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1 INFORME ECONÔMICO 9 de junho de 2017 A ata do Copom reforçou que o aumento das incertezas exige cautela na condução da políca monetária, contudo surpresas baixistas de inflação ancoram ciclo de corte de juros. O documento publicado pelo Banco Central referente à reunião que contou com a redução da taxa de juros de 11,25% a.a. para 10,25% a.a. revelou que os membros do comitê reconhecem que a melhora na avidade global tem migado os efeitos de possíveis mudanças na políca econômica em países centrais. Internamente, o Copom manteve a avaliação de que a avidade mostra sinais de estabilização no curto prazo, e que o atual comportamento da inflação se mostra favorável ao se confirmar como um processo difuso de desinflação, abrangendo inclusive componentes mais sensíveis ao ciclo econômico. Seguindo o debate introduzido no comunicado após a reunião, a ata trouxe como principal informação o aumento da incerteza dos membros quanto ao andamento das reformas. Isso porque a possibilidade de alteração na agenda de reformas pode repercur sobre a trajetória de queda do juros estrutural da economia. Os membros também reconhecem que esse aumento da incerteza pode impactar negavamente a avidade, alterar a trajetória de câmbio e elevar as expectavas de inflação. Diante disso, acreditamos que os próximos dados econômicos serão fundamentais para ditar o ritmo do ciclo de corte de juros nos próximos meses. Assim, a divulgação do IPCA referente a maio (0,31%) pode levar a manutenção do atual ritmo de corte de juros na próxima reunião do Copom. O cenário benigno para inflação nos leva a manter nossa expectava de Selic em 8% a.a. para o final desse ano. RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS Ata do Copom expõe o aumento da incerteza, mas queda da inflação ancora ciclo de queda de juros. No cenário global, o BCE manteve políca expansionista. Fonte: BC, BRAM

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Page 1: RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVASOs dados qualitativos e que indicam a tendência da inflação também se mostraram favoráveis. O indicador de difusão cedeu entre abril e maio de 60,6%

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INFORME ECONÔMICO 9 de junho de 2017

A ata do Copom reforçou que o aumento das incertezas exige cautela na condução da política

monetária, contudo surpresas baixistas de inflação ancoram ciclo de corte de juros. O documento

publicado pelo Banco Central referente à reunião que contou com a redução da taxa de juros de 11,25%

a.a. para 10,25% a.a. revelou que os membros do comitê reconhecem que a melhora na atividade global

tem mitigado os efeitos de possíveis mudanças na política econômica em países centrais. Internamente,

o Copom manteve a avaliação de que a atividade mostra sinais de estabilização no curto prazo, e que o

atual comportamento da inflação se mostra favorável ao se confirmar como um processo difuso de

desinflação, abrangendo inclusive componentes mais sensíveis ao ciclo econômico. Seguindo o debate

introduzido no comunicado após a reunião, a ata trouxe como principal informação o aumento da

incerteza dos membros quanto ao andamento das reformas. Isso porque a possibilidade de alteração na

agenda de reformas pode repercutir sobre a trajetória de queda do juros estrutural da economia. Os

membros também reconhecem que esse aumento da incerteza pode impactar negativamente a

atividade, alterar a trajetória de câmbio e elevar as expectativas de inflação. Diante disso, acreditamos

que os próximos dados econômicos serão fundamentais para ditar o ritmo do ciclo de corte de juros nos

próximos meses. Assim, a divulgação do IPCA referente a maio (0,31%) pode levar a manutenção do

atual ritmo de corte de juros na próxima reunião do Copom. O cenário benigno para inflação nos leva a

manter nossa expectativa de Selic em 8% a.a. para o final desse ano.

RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS

Ata do Copom expõe o aumento da incerteza, mas queda da inflação ancora ciclo de queda de juros.

No cenário global, o BCE manteve política expansionista.

Fonte: BC, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 9 de junho de 2017

Surpresa baixista com inflação (IPCA) de maio favorece a continuidade do ciclo de distensão monetária.

No mês, o IPCA apresentou variação de 0,31%, abaixo da nossa projeção (0,49%) e do mercado (0,47%).

Em termos anuais, a inflação desacelerou de 4,1% para 3,6%. As surpresas baixistas se concentraram nos

grupos ‘Alimentação e bebidas’ e ‘Habitação’. Os dados qualitativos e que indicam a tendência da inflação

também se mostraram favoráveis. O indicador de difusão cedeu entre abril e maio de 60,6% para 51,7%. O

IPCA de serviços, por sua vez, cedeu de 5,9% para 5,6%, enquanto a média dos núcleos de inflação recuou

para 4,3%, e na margem anualizado apresentou variação de 2,9%. Com o resultado de maio, revisamos a

nossa projeção de IPCA de 3,9% para 3,7% ao final desse ano.

Na Zona do Euro, o Banco Central Europeu (BCE) manteve a política monetária, mas realizou

modificações relevantes em seus comunicados e projeções. O BCE optou pela manutenção da taxa de

refinanciamento em 0%, taxa de depósito em -0,4%, e manutenção volume de compras mensais de títulos

em €60 bilhões até dezembro. Em seu comunicado, no entanto, o BCE retirou o trecho que mencionava a

possibilidade de reduzir ainda mais a taxa de juros. No discurso após a reunião, Mario Draghi (presidente

do BCE) reconheceu que os riscos ao cenário central de atividade estão balanceados, excluindo o viés

baixista presente nas reuniões anteriores. Sobre a evolução dos preços na região, Draghi revelou que o

BCE ainda não está convencido de que a dinâmica de inflação esteja de acordo com o objetivo central do

BCE de alcançar a meta de 2%. Nesse sentido, Draghi reafirmou a necessidade da manutenção dos

estímulos monetários. Corroborando a avaliação mais otimista da atividade, as projeções para PIB 2017,

2018 e 2019 foram elevadas em 0,1 ponto percentual (p.p.), sendo 1,9%, 1,8% e 1,7%, respectivamente.

As projeções para inflação, por sua vez, tiveram revisões baixistas: 1,5% em 2017 (-0,2 p.p.), 1,3% em 2018

(-0,3 p.p.) e 1,6% em 2019 (-0,1 p.p.). A distância entre as projeções do BCE e a meta de 2% evidencia que

as alterações de política monetária serão realizadas com muita cautela. Acreditamos que o próximo passo

do BCE será a redução para €40 bilhões nas compras mensais de títulos a partir do primeiro trimestre de

2018.

Fonte: IBGE, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 9 de junho de 2017

Ainda na Europa, o partido Conservador (Tory) da atual primeira-ministra, Theresa May, venceu as

eleições gerais, porém não conquistou maioria. Em eleições gerais antecipadas, o partido Conservador

conquistou 318 deputados, enquanto o partido Trabalhista, liderado por Jeremy Corbyn, ficou com 261

deputados. A maioria absoluta no parlamento britânico requer 326 deputados. As eleições gerais, que

ocorreriam apenas em 2020, foram antecipadas por Theresa May sob a justifica de fortalecimento de sua

posição nas negociações do Brexit. O prognóstico não se confirmou, e o partido Conservador de Theresa

May terá menos cadeiras do que no Parlamento anterior (318 assentos ante 330). Em posição mais frágil,

Theresa May necessita agora formar um governo de coalizão. Caso fracasse nas negociações, May poderá

renunciar. Esse cenário de aumento de incerteza política favorece uma saída menos drástica da União

Europeia pelo Reino Unido.

Na China, a dinâmica do comércio exterior continuou favorável em maio, tanto em termos de receita

como de volume. No mês, as exportações (em US$) registraram alta de 8,7% em termos anuais, ao

passo que as importações expandiram em 14,8% e, em ambos os casos, as variações superaram o

consenso. Com isso, o saldo comercial foi positivo em US$ 40,8 bilhões, vindo de US$ 38,1 bilhões no mês

anterior. Os dados de quantum importado, por sua vez, tiveram expansão adicional em maio,

principalmente nos setores de petróleo e minério de ferro, ao passo que as importações de cobre

exibiram queda no mesmo período. Como um todo, estes indicadores de comércio exterior sugerem

alguma contribuição positiva do setor externo para a sustentação do crescimento econômico, que deve

desacelerar ao longo deste ano. Mantemos a expectativa de desaceleração do PIB para 6,5% em 2017,

vindo de 6,7% em 2016 e de 6,9% no primeiro trimestre. Em termos de inflação, o nível de preços ao

consumidor (CPI) apurou alta de 1,5% em termos anuais em maio, após alta de 1,2% em abril, enquanto o

nível de preços ao produtor (PPI) apresentou nova desaceleração entre maio e abril, saindo de 6,4% para

5,5%.

Fonte: Eurostat, Bloomberg, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 9 de junho de 2017

Na próxima semana, a agenda local contempla a divulgação das pesquisas de comércio (PMC) e serviços

(PMS) para o mês de abril. No calendário de eventos internacionais, o destaque principal fica por conta

da reunião do FED na quarta-feira, a qual deve contar com um novo aumento de juros. Adicionalmente,

teremos a divulgação dos dados de inflação nos EUA e dados de atividade na China.

Fonte: Bloomberg, BRAM

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CALENDÁRIO E PROJEÇÕES

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INFORME ECONÔMICO 9 de junho de 2017

Tel.: 3847-9171 [email protected]

As opiniões, estimativas e previsões apresentadas neste relatório constituem o nosso julgamento e estão sujeitas a mu-

danças sem aviso prévio, assim como as perspectivas para os mercados financeiros, que são baseadas nas condições

atuais de mercado. Acreditamos que as informações apresentadas aqui são confiáveis, mas não garantimos a sua exati-

dão e informamos que podem estar apresentadas de maneira resumida. Este material não tem intenção de ser uma ofer-ta ou solicitação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro. BRAM - Bradesco Asset Management é a em-

presa responsável pela atividade de administração de recursos de terceiros do Banco Bradesco S.A. BRAM - Bradesco Asset Management -

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Material produzido em 09/06/2017 às 16h20

Outras edições estão disponíveis no Site: www.bradescoasset.com.br,

MARCELO CIRNE DE TOLEDO

Economista Chefe [email protected]

ANA PAULA DE ALMEIDA ALVES

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DANIEL XAVIER FRANCISCO [email protected]

DANILO OLIVEIRA IMBIMBO

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HUGO RIBAS DA COSTA [email protected]

JOSE LUCIANO DA SILVA COSTA [email protected]

MARIANNE KOMORI GEHRINGER

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