reorganização viária de campos dos goytacazes - mestrado ufrj
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7/26/2019 Reorganizao Viria de Campos Dos Goytacazes - Mestrado UFRJ
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola Politcnica
Programa de Engenharia Urbana
Mariel Lima de Oliveira
REORGANIZAO VIRIA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
UMA PROPOSTA RETOMADA
Rio de Janeiro
2012
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7/26/2019 Reorganizao Viria de Campos Dos Goytacazes - Mestrado UFRJ
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UFRJ
Mariel Lima de Oliveira
REORGANIZAO VIRIA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
UMA PROPOSTA RETOMADA
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Engenharia
Urbana, Escola Politcnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em
Engenharia Urbana.
Orientador: Prof. Dr. Armando Carlos de Pina Filho
Rio de Janeiro
2012
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FICHA CATALOGRFICA
OLIVEIRA, Mariel Lima de
Renovao Viria de Campos dos Goytacazes: Uma PropostaRetomada/ Mariel Lima de Oliveira. - 2012.
118 f.: 85 il.
Dissertao (Mestrado em Engenharia Urbana) -Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politcnica.
Orientador. Armando Carlos de Pina Filho.
1. Mobilidade Urbana. 2. Reformas Urbanas. 3.Desenvolvimento Urbano. I. Pina Filho, Armando Carlos de. II.Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politcnica. III.Ttulo.
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UFRJ
REORGANIZAO VIRIA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
UMA PROPOSTA RETOMADA
Mariel Lima de Oliveira
Orientador: Prof. Dr. Armando Carlos de Pina Filho
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Engenharia
Urbana, Escola Politcnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em
Engenharia Urbana.
Aprovada pela Banca:
___________________________________________________
Presidente, Prof. Armando C. de Pina Filho, Doutor, UFRJ
__________________________________________________
Prof. Angela M. Gabriella Rossi, Doutora, UFRJ
__________________________________________________
Prof. Aristides Incio F. Marques, Doutor, ISECENSA
Rio de Janeiro
2012
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Dedico este trabalho a Waldir de Oliveira, meu pai, de
quem absorvi os exemplos da perseverana, da
autoconfiana, da honestidade, da dedicao ao estudo e
do amor ao trabalho, sem os quais, acredito, no teria
alcanado o resultado conseguido.
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Agradeo minha esposa Ana Maria, pelo apoio, estmulo
e compreenso diante o tempo em que se viu privada de
minha presena, assoberbada com a minha parcela de
responsabilidades domsticas, enquanto dedicado aos
deslocamentos ao Rio de Janeiro para as aulas na
Poli/UFRJ e o longo tempo dedicado s pesquisas e
redao deste trabalho.
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SUMRIO
CAPTULO 1INTRODUO ..............................................................................................................1
1.1 Apresentao do Tema ...................................................................................................1
1.2 - Objetivo ............................................................................................................................3
1.3 Justificativa .......................................................................................................................4
1.4 Metodologia ......................................................................................................................5
1.5 Estrutura do Trabalho .......................................................................................................5
CAPTULO 2 CONTEXTO HISTRICO .............................................................................................6
2.1A Ocupao Urbana Dos Campos Dos Goytacazes ........................................................6
2.2Principais Planos Urbansticos .......................................................................................19
2.2.1A Urbanizao Da Cidade, A Questo Sanitria e Os Planos dos Eng.s
Bellegarde, Amrico Pralon e Saturnino Braga..........................................................19
2.2.2 O Plano Coimbra Bueno/Alfred Agache de Remodelamento Urbano de Camposdos Goytacazes ........................................................................................................30
2.2.3O PDUC de 1979, Zoneamento e Uso do Solo, Reconfigurao Viria e Densificaoda Ocupao do Solo .................................................................................................40
2.2.4A Proposta de Reordenao Viria de Mariel de Oliveira para Campos dosGoytacazes .................................................................................................................43
CAPTULO 3A HIERARQUIA DO MOVIMENTO E A MOBILIDADE URBANA ..............................50
3.1Consideraes Quanto a Estrutura Urbana e a Hierarquia do Movimento em Camposdos Goytacazes .............................................................................................................50
3.2O Que Vem Mudando na Estruturao da Mobilidade Urbana em Campos dosGoytacazes desde a Proposta de Mariel de Oliveira em 1996 .....................................64
3.3O Que se Projeta Mudar no Tecido Urbano de Campos dos Goytacazes ...................81
CAPITULO 4RETOMADA DA PROPOSTA DE REORDENAMENTO VIRIO DO AUTOR DESTA
PESQUISA ..................................................................................................................86
4.1 - As Intervenes J Ocorridas na Cidade de 1996 a 2011 e as Novas Perspectivas de
Crescimento da Cidade ...................................................................................................86
4.2Retomando a Proposta de Reordenao Viria do Autor Desta Pesquisa ..................93
CAPTULO 5CONSIDERAES FINAIS ......................................................................................101
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NDICE DE FIGURAS
FIG. 1- Flagrante do porto fluvial de Campos dos Goytacazes. 1876....................................................8
FIG.2 - Ponte ferroviria sobre o Rio Paraiba do Sul1908 .................................................................8
FIG.3 - Solar do Baro da Lagoa DouradaHoje Liceu de Humanidades de Campos........................9
FIG. 4- Cenas de inundaes na cidade de Campos no incio do sculo XX........................................10
FIG. 5- Caixa dgua e ETA em princpio do sc.XX..............................................................................11
FIG. 6 - Os bondes eltricos, implantados em 1916 em Campos dos Goytacazes..............................12
FIG. 7 Alargamento e Pavimentao Av. XV de Novembro, Plano Coimbra Bueno/Agache............13
FIG. 8- O remodelamento virio, com alargamento e pavimentao das vias......................................14
FIG. 9- Jardim do Liceu, remodelado no Plano Coimbra Bueno/Agache.............................................14
FIG. 10- Av. XV de novembro, aps remodelamento, Plano Coimbra Bueno/Agache........................15
FIG. 11Jardim de Alh, Plano Coimbra Bueno/Agache....................................................................15
FIG. 12Mapa temtico da contagem de populao RJ/ Campos dos Goytacazes.............................18
FIG. 13- Mapa urbano da Villa de Campos dos Goytacazes, traado por Bellegarde.........................20
FIG. 14- rea de abrangncia do Plano Pralon......................................................................................21
FIG. 15 -Planta de CamposPlano de Saneamento de Campos, Saturnino de Brito -1903..............23
FIG 16- Proposta ao saneamento do trecho urbano do canal Campos Maca...................................25
FIG. 17- Proposta de controle da insolao urbana.............................................................................26
FIG. 18- Proposta de modelos modulados de habitao popular........................................................26
FIG. 19- Proposta de reforma do matadouro da cidade.......................................................................27
FIG. 20- Proposta de reforma do matadouro da cidade......................................................................27
FIG. 21- Proposta de vielas sanitrias e padres de esgotos domicilirios.........................................28
FIG. 22- Plano de Defesa da cidade de Campos contra inundaes..................................................29
FIG. 23- Plano de Defesa da cidade de Campos contra inundaes.................................................29
FIG.24- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944...............................33
FIG. 25- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944..............................33
FIG. 26- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944..............................34
FIG. 27- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944..............................34
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FIG. 28- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944..............................35
FIG. 29- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944..............................35
FIG. 30- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944..............................36
FIG. 31- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944..............................36
FIG. 32- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944..............................37
FIG. 33- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944..............................37
FIG. 34- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944..............................38
FIG. 35Ponte Barcelos Martins, construda pelo Baro da LagoaDourada......................................40
FIG. 36Ponte Barcelos Martins, construda pelo Baro da Lagoa Dourada.....................................40
FIG. 37Perimetrais projetadas no PDUC 1979Campos dos Goytacazes.....................................41
FIG. 38Ilustrao da proposta da ponte de consolidao do eixo Norte/Sul....................................46
FIG. 39Ilustrao da proposta do viaduto de consolidao do eixo Leste/Oeste.............................47
FIG. 40- Vias estruturaisSistema virio bsico, proposto por Oliveira em 1996..............................49
FIG.41Praa S. Salvador, dcada de 1920. Charretes de aluguel...................................................51
FIG.42Praa S. Salvador, dcada de 1930. Automveis estacionados. Ao fundo o Bonde Eltrico.52
FIG.43Praa S. Salvador, dcada de 1930. Flagrante de visita de Getlio Vargas cidade...........52
FIG.44Rua 21 de Abril, dcada de 1950...........................................................................................53
FIG.45Estrutura Urbana Centrpeta..................................................................................................54
FIG.46Ordenamento Hierrquico de vias urbanas...........................................................................55
FIG.47Avenida Nilo Peanha....................................................................................................57
FIG.48Avenida 28 de Maro.....................................................................................................58
FIG.49Av Presidente Kennedy..................................................................................................58
FIG.50Avenida Jos Carlos Pereira Pinto.................................................................................59
FIG.51Avenida XV de Novembro...............................................................................................59
FIG.52AvenidaArthur Bernardes......................................................................................................60
FIG.53Avenida Jos Alves de Azevedo............................................................................................60
FIG.54Superposio de Linhas de transporte coletivo no acesso e sada do centro........................62
FIG.55Superposio super-intensa de linhas de nibus na Av. Jos Alves de Azevedo.................63
FIG.56Flagrante de Trnsito,congestionamento na Avenida 28 de Maro.......................................66
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FIG.57Flagrante de Trnsito, acesso ponte General Dutra............................................................66
FIG.58Flagrante de Trnsito, Av. 28 de Maro ,a moto faz manobra proibida, ao inverso da baia decruzamento............................................................................................................................................67
FIG.59Flagrante de Trnsito, Av. 28 de Maro.................................................................................67
FIG.60Flagrante de Trnsito, confluncia das Ruas Ypiranga e Goytacazes cruzando a Av. 28 deMaroa manobra do carro no centro da foto proibida.....................................................................68
FIG.61Ponte Gov. Leonel Brizola, que consolida o eixo Norte/Sul proposto por Oliveira.................69
FIG.62Ponte Gov. Leonel Brizola, que consolida o eixo Norte/Sul proposto por Oliveira.................69
FIG.63Ponte Alair Ferreira, que facilita o Anel Perimetral Interno proposto por Oliveira, vista damargem esquerda do rio .......................................................................................................................70
FIG.64Ponte Alair Ferreira, que facilita o Anel Perimetral Interno proposto por Oliveira .................70
FIG.65Ponto crtico para consolidao do eixo Leste/Oeste proposto por Oliveira (1996)...............72
FIG.66Indicao do viaduto para consolidao do eixo Leste/Oeste proposto por Oliveira (1996)..72
FIG.67Implantao da Estrada dos Ceramistas................................................................................73
FIG.68Implantao da Avenida Arthur Bernardes.............................................................................75
FIG.69Zona de reteno que anula o ganho de fluidez da Av. Jos A. de Azevedo........................76
FIG.70Fluxo cruzado do trfego na zona de reteno frente ao Mercado Municipal........................76
FIG.71Obras de Reurbanizao da Av. Jos Carlos Pereira Pinto...................................................77
FIG.72Trecho de Reurbanizao da Av. Lourival Martins Beda.......................................................78
FIG.73Obras de Reurbanizao da Av. Lourival Martins Beda.........................................................79
FIG.74Obras de Reurbanizao da Av. Lourival Martins Beda.........................................................79
FIG.75Viso geral das intervenes de reurbanizao atuais em Campos dos Goytacazes...........80
FIG.76Proposta da ANTT para o novo contorno de Campos dos Goytacazes.................................83
FIG.77Interligao do corredor logstico com o novo contorno de Campos dos Goytacazes...........84
FIG.78Seo do corredor logstico do Complexo Industrial do Porto do Au...................................85
FIG.79Concepo do corredor logstico do Complexo Industrial do Porto do Au. Contorno da
BR101-Norte demarcado pelo autor......................................................................................................85
FIG.80Tendncia de ocupao no crescimento do tecido urbano em Campos dos Goytacazes.....90
FIG. 81Grfico comparativo da evoluo da populao e frota de veculos entre 2000 e 2011.......92
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FIG.82Ala Sul do Anel Perimetral Interno proposto.........................................................................94
Fig.83Mapeamento da Ala Sul do Anel Perimetral Interno proposto..............................................95
FIG.84Ala Norte do Anel Perimetral Interno proposto.....................................................................96
Fig. 85Mapeamento da Ala Norte do Anel Perimetral Interno proposto ........................................97
FIG.86Rede Estrutural proposta para reordenao viria em Campos dos goytacazes..................98
FIG.87Eixos Estruturais e Rodovias que cruzam o tecido urbano em Campos dos Goytacazes...100
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RESUMO
OLIVEIRA, Mariel lima de. Reorganizao Viria de Campos dos Goytacazes Uma proposta
retomada.Rio de Janeiro, 2012. Dissertao (Mestrado) - Programa de Engenharia Urbana, Escola
Politcnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
A mobilidade urbana tem sido nas cidades brasileiras de mdio a grande
porte um problema recorrente, funo de um crescimento desmedido das frotas
circulantes combinado com anos de inrcia administrativa do poder pblico
municipal, responsvel direto pelo uso e ocupao do solo e a estruturao viria
em seus territrios. Em Campos dos Goytacazes esse quadro reflete de na ultima
dcada haver ocorrido um crescimento de frota 9,5 vezes maior que o da populao,
com a taxa de veculos por habitante saltando de 0,14 para 0,22 entre 2001 e 2011.
A taxa de automveis por habitante cresceu no mesmo perodo de 0,22 para 0,36.
Esse cenrio incide sobre uma rede viria carente de organizao hierrquica, com
vias estruturais fragmentadas no tecido urbano, sem continuidade de fluxos e com o
trnsito se desenvolvendo em fluncia centrpeta enquanto as relaes de
movimento no interesse de viagens h muito se desenvolve em rede. O que resulta
desse quadro uma situao de trafego congestionado, com vias estruturais
saturadas e que, diante da perspectiva atual de crescimento acelerado da
populao, que deve dobrar nos prximos dez anos, anuncia uma crise de
mobilidade urbana a vitimar a cidade. Este trabalho busca estudar a estruturao
viria de Campos dos Goytacazes, a partir de seus antecedentes histricos, dos
planos urbansticos que a forjaram, at seu momento atual, gerando uma soluo
preventiva a essa crise de mobilidade que se avizinha pela retomada da proposta de
reorganizao viria do tecido urbano da cidade, desenvolvida por Mariel de Oliveira
nos anos de 1995/1996 contratado pela CODENCA (Companhia Municipal de
Desenvolvimento de Campos).
Palavras chave: Mobilidade urbana; reformas urbanas; desenvolvimento urbano;
Campos dos Goytacazes.
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ABSTRACT
OLIVEIRA, Mariel lima de. Reorganizao Viria de Campos dos Goytacazes
Uma proposta
retomada. Rio de Janeiro, 2012. Dissertao (Mestrado) - Programa de Engenharia Urbana, Escola
Politcnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
In Brazil, there is a recurring problem of urban mobility in the mdium to largecities due, both to the growth of the current fleet and to the administrative inertia ofthe municipal governments who are directly responsible for the land use roadstructure. Campos dos Goytacazes reflects this situation as over the last decadethere has been a fleet growth of 9,5 times the population, with the rate of vehicles per
capta vising from 0.14 to 0.22 between 2001 and 2011. The fax rate of cars per captahas risen from 0.22 to 0.36 in the same period. This scenario focuses on a poorhierarchical organization of road networks with structural roads in a fragmentedurban fabric. Without continuity in the traffic flaws and developing fluency in thecentripetal motion as it relates the interest in long trips as the network develops. Theresulting picture is that of traffic jams, with structural path ways saturated even beforethe expected doubling of the population over the next few years for warning the crisisof urban mobility which will victimize the city. This work studies the road structure ofCampos from their historical antecedents up to the current town plans. A solution to
this mobility crisis would be the resumption of the reorganizational plan of the cities,developed by Mariel de Oliveira from 1995/1996 and contracted by CODENCA(Municipal Development Company of Campos dos Goytacazes)
Key - words: urban mobility, urban reforms, urban development; Campos dos
Goytacazes.
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CAPTULO 1 INTRODUO
1.1 APRESENTAO DO TEMA
O Planejamento e a gesto urbanos, personificados pelo poder municipal,
embora derivados de um mesmo corpo poltico-administrativo vivenciam conflitos
conceituais na medida em que o primeiro estabelece condicionamentos de uso e
ocupao do solo, medidas restritivas ao direito de construir, priorizao do
interesse social coletivo sobre os interesses particulares, especficos, dos agentes
da produo imobiliria na construo do espao urbano. A gesto, por sua vez,
enquanto agente executor das metas e objetivos ordenatrios do desenvolvimento
urbano no alinhamento scio-espacial estabelecido pelo planejamento atua sob
presso poltica, por influncia dos interesses do capital financiador do crescimento
e desenvolvimento urbanos que encontram obstculo nas limitaes legais
estabelecidas pelo planejamento e sob presso social nas inconformidades de
ocupao e uso do solo advindas do assentamento em zonas de risco e/ou de
preservao ambiental de parte da populao de baixa renda. Alm dessa carga
externa dos interesses privados, a gesto por muitas vezes se depara com
limitaes implantao de decises executivas de solues pontuais sobrequestes urbanas, impostas pelas regulamentaes do planejamento. Essa
dicotomia comportamental personalizada por organismos de um mesmo corpo de
governo termina por resultar em uma cidade cujo desenvolvimento se desvia
daquele preconizado por metas e objetivos planejados, em maior ou menor
amplitude quanto maior ou menor o peso das influencias polticas, sociais e/ou as
necessidades de aes de curto prazo na resoluo de problemas urbanos que
possam contrariar os paradigmas do planejamento.
A cidade de Campos dos Goytacazes no contraria esse perfil dicotmico da
administrao pblica, mas ao longo de sua histria buscou estabelecer um
ordenamento planejado de sua malha urbana iniciando com o Plano do Eng.
Bellegarde em 1834, passando pelo Plano Pralon em 1842, o Plano de Saneamento
de Campos do Eng. Saturnino de Brito, que vem a ser um dos mais completos
projetos de engenharia urbana desenvolvidos em nosso pas. Tem um marco no
urbanismo brasileiro com o Plano de Reordenao Urbana da Cidade de Campos
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contratado pelo Estado do Rio de Janeiro ao escritrio Coimbra Bueno em 1940,
com a participao do arquiteto e urbanista francs Alfred H. Agache. A partir desse
plano a cidade inicia um processo de reconfiguraes urbanas passando por
transies radicais de uso e ocupao do solo. Ela processa uma reorganizao
scio-espacial que destaca territrios, determinados bairros, com maior densidade
ocupacional e alto ndice de solo criado. Em paralelo despontam ocupaes de
vazios urbanos, zonas de canaviais que ficaram envolvidas pela malha urbana, em
parcelamentos de solo para classe mdia, e loteamentos em condomnio fechado.
Todo esse processo provoca migraes urbanas de realocao da populao
segundo as possibilidades de acesso propriedade da terra. O municpio busca
ordenar a expanso urbana, conduzir o processo especulativo imobilirio, atravs de
planos urbansticos, como o PDUCPlano de Desenvolvimento Urbano de Campos
em 1979, e alguns planos diretores seguintes, que geram conflitos do interesse
pblico com os interesses do capital privado, e a cidade cresce flutuando nesse
caldo de embate entre a gesto pblica e aes dos agentes imobilirios.
Dentro desse contexto de crescimento legalmente disciplinado, mas
praticamente desordenado, onde proliferam loteamentos irregulares e clandestinos,
expanso e consolidao de antigas favelas, junto ao surgimento de outras novas
favelas, estas mais perifricas e aquelas comprimidas pelo entorno da urbanizao
crescente, formando ilhas de pobreza e insalubridade urbana, est a questo da
circulao na cidade. No tecido urbano, dando contraponto quelas ilhas de
pobreza, se implantam as ilhas de riqueza e isolamento social em que se constituem
os condomnios ou loteamentos fechados das classes mais abastadas que
fragmentam a malha urbana. O sistema virio urbano responsabilidade exclusiva
da administrao publica municipal em suas personificaes de planejamento e
gesto urbanos e, portanto, principal elemento a ser disciplinado nas intervenes
dos agentes imobilirios no espao urbano. O uso e ocupao do solo em um tecido
urbano construdo so muito dinmicos no acompanhamento das mutaes scio-
econmicas decorrentes do desenvolvimento da cidade, entretanto a malha viria
no dispe de tal dinmica, ao contrrio apresenta alto nvel de perenidade e no
alterada sem execuo de obras de grande custo tanto financeiro quanto social, e
mesmo poltico, haja vista que exigem a interveno sobre os espaos de
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propriedade privada que margeiam os logradouros. A mobilidade urbana, seja por
transporte individual, seja por transporte coletivo, de massa ou mesmo a p,
medida que a cidade cresce e se desenvolve vai ganhando conotaes
diferenciadas que exigem novos caminhos, novas passagens, novas alternativas,
cujas solues podem variar desde a ampliao de vias existentes, abertura de
novas vias arteriais, coletoras, construes de viadutos e tneis, at a implantao
de sistemas sofisticados de transporte de massa.
O diagnstico do crescimento da cidade, antecipando por projees as
necessidades virias que a expanso urbana vai demandar para possibilitar o
planejamento e os projetos urbansticos que daro soluo quelas necessidades
um caminho vivel para se resolver, mitigar ou pelo menos amenizar, o caos urbano
que se desenha com o crescimento descontrolado.
1.2 OBJETIVO
A proposta deste trabalho estudar a estruturao viria de Campos dos
Goytacazes, comeando por seus antecedentes histricos e o conjunto de planos
urbansticos que preconizaram e deram andamento ao seu desenvolvimento urbano
para, em seguida assumir uma abordagem analtica quanto estrutura urbana e a
hierarquia do movimento no contexto contemporneo da cidade, do que atualmente
se faz e o que se projeta fazer e, por fim, retomar uma proposta de reorganizao
viria do tecido urbano da cidade, desenvolvida nos anos 1995/1996.
Ao retomar a proposta de reordenao viria para Campos dos Goytacazes
de Mariel de Oliveira (1996), se busca a reviso e renovao do diagnstico que ali
se fez diante o atual quadro de desenvolvimento scio-econmico do municpio e odecorrente crescimento urbano que da demanda, na proposio de um
ordenamento virio factvel e mitigador do possvel caos de mobilidade urbana que
pode vir a vitimar a cidade.
1.3 JUSTIFICATIVA
A regio Norte-Fluminense, como se ver adiante, hoje palco da
implantao de vrios grandes empreendimentos que projetam, s para a cidade de
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Campos dos Goytacazes, um crescimento vertiginoso da populao que dever
atingir at o ano de 2025 uma contagem superior a um milho de habitantes. Trata-
se de um crescimento de mais de 100% em dez anos, a uma taxa mdia anual de
5,94%. Considerando que a cidade mantenha uma densidade bruta, como seria
desejvel, em mdia de 250 habitantes/Hectare, se esta falando de um crescimento
do tecido urbano em aproximadamente 2.000 Hectares, ou seja, uma rea de vinte
quilmetros quadrados na qual se impe, sem contar os servios sociais de
educao e sade e a coleta de resduos slidos, atendimento aos servios urbanos
de energia, gua, drenagem, esgotamento sanitrio, comunicao e mobilidade
urbana. A legislao municipal que disciplina o parcelamento do solo impe aos
agentes imobilirios privados, na criao de novos espaos urbanos, a produo da
infraestrutura necessria a essa demanda de servios, inclusive a produo da
malha viria, disciplinada hierarquicamente, que passar administrao municipal,
assim como aos concessionrios dos servios pblicos, as redes de infraestrutura
que lhes compete administrar.
Se pelo aspecto da produo do crescimento da cidade a gesto pblica se
alivia do peso dos investimentos, por outro lado os reflexos deste crescimento na
questo da mobilidade urbana acontecem na saturao das vias estruturais da
malha viria j existente, pelo aumento sbito da frota circulante, e no aumento
ainda maior do nmero de viagens, tanto em veculo particular quanto no transporte
coletivo. Tal situao, por no ter sido prevista e planejada nos anos anteriores
imediatos, exige ento que obras de ampliao dessa malha viria sejam
executadas, que todo o sistema de transporte coletivo da cidade seja revisto e
ampliado, que a circulao na cidade seja reorganizada. O custo desses
investimentos e seu necessrio equilbrio econmico pesaro no tesouro municipal,
e no bolso dos cidados que tem a sorte de viver essa poca de crescimento da
cidade. Assim sendo, h que se ter a preocupao constante de que esse custo no
se resuma a atender as necessidades fsicas do crescimento, mas demande o
benefcio de promover o desenvolvimento da cidade. Esse o cenrio que motiva o
presente trabalho.
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1.4 METODOLOGIA
O desenvolvimento desse trabalho se dar atravs da consulta aos projetos,
planos e demais documentos vinculados s intervenes urbansticas desenvolvidasna cidade, dentro do contexto temporal que se aborda, luz de um conjunto de
critrios levantados junto bibliografia. Esses critrios esto afetos s relaes da
histria poltica administrativa da cidade com os seus crescimento e
desenvolvimento urbanos, a configurao viria que estruturou o tecido e a
mobilidade urbanos e a hierarquia do movimento e do ordenamento das vias
urbanas segundo o conceito de reas-ambiente desenvolvido por Hutchinson.
1.5 - ESTRUTURA DO TRABALHO
Para alcanar o objetivo o trabalho foi estruturado em cinco captulos que
ordenam a sequncia de abordagem do tema na forma seguinte:
O Captulo 1promove a introduo ao trabalho com a apresentao do tema,
o objetivo do trabalho, a justificativa da pesquisa, a metodologia a se usar e a
estrutura do trabalho.
O Captulo 2 estuda o contexto histrico da ocupao do stio urbano e
apresenta uma resenha dos planos urbansticos que nortearam a construo do
crescimento da cidade.
O Captulo 3 desenvolve consideraes quanto estrutura urbana e a
hierarquia do movimento na cidade ao nvel de diagnstico.
O Captulo 4 a partir de um relato das aes de interveno que se vem
fazendo e as que se projetam fazer modificando a estruturao da mobilidade
urbana na cidade desde 1996, retoma a proposta de reordenamento virio de
Oliveira (1996) situando-a no contexto da cidade alterada desde sua primeira verso
e as novas perspectivas de crescimento da cidade.
O Captulo 5apresenta as consideraes finais do autor.
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CAPTULO 2 CONTEXTO HISTRICO
2.1 -A OCUPAO URBANA DOS CAMPOS DOS GOYTACAZES
A colonizao da regio dos Campos dos Goytacazes se deu a partir do inciodo sculo XVII e, desde o incio, sua economia se consolidou com base na produo
agro-pastoril. De incio com a criao de gado para suprir o mercado consumidor da
cidade do Rio de Janeiro e mais tarde da regio das Minas Gerais. Por volta da
terceira dcada do sculo XVIII, se iniciou o plantio da cana e a produo de acar,
que ainda hoje se mantm importante na economia local, embora bastante reduzido
em importncia e unidades agro-industriais produtivas. Com a introduo do primeiro
engenho a vapor na regio, em 1830, ocorre significativa transformao no processode produo de acar e o fortalecimento do comrcio, impulsionando o crescimento
da implantao urbana, e a Villa de So Salvador dos Campos dos Goytacazes foi
elevada categoria de cidade em 28 de maro de 1835, com o nome Campos.
Nesse ano, a nova Cmara Municipal manda realizar um censo local, cujo resultado
foi publicado na Ata de Sesso da Cmara de 22 de janeiro de 1836, como divulga a
obra de Jlio Feydit (1979), informando:
Populao Urbana18.423Populao Rural33.295Populao Total51.718Livres21.123Escravos30.395
Em 1850, em novo censo local, a Cmara Municipal de Campos divulga uma
populao total no municpio de 69.222 habitantes, sendo 31.475 livres e 37.747
escravos1. Em 1855 foi a cidade tomada por uma epidemia de Clera Morbus pela
qual, da conta Feydit(1979), faleceram 1.239 habitantes. Em 1872 o Governo Imperial
faz realizar o 1 Recenseamento Nacional, e embora tenham sido desmembrados de
Campos terras dos municpios de So Joo da Barra, So Fidelis e as terras do norte
do municpio de Maca, que segundo Lamego (1946) teria dado significativa reduo
na populao de Campos, o municpio apresenta o resultado de:
1 Consta nas Atas da Cmara Municipal de Campos dos Goytacazes 1850, Arquivo PblicoMunicipal de Campos dos Goytacazes
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Populao Urbana19.520Populao Rural69.305Populao total88.825
Livres56.232Escravos35.593
ficando Campos classificado como o 4 Municpio brasileiro em populao suplantado
apenas por Rio de Janeiro (capital), Salvador e Recife. Julio Feydit (1979) transcreve
os dados da rea urbana do recenseamento divulgado em 1873:
Pelo recenseamento feito em 1873, verificou-se que a parquia tinha:2.928 fogos, 3.842 prdios sendo: casas trreas, 3.166; sobrados, 316;estando desabitadas, 474 casas e 80 sobrados; 15 templos, 2 hospitais, 1cadeia, 1 asilo de rfs, 1 casa de Cmara, 1 teatro, 1 matadouro pblico, 1estao telegrfica, 2 Bancos, 1 Casa Bancria, 1 Caixa Econmica, 5hotis, 4 trapiches, 1 Agencia do Correio, 6 cemitrios, 1 gasmetro e 3tipografias.
A populao constava de 19.520 almas, sendo livres, 11.279,ingnuos, 232; e escravos, 8.009; brancos, 7.165; pardos, 4.906; pretos7.449; quanto ao estado civil; casados, 3.170; solteiros, 15.424; vivos, 926;quanto a nacionalidade, eram brasileiros 16.769; portugueses, 811;africanos, 1.690; franceses, 60; italianos, 57; alemes, 24; paraguaios, 2;espanhis, 31; ingleses, 37; holandeses, 2; chineses, 7; austracos, 2;belgas, 20; suos, 6; norte-americanos, 2; quanto religio, eram acatlicos,41; catlicos, 19.479; sabiam ler, 4.881, freqentavam escolas, 686, eramanalfabetos, 13.953!
. Em 1875 havia 245 engenhos de acar, com 3.610 fazendeiros
estabelecidos na regio, cuja produo se escoava para o Rio de Janeiro
principalmente atravs da navegao costeira por barcos a vapor que acessavam o
porto fluvial no rio Paraba do Sul (Fig. 1). A primeira usina, segundo Alvarenga(1881), foi construda em 1789 e chamou-se Usina Central do Limo.
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Fig. 1- Flagrante do porto fluvial de Campos dos Goytacazes. 1876Fonte: Arquivo pblico municipal.
Com a chegada da ferrovia a circulao de mercadorias e o escoamento da
produo agro-industrial foram imensamente facilitados, impulsionando a economia
do municpio que se tornou o centro ferrovirio da regio (Fig. 2)
Fig.2- Ponte ferroviria sobre o Rio Paraiba do Sul1908Fonte Arquivo Pblico Municipal
Em 1892, como informa Alberto Lamego (1946), o municpio contava com uma
populao total de 105.534 habitantes, sendo 26.951 urbanos e 78.583 rurais,
conforme relatrio do Secretrio dos Negcios do Interior e Justia, ao Vice-
Presidente da Provncia do Estado do Rio quanto ao recenseamento de 1892. Em
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1900, a cidade contava com um conglomerado urbano de 3.540 edificaes e, em
1916, com 3.582 edificaes segundo Anurio Estatstico de Campos (1917),
publicao da Prefeitura Municipal de Campos, que apresenta a contagem da
populao do municpio no perodo de 1900 a 1917, e registra neste ano a populao
total do municpio em 123.334 habitantes.
A grande riqueza de Campos, no sculo XIX, devida expanso da produo
do acar, a princpio alicerada nos engenhos a vapor, posteriormente substitudos
por usinas de alta capacidade produtiva, fazia crescer a cidade de forma
descontrolada nas ocupaes perifricas habitadas pela camada mais pobre da
populao, em visvel contraste com a regio ocupada pelas manses da
aristocracia, situadas nas partes altas do stio urbano (Fig.3). A regio de plancie era
pontuada por muitas lagoas e brejais interligados por canais em suas partes baixas, e
foi no entorno dessas lagoas e canais que a cidade foi se desenvolvendo. Tal
caracterstica, embora o clima local de forte insolao e ventilao contnua pelo
dominante vento nordeste, foi estabelecendo na urbe condies insalubres e a
incidncia de epidemias.
Fig. 3- Solar do Baro da Lagoa DouradaHoje Liceu de Humanidades de CamposFonte: Arquivo pblico municipal.
A cidade sofria, sistematicamente, com as enchentes do rio Paraba do Sul
que tomava suas ruas, elevava os leitos das lagoas urbanas e, na baixa da cheia,
deixava alta a umidade do solo e favorecia a disseminao das doenas como a
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tuberculose, as febres e pestes, como o surto de peste bubnica que acometeu a
cidade em 1905, de tal monta que levou criao pela municipalidade de um novo
cemitrio, chamado do Caju, visto que os cemitrios das irmandades religiosas j no
davam conta dos sepultamentos necessrios. (Fig. 4)
Fig. 4- Cenas de inundaes na cidade de Campos no incio do sculo XX.
Fonte: Arquivo Pblico Municipal
Entre 1842 quando se pretendeu executar o Plano Pralon e o incio do sec. XX
em 1900, a cidade viveu um fervilhar de progresso com a implantao de moderna
infra-estrutura financiada pela aristocracia aucareira que, neste perodo, at pelaassociao necessria com o capital comercial, passou a construir ali suas
manses, a princpio de moradia temporria, depois como residncia domiciliar, uma
vez que sua presena permanente nos engenhos deixa de ser indispensvel. Foi
nesta segunda metade do sc. XIX que se o momento em que as bases do sistema
monrquico comeavam a se enfraquecer detonando, a partir de 1870, a crise
poltica e econmica do Brasil Imperial e da provncia do Rio de Janeiro. Campos,
impulsionada pelos debates em torno da mudana da capital da provncia surgidos
no Rio de Janeiro, reivindicava para si ser a sede da capitalda provnciae para tal
devia suprir a necessidade de modernizar a cidade e instituir novos valores sociais e
urbanos. Dentro desse quadro poltico, a cidade instalou importantes servios
de infraestrutura, como a pavimentao em massa de ruas, a iluminao a gs
encanado, inaugurada em 7 de setembro de 1872, as linhas de bonde a trao
animal, inauguradas em 15 de setembro de 1875 pela empresa Ferro Carril
Campista, a iluminao pblica por eletricidade, inaugurada em 24 de junho de 1883
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com a presena do Imperador D. Pedro II, tendo sido a primeira cidade da Amrica
do Sul a contar com este servio, a implantao de redes de abastecimento dgua e
esgotos sanitrios atravs da companhia inglesa The Campos Syndicate2(Fig.5) e
diversos melhoramentos pontuais que, por fora do financiamento das obras pela
oligarquia do acar foram, muitas vezes, benefcios polticos dirigidos aos mais
abastados, nos stios urbanos por eles ocupados, enquanto a periferia crescia
carente de servios e salubridade.
Fig. 5- Caixa dgua e ETA em princpio do sc. XX.Fonte: Arquivo Pblico Municipal
Com a proclamao da repblica em 1889, h um perodo de reorganizao
poltica e social que deixa as questes urbanas em segundo plano e apenas em
1902, a cidade retoma suas preocupaes com o desenvolvimento urbano de forma
mais ampla, e contrata o Eng. Sanitarista Saturnino de Brito3
, campista radicado noRio de Janeiro que, adepto do higienismo, planeja e executa uma profunda
interveno na configurao urbana da cidade, objetivando a salubridade, onde
lagoas e zonas alagadias so aterradas, a margem do rio Paraba do Sul
2 The Campos Syndicate, empresa inglesa de abastecimento de gua e tratamento de esgotossanitrios, instalada em Campos dos Goytacazes em fins do sc. XIX.3Francisco Rodrigues Saturnino de Brito(Campos/RJ,1864 Pelotas/RS,1929)foi oengenheirosanitarista brasileiro, que realizou alguns dos mais importantes estudos de saneamento bsico eurbanismo em vrias cidades do pas, sendo considerado o "pioneiro da Engenharia Sanitria eAmbiental no Brasil".
http://pt.wikipedia.org/wiki/Campos_dos_Goytacazeshttp://pt.wikipedia.org/wiki/1864http://pt.wikipedia.org/wiki/Pelotashttp://pt.wikipedia.org/wiki/1929http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenheiro_sanitaristahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Engenheiro_sanitaristahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Saneamento_b%C3%A1sicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_Sanit%C3%A1riahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_Sanit%C3%A1riahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Saneamento_b%C3%A1sicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Engenheiro_sanitaristahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Engenheiro_sanitaristahttp://pt.wikipedia.org/wiki/1929http://pt.wikipedia.org/wiki/Pelotashttp://pt.wikipedia.org/wiki/1864http://pt.wikipedia.org/wiki/Campos_dos_Goytacazes -
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desobstruda na faixa urbana, ruas alargadas e drenagens construdas. Brito
incorpora aos seus estudos a regio de Guarulhos, hoje Guars, na margem
esquerda do rio Paraba do Sul, onde se concentravam, na maioria, edculas
modestas ocupadas pela populao de menor recurso, e promove uma revoluo
urbanstica na cidade.
Do Plano de Saneamento de Campos elaborado por Brito em 1902, mas que
realmente vem a ser implantado a partir de 1910, at a dcada de 1940, dominante
na gesto da cidade o ideal higienista e ela cresce em populao, fortalece o
comrcio e os servios, reafirma a sua centralidade regional e avana nos servios
urbanos expandindo e renovando suas redes de esgoto sanitrio e abastecimento de
gua potvel. O Transporte pblico inaugura no dia 5 de novembro de 1916, pela
Companhia de Tramways Luz e Fora o primeiro trecho de linha de bondes eltricos
(Fig.6), com a presena de Wenceslau Braz, ento presidente da repblica. O
servio de bondes eltricos em Campos foi sendo modernizado e ficou em operao
at o ano de 1964, quando foi substitudo por linhas de nibus eltricos - troley bus e
nibus a diesel.
Fig. 6- Os bondes eltricos, implantados em 1916 em Campos dos GoytacazesFonte: Arquivo pblico municipal.
Em 1940, a cidade recebe,contratado pelo Estado do Rio de Janeiro, o
Escritrio de Urbanismo Coimbra Bueno para elaborao de um plano urbanstico
que promova o seu remodelamento urbano. Nesta poca trabalhava junto ao
urbanista Coimbra Bueno, no desenvolvimento de seus projetos no Brasil o
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conceituadssimo arquiteto e urbanista francs Donat Alfred Agache, autor dos
Planos Agache de Reordenao Urbana das Cidades do Rio de Janeiro e de
Curitiba, que participa na elaborao do Plano Urbanstico de Campos, conhecido
como Plano de Reordenao Urbana da Cidade de Campos, apresentado em 1944.
O Plano de Reordenao Urbana colocado em prtica, paulatinamente, por
diversas administraes municipais. Ele determina a abertura de novas avenidas,
alargamento de vias existentes, busca ordenar o crescimento da cidade dando foco
modernizao da infra-estrutura existente e ampliao da mesma de modo a dar
ao espao urbano um crescimento harmnico. As redes de abastecimento de gua e
esgoto se estendem em direo periferia da cidade, a rede viria revista e ganha
alinhamentos mais amplos, pavimentao em paraleleppedos enquanto parques e
jardins existentes so renovados e novos implantados, como o Jardim de Al, hoje
alterado e com o nome de Parque Alberto Sampaio. (Fig.s 7; 8; 9; 10 e 11)
Fig. 7Alargamento e Pavimentao Av. XV de Novembro, Plano Coimbra Bueno/Agache
Fonte: arquivo pblico municipal
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Fig. 8- O remodelamento virio, com alargamento e pavimentao das vias.Fonte: Arquivo pblico municipal.
Fig. 9- Jardim do Liceu, remodelado no Plano Coimbra Bueno/AgacheFonte: arquivo pblico municipal
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Fig. 10- Av. XV de novembro, aps remodelamento, Plano Coimbra Bueno/AgacheFonte: Arquivo publico municipal
Fig. 11Jardim de Alh, Plano Coimbra Bueno/AgacheFonte: Arquivo publico municipal
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O Plano de Coimbra Bueno/Alfred Agache encerra um ciclo de grandes
projetos urbansticos que se fizeram para a cidade de Campos dos Goytacazes, com
a definio de obras especficas, traados urbanos, e proposio de obras virias de
remodelamento urbano. Algumas de suas proposies foram sendo executadas ao
longo dos anos por diversas administraes municipais, outras foram abandonadas,
e outras mais vm sendo executadas ainda hoje.
Apenas na segunda metade da dcada de 1970, quando assume o governo
municipal o Arquiteto Raul Linhares, a cidade retoma suas preocupaes
urbansticas e contrata com a FUNDENOR (Fundao de Desenvolvimento do Norte
Fluminense) a elaborao do Plano de Desenvolvimento Urbano de Campos
PDUC, apresentado em 1979. Este PDUC no apresenta como os planos anteriores
caracterstica de um projeto de engenharia urbana, mas de um conjunto de leis que
estabelecem critrios para as polticas urbanas, a ocupao e uso do solo urbano, o
parcelamento do solo urbano, um cdigo de obras revisto, enfim com caractersticas
mais de um plano diretor e, desta feita, apresenta umas poucas proposies de
traado virio externas malha urbana existente, mantendo nesta a matriz do Plano
Coimbra Bueno/Afred Agache, da dcada de 1940.
A cidade no se lana como no passado em um mutiro de obras de
melhoramentos urbanos, porm passa a exercer um controle efetivo, mesmo
ineficiente em seu poder fiscal, sobre as intervenes urbanas do capital imobilirio,
monitorando a densidade edificada no uso do solo. Na urbanizao formal impe a
produo, pelo capital imobilirio, das fraes de propostas virias do PDUC nos
setores urbanos em que projetassem suas intervenes. Nesta poca, pelos
nmeros do IBGE, a cidade de Campos contava com uma populao urbana de
348.461 habitantes, atingindo no censo de 2000 a contagem de populao total em406.279 habitantes.4 Na seqncia do PDUC de 1979, foram publicados os Planos
Diretores de 1991 (Lei Municipal n. 5.251/1991) e as Leis Municipais 6.690/98;
6691/98 e 6.692/98, reformulando o Parcelamento do Solo, o Uso, Ocupao e
Zoneamento do Solo e o Cdigo de Obras do municpio.
4A cidade ento j estava denominada Campos dos Goytacazes por fora da Lei Municipal n
559, de 16-10-1986 e homologada pela Lei Estadual n 1371, de 24-10-1988.
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O Plano de 1991, editado na esteira das aes polticas de redemocratizao
do pas insufladas pela Constituio de 1988 terminou, na verdade, em letra fria sem
que o poder pblico municipal aplicasse, efetivamente, suas proposies. Prova
disso que o conjunto de Leis Municipais 6.690 a 6.692 de 1998 readaptou o antigo
PDUC - Plano de Desenvolvimento Urbano de Campos , realizado inicialmente em
1979 pelo governo de Raul Linhares, mantendo os antigos traados das projetadas
avenidas perimetrais, ignorando completamente o texto do Plano Diretor de 1991.
Em 1996, contratado pela CODENCA Companhia de Desenvolvimento de
Campos dos Goytacazes, o Arquiteto e Urbanista Mariel de Oliveira publica o
trabalho Desenvolvimento Urbano Campos dos Goytacazes Uma proposta
onde se prope, sob uma viso sistmica, passando pelo estabelecimento de uma
geo-diviso oficial da malha urbana, a reorganizao do conjunto virio da cidade
pelo estabelecimento dos eixos estruturais Norte/Sul e Leste/Oeste e a consolidao
de um conjunto de vias implantadas na formao de um anel perimetral interno para
distribuio do trfego nas zonas geogrficas da cidade.
O conjunto de Leis que readaptou o PDUC de 1979 permanece em vigor at
dezembro de 2007, quando se aprovam na Cmara Municipal o conjunto de Leis
Municipais ns7972 - Plano Diretor do Municpio de Campos dos Goytacazes; 7973 -
Permetros Urbanos do Municpio de Campos dos Goytacazes; 7974 - Uso e
Ocupao do Solo Urbano do Municpio de Campos dos Goytacazes; 7975 -
Parcelamento do Solo do Municpio de Campos dos Goytacazes . O Cdigo de
Obras do Municpio de Campos dos Goytacazes Lei Municipal 6.692/98, no foi
revisto no processo de elaborao do Plano Diretor 2007 e permanece em vigor.
Atualmente a economia de Campos dos Goytacazes impulsionada pelas
atividades da prospeco de petrleo, de onde se retira 89 por cento da produonacional, o que determinou uma maior diversidade de investimentos, principalmente
na rea de servios, e a cidade atinge pelo censo de 2010 a populao total de
463.731 habitantes dos quais 418.725 urbanos (Fig.12). O municpio criou o
FUNDECAM Fundo de Desenvolvimento de Campos dos Goytacazes que reserva
parcela dos royalties do petrleo para financiar parcialmente empreendimentos
industriais/comerciais a serem implantados no municpio visando diversificao no
desenvolvimento econmico local, independente das atividades do petrleo, que atrai
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e viabiliza vrios empreendimentos como a Indstria Farmacutica Cellofarm, a
Fbrica de Tubos e Conexes Schulz na rea metalrgica, e outros.
Fig. 12Mapa temtico da contagem de populao RJ/ Campos dos Goytacazes
Fonte: IBGECenso 2010
A regio recebe a implantao do Complexo Porturio do Au, na zona
fronteiria dos municpios de So Joo da Barra e Campos dos Goytacazes em
territrio de So Joo da Barra, e do Complexo Logstico e Industrial Farol -Barra do
Furado, na zona fronteiria dos municpios de Campos dos Goytacazes e Quissam,
em territrio de Campos dos Goytacazes. O EVTE(Estudo de Viabilidade Tcnica e
Econmica) do empreendimento do Porto do Au, apresentado pela LLX, empresa
desenvolvedora do projeto, apresenta as estimativas:
O crescimento populacional para toda a AID at 2025 prevista em
722 m il habitantes, sendo 530 mil para Campo s dos Go ytacazes (quedeve superar os 1 milho de habitantes)e 192 m il h abitan tes p ara So
Joo da Bar ra, onde poder chegar a 232 mil habitantes. Desta forma, o
crescimento populacional anual de Campos aumentaria de 1,22% para
5,78%. Ocrescimento mais expressivo previsto para o perodo entre
2010 e 2020, decaindo no perodo de 2020 at 2025.
O Complexo Logstico e Industrial Farol-Barra do Furado um
empreendimento de R$ 133,3 milhes e est sendo construdo pelo Consrcio Terra
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e Mar, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvo e OAS. O projeto vem
sendo realizado em parceria entre as prefeituras de Campos e Quissam, e os
governos federal e estadual.
Sobre as previses de crescimento populacional no relatrio quanto
viabilidade do Porto do Au h que acrescer ainda no s uma contribuio do
empreendimento do Complexo Logstico e Industrial Farol-Barra do Furado como
tambm um incremento migratrio advindo das atividades de explorao das
reservas petrolferas do Pr-Sal. Tal considerao, portanto, leva a crer que Campos
dos Goytacazes venha contar uma populao entre 1.200.000 a 1.500.000
habitantes at 2025.
O desenvolvimento econmico acelerado por esse conjunto de
empreendimentos, vetor do crescimento populacional em alta taxa no curto perodo
de 12 a 15 anos, traz em sua esteira um crescimento geomtrico da demanda por
servios pblicos como sade, educao, saneamento e mobilidade urbana que no
foram, em sua maior parte, considerados pelo Plano Diretor de 2008, sobejamente a
questo viria da cidade que, se faa justia, vem recebendo investimentos pesados
e ganhando intervenes de modernizao e ampliao das vias estruturais, mas
que parecem carentes de uma viso sistmica da estrutura viria da cidade e da
questo distributiva da circulao urbana, com enftico foco nas demandas dos
grandes empreendimentos em implantao.
2.2 PRINCIPAIS PLANOS URBANSTICOS
2.2.1 A URBANIZAO DA CIDADE, A QUESTO SANITRIA E OS PLANOS
DOS Eng.os BELLEGARDE, AMRICO PRALON E SATURNINO DE BRITO.
No sculo XIX, em 1834, antecedendo a elevao da Villa a Cidade e ao
posterior Plano Pralon, o Engenheiro Henrique Luiz de Niemeyer Bellegarde5, chefe
5Henrique Luiz de Niemeyer Bellegarde - Engenheiro Gegrafo, com especializao em Pontes eCaladas. Autor do projeto do Farol de Cabo Frio. Autor dos canais de Ururar, Maric e Cacimbas.Autor das Pontes de Campos e Itajuru. Autor da Carta Hidrogrfica da Ilha de Santa Catarina e seu
canal, levantada em 1830.
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da 4 Seo de Obras Pblicas da Provncia do Rio de Janeiro, que se estendia do
rio Itabapoana a Saquarema, estabelece um plano de desenvolvimento regional e d
Villa de Campos dos Goytacazes especial importncia. Em paralelo aos estudos
de estradas e canais para hidrovias visando circulao de mercadorias e melhor
escoamento da produo industrial da regio, desenvolve um projeto de melhorias
urbanas para a cidade. Militar e engenheiro, Bellegarde traa com detalhes um
diagnstico do sistema virio, da situao dos brejais e das inundaes peridicas
que a cidade sofria, oferecendo solues com precisas estimativas de custo.
Especificamente, quanto ao stio urbano de Campos dos Goytacazes, Bellegarde
preocupou-se com o controle das cheias do rio Paraba do Sul e com o saneamento
de reas de brejo e lagoas de acumulao das guas pluviais inseridas no permetro
da cidade. Promove o levantamento cadastral dos arruamentos e os mapeia
(Fig.13), promove o aterramento de lagoas e reas baixas dos brejais, projeta e
inicia a construo de um dique de proteo contra as inundaes, parcialmente
concludo, margeando o trecho urbano do rio. Para tal, promove desapropriao de
diversos imveis e o alargamento e pavimentao de ruas.
Fig. 13- Mapa urbano da Villa de Campos dos Goytacazes, traado por Bellegarde.Fonte: Arquivo Pblico Municipal de Campos dos Goytacazes
O Plano de Aformoseamento da Cidade de Campos dos Goytacazes, do Eng.
Amrico Pralon em 1842, j comentado, formava um quadriltero cujo lado oeste da
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cidade era limitado pela Beira-Valo (Canal Campos - Maca) atual Av. Jos Alves
de Azevedo; a leste pela rua do Gs (perpendicular ao Rio Paraba do Sul) atual rua
dos Goytacazes; ao sul pela Vinte e Oito de maro (Antigo Passeio Municipal,
corredor por onde passava o trilho de trem) e ao norte pelo Rio Paraba do Sul. A
implantao do Plano Pralon iniciado com entusiasmo terminou no indo adiante por
falta de interesse dos polticos locais. No ocorrendo a implantao da malha urbana
preconizada por Pralon, a zona central da cidade, no permetro de abrangncia do
plano, se manteve com o perfil da urbanizao espontnea. Ainda hoje, mesmo aps
as muitas intervenes pontuais de remodelamento de vias urbanas promovidas por
Pereira Nunes6e posteriormente os planejamentos de Saturnino de Brito e Coimbra
Bueno/Agache, apresenta vias de pouca envergadura, como as ruas Joo Pessoa,
antiga do Conselho; dos Andradas, Carlos de Lacerda, antiga do Rosrio; Santa
Efignia; e outras, no centro histrico da cidade (Fig.14).
Fig. 14- rea de abrangncia do Plano PralonFonte: Demarcado pelo autor sobre planta do Google Maps
6Benedito Gonalves Pereira NunesPresidente da Cmara Municipal de Campos no perodo de
1900 a 1903, antes da criao do cargo de Prefeito Municipal institudo em 1904. Em 1905 deixa a
cidade de Campos, nomeado Prefeito de Niteri.
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Na seqncia do malogrado Plano Pralon, a cidade, alimentada por
pretenses polticas de vir a ser capital da provncia, avana em seu crescimento por
um lado com uma gesto pioneira nos investimentos em infra-estrutura, dentro do
prprio tecido urbano da cidadecomo luz eltrica, telefonia, bonde, pontes e obras
de conteno no rio Paraba do Sul -, e na sua conexo com reas de cultivo mais
afastadas, atravs de ligaes virias (canal, ferrovias e depois rodovias) para
escoamento da produo e transporte de insumos, mo de obra e possibilidade de
abastecimento em geral. Por outro lado, em sua expanso perifrica e mesmo nos
bairros internos, preteridos pela elite da aristocracia aucareira, avana com agravos
nas condies de salubridade, e na ausncia da infra-estrutura urbana adequada. A
cidade, portanto, cresce com duas faces, aquela voltada para os interesses poltico-
econmicos da elite dominante de vir a assumir o comando poltico da provncia do
Rio de Janeiro, que reflete uma cidade bem estruturada, com alguns avanos infra-
estruturais frente at mesmo da capital do imprio, e outra de crescimento
desordenada, insalubre e vitimada pela peste bubnica, o impaludismo, a
tuberculose e outras pragas.
No princpio do sc.XX assume a presidncia da Cmara Municipal o mdico
Dr. Benedito Pereira Nunes que preocupado com a questo da salubridade noambiente urbano contrata o engenheiro Saturnino de Brito para elaborar, como
descrito pelo prprio, um plano de conjunto para os trabalhos de saneamento da
cidade e executar os que pudessem ser empreendidos desde j.
Brito (1903), no relatrio do Plano de Saneamento de Campos, discorre em
comentrios crticos s aes pregressas de gesto da cidade, e comenta s pag.
32,
Entretanto, em 1842 homens de juzo e de patritica compreensodos seus deveres, fizeram levantar uma planta da cidade acompanhada deprojetos de arruamentos que, se fossem obedecidos com sensatasmodificaes, teriam colocado a expanso da cidade em excelentescondies. Referimo-nos ao trabalho executado pelo Engenheiro Pralon, oqual neste longo correr de anos, mais de meio sculo, s logrou servir paraabertura do Passeio Municipal e assim mesmo porque da E. F. Maca eCampos, tendo de ligar a sua linha a S. Sebastio, obteve a CmaraMunicipal que realizasse o projeto, fazendo aquela as despesas dasonerosas expropriaes.
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Saturnino inicia por um levantamento plani-altimtrico de toda a rea urbana
da cidade de Campos (Fig.15), incluindo Guarulhos, e que assim descreve nas pag.
37/38.
A Planta de CamposOs estudos se estenderam dos hospitais deisolamento ao matadouro; compreendem a faixa de subrbios entre aestrada do Carvo e a Av. Visc. do Rio Branco at s comportas; e namargem esquerda do rio, Guarulhos e a estrada at confrontar com omatadouro; foram estudados tambm os prolongamentos da estrada doBeco at a fazenda do mesmo nome e os das estradas que vo ter Usinado Queimado.
A zona urbana, compreendendo ainda muitos terrenos baldios, ficouabrangida por um polgono de 20 lados, com a extenso total de 10.500metros, em numero redondo. O maior destes lados (Passeio Municipal, ladoAB) mede 2.501 metros; foi tomado para eixo das abcissas no clculo dascoordenadas, sendo B a origem. Prendendo-se quele polgono do
permetro urbano, organizamos outros polgonos extraperimtricos, sendopoucas as linhas de prolongamento que ficaram sem fechamento poligonal.
No polgono urbano as ruas transversais (direo normal ao rio)foram todas percorridas a trnsito e nvel, ficando assim determinados oscruzamentos com as longitudinais, que foram por sua vez, diretamentelevantadas e niveladas quando necessrio.
Como se procurou dar aos alinhamentos a maior extenso possvel,os perfis longitudinais das ruas geralmente no representam o nivelamentodo segundo eixo. O relevo topogrfico, por curvas de nvel espaadas de0,50, foi obtido com aqueles perfis; e como o interior dos quarteires s emcertos casos foi estudado, compreende-se que a representao do relevodo terreno no se subordinou s modificaes devidas aos acidentes
internos ou aos provenientes de aterros e escavaes para a terraplanagemdas ruas. Em suma, a topografia representa o que interessa propriamente Cmara Municipal e no aos proprietrios.
Fig. 15 -Planta de CamposPlano de Saneamento de Campos, Saturnino de Brito -1903
Fonte: Arquivo Pblico Municipal de Campos dos Goytacazes.
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Brito (1903)7, ao descrever a cidade, elogia a deciso da implantao dos
servios sanitrios na cidade, mas critica fortemente a qualidade das instalaes e
projetos da The Campos Syndicate no servio de gua e esgotamento sanitrio,nas pg. 77/78,
...a virtude de ter compreendido em boa hora a necessidade de estabelecer
servios sanitrios de distribuio dgua potvel e de esgoto dos despejos,
mal servida, porm, pela ignorncia em que nos achvamos ento para
aprovar e fiscalizar os projetos e as obras de uma Companhia ingleza
bastante esperta e menos concienciosa... No somos injustos, e bem o
sabem a municipalidade, a populao que sofre as conseqncias dos
maus servios da Companhia e... a prpria Companhia, comparando o quefez e mantm aqui com o que existe de servios anlogos na mais atrasada
das instalaes sanitrias europias, a nossa desleixada tolerncia com o
rigor higinico a que esto sujeitas estas instalaes, principalmente na
Inglaterra.
Saturnino, ao propor o saneamento da cidade vai, em seu Plano, alm da
interveno nos sistemas de servios sanitrios e das correes dos focos
insalubres dos charcos alagadios, mas estabelece tambm um conjunto de normase projetos padro a se aplicar, como um cdigo de obras, aos edifcios em geral
considerando a situao; a orientao: iluminao e insolao; o espao entre os
prdios: ptios e quintais; o saneamento dos quarteires propondo o
estabelecimento de vielas de passagens sanitrias; normatizao das dimenses
mnimas dos cmodos, sua ventilao e iluminao. Trata dos materiais de
construo, das fundaes, das paredes, dos pores, dos telhados, das escadas.
Apresenta projeto de moradias populares em variaes modulares e disciplina aproduo de edifcios pblicos ou de freqncia publica (Fig.s 16; 17; 18; 19; 20 e
21).
A proposio de Brito nos alargamentos das vias pblicas reflete a
preocupao com a insolao da cidade, a circulao dos ventos, a drenagem. No
7O texto de Saturnino de Brito de 1903, quando da feitura do Plano de Saneamento de Campos. As Obras
Completas de Saturnino de Brito foram publicadas pela Imprensa Nacional apenas em 1943, catorze anos aps
sua morte, essa a obra indicada nas referncias bibliogrficas.
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h, nesta poca, qualquer preocupao com as questes da mobilidade urbana. No
se tinha, ento, uma viso dos efeitos da circulao em massa na rede viria
urbana, com o advento do automvel e a generalizao em massa do transporte
individual, embora na Europa Eugene Hrnard8j iniciasse estudos nesse sentido. A
necessidade de um mtodo que permitisse determinar numericamente a intensidade
das correntes circulatrias nas principais vias urbanas, nas distintas horas do dia, de
modo a se dimensionar suas calhas em funo dos picos circulatrios, indicado
por Hrnard (1904), dividindo a circulao em seis categorias e afirmando a estas
seis espcies de movimentos correspondem, ou deveriam corresponder tipos de
vias pblicas apropriadas a seu destino. A cidade, entretanto, ganha com o que se
fez do plano de Brito maior capacidade de absoro de trfego e facilidade
circulatria.
Fig 16- Proposta ao saneamento do trecho urbano do canal Campos MacaPlano de Saneamento de CamposSaturnino de Brito, 1903
8Arquiteto e Urbanista francs autor da Teoria Geral da Circulao, publicada entre 1903 a 1909 em
seus tudes sur ls transformations de Paris
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Fig. 17- Proposta de controle da insolao urbanaPlano de Saneamento de CamposSaturnino de Brito, 1903
Fig. 18- Proposta de modelos modulados de habitao popularPlano de Saneamento de CamposSaturnino de Brito, 1903.
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Fig. 19- Proposta de reforma do matadouro da cidade.Plano de Saneamento de CamposSaturnino de Brito, 1903.
Fig. 20- Proposta de reforma do matadouro da cidade.Plano de Saneamento de CamposSaturnino de Brito, 1903.
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Fig. 21- Proposta de vielas sanitrias e padres de esgotos domiciliriosPlano de Saneamento de CamposSaturnino de Brito, 1903
O Plano de Saneamento de Campos elaborado por Saturnino de Brito,englobando propostas de intervenes urbanas em vias e praas, regulamentao e
metodizao da limpeza pblica, iluminao noturna, captao, tratamento e
distribuio da gua, coleta dos dejetos sanitrios, se constitui em um completo
tratado de engenharia urbana que ainda hoje, tendo em conta os avanos
tecnolgicos, pode servir como obra de consulta aos projetos de infra-estrutura das
cidades.
Em 1926, Saturnino de Brito apresenta um plano de defesa da cidade de
Campos contra inundaes, que considera toda a extenso da bacia do rio Paraiba
do Sul (Fig.22), projeta os diques de conteno das cheias para as margens urbanas
do rio (Fig.23), estabelece um sistema de canais de drenagem e irrigao para os
campos da plancie elegendo a Lagoa Feia como o grande manancial receptor das
drenagens e que foi, mais tarde, tomado como partida para a grande rede de canais
construda pelo extinto DNOS (Departamento Nacional de Obras de Saneamento)
no municpio.
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Fig. 22- Plano de Defesa da cidade de Campos contra inundaesEng. Saturnino de Brito, 1926
Fig. 23- Plano de Defesa da cidade de Campos contra inundaesEng. Saturnino de Brito, 1926
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2.2.2 O PLANO COIMBRA BUENO / ALFRED AGACHE DE REMODELAMENTO
URBANO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES.
O Plano de Remodelamento Urbano de Campos, contratado empresa
Coimbra Bueno pelo ento interventor do Estado do Rio de Janeiro Amaral Peixoto
em 1940, traz cidade os urbanistas Jernimo e Abelardo Coimbra Bueno9 e o
arquiteto e urbanista francs Alfred H. Agache, para a elaborao deste novo plano
urbanstico para Campos. Conceituadssimo, Agache ficara conhecido no Brasil ao
introduzir uma forma de interveno no espao urbano pautada na city planning
americano, caracterstica do Plano de Reordenao Urbana da Cidade do Rio de
Janeiro em 1927 e tambm do Plano Urbanstico de Curitiba, ambos de sua autoria .
Ele, junto a Jernimo e Abelardo Coimbra Bueno, elabora o Plano Urbanstico de
Campos, conhecido como Plano Coimbra Bueno de Remodelamento Urbano da
Cidade de Campos, apresentado em 1944. Como nos faz saber DOliveira(2002)
9____ Os irmos Jernimo e Abelardo Coimbra Bueno so originrios da cidade do Rio Verde noEstado de Gois. O primeiro nasce em 1910 e falece em 1996. Abelardo C. Bueno um ano maisnovo. Ambos cursam a Escola Politcnica de Engenharia, pela qual se formam em 1932 e 1933.Aps 1933, criam o Escritrio Coimbra Bueno e Cia Ltda., de construo e urbanismo, que temimportante atuao na elaborao de planos para vrias cidades brasileiras e na divulgao e defesade ideais como a interiorizao da capital do pas. A atuao do escritrio tem incio logo aps aconcluso do curso de Engenharia, quando so convidados pelo interventor do Estado de GoisPedro Ludovico para dar continuidade implantao do plano de Goinia.
Atlio Correia Lima, autor inicial do plano, acaba por se desligar da funo, aps um ano detrabalho sem remunerao. O Escritrio Coimbra Bueno , ento, contratado para dirigir oplanejamento e a construo da cidade, respeitando o plano j elaborado por Correia Lima nossetores j estudados (Centro e Norte), traando as diretrizes para o novo setor (Sul). Para a revisodo plano contratam Werner Sonnenberg, engenheiro alemo, e o consultor engenheiro e urbanistaArmando de Godoy que atua como orientador dos trabalhos (1934-1935). Recebem o ttulo deConstrutores da Cidade de Goinia pelo Decreto n 580 de 02 de abril de 1938 da InterventoriaFederal.
Jernimo C. Bueno , posteriormente, senador pelo estado de Gois (1946-1950). Defendema mudana da capital do pas para o interior e em 1937 enviam Getlio Vargas Memorial sobre aquesto. Com esse objetivo, criam em 1939 a Fundao Coimbra Bueno pela Nova Capital do Brasil.Aps o perodo de trabalho em Goinia, os irmos Coimbra Bueno voltam para o Rio de Janeiro. Ointerventor do Estado do Rio de Janeiro Amaral Peixoto, genro de Getlio, com a inteno de dotar deplanos as cidades do estado, os contrata para as cidades localizadas na metade norte do territrio.As cidades ao sul de Petrpolis cabem Atlio Correia Lima. Elaboram aproximadamente 15 planos,entre os quais Campos, Cabo Frio, Araruama e Atafona. Para a cidade de Petrpolis fazem oslevantamentos anteriores etapa de planejamento. Fora do estado, aps 1950, elaboram tambm osplanos de Curitiba e Cuiab. Alfred H. Agache por 5 anos presta consultoria ao escritrio, tendoatuado nos planos de Campos e Curitiba. Posteriormente, at 1964, projetam ncleos de periferia emItabora, Mag e Cachoeira de Macacu nos Estados do Rio de Janeiro e no Estado de So Paulo.Ainda no estado do Rio de Janeiro, aps 1960, projetam loteamentos no Municpio de So Gonalo eem Senador Camar, no Municpio do Rio de Janeiro.Fonte:
Entrevista comAbelardoCoimbra Bueno em 1998, www.urbanismobr.org/bd/autores.php?d=244ra
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A empresa Coimbra Bueno, de Jernimo e Abelardo CoimbraBueno, j possua em seu currculo a execuo do Plano Urbanstico deGoinia, elaborado por Atlio Correia Lima na dcada de 30. O traado deGoinia reproduz as concepes que marcam o urbanismo moderno, comavenidas largas, zoneamento de usos e edificaes de grande porte. A
mesma concepo aparece na proposta para Campos, corroborada,certamente, por Alfred Agache, um dos expoentes desta escola deurbanismo. Belo Horizonte j havia seguido esta matriz no final do sculoXIX, e Braslia ser o seu pice. (pg 07)
Antes do plano para Campos dos Goytacazes, na regio norte-fluminense,
Agache j desenvolvera e implantara o Plano Urbanstico de Atafona em So Joo
da Barra, tambm associado empresa Coimbra Bueno. A partir de sua
apresentao, o Plano Coimbra Bueno colocado em prtica, paulatinamente, por
diversas administraes municipais. A participao deste grupo de profissionais
tornou o Plano Coimbra Bueno para Campos, um marco para a municipalidade no
s pelo quilate dos participantes, mas pela qualidade de seu trabalho que, por muito
tempo, refletir dentro da seara do planejamento do Poder Pblico sobre Campos
dos Goytacazes, sobre as idias e aes ali definidas. No plano desenvolvido, sobre
a diviso urbana de Campos, destaca-se o chamado quadriltero central, em cuja
delimitao comenta DOliveira(2002):
Almeja-se uma nova ordem urbana: o centro da cidade redefinidocomo o quadriltero compreendido entre as ruas Baro de Miracema (antigaSo Bento), Ten.cel. Cardoso (antiga Formosa), Mal. Floriano (antiga Ruado Ouvidor) e o Rio Paraba do Sul. Prev reas para futura expanso dacidade com o planejamento de novos bairros: em seu projeto, uma parte deGuarus , finalmente, integrada cidade; os bairros perifricos ditosabandonados, como o Turf, Saco e Matadouro so integrados zonaurbana. Os limites da cidade so estabelecidos, marcando a diferena entrezona urbana, suburbana e rural. (pg. 08)
Tomado pelo esprito modernista que adentrava no pas com base no
municipalismo, enquanto doutrina, e que refletia o entendimento de que necessitava
a cidadeno de uma soluo econmica ou social, mas urbansticao prefeito de
ento, Salo Brand10, reclama um financiamento para o custeio do plano e executa
vrias modificaes na morfologia urbana, tal como informa PEIXOTO FARIA
(2001):
10Salo Brand, engenheiro, foi prefeito de Campos no perodo de 1942 a 1947.
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(...) o alargamento e o prolongamento de ruas e o saneamento de parte dacidade, executa vrias operaes de prestgio, ocupando outros espaos dacidade, criando assim novos pontos de centralizao. Podemos citar, comoexemplo, a Praa da Bandeira, em frente ao novo hospital da Santa Casade Misericrdia que est em construo, ao sul dos bairros situados a
oeste; o Parque para a Assistncia Infncia, Alzira Vargas, ao sul doncleo central; e ele inicia a construo do hospital de isolamento para ostuberculosos na Coroa (bairro afastado da cidade), inaugura o trecho daestrada Campos-Niteri, que atravessa cidade beirando o canal Campos-Maca, com ligao direta at Avenida 15 de novembro, confirmandoassim o canal como um ponto central que divide cidade em duas partes.
O plano de 1944, no que abrange a induo do desenvolvimento local, o
estudo mais detalhado elaborado para a cidade de Campos e compreende alm da
viso higienista, que predominava nos dois planos anteriores, uma percepo
geogrfica e histrica da cidade, refletindo a influncia das ideologias progressistas
que o Urbanismo enquanto Cincia estava trazendo para o Brasil, j utilizadas na
Europa como modus operandida produo das cidades.
O que se encontra hoje, lamentavelmente, de documentos do Plano Coimbra
Bueno no Arquivo Pblico Municipal de Campos dos Goytacazes se resume a um
conjunto de painis originais com o levantamento cadastral da cidade e a proposio
do alinhamento das ruas da cidade desenhado em plantas na escala de 1:1000, dos
quais se logrou algumas imagens por cmera digital, que aqui esto apresentadas
(Fig.s 24; 25; 26; 27; 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34 ) . Aos textos originais de memoriais
descritivos do plano e demais documentos, afora os textos de autores que aqui
referimos, a nada se tiveram acesso na fase de pesquisa.11
11O que se tem informado, pelo Arquivo Pblico Municipal de Campos dos Goytacazes, que
tais documentos esto includos no acervo do Museu de Campos dos Goytacazes, reservados para
restaurao e sero, posteriormente, disponibilizados consulta pblica. Junto Secretaria Municipal
de Planejamento de Campos dos Goytacazes, atravs do arquiteto e urbanista Luiz Gustavo Xavier,
se teve acesso a mapas digitais da malha urbana de Campos dos Goytacazes obtidos por reduo de
tomada aerofotogramtrica, inclusive uma superposio dos alinhamentos pretendidos no Plano
Coimbra Bueno, sobre a malha viria atual da cidade, que permitiu aquilatar, ainda que de forma no
muito precisa, a efetiva aplicao do plano no remodelamento da cidade.
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Fig.24- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
Fig. 25- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
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Fig. 26- - Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
Fig. 27- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
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Fig. 28- - Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
Fig. 29- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
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Fig. 30- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
Fig. 31- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
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Fig. 32 - Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
Fig. 33- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
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Fig. 34- Painel original do Plano Urbanstico de Campos - Coimbra Bueno,1944Fonte: Imagem digital produzida pelo autor.
O remodelamento urbano de Campos preconizado pelos irmos Bueno e
alicerado na consultoria do Alfred Agache, absorve e complementa o princpio
higienista do Plano Saturnino de Brito, estabelece uma diviso espacial da cidade,
na margem direita do rio Paraba do Sul, pela avenida que acompanha as margens
do canal Campos - Maca, antiga Beira-Valo hoje Avenida Jos Alves de Azevedo,
interligado-a atravs do traado da Avenida Nilo Peanha rodovia Amaral Peixoto
que d ligao de Campos com Niteri, ento capital do estado, dando-lhe acesso
avenida XV de Novembro, que acompanha a margem direita do Paraba no
quadriltero central. O Passeio Municipal, hoje Avenida 28 de Maro, que vem de
primeiro traado feito por Pralon, depois, por Saturnino de Brito, expandida no
alinhamento da via frrea em direo da baixada, ganha alinhamento ainda mais
largo e se estende no plano dos Bueno/Agache at altura da Usina Santo Antnio, e
se constitui no principal vetor da expanso da cidade, integrando bairros at ento
isolados da malha central, como o Turf Club. Agache prolonga ainda o Passeio
Municipal acima do canal Campos-Maca formando um arco no sentido oeste at a
estao da estrada de ferro da The Leopoldina Railway Company Ltda, que fazia a
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ligao ferroviria entre Rio de Janeiro Campos Vitria, e conectando o
prolongamento da Rua da Constituio, atual Alberto Torres, que partia da praa do
Santssimo Salvador at a Estao Ferroviria do Saco. Subindo ento da praa
central cortando a parte mais alta da configurao topogrfica do tecido urbano, a
Rua da Constituio que era, portanto, naturalmente mais salubre que os stios mais
baixos, cheios de alagadios e lagoas, j concentrava as construes dos solares,
das chcaras e manses dos abastados, senhores de usinas, grandes proprietrios
rurais e comerciantes de atacado, e fechando o arco com o Passeio Municipal
circunscreveu a zona da cidade onde se desenvolveram o bairros mais nobres, se
instalaram os grandes colgios, o Frum de Justia, e loteamentos das reas de
canavial dotados de infra-estrutura moderna, com lotes que foram ocupados pela
classe mdia alta, como o Parque Tamandar, o Parque Pelinca e o Parque Maria
Queirz , entre a rua da Constituio e a avenida XV de Novembro.
Na margem esquerda do Paraba o Plano Coimbra Bueno resgata o distrito de
Guars como componente da cidade, traa para ali largas avenidas, inclusive
alinhando as pistas da atual Avenida Tancredo Neves com o eixo da embocadura do
canal Campos-Maca, propondo a construo de uma ponte moderna que,
interligando as hoje avenidas Jos Alves de Azevedo e Tancredo Neves daria aGuars definitiva incorporao ao sistema virio da cidade, vencido o obstculo do
rio Paraba do Sul, que na poca contava apenas com a acanhada ponte municipal
hoje denominada Ponte Barcelos Martins. Inaugurada em 5 de abril de 1873,
construda pelo Baro da Lagoa Dourada12em empreendimento privado e por cuja
travessia durante alguns anos era cobrado pedgio (Fig.s 35 e 36), talvez o primeiro
cobrado no pas, e que embora sua estrutura metlica importada da Frana ficasse
conhecida pela populao como a Ponte de Pau devido seu piso em madeira.
12 Baro da Lagoa dourada. - Jos Martins Pinheiro, rico fazendeiro dos Campos dos Goytacazes,
voltado para o civismo nacional, por ocasio da Guerra do Paraguai se entregou a uma grandecampanha. Como resultado, conseguiu, em virtude do seu prestgio pessoal, no somente muitosvoluntrios para a grande luta, como fez, na ocasio, vultoso donativo. Em conseqncia desse seugesto extraordinrio, a 09 de janeiro de 1867, foi homenageado por parte do Imprio com o honrosottulo de Baro da Lagoa Dourada. Empreendedor, entre seus negcios construiu a primeira pontesobre o rio Paraba do Sul em Campos, por cuja travessia se cobrava pedgio. Fonte: Feydit (1979)
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Fig. 35Ponte Barcelos Martins, construda pelo Baro da Lagoa Dourada13Fonte: Arquivo Pblico Municipal
Fig. 36Ponte Barcelos Martins, construda pelo Baro da Lagoa DouradaFonte: Arquivo Pblico Municipal
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A casinha esquerda do acesso ponte, junto ao poste de iluminao, o posto de pedgio
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2.2.3O PDUC DE 1979, ZONEAMENTO E USO DO SOLO, RECONFIGURAO
VIRIA E DENSIFICAO DA OCUPAO DO SOLO.
No binio 78/79, estando prefeito o Arquiteto Raul Linhares, o municpioelabora o PDUC Plano de Desenvolvimento Urbano de Campos dos Goytacazes,
que apresenta uma proposta de melhoramento do sistema virio urbano com a
implantao de duas vias expressas de distribuio que permitiriam o contorno do
tecido urbano da cidade pelo trfego rodovirio de passagem no municpio. Essas
vias, chamadas no plano de Perimetral interna e Perimetral externa, depois
nomeada Av. Arthur Bernardes a interna e Av. N. S. do Carmo a externa, pretendiam
ento resolver a superposio com o trfego urbano do trfego de passagem das
BR-101 na direo ao leste do municpio e no acesso ao municpio de So Joo da
Barra, considerando que o contorno projetado pelo ento DNER (Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem) para a BR-101 Norte, na direo ao estado do
Esprito Santo, a oeste do tecido urbano, resolveria no s a superposio desse
trfego rodovirio, mas tambm, acessando por este contorno as perimetrais
propostas, a superposio da demanda de trfego rodovirio da BR -356 na direo
ao leste do municpio e no acesso a So Joo da Barra (Fig.37).
Fig. 37Perimetrais projetadas no PDUC 1979Campos dos Goytacazes
Fonte: Marcado pelo autor sobre trecho de mapa do P. Diretor 2008
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No quadro da poca, a proposio das perimetrais era tecnicamente correta e
havia a possibilidade de financiamento da Unio s suas execues, justificadas
pelo envolvimento do trfego rodovirio das estradas federais, no houvesse acaracterizao de um imbrglio poltico. Por coincidncia, as partidas de ambas as
perimetrais, em seus trechos a oeste do canal Campos Maca cruzariam terras
em canavial da Usina do Queimado, empresa de propriedade familiar do ento
prefeito Raul Linhares, e cuja construo lhes imprimiria expressiva e sbita
valorizao transformando-as em reserva infraestruturada para a expanso
imobiliria da cidade, o que acirrou os nimos da oposio. No se pode afirmar
tenha sido essa a principal inibio para a execuo das obras pelo poder publico,mas o fato que no se executaram ento, e passou a municipalidade a exigir,
como vias projetadas, que as intervenes dos agentes privados da produo
urbana, na execuo de loteamentos, executassem os trechos daquelas perimetrais
onde interferissem com seus projetos. Tal condio viabilizou que diversos trechos
das perimetrais se realizassem, porm inclusas em loteamentos, perderam a
caracterstica de via expressa e, principalmente, a funo de resolver a
superposio do trfego rodovirio de passagem com o trfego urbano na cidade. A
Av. Arthur Bernardes, pretensa perimetral interna, vem agora em 2012 a ser
concluda pela municipalidade como uma importante via arterial na ma