duques do Sheol.
Diabrete: Senhor Baalzebu! - chamou enquanto se aproximava. - Uma parte das
tropas achou algumas ruínas que parecem ser de alguma cidade muito antiga.
Baalzebu: São ruínas mesmo? – perguntou causando medo no diabrete. - Será
que poderemos parar finalmente com essa busca? – pareceu perguntar para si
mesmo. - Porcaria imprestável, me leve até onde estão as tais ruínas. - lançando um
olhar amedrontador ao ser deformado.
Diabrete: Sim, meu senhor. - encolhendo-se e virando-se para guiá-lo sem deixar
de profanar os piores horrores em pensamentos para seu mestre.
Após um tempo se locomovendo no fundo do mar, outro ser, este aparentando
possuir uma forma melhor e maior, se comparada com a do diabrete, com um
chicote em uma das mãos, o qual usava para guiar as almas no inferno que, por
sentir prazer em açoitá-las e nunca querer parar de fazê-lo era chamado de Sedento,
apareceu, fazendo um sinal para ser seguido pelo duque e seu servo até o local onde
estariam as ruínas. Não demorou muito para os três chegarem ao local mencionado,
com a visão de Baalzebu lhe deixando num misto de raiva e prazer, enquanto
observava as tropas mais ao fundo fazendo suas buscas para tentar achar mais
alguma coisa, afinal, a visão não era das melhores.
As ruínas se constituíam apenas de pilastras e pedaços de construções parecidas
com a arquitetura greco-romana, mas lapidadas e desenhadas de forma muito mais
bela e perfeita, fazendo a arquitetura greco-romana parecer coisa de meros
aprendizes, apesar de seu estado destruído no fundo do oceano e de estarem
posicionadas ali de forma aleatória.
Baalzebu: Mas o que significa isso? Sem dúvidas são da cidade procurada, mas
não pode ter sobrado apenas isso. - gritou furioso. - Eu quero a cidade e quero agora.
– ordenou ao seu servo.
Sedento: Senhor! As buscas estão sendo feitas já a algum tempo, mas só isso foi
encontrado até agora. - respondeu desviando a atenção do duque para si.
Baalzebu: Quando eu lhe perguntar alguma coisa, aí sim você abra essa sua boca
imunda, agora cale-se! - Sua voz demoníaca tomando conta de todo o ambiente,
seus olhos ficando vermelhos, enquanto manejava sua espada e retaliava o demônio
21
sem qualquer sinal de piedade, causando medo e terror em todos aqueles que
observavam o ser desaparecer como se fosse pó. - Agora! Sirva-me para alguma
coisa. – virando-se e falando calmamente ao diabrete, como se a cena de poucos
instantes atrás não tivesse ocorrido. - Vá até o meu amo e informe a ele da situação.
E vá depressa! Senão você terá o mesmo destino daquele inútil. - Apontando a
espada na direção de onde estava Sedento.
Diabrete: Sim, meu senhor! Já estou indo. - partindo em direção à superfície,
completamente desorientado, como se estivesse sempre tropeçando em alguma
coisa, sumindo após um tempo.
Baalzebu: “Se existe alguma coisa ocultando a verdadeira forma da cidade
perdida, somente meu amo poderá revelá-la.” – pensou. - Malditos sejam os mestres
da magia! - gritou com sua voz demoníaca, realizando um golpe de espada na água.
***
Adentrando a casa dos jovens os anjos perceberam o quanto ela era maior por
dentro, pois, por fora, se tinha a impressão de que ela era bem menor. Ao atravessar
a porta se tinha um corredor que levava até os fundos da casa, à direita ficava a
escada para os quartos no segundo andar, com um pequeno depósito abaixo dela, a
lavanderia, bem escondida ao fundo, e o arco de entrada da cozinha, com seus
móveis antigos conservados e uma mesa redonda, com a comida apimentada em
cima, próxima a janela, a qual dava para quem comia ali uma visão da parte externa
da casa, a mesma onde Remborx avisou à Tristan para treinar a sua energia
espiritual, com quatro cadeiras. As únicas coisas novas eram a geladeira e o fogão,
com as panelas do almoço preparado por Remborx. À esquerda, havia apenas uma
porta, que dava para a sala de estar onde estavam a televisão de LCD, de frente para
a porta, pendurada na parede, dois sofás brancos, um de três lugares de frente para
a televisão e de costas para a porta e outro, de dois lugares, à direita da porta, de
frente para a janela onde um pouco mais abaixo, do lado esquerdo, estava o buraco
provocado pelo choque de Remborx após o golpe de Menadel e ao lado do sofá um
banheiro para as visitas. O segundo andar era composto apenas de duas suítes. A
casa deixou o ofanin maravilhado.
Hahuiah: A casa de vocês é muito aconchegante e dá a impressão de ser bem
menor pelo lado de fora. - falou calmamente, admirando cada um de seus cantos
com seus olhos cor de mel.
22
Remborx: É invadida. Não é nossa, não. - Tristan ficou encarando-o enquanto os
anjos o olharam espantados. - Brincadeira. É nossa, sim. Vocês acreditam em tudo
que escutam. Eu, hein! - completou rindo, mas recebendo um olhar fulminante do
amigo e o ofanin entrando na brincadeira com gargalhadas.
Menadel: Olha só! Pelo jeito atrapalhamos o almoço de vocês. Se incomodam se
eu me juntar a vocês? É que materializar e ter que usar energia logo em seguida dá
uma fome. - perguntou observando a mesa com a comida.
Remborx: Claro! Sem problemas. Era o Tristan que estava comendo, mas ele não
gostou muito. Se quiser pode comer, tem outra comida no fogão para ele. - fazendo
um sinal com a cabeça, mostrando o fogão para Tristan.
Menadel: Muito obrigado, garoto. - respondeu se dirigindo até a cozinha, seguido
de Tristan.
Tristan: É Remborx! Muitíssimo obrigado. - lançou num tom um pouco irritado,
se lembrando da pegadinha do amigo, enquanto Remborx levantava as sobrancelhas
como se não tivesse entendido o porquê da reação do amigo.
Remborx: Seu nome é Hahuiah, certo? - o ofanin confirmou com a cabeça - Tem
algum problema se anjos comerem pimenta? - falou baixo, quase sussurrando para
o anjo ao seu lado.
Hahuiah: Depende do anjo. A reação muda de anjo para anjo, ás vezes não
acontece nada. Menadel pelo que sei nem sente seu gosto, mas nunca soube se ele
reagia a ela ou não, por quê? - perguntou curioso.
Remborx: Apenas curiosidade. - respondeu ansioso com o que pudesse acontecer
quando Menadel comesse o prato destinado antes à Tristan. – Venha. Sinta-se à
vontade. Sente-se em um dos sofás enquanto esperamos por eles para conversarmos
todos juntos. Eu vou ficar próximo à janela, mas não se importe comigo, vou apenas
tirar um cochilo. - disse se dirigindo para a sala de estar mostrando os sofás para
Hahuiah, enquanto ia em direção à janela.
Passados alguns minutos, Tristan e Menadel apareceram na sala, com Hahuiah
cumprimentando-os do sofá de frente para a janela e Remborx escorado de costas,
na parede ao lado dela, despertando no momento em que eles entraram na sala,
como se não estivesse dormindo. Os dois se ajeitaram no sofá em frente à televisão,
com a curiosidade tomando conta de Tristan, mas foi Remborx quem começou a
falar.
Remborx: Muito bem. Todos aqui, espero. – falou como se mais alguém pudesse
chegar. - Qual o motivo de anjos virem perder seu tempo com meros humanos?
23
Hahuiah: Não somos mais importantes que vocês, meu amigo. Cada um é único,
mas nunca mais importante. - falou calmamente, como se ensinando o jovem, que
apenas abriu um leve sorriso amigável.
Tristan: Milagre você não retrucar essa, hein? - rindo da situação do amigo, que
pareceu não se importar com o argumento.
Menadel: Estamos aqui porque um de vocês despertou os dons da magia antiga,
com a diminuição dos efeitos da membrana chamada de tecido da realidade.
Tristan: Ah! Sim. Fui eu mesmo, como você pôde ver assim que chegou.
Remborx: E estava mais que na hora. Mais de três anos treinando os princípios
de energia física e espiritual. Uma hora, nem que fosse com a redução dos efeitos
do tecido, ele tinha que conseguir, né? - mostrando certa indignação pelo fato de
Tristan ter demorado para despertar suas habilidades.
Hahuiah: Vocês já possuem esses conhecimentos? - completamente surpreso,
assim como Menadel, mas sua voz calma como sempre, com o que Remborx
acabara de dizer. - Achávamos que vocês tinham despertado ao acaso e não que já
tinham conhecimentos sobre isso.
Tristan: Treinamos a algum tempo sim. - confirmando as palavras do ofanin. - Só
não precisava dizer que eu estava demorando, afinal, tu não conseguiu fazer nada
até agora. - respondendo à Remborx, que apenas deu de ombros.
Menadel: Isso torna as coisas muito mais fáceis para nós, apesar de não
esperarmos por isso. Viemos para treiná-los mais a fundo então, ensinando-lhes
algumas coisas que talvez vocês não saibam, como magias e alguns outros
princípios. – explicou aos dois. - Eu e Hahuiah estamos aqui para ajudá-los a reunir
os seis guerreiros lendários e explicá-los a situação em que nos encontramos
atualmente.
Tristan: Seis guerreiros lendários? - perguntou totalmente confuso.
Hahuiah: Isso mesmo. - puxando a atenção dos jovens. - Na verdade, agora são
cinco, já descobrimos que você é um deles. - disse à Tristan. - Os seis são: você,
Tristan, o Mestre do Fogo e mais os mestres da Luz, da Terra, da Água, do Ar e das
Trevas. Estes são os seis guerreiros antigos e temos de reuni-los para a batalha que
se aproxima.
Tristan: Legal, cara! - completamente animado. - Então quer dizer que se
Remborx reagir com algum elemento, ele será um dos cinco?
Menadel: Exato! Mas tem chances de ele não ser um dos cinco também. Afinal,
temos um planeta inteiro para encontrar os outros cinco. - dando uma resposta que
24
não animou muito nenhum dos dois e mesmo sem parecer, principalmente
Remborx.
Remborx: E a batalha a qual você estava se referindo, é relacionada com o que
saiu do Muro das Lamentações? - perguntou tentando desviar do assunto.
Menadel: Você viu aquelas coisas saírem daquele lugar? – parecendo surpreso. –
Então você é um dos seis, não tenho dúvida. Pessoas normais não poderiam ter visto
aquilo, somente seres sobrenaturais e os seis. - Somente Hahuiah percebeu a
felicidade transbordar no corpo e alma de Remborx enquanto ele não aparentava
nada, graças às suas habilidades de ofanin, fazendo-o abrir um sorriso, que ninguém
entendeu.
Tristan: E o que aqueles demônios querem aqui?
Hahuiah: O que sabemos até agora é que estão procurando pela cidade perdida
de Atlântida, mas o motivo nós não sabemos ainda qual é.
Remborx: O quê? Atlântida? - gritou assustando a todos.
Menadel: Você conhece? - levantando-se.
Remborx: Não. Mas me pareceu importante. - falou calmamente balançando a
cabeça.
Menadel: Não me assuste desse jeito garoto. - esbravejou com o ofanin rindo da
situação e Tristan abaixando a cabeça com a mão na testa.
Ao se sentar novamente, Menadel começou a passar mal e abraçou sua barriga
com um nítido sinal de dor. Os outros vão prestar ajuda quando ele subitamente
começou a brilhar. Sua luz começou a oscilar como se ele mesmo estivesse tentando
apagá-la, mas sem sucesso. Então, ao perceber como aquilo não iria funcionar ele
falou:
Menadel: Preciso que me levem o mais longe possível daqui e o quanto antes,
não sei por mais quanto tempo vou conseguir aguentar. Se essa luz for liberada aqui,
irá tudo, e todos, pelos ares. - falou suando, com a voz como se estivesse fazendo
muita força.
Remborx: Deixem comigo. Vou o mais longe que puder. - disse pegando Menadel
e saindo correndo o mais rápido possível para longe da casa, indo para algum lugar
isolado.
Ao saírem da casa, Tristan e Hahuiah ficaram observando da porta, enquanto os
dois se afastavam rapidamente. Graças aos muitos anos de treinamento, Remborx
era muito mais rápido, se comparado com a maioria dos humanos e não demorou
muito para estarem à uma distância de trezentos metros da casa, em campo aberto,
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onde, dali mesmo, Menadel ordenou a sua volta, pois não aguentaria por mais muito
tempo. Ao retornar, enxergou Tristan e Hahuiah esperando-o.
Tristan: E então? - perguntou preocupado.
Remborx: Eu o deixei lá. Agora é só esperar e.... - quando Remborx ia terminar
de falar um forte clarão surgiu de onde ele havia deixado Menadel, seguido de sua
voz:
Menadel: Ultima Erubesceremus5!!! - seu grito pôde ser escutado pelos três
mesmo àquela distância.
O que veio a seguir foi inacreditável. Após as palavras de Menadel, um estrondo
foi ouvido e um globo de luz cresceu, até atingir um raio de aproximadamente cem
metros. Ao atingir seu tamanho máximo, um cone branco de luz se elevou aos céus,
causando um efeito incrível que pôde ser visto à quilômetros de distância, deixando
todos espantados, fascinados e apavorados com tamanha demonstração de beleza e
poder ao mesmo tempo. Não demorou muito e o evento terminou.
Remborx: Nossa! - falou impressionado. - Não sabia que se tinha um espetáculo
de luz tão incrível quando um anjo comia altas doses de pimenta. - em frente a porta,
ao lado de Hahuiah e Tristan, o qual o fulminou com os olhos.
Ao terminar de falar foi possível enxergar o ishin vindo muito velozmente com
suas asas abertas e uma expressão de extrema raiva em seu rosto. Sem poder reagir,
Remborx é atingido em cheio pelo soco do anjo, adentrando a casa voando e indo
parar somente quando encontrou a parede dos fundos, mas consciente. Todos
ficaram paralisados com a ação de Menadel, enquanto ele adentrava a casa,
fechando o corredor com as suas enormes asas recolhidas para impedir qualquer
chance de fuga do garoto.
Menadel: Você está querendo matar todo mundo garoto? - a raiva ecoando em
sua voz. - Você merece uma lição para aprender a respeitar os outros, ser mais sério,
e para ter noção do verdadeiro perigo.
Remborx: Não me leve a mal não, lanterninha. - se levantando, esfregando a mão
no rosto no local atingido por Menadel, que pareceu ficar mais indignado com a
provocação. - Ninguém até hoje conseguiu fazer isso, não. Acredito que você não
será o primeiro. - desafiando o ishin com um sorriso malicioso no rosto.
Menadel: É o que veremos! - esbravejou.
5 Ultima Erubesceremus: Resplendor Final.
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Como se estivessem analisando um ao outro, os dois ficaram se encarando por
algum tempo. A iniciativa de partir para cima foi de Remborx. O garoto saiu
correndo em direção ao ishin que, como se esperasse por aquilo, rapidamente tentou
desferir outro golpe, dessa vez para atingi-lo na boca do estomago, mas não
esperava pelo movimento do jovem. Com a intenção de sair de seu cerco, Remborx
correu como se fosse desferir um soco em Menadel e, no último instante, jogou seu
corpo por baixo do anjo, escapando de seu golpe. Ao escorregar, ele passou por
debaixo do ishin, deixando sua mão direita na perna esquerda do anjo, fazendo-o
dar um mortal no ar, enquanto o garoto se levantava rapidamente e se dirigia para
fora da casa.
Remborx: Me desculpe, lanterninha. - olhando para trás e rindo, enquanto saia da
casa correndo. - Mas acho que não é hoje que receberei uma punição sua.
Menadel: Você está enganado. - já apoiado no chão, realizando um movimento
que consistia em fechar as mãos em frente ao peito para logo depois tocar o chão
de palmas abertas. - Murus de Terrae6.
Hahuiah e Tristan apenas observavam enquanto tudo acontecia. Quando
Remborx passou por eles, o amigo fez menção de pará-lo, mas o ofanin tocou em
seu ombro e ao olhar para ele, viu o anjo fazer uma negativa com a cabeça, com um
sorriso tranquilo no rosto e, entendendo o recado, Tristan assentiu.
Remborx correu mais alguns metros quando em sua frente, de repente, surgiu
uma parede, a qual ele foi perceber um pouco tardiamente, se chocando fortemente
contra ela, caindo de costas no chão, atordoado. Essa não foi a única, mais três
apareceram, cada uma com mais ou menos seis metros de altura, fechando-o
completamente pelos lados e pelas costas. Tendo a prisão de Remborx concluída,
Menadel finalmente saiu da casa, se afastou um pouco para ficar mais próximo da
prisão.
Menadel: Agora fique bem quietinho aí. - gritou para Remborx poder ouvi-lo. –
Quando você pedir desculpas e eu achar que é a hora, vou tirá-lo daí. Nem tente
escalar, pois pelo lado de dentro as paredes são tão lisas, que são como se tivesse
óleo escorrendo por elas e magias também não funcionam, apesar de você não ser
capaz de executá-las. – explicou.
Tristan: Tem certeza de que isso pode mesmo prendê-lo? - perguntou
desconfiado.
6 Murus de Terrae: Muralha da Terra.
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Menadel: Claro. Somente os arcanjos são capazes de escapar dessas paredes e ele
não sabe como eles o fazem, então não tem problema. - falou confiante.
Tristan: Se tu tá dizendo. - entendendo a explicação de Menadel. - Vamos entrar.
Só nos resta esperar. - Virando-se para entrar na casa.
Dentro da muralha, Remborx voltava de sua tontura quando Menadel falava. Ele
se levantou e reparou na única saída possível, o teto, mas sabia não ser capaz de
chegar lá pulando e reparou também ser inútil tentar escalar. Ele cerrou os punhos
e deu um soco, irritado, na parede.
Remborx: “Droga. Eu não posso ficar aqui com a Terra desse jeito. Se ela for
destruída ou dominada pelos demônios, onde vou comer minha pizza ou até mesmo
minha lasanha?” - pensou.
Inconformado com sua situação, ele golpeou a parede outra vez e acabou se
lembrando das palavras ditas por Menadel e, de repente, uma ideia lhe veio à mente,
a única coisa não dita pelo ishin, assim, então, ele resolveu tentar. Olhou para o céu
e falou:
Remborx: Ei, lanterninha! - gritou chamando a atenção de todos, quase dentro de
casa, com Tristan na porta, esperando apenas Menadel, o último pelo lado de fora,
entrar. - Me desculpe, mas como eu havia dito antes, ninguém nunca me puniu e
você não será o primeiro.
As suas palavras causaram uma situação de espanto em Menadel, que foi em
direção às paredes onde o garoto estava e um tom de curiosidade surgiu em Hahuiah
e Tristan, os quais ficaram apenas observando.
Menadel: “Como um humano sem poder algum poderia escapar daquela prisão,
de onde somente os arcanjos podem sair?” - pensou.
Dentro das quatro paredes, Remborx virou-se, ficando de frente para a casa. Ele
ficou em posição de luta, fechando seus olhos. Começou a concentrar toda a sua
energia física em seu braço direito e quando abriu seus olhos, golpeou a parede à
sua frente com toda a sua força acumulada.
Remborx: Mega Ictum7. - falou.
Ao atingir a parede, uma pequena explosão, de dentro para fora da estrutura,
acabou acontecendo, jogando poeira e pedras a alguns metros de distância. No
momento, nem mesmo Hahuiah acreditou no que estava vendo, se mostrando
impressionado, afinal, como Menadel havia mencionado, apenas os arcanjos saíam
7 Mega Ictum: Mega Impacto.
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de tal prisão. O ishin não podia crer, pois antes de qualquer coisa, aquele ser era um
humano e não um arcanjo, enquanto via Remborx sair pelo buraco e se distanciar
dele, para a estrutura toda ruir em seguida. O jovem parou e fez um movimento com
as mãos no ombro, como se estivesse tirando a poeira acumulada, apesar de estar
limpo, e quando terminou, encarou o ishin, alguns metros à sua frente,
completamente sem reação.
Remborx: Você está mal, hein? - disse. - Mas não interessa. Vou lhe mostrar agora
do que eu, Remborx, o mestre da luz, sou realmente capaz.
Tristan: Como é? - surpreso com a revelação do amigo, afinal quando ele
descobriu que era o guerreiro da luz?
Remborx partiu em direção à Menadel, dando três passos, um mais rápido que o
outro e correndo uns cinco metros. Quando chegou a uma distância considerável do
anjo, saltou, atingindo uma altura incrível para um ser humano, passando, até
mesmo, da altura da própria casa, se virou de frente para o anjo, em pleno ar, após
passar por cima dele e acabar ficando de costas, e esticou o braço direito,
apontando-o para o ishin, segurando-o no pulso com sua mão esquerda. Em frente
à sua mão, começou a surgir uma bola de luz branca, a qual cresceu rapidamente,
se transformando em um cone de luz, atingindo em cheio o ishin, erguendo uma
meia esfera de luz no chão, conectada pelo cone de luz à mão de Remborx. Tristan
e Hahuiah tentaram, em vão, correr em direção ao ishin para evitar o impacto, tendo
apenas a opção de ficarem observando enquanto tudo acontecia.
***
No Sheol, Seradon apareceu na entrada da caverna onde Lúcifer se encontrava,
sendo parada pelos guardas da entrada, cada um com uma lança de
aproximadamente dois metros de comprimento, um pouco menor, se comparadas,
aos seus próprios corpos. Os dois possuíam a pele avermelhada, como se esta não
existisse, e o corpo inteiro estivesse em carne viva, suas cabeças eram totalmente
tapadas por um elmo, com dois chifres cada um e suas formas eram como a de
humanos grandes.
Guardas: Ninguém está autorizado a entrar no domínio de nossa querida
divindade. Afaste-se imediatamente, ou haverá consequências. - Suas vozes
demoníacas exalando o prazer de suas últimas palavras.
29
Seradon: Quem vocês pensam que são? Suas criaturas imundas. - falou
tranquilamente. - Sou Seradon! E vou mostrar a vocês o que acontece com quem
ousa ficar em meu caminho.
Erguendo a mão direita, ela abaixou a cabeça, ficando com os olhos fechados.
Ao realizar um movimento ágil e com um sorriso malicioso no rosto, ela levantou
rapidamente a cabeça, abrindo seus olhos, enquanto os dois guardas não se mexiam.
Ao estalar de dedos vociferou:
Seradon: Internus Lucidity. 8
Um grito de dor foi escutado vindo de dentro dos elmos dos guardas e quando o
silêncio tomou conta do ambiente novamente, os corpos desabaram, com enormes
quantias de sangue negro escorrendo por baixo dos elmos de cada guarda, se
espalhando por seus corpos e no chão ao redor.
Quando Seradon chegou às profundezas da caverna, Lúcifer abriu seus olhos e
ela se ajoelhou perante ele.
Lúcifer: Impressionante. - falou como se não prestasse muita atenção ao fato de
seus dois guardiões terem sido derrotados por ela em instantes. - Sua frieza é
incrível, minha cara. Agora me responda... por que não obedeceu aos guardas? –
perguntou tranquilamente, mas já sabendo da resposta de sua comandada.
Seradon: Só obedeço ordens diretas de Vossa Santidade. Quem tentar me dizer o
que fazer, eu simplesmente esmago. - falou parecendo tentar conter sua ira, gerada
pelos guardas, entretanto, sem sucesso.
Lúcifer: Excelente. Você sabe me agradar Seradon. Implosão Interna é uma das
suas piores torturas, mas você foi além, e esmagou a cabeça daqueles dois,
esplendoroso, eu digo, mas o que deseja?
Seradon: As buscas já começaram e até agora nenhum exército mostrou algum
resultado. - respondeu ela sem se importar com as palavras anteriores de seu mestre.
Lúcifer: Você está querendo sair daqui tão rápido assim Seradon? - ela reagiu
como se levasse um susto, mas ele não reparou, ou pelo menos, ela assim imaginou.
- Não se preocupe tanto, logo teremos notícias satisfatórias, até lá - sua expressão
mudou e sua voz alterou-se um pouco. - Fique aqui e faça o que eu lhe ordenar, se
começar a me incomodar com tolices, ou falta de resultados eu...
Nesse momento ele é interrompido, não só pelo receio de completar sua frase,
mas também porque uma voz horrível surgiu gritando da direção da entrada da
8 Internus Lucidity: Implosão Interna
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caverna, de onde Seradon havia vindo. Ela olhou para trás, chamando a atenção de
Lúcifer, fazendo-o tomar uma expressão neutra, como se nada estivesse ocorrendo,
uma forma para muitos, assustadora. Ao adentrar o recinto do senhor do Sheol, o
diabrete de Baalzebu começou a falar:
Diabrete: Meu caro amo, mestre e senhor. Lorde Baalzebu me mandou aqui para
lhe dizer que foram encontradas ruínas, as quais parecem pertencer à cidade
perdida, mas muito pouco e quase nada satisfatório. - Lúcifer se levantou e Seradon
virou para frente, abaixando a cabeça, prevendo os acontecimentos seguintes. - É o
único lugar com aquelas ruínas em todas as direções meu Senhor, e Baalzebu tem
certeza de que ali está escondida a cidade, mas como? Não sabemos. Ele pediu para
que Vossa Majestade desse uma olhada no lugar.
Lúcifer: Boas notícias finalmente. - enquanto caminhava e se dirigia para trás do
diabrete, com este parecendo uma criança feliz, pulando de alegria. - Você merece
uma recompensa. Apesar de ser um inútil, até que serviu para alguma coisa.
Diabrete: Eu? Meu senhor.
Lúcifer: Claro. - Esbanjando um sorriso, sentido por Seradon e lhe causando
arrepios, pois sabia o significado daquilo. - Sente-se no trono.
Sem pensar duas vezes, o diabrete passou por Seradon e rapidamente sentou-se
no trono de caveiras e ossos, sem saber dos eventos que viriam a seguir. Ao se
sentar, amarras com grossos espinhos surgiram e prenderam seus braços e pernas,
perfurando-os e causando enormes gritos de dor no pequeno ser.
Lúcifer: Agora, seu diabinho. - falou carinhosamente, com um sorriso amigável,
levantando o rosto do diabrete apavorado, tremendo-se todo e com a dor lhe
castigando, para ele lhe observar tomando a pior das faces demoníacas e gritar com
uma voz horrenda, causando medo a tudo e todos capazes de escutá-lo. - Nunca
mais me interrompa enquanto eu estiver falando. Não invada meus domínios sem
ser anunciado, caso não seja alguém que possa realmente fazê-lo e não demonstre
alegria na minha frente, aquele que faz isso merece apenas o sofrimento eterno.
Agora desapareça.
Ao virar-se, se afastou um pouco e voltou à sua face normal. Como se tivesse
vida e entendesse o comando, a cadeira continuou a tortura e lentamente, de todas
as direções possíveis, agulhas enormes começaram a atravessar o pequeno diabrete
uma de cada vez, que rugia de dor, implorando por perdão. Uma última agulha veio
por suas costas, trespassando-o rapidamente na altura do coração, jogando sangue
em cima do rosto de Lúcifer. Num movimento rápido, todas desenharam um
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semicírculo no ar, cortando-o em vários pedaços, com mais sangue sendo jogado,
atingindo e sujando até mesmo Seradon.
No fim dos movimentos, uma chama poderosa e incrivelmente quente surgiu,
fazendo os gritos cessarem aos poucos e transformando qualquer vestígio daquele
pequeno ser em cinzas, as quais foram levadas por um vento misterioso, limpando
o trono, seguido do retorno de Lúcifer ao seu lugar.
Lúcifer: Seradon! - falou logo depois de limpar com sua própria língua o sangue
negro escorrido em seu rosto, mas o silêncio da garota se manteve. - Quero que
tome conta das coisas enquanto eu estiver fora. Vou ver o que Baalzebu quer e,
assim que resolver as coisas, retornarei. Até lá, Abaddon ficará com você. O resto
você já sabe, uma boa tortura e dependendo do caso, a morte.
Seradon: Sim. Meu senhor. - falou cuidando o tom de sua voz para não entregar
seu medo.
Apesar de pertencer àqueles domínios, Seradon odiava a morte e os efeitos nos
corpos de seres torturados. Até por isso, ela apenas utilizava a implosão interna
como tortura, somente para causar dor, pois os efeitos externos não eram vistos e
caso ela tivesse de chegar ao extremo de causar danos sérios, a ponto de serem
vistos, cobria o alvo de sua magia. Por esse motivo ela a utilizou nos guardas, já
que estavam com as cabeças cobertas pelos elmos, mas quase não suportou ao ver
o diabrete de Baalzebu na cadeira de Lúcifer, com seu sangue sujando o lugar, assim
como ela também. Seu mestre sabia disso e se deliciava com a reação da garota,
mas sem ela saber, pois de alguma forma, ele a temia.
***
Remborx: Flamine Purificationem9. - gritou em pleno ar, enquanto a energia
atingia Menadel.
Após escutar o nome da magia desferida por Remborx, o ofanin abriu um sorriso
de satisfação, entendendo qual era a real intenção do garoto, com Tristan ficando
impressionado devido à tamanha quantidade de energia desferida pelo amigo,
mesmo sendo aquela, uma magia de cura, segundo sua análise.
Após disparar o golpe em Menadel, Remborx acabou atravessando o telhado da
casa e desaparecendo, enquanto era observado por Tristan e Hahuiah mais abaixo e
9 Flamine Purificationem: Explosão Purificadora.
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a energia em volta de Menadel desaparecia aos poucos. Quando o ishin ficou
totalmente visível, suas asas haviam sumido e seu corpo estava limpo, com as únicas
marcas em sua roupa, a da sujeira do confronto que acabara de acontecer, as quais
ele mudou rapidamente graças às suas habilidades de poder atravessar o tecido e
reformular, até mesmo, a própria imagem. Ele ficou olhando suas mãos, percebendo
o quanto o poder de Remborx havia lhe afetado, pois não foram apenas suas asas
ou seus ferimentos que haviam sumido, mas seu vigor e sua energia também
retornaram. Impressionado com os efeitos da magia, ele retornou ao lugar onde
estavam Tristan e Hahuiah.
Tristan: Tu tá bem? - perguntou parecendo preocupado e surpreso ao mesmo
tempo.
Menadel: Parece que sim. – ainda observando suas mãos, surpreso com o que
acabara de acontecer. - Pelo jeito eu subestimei as capacidades de vocês dois.
Hahuiah: Melhor ir vermos como ele está. - falou chamando a atenção dos dois.
Subindo as escadas da casa, os três entraram no quarto onde o telhado parecia
estar quebrado, devido à sua claridade, e se depararam com Remborx deitado na
cama dormindo. Era possível perceber como aquela posição, na qual ele estava
deitado, fora provocada pela sua queda a partir do telhado, pois estava de barriga
para cima e os braços atirados, mostrando que ele havia caído direto em cima da
cama, em sono profundo, imediatamente. Os três o observaram por um tempo e
retornaram para a sala onde Menadel e Hahuiah contaram um pouco mais para
Tristan sobre Atlântida e as habilidades possíveis de serem desenvolvidas por ele.
Menadel: Muito bem então! Quando Remborx acordar vamos treinar. Como
vocês demonstraram poder realizar algumas coisas, vou dividi-los, um ficará
comigo e o outro com Hahuiah. - explicou. - Acredito que, devido às demonstrações
de Remborx, Hahuiah deveria treiná-lo por um tempo, os dois vão se dar muito bem
e você sofrerá em minhas mãos.
Hahuiah: Menadel! - lançando um olhar de repreensão ao ishin.
Menadel: Brincadeira. - como se estivesse se desculpando.
Tristan: Tudo bem. Tranquilo. Duvido que você possa ser mais chato que
Remborx.
Menadel: Concordo plenamente.
Os três riram por um longo tempo daquilo e assim ficou resolvido, Hahuiah
cuidaria de Remborx e Menadel de Tristan em um primeiro momento. O dia passou
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e a noite veio logo, com Remborx deitado em sua cama sem dar sinais de seu
possível despertar.
***
Passado algum tempo, Remborx finalmente acordou, mas por um momento a
escuridão tomou conta de tudo ao seu redor. Estranhamente, uma fonte de luz
emergia de seu corpo, o suficiente para iluminar o ambiente. Ele ainda se encontrava
na casa, o que fazia aquilo parecer muito estranho, afinal, por que Tristan não
ascendera as luzes ainda se estava tão escuro?
Descendo as escadas e saindo da casa, ele percebeu o porquê daquela situação,
ele não se encontrava mais na terra na qual havia nascido e sim em um mundo
horrível, sem a grama do campo e as árvores isoladas por onde se olhava em volta
do lago, o qual também desaparecera. Estava em um lugar onde o solo possuía uma
terra fina e pesada, de cor avermelhada, parecida com sangue, focos de fogo se
espalhando pela vastidão e um céu avermelhado que parecia não ter fim. Os gritos
de dor e sofrimento eram constantes mas, mesmo olhando ao seu redor, em
praticamente todas as direções, não conseguia identificar de onde aqueles sons
pareciam surgir.
Caminhando por aquele lugar completamente estranho e aterrorizante para ele,
começou a chamar pelos nomes de Tristan, Hahuiah e Menadel, mas sem sucesso.
Passado um tempo, acabou escutando uma outra voz se destacando entre todo o
caos à sua volta, pedindo por socorro, implorando por ajuda. Esquecendo de tudo,
começou a correr em direção ao local de onde achava estar vindo aquela misteriosa
voz. Com o aumento de sua intensidade, ele escutou seus gritos, como se a
estivessem machucando, torturando, fazendo o garoto apertar seus passos.
Após um tempo correndo, a voz cessou de repente e uma caverna começou a
surgir à sua frente, brotando pelo chão. Impressionado com o fenômeno, não se
moveu até que não houvesse mais nenhum tipo de movimento por parte da
montanha. Criando um pouco de coragem e sendo bastante cauteloso, ele entrou na
caverna, prestando atenção em tudo à sua volta, pois, caso fosse necessário, ele
começaria a correr ou se defender. No fundo da caverna havia uma área ampla, onde
muitas escadas levavam até uma parede cheia de correntes suspensas e argolas.
Subindo-as, Remborx encontrou, na base da parede, uma garota de joelhos no chão,
sustentada pelos braços por duas correntes, que a apertava pelos pulsos. Aos seus
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olhos ela era bela, mesmo sem enxergar muito bem seu rosto, pois estava abaixado.
Reparou em como ela era um pouco mais baixa do que ele, estava com um vestido
preto, o qual ia até metade de suas coxas, firmado em seus ombros, com parte dos
seios à mostra. Estava bastante machucada e no vestido haviam buracos e rasgos
espalhados aleatoriamente em algumas partes. Imaginou ser ela quem gritava por
ajuda, mas não viu quem, ou o que, a estava atormentando.
Como se tivesse sentido a presença do garoto, ela levantou seu rosto e abriu seus
olhos verdes, com seus cabelos negros cacheados caindo pelos ombros.
Remborx: Ei. Você está bem? - Indo em direção a ela e se abaixando, ficando
face a face com ela, admirado por sua beleza.
Garota: Por favor. Não venha. Você não pode me salvar. Se vier até aqui vai
acabar morrendo. Ele vai acabar matando você. - sua voz fraca ecoando pelo lugar.
Remborx: Agora é um pouco tarde, senhorita. Vou tirá-la desse lugar. – levantou,
analisando as correntes. - Vou quebrar essas correntes e libertá-la de uma vez.
Garota: Não faça isso. Você não tem nenhuma chance contra ele. - mostrando-se
assustada.
Remborx: Não sei porque, mas gostei de você e não posso deixá-la sozinha agora.
- encarou-a e se posicionou. - Mega Ictum10. – socando as correntes com um soco
poderoso, quebrando-as e fazendo a garota cair, mas segurando-a em um
movimento rápido com seus braços, apoiando-a em seus ombros.
Garota: Ele não deixará você ficar comigo. - procurando abrigo em um abraço
ligeiro.
Remborx: Seja quem for, terá de passar pelo Remborx aqui, e isso não é muito
fácil, pode ter certeza. - disse ele sorrindo.
Enquanto estava abraçado com a garota de joelhos no chão, Remborx sentiu um
forte baque em suas costas, o qual atravessou seu corpo, saindo na altura do coração.
Ao olhar para o próprio peito, uma espada com seu sangue saía de seu peito.
Garota: Nãããããooooo. - gritou com as lágrimas começando a cair de seus olhos
e uma voz demoníaca sendo ouvida logo em seguida.
Voz: Você não irá tirá-la de mim. Ninguém irá. Ela irá pertencer para sempre a
mim e a este lugar. - completou com uma risada de satisfação.
Seus olhos começaram e escurecer enquanto escutava a voz da garota se esvair
cada vez mais, enquanto gritava seu nome ininterruptamente.
10 Mega Ictum: Mega Impacto.
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***
A voz de Tristan chamando e sacudindo Remborx o acordaram. Estava suando e
seu rosto era de pavor, com a cama toda revirada à sua volta.
Tristan: Remborx, tudo bem? - perguntou preocupado.
Remborx: Tristan, você precisa salvá-la. Vá enquanto ainda há tempo, ou então
ele vai pegá-la e machucá-la mais. - nitidamente apavorado.
Hahuiah: Calma. Foi apenas um sonho ruim. - falou tranquilamente pousando
sua mão na testa de Remborx, tranquilizando seu corpo e mente.
Remborx: Ah! Certo. Desculpe. - desviando o olhar. - Devia ter notado que era
apenas um sonho.
Hahuiah: Pode ser que não tenha sido apenas um sonho, mas depois conversamos
sobre isso. - seu sorriso tranquilo acalmando ainda mais, não só Remborx, mas
Tristan também, que estava nervoso com a situação do amigo.
Após aquilo, Remborx foi deixado sozinho para se banhar e arrumar, enquanto
Tristan ia ajeitar o almoço. Menadel meditava à sombra de uma árvore e Hahuiah
foi assistir televisão. Ao terminar, Remborx desceu até a cozinha e comeu seu
almoço para se reunir aos anjos e Tristan e contar à eles sobre o sonho na sala da
televisão.
Menadel: Muito interessante. - falou pensativo. - Parece ser algum tipo de
premonição, o que acha Hahuiah?
Hahuiah: Parece mais um aviso, na minha opinião. Talvez no futuro ele vá se
deparar com uma situação parecida com essa e vá ter de decidir se seguirá em frente,
podendo ter de encarar o trágico destino do sonho.
Remborx: Mas eu achei a espada interessante. - falou chamando a atenção de
todos. - Ah! Qual é? Não é porque ela me atravessou, afinal ela soube tocar meu
coração.
Tristan: Com certeza. - encarando seriamente o amigo.
Remborx: Bom. Ela parecia possuir um poder magnífico.
Menadel: A sua descrição das coisas parecia muito ser de parte do Sheol, mas
não sei bem, não conheço o lugar para saber se há cavernas com humanas presas
por lá. Ainda mais vivas.
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Tristan: Não temos muito tempo para pensar não é? Temos de treinar. Somos os
únicos, por enquanto, capazes de reverter essa situação em que nos encontramos. –
mudando de assunto.
Remborx: Tá afim de virar o “tocha humana” rápido né? Posso dar um jeito. Só
não quero o lanterninha iluminando o terreno. - rindo em seguida.
Menadel: Muito engraçado. – falou, se dirigindo à Tristan em seguida. - Você tem
razão. Melhor começarmos logo. Hahuiah! Você cuida dele. - realizando um
movimento com a cabeça, indicando Remborx. - Eu vou com Tristan. Acho que
você tem mais a oferecer mesmo.
Remborx: Legal. Vou parecer um monge budista. - falou fazendo Menadel rir
dessa vez.
Hahuiah ficou com Remborx na sala para orientá-lo sobre suas habilidades de
Luz, enquanto Menadel saiu com Tristan para ajudá-lo com o Fogo. O ofanin
auxiliava Remborx com os princípios de cura, para ele poder utilizar mais esses
tipos de magia em caso de necessidade, mostrando para ele como esses princípios
também poderiam ser utilizados como ataque contra seres malignos, ou das trevas,
deixando o garoto impressionado.
Menadel mostrava à Tristan os controles de temperatura corporal, os princípios
de criação do fogo com as próprias mãos, fortalecendo suas habilidades e mostrando
à ele magias poderosas, as quais ele poderia aprender e aprimorar para si mesmo,
utilizando-as como bem entendesse, fazendo efeitos incríveis enquanto treinava nos
fantoches criados por Menadel para serem utilizados como alvos. E assim, nesse
ritmo, três meses se passaram.