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Resduos de Tiro (GSR - Gunshot residue, FDR - Firearms discharge residue)

Paulo Ricardo Ost Frank Perito Criminal, RS

Com reviso de: Fernando Ipar, Perito Criminal, RS. Vera Bittencourt, Perita Criminalstica, RS.1

NDICE.1. Armas ...................................................................................................................... 4

1.1. Armas de Fogo ........................................................................................................ 7 1.1.1. 1.1.2. 1.1.3. 1.1.4. 1.1.5. 1.1.6. 1.1.7. 1.1.7.1. 1.1.7.2. 1.1.8. 1.1.8.1. 1.1.8.2. 2. Raias ............................................................................................................... 8 Calibre............................................................................................................. 9 Munio......................................................................................................... 10 Estojo ............................................................................................................ 14 Espoletas e Carga iniciadoras ...................................................................... 15 Descarga (Disparo e Tiro)............................................................................. 23 Plvora .......................................................................................................... 24 Plvora Negra ............................................................................................... 25 Plvoras Modernas ....................................................................................... 26 Projteis ........................................................................................................ 33 Balins ou bagos ............................................................................................ 38 Munio de recarga ou artesanal ................................................................. 44

Principais Tipos de Armas de Interesse Forense.................................................. 45

2.1. Pistolas de Tiro Unitrio ........................................................................................ 45 2.2. Pistolas de Mltiplos Canos (Garruchas ou Derringers) ....................................... 45 2.3. Revlveres ............................................................................................................. 45 2.4. Pistola Semi-Automtica ou Parabellum ............................................................... 50 2.5. Rifles, Fuzis, Fuzis de Assalto, Carabinas ............................................................ 51 2.6. Espingardas........................................................................................................... 52 3. Resduos do Tiro ................................................................................................... 53

3.1. Diferentes Testes e seus Histricos ...................................................................... 60 3.1.1. 3.1.2. 3.1.3. 3.1.4. 3.1.5. 3.1.6. 3.1.7. 3.1.8. Teste da Parafina.......................................................................................... 60 Harrison e Gilroy ........................................................................................... 62 Rodizonato de Sdio..................................................................................... 63 Radiao de Neutrons (Neutron Activation Analysis, Anlise de Ativao) . 64 Flameless Atomic Absorption Spectrometry (FAAS) .................................... 65 Dcada de 1980............................................................................................ 72 Dcada de 1990............................................................................................ 72 SEM/EDS - MEV ........................................................................................... 73

3.2. Resduos Orgnicos no GSR ................................................................................ 76 3.3. Natureza dos Resduos de Tiro e a sua Formao............................................... 78 3.4. Composio do GSR ............................................................................................. 83 3.5. reas Provveis de Resduos (GSR) .................................................................... 84 3.5.1. 3.5.2. 3.5.3. 4. Resduos de tiro na mo do atirador ............................................................ 85 Tempo de permanncia de resduos no ar................................................... 88 Coleta de GSR .............................................................................................. 89

Distncia de Tiro.................................................................................................... 91

2

4.1. Queima .................................................................................................................. 93 4.2. Esfumaamento..................................................................................................... 94 4.3. Partculas de Propelente no Queimadas ou Parcialmente Queimadas .............. 95 4.4. Corpos Mortos ....................................................................................................... 96 4.5. Cargas Iniciadoras sem Chumbo .......................................................................... 96 5. Reteno de GSR.................................................................................................. 98

5.1. Pessoas Vivas ....................................................................................................... 98 5.2. Rosto, Cabelo, Cabea e Roupas ....................................................................... 100 5.3. Mortos .................................................................................................................. 100 5.4. Armas de Cano Longo......................................................................................... 101 6. 7. 8. Concluso............................................................................................................ 102 ndices de Figuras ............................................................................................... 103 Bibliografia ........................................................................................................... 104

3

1. ArmasO homem faz armas desde a aurora da humanidade. Um dos primeiros povos que colonizaram o que hoje ns chamamos de Amrica, a cultura Clvis, tem este nome pelas lanas que fabricavam: lascas de pedra amarradas com tiras de couro na ponta de paus. Por algum tempo se pensou que eram destinadas apenas para a caa e para a defesa contra animais maiores, mas alguns encontros de esqueletos com leses nos ossos semelhantes as que seriam produzidas por estas pontas, sugerem que as mesmas tambm eram utilizadas contra o semelhante. Em termos tcnicos de balstica, a lana do povo Clvis era uma arma de arremesso, ou seja, matava a distncia. Com uma arma deste tipo o mais fraco fisicamente poderia derrotar o mais forte. Para o fraco homo sapiens esta possibilidade foi um grande impulso para a sobrevivncia da espcie.

Figura 1 Pontas Clvis .

1

Para Wallace2, as armas de arremesso foram concebidas para matar ou incapacitar a distncia. Essas armas incluem qualquer coisa leve o suficiente para ser arremessada e suficientemente pesada, ou aguda, para produzir ferimentos. Nesta categoria esto incluidos, bastes, varas pontiagudas com pontas endurecidas pelo fogo ou no, lanas feitas de pedra, facas, punhais, machadinhas e espadas feitas de madeira ou pedra. O desejo de impulsionar algum tipo de projtil para matar ou ferir deve ter se originado da necessidade de caar. Por razes bvias matar a distncia mais prtico e mais seguro.1 2

Wikimedia Commons. Wallace, P. 3.

4

Primeiramente os projteis eram lanados com a mo e mais tarde foram inventados as fundas, arcos, catapultas, onagros e outros. Os projteis ganharam maior peso, velocidade, maior alcance e maior preciso, consequentemente maior poder de matar ou ferir3. Um dos principais desenvolvimentos no armamento humano foi a descoberta do metal e a capacidade trabalhar com o mesmo. No por acaso que historiadores antigos dividiam a pr-histria em Idade da Pedra e Idade do Bronze. Facas, espadas, pontas de flechas e de lanas, couraas e outros deram grande vantagem sobre as armas de pedras e paus. Povos, como os espanhis, armados de adagas, lanas, elmos e couraas, tiveram enorme facilidade em derrotar povos armados de porretes, como os astecas e os incas. Estas armas foram utilizadas por muitos sculos at serem rapidamente substitudas por armas de fogo, as quais mudaram radicalmente a histria da humanidade4. Com armas deste tipo, qualquer povoado poderia se defender de tribos nmades montadas, desde que possussem armas de fogo e de uma cerca para disparar protegido. Balstica a cincia que estuda o movimento dos projteis. um ramo da Fsica, mas de grande interesse para a Criminalstica e para a rea militar, onde so estudados o desempenho dos projteis, sua trajetria, sua energia, velocidade, alcance, penetrao e outros aspectos. Para efeitos de criminalstica este conhecimento dividido em trs grandes partes: Balstica Exterior que est preocupada com o projtil desde que ele sai da boca do cano at alcanar o alvo. Balstica Interior, que estuda os fenmenos que ocorrem no interior da arma e Balstica Terminal, que estuda a interao do projtil com o alvo5. A Balstica o ramo da fsica que estuda o movimento dos projteis6. Teve e tem destacada importncia para as armas de artilharia em particular e

3 4

Wallace. P. 3. Wallace. P. 4 5 Wallace P. 46

NA. Para a Fsica, projtil qualquer corpo que se desloca no espao sofrendo a ao de um impulso inicial e de um campo gravitacional.

5

para as demais armas7 em geral. Por extenso o estudo das armas de arremesso, das munies e de seus efeitos, tornou-se parte da Balstica. As armas de arremesso podem ser simples, quando o impulso inicial dado pelo ser humano sem auxilio de qualquer apetrecho, por exemplo, o dardo, ou complexas, quando um apetrecho auxilia no lanamento, por exemplo, a zarabatana, o arco, a besta, o onagro, a catapulta, o trabuco e as armas de fogo. Armas de fogo so mquinas trmicas onde o projtil expelido pela sbita expanso dos gases resultantes da queima de plvora, ou seja, quando ocorre o disparo8, a arma produz tiro9 se houver munio eficaz

adequadamente alojada em seu interior. Modernamente a Balstica se ocupa apenas das armas de fogo. A Criminalstica buscou na Balstica o apoio necessrio para a elucidao dos crimes feitos por armas de arremesso, criando assim a Balstica Forense, que, segundo Rabello, aquela parte do conhecimento criminalstico e mdico legal que tem por objeto especial, o estudo das armas de fogo, da munio e dos fenmenos e efeitos prprios dos tiros destas armas, no que tiverem de til ao esclarecimento e prova de questes de fato, no interesse da justia tanto penal como civil. A Balstica Forense pode ser dividida em: Balstica Interna, que trata das armas de fogo, das munies, do mecanismo do disparo e do movimento do projtil dentro do cano; Balstica Externa, que trata do movimento do projtil no ar10, sofrendo a ao da fora da gravidade. Balstica Terminal, que trata dos efeitos do projtil a partir do momento que ele impacta conta uma estrutura material

Para Eraldo Rabello, Balstica Forense, 3 Edio, Sagra-Luzatto, Porto Alegre, 27, arma todo objeto concebido e executado com a finalidade especfica ou predominante de ser utilizada pelo homem para o ataque ou a defesa. 8 NA. A Criminalstica, como qualquer outra disciplina, usa termos especficos e restritos, assim, disparo a ao eficaz dos mecanismos da arma no sentido de acionar a munio para que a plvora se expanda, tiro a efetiva sada de projtil pelo cano. 9 Ver nota anterior.Um projtil tambm por se deslocar em outro fludo como gua, ou mesmo no vcuo, mas isto no ser tratado neste texto.10

7

6

1.1.

Armas de Fogo

provvel que o nome arma de fogo venha da chama produzida na boca do cano por ocasio do disparo11. Armas de fogo so mquinas trmicas que utilizam a fora expansiva, dos gases resultantes da combusto de algum tipo de plvora, para expelir projteis. So desenhadas para ejetar projteis potencialmente letais, a partir de um cano, contra alvos selcionados. Para isto preciso apontar, disparar, produzir tiro e dar estabilidade a trajetria do projtil, usando para isto um propelente que produz expanso sbita de gases por queima. Existem outros meios de fornecer energia para um projtil sair do cano, por exemplo, por ar comprimido, gs ou por molas. Estas armas no so armas de fogo no sentido estrito do termo. No so normalmente utilizadas para a prtica de crime, sendo mais utilizadas para esporte ou caa leve, mas podem ser objeto de ateno da cincias forenses em situaes especiais. O meio quase universal para propelir o projtil a plvora. Ora, plvora no uma substncia pura, mas sim um nome genrico para centenas de misturas diferentes utilizadas como propelente para projtil12. Armas de fogo podem ter caractersticas diferentes, tais como a capacidade de carregar mais de um cartucho, melhor capacidade de recarga, carregamento e ejeo automtica ou mais de um tiro no mesmo pressionar do gatilho. Isto tudo so apenas refinamentos do projeto bsico. Na sua forma mais simples, uma arma de fogo pode ser um tubo de metal com uma extremidade fechada, com algum propelente que, com a queima, produz presso de gs o suficiente para expelir um projtil, ou projteis, para fora do cano, devendo este ter energia suficiente para ferir, incapacitar ou mesmo matar um ser humano, ou o animal ao qual se destina, no caso de armas de caa. Aps sete sculos de aperfeioamento, hoje, existem armas capazes de produzir at 1.500 tiros por minuto ou capazes de, com o auxilio de um mira telescpica, matar um vtima selecionada a uma distncia 1.000 m ou mais13. Armas de fogo so relativamente baratas, confiveis, mortais e possuem muitos usos: esporte, guerra, defesa pessoal, caa, policiamento e tambm11 12

Wallace. P. 3. Wallace P. 4. 13 Wallace P.5.

7

para crimes, no caso de uso disvirtuado da arma. Alm disto so encontradas em adundncia na maior parte do mundo. Em alguns pases o armamento chega a ser geral e compulsrio, pela necessidade das polticas vigentes de defesa nacional, como, por exemplo, Israel e Suia. Entretanto, em qualquer parte do mundo, a maioria, mas no todas, das armas utilizadas para a prtica de crime, so, ou esto, em situao ilegal14.

1.1.1. RaiasO cano de uma arma de fogo um tubo geralmente construdo em ao ou em ligas com ao. A superfcie interna do cano de revlveres, pistolas, carabinas, fuzis, rifles e metralhadores possuem um nmero de sulcos em espiral, conhecidos como raias15. As reas entre duas raias so chamadas de cheio e a finalidade destes produzir sulcos helicoidais no projtil, os cavados, que fazem com o que o projtil gire em torno do seu eixo longitudinal, este movimento mantm a direo do projtil16. As armas que apresentam sulcos na superfcie interna do cano so denominadas armas de cano de alma raiada. As armas que no possuem estas raias so as ditas de cano de alma lisa, usadas para expelir projteis esfricos, ou, no caso de alguns balotes, o projtil tem seus cavados produzidos por usinagem. As raias do cano imprimem ressaltos nos projteis e os cheios produzem cavados nos projteis. O projtil, ao transpor o cano da arma, deixa marcado em sua superfcie caractersticas (micro-elementos) da superfcie interna desse cano, o que permite a identificao indireta da arma. Espingardas no tm raias e so conhecidas como armas de alma lisa.

14 15

Wallace P. 5. Wallace P. 8. 16 Wallace P. 8

8

Figura 2 Calibre real em canos raiados.

1.1.2. CalibreO calibre real de uma arma de fogo baseado no dimetro interno do cano, medido entre dois cheios opostos. Esta apenas uma definio simplificada e d apenas uma aproximao do dimetro do projtil. Este normalmente um pouco maior que o dimetro interno do cano. O calibre da munio, quando a mesma de origem norte-americana, dado em polegadas, quando de origem alem, ou russa ou , mais recentemente da OTAN, dado em milimetros. Os calibres usuais para revlveres (uma inveno norte-americana) so 0,22", 0,32", .38", 0,357", 0,44 e 0,45"17. Para pistolas temos calibres tanto em polegadas - .22. .32, .38, .380, .40 e .45 como em milimetros: 6.35 mm, 7.64 mm, 9 mm. Apenas para citar os mais usuais. H muitos outros calibres existentes. Na verdade, calibre um termo confuso, com os diversos calibre representando mais tradio histrica do que

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NA. Na maior parte da literatura temos simplesmente: 22, 32, 38, 357 magnum, 44 e 45.

9

propriamente uma metodologia rigorosa. No vamos aqui tratar deste assunto, mas o eventual leitor pode consultar a bibliografia citada, sem esquecer de visitar o monumento de Rabelo. Excees so as espingardas e os pistoles, onde calibre ou gauge se refere ao nmero de esferas de chumbo, de dimetro igual a dimetro interno do cano, que podem ser feitas com uma libra de chumbo. Os calibres mais populares so 12, 16 e 20. Desta forma, quanto menor o calibre, maior dimetro interno do cano. Por outro lado, algumas espingardas, de dimetro de cano menor, tm calibre assinalado pelo dimetro interno do cano, como, por exemplo, a 0,41018. Para complicar ainda mais o quadro j confuso, a Taurus fabrica um revlver, calibre 32 gauge, com opes de cano liso ou cano raiado, podendo diparar, tanto munio de bagos, quanto convencional19. H muitos outros calibres existentes. Na verdade, calibre um termo confuso, com os diversos calibre representando mais tradio histrica do que propriamente uma metodologia rigorosa. No vamos aqui tratar deste assunto, mas o eventual leitor pode consultar a bibliografia citada, sem esquecer de visitar o monumento de Rabelo.

1.1.3. MunioEm praticamente 100% dos casos, a munio das armas de fogo modernas so cartuchos, com a nica exceo para um tipo especial de munio experimental alem sem estojo. Cartucho um estojo que contm carga iniciadora, propelente e projtil. O termo bala , s vezes, utilizado como sinnimo de cartucho. Exemplo disto a expresso pueril Eu tenho bala na agulha, onde agulha se refere ao percutor. Bala tambm pode se referir, popularmente, ao projtil, sendo assim um termo ambguo. De qualquer forma a linguagem tcnica deve ser precisa e, assim, o termo bala deve ser evitado em documentos de natureza criminal, salvo em oitivas ou citados destas20.18

Major Sir Gerald Burrard, The Modern Shotgun, vol. 1, The Gun (Southampton, UK: Ashford Press, 1985), 17. Apud. Wallace. P. 8 . 19 www.taurus.com.br. 20 Wallace. P.9.

10

Os cartuchos para espingardas so normalmente feitas de plstico ou papelo, com uma base de metal, entretanto ainda so encontrados os com estojo totalmente metlico, prprios para recargas21.

Figura 3 Munies tpicas

22

Apesar de a arma de fogo j existir h uns 700 anos, o cartucho relativamente recente, tendo apenas uns 160 de histria em seus tipos primitivos. O cartucho metlico atual somente foi aperfeioado h cerca de 120 anos e as munies de alta velocidade, com plvora sem fumaa so do comeo do sculo XX23. Antes da inveno do cartucho, as armas eram carregadas pela boca (antecarga), com cada um dos componentes da munio e suas respectivas buchas, carregadas separadamente, com a evidente demanda de precioso tempo e posicionamento do atirador em p, para realizar esta operao. Outro aspecto a considerar era que o carregamento era influenciado pela ocorrncia de chuvas24. O primeiro cartucho (Guerra dos Trinta Anos) era uma espcie de refil com um pacote de papel, j com a medida certa de plvora, atado ao projtil. O atirador rasgava o papel com os dentes e municiava a arma de maneira21 22 23 24

Wallace. P.9. Wallace. P. 9. Frank C. Barnes, Cartridges of the World, 3rd ed. (Digest Books). Apud Wallace. P. 23. Wallace. P. 24.

11

habitual. Logo o papel comum foi substitudo por papel tratado com nitratos para queima completa e contra absoro de umidade. Tambm foram utilizados intestinos de animais (tripa) e outros materiais. Entretanto o primeiro cartucho completo somente surgir com a inveno de Pauly, em 180825. Este foi um dos desenvolvimentos mais importantes da histria de arma de fogo. No entanto, o sistema, talvez por necessitar de armas especficas para o seu uso (retrocarga), talvez pelo fato de o exrcito prussiano desenvolver outra opo, no teve aceitao generalizada de imediato26.

Figura 4 Cartucho de Pauly, conforme Wallace.

O prximo cartucho inventado foi o de Dreyse, em 1831, de papel, onde a carga iniciadora era colocada no meio do cartucho e no em sua extremidade posterior. Para acionar o fulminante era necessrio um longo percutor em forma de agulha. Da o nome fuzil de agulha para as armas do exrcito prussiano que utilizavam esta munio27.

25 26

Wallace. P. 24. Wallace P. 24. 27 Wallace. P.26.

12

Figura 5 Cartucho de Dreyse, conforme Wallace.

At 1846, todos os cartuchos apresentavam o problema de retorno de uma quantidade grande demais de gases pela culatra. Este problema foi resolvido com a substituio dos estojos de papel por estojos de metal (cobre, lato ou bronze) que se expandem rapidamente no momento da exploso e vedam as paredes laterais da cmara28. Outro passo foram os cartuchos com carga iniciadora radial, ainda hoje utilizada em munio .22, desenvolvidos a partir de Houllier, em 1846, os quais se tornaram populares a partir de 1854, com a produo em massa de variedades destes calibres, pela Smith & Wesson. Entretanto, o uso de plvora cada vez mais potente passou a inviabilizar este tipo de munio para calibres maiores que 22, pois a parede posterior do cartucho tinha que ser, necessariamente fina, para permitir a percusso, e assim, no resistia s altas presses das novas plvoras. A partir de 1854, a mesma Smith & Wesson, ressuscitou o velho projeto de Pauly e passou a fabricar sua prpria verso de cartuchos com carga iniciadora central, dando seqncia aos cartuchos atuais29.

28 29

Wallace. P.25. Wallace. P.25.

13

1.1.4. EstojoO estojo projetado para acondicionar de forma segura, o projtil, o propelente e a carga iniciadora. O design no estojo afetado por vrios fatores, sendo os mais importantes o papel que se espera da munio, o tipo de arma, o tipo de ignio (Boxer ou Berdan). A grande maioria dos estojos feitos de alguma liga de cobre, 70% (com variao encontrada de 65% a 74%) de cobre e 30% de zinco (lato), 90% de cobre e 10% de zinco, 80% de cobre e 20% de nquel, mas tambm so encontrados aos revestidos com lato, cobre ou laca, alumnio, alumnio revestido de teflon e tambm estojos de papelo e plstico. Estes ltimos muito comuns em armas de caa. Quando um tiro produzido, a presso interna e tambm o aumento da temperatura fazem a expanso do estojo contra a cmara. Esta funo (obturao) extremamente importante, pois impede a perda de presso e, portanto, perda de energia do projtil. No caso de armas automticas, o lato utilizado deve ser elstico o suficiente para voltar ao tamanho original rapidamente, facilitando assim a retirada do estojo da cmara. Em segundo lugar em popularidade, atrs do lato vem o ao. Uma especificao tpica de ao para estojo 0,08% a 0,12% de carbono, 0,25% de cobre, 0,6% de mangans, 0,035% de fsforo, 0,03% de enxofre e 0,39% a 0,12% de silcio30. Outro aspecto de grande interesse so as marcas do fabricante estampadas na base do estojo. Entretanto, elas no tm valor absoluto, pois munio sem estampa encontrada quando um governo, por razes polticas ou econmicas, est apoiando a causa de rebeldes em outro pas e fornecendo munies. Por razes bvias, a fonte de abastecimento dissimulada, com ausncia de estampas, ou usando estampas falsas para colocar a culpa em outro31.

30 31

Private communication, 1974. Wallace. P. 35. P. Labbett, Clandestine Headstamps, Guns Review Magazine (February 1987): 128.Apud Wallace. P. 38.

14

1.1.5. Espoletas e Carga iniciadorasDe uma maneira geral, as cargas iniciadoras necessitam da ao de trs componentes: O iniciador - estifinato de chumbo, que detona quando percutido pelo percutor; O oxidante - nitrato de brio, que fornece o oxignio necessrio para a queima do combustvel; O combustvel - sulfeto de antimnio, que queima (se oxida) a uma taxa muito elevada, fornecendo energia para inflamar a plvora, um componente bem mais estvel, que vai fornecer gases em expanso sbita para impulsionar o projtil. As cargas iniciadoras so misturas que, quando submetidas percusso, detonam, fornecendo uma sbita exploso de chama que serve para inflamar o propelente do cartucho (plvora). A carga iniciadora deve produzir um volume grande de gases quentes e partculas slidas quentes32. A carga iniciadora ideal deve ser barato, fcil de obter, relativamente seguro de usar, granulao uniforme e deve desencadear uma reao altamente exotrmica quando sob o choque de um percutor. A sustncia mais parecida com isto o dinitroresorcinato de chumbo, mas este muito sensvel. Na prtica no h substncia pura que possa preencher os requisitos de uma carga iniciadora e, desta forma, os armeiros necessitaram experimentar misturas e granulaes adequadas33. A taxa de queima, o volume dos gases gerados e o peso das partculas produzidas e a durao da chama so os fatores mais importantes. Em uma composio tpica, com 0,15 g de carga iniciadora, teramos 1,5 cm3 de gases e o volume de partculas incandescentes transportadas por este gs quente chega ser at 70% da carga iniciadora. A funo destas partculas ir promovendo a ignio do propelente que encontrar pelo caminho. As cargas iniciadoras tpicos tm um tempo de rajada efetiva na ordem de 400 a 750 microssegundos e com durao total de 650 a 1500 microssegundos34.Wallace. P. 39. Wallace. P.41. 34 Kirk-Othmer Encyclopedia of Chemical Technology, 2nd ed., 8 (New York: WileyInterscience), 654. Apud Wallace. P.56.33 32

15

De um modo geral, cargas iniciadoras de armas pequenas consistem na mistura equilibrada de um iniciador, um oxidante pra fornecer oxignio, um combustvel, um atritante para melhorar as qualidades mecnicas da mistura, um catalisador e um aglomerante. Iniciadores utilizados incluem azidas, fulminatos, compostos nitrosos, azida de prata, azida de chumbo, fulminato de mercrio, estifinato de chumbo, TNT e PETN (que tambm funcionam como catalisadores). Todo o iniciador deve ter a caracterstica de se desestabilizar quando impactado (detonar). Oxidantes, com a funo de fornecer oxignio para a reao, incluem o nitrato de brio, o cloreto de potssio, o dixido de chumbo, e nitrato de brio. Os combustveis utilizados incluem o sulfeto de antimnio (que tambm atua como um atritante), goma arbica (que tambm atua como aglomerante), siliceto de clcio (que tambm atua como um atritante), nitrocelulose, tiocianato de carbono, metais em p, tais como alumnio, magnsio, zircnio, ou as suas ligas. Atritantes incluem o vidro em p, o alumnio em p (que tambm atua como combustvel). Catalisadores, como o TNT e o PETN, este ltimo tambm funcionando como iniciador. Aglomerantes, como a goma arbica e outras gomas, colas, alginato de sdio, cimento e borracha35. Em 1805, o reverendo Alexander Forsyth criou a primeira carga iniciadora, baseado em fulminato de mercrio. Desde l tem havido uma evoluo que continua em andamento, mas os fabricantes de munio em qualquer parte do mundo so muito relutantes em revelar suas formulaes ou mesmo quaisquer aspectos dos seus negcios, conseqentemente, as informaes sobre o assunto e, portanto, sobre os resduos de tiro, so escassas e fragmentadas na literatura36. At 1806 todas as armas de fogo eram descarregadas com a ao de uma chama diretamente na plvora, ou usavam pederneira, que nada mais que uma pedra de slex, o slex pirmaco, que produz uma fasca ao ser batida

35 36

Wallace. P. 40. Wallace. P. 41.

16

com uma pea de ferro37. Em 1806 apareceram as primitivas espoletas feitas de fulminato de mercrio, introduzidas por Forsythe, onde o fulminato de mercrio era acondicionado em frascos pequenos de vidro. O sistema no teve grande aceitao por ser muito instvel. Em 1807, Forsythe introduziu uma frmula de espoleta que consistia de 70,6 partes de clorato de potssio, 17,6 partes de enxofre e 11,8 partes de carvo vegetal, havendo, inclusive autores que duvidam do uso de fulminato de mercrio por este inventor. Embora fosse mais estvel que a anterior, se mostrou muito corrosiva38 39. A primeira espoleta, um corpo com a carga iniciadora dentro, instalado na regio posterior do cartucho, foi produzido por Joshua Shaw em 1814, utilizando fulminato de mercrio e, em 1818, substitudo por uma mistura de fulminato de mercrio, cloreto de potssio, enxofre e carvo. A novidade agradou, mas, por ser muito corrosiva, exigia a limpeza da arma logo aps o tiro40. Em 1828, von Dreyse patenteou o fuzil de agulha, uma arma eficaz de retrocarga, onde a munio tinha a seguinte ordem de montagem: papel, plvora, espoleta e projtil. Um longo percutor, na forma de uma agulha, perfurava o papel e a plvora para ento atingir a espoleta, que era uma mistura de clorato de potssio e sulfeto de antimnio. A arma fez sucesso no exrcito prussiano, pois, apesar de complicada e sensvel, podia ser municiada com o atirador agachado ou deitado, ao contrrio das armas de antecarga de ento, que exigiam que o soldado ficasse em p, ou pelo menos ajoelhado, para carregar a arma de tiro unitrio41. Com a melhoria na purificao do fulminato de mercrio, em 1873, o exrcito americano passou a utilizar uma carga iniciadora que envolvia uma mistura de fulminato de mercrio, cloreto de potssio, p de vidro e goma arbica. Esta mistura sofria dois grandes inconvenientes: i) o mercrio tende a fragilizar o lato dos estojos, o que produzia os tais tiros que saiam pela culatra (na verdade, fragmentos do estojo);NA. Antes da inveno do fsforo est era a forma mais prtica de se obter fogo e a pea de ferro ou ao que batia na pedra era chamada de fuzil, em portugus, da o nome consagrado, no portugus da Amrica do Sul, para certas armas de cano longo. 38 Heard. P. 87 39 G. R. Styers, The History of Black Powder, AFTE Journal 19 (4) (October 1987): 443. Dr. T. L. Davis, Chemistry of Powder and Explosives (New York: John Wiley & Sons), 42. Apud Wallace. P.43. 40 Heard. P. 87. 41 Heard. P. 87.37

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ii) o clorato de potssio deixava resduos extremamente corrosivos no cano da arma aps o tiro; iii) o mercrio fazia uma amalgama com o zinco do lato, destruindo o estojo, o que invabilizava a recarga, essencial, na poca, por razes econmicas Devido a estes dois problemas iniciou-se a busca de uma carga iniciadora sem mercrio e no corrosivo. Numa primeira tentativa usou-se clorato de potssio como ingrediente principal, mas como este bastante instvel e absorve gua da atmosfera, gerando tambm corroso, o mesmo foi abandonado42. Outra tentativa foi o uso de estojos de cobre e outra foi o envernizamento interno do estojo, a partir de 1869, com o trabalho de Hobbs43. Na poca da plvora negra, uma grande quantidade de residuos era depositada no interior do cano, pois na combusto resultava 44% do peso original em gases quentes e 56% em resduos slidos, provocando uma densa nuvem de fumaa branca em qualquer lugar de tiroteio44 Quando as plvoras sem fumaa foram introduzidas entre 1870 e 1890, outro grande problema foi encontrado, pois estas plvoras so bem mais dificeis de inflamar que a tradicional plvora negra, ento, conseqentemente, maiores cargas de priming se fizeram necessrias. Entretanto, mesmo com limpeza mecnica do cano, este enferrujava, pelas razes j expostas45. Em 1891, a Rheinische-Westflische Sprengstoff-AG foi a primeira a dar uma soluo razovel para o problema, com a substituio do clorato de potssio pelo nitrato de brio, formulando uma carga iniciadora com a seguinte composio: 39% de fulminato de mercrio de 39%, 41% de nitrato de brio; 9% de sulfeto de antimnio, 5% de cido pcrico e 6% de ps de vidro46. Outras mudanas ocorreram e a partir de 1928, o estifinato de chumbo passou a ser utilizado como o principal componente explosivo da carga iniciadora, estando consolidada a era do tiro sem ferrugem, eliminando tanto a corroso dos estojos, quanto a corroso do cano42 43

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, com a patente, pela

Heard. P. 87 Wallace. P.43. 44 Dr. T. L. Davis, Chemistry of Powder and Explosives (New York: John Wiley & Sons), 42.. Apud Wallace. P.43. 45 Wallace. P.43. 46 Wallace. P.46. 47 Heard. P. 88.

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mesma RWS, em 1928, do "Sinoxyd" (Sinoxide / Sinoxid), com a seguinte composio: Estifinato de Chumbo - 25% a 55%; Nitrato de brio - 24% a 25%; Sulfeto de antimnio - 0% a 10%; Dixido de chumbo - 5% a 10%; Tetraceno - 0,5% a 5%; Siliceto de Clcio - 3% a 15%; Vidro em p - 0% a 5%48. Nos Estados Unidos, as primeiras cargas iniciadoras no corrosivas e sem mercrio foram comercializados a partir de 1935, entretanto no foram aprovados pelas especificaes militares acerca de segurana, de eficcia e de prazos de validade para munio estocada; Assim as corrosivas misturas de clorato continuaram a ser utilizadas durante a II Guerra Mundial49. No Reino Unido, a mudana para estifinato de chumbo somente se deu na dcada de 1960. Estes tipos mais antigos de carga iniciadora talvez seja a origem do costume de nossos pais e avs de fazerem peridicas e metdicas limpezas nas armas50 51. Atualmente existem centenas de patentes para composies de carga iniciadoras, o que ilustra a quantidade de pesquisas nesta rea, entretanto, nos Estados Unidos e no Reino Unido, a grande maioria das munies modernas ainda mantm o padro Sinoxyd, com estifinato de chumbo e nitrato de brio perfazendo de 60% a 80% do peso total da carga iniciadora52. Tambm ocorre que algumas naes do antigo bloco sovitico ainda fabricam cargas iniciadoras baseados em fulminato de mercrio e cloreto de potssio53, podendo as mesmas chegar a nosso pas atravs de contrabando. No incio da dcada de 2000, a composio de carga iniciadoras mais comumente encontrada uma composio de estifinato de chumbo, de nitrato de brio, de sulfeto de antimnio e de tetrazina. Nesta composio, estifinato de chumbo e a tetrazina so detonantes, isto , explodem quando48 49

Wallace. P. 46. Wallace. P.47. 50 Heard,. P. 88. 51 Wallace. P.57. 52 Wallace. P. 53. 53 Wallace. P. 53.

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lhes aplicada presso, o nitrato de brio fornece oxignio adicional para a queima e o sulfeto de antimnio age como um combustvel para prolongar a mesma. Alumnio e, ocasionalmente, o magnsio, metais com grande afinidade com o oxignio, tambm podem ser encontrados, principalmente em munies do tipo magnum ou para fuzis. Vidro em p tambm pode ser adicionado por existirem fabricantes que acreditam que isto pode ajudar na detonao. Modernas munies de calibre .22 (carga iniciadora radial) tm composio ligeiramente diferente das demais, sendo, normalmente, compostas de estifinato de chumbo, nitrato de brio, tetrazina e p de vidro54. So as chamadas cargas iniciadoras de dois componentes (chumbo e brio), mas cargas iniciadoras com trs componentes (chumbo, brio e antimnio) tambm so encontradas para este tipo de munio55. Cargas iniciadoras sem chumbo comearam a se tornar necessrios a partir da dcada de 1970, com relatos de saturnismo56 em pessoal ligado a instalaes de treinamento. Embora uma grande proporo do chumbo contaminante deva vir dos projteis, uma parte, com certeza, era proveniente da carga iniciadoras que continham estifinato de chumbo57. O US National Bureau of Standards, aps estudos, concluiu que, no caso de uso de carga iniciadoras com chumbo, 80% de chumbo no ar, em locais de treinamento, era proveniente do projtil no jaquetado, e apenas 20% seriam54 55

Heard. P. 88. Wallace. P. 56. 56 Saturnismo a intoxicao por chumbo. Os sintomas iniciais so freqentemente sutis e inespecficos envolvendo o sistema nervoso (fadiga, irritabilidade, distrbios do sono, cefalia, dificuldades de concentrao, reduo da libido), gastrointestinais (clicas abdominais inespecficas de fraca intensidade, anorexia, nusea, constipao intestinal, diarria) e dor em membros inferiores. As manifestaes clnicas evoluem de forma insidiosa e muitas vezes trabalhadores com evidncias laboratoriais inequvocas de exposio apresentam-se assintomticos. Quadros crnicos de maior gravidade manifestam-se por meio de nefropatia com gota (reduo da eliminao de uratos) e insuficincia renal crnica, encefalopatia crnica com alteraes cognitivas e de humor, e neuropatia perifrica. Intoxicaes agudas decorrentes de exposies intensas por perodos curtos so excepcionais. Habitualmente, os quadros agudos surgem no curso de intoxicaes crnicas e se caracterizam por encefalopatia aguda (confuso mental, cefalia, vertigens e tremores aos quais se seguem convulses, delrio e coma), neuropatia perifrica grave com paralisia de msculos cuja inervao foi fortemente atingida (geralmente o nervo radial). Os quadros agudos podem cursar ainda com clicas abdominais difusas de forte intensidade (muitas vezes acompanhadas de constipao intestinal, hipertenso arterial, ausncia de leucocitose ou alteraes no exame do abdome e excepcionalmente febre). Este ltimo quadro, tambm chamado de clica saturnina constitui uma importante forma de manifestao da intoxicao. So relatados ainda quadros de nefropatia aguda com tubulopatia proximal com aminoaciduria, fosfatria e glicosuria (sndrome de Fanconi). Silveira, Andra Maria. Ateno Sade dos Trabalhadores Expostos ao Chumbo Metlico. Ministrio da Sade Secretaria de Ateno Sade Departamento de Aes Programticas Estratgicas. Braslia, 2006. P.14. 57 Heard, P. 88.

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provenientes dos carga iniciadoras. A abraso do projtil, provocada pelos ressaltos, foi apontada como a grande produtora de chumbo atmosfrico. Entretanto necessrio dizer que o ar no a nica forma de entrada de chumbo no organismo e a deposio de GSR com chumbo nas mos pode tambm ser contaminante. A mudana para um projtil com jaqueta de cobre ou zinco foi fcil para reduzir o chumbo atmosfrico, mas encontrar uma carga iniciadora sem chumbo, sem mercrio e no corrosiva foi mais difcil 58. O problema da carga iniciadora comeou a ser resolvido no incio da dcada de 1980, quando a Geco (Gustav Genschow & Co) e a Dynamit Nobel AG lanaram carga iniciadoras com composio de zinco e titnio, o chamado Sintox59 (marca registrada da Nobel). A partir da, houve uma srie de cargas iniciadoras isentas de chumbo, fornecidos pelas empresas CCI, Blazer, Fiocchi, Speer, Federal e Winchester.60 A composio exata destas cargas iniciadoras no conhecida, pois se trata de propriedade industrial, mas estudos com MEV indicam a presena de estrncio na munio Speer e Blazer, potssio na munio Winchester e clcio e silcio nos cartuchos Federal. A maioria das formulaes mais recentes de carga iniciadora contm um iniciador (detonante) composto de um explosivo chamado Dinol, nome comercial do DDNP (diazodinitrofenol) 61. Na atualidade as cargas iniciadoras sem chumbo so to eficientes quanto os tradicionais e provvel que venham a substituir esses no futuro62. No momento (2008) temos como iniciadores, alm dos j citados dinitrodihydroxydiazobenzeno dinitrobenzofuroxan, diversos (diazinate), compostos dinitrobenzofuroxan, diazo, triazos e potssio tetrazaole,

percloratos, nitratos, ou hidrazina. Os fornecedores de oxignio incluem: xido de zinco, nitrato de potssio, nitrato de estrncio, perxido de zinco. Os combustveis incluem boro amorfo, ps metlicos, como alumnio, zircnio, titnio, nquel e zinco, carbono, silcio, sulfetos metlicos como sulfeto de

Heard. P. 88. A mistura Sintox contm tetracene, perxido de zinco, diazole, titnio em p e nitrocelulose, conforme R. Hagel, and K. Redecker, SintoxA New, Non-Toxic Carga iniciadora Composition by Dynamit Nobel AG, Propellants, Explosives, Pyrotechnics 11 (1986): 184. Apud Wallace. P.56. 60 Haag , L. ( 1995 ) American Lead Free 9 mm - P Cartridges . AFTE Journal , 27 , 2 . Apud Heard. P.88. 61 Heard, P. 88. 62 Wallace. P.55.59

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antimnio, sulfeto de bismuto, sulfeto de ferro e sulfeto de zinco, composto de silcio e clcio e silcio e cobre.63. Uma das razes para a variao na composio da carga iniciadora a diversidade nas especificaes acerca da sensibilidade, ou seja, o quanto de presso necessrio aplicar para detonar o cartucho, havendo, inclusive, diferenas entre os padres militares e comerciais Por exemplo, no Reino Unido, o padro comercial para a 9 mm Parabellum define que a carga iniciadora deve detonar quando impactado por uma esfera de 57 g de ao, em queda livre de uma altura de 330 mm a 203 mm, ou seja, se detonar com altura superior a 330 mm, ento considerado de pouca sensibilidade e sujeito a falhas, por outro lado, se detonar com uma altura menor que 203 mm, ser considerado muito sensvel e, portanto, sujeito a acidentes. J o padro militar da OTAN, organizao da qual o Reino Unido faz parte, para munio de mesmo calibre, diz que as cargas iniciadoras devem ser acionadas quando um pino de disparo impactado por uma esfera de ao de 1,94 onas (55 gramas) em queda livre de uma altura entre 12 e 3 polegadas (30,48 e 7.62 cm). Devese notar que a sensibilidade da carga iniciadora militar ser sempre menor do que a da carga iniciadora para defesa pessoal, dadas as condies mais severas de utilizao da arma por militares64. Nas munies de fogo radial a carga iniciadora est acondicionada dentro do estojo nas bordas da base. Porm, nas munies de fogo central, a carga iniciadora est posto dentro de um pequeno estojo encaixado. Este estojo chamado de espoleta em portugus e, por extenso, tambm chamado de espoleta o seu contedo, embora isto esteja em desacordo com o rigor da tcnica. O corpo da espoleta geralmente feito em lato, como os estojos. No obstante, so tambm encontrados cobre, cuproniquel (70% Cu, 30% Ni), outras ligas de cobre e ao revestido com zinco, com a ressalva que o uso de propelentes com presso cada vez maior tornam o cobre macio adequado apenas para munio de baixa presso65.

63 64

Heard. P. 88. Heard. P. 89. 65 Wallace. P.39.

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Quanto ao aspecto construtivo, existem dois tipos principais de espoletas: o Berdan e o Boxer. O Berdan mais utilizado nos pases europeus e o Boxer mais utilizado nos Estados Unidos e no Brasil. A nica diferena a bigorna. No Berdan a bigorna faz parte do estojo e no Boxer a bigorna parte integral da espoleta. O Boxer apresenta a vantagem de ser passvel de substituio, o que pode ser til no caso de munio militar66. De um modo geral as espoletas para munio destinadas s armas de cano curto e as para de cano longo, diferem no tamanho, na estrutura, na quantidade e na composio da carga iniciadora. Espoletas para munies de revolveres e pistolas variam entre 0.175 a 0.210 (4,44 mm a 5,33 mm) e as destinadas a munies para cano longo variam entre 0,240 a 0,245 (6,1 mm a 6, 22 mm) de dimetro. Nada, entretanto, impede a exceo67. Embora as espoletas para as munies de pistolas e revlveres possam ter o mesmo dimetro que as para armas de cano longo, estas tm maior espessura da parede para resistir maior presso do percutor destas armas e tambm possuem maior quantidade de carga iniciadora. A massa de carga iniciadora pode variar de desde 0,013 g at 0,352 g, mas o corriqueiro na faixa de 0,05 g at 0,12 g68. Ento, de um modo bastante geral, se diz que a carga iniciadora deixa resduos de chumbo, brio e antimnio nas mos do atirador. A razo disto se d pela presena tpica, mas no obrigatria, destes componentes nos iniciadores. Entretanto, qualquer concluso acerca de resduos de tiro (GSR Gunshot residue), para fins judiciais, deve ir muito alm destas breves colocaes.

1.1.6. Descarga (Disparo e Tiro69)O mecanismo de disparo de arma de fogo consiste de um dispositivo mecnico que libera um golpe do martelo (tambm chamado co) para frente e

Wallace. P.39. Wallace. P. 40. 68 Wallace P. 40. 69 NA. Na literatura tcnica produzida pelos peritos sulriograndenses, disparo o acionamento completo do mecanismos necessrio para detonar a espoleta. Tiro a efetiva sada do projtil pelo cano da arma.67

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contra um pino que percute a carga iniciadora. Em algumas armas de fogo, o martelo e o percutor formam uma nica pea70. Na base do cartucho temos uma mistura de substncias qumicas, a carga iniciadora, que tem a propriedade de entrar em rpida queima, quando impactado. A queima de carga iniciadora produz um grande nmero de partculas quentes, ou em chama, que entram em contato com o propelente que queima e produz um grande volume de gases que, no espao confinado do estojo, resulta em enorme presso sobre a base do projtil que ento expelido para fora do cano. A alta temperatura e a presso tambm dilatam o dimetro do estojo, que pressionado contra as paredes da cmara, selando a mesma e evitando fuga dos gases da queima, e perda de velocidade do projtil71. Uma arma de fogo deve ser de construo robusta, pois o tempo entre o percutor atingir a carga iniciadora e o projtil sair pela boca do cano na ordem de 0,01-0,03 segundos72. Na boca do cano, a velocidade do projtil varia desde 180 m/s (650 km/h) para revolveres com munio de baixa energia, at 1000 m/s (3800 km/h) para algumas armas de cano longo mais poderosas. As temperaturas envolvidas esto na ordem de 3.000 C73 e as presses internas no cano so da ordem de 2,4 MegaPascal74. Os estojos devem estar tambm aptos a trabalharem nestas condies75. Outro aspecto de grande interesse so as marcas do fabricante estampadas na base do estojo.

1.1.7. PlvoraA no ser para os estudiosos mais puristas da Balstica plvora e propelente so palavras intercambiveis, pois propelente a mistura qumica que, ao queimar, produz gases o suficiente para produzir o tiro. Existe e existiram muitos tipos de propelente, mas todos acabam sendo referidos como plvora.70 71

Wallace P. 10. Wllace. P. 10. 72 Textbook of Small Arms (London: HMSO, 1929), 267. Apud Wallace P. 10. 73 C. L. Farrar, and D. W. Leeming, Military BallisticsA Basic Manual (London: Brasseys Publishers), 18. Apud Wallace. P. 10. 74 Major General J. S. Hatcher, Hatchers Notebook, 3rd ed. (Stackpole Books),198. Wallace. P. 10. 75 S. Basu, Formation of Gunshot Residues, Journal of Forensic Sciences 27, no 1 (1982): 72. P. 38.

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1.1.7.1. Plvora NegraUma mistura conhecida como plvora virou de cima para baixo a arte da guerra. At ento o guerreiro de contato, armado com espada, lana, martelo, clava, com elmo, escudo e couraa, montado em um cavalo ou no, era o elemento que efetivamente decidia as batalhas e ocupava o terreno. Os que atiravam projteis com arcos, fundas ou mos, ou seja pedras, setas e lanas de arremesso eram importantes, mas meros auxiliares, devendo fugir sempre que atacados pelos primeiros. A partir da plvora negra e da arma de fogo, o guerreiro de contato passou perder importncia, e o guerreiro capaz de matar ditncia tornou-se cada vez mais importante da batalha. As tristes cargas de baioneta da Primeira Guerra Mundial mostraram realidade. A plvora negra uma mistura de nitrato de potssio (salitre), carvo e enxofre em propores variveis, sendo varives tambm a sua granulao e a a sua pureza. Uma composio atual tpica76 75% de salitre 15% do carvo vegetal e 10% de enxofre77. Misturas de salibre, carvo e enxofre j eram usadas na China de na ndia desde a Antiguidade, para fins incendirios e pirotcnicos muito antes de a plvora ter sido utilizado no Ocidente, mas os orientais nfizeram o desenvolvimento da arma de fogo propriamente dita. No ocidente, o primeiro a relatar experincias com plvoras foi o monge Roger Bacon, que, entretanto, no associou plvora com armamento. Este uso da plvora para arma de arremesso geralmente creditado a outro monge, Berthold Schwartz, no incio do sculo XIV78. Com a plvora negra nasceu a artilharia moderna e os castelos e muralhas medievais perderam grande parte da sua utilidade. No sculo XIX a plvora negra comeou a ser gradativamente substituda por outros propelentes, mas ainda pode ser encontrada em casos de produo artesanal de munio.76

de forma bem cruel esta

NA. A plvora negra ainda utilizada por desportistas, por colecionadores, garimpeiros e outros. T. L. Davis, Chemistry of Powder and Explosives, 3rd ed. (London: Chapman & Hall), 39. Apud Wallace. P. 13. 78 William Chipchase Dowell, The Webley Story (Leeds, UK: Skyrac Press), 179. Apud Wallace. P.1377

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1.1.7.2. Plvoras ModernasPropelentes para armas de uso individual podem ser definidos como um material explosivo que formulado, projetado, fabricado, e comburido de tal forma a permitir a gerao de grandes volumes de gases quentes s taxas controladas e pr-determinadas79. O propelente deveria ser, idealmente, uma substncia pura, slida, no txica, estvel, fcil de armazenar, de fcil ignio, de massa compacta, barata, fcil de preparar a partir de materiais facilmente disponveis, sem produo de fumaa ou resduos, completamente convertido em gases. Deve conter seu prprio suprimento de oxignio para poder queimar confinado na cmara, deve queimar muito rapidamente, mas no detonar e deve ter uma boa relao energia liberada por massa80. Desta forma no de se estranhar que nenhuma substncia qumica preencha todas estas especificaes. Na prtica os propelentes so o que sempre foram: uma mistura de vrias substncias81. Em qualquer lugar do mundo, os militares tm enorme peso nas decises das fbricas de munies e armas. Isto quando o exrcito no mantm suas prprias fbricas. Assim as especificaes de propelentes seguem, em muitos aspectos, necessidades militares82. De um modo geral o propelente real deve cumprir as especificaes abaixo : - Deve ser capaz de ser fabricado de forma simples, rpida, com relativa segurana, a um custo razovel e com ingredientes que so facilmente obtidos em tempo de guerra;83

explosive materials which are formulated, designed, manufactured, and initiated in such a manner as to permit the generation of large volumes of hot gases at highly controlled, predetermined rates, conforme Kirk-Othmer Encyclopedia of Chemical Technology, 2nd ed., vol. 8 (New York: WileyInterscience), 659. Apud Wallace. P. 57. 80 Wallace. P. 57. 81 Wallace. P.57. 82 Wallace. P.58. 83 Wallace. P.58.

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- Deve ser fcil e seguro de transportar, no higroscpico, sem possibilidade de autocombusto, sem produtos de queima que sejam difceis de remover ou prejudiciais arma de fogo ou ao cartucho; - Deve ter um desempenho apropriado em diferentes condies de armazenagem e clima e deve ter um prazo de validade longo para ser estocado para tempo de guerra; - Tambm no deve entrar em combusto quando colocado em uma arma j bastante quente pelos tiros anteriores (o que se aplica tambm s cargas iniciadoras). A relao energia liberado por peso / volume e taxa de produo desta energia devem ser compatveis com o sistema da arma (espao disponvel, tamanho do cano) e da munio (tamanho do projtil e velocidade na sada do cano). Consequentemente, existe uma vasta gama de propulsores para os diferentes tipos de munies existentes84. A taxa de queima extremamente importante porque, se o propelente liberar gases com muita velocidade, ele ir explodir a cmara ou o cano da arma. Se a queima for muito lenta, ser ineficiente, e o projtil ir sair do cano com pouca energia. A velocidade de combusto controlada pelo tamanho e pela geometria dos grnulos individuais. Desta forma, o propelente raramente um p, sendo fornecido, normalmente, em grnulos (gros85). Em alguns propelentes, os gros so revestidos com moderadores, para diminuir a taxa de queima86. Propelentes modernos, para armas individuais, normalmente contm nitrato de celulose plastificado (Nitrocelulose) como principal oxidante e vrios outros produtos qumicos so adicionados para fins especficos, como a Nitroglicerina e estabilizantes para a mesma. Os propelentes que contm apenas nitrocelulose como oxidante so chamados de base nica, os que contm nitrocelulose e nitroglicerina (ou algum outro explosivo plastificante) so chamados de base dupla. De base tripla so aqueles que tm adio de grandes quantidades de nitroguanidina, ou outra substncia, aos dois84 85

Wallace. P.58. NA. Neste ponto quase impossvel no fazer confuso entre gro fsico de plvora com gros, unidade de medida usada para medir plvora e que corresponde a 1/7000 libras. Tambm possvel confundir gros, smbolo gr, com grama, smbolo g, tambm usada para medir plvora. 86 Wallace. P. 58.

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anteriores. Este tipo de propelente, porm, no normalmente encontrado em armas pequenas87. A percentagem de nitroglicerina, em propelentes de base dupla, pode variar de 5% at 44%88. Estabilizadores, ou conservantes, so necessrios, pois a nitrocelulose se decompe com o tempo. Um produto usado para este fim a difenilamina ou seus derivados em propelentes de base simples Para propelentes de base dupla ou tripla comum utilizar a nitrodifenilamina, pois aquela suspeita de hidrolisar a nitroglicerina89. Os propelentes modernos produzem relativamente poucos resduos slidos e pouca fumaa na combusto. Os gases resultantes desta so, principalmente, nitrognio, monxido de carbono, dixido de carbono, hidrognio e vapor de gua. A quantidade de plvora "sem fumaa varia de acordo com o calibre, o peso do projtil, a presso necessria para produzir tiro, o espao disponvel no cartucho e assim por diante.90. Abaixo temos a tabela de plvoras do fabricante CBC, que a munio mais encontrada em cenas de crime no Rio Grande do Sul, onde se v, na prtica, diferentes tipos de propelente de um mesmo fabricante.

Todas as plvoras fabricadas pela CBC so de base simples (nitrocelulsicas) e produzidas com87 88

Wallace. P. 61. Wallace. P.66. 89 T. Urbanski, Chemistry and Technology of Explosives, vol. 3 (Oxford: Pergamon Press, 1967), 554. Apud Wallace. P. 61. 90 Wallace. P.63.

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tecnologia prpria e equipamentos de ponta. Isso garante a qualidade e a uniformidade de suas caractersticas tcnicas para os diferentes lotes de fabricao. O moderno laboratrio da Fbrica de Plvora da CBC realiza anlises fsicas e qumicas dos componentes utilizados e do produto final. Por meio dessas avaliaes, possvel determinar caractersticas como densidade gravimtrica, potencial energtico, tempo de combusto e temperatura de iniciao. As plvoras da srie 100 so do tipo tubular monoperfuradas e destinam-se a armas longas raiadas. As da srie 200 so do tipo disco ou disco compacto e destinam-se a armas longas no raiadas e armas curtas. Em funo do desempenho das plvoras CBC, so fixadas as cargas de projeo a serem utilizadas no carregamento das munies produzidas pela CBC. Esse esquema garante que essas munies fiquem dentro das especificaes balsticas estabelecidas pela SAAMI e pela CIP, colocando as munies CBC nos padres de qualidade entre as das melhores fbricas do mundo.

Gro Plvora Formato 1 102 1 124 1 126 1 128 Tubular Monoperfurado Tubular Monoperfurado Tubular Monoperfurado Tubular Monoperfurado Espessura Dimetro Comprimento mm 0,70 1,20 0,70 1,00 0,70 0,70 0,90 0,95 0,70 0,70 0,15 0,15 0,45 0,45 0,15 0,15 1,30 2,30 1,30 1,60 -

Densidade Gravimtrica Nominal - g/l 900 30 930 30 900 30 900 30 670 30 670 30 550 30 570 30 670 30 670 30

Tempo de Combusto milissegundo 1,75 2,40 2,20 2,30 0,75 0,85 0,35 0,40 0,95 0,74

2 207 Disco Compacto 2 210 Disco Compacto 3 216 3 219 Disco Disco

2 220 Disco Compacto 2 221 Disco Compacto

Plvora 102 124 126 128 207 210 216 219 Munio 7 mm Remington Magnum.

Utilizao Munies para rifles e fuzis em calibres tais como o .223 Remington, e .308 Winchester. Munies de calibres como os .22-250 Remington, .30 Winchester, .243 Winchester, 7 mm Mauser, .30-06 e .300 Winchester Magnum. Munio 6,5 x 55 mm Mauser. Munies para armas curtas com caractersticas balsticas elevadas, tais como o 9 mm Luger, .38 Super Auto e .38 SPL +P. Munies nos calibres .40 S&W, .380 Auto +P e 9 mm Luger. Munies nos calibres convencionais de armas curtas, tais como o .25 Auto at o .38 SPL. Pode ser utilizado em cartuchos de caa calibre 12, 16 e 28. Cartuchos de caa em todos os calibres. Pode ser utilizada tambm nas munies de calibres

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.38 SPL, .45 Auto, .32-20, .38-40, e .44-40. 220 221 Munio .357 Magnum com projtil de 158 grains ou mais pesados e .44 Magnum. Munio 9 mm Luger com projteis leves (95/115 grains) e .40 S&W tambm com projteis leves (155/160 grains).

Tabela de CargaPlvora Tipo g grains Munio .223 Rem .223 Rem .308 Win .308 Win .308 Win .308 Win .308 Win 7 mm Rem Magnum .22-250 Rem .243 Win .270 Win 7 mm Mauser .30 Win .30-06 SPRG .30-06 SPRG .30-06 SPRG .30-06 SPRG .300 Win Magnum 6,5 x 55 mm .38 SPL + P .38 SPL + P .38 SPL + P .38 SPL + P 9 mm Luger Projtil Tipo ETPT EXPT ETPT EXPT ETPT ETPT EXPT ETPT EXPT EXPT EXPT ETPT ETOG ETPT EXPT ETPT EXPT ETPT ETPT EXPP EXPO EXPP EXPO ETOG Descrio Encamisado Total Pontiagudo Expansivo Pontiagudo Encamisado Total Pontiagudo Expansivo Pontiagudo Encamisado Total Pontiagudo Encamisado Total Pontiagudo Encamisado Total Pontiagudo Encamisado Total Pontiagudo Expansivo Pontiagudo Expansivo Pontiagudo Expansivo Pontiagudo Encamisado Total Pontiagudo Encamisado Total Ogival Encamisado Total Pontiagudo Expansivo Pontiagudo Encamisado Total Pontiagudo Expansivo Pontiagudo Encamisado Total Pontiagudo Encamisado Total Pontiagudo Expansivo Ponta Plana g 3,6 3,6 9,7 9,7 10,5 11,7 11,7 11,3 3,6 6,5 8,4 10,4 9,7 9,7 9,7 11,7 11,7 9,7 9,1 8,1 Velocidade Provete pol. 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 grains m/s ps/s cm 55 55 150 150 162 180 180 175 55 100 130 160 150 150 150 180 180 150 140 125 125 158 158 124 980 3.215 980 3.215 854 2.802 854 2.802 750 2.460 792 2.598 792 2.598 845 2.772 1.113 3.651 899 2.920 900 2.953 762 2.500 655 2.194 884 2.900 884 2.900 792 2.598 792 2.598 970 3.182 800 2.625 288 288 270 270 945 945 885 885 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61

1,580 24,4 1,580 24,4 2,830 43,7 102 2,830 43,7 2,650 40,9 2,640 40,7 2,640 40,7 124 3,900 60,2 2,350 36,3 2,450 37,8 3,300 50,9 2,620 40,4 2,230 34,4 126 3,450 53,2 3,450 53,2 3,250 50,1 3,250 50,1 4,500 69,4 128 2,850 44,0 207 0,455 0,455 0,410 0,410 0,410 7,0 7,0 6,3 6,3 6,3

10,24-V V 10,24-V V 10,24-V V 10,24-V V 4

Expansivo Ponta Oca 8,1 Expansivo Ponta Plana 10,2

Expansivo Ponta Oca 10,2 Encamisado Total 8,0

335 1.099 10,2

30

Ogival 0,405 0,345 0,345 210 0,375 0,470 0,470 0,075 0,145 0,145 0,095 0,135 0,100 0,170 0,200 0,200 0,150 0,175 216 0,250 0,240 6,2 5,3 5,3 5,8 7,3 7,3 1,2 2,2 2,2 1,5 2,1 1,5 2,6 3,1 3,1 2,3 2,7 3,9 3,7 9 mm Luger .380 Auto+P .380 Auto+P 9 mm Luger .40 S&W .40 S&W .25 Auto .32 Auto .32 Auto .32 S&W .32 S&W .32 S&W .32 S&W .380 Auto .380 Auto .38 SPL CURTO .38 SPL .38 SPL .38 SPL 28/63,5 16/70 12/70 12/70 12/70 12/70 12/70 12/70 12/70 12/70 12/70 12/70 12/70 .38 SPL .38 SPL .44-40 WIN .45 Auto CHOG ETOG EXPO ETPP EXPO ETPP ETOG ETOG EXPO CHOG CHOG CHCV EXPO ETOG EXPO CHOG CHCV CHOG CSCV VELOX VELOX F-150 F-150 L S-150 D-150 D-150 L T-200 L C-25 VELOX HIIMPACT HIIMPACT HIIMPACT EXPP EXPO CHPP EXPO Chumbo Ogival Encamisado Total Ogival Encamisado Total Plana Encamisado Total Ponta Plana Encamisado Total Ogival Encamisado Total Ogival Chumbo Ogival Chumbo Ogival Chumbo Canto Vivo 8,0 6,2 124 95 95 147 180 180 50 71 71 85 98 98 98 95 95 125 148 158 158 239 417 370 370 370 370 370 494 432 494 438 494 494 158 158 200 185 335 1.099 10,2 310 1.017 310 1.017 302 302 302 232 276 276 207 215 226 236 290 290 209 246 230 235 991 990 990 760 905 905 679 705 741 774 951 951 685 806 754 771 9,5 9,5 10,2 10,2 10,2 5,1 10,2 10,2 7,6 4 3,75 3,75 4 4 4 2 4 4 3

Expansivo Ponta Oca 6,2 9,5

Expansivo Ponta Oca 11,7 11,7 3,2 4,6

Expansivo Ponta Oca 4,6 5,5 6,4 6,4

10,24-V V 16,2 5,3 10,24-V V 9,5 9,5 3,75 3,75

Expansivo Ponta Oca 6,4 Encamisado Total Ogival 6,2

Expansivo Ponta Oca 6,2 Chumbo Ogival Chumbo Canto Vivo Chumbo Ogival 8,1 9,6 10,2

10,24-V V 10,24-V V 10,24-V V 10,24-V V 66 26 28 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30

Chumbo Semicanto 10,2 Vivo Todos Todos 7 1/2 7 1/2 9 8 1/2 8 1/2 7 1/2 e 8 5, 6 e 8 Todos Balote 3T SG Expansivo Ponta Plana 15,5 27,0 24,0 24,0 24,0 24,0 24,0 32,0 28,0 32,0 28,4 32,0 32,0 10,2

0,750 11,6 1,200 18,5 1,610 24,8 1,470 22,7 1,610 24,8 1,480 22,9 1,430 22,1 1,420 21,9 1,450 22,4 1,400 21,6 1,900 29,3 1,560 24,1 1,600 24,7 219 0,300 0,300 0,500 0,420 4,6 4,6 7,7 6,5

360 1.181

360 1.181 71,1 415 1.361 76,2 395 1.296 76,2 410 1.345 76,2 415 1.361 76,2 395 1.296 76,2 370 1.214 76,2 405 1.328 76,2 360 1.181 76,2 450 1.476 76,2 400 1.312 76,2 400 1.312 76,2 245 245 804 804

10,24-V V 10,24-V V 61 12,7 24 5

Expansivo Ponta Oca 10,2 Chumbo Ponta Plana 13,0 Expansivo Ponta Oca 12,0

363 1.190 290 951

31

0,400 0,330 0,370 0,430 0,630

6,2 5,1 5,7 6,6 9,7

.45 Auto .45 Auto .45 Auto 36/63,5 32/63,5 24/63,5 20/70 20/70 20/70 12/70 12/70 12/70 12/70 .357 Magnum .357 Magnum .357 Magnum .44 Rem Magnum 9 mm Luger 9 mm Luger 9 mm Luger .40 S&W .40 S&W

CSCV ESCV ETOG VELOX VELOX VELOX VELOX F-150 S-150 T 200 C-25 C-25 P-25 EXPP EXPO CSCV EXPP EXPP ETOG EXPO EXPO CSCV

Chumbo Semicanto 13,0 Vivo Encamisado Total Semicanto Vivo Encamisado Total Ogival Todos Todos Todos Todos 7 1/2 9 7 1/2 5, 6 e 8 5, 6 e 8 5, 6 e 7 1/2 Expansivo Ponta Plana 14,9 14,9 9,0 12,5 17,0 22,5 24,0 24,0 32,0 34,0 36,0 36,0 10,2

200 230 230 139 193 262 347 370 370 494 525 556 556 158 158 158 240 95 115 115 155 160

293 236 255

961 774 836

12,7 12,7 12,7 66 66 66 66 66 66

5 5 5 26 26 26 26 26 26 30 30 30 30

350 1.148 350 1.148 360 1.181 360 1.181 405 1.328 405 1.328

0,860 13,3 1,230 19,0 1,350 20,8 1,350 20,8 1,800 27,8 1,800 27,8 1,850 28,5 1,850 28,5 0,780 12,0 0,780 12,0 220 0,700 10,8 1,100 17,0 0,450 0,410 221 0,410 0,500 0,430 6,9 6,3 6,3 7,7 6,6

400 1.312 76,2 405 1.328 76,2 405 1.328 76,2 405 1.328 76,2

10,24-V 376 1.233 V 376 1.233 376 1.233 359 1.177 10,24-V V 10,24-V V 10,24-V V 4 4 4 4 4

Expansivo Ponta Oca 10,2 Chumbo Semicanto 10,2 Vivo Expansivo Ponta Plana Expansivo Ponta Plana Encamisado Total Ogival 15,6 6,2 7,5

410 1.344 10,2 346 1.135 10,2 352 1.154 10,2 367 1.203 10,2 335 1.099 10,2

Expansivo Ponta Oca 7,5 Expansivo Ponta Oca 10,0 Chumbo Semicanto 10,4 Vivo

Velocidade das munies medidas na boca. Provete (comprimento do cano)

Os valores de carga apresentados nas tabelas deste catlogo para obter a velocidade mdia foram fixados utilizando-se na montagem das munies e cartuchos, componentes (estojo, espoleta, projtil, bucha e bagos de chumbo) empregados pela CBC no carregamento de munies e cartuchos originais. Em alguns casos, podem ser empregadas no carregamento outras plvoras CBC alm das especificamente recomendadas. Todavia, aquelas sugeridas so as que no ultrapassam os limites mximos de presso determinados pelas normas internacionais SAAMI E CIP. Na fixao das cargas dos cartuchos de caa, somente foram utilizadas buchas plsticas pneumticas (petecas). Para o carregamento dos cartuchos Presidente, recomendamos a utilizao da plvora 216. A utilizao de componentes - estojos espoletas e projteis - no originais CBC, de lotes de plvora diferentes daqueles empregados na confeco das tabelas, de variaes nas cargas de chumbo e na presso com a qual as buchas plsticas so inseridas nos estojos de cartuchos de caa, nos tipos, peso e profundidade de colocao dos projteis nos estojos de munies carregadas com projteis e at mesmo da tcnica de carregamento, podero resultar em desempenhos balsticos diferente dos indicados. Por medida de segurana, sugerimos ao praticante da recarga que iniciem seus carregamentos utilizando carga 10% menor do que as apresentadas nas tabelas e s aument-las at esses valores, caso no seja observado nenhum indcio de sobrepresso.

32

No momento do tiro, geralmente, cerca de 700 a 1.100 cm3 de gases por grama de propelente so produzidos. A temperatura no interior o cartucho varia de 1700 C para propulsores frios at 3700 C para propelentes muito quentes Uma composio tpica da descarga para propulsores de dupla base 28% de dixido de carbono, 23% de monxido de carbono, 8% de hidrognio, 15% de nitrognio e 26% de vapor dgua91. Estas altas temperaturas tm como conseqncia muito importante para a criminalstica o fato de fundirem e vaporizarem parte da superfcie da base do projtil, ejetando vapores de chumbo ou de cobre pela boca do cano.

1.1.8. Projteis

As armas de fogo portteis foram criadas depois dos canhes e, no comeo, eram adaptaes mais leves destes. Os primeiros projteis usados em armas de fogo foram pedras, flechas de ferro e esferas de ferro. Os primeiros calibres variavam de 3 cm a 5 cm e todas as armas eram de cano liso, o que pedia projteis de forma esfrica. De l para c, houve um constante processo para diminuir o peso e tambm o calibre. O chumbo passou a ser usado j a partir de 1340 devido a sua maior densidade e maleabilidade que o ferro, resultando projteis com maior energia e que causam menor desgaste no cano92. O uso de movimento rotatrio para melhorar a preciso de flechas j era conhecido deste a Antiguidade. Em 1520, Augustin Kutler, conseguiu o mesmo efeito em projteis atravs da introduo de raias internas nos canos das armas de fogo. Estava aberto o campo para o desenvolvimento de novas formas de projteis que no a esfrica. A experimentao de diversos tipos logo demonstrou que os de forma alongada eram bem melhores que os de forma esfrica93. Em 1863, William Ellis Metford, entendendo que o chumbo era mais malevel que o necessrio, criando deposies de chumbo por todo o cano,91 92

Wallace. P. Wallace. P.13. 93 Dowell, The Webley Story, 198. Apud Wallace. P. 19.

33

criou o projtil de chumbo endurecido com antimnio, tal como utilizado at hoje. O uso de chumbo endurecido diminui, mas no eliminou o problema, e data desta poca a utilizao de lubrificantes com sebos animais, depositados em ranhuras anulares na base do projtil, com o objetivo de diminuir a deposio de chumbo gerado pela fuso do mesmo devido ao calor gerado pelo atrito do projtil com o cano94. Os problemas de incrustao de chumbo somente foram resolvidos em 1883, por Rubin, que introduziu o jaquetamento95 do projtil com cobre sobre um ncleo de chumbo macio, o que tornou tambm vivel a fabricao de pistolas e de outras armas de mecanismos mais complexos96. Desde esta poca usual a procura por cobre ou chumbo em orifcios suspeitos de passagem de projtil. As jaquetas ditas de cobre so, na verdade, ligas, onde este entra em propores majoritrias, como o cupronquel (80% cobre, 20% de nquel em peso) ou uma composio de 90% a 95% de cobre e 10% a 5% de zinco. Tambm possvel a adio de 1% a 2% de estanho para melhorar a capacidade lubrificante da liga97. Modernamente o uso de munio no jaquetada est restrita, de um modo geral, a revlveres e armas de calibre .22. Entretanto, a CBC, fabricante nacional fornece munio sem jaqueta para pistolas com finalidade de treinamento, por serem mais baratas e por desgastarem menos o cano. Existe uma vasta gama de armas de fogo e uma variedade tambm bastante grande de munio disponvel. A razo de tal variedade de ordem ampla, desde o porte da arma at o efeito que se deseja no ferimento. Cada tipo de projtil concebido para uma finalidade especfica e a gama de projteis disponveis para uma mesma arma pode ser bastante grande. De um modo geral os projteis so: no jaquetados, jaquetados ou semijaquetados. Os no jaquetados podem ter uma fina pelcula de cobre, de lato ou outro material colorido, os quais tm funes cosmticas, identificativas e lubrificantes. Este material no uma jaqueta propriamente dita, pois removido pelo atrito com os cheios do cano raiado. Os projteis no jaquetados94 95

Wallace. P. 13. NA. Tambm se usa o termo encamisamento. 96 Wallace. P.14. 97 P. J. F. Mead , Notes on Ballistics, 6. Apud Wallace. P.21.

34

tambm, so freqentemente, lubrificados com alguma cera ou graxa, para impedir a incrustao de chumbo98. Projteis destinados para altas velocidades devem ser jaquetados ou semi-jaquetados, pois o chumbo se deforma dentro do cano, o que prejudica a pontaria, alm do citado enchumbamento, o qual ir prejudicar os disparos subseqentes. Os no jaquetados tambm so suscetveis de prejudicar o mecanismo de recarga das armas automticas e semi-automticas99. Os projteis de chumbo tm sua base exposta s altas temperaturas de queima do propelente, isto inclui as no jaquetadas e as jaquetadas, excluindo apenas as totalmente jaquetadas (Full metal jacketed bullets - FMJ), o que causa eroso na base, podendo provocar assimetria no projtil, prejudicando a preciso do tiro. Para minimizar tal problema a base pode ser preenchida com lubrificantes especiais para a tarefa. Outro mtodo colocar uma camisa de cobre na base do mesmo. Tambm utilizado o jaquetamento por eletrodeposio (galvanoplastia) 100. Os projteis de arma de fogo so comumente chamados de bala. Este palavra tem origem no alemo, onde Ball significa bola, lembrando os antigos projteis de forma esfrica. No h nada de errado em se falar bala no portugus coloquial, entretanto no falar tcnico se usa o termo projtil ou, mais modernamente, projetil. De bala ns ainda temos os termos: balim, balote, o verbo balear (baleado) e, estranhamente, balstica, a cincia que estuda os projteis. O material do revestimento do projtil sempre mais duro que o seu ncleo, com exceo dos projteis antiblindados. O jaquetamento feito atravs de galvanoplastia, feito separadamente e depois prensado ou com o derramamento de chumbo dentro da jaqueta, que, no caso, usada como molde101. Sempre que um projtil jaquetado atinge o alvo, possvel que a jaqueta se separe do ncleo, reduzindo o poder de penetrao102. Para evitar tal ocorrncia, uma variedade de dobras, pregas e geometrias distintas so98 99

Wallace. P. 68. Wallace. P.68. 100 Wallace. P.69. 101 Wallace. P.69. 102 Tal regra no vale para munies anti-blindados.

35

empregadas tanto na jaqueta quanto no ncleo Outros mtodos incluem colas e soldas, para melhor fixar a jaqueta ao ncleo de chumbo103. O cobre e suas ligas, por exemplo, o lato, so, de longe, os materiais mais utilizados para a confeco de jaquetas, mas alumnio, nilon, teflon e ao so tambm utilizados104. A espessura e a dureza da jaqueta podem variar desde a base at a ponta do projtil. Se a ponta for mais fina e mole, se deseja maior impacto, ao contrrio, se deseja maior penetrao, alm de variar a forma com que a jaqueta presa no ncleo105. O ncleo do projtil geralmente feito de chumbo, pois o mesmo tem alta densidade, barato, facilmente obtido e fcil de moldar. Mas, cobre, lato, bronze, ao, alumnio, urnio empobrecido, zinco, plsticos, tungstnio e borrachas tambm podem ser encontrados. O urnio empobrecido subproduto do processamento de urnio fssil e 67% mais denso que o chumbo, o que o torna mais adequado para perfurar blindagens. Apesar destas alternativas para usos especficos, o tradicional projtil de chumbo, ou chumbo jaquetado com cobre, , de longe, o mais encontrado em cenas de crime106. s vezes, um ncleo composto por mais de um material utilizado para dar uma diferena de dureza entre base e ponta (ncleo duplo), por exemplo chumbo endurecido na base e chumbo mole no ponta, ou ento, ao na base e chumbo no ponta, ou o contrrio, dependendo do efeito que o fabricante deseja dar a sua munio107. Os projeteis de chumbo so normalmente endurecidos, mas nada impede que chumbo macio seja utilizado. Para o endurecimento, antigamente usou-se mercrio, mas hoje, as ligas usadas so o antimnio e o estanho. A liga pode variar consideravelmete, no caso do antimnio se pode ir de 0,5% at 12%, entretanto o usual na faixa de 2% a 5%. No caso de estanho, se utiliza desde 0,5% at 10%, mas o normal na faixa de 3% a 5%. Uma maior quantidade de estanho necessria para se obter a mesma dureza que a produzida por uma

Finn Aagaard, Trophy Bonded Bullets, American Rifleman Magazine (May 1987): 34.Apud Wallace. P.69. 104 Wallace. P.69. 105 Wallace. P.70 106 Wallace. P.70. 107 Wallace P.70.

103

36

menor de antimmio. Desta forma, sempre que h antimmio barato disponvel, este utilizado108. Alguns projteis jaquetados tm uma pequena cavidade na ponta que pode ser vazia, mas geralmente preenchida com material mais leve que o ncleo, por exemplo, plstico, alumnio, fibra, carbonato de sdio,

policarbonato, nylon, papel, ao carbono. Em outros projteis existe um revestimento por sobre a ponta, geralmente, cobre, ao, alumnio ou plstico. O objetivo varivel, por exemplo, proteger a ponta de dano, aumentar o poder de penetrao ou melhorar o carregamento nas automticas ou semiautomticas109. Abaixo, folder com projteis fabricados pela CBC110.

Os projteis destinados s munies carregadas na CBC e aqueles destinados venda avulsa, so fabricados dentro de rigorosos controles tanto dimensionais quanto de peso. Alguns destaques dentro dessa linha de produtos so os projteis encamisados ou semi-encamisados em tomback, nos quais a camisa feita de uma liga com 90% a 95% de cobre, proporciona baixo atrito nas raias do cano. Essa caracterstica do projtil reduz o desgaste do cano. Os projteis de chumbo so lubrificados com graxa especial que, alm de no permitir o chumbamento dos canos, atua como elemento vedante, impedindo o escape dos gases e garantindo um melhor desempenho balstico. Alm do projtil convencional de chumbo, a CBC desenvolveu tambm sua verso com acabamento composto de resina especial, grafite e teflon, que reduz o atrito nas raias da arma, elimina o chumbamento dos canos e contribui com a preciso, alm de proporcionar melhor alimentao nas mquinas de recarga.

.25 Auto ETOG .251" 50 gr

.32 Auto ETOG .311" 71 gr

.32 Auto EXPO .311" 71 gr

.32 S&W .32 S&WL .32 S&WL .380 Auto CHOG .314" 98gr CHCV .314" 98gr EXPO .314" 98gr ETOG .355" 95gr

.380 Auto EXPO .355" 95gr

9 mm Luger ETOG .355" 115gr

9 mm Luger ETOG

9 mm Luger EXPO

9 mm Luger EXPP "Flat"

9 mm Luger CHOG

.38 SPL CHOG

.38 SPL CHOG

.38 SPL CHOG-TP

.38 SPL .38 SPL CHCV CSCV

108 109

Wallace. P.71. Wallace. P.71. 110 www.cbc.com.br, acessado em 18/06/2011.

37

.355" 124gr

.355" 115gr

.355" 95gr

.356" 124gr

.358" 158gr

.358" 158gr

.358" 158gr

.358" 148gr

.358" 158gr

.38 SPL EXPO .357" 125gr

.38 SPL EXPO .357" 158gr

.357 Magnun EXPP .357" 158gr

.357 Magnun EXPO .357" 158gr

.38 Super .38 Super Auto Auto CHOG .356" 160gr ETOG .356" 125gr

.40 S&W EXPO .400" 155gr

.40 S&W ETPP .400" 155gr

.40 S&W CSCV .400" 160gr

.45 Auto ETOG .451" 230gr

.45 Auto CSCV .452" 200gr

.45 Auto ESCV .451" 230gr

.45 Auto EXPO .451" 185gr

.223 ETPT .224" 55gr

.223 EXPT .224" 55gr

.264 (6,5mm) ETPT "Boat Tail" .264" 143gr

.308 ETOG .308" 110gr

.308 ETPT .308" 150gr

.308 ETPT "Boat Tail" .308" 150gr

.308 ETPT "Boat Tail" .308" 162gr

.308 EXPT .308" 150gr

.44-40 CHPP .427" 200gr

.44 Magnun EXPP .451" 240gr

.454 Casull EXPP .451" 260gr

12 (balote) Chumbo .691" 390gr

1.1.8.1. Balins ou bagosBalins, ou bagos, so projteis pequenos e esfricos, disponveis em vrios tamanhos, graus de dureza e materiais, em funo da sua utilizao e so destinados, geralmente, para espingardas. Existindo, porm exemplos at de revlveres que utilizam balins como projteis. Os calibres (gauges) usuais so 12, 16 e 20. Em geral os balins de um mesmo cartucho tm o mesmo

38

tamanho e composio, entretanto, existem os chamados duplex, que contm dois tipos de balins no mesmo cartucho111. Os balins podem ser de chumbo macio (menos de 0,5% de antimnio ou estanho), endurecidos (de 0,5% a 2,0% de liga) ou extraduros (mais de 2% de liga). Por problemas ambientais e de sade, pois comer marreco com balins de chumbo pode causar saturnismo, foram introduzidas munies com balins de granalha de ao, mas com desempenho abaixo do esperado. Atualmente alternativas no txicas, como o bismuto esto sendo pesquisadas Para endurecer o chumbo usa-se antimnio, geralmente de 0% at 6%, mas at 12% de antimnio possvel. Alm do chumbo, do ao e do bismuto existem tambm os balins feitos com tungstnio embutido em algum tipo de polmero plstico112. Em certos casos, um material amortecedor, geralmente polietileno granulado na colorao branca, misturado com os balins par evitar distores durante a descarga. Este material pode ser encontrado nos ferimentos, quando o tiro de curta distncia. Outros fabricantes usam uma bucha em forma de taa como receptculo dos balins. Aps sair do cano, este receptculo, de plstico, com baixa densidade, logo se separa dos balins, que seguem ento, livres, a sua trajetria113. At quatro ou cinco buchas podem estar presentes em um cartucho de espingarda, embora duas ou trs sejam mais comuns. As buchas so utilizadas para fornecer uma vedao estanque, para os projteis no carem no cano, para separar o propelente do balins fechar a boca do cartucho. As buchas so normalmente feitas de papel ou papelo, plstico em diversas cores, de feltro, (o qual pode ser encerrado ou untado com leo) e tambm tecidos. Alguns fabricantes colocam uma etiqueta de papel aderida bucha, com informaes sobre a munio114. Aps o tiro, as buchas so lanadas pela boca do cano, mas, devido a sua forma e a sua baixa densidade, so logo paradas pela resistncia do ar. distncia percorrida pela bucha, aps as sada do cano, , normalmente,

111 112

Wallace. P. 37. Wallace. P. 76. 113 Wallace. P. 76. 114 Wallace. P.76.

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inferior a 2 metros. Em alguns casos, a mesma pode penetrar no corpo atrs dos bagos e ser encontrada dentro do ferimento115. Buchas encontradas em cena de crime podem fornecer informaes valiosas sobre a carga iniciadora e sobre o tipo de propelente, se analisadas quimicamente. O exame fsico pode dar informaes sobre o calibre e sobre o fabricante116. s vezes, as espingardas so municiadas com um nico projtil, que pode ser esfrico ou alongado. Quando for alongado, raias devem ser

providenciadas no seu molde para garantir um bom desempenho. Este tipo de munio tem um bom poder de parada e de penetrao para tiro curto, mas so ineficazes para tiro longo. So normalmente utilizadas por foras policiais e, conforme a quantidade e qualidade do propelente e o tamanho do balote ou baleto, podem ser utilizadas para ataque a veculo em fuga, rompimento de portas, quebra de dobradias e atividades assemelhadas. Projteis de borracha e para carregamento de dispositivos especiais e agentes qumicos tambm so encontrados117. Abaixo temos os cartuchos deste tipo fabricados pela CBC118.

Os cartuchos de caa CBC so fabricados com a mais avanada tecnologia e com matria-prima de alta qualidade, garantindo segurana, bom agrupamento, confiabilidade e alto desempenho. Normalmente, so carregados com esferas mltiplas de chumbo cujos tamanhos (dimetros) variam de acordo com a finalidade a que se destina o cartucho

115 116

Wallace. P.76. Wallace. P.76. 117 Wallace. P.77. 118 www.cbc.com.br, acessado em 18/06/2011.

40

A CBC fornece a Linha Presidente, que composta de estojos metlicos vazios, disponveis nos calibres 12, 16, 20, 24, 28, 36 Longo e 9,1 mm. Esses estojos so fabricados com lato de alta qualidade, o que garante um grande nmero de recargas. Para garantir maior vida til aos estojos Presidente, estes devem ser carregados com espoletas Tupan n. 56, fabricadas pela CBC com mistura iniciadora Antioxid, no mercrica e no corrosiva, que assegura um maior nmero de recargas

O novo cartucho CBC Knock Down Slug um cartucho de alta performance. Seu projtil possui linhas progressivas em formato espiral e integrado bucha plstica pneumtica, proporcionando maior estabilidade, velocidade e potncia em tiros de longa distncia. O cartucho Knock Down Slug, disponvel nos calibres 12, 16 e 20, uma tima opo para caa de animais de grande porte com carapaas resistentes, como o Javali, e para todos os atiradores que buscam cartuchos com desempenho premium.

Nmero do Chumbo12 11 9 8 71/2

7

6

5

3

1

T

TTT

SG 8,40

Knock Down 18,65 32,0* gramas a unidade Chumbos 7, 7 1/2", 8 e 9 6, 7, 7 1/2" e 8 5, 6, 7 e 7 3e5 T, 3, 5 e 6 3, 5 e 6 T, 3 e 5

Balote 17,6 28,35* gramas a unidade

Dimetro em milmetros1,25 1,50 2,00 2,25 2,38 2,50 2,75 3,00 3,50 4,00 5,00 5,50

Quantidade aproximada de bagos em 10 gramas870 457 216 151 130 110 83 Caa Narceja / Pomba / Codorna Perdiz / Inhambu-Au Faiso Marreca / Mutum Pato / Marreco Lebre Paca / Quati Queixada / Caititu / Veado Capivara ou outros animais de maior porte a maiores distncias Javali 64 40 27 14 10 2,80

3T, SG e Projtil Singular (Balote) SG e Projtil Singular (Balote) Projtil Singular (Balote)

A tabela de chumbos recomendados para caa de diferentes animais considera uma distncia normal de tiro de 30 metros. Quando a distncia de tiro for superior a essa, recomenda-se utilizar chumbos com dimetro maior.

Calibre mm 36 32 24 63,5 63,5 65

Cmara Polegadas 2 1/2" 2 1/2" 2 1/2" Tipo T, 3, 5, 7 T, 3, 5, 7 3, 5, 6, 7

Chumbo Peso gramas V m/s 350 350 360

Balstica E joules 551 765 1.231 Provete cm 66 66 66

Srie Vrus9 12,5 19

41

20 16 12 28 12

70 70 70 63,5 70

2 3/4" 2 3/4" 2 3/4" 2 1/2" 2 3/4"

3T, 3, 5, 6, 7 3T, 3, 5, 7 3, 5, 7, 11 T, 5 3

22,5 27 32 15,5 36

360 360 360 360 420

1.458 1.750 2.074 1.004 3.175

66 17,1 76,2 66 76,2 (NEW)

Srie Super VeloxV (Velocidade) e E (Energia) medidas na boca. Provete (comprimento do cano).

Calibre mm 12 12 12 12 16 20 70 70 70 70 70 70

Cmara Polegadas 2 3/4" 2 3/4" 2 3/4" 2 3/4" 2 3/4" 2 3/4" Tipo 3T SG Balote

Chumbo Peso gramas 32 32 28,4 32 28,5 25,5 V m/s 430 430 450 420 420 420

Balstica E joules 2.957 2.957 2.870 2.822 2.513 2.248 Provete cm 76,2 76,2 76,2 76,2 (NEW) 71,1 (NEW) 66 (NEW)

Srie Hi-Impact

Balote Knock Down Balote Knock Down Balote Knock Down

V (Velocidade) e E (Energia) medidas na boca. Provete (comprimento do cano).

Os cartuchos originais de fbrica so fornecidos com espoletas niqueladas sem nenhuma gravao. Essa diferenciao protege os consumidores de falsificaes e fraudes, evitando que eles sejam expostos aos riscos da utilizao de munio recarregada por pessoas no habilitadas para a prestao desse servio. A CBC fornece, para venda avulsa, as espoletas 209, que so utilizadas para a recarga de cartuchos, marcadas com a letra "R" (Recarga). Isso visa facilitar a identificao dos cartuchos originais de fbrica quando comparados com os cartuchos recarregados.

Esses cartuchos so normalmente usados pela fora policial em situaes nas quais um poder de defesa maior se faz necessrio. Por isso os cartuchos de uso policial so carregados com projteis de maior dimetro como os chumbos 3T e SG, ou at com o projtil Singular, todos produzidos para desenvolver alta velocidade e energia de impacto, para aumentar o seu poder de incapacitao. Como os bagos de

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chumbo possuem alcance bem inferior ao dos projteis convencionais, o perigo de o policial atingir pessoas presentes, mas no participantes da ao policial, minimizado. Cmara Calibre mm Polegadas Tipo Chumbo Balstica Utilizao / Caractersticas

Peso V E Provete gramas m/s joules mm

Srie Hi-Impact3T SG 12 70 2 3/4" Balote 28,4 450 2.870 76,2 32 32 430 2.957 430 2.957 76,2 76,2 Uso policial em situaes em que se faz necessrio maior poder de defesa. O alcance til dos cartuchos carregados com chumbo 3T de 30 a 50m, os com SG de 50 a 100m e aqueles carregados com balote at 150m. Uso policial. Estes cartuchos superam aqueles de calibre 12 convencionais em quantidade de chumbo e, portanto, em letalidade. No utilizar em armas com cmara menor do que 3".

Srie MagnumSG 12 76,2 3" 3T 42,5 42,5 380 3.068 380 3.068 76,2 76,2

V (Velocidade) e E (Energia) medidas na boca. Provete (comprimento do cano). Obs.: Disparos a distncias inferiores s recomendadas podem ser letais.

Os cartuchos antidistrbio com bagos de polietileno de alta densidade ou de borracha possuem menor alcance efetivo e efeitos reduzidos sobre o alvo, quando comparados com cartuchos carregados com projteis de chumbo. Eles so usados em situaes nas quais necessrio demonstrar fora e, ao mesmo tempo, manter um risco mnimo para a vida e a integridade fsica dos indivduos a serem controlados. A categoria de cartuchos antidistrbio fundamental na dissuaso de invasores de reas pblicas ou privadas, em desordens em vias pblicas, e motins em penitencirias ou cadeias. Eles demonstram aos desordeiros, amotinados ou assaltantes que o policial est armado e disposto a atirar. Nos casos em que os amotinados no se dispersam e medida que eles se aproximam, os disparos com cartuchos antidistrbio comeam a provocar ferimentos, protegendo o policial e ampliando o efeito psicolgico sobre o grupo de atacantes. A gravidade dos ferimentos provocados pelos cartuchos antidistrbio tanto maior quanto menor for distncia. A distncia mnima para o uso adequado desses cartuchos deve ser mantida, pois, do contrrio, eles podem ser letais. Os cartuchos antidistrbio podem ser facilmente identificados por serem mais leves e por terem o tubo de plstico transparente e incolor, o que torna possvel visualizar os projteis de plstico ou de borracha. Cmara Calibre mm Polegadas Tipo Bagos Balstica Peso V E Provete Utilizao / Caractersticas gramas m/s joules cm Controle de distrbios a curta distncia (at 5m). Controle de distrbios a mdia distncia (de 10 a 20m). Controle de distrbios a longa distncia (de 20 a 50m).

Srie Antidistrbio "Less Lethal"Plstico 20 bagos de borracha de 8mm 3 bagos de borracha de 18 mm 6,6 7,7 480 230 760 204 76,2 48,3

12

70

2 3/4"

12

162

157

48,3

V (Velocidade) e E (Energia) medidas na boca. Provete (comprimento do cano). Obs.: Disparos a distncias inferiores s recomendadas podem ser letais.

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Nada impede que revlveres ou pistolas usem munio de bagos de chumbo, existindo, oferta de munio deste tipo para uso nestas armas, com a finalidade de caa, extermnio de pragas ou mesmo defesa pessoal119. munio de bagos de chumbo, que usa munio calibre 36 GA120. A

Taurus, inclusive fabrica um modelo de revlver especfico para uso de

1.1.8.2. Munio de recarga ou artesanalNem toda a munio artesanal de recarga, pois algumas pessoas gostam de fazer sua prpria munio para fins esportivos, de caa, de defesa pessoal ou para a prtica criminosa. No nosso caso, a companhia CBC, vende os componentes a granel, desde espoletas at projteis. Para quem quiser fugir do controle oficial, basta usar os prstimos dos nossos estimados vizinhos, como o Uruguai, a Argentina, o Paraguai e a Bolvia, onde os produtos da CBC, ou de outros fabricantes, so internados e depois introduzidos de volta no nosso pas121. O mais comum, no caso de remanufatura, o reaproveitamento do estojo e tambm a fabricao artesanal de projteis de chumbo. Nestas duas hipteses a munio pode ser bastante barateada e ainda abre a possibilidade para o fabrico de munio para armas de fogo incomuns ou obsoletas. De um modo geral os fabricantes de munio alertam contra o uso deste tipo de processo, mas, por outro lado, no se negam a vender os componentes avulsos122.

119 120

Dean A. Grennell, Reload Clinic, Gun World Magazine (July 1987): 12. Apud Wallace. P.86. www.taurus.com.br, acessado em 21/06/2011. 121 Wallace. P.77. 122 Wallace. P.77.

44

2. Principais Tipos de Armas de Interesse ForenseClassificaes mais sistemticas da arma de fogo podem ser encontradas em literatura especfica sobre Balstica Forense, como, por exemplo, na obra de Eraldo Rabello123. Para efeitos deste trabalho, ns as classificaremos, entretanto, segundo os tipos mais comumente encontrados na prtica policial.

2.1.

Pistolas de Tiro Unitrio

Uma pistola de tiro nico possui a cmara integralizada com o cano e deve ser carregada novamente a cada tiro produzido. Trata-se do tipo mais primitivo de pistola, j no fabricado em escala industrial, mas ainda confeccionado por armeiros amadores e no interior dos presdios. So os chamados trabucos

2.2. Pistolas Derringers)

de

Mltiplos

Canos

(Garruchas

ou

As garruchas so uma variante de pistolas de um nico tiro. Elas tm vrios canos cada um com o seu mecanismo de disparo. As garruchas tpicas possuem dois canos justapostos. No Brasil, elas ainda tm forte interesse criminalstico devido ao sucesso da Garrucha calibre 22, produzida pelo antigo fabricante Amadeo Rossi em So Leopoldo, RS.

2.3.

Revlveres

Um revlver um tipo de pistola, mas para maior clareza, usual descrev-lo como um tipo parte de arma. uma arma de cano nico, com um cilindro rotativo com mltiplas cmaras, o chamado tambor, que carrega diversos cartuchos, normalmente cinco ou seis). Cada vez que se produz um disparo, o tambor gira fazendo alimentao semi-automtica da arma. Os

123

Rabello.

45

cartuchos gastos no so ejetados automaticamente, devendo ser retirados de maneira manual124. O revlver o tipo mais comum de arma de fogo no Rio Grande do Sul. Assim so chamadas todas as armas de cano curto, na qual a cmara foi separada do cano e substituda por um cili