resenha toscani
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES
DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, PROPAGANDA E TURISMOREDAÇÃO PUBLICITÁRIA I
Era uma vez: Toscani
Jean Michel Gallo Soldatelli6441052
PP noturno
SÃO PAULO2010
Era uma vez um mundo pós guerra fria. Neste mundo, o capitalismo acabava
de ter vencido o monstro do socialismo e exaltava sua vitória pelos quatro
cantos do mundo. O povo aguardava ávido pelas maravilhas que o lado de cá
do muro oferecia: você poderia escolher entre várias marcas de um produto, ter
casas, carros, enfim, pagar por um mundo diferente. Ao mesmo tempo que
abriu-se um grande mercado com a junção dos ex-socialistas a produção do
lado comunista aumentava, gerando empregos e movimentando a economia. O
problema é que esse mundo na realidade tinha doenças, pobreza, guerras,
discriminação e vários outros problemas que não tinham sido vendidos
anteriormente. Tudo isso sem contar que nem todos poderiam comprar aqueles
produtos, carros, casas.
É nesse contexto que se encaixa Oliviero Toscani, sem dúvida uma pessoa
que teve uma visão diferenciada sobre a ferramenta da comunicação. Toscani
critica a propaganda pela falta de inteligência, mesmice, mentira, rascismo,
inutilidade social entre outros motivos. Não critíca em vão: a propaganda na
maioria das vezes mente, utiliza apenas padrões de beleza, e acaba não
mudando muito a vida das pessoas. Porém, é importante ter consciência de
que suas críticas eram embasadas na época citada acima, onde a propaganda
era feita simplesmente pra vender, maravilhada pela adesão de um mercado
sedento e vivendo uma espécie de "crise criativa" dedivo às necessidades do
cliente em aproveitar todo esse vislumbre.
Concordo com Toscani quando o assunto é a mesmice da propaganda. Na
nossa época o maior exemplo são as tão criticadas campanhas de varejo.
Concordo com ele que a propaganda poderia ser mais informativa, visar mais o
bem dos consumidores. Mas acredito que a propaganda mudou. E o que não
mudou ainda terá de mudar para sobreviver.
A propaganda faz bem para o público. Direta e indiretamente. Sem ela a tv, a
rádio, os jornais na rua, tudo seria pago. Sem ela os produtos não se
diferenciariam, não haveria competição pelo mercado, não haveria revolução
tecnológica, evolução do design e tudo seria mais caro. A propaganda (ou
algumas propagandas) entretem o expectador, é assunto em rodas de
conversa. O discurso é recorrente porém os benefícios também são.
Hoje um dos grandes diferenciais da comunicação de uma empresa é a
interação com o consumidor, é você fazer parte de sua vida. A tecnologia
possibilitou que uma empresa possa fazer um aplicativo que facilite sua ida ao
banco, forneça receitas de acordo com os ingredientes que possuí, dê
informações sobre o tempo e trânsito além de notícias gratuitamente. Pode
realizar ações de guerrilha que ajudem as pessoas a se locomover, a se
aproximar ou a se divertir. Pode garantir a diversão do povo ao financiar a
realização de um filme, uma novela ou uma série, e sua distribuição gratuita.
Esses exemplos dados não são perspectivas para o futuro, são ações já
realizadas. Gostaria de poder questionar Toscani se com isso a propaganda
não está se tornando útil e vantajosa para o consumidor.
Está certo que grande parte da verba das campanhas publicitárias ainda vão
para as campanhas tradicionais, que "vendem" um mundo ideal e vários
benefícios, porém em um mundo globalizado e conectado como o atual não se
pode mais subestimar a inteligência do consumidor. Marcas pagam pelas
campanhas que vendem uma coisa muito acima do que o produto/serviço
realmente é nas mobilizações de consumidores insatisfeitos, seja em caso de
grupos, como é o caso das companhias telefônicas, ou indivíduos, como
aconteceu com a United Airlines e o caso do violão quebrado.
Por vezes penso por quê Toscani criava propagandas se as criticava tanto. Por
que gastava tanto dinheiro com produção de fotos e veiculações de anúncios?
Após impactar o mercado ele não poderia ter usado o dinheiro de suas
campanhas, fotos, para ajudar aqueles que fotografava? Sim, nem todos são
santos, ou nem todos santos são santos por completo.
É claro que suas campanhas da Benetton e seu modo de pensar influenciaram
a forma de comunicação. Hoje é mais recente a miscigenação nas campanhas,
a diferenciação entre as campanhas de marcas que possuem um mesmo
produto, hoje estuda-se mais o público para que se possa saber suas
necessidades e criar algo que seja útil. Exemplo é uma campanha da Hyundai
que ganhou o prêmio máximo da publicidade por oferecer um seguro
desemprego em meio a crise americana: caso a pessoa comprasse um carro e
ficasse desempregada poderia devolver o carro e receber seu dinheiro de volta.
Esse talvez é um grande exemplo do que mudou, e de como Toscani, mesmo
que indiretamente e por meios possívelmente tortos, influenciou essa mudança.
Particularmente, vejo a comunicação com uma arma muito poderosa, pode
eleger ou derrubar governos, implantar ou retirar opiniões. A questão é que se
esta arma servir apenas para bombardear os consumidores ela será rejeitada.
Agora, se ala auxilía, acaba sendo simpática e tornado-se parte da rotina do
mesmo. E se um posicionamento é amado uma empresa é amada. Acredito
que existe uma forma que empresa e público ganhem ao mesmo tempo, sem
precisar acabar um com o outro. Acredito e busco fazer isso, fazer com que a
comunicação seja uma ponte que ligue o consumidor a marca e que ambos
queiram estar conectados a ela.