rescisória de decisão interlocutória

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Superior Tribunal de Justiça AÇÃO RESCISÓRIA Nº 1.649 - SP (2001/0054117-9) RELATORA : MINISTRA DENISE ARRUDA R.P/ACÓRDÃO : MINISTRO LUIZ FUX REVISOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS AUTOR : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PROCURADORES : CARLOS ROBICHEZ PENNA ANTÔNIO AUGUSTO O C REIS E OUTRO(S) RÉU : DIONISIA DOS SANTOS BORSODY PROCURADOR : CLÁUDIA A. SIMARDI (ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA) RÉU : MARTIM BORSODY NETO RÉU : MARIA APARECIDA BORSODY GIMENEZ RÉU : MARIA HELENA BORSODY RÉU : MARTIM DOS SANTOS BORSODY RÉU : MARIA LÚCIA BORSODY RIZZATTI RÉU : MARISA DOS SANTOS BORSODY - INTERDITO REPR. POR : MARIA HELENA BORSODY - CURADOR ADVOGADO : CRISTINA TRENTO - DEFENSORA PÚBLICA RÉU : BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A - BANESPA ADVOGADO : ALDE DA COSTA SANTOS JUNIOR E OUTRO(S) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, DO CPC. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DO CÁLCULO EM DESCONFORMIDADE COM O DECIDIDO NA SENTENÇA DE MÉRITO, NO PROCESSO DE CONHECIMENTO. RESCINDIBILIDADE. 1. A decisão do cálculo da indenização em ação que visa a entrega de soma é de mérito e desafia a ação rescisória. (Precedente: AR 489/PR, Rel. Ministro Demócrito Reinaldo, Primeira Seção, julgado em 23/04/1997, DJ 26/05/1997 p. 22465) 2. Ação rescisória acolhida, determinando-se o seu prosseguimento, divergindo da E. Relatora. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, "Prosseguindo no julgamento, a Seção, por maioria, vencida a Sra. Ministra Relatora, acolher a ação rescisória, nos termos do voto-vista do Sr. Ministro Luiz Fux, que lavrará o acórdão. Votaram com o Sr. Ministro Luiz Fux os Srs. Ministros Humberto Martins (que retificou seu voto), Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon e Castro Meira. Brasília (DF), 28 de abril de 2010(Data do Julgamento) MINISTRO LUIZ FUX Relator Documento: 934966 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2010 Página 1 de 17

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Superior Tribunal de Justiça

AÇÃO RESCISÓRIA Nº 1.649 - SP (2001/0054117-9)

RELATORA : MINISTRA DENISE ARRUDAR.P/ACÓRDÃO : MINISTRO LUIZ FUXREVISOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINSAUTOR : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PROCURADORES : CARLOS ROBICHEZ PENNA

ANTÔNIO AUGUSTO O C REIS E OUTRO(S)RÉU : DIONISIA DOS SANTOS BORSODY PROCURADOR : CLÁUDIA A. SIMARDI (ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA)RÉU : MARTIM BORSODY NETO RÉU : MARIA APARECIDA BORSODY GIMENEZ RÉU : MARIA HELENA BORSODY RÉU : MARTIM DOS SANTOS BORSODY RÉU : MARIA LÚCIA BORSODY RIZZATTI RÉU : MARISA DOS SANTOS BORSODY - INTERDITOREPR. POR : MARIA HELENA BORSODY - CURADORADVOGADO : CRISTINA TRENTO - DEFENSORA PÚBLICARÉU : BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A - BANESPA ADVOGADO : ALDE DA COSTA SANTOS JUNIOR E OUTRO(S)

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, DO CPC. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DO CÁLCULO EM DESCONFORMIDADE COM O DECIDIDO NA SENTENÇA DE MÉRITO, NO PROCESSO DE CONHECIMENTO. RESCINDIBILIDADE.1. A decisão do cálculo da indenização em ação que visa a entrega de soma é de mérito e desafia a ação rescisória. (Precedente: AR 489/PR, Rel. Ministro Demócrito Reinaldo, Primeira Seção, julgado em 23/04/1997, DJ 26/05/1997 p. 22465)2. Ação rescisória acolhida, determinando-se o seu prosseguimento, divergindo da E. Relatora.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, "Prosseguindo no julgamento, a Seção, por maioria, vencida a Sra. Ministra Relatora, acolher a ação rescisória, nos termos do voto-vista do Sr. Ministro Luiz Fux, que lavrará o acórdão. Votaram com o Sr. Ministro Luiz Fux os Srs. Ministros Humberto Martins (que retificou seu voto), Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon e Castro Meira.

Brasília (DF), 28 de abril de 2010(Data do Julgamento)

MINISTRO LUIZ FUX Relator

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Superior Tribunal de Justiça

AÇÃO RESCISÓRIA Nº 1.649 - SP (2001/0054117-9)

RELATORA : MINISTRA DENISE ARRUDAAUTOR : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PROCURADORES : CARLOS ROBICHEZ PENNA

ANTÔNIO AUGUSTO O C REIS E OUTRO(S)RÉU : DIONISIA DOS SANTOS BORSODY PROCURADOR : CLÁUDIA A. SIMARDI (ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA)RÉU : MARTIM BORSODY NETO RÉU : MARIA APARECIDA BORSODY GIMENEZ RÉU : MARIA HELENA BORSODY RÉU : MARTIM DOS SANTOS BORSODY RÉU : MARIA LÚCIA BORSODY RIZZATTI RÉU : MARISA DOS SANTOS BORSODY - INTERDITOREPR. POR : MARIA HELENA BORSODY - CURADORADVOGADO : CRISTINA TRENTO - DEFENSORA PÚBLICARÉU : BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A - BANESPA ADVOGADO : ALDE DA COSTA SANTOS JUNIOR E OUTRO(S)

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA DENISE ARRUDA (Relatora):

Trata-se de ação rescisória ajuizada pelo MUNICÍPIO DE SÃO PAULO com fundamento nos arts. 485, V, e 487, II, do Código de Processo Civil, objetivando desconstituir o acórdão proferido pela Segunda Turma no julgamento do REsp 123.828/SP, relatado pelo Ministro Ari Pargendler, cuja ementa segue transcrita:

"PROCESSO CIVIL. DESAPROPRIAÇÃO. PAGAMENTO DO PREÇO. Na ação de desapropriação, a demora no pagamento do preço deve ser imputada ao expropriante, pesando também sobre ele a responsabilidade por eventual insuficiência da correção monetária do preço oferecido e depositado judicialmente. Recurso especial conhecido e provido." (fl. 140)

O autor aponta violação de literal disposição dos arts. 472, 527, III, do CPC, e 1.266 do CC, alegando, essencialmente, que: (a) o município deveria ter sido intimado para integrar o recurso de agravo de instrumento interposto pelo BANESPA contra a decisão judicial que deferiu pedido de aplicação de índices de correção monetária relativos ao montante da indenização depositada em ação de desapropriação, ajuizada por aquele ente público; (b) "a Municipalidade, no entanto, permaneceu alheia ao litígio incidentalmente instaurado entre os expropriados e o banco depositário, não tendo sido intimada de nenhum dos desdobramentos processuais do agravo de instrumento interposto pelo BANESPA" (fl. 3); (c) "há de se observar ainda o disposto no artigo 472 do Código de Processo Civil, segundo o qual 'a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando nem prejudicando terceiros'. A Municipalidade, alheia ao incidente formado no agravo de instrumento entre o BANESPA S.A. e Martim Bosordy e s/m, foi prejudicada pelo v. acórdão rescindendo" (fl. 7).

Ao final, pugna pela rescisão do acórdão proferido nesta Corte, com a Documento: 934966 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2010 Página 2 de 17

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manutenção do aresto proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, que negou provimento ao agravo de instrumento interposto.

Depois de oferecida contestação e apresentadas as razões finais, o representante do Ministério Público Federal opinou pelo não-conhecimento da ação.

É o relatório.

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AÇÃO RESCISÓRIA Nº 1.649 - SP (2001/0054117-9)

VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA DENISE ARRUDA (Relatora):

Passa-se à análise da demanda.A presente controvérsia delimita-se na possibilidade de se rescindir

acórdão proferido em recurso especial que julgou questão proveniente de decisão interlocutória proferida no juízo de primeiro grau, em sede de ação de desapropriação.

A redação do art. 485, caput , e inciso V, do CPC dispõe:

"Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

(...)V - violar literal disposição."

Nesse sentido, malgrado o dispositivo legal se refira a "sentença de mérito", tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm admitido, de modo majoritário, a possibilidade do ingresso de ação rescisória para a desconstituição de decisão interlocutória na qual se tenha enfrentado, de maneira incidental, o mérito do processo. A esse respeito, discorre o processualista Alexandre Freitas Câmara:

"Fala o caput do art. 485 do CPC em sentença de mérito. Ocorre que a palavra sentença está, aí, empregada em sentido bastante amplo, a querer significar provimento judicial.

Deste modo, é perfeitamente possível o cabimento de ação rescisória contra acórdãos (e, aliás, pode-se mesmo arriscar dizer que é mais freqüente a utilização da ação rescisória contra acórdãos que contra sentenças). E também contra decisões interlocutórias é cabível a ação rescisória, desde que esse provimento verse sobre o meritum causae. Basta pensar, por exemplo, em um processo em que o autor tenha cumulado dois pedidos e o juiz, por decisão interlocutória, rejeite um deles em razão da decadência, determinando o prosseguimento do feito para exame do outro. Apesar da redação infeliz do art. 162, §1º, do CPC, determinada pela Lei nº 11.232/2005, não pode haver dúvida de que aí se está diante de decisão interlocutória, e não de sentença. Caberá, de toda sorte, a ação rescisória. Por esta razão é que parece mais adequado falar-se, na interpretação do caput do art. 485, não em sentença, mais em provimento judicial.

(...)Não é qualquer provimento judicial, porém, que pode ser atacado por ação

rescisória. É preciso que se trate de um provimento de mérito. É inevitável, então, estabelecer-se uma ligação entre o disposto neste art. 485 do CPC e o que vai no art. 269 do mesmo diploma." (Ação Rescisória, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, pp. 65-66)

Com esse entendimento, os seguintes precedentes desta Corte:

"PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE DE 26,05%. AÇÃO RESCISÓRIA. PROPOSITURA CONTRA RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO DE DECISÃO DE NATUREZA INTERLOCUTÓRIA. CABIMENTO. EXCEÇÃO. ART. 485, CAPUT, DO

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CPC. PEDIDO JULGADO PROCEDENTE.1. A parte autora que litiga sob o pálio da assistência judiciária não se mostra obrigada ao depósito previsto no art. 488, inc. II, do CPC. Preliminar de inépcia da petição inicial rejeitada.2. Segundo o art. 485, caput, do CPC, cabe ação rescisória de sentença de mérito transitada em julgado. Por conseguinte, em regra, não se presta para desconstituir acórdão proferido em recurso especial que julga, em última análise, decisão de natureza interlocutória.3. Hipótese em que se apresenta aplicável a exceção à regra. O acórdão rescindendo, proferido pela Sexta Turma nos autos do REsp 230.694/SE, ao julgar incabível a concessão do reajuste de 26,05%, reformou decisão interlocutória que, em execução, determinara a citação da União e o cumprimento da obrigação de fazer, consistente em implantar nos proventos do autor o reajuste em tela.4. Por conseguinte, além de examinar o próprio mérito, acabou por impedir a percepção do reajuste pelo autor da ação rescisória, já assegurado em sentença transitada em julgado. Assim, incorreu em julgamento extra petita e contrariou a coisa julgada, violando, de forma literal, os arts. 128 e 460 do Código de Processo Civil.5. Pedido julgado procedente." (AR 2.099/SE, 3ª Seção, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ de 24.9.2007, grifou-se)

"Processo civil. Recurso especial. Execução iniciada em 1.987. Posterior edição da Lei nº 8.009/90. Alegação, no curso da execução e após a penhora, de impenhorabilidade do bem de família. Rejeição. Reiteração do pedido, quatro anos depois, em face da adjudicação do imóvel pelo credor. Propositura de ação rescisória para desconstituir a segunda decisão interlocutória que reiterou a inaplicabilidade da Lei nº 8.009/90. Procedência. Possibilidade de rescisão de decisões interlocutórias que possuam carga meritória. Perda do prazo decadencial para a propositura da ação rescisória afastada em face da Súmula nº 106/STJ, mas reconhecida em face da existência de duas decisões sobre o mesmo tema, resumindo-se a irresignação apenas à última delas. Violação ao art. 535 do CPC. - Não se reconhece violação ao art. 535 do CPC quando ausentes omissão, contradição ou obscuridade no acórdão. - Em face do art. 485 do CPC, que se refere à 'sentença de mérito', doutrina e jurisprudência, no geral, entendem como possível o juízo rescindendo de decisão interlocutória apenas em situações muito específicas.Omissis.Recurso especial conhecido e provido." (REsp 628.464/GO, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ de 27.11.2006, grifou-se)

Por outro lado, antes mesmo de se tratar do tema relativo ao mérito da ação de desapropriação, entende-se oportuna a análise do que se identifica como sendo mérito dentro da relação processual, bem como de que forma ele pode ser definido e delimitado. Quanto a isso, é esclarecedora a lição doutrinária de Cândido Rangel Dinamarco:

"O vocábulo mérito, de uso corrente e empregado muitas vezes no Código de Processo Civil, expressa o próprio objeto do processo. A pretensão ajuizada, que em relação ao processo é seu objeto, constitui o mérito das diversas espécies de processos. O mérito do processo de conhecimento é a pretensão trazida com pedido de julgamento que a reconheça e, portanto, a acolha. O mérito do processo de execução é a pretensão a

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receber a coisa pleiteada - e não uma sentença. O do processo monitório é o mesmo, porque a tutela final que ele pode conceder é de natureza executiva" (Instituições de Direito Processual Civil, vol. II, 5ª ed., São Paulo: Malheiros Editores, , 2005, p. 182)

Seguindo essa linha de raciocínio, e no que diz respeito ao mérito da ação de desapropriação ajuizada pelo ente expropriante, nota-se que esta tem como objeto a legitimação da mudança do domínio de determinada propriedade, por meio do pagamento da indenização oferecida na peça exordial.

A Corroborar esse entendimento, transcrevem-se os seguintes excertos doutrinários:

"Destarte, na desapropriação, o expropriante reclama a tutela jurisdicional (pedido imediato) objetivando a extinção de uma situação jurídica (ou seja, a perda da propriedade pelo expropriando), com vistas à obtenção do bem visado (pedido mediato), mediante o pagamento de uma indenização." (SALLES, José Carlos de Moraes. A Desapropriação à Luz da Doutrina e da Jurisprudência, 5ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 288)

"Assim, na desapropriação, o pedido imediato será a invocação da prestação jurisdicional para se declarar a perda da propriedade do bem pertencente ao expropriado para o expropriante, e o pedido mediato será a aquisição do aludido bem mediante o pagamento de indenização." (FEDERIGHI, Wanderley José (org.), Ação de Desapropriação: Teoria e Prática, São Paulo: Saraiva, 1999, p. 61)

Nesses termos, fica bem nítido que, no caso dos autos, a decisão interlocutória que autorizou a atualização do valor da indenização depositada judicialmente pelo ente expropriante, de acordo com os critérios alegados pelos ora demandados, não se reveste da qualidade de decisão referente ao mérito da causa, não possuindo identificação com os pedidos feitos na inicial da ação desapropriatória. Por esse motivo, mostra-se incabível a ação rescisória in casu, sendo manifesta a impossibilidade jurídica do pedido.

Diante do exposto, deve ser julgada extinta a ação rescisória sem resolução do mérito, com base no disposto no art. 267, VI, do CPC.

É o voto.

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AÇÃO RESCISÓRIA Nº 1.649 - SP (2001/0054117-9)

RELATORA : MINISTRA DENISE ARRUDAREVISOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINSAUTOR : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PROCURADORES : CARLOS ROBICHEZ PENNA

ANTÔNIO AUGUSTO O C REIS E OUTRO(S)RÉU : DIONISIA DOS SANTOS BORSODY PROCURADOR : CLÁUDIA A. SIMARDI (ASSISTÊNCIA

JUDICIÁRIA)RÉU : MARTIM BORSODY NETO RÉU : MARIA APARECIDA BORSODY GIMENEZ RÉU : MARIA HELENA BORSODY RÉU : MARTIM DOS SANTOS BORSODY RÉU : MARIA LÚCIA BORSODY RIZZATTI RÉU : MARISA DOS SANTOS BORSODY - INTERDITOREPR. POR : MARIA HELENA BORSODY - CURADORADVOGADO : CRISTINA TRENTO - DEFENSORA PÚBLICARÉU : BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A -

BANESPA ADVOGADO : ALDE DA COSTA SANTOS JUNIOR E OUTRO(S)

VOTO-REVISÃO

O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS:

Cuida-se de ação rescisória ajuizada pelo MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, com fundamento nos arts. 485, V, e 487, II, do Código de Processo Civil, objetivando desconstituir o acórdão proferido pela Segunda Turma no julgamento do REsp 123.828/SP, relator Ministro Ari Pargendler, cuja ementa segue transcrita:

"PROCESSO CIVIL. DESAPROPRIAÇÃO. PAGAMENTO DO PREÇO. Na ação de desapropriação, a demora no pagamento do preço deve ser imputada ao expropriante, pesando também sobre ele a responsabilidade por eventual insuficiência da correção monetária do preço oferecido e depositado judicialmente. Recurso especial conhecido e provido." (fl. 140)

O autor aponta violação de literal disposição dos arts. 472, 527, III, do CPC, e 1.266 do CC, alegando, essencialmente, que: Documento: 934966 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2010 Página 7 de 17

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(a) o município deveria ter sido intimado para integrar o recurso de agravo de instrumento interposto pelo BANESPA contra a decisão judicial que deferiu pedido de aplicação de índices de correção monetária relativos ao montante da indenização depositada em ação de desapropriação, a qual fora ajuizada por aquele ente público;

(b) "a Municipalidade, no entanto, permaneceu alheia ao litígio incidentalmente instaurado entre os expropriados e o banco depositário, não tendo sido intimada de nenhum dos desdobramentos processuais do agravo de instrumento interposto pelo BANESPA " (fl. 3);

(c) "há de se observar ainda o disposto no artigo 472 do Código de Processo Civil, segundo o qual 'a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando nem prejudicando terceiros'. A Municipalidade, alheia ao incidente formado no agravo de instrumento entre o BANESPA S.A. e Martim Bosordy e s/m, foi prejudicada pelo v. acórdão rescindendo " (fl. 7).

Pede, ao final, a rescisão do acórdão proferido nesta Corte, com a manutenção do acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo que negou provimento ao agravo de instrumento interposto.

Ofertada a contestação e apresentadas as razões finais, o representante do Ministério Público Federal opinou pelo não-conhecimento da ação.

É, no essencial, o relatório.

O autor pretende, com base no inciso V do artigo 485 do Código de Processo Civil, rescindir acórdão proferido em recurso especial que julgou questão de decisão interlocutória do juízo de primeiro grau em sede de ação de desapropriação.

Eis a norma utilizada como fundamento principal desta ação:

"Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

(...)V - violar literal disposição."

A ação rescisória é cabível quando se tratar de sentença de mérito, mas a jurisprudência e a doutrina têm sido flexíveis quando se trata de decisão interlocutória que tocou o mérito da demanda, entretanto, a decisão em tela não o Documento: 934966 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2010 Página 8 de 17

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fez.

A propósito, o seguinte precedente:

"PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE DE 26,05%. AÇÃO RESCISÓRIA. PROPOSITURA CONTRA RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO DE DECISÃO DE NATUREZA INTERLOCUTÓRIA. CABIMENTO. EXCEÇÃO. ART. 485, CAPUT, DO CPC. PEDIDO JULGADO PROCEDENTE.

1. A parte autora que litiga sob o pálio da assistência judiciária não se mostra obrigada ao depósito previsto no art. 488, inc. II, do CPC. Preliminar de inépcia da petição inicial rejeitada.

2. Segundo o art. 485, caput, do CPC, cabe ação rescisória de sentença de mérito transitada em julgado. Por conseguinte, em regra, não se presta para desconstituir acórdão proferido em recurso especial que julga, em última análise, decisão de natureza interlocutória.

3. Hipótese em que se apresenta aplicável a exceção à regra. O acórdão rescindendo, proferido pela Sexta Turma nos autos do REsp 230.694/SE, ao julgar incabível a concessão do reajuste de 26,05%, reformou decisão interlocutória que, em execução, determinara a citação da União e o cumprimento da obrigação de fazer, consistente em implantar nos proventos do autor o reajuste em tela.

4. Por conseguinte, além de examinar o próprio mérito, acabou por impedir a percepção do reajuste pelo autor da ação rescisória, já assegurado em sentença transitada em julgado. Assim, incorreu em julgamento extra petita e contrariou a coisa julgada, violando, de forma literal, os arts. 128 e 460 do Código de Processo Civil.

5. Pedido julgado procedente."(AR 2.099/SE, 3ª Seção, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ

de 24.9.2007, grifou-se.)

Assim, não há dúvida quanto a vedação do manejo da ação rescisória no presente caso, portanto juridicamente impossível o presente pedido.

Ante o exposto, determino a extinção da presente ação rescisória sem resolução do mérito, com base no disposto no art. 267, inciso VI, do CPC.

Por fim, condeno a autora a pagar os honorários de advogado, na Documento: 934966 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2010 Página 9 de 17

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forma do § 4º do artigo 20 do Código de Processo Civil, em R$ 2.000,00 (dois mil reais), que serão rateados em partes iguais entre os réus que constituíram procurador.

É como penso. É como voto.

MINISTRO HUMBERTO MARTINS

Revisor

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOPRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2001/0054117-9 AR 1649 / SP

Números Origem: 199700184200 70455 79085

PAUTA: 09/12/2009 JULGADO: 09/12/2009

RelatoraExma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA

RevisorExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAIS FILHO

SecretáriaBela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO

AUTOR : MUNICÍPIO DE SÃO PAULOPROCURADORES : CARLOS ROBICHEZ PENNA

ANTÔNIO AUGUSTO O C REIS E OUTRO(S)RÉU : DIONISIA DOS SANTOS BORSODYPROCURADOR : CLÁUDIA A. SIMARDI (ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA)RÉU : MARTIM BORSODY NETORÉU : MARIA APARECIDA BORSODY GIMENEZRÉU : MARIA HELENA BORSODYRÉU : MARTIM DOS SANTOS BORSODYRÉU : MARIA LÚCIA BORSODY RIZZATTIRÉU : MARISA DOS SANTOS BORSODY - INTERDITOREPR. POR : MARIA HELENA BORSODY - CURADORADVOGADO : CRISTINA TRENTO - DEFENSORA PÚBLICARÉU : BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A - BANESPAADVOGADO : ALDE DA COSTA SANTOS JUNIOR E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Intervenção do Estado na Propriedade - Desapropriação

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Após o voto da Sra. Ministra Relatora julgando extinta a ação rescisória sem resolução do mérito, no que foi acompanhada pelo voto do Sr. Ministro Humberto Martins, Revisor, pediu vista antecipada o Sr. Ministro Luiz Fux."

Documento: 934966 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2010 Página 1 1 de 17

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Superior Tribunal de Justiça

Aguardam os Srs. Ministros Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon e Castro Meira.

Brasília, 09 de dezembro de 2009

Carolina VérasSecretária

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTOPRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2001/0054117-9 AR 1649 / SP

Números Origem: 199700184200 70455 79085

PAUTA: 28/04/2010 JULGADO: 28/04/2010

RelatoraExma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA

Relator para AcórdãoExmo. Sr. Ministro LUIZ FUX

RevisorExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAES FILHO

SecretáriaBela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO

AUTOR : MUNICÍPIO DE SÃO PAULOPROCURADORES : CARLOS ROBICHEZ PENNA

ANTÔNIO AUGUSTO O C REIS E OUTRO(S)RÉU : DIONISIA DOS SANTOS BORSODYPROCURADOR : CLÁUDIA A. SIMARDI (ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA)RÉU : MARTIM BORSODY NETORÉU : MARIA APARECIDA BORSODY GIMENEZRÉU : MARIA HELENA BORSODYRÉU : MARTIM DOS SANTOS BORSODYRÉU : MARIA LÚCIA BORSODY RIZZATTIRÉU : MARISA DOS SANTOS BORSODY - INTERDITOREPR. POR : MARIA HELENA BORSODY - CURADORADVOGADO : CRISTINA TRENTO - DEFENSORA PÚBLICARÉU : BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A - BANESPAADVOGADO : ALDE DA COSTA SANTOS JUNIOR E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Intervenção do Estado na Propriedade - Desapropriação

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Prosseguindo no julgamento, a Seção, por maioria, vencida a Sra. Ministra Relatora, acolheu a ação rescisória, nos termos do voto-vista do Sr. Ministro Luiz Fux, que lavrará o

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acórdão."Votaram com o Sr. Ministro Luiz Fux os Srs. Ministros Humberto Martins (que retificou

seu voto), Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon e Castro Meira.

Brasília, 28 de abril de 2010

Carolina VérasSecretária

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AÇÃO RESCISÓRIA Nº 1.649 - SP (2001/0054117-9)

VOTO-VENCEDOR

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, DO CPC. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DO CÁLCULO EM DESCONFORMIDADE COM O DECIDIDO NA SENTENÇA DE MÉRITO, NO PROCESSO DE CONHECIMENTO. RESCINDIBILIDADE.1. A decisão do cálculo da indenização em ação que visa a entrega de soma é de mérito e desafia a ação rescisória. (Precedente: AR 489/PR, Rel. Ministro Demócrito Reinaldo, Primeira Seção, julgado em 23/04/1997, DJ 26/05/1997 p. 22465)2. Ação rescisória acolhida, determinando-se o seu prosseguimento, divergindo da E. Relatora.

O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX: Consoante exposto pela E. Relatora:

Trata-se de ação rescisória ajuizada pelo MUNICÍPIO DE SÃO PAULO com fundamento nos arts. 485, V, e 487, II, do Código de Processo Civil, objetivando desconstituir o acórdão proferido pela Segunda Turma no julgamento do REsp 123.828/SP, relatado pelo Ministro Ari Pargendler, cuja ementa segue transcrita:

"PROCESSO CIVIL. DESAPROPRIAÇÃO. PAGAMENTO DO PREÇO. Na ação de desapropriação, a demora no pagamento do preço deve ser imputada ao expropriante, pesando também sobre ele a responsabilidade por eventual insuficiência da correção monetária do preço oferecido e depositado judicialmente. Recurso especial conhecido e provido." (fl. 140)

O autor aponta violação de literal disposição dos arts. 472, 527, III, do CPC, e 1.266 do CC, alegando, essencialmente, que: (a) o município deveria ter sido intimado para integrar o recurso de agravo de instrumento interposto pelo BANESPA contra a decisão judicial que deferiu pedido de aplicação de índices de correção monetária relativos ao montante da indenização depositada em ação de desapropriação, ajuizada por aquele ente público; (b) "a Municipalidade, no entanto, permaneceu alheia ao litígio incidentalmente instaurado entre os expropriados e o banco depositário, não tendo sido intimada de nenhum dos desdobramentos processuais do agravo de instrumento interposto pelo BANESPA" (fl. 3); (c) "há de se observar ainda o disposto no artigo 472 do Código de Processo Civil, segundo o qual 'a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando nem prejudicando terceiros'. A Municipalidade, alheia ao incidente formado no agravo de instrumento entre o BANESPA S.A. e Martim Bosordy e s/m, foi prejudicada pelo v. acórdão rescindendo" (fl. 7).

Ao final, pugna pela rescisão do acórdão proferido nesta Corte, com a manutenção do aresto proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, que negou

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provimento ao agravo de instrumento interposto.Depois de oferecida contestação e apresentadas as razões finais, o

representante do Ministério Público Federal opinou pelo não-conhecimento da ação.É o relatório.

Em seu voto, a E. Relatora concluiu que:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. DESCONSTITUIÇÃO DE ACÓRDÃO PROFERIDO EM SEDE DE DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE NÃO APRECIOU QUESTÃO DE MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. APLICAÇÃO DOS ARTS. 267, VI, E 485, V, DO CPC. PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. 1. Malgrado o art. 485, V, do CPC se refira a "sentença de mérito", tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm admitido, de modo majoritário, a possibilidade do ingresso de ação rescisória para a desconstituição de decisão interlocutória na qual se tenha enfrentado, de maneira incidental, o mérito do processo.2. No caso dos autos, entretanto, a decisão interlocutória que autorizou a atualização do valor da indenização depositada judicialmente pelo ente expropriante, de acordo com os critérios alegados pelos ora demandados, não se reveste da qualidade de decisão referente ao mérito da causa, não possuindo identificação com os pedidos feitos na inicial da ação desapropriatória. Por esse motivo, mostra-se incabível a ação rescisória in casu, sendo manifesta a impossibilidade jurídica do pedido.3. Ação rescisória extinta sem resolução do mérito.

Ora, consoante apontado, é cediço no Egrégio STJ que "malgrado o art. 485,

V, do CPC se refira a 'sentença de mérito', tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm

admitido, de modo majoritário, a possibilidade do ingresso de ação rescisória para a

desconstituição de decisão interlocutória na qual se tenha enfrentado, de maneira incidental,

o mérito do processo ".

Nesse sentido, a decisão na AR 489/PR:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DO CÁLCULO EM DESCONFORMIDADE COM O DECIDIDO NA SENTENÇA DE MÉRITO, NO PROCESSO DE CONHECIMENTO. RESCINDIBILIDADE.A ação rescisória constitui a via adequada para a desconstituição de decisão homologatória de liquidação, quando em desconformidade com a sentença de mérito proferida no processo de conhecimento.O prequestionamento do preceito de lei indicado como malferido não constitui pressuposto da rescisória, porquanto, consoante a jurisprudência predominante, para justificar o juízo rescindendo é indiferente que a lei tenha sido invocada ou não no processo principal.A decisão que homologa o cálculo de liquidação há de observar estritamente o que foi decidido na sentença exeqüenda, já que é defeso, ao juiz, na liquidação, discutir de novo a lide, ou alterar o provimento jurisdicional que a julgou.In casu, em observância ao decidido no julgamento de mérito, os juros moratórios hão de incidir, sobre o quantum indenizatório, a partir da data do evento.

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Ação rescisória procedente. Decisão unânime.(Rel. Ministro Demócrito Reinaldo, Primeira Seção, julgado em 23/04/1997, DJ 26/05/1997 p. 22465)

Dessa sorte, ACOLHO a ação rescisória, para determinar o seu

prosseguimento.

É como voto.

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