responsabilidade civil dos meios de comunicação
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Responsabilidade Civil dos Meios de comunicação, por Rodrigo Resende Silva.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DE UBERABA
CURSO DE DIREITO
RODRIGO RESENDE SILVA
ANÁLISE HISTÓRICA E LEGAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS MEIOS
DE COMUNICAÇÃO
UBERABA MG
2009
UNIVERSIDADE DE UBERABA
CURSO DE DIREITO
RODRIGO RESENDE SILVA
ANÁLISE HISTÓRICA E LEGAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS MEIOS
DE COMUNICAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade de Uberaba como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientadora: Prof. Msc. Cláudia Feres
UBERABA MG
2009
UNIVERSIDADE DE UBERABA
CURSO DE DIREITO
RODRIGO RESENDE SILVA
ANÁLISE HISTÓRICA E LEGAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS MEIOS
DE COMUNICAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade de Uberaba como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientadora: Prof. Cláudia Feres
Professora Orientadora: Cláudia Feres
Universidade de Uberaba
Professor Examinador:
Universidade de Uberaba
Professor Orientador:
Universidade de Uberaba
UBERABA MG
2009
AGRADECIMENTOS
A todos que torceram por mim, que acreditaram na minha capacidade, que
inconscientemente moldaram minha personalidade, minha inteligência e deram forças para
continuar a caminhada em busca dos meus objetivos.
À Professora Cláudia Feres pela dedicação e paciência na realização deste trabalho,
que sem sua importante ajuda não teria sido concretizado.
Aos meus pais, Perpétua e Gilberto, que me ensinaram a não temer desafios e a
superar os obstáculos com humildade.
À professora Mara por ter me ajudado na elaboração de meu projeto.
Aos meus familiares.
Aos meus amigos Gustavo, Cleyton e Rafael pelo incentivo e apoio durante a
realização do trabalho.
E aos demais, que de alguma forma contribuíram na elaboração desta monografia.
RESUMO
O presente estudo expõe as características principais da Responsabilidade Civil no
ordenamento jurídico brasileiro e sua aplicação nas relações jurídicas justificadas por
informações expostas nos meios de comunicação de mídia escrita. A sociedade brasileira
possui meios limitados de acesso à informação de qualidade devido ao número reduzido de
equipamentos, nos quais destacam a impressa carioca e paulista. Como ferramenta ilustrativa,
poderemos notar, mesmo sem análise bibliográfica extensa, que as revistas nacionais surgem
das bancas de revistas e livrarias, tradicionalmente, com notícias similares no período
específico. Tal característica justifica as reconhecidas gafes ocorridas em diversos casos
polêmicos noticiados. Veremos neste trabalho momentos que justificam ou seriam objetos
para lastrear processos criminais e civis. A calúnia, injúria e difamação soam passionais em
muitos artigos, o que restará apresentado com explicações empíricas, baseadas em exemplos
nacionais e reconhecidos pela população. Não caberá aqui exposição minuciosa que possa ir
além dos aspectos jurídicos do tema ‘Análise História da Responsabilidade Civil dos Meios
de Comunicação’, apesar de serem expostos informações e aspectos que explorem a
multidicisciplinariedade do caso, tratando ciências diversas.
Palavras-chave: Princípios constitucionais. Conceito de responsabilidade civil. Mídia
Escrita. Meios de Comunicação. Imprensa Nacional. Crimes de imprensa.
ABSTRACT
This present study will show characteristics of civil Liability in the brazilian legal
system and your application in legal relations justified on information exposed in the print
media. The brazilian society has limited means of access to quality information due to the
reduced number of equipment, which we can highlight the Rio and Sao Paulo press. As a
illustrative tool, we can see, even without extensive literature review, that the national
magazines appear in the newsstands and bookstores, traditionally, with similar news in the
specific period. This feature justifies the recognized gaffes that have occurred in several
controversial cases reported. We will see in this work moments that justify or would be
objetct to give reason to a criminal and civil process. The libel, slander and defamation look
passionate in many articles, which will be displayed with empirical explanations, based on
national examples and recognized by the people. Will not have space here a thoroughly
expose that can go beyond the legal aspects of the theme ‘historical and legal analysis of the
liability of the media’, although that will be exposed information and aspects that explore the
multidisciplinary characteristics of the case, dealing with various science.
Keywords: Constitutional principles. Concept of Civil Liability. Written Media. Media.
National Press. Crimes of the press.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................08
2 RESPONSABILIDADE CIVIL.........................................................................................11
2.1 ANÁLISE HISTÓRICA.....................................................................................................12
3 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL..................................................13
3.1 AÇÃO OU OMISSÃO.......................................................................................................13
3.2 A CULPA E O RISCO.......................................................................................................14
3.2.1 DOLO..............................................................................................................................15
3.3 NEXO CAUSAL................................................................................................................15
3.4 DANO................................................................................................................................16
3.4.1 Dano material................................................................................................................16
3.4.2 Dano emergente.............................................................................................................17
3.4.3 Lucro cessante................................................................................................................17
3.4.4 Dano moral.....................................................................................................................17
3.4.4.1 Características do dano moral..................................................................................17
4 EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE...................................................................21
4.1 O ESTADO DE NECESSIDADE......................................................................................21
4.2 A LEGÍTIMA DEFESA.....................................................................................................22
4.3 O EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO.......................................................................22
4.4 O ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL......................................................23
4.5 CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA.................................................................................23
4.6 FATO DE TERCEIRO.......................................................................................................24
4.7 CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR.........................................................................24
4.8 CLÁUSULA DE IRRESPONSABILIDADE OU DE NÃO INDENIZAR......................24
4.9 PRESCRIÇÃO...................................................................................................................24
5 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE...........................................................................25
5.1 RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL........................................................................25
5.1.1 RESPONSABILIDADE CIVIL......................................................................................25
5.1.2 RESPONSABILIDADE PENAL....................................................................................25
5.2 RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA.......................................................25
5.2.1 RESPONSABILIDADE SUBJETIVA...........................................................................25
5.2.2 RESPONSABILIDADE OBJETIVA..............................................................................26
5.3 RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL............................26
5.3.1 RESPONSABILIDADE CONTRATUAL......................................................................26
5.3.2 RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL........................................................27
5.4 RESPONSABILIDADE PELO FATO DE OUTREM......................................................27
6 A REVOGAÇÃO DA LEI DE IMPRENSA E SEUS EFEITOS....................................28
6.1 OS MOLDES DA NOTÍCIA.............................................................................................32
7 FATOS HISTÓRICOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL DA MÍDIA ESCRITA...34
8 A DEFESA DO OFENDIDO..............................................................................................36
9 REALIDADE LEGAL ATUAL.........................................................................................38
10 CONCLUSÕES.................................................................................................................40
11 REFERÊNCIA...................................................................................................................42
ANEXOS.................................................................................................................................43
ACÓRDÃOS...........................................................................................................................44
8
1 INTRODUÇÃO
Os grandes erros da mídia, excessos e falta de limites quanto à liberdade de
imprensa, demonstram a importância do tema a ser abordado neste trabalho.
Este trabalho irá analisar o tema disposto por este ser de extrema relevância social,
diante da realidade atual do país e do mundo, e as características da imprensa jornalística
nacional, que ainda lastreia reportagens em fatos não comprovados, depoimentos financiados
por interesses diversos do público, ou seja, valendo-se apenas da necessidade de inauguração
do assunto frente ao público e o bônus apurado pela audiência.
Assim que se nota o equívoco na notícia e ação negativa direta sobre determinado
indivíduo, este tem direito a reparação imediata e equivalente dos danos sofridos, sejam eles
morais ou materiais.
A sociedade brasileira atual é curiosa e observadora, apesar de tradicionalmente
pouco exigente quanto à qualidade do conteúdo midiático e o berço da notícia (vide excesso
de programas de apelo social), a realidade atual cobra postura diferente do consumidor da
notícia.
A Responsabilidade Civil deve atender de forma eficaz toda a sociedade,
contribuindo para internalização da consciência do direito em cada indivíduo, ou seja,
mostrando-lhe que o seu direito infringido deve ser reparado pelo infrator, sem prejuízo para
quaisquer das partes.
Há necessidade de dissertação quanto à evolução da responsabilidade civil, tratada de
maneira geral, até que se alcance o tema aqui proposto, com ênfase nos termos e conceitos
básicos, requisitos e características da responsabilidade civil, notando os danos morais e
importância do direito à reparação da ofensa.
9
Em breve análise, serão expostos as características históricas da responsabilidade
civil, para que se apure a importância do tema nos dias atuais, sua aplicação, e por fim o tema
pouco tratado por tal ciência, qual seja, responsabilidade civil dos meios de comunicação,
fornecedores de informação e a qualidade deste produto.
Após, serão analisadas as características da Responsabilidade Civil da Mídia Escrita,
e ainda, buscando explanação contextualizada de fatos que justificam a importância dada ao
tema.
A partir do surgimento da Lei de Imprensa, em plena ditadura militar do Brasil, o
labor jornalístico passou a ser alvo de processos criminais e administrativos, censuras e perda
de credibilidade devido às constantes auditorias governamentais das informações prestadas. A
lei garantia ao governo o direito de limitar a informação, exemplificado no art. 1º da extinta
Lei de Imprensa, n.º 5250/67.
Art. 1º É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusãoArt. 1º É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura,de informações ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer. § 1º Não serárespondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer. § 1º Não será tolerada a propaganda de guerra, de processos de subversão da ordem política etolerada a propaganda de guerra, de processos de subversão da ordem política e social ou de preconceitos de raça ou classe. § 2º O disposto neste artigo não sesocial ou de preconceitos de raça ou classe. § 2º O disposto neste artigo não se aplica a espetáculos e diversões públicas, que ficarão sujeitos à censura, na formaaplica a espetáculos e diversões públicas, que ficarão sujeitos à censura, na forma da lei, nem na vigência do estado de sítio, quando o Governo poderá exercer ada lei, nem na vigência do estado de sítio, quando o Governo poderá exercer a censura sobre os jornais ou periódicos e empresas de radiodifusão e agênciascensura sobre os jornais ou periódicos e empresas de radiodifusão e agências noticiosas nas matérias atinentes aos motivos que o determinaram, como tambémnoticiosas nas matérias atinentes aos motivos que o determinaram, como também em relação aos executores daquela medida.em relação aos executores daquela medida.
Apesar da análise mínima sobre o tema do parágrafo anterior, serão expostos os
motivos que deram forma ao tratamento dispensado à informação, e os institutos criados a
partir da necessidade de manutenção dos preceitos legais que regem a imprensa.
O trabalho passará pelas etapas de compreensão da Responsabilidade Civil,
respeitando em seus capítulos formas e conceitos, de modo evolutivo, a fim de abraçar as
principais características do tema proposto.
10
Segundo Cavalieri (2004, p.99), entende-se que, quanto ao dano moral, “[...] O
importante, destarte, para a configuração do dano moral, não é o ilícito em sim mesmo, mas
sim a repercussão que ele possa ter”.
A idéia lançada repousa em características cotidianas dos excessos da mídia.
Devem-se analisar os aspectos gerais do tema afim de, pelo menos, sugerir o questionamento
ao leitor comum, indicando-lhe aonde a notícia excede e quais as características que
denunciam este excesso.
A título de exemplo inicial, basta notar declarações diversas em editoriais de revistas
e jornais expondo opinião personalíssima do editor sobre temas variados, principalmente
política, o que finda por sugerir pontos de vistas e dá largada ao modo como opinião pública
verá o tema.
Comumente, alcunhas dadas por editores a situações ou pessoas terminam por tomar
o leitor e dissolver na sociedade, tal como se vê em casos de forte apelo social, como o caso
da Escola Base1, onde variados adjetivos negativos qualificavam os donos do local.
1 on line. O Globo on line. Entenda o caso escola base. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/11/13/286621871.asp:> Acesso em: 30 jul. 2008 às 13h.
11
2 RESPONSABILIDADE CIVIL
Dispôs Cavalieri (2004, p. 23), parafraseando a si mesmo, quanto ao objetivo da
ordem jurídica que “[…] Vale dizer: ao mesmo tempo em que ela se empenha em tutelar a
atividade do homem que se comporta de acordo com o Direito, reprime a conduta daquele que
o contraria”.
O dever de limitar seu direito ao do próximo corresponde claramente à idéia do
termo responsabilidade. As diversas manifestações alcunhadas de direito podem ser dispostas
e exemplificadas.
A natureza do Direito, positivo (direito de dar ou fazer) ou negativo (direito de não
fazer) prevê o que se pode apurar como ato passível de processo e análise no campo da
Responsabilidade Civil.
A ofensa ao direito de outrem, seja esta ofensa material ou moral, justifica a busca
pelos preceitos legais de reparação do dano e punição do ofensor. Esta situação ilustra
claramente a característica humana de não suportar o sentimento de prejuízo ou injustiça. O
importante no caso é a solução do conflito pela reparação.
O Estado monopoliza o direito de busca da reparação pelo ofendido, remodelando e
melhorando a tradição de proporcionalidade da reparação com a ofensa. O apreço do ofendido
pelo dano causado pesa sobre o cálculo da responsabilidade do ofensor, mas deve-se notar até
aonde a reparação não ultrapassa o limite da ofensa.
Nesse diapasão, o dano moral reclama como o mais subjetivo dos quantitativos
apuradores do valor indenizatório, pois, nos processos lastreados em casos que justificam a
indenização, a análise dos efeitos da ofensa responderá à questões íntimas do ofendido,
principalmente os valores morais atacados e os prejuízos constatados frente à sociedade
comum.
12
2.1 ANÁLISE HISTÓRICA
A análise histórica breve observa as primeiras manifestações da responsabilidade e a
ingenuidade do homem na defesa de sua classificada situação social frente à sociedade e
direitos adquiridos.
O homem zela pelo que entende ser seu direito e nisso, promove a necessidade de
regulação do direito, inicialmente de forma privada e posteriormente, colocando-o sob a tutela
do Estado para que esse dite as regras as quais poderá buscar e fazer manutenção de seu
direito.
Nos primórdios da humanidade, entretanto, não se cogitava do fator culpa. O danoNos primórdios da humanidade, entretanto, não se cogitava do fator culpa. O dano provocava a reação imediata, instintiva e brutal do ofendido. Não havia regras nemprovocava a reação imediata, instintiva e brutal do ofendido. Não havia regras nem limitações. Não imperava, ainda, o direito. Dominava, então, a vingança privada,limitações. Não imperava, ainda, o direito. Dominava, então, a vingança privada, “forma primitiva, selvagem talvez, mas humana, da reação espontânea e natural“forma primitiva, selvagem talvez, mas humana, da reação espontânea e natural contra o mal sofrido; solução comum a todos o povos nas suas origens, para acontra o mal sofrido; solução comum a todos o povos nas suas origens, para a reparação do mal pelo mal”reparação do mal pelo mal”22 ( (GONÇALVES33, 2007, p.04), 2007, p.04)
A partir do Código de Hamurabi, com a pena de Talião, passou a se estabelecer as
primeiras regras de responsabilidade, quais se destacam o termo ‘olho por olho, dente por
dente’, a proporcionalidade da reparação passou a ser analisada, mas é claro, evoluindo com
manifestado respeito e preservação dos direitos básicos do ser humano.
2 Besson André, citado por Carlos Roberto Gonçalves, Responsabilidade Civil. São Paulo, Saraiva, 2007, p. 4.3 Carlos Roberto Gonçalves é Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Mestre em Direito Civil pela PUCSP e professor no Complexo Jurídico Damásio de Jesus.
13
3 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Para justificar a responsabilidade civil é levantado o pressuposto básico de que o
agente deu causa ao praticar um ato considerado ilícito e, a partir daí, analisados os demais
pressupostos capazes de configurar o instituto da responsabilidade sobre o agente ofensor:
Nisto, deve-se analisar a ação ou omissão do agente; se este agiu com dolo ou culpa;
o nexo de causalidade entre a ação e o resultado; e o dano efetivo, podendo este dano ser
moral ou material.
O Código Civil de 2002 estabelece em seu art. 186 que, “Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Deve-se analisar, a fim de apurar responsabilidade, a ação ou omissão, culpa ou
dolo, nexo de causalidade, e o resultado naturalístico, qual seja o dano causado.
3.1 AÇÃO OU OMISSÃO
Eis o primeiro elemento da responsabilidade civil, tal como expõe Gagliano e
Pamplona (2006, p.27-33). O ato humano é passível de análise quanto aos seus resultados.
Para se apurar a responsabilidade civil de um agente analisa-se, primeiramente, qual foi a
conduta deste agente. A conduta humana pode ser positiva ou negativa, ação ou omissão. Tal
ação ou omissão deve ser voluntária, e causadora de prejuízo a terceiro. Verificar-se-á se
houve negligência, imperícia ou imprudência do agente.
Nota-se que nem sempre a conduta humana será ilícita, pois muitas vezes o agente
atua sob a tutela normativa e não há transgressão de norma legal. Assim, condutas legais
podem gerar responsabilidade civil, pois há o direito de agir ou omitir, mas, alerta Gagliasso e
14
Pamplona (2004 p. 33) “[...] a responsabilização por ato lícito depende sempre de norma legal
que a preveja”.
3.2 A CULPA E O RISCO
A teoria da culpa e a do risco são teorias diversas, que se complementam e trazem ao
direito à evolução natural do conceito de justiça.
A culpa é inserida no direito e passa a separar a responsabilidade penal e a
responsabilidade civil, respondendo o ofensor ao Estado e a vítima respectivamente. A
Responsabilidade civil se funde na culpa (GONÇALVES, 2004 P.6).
Há teoria do risco coube responder as discussões proteladas pela análise da culpa. A
atividade laboral sob a tutela de um sujeito determinado coloca este como responsável
objetivamente em caso de acidente em razão da função, assumindo o risco da atividade pelos
fatos que possam causar danos ao trabalhador e justifica sua responsabilidade.
A culpa existe no ato do agente em ter vontade de agir, após pesar todas as
possibilidades e mesmo assim atuar, descumprindo o dever de cuidado que deve ser
observado na ação ou omissão. Cavalieri destaca que, “[...] Por tudo que foi dito, pode-se
conceituar a culpa como conduta voluntária contrária ao dever de cuidado imposto pelo
Direito, com a produção de um evento danoso involuntário, porém previsto ou previsível”.
(CAVALIERI, 2004 p. 54)
Pode-se elencar alguns elementos que caracterizam a conduta culposa, quais sejam a
conduta do agente, previsão do resultado e a ausência de cuidado.
A vontade do indivíduo em agir caracteriza o primeiro elemento característico da
responsabilidade; o resultado pode ser previsto, mas é ignorado; por fim a negligência do
agente denuncia a falta do cuidado necessário durante o fato.
15
Diante da breve explanação e necessidade de abordagem geral da Responsabilidade
Civil, cabe seguir às próximas e importantes características a serem destacadas. Há a
necessidade de agrupar todos os pressupostos a fim de identificar a responsabilidade civil do
agente. Assim, na falta de um dos requisitos, não há de se falar em responsabilidade do
agente.
Os pressupostos analisados a seguir configuram a responsabilidade civil e serão
brevemente analisados a fim de responder com clareza o tema interessante a este trabalho.
3.2.1 Dolo
Trata-se da intenção do agente em causar o resultado naturalístico. Não importa o
meio procurado para obter tal resultado, e sim que o fato ocorra como querido pelo agente,
importando-lhe o dano e o prejuízo a outrem. Segundo Cavalieri (2004, p. 50) “[...] pode-se
definir o dolo como sendo a vontade conscientemente dirigida à produção de um resultado
ilícito”.
3.3 NEXO CAUSAL
Antes de analisar a culpa deve-se apurar se o ato do agente deu causa ao fato. Daí a
definição de culpa e expressão do art. 13 do Código Penal Brasileiro: “O resultado, de que
depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa”. (CAVALIERI,
2004 p. 65)
Analisar o nexo de causalidade é ato essencial para se apurar a responsabilidade do
agente quanto ao fato. Aquele que resta provado que sua ação deu causa estará juridicamente
compreendido como responsável pelo fato.
16
O resultado naturalístico certamente irá se adequar a uma causa equivalente. Deve-se
desvendar tal causa e responsabilizar o agente que lhe deu razão.
Diante das diferentes teorias explicativas do nexo de causalidade, cabe expor a teoria
adotada pelo Código Civil Brasileiro, qual seja a teoria da causalidade adequada, onde se
considerará apenas as condições que se adequaram com razão do evento naturalístico.
O ponto central para o correto entendimento desta teoria (da causalidade adequada)O ponto central para o correto entendimento desta teoria (da causalidade adequada) consiste no fato de que somente o antecedente abstratamente apto á determinaçãoconsiste no fato de que somente o antecedente abstratamente apto á determinação do resultado, segundo um juízo razoável de probabilidade, em que conta ado resultado, segundo um juízo razoável de probabilidade, em que conta a experiência do julgador, poderá ser considerado causa. (GAGLIANO eexperiência do julgador, poderá ser considerado causa. (GAGLIANO e PAMPLONA, 2006 p, 90)PAMPLONA, 2006 p, 90)
3.4 DANO
O resultado naturalístico que cause dano ou prejuízo ao indivíduo justifica a
responsabilidade civil. Se o ato não gerou prejuízo não cabe falar-se em responsabilidade.
Destaca-se que, diante das formas de responsabilidade (contratual ou
extracontratual) o dano é requisito indispensável para a sua configuração (GAGLIANO, 2006
p. 35).
Segundo Cavalieri (2004, p. 88) ‘[...] O dano é, sem dúvida, o grande vilão da
responsabilidade civil [...]. Pode haver responsabilidade sem culpa, mas não pode haver
responsabilidade sem dano”.
Ao calcular-se o nível razoável ou exato do dano devem-se notar alguns fatores,
inteligíveis ao administrador do direito, tais como exposto a seguir.
3.4.1 Dano material
O dano material atinge o patrimônio da vítima, causando prejuízo efetivo e
calculável.
17
3.4.2 Dano emergente
O dano emergente convém prejuízo efetivo e imediato da vítima, também estimado
sob bases de cálculo precisas que apurarão o valor exato.
3.4.3 Lucro cessante
O lucro cessante consiste naquilo que a vítima deixou de lucrar após o ato e devido a
este. Deve ser analisado razoavelmente, baseado em probabilidades consideráveis.
3.4.4 Dano moral
O dano moral convém o prejuízo personalíssimo da vítima, calculado sob seus
princípios e valores pessoais e o reflexo externo causado pelo ato do agente. Não convém
perda pecuniária e sim lesão da personalidade da vítima (CAVALIERI, 2004 p.93).
Por ser base primordial da análise do presente trabalho, resta análise precisa do dano
moral.
3.4.4.1 Características do Dano Moral
Pelo tema do presente trabalho, deverá ser dada apreciação especial ao pressuposto
do dano moral.
18
A fim de considerar o dano moral deve-se analisar critérios diversos, visto a
dificuldade de compreender o prejuízo subjetivo do sujeito e a necessidade de resposta da
justiça aos mais variados prejuízos que o ofendido julgue ter sofrido.
Para caracterização do dano material basta o prejuízo econômico, constatado com
base em cálculos precisos.
No caso do dano moral a lesão personalíssima deve restar provada, quais sejam, o
aborrecimento incomum, constrangimento, efeitos psicológicos percebidos, e outras
características personalíssimas, que só se apuram internamente no indivíduo, sem
manifestação externa aparente.
A prova do dano moral repousa nas características do fato que lhe afetou e a reação
esperada pelo sofrimento imposto.
Exemplifica Cavalieri (2004, p. 101) que, [...] “provada a perda de um filho, do
cônjuge, ou de outro ente querido, não há que se exigir a prova do sofrimento, porque isso
decorre do próprio fato de acordo com as regras de experiência comum”.
A convivência social admitida entre todos os indivíduos convém empatia, o que será
cobrado dos aplicadores do direito quando do momento da análise das perdas subjetivas do
ofendido.
Não serão objetos de análise os valores pessoais dos julgadores que promovem
cálculos quanto aos danos morais valorados de forma diversa do senso comum, ou seja, serão
propostos meios quantitativos do dano moral.
Dos ensinamentos acadêmicos assimilamos que, o juiz deve observar os princípios
da proporcionalidade e razoabilidade devido a não existência de limites quantitativos legais
para o arbitramento do valor devido a título de indenização por danos morais, sendo fixado a
livre arbítrio do juiz, baseado no pedido do ofendido.
19
A reprovabilidade social da conduta certamente será objeto de análise quando da
busca do valor justo conveniente a massagear a moral ofendida e irá sugerir algo à
justificativa exposta pelo julgador.
A imagem e a honra de uma pessoa não são quantificadas. Assim, apenas o fato
poderá justificar cálculo que equivalha à reparação por danos morais. Nestes termos cabe
postar o que dita o art. 5º da Constituição da República, que dispõe em seu inciso X, que “são
invioláveis [...] a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação”.
Ainda, o Código Civil reforça o direito a indenização por dano à imagem quando
prevê:
Art. 20Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra,manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão serou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lheproibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a finsatingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.comerciais.
Ainda baseado nos ensinamentos de Cavalieri, o valor da indenização por dano
moral irá basear-se no ‘prudente arbítrio’ do juiz, repercussão do dano e a possibilidade
econômica do ofensor. Deve-se analisar ainda que, a indenização não pode ser fonte de lucro
do ofendido.
Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia que, deImporta dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade daacordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, aconduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, ecapacidade econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, e outras circunstâncias mais que se fizerem presentes. (CAVALIERI, 2004 p. 108)outras circunstâncias mais que se fizerem presentes. (CAVALIERI, 2004 p. 108)
Nota-se que não há valor pré fixado para casos que ensejam indenização por dano
moral.
Os pedidos de indenização por dano moral quanto às manifestações jornalísticas
devem ser analisados em combate direto com a liberdade de informação.
20
Brevemente exposto para fins de introduzir a discussão seguinte, deve-se destacar
que a informação jornalística deve ser impessoal, isenta de opinião personalíssima inerente ao
editor ou jornalista a fim de não desmerecer a credibilidade da informação.
A passionalidade contamina a notícia. Para uma visão ilibada dos fatos, o jornalista
deve ater-se a realidade sem opiniões que sugiram pontos de vistas pessoais, sob risco de
ultrapassar a competência do jornalista e assumir o labor do crítico.
21
4. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE
A análise das excludentes, tal como expõe Roberto Gonçalves (2007, 785-830),
afasta a ilegalidade do ato, mas pode não excluir o dever de indenizar, a exemplo de casos em
que haja dano a terceiro e, visto que houve o prejuízo, cabe ao agente cumprir com o direito
de regresso contra aquele que deu causa ao fato.
Os meios de defesa do ofensor podem ser conceituados. Abaixo seguem os
principais casos de excludentes de responsabilidade.
4.1 O ESTADO DE NECESSIDADE
Dispõe o art. 188 do Código Civil Brasileiro que:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou noArt. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição daexercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafocoisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias oúnico. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável paratornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.a remoção do perigo.
Apesar de detectado como ato descaracterizador do ato ilícito, o estado de
necessidade, não exclui a necessidade de reparação do prejuízo. Neste contexto, Roberto
Gonçalves (2007, p. 785) exemplifica o caso de motorista que desvia de criança, mas termina
por derrubar um muro de outrem, devendo responder pelos prejuízos mesmo sob ato tão nobre
quanto salvar a vida de uma criança, sendo exemplo tradicional do estado de necessidade.
A colisão de interesses, segundo Gagliano e Pamplona (2006, p. 102), não autoriza
ao agente outra forma de conduta. Deve o agente ater-se ao dever de cuidado mesmo diante de
situações extremas. Este cuidado será base para apurar alguma excludente de culpabilidade do
agente e o direito de regresso.
22
4.2 A LEGÍTIMA DEFESA
Também previsto no art. 188 do Código Civil Brasileiro, inciso I, difere do estado de
necessidade, pois o indivíduo esta sob agressão injusta iminente ou efetiva, sendo obrigado a
reagir de modo a preservar sua condição. Esta defesa deve ser proporcional à injusta agressão.
Legítima defesa constitui na ação baseada no extinto do agente, mas este deve se
ater à proporcionalidade da resposta e a quem o ofendeu, sob risco de incorrer em ato passível
de apuração de responsabilidade, tal como na legítima defesa putativa onde, segundo
Gagliano e Pamplona (2006, p. 105), o agente “em face de uma suposta ou imaginária
agressão, repele-a, utilizando moderadamente dos meios necessários para defesa do seu
direito ameaçado.”
Nesse caso, se encontrará o agente numa condição de excludente de culpabilidade,
mas a conduta será considerada ilícita, devendo o agente responder civilmente pelos danos
causados.
4.3 O EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
Se alguém atua escudado pelo Direito, não poderá estar atuando contra esse mesmo
Direito (Pamplona e Gagliano, 2006).
Os agentes públicos agem sob a égide do poder governamental, funcionários
públicos ou não, e suas ações são lastreadas por autorização legal.
Tal como as outras causas de excludentes de ilicitude, os excessos do agente serão
justificativa para apuração da responsabilidade, pois o abuso do direito extrapola o exercício
regular do direito.
23
Da mesma forma, corresponde ao exercício regular do direito as lesões causadas por
agentes nas práticas desportivas, lógico, que sob as regras do esporte e sem excessos.
4.4 O ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
Assim dispõe o Código Penal Brasileiro quanto ao estrito cumprimento do dever
legal:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado deArt. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade;necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ouII - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punívelno exercício regular de direito. Excesso punível Parágrafo único - O agente, emParágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
A obrigação imposta por lei caracteriza o estrito cumprimento do dever legal, pois o
agente está agindo sob a obrigação legalmente imposta e baseado na lei.
4.5 CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA
Não raro a imprudência da vítima é seu fardo, caracterizando acidentes e situações
que excluem a responsabilidade do terceiro, utilizado como mero instrumento causador do
dano.
Como exemplo clássico expõe os doutrinadores o caso da vítima suicida que se joga
sobre veículo que está em alta velocidade. Tal ato desonera o agente de responsabilidade,
cabendo culpar inteiramente a vítima do acidente.
A culpa exclusiva da vítima deve ser alegada pelo autor em processo a fim de
excluir a responsabilidade e tornar a vítima totalmente responsável pelo fato, podendo até
mesmo cobrar os prejuízos que a imprudência da vítima possa ter causado, mesmo que os
prejuízos para esta sejam maiores que os sofridos pelo autor.
24
4.6 FATO DE TERCEIRO
A responsabilidade recai diretamente sobre quem praticou o ato. No caso de danos
causados em razão de ato de terceiro, cabe ao agente ação regressiva, pois não ficará
desobrigado de indenizar o ofendido.
4.7 CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
O art. 393 do Código Civil Brasileiro constata a não responsabilidade do devedor
nos prejuízos causados a terceiro por caso fortuito e de força maior.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ouArt. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafoforça maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitosúnico. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.não era possível evitar ou impedir.
São situações imprevisíveis ou inevitáveis. Nesses casos haverá quebra do nexo
causal, pois o fato causador do dano independe da conduta do agente.
4.8 CLÁUSULAS DE IRRESPONSABILIDADE OU DE NÃO INDENIZAR
No caso de inexecução de obrigação avençada entre as partes, a cláusula de não
indenizar abona o ato do agente e o desobriga de reparar o dano causado. No caso existe a
responsabilidade do agente, mas o dever de indenizar é afastado por contrato entre as partes.
4.9 PRESCRIÇÃO
O titular não exerce o direito de exigir a reparação dentro do termo legal, o que leva
a irresponsabilidade do agente por prescrição do direito de agir do ofendido.
25
5 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE
No presente trabalho, importa analisar a responsabilidade civil, mas cabe conceituar
espécies de responsabilidade a fim de cumprir com o objetivo exposto.
5.1 RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL
5.1.1 Responsabilidade Civil
A legítima pretensão à reparação é do ofendido, onde este irá ter direito a reparação
por parte do ofensor, ficando a seu cuidado o interesse de buscar ou não o ressarcimento do
prejuízo.
O interesse privado justifica ao ofendido pleitear ação de indenização ou não. A
responsabilidade civil é pessoal.
5.1.2 Responsabilidade Penal
O interesse de reparação e compensação dos danos causados recai sobre a sociedade
e fica a cargo do Estado buscar a justiça. O interesse do Estado é reprimir o crime, assim, cabe
a este ente buscar a responsabilização penal do agente criminoso em prol do interesse da
sociedade em zelar pela manutenção da segurança de todos.
5.2 RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA
5.2.1 Responsabilidade Subjetiva
26
Gagliano e Pamplona (2006, p. 121) alertam para a importância de não se basear
apenas na idéia de culpa para análise da responsabilidade.
A responsabilidade subjetiva afere a culpa do agente de tal forma a desvendar a ação
ou omissão deste. Os autores destacam que os graus de culpa (leve ou grave) não desobrigam
o dever de indenizar. (2006, p.127).
5.2.2 Responsabilidade Objetiva
Há casos em que não haverá necessidade de apurar a culpa do agente, respondendo
objetivamente pelo dano e prejuízo ocorrido a outrem. Tal situação se nota facilmente nas
relações de consumo e em determinadas atividades que importem assumir os riscos do
negócio acordado entre as partes.
Tal como disposto anteriormente, cabe destacar o art. 927 do Código Civil, o qual
dispõe:
Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, ficaArt. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. obrigado a repará-lo. Parágrafo únicoParágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividadeindependentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco paranormalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.os direitos de outrem.
5.3 RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL
5.3.1 Responsabilidade Contratual
Uma relação jurídica que obrigue as partes pode ser norte à existência de
responsabilidade contratual.
27
Nestes casos, a obrigação de indenizar surge de um contrato entre as partes onde o
ilícito estava previsto e o dever de indenizar elencado a fim de ressarcir o prejuízo de uma das
partes. O negócio jurídico avençado entre as partes faz surgir o dever de responsabilidade.
5.3.2 Responsabilidade Extracontratual
Fontes extracontratuais de deveres jurídicos são pertinentes em virtude de lei,
independente de vontade avençada ou não entre os sujeitos, ofendido e ofensor.
[...] tanto na responsabilidade extracontratual como na contratual há a violação de[...] tanto na responsabilidade extracontratual como na contratual há a violação de um dever jurídico preexistente. A distinção está na sede desse dever. Haveráum dever jurídico preexistente. A distinção está na sede desse dever. Haverá responsabilidade contratual quando o dever jurídico violado (inadimplemento ouresponsabilidade contratual quando o dever jurídico violado (inadimplemento ou ilícito contratual) estiver previsto no contrato. A norma convencional já define oilícito contratual) estiver previsto no contrato. A norma convencional já define o comportamento dos contratantes e o dever específico a cuja observância ficamcomportamento dos contratantes e o dever específico a cuja observância ficam adstritos. (CAVALIERI, 2004 p.38)adstritos. (CAVALIERI, 2004 p.38)
5.4 RESPONSABILIDADE PELO FATO DE OUTREM
Em alguns casos a responsabilidade recaíra sobre sujeito que não praticou o ato, mas
que, por algum caráter indireto, tem responsabilidade por ato praticado por terceiro.
Nisto, cabe destacar casos legalmente previstos como responsabilidade por ato de
terceiro, casos estes onde o agente é responsável por seus atos e por atos que estejam sob sua
tutela, seja por animal, menor incapaz, ou coisa que devesse cuidar, conforme prevê os artigos
932 e seguintes do Código Civil de 2002, prevendo:
Art. 932Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: . São também responsáveis pela reparação civil: II - os pais, pelos filhos- os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; IIII - o tutor e o- o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; IIIIII - o- o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercícioempregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IVIV - os donos de hotéis,- os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo parahospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; VV - os que- os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrentegratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. quantia. [...][...] Art. 936 Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. Art. 937Art. 937. O dono de edifício. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier deou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
28
6 A REVOGAÇÃO DA LEI DE IMPRENSA E SEUS EFEITOS
Analisados os aspectos legais e doutrinários da responsabilidade civil, cabe dissertar
sobre o tema principal do trabalho.
O projeto do presente trabalho iniciou-se pouco antes da revogação da Lei de
Imprensa pelo STF em 30/04/2.009.
A imprensa escrita e os exageros veiculados pela publicação sem a devida
responsabilidade com os direitos da personalidade e lastreada em meios investigativos sem
credibilidade atestada, afetam diretamente algumas pessoas, tornando-as hábeis a pleitear os
direitos de indenização e retratação.
O ordenamento jurídico acerca da liberdade de imprensa visa a preservar direitos
individuais e coletivos. A Lei de Imprensa surgiu em época não tão paternalista, durante a
ditadura militar no Brasil, mas, mesmo assim, havia nas páginas da Lei os direitos e
obrigações que limitavam o direito a livre expressão do pensamento dos editores e
profissionais dos meios de comunicação brasileiros.
A Lei de Imprensa foi criada em pleno regime militar, época de pouca liberdade e
informação limitada pela origem do poder. É importante citar o período de elaboração para
justificar o conflito legal recente que culminou com a revogação da Lei.
Importa aqui analisar e expor, também, o contexto atual de responsabilidade civil
dos meios de comunicação de mídia escrita e as normas as quais respondem vista à nova
realidade normativa.
A Constituição da República de 1.988 afastava gafes diversas da Lei de Imprensa,
dentre elas a tarifação de indenizações, algo inaceitável e inviável atualmente por razões
claras, principalmente em relação à maleabilidade da economia globalizada. A título de
exemplo, a reputação de um indivíduo valia, aos olhos da Lei de Imprensa, 10 (dez) salários
29
mínimos. Isso não pesa para cálculo de dano moral causado pela injúria, por exemplo, ao
indivíduo.
Destaca-se que, com a revogação integral da Lei de Imprensa, ficam extintos artigos
que consideravam crime a injúria, calúnia e difamação feita por meios de comunicação. Mas,
diferentemente do que se pode concluir em análise direta do texto aqui disposto, resta alertar
que tais crimes já haviam previsão legal no Código Penal Brasileiro, que assim dispõe:
Art.Art. 138138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:- Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: PenaPena - detenção, de seis (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. §- detenção, de seis (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. § 1º -1º - Na mesma penaNa mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. §incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º -2º - É punívÉ punível ael a calúnia contra os mortos.calúnia contra os mortos. § 3º § 3º - Admite-- Admite-se a prova da verdade, salvo: Ise a prova da verdade, salvo: I - se,- se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenadoconstituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; IIpor sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pes- se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadassoas indicadas no nº I do Art. 141; IIIno nº I do Art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido- se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.foi absolvido por sentença irrecorrível. Art. 139 Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe- Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Penafato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e- detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.multa. Parágrafo único Parágrafo único - A- A exceção da verdade somente se admite se o ofendido éexceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Art. Art. 140140 -- Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: PenaInjuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de 1 (um)- detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. §a 6 (seis) meses, ou multa. § 1º -1º - O jO juiz pode deixar de aplicar a pena: Iuiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o- quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; IIofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - n- no caso deo caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. §retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º2º -- Se a injúria consiste emSe a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, seviolência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Penaconsiderem aviltantes: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa,- detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência. §além da pena correspondente à violência. § 3º -3º - Se a injúria consiste na utilizaçãoSe a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoade elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Penaidosa ou portadora de deficiência. Pena - reclusão de um a três anos e multa.- reclusão de um a três anos e multa. (Alterado pela L-009.459-1997)(Alterado pela L-009.459-1997)
Vertentes eufóricas da imprensa poderiam sentir-se livres para manifestação
desmedida de opiniões e ataques pessoais lastreados pela liberdade de expressão, mas o
Código Penal não destaca privilegiados a margem da letra legal.
Cabe destacar que o corporativismo natural dos meios de comunicação é aceitável e
respeitado como nos mais variados círculos trabalhistas.
Se o meio de comunicação que deveria informar fere a legislação, esta mesmo não
aflora seus próprios erros ou excessos. Foi um grande benefício ao ofendido por meio de
mídia escrita o surgimento do direito de resposta proporcional, tal como destaca a
30
Constituição Federal, no art. 5º, V, onde assegura “o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”.
Aos olhos dos profissionais da comunicação e parte da doutrina, toda forma de
limitar o direito de informação é um retrocesso à democracia. Análises acerca do tema devem
ater-se não ao ferimento à democracia, e sim se crimes de abuso de direito, pelos efeitos
causados ao ofendido, carecem de sanção penal ou não, quando praticados pela mídia escrita.
Diante do disposto no artigo 1º da revogada Lei de Imprensa de 1967, o qual
dispunha que:
(revogado) Art. 1º “É livre a manifestação do pensamento e a procura, o(revogado) Art. 1º “É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou idéias, por qualquer meio, e semrecebimento e a difusão de informações ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos quedependência de censura, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer.” (Lei 5052/67).cometer.” (Lei 5052/67).
O poder ditatorial da época marcou a história política brasileira e surpreendeu ao
publicar tal lei, visando, a princípio, preservar o direito a liberdade de expressão, mas por
outro lado, criando meios de punir todo e qualquer excesso da mídia.
Prevê o art. 220 da Constituição Federal, que “a manifestação do pensamento, a
criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição”.
A Lei da Imprensa tratava da liberdade de informação, expressão abrangente que, aos
olhos pouco hermenêuticos do cidadão comum e acadêmico deslumbrado, dá a impressão de
que toda liberdade repousa sobre os detentores dos meios de comunicação. O termo liberdade
de informação deve ser interpretado como gênero de todos os limites legais que descendem
desta expressão.
Apesar de preservar a difusão da informação, a própria Lei de Imprensa previa
sanções diversas e mensuradas, civis e penais, ao jornalismo negligente ou mesmo, maquiador
de fatos, falsificador de informação e designado como sensacionalista.
31
A Constituição Federal de 1988 veio satisfazer a democracia, e ainda, aferir
segurança aos direitos individuais. Coube também, corrigir os excessos legislativos das leis
antecedentes, dentre elas a Lei de Imprensa viciada pelos ordenamentos do governo militar.
A previsão constitucional dos incisos V e X do art. 5º, Constituição da República de
1988, inaugura em nosso ordenamento a inviolabilidade da vida privada, imagem, intimidade
e honra. Ainda, encontrava previsão legal o direito de resposta proporcional ao dano causado,
quando previsto no art. 29 e seguintes da Lei 5250/67.
Cabe analisar o abuso do direito de informação como fundador da responsabilidade
civil dos meios e comunicação. A responsabilidade nasce do abuso do direito (LIMA, 1999, p.
218).
A intenção de lesar, sem utilidade para o titular do direito, critério subjetivistaA intenção de lesar, sem utilidade para o titular do direito, critério subjetivista advindo da teoria da proibição do ato emulativo, circunscrevia demasiadamente oadvindo da teoria da proibição do ato emulativo, circunscrevia demasiadamente o âmbito de ação da teoria do abuso do direito. O movimento doutrinário da expansãoâmbito de ação da teoria do abuso do direito. O movimento doutrinário da expansão do conceito do abuso do direito, ante os ataques dos critérios da doutrina, foido conceito do abuso do direito, ante os ataques dos critérios da doutrina, foi demasiadamente intenso. (LIMA, 1999. p. 222)demasiadamente intenso. (LIMA, 1999. p. 222)
A preservação de um direito deve-se limitar à princípios gerais do direito, ao risco de
incorrer em abuso de direito.
O fundamento principal do abuso do direito é impedir que o direito sirva comoO fundamento principal do abuso do direito é impedir que o direito sirva como forma de opressão, evitar que o titular do direito utilize seu poder com finalidadeforma de opressão, evitar que o titular do direito utilize seu poder com finalidade distinta daquela a que se destina. O ato é formalmente legal, mas o titular do direitodistinta daquela a que se destina. O ato é formalmente legal, mas o titular do direito se desvia da finalidade da norma, transformando-o em ato substancialmente ilícito.se desvia da finalidade da norma, transformando-o em ato substancialmente ilícito. E a realidade demonstra ser isso perfeitamente possível: a conduta está emE a realidade demonstra ser isso perfeitamente possível: a conduta está em harmonia com a letra da lei, mas em rota de colisão com os seu valores éticos,harmonia com a letra da lei, mas em rota de colisão com os seu valores éticos, sociais, econômicos – enfim, em confronto com o conteúdo axiológico da normasociais, econômicos – enfim, em confronto com o conteúdo axiológico da norma legal. (CAVALIERI, 2004. 259-160).legal. (CAVALIERI, 2004. 259-160).
A Lei de imprensa, recentemente revogada, reservava capítulo para tratar dos abusos
no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação, ou seja, abuso de
direito legalmente dispensado aos meios de comunicação.
Previa o art. 12. da lei que, “aqueles que, através dos meios de informação e
divulgação, praticarem abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e
informação ficarão sujeitos às penas desta Lei e responderão pelos prejuízos que causarem.”
32
Quis o legislador, desde época limitada pela arbitrariedade do poder executivo,
preservar os direitos individuais e excessos da mídia, punindo-os com sanções diversas, multa
e mesmo detenção, tal como previa, por exemplo, o art. 16 da Lei de Imprensa, que punia com
1 (um) a 6 (seis) meses de detenção a divulgação de informação que cause alarde público. Tal
artigo expressava, segundo os olhos do governo, o interesse estatal da época em manter a
harmonia social. A informação deveria ser publicada sem restrição alguma, independente do
alarde que pudesse ser causado, mas o editor deveria ater-se a verdade dos fatos para que não
incorresse no crime disposto no artigo.
O legislador quis, ao criar a Lei de Imprensa de 1967, preservar o interesse ditatorial,
por razões diversas, punindo aquele que ousasse cultivar críticas ao governo numa época de
sanções arbitrárias. Se até aquele momento a palavra escrita era censurada sem lei que
garantisse tal censura, a partir deste momento, existia a possibilidade de cobrar de editores e
repórteres o excesso de agressões personalíssimas que pudessem povoar a mídia escrita e
cultivar a repudia aos administradores públicos daquela época, principais alvos de críticas por
parte da mídia escrita.
As previsões constitucionais, civis e penais vêm garantir os direitos do indivíduo
prejudicado pelos excessos da imprensa. Deve-se entender a Lei de Imprensa como marco
histórico para tentativa de limitar os excessos da liberdade de expressão, de forma cuidadosa,
e abraçar a possibilidade de surgimento de um novo ordenamento compatível com a realidade
mundial atual.
6.1 OS MOLDES DA NOTÍCIA
Deve-se observar que tanto o meio de comunicação quanto o leitor moldam e ditam
a informação propagada pelo aparelho midiático. Certo é que o meio de comunicação reflete,
33
muitas vezes, interesses diversos do coletivo. É neste momento que o abuso de direito à
liberdade de expressão emerge.
Atualmente, cobra-se do leitor a consciência crítica, que sejam cobradores de bom
entretenimento e informação lastreada de fato e de qualidade. A forma de cobrança é limitada
e se baseia nos protestos mais simples, como exemplo, cita-se o boicote.
Cabe destaque para os espaços reservados nos editoriais de algumas revistas e
jornais para manifestação das críticas e defesas dos interessados, quando se sentem ofendidos
ou discordem do ali postado. Esta manifestação não deve ser considerada para fins de
reparação de dano por processos penais, pois claramente não equivale ao tipo penal.
A mídia escrita reserva, ainda, meios medidores de satisfação e alcance popular que
denunciam o nível de satisfação do leitor e moldam a vertente temática que será maquiada
pelo meio de comunicação. Não há, no entanto, meio auditor que meça a qualidade da
informação prestada, se obscura e parcial ou clara e imparcial.
Não existe instrumento que cobre do meio de comunicação que a informação
publicada seja lastreada por meios de provas legítimos. Muitas vezes, o simples boato justifica
notícias de alarde nacional e efeitos ofensivos gravíssimos a um indivíduo ou coletividade.
34
7 FATOS HISTÓRICOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL DA MÍDIA ESCRITA
A veracidade dos fatos expostos não serão objeto de análise muito profunda, apenas
a forma como a informação foi prestada pela mídia escrita e os efeitos sobre o indivíduo, se
cabível ou não responsabilidade civil.
Muito já foi dito sobre o controle de grandes jornais ou canais de rádio e televisão
sobre a opinião pública. Nesta análise, vale deliberar sobre revistas de grande circulação
nacional, tais como a revista VEJA, famosa pelas reportagens exclusivas, com escopo em
denúncias das mais diversas fontes (ex-namoradas, ex-cozinheiro, ex-deputados, ex-caseiro,
etc.).
Não raro a revista fundamenta reportagens exclusivas em depoimentos de pessoas
ligadas aquele que é alvejado, em documentos de origem obscura e legitimidade idem. São
reportagens que pecam pelos excessos e confundem a vida pessoal do indivíduo com a vida
profissional ou política, através de agressões pessoais, à moral do indivíduo ou crimes
efetivos. Tais atos podem configurar os crimes de injúria, calúnia ou difamação, tipificados no
Código Penal, nos artigos 138 e seguintes.
A publicação sem fundamento probatório diverso do depoimento pessoal surge
muitas vezes apenas para causar euforia pública, forçando o ofendido a manifestar-se a
respeito do tema frente à opinião pública. Cabe destacar que tal artifício não é exclusivo da
mídia escrita brasileira, vide os sensacionalistas tablóides britânicos.
A título de exemplo cabe analisar artigo publicado em 1.992, de autoria de Orlando
Pinto e Policarpo Júnior4, onde a revista VEJA alvejou o então presidente Fernando Collor de
Melo. Os autores do artigo classificaram o ex-presidente como ‘marajá da dinda’, malhando
de tal forma seu nome que, até hoje, Fernando Collor é sinônimo de corrupção para grande
parte da população brasileira e exemplo acadêmico de postura anti-ética quanto à
4 Revista Veja, “Os jardins do Marajá da Dinda: as mentiras de Collor. Edição de 09/09/1.992.
35
administração pública, salvo para a região da qual foi parido, Alagoas, visto que
recentemente, passado o período de inelegibilidade ao qual foi condenado, foi novamente
eleito a cargo público e retornou ao cenário político nacional.
O artigo citado tinha como título “O jardim do Marajá da Dinda - As mentiras de
Collor sobre a reforma de 2,5 milhões de dólares em sua casa”. A revista confunde a vida
pessoal do ex-presidente com a vida política para atrair o leitor. Com enfoque diverso dos
problemas políticos da época, utiliza meio atraente ao público médio: a vida privada de
indivíduos públicos.
Pinto e Policarpo Júnior (1992, p. 30) expuseram opiniões pessoais, mas
excessivamente passionais e agressivas claramente expressas no trecho destacado a seguir:
“As floridas cachoeiras da corrupção. Os jardins babilônicos de Fernando Affonso Collor de
Melo são a sétima maravilha da corrupção do governo e servem como monumento vegetal à
farra ‘collorida’”.
Ainda sobre o artigo, durante as 09 (nove) páginas tratando do ‘jardim da dinda e
suas maravilhas’, em nenhum momento a revista vincula, ou prova, expressamente, a
construção do jardim ao desvio de dinheiro público, há apenas a sugestão implícita.
Tal ação visa apenas aflorar do leitor a indagação de que possa ter havido crime, mas
isenta a revista de responsabilidade, pois esta não expressou abertamente, em momento
algum, que houveram tais crimes. A revista apenas coloca em dúvida a origem do dinheiro
que permitiu a construção dos jardins, e tal colocação é enfática e agressiva.
Cabe analisar até onde a revista foi imparcial e divulgou dados fundados. Não se
sabe ao certo até onde o excesso da mídia, com a intenção de causar alarde e clamor na
opinião pública, enquadra-se como causa de responsabilidade civil, nos termos do Código
Civil (direito de resposta e retratação) ou código penal (crimes contra a honra).
36
8 A DEFESA DO OFENDIDO
O sujeito ofendido pelo meio de comunicação escrito deve se manifestar
judicialmente, baseado nos preceitos legais, cobrando do ofensor a retratação. O meio escrito,
muitas vezes, usa do status de verdade até hoje agregado à palavra publicada para dar lastro
ao que é expresso, muitas vezes, sem apurar o fato real, nem valorar a fonte da informação.
Importa, em alguns casos, apenas o interesse e curiosidade do público que,
acostumado à tragédia, sente-se confortável e atraído instintivamente pela situação trágica de
terceiros.
Cabe ao ofendido propor Ação de Indenização por Danos Morais e/ou Materiais,
expondo a situação em que se procedeu a ofensa, provas documentais, datas, prejuízos
sofridos, sejam subjetivos ou objetivos, morais ou materiais, devendo a indenização basear-se
nos critérios do art. 944 e 945 do Código Civil Brasileiro.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. SeArt. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juizhouver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização. Art. 945. Se a vítima tiver concorridoreduzir, eqüitativamente, a indenização. Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se emculposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Anexo seguem acórdãos quanto a ações de indenização por dano moral, direito
garantido nos termos da Constituição da República, em seu art. 5º incisos V e X.
Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidadegarantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termosdo direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alémseguintes: [...] V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; [...] X - são invioláveis ada indenização por dano material, moral ou à imagem; [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito aintimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
E ainda, previsão legal do Código Civil que, no art. 927 prevê o dever de reparação
de dano.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, ficaArt. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividadeindependentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
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normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco paranormalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.os direitos de outrem.
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9 REALIDADE LEGAL ATUAL
Diante da revogação tardia da Lei de Imprensa, ainda não se destacam manifestações
públicas por um novo ordenamento, o que se justifica pelo interesse dos meios detentores das
ferramentas de comunicação.
A Lei de imprensa deve encontrar nova ordenação, a fim de preencher as lacunas
não ocupadas pelas ordenação civil e penal.
Enquanto as discussões acerca do tema repousam inerte no Congresso Nacional,
devido às entendidas como situações primordiais, cabe ao indivíduo buscar na legislação civil
e penal o direito antes preservado em legislação específica, qual seja Lei de Imprensa.
Deve-se notar que a sociedade possui meios variados de buscar o direito frente ao
dano causado pelos excessos da mídia, mesmo após a revogação da Lei de Imprensa. A
revogação não deixa o indivíduo desprotegido frente aos abusos, pois se devem usar os meios
legais existentes e que tratam da responsabilidade civil de modo geral e atraí-los para sua
aplicação quanto à responsabilidade civil dos meios de comunicação.
É falácia inferir que a revogação da lei deixa a imprensa livre de qualquer tipo de
normatização no que diz respeito à responsabilidade civil.
A título de exemplo de norma que protege o indivíduo ofendido, temos no Código
Penal previsão legal que tipifica a calúnia, injúria e difamação, no capítulo que trata dos
crimes contra a honra.
Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido comoCalúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma penacrime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível aincorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. [...] Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhecalúnia contra os mortos. [...] Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. [...] Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena[...] Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a- detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúriaII - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meioconsiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, eempregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na § 3o Se a injúria consiste na
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utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condiçãoutilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos ede pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa.multa.
É certo também que a revogação deixa parte da análise da responsabilidade em
aberta, livre para aferição a critério do juiz, a depender de decisões judiciais.
Certamente seguirão, depois de aflorada a situação recente, manifestações cobrando
a regulação dos meios de comunicação, parindo norma moderna totalmente diversa e não
viciada nos termos expostos na lei revogada.
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10 CONCLUSÕES
Sodré (1999, p. 10) sugere que a imprensa nasceu com o capitalismo e acompanhou
seu desenvolvimento.
[...] Espelha, atualmente, a ampla crise que caracteriza a atual etapa do avanço do[...] Espelha, atualmente, a ampla crise que caracteriza a atual etapa do avanço do capitalismo. Etapa bem definida, aliás, pelo extraordinário surto e influência doscapitalismo. Etapa bem definida, aliás, pelo extraordinário surto e influência dos referidos meios de massa. [...] O aparecimento, a função e a hegemonia dos meiosreferidos meios de massa. [...] O aparecimento, a função e a hegemonia dos meios de massa levou ao quadro, que logo se tornou evidente, de ser a imprensade massa levou ao quadro, que logo se tornou evidente, de ser a imprensa jornalística, na maioria esmagadora dos casos, a iniciadora e impulsionadora dessesjornalística, na maioria esmagadora dos casos, a iniciadora e impulsionadora desses meios de massa. (SODRÉ, 1999 p. 10)meios de massa. (SODRÉ, 1999 p. 10)
O dever de indenizar quando da ofensa parida pelos meios de comunicação restou
evidenciado no presente trabalho, seja pelos exemplos drásticos expostos ou pela norma legal
que, apesar de ter sua base primária revogada, baseia-se, principalmente, na legislação penal e
civil acerca do tema.
Aquele que causou dano, seja moral ou material, tem o dever de indenizar e à
sociedade, este dever representa a base que sustenta a estrutura vigente. Nada mais importante
ao ofendido do que ter o direito de propor ação cobrando a responsabilidade do agente que o
ofendeu e os prejuízos mais subjetivos que possa julgar de direito.
Não é buscada a responsabilidade do agente apenas para a satisfação da vítima, mas
também como desestimulante dos abusos de direito e instituto principal da manutenção da paz
social. O prejuízo pecuniário, tradicionalmente, é a melhor forma de demonstrar que o ato é
socialmente repelido, e o direito de resposta proporcional à ofensa garante a mínima reforma
dos efeitos da ofensa.
Há tempos é garantido o direito de reparação dos danos, permitindo à vítima retornar
ao status quo ante, o que é a principal finalidade do instituto da responsabilidade civil,
garantido ao ofendido, a reposição de suas perdas, e preservando-lhe o direito de ter seu
patrimônio moral e material protegido nos casos de agressão e que não haverá impunidade
dos agentes que, por atos ilícitos, venham a atentar contra seu direito.
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Percebe-se que a responsabilidade civil foi o primeiro instituto surgido a fim de
defender o indivíduo. As primeiras leis tratavam das regras de conduta cotidiana, tal como a
Lei de Talião, que preservava a reciprocidade do crime e da pena.
A evolução a responsabilidade civil ainda não chegou ao seu apogeu, na medida em
que a sociedade também não atingiu este feito. Com o surgimento dos novos meios de mídia,
a norma legal deixa de cercar todos os segmentos, o que cobra do legislador posturas
extremas como a revogação da Lei de Imprensa e surgimentos de projetos para codificação
das informações virtuais.
Grande parte dos processos versam sobre a Responsabilidade Civil e suas
implicações. Esta situação tende a crescer ainda mais, visto as melhorias sociais percebidas no
país. Uma sociedade consumidora de informação, social e economicamente ativa, passa a
defender seus direitos com maior ênfase. A consciência crítica do indivíduo quanto à sua
cidadania cresce concomitante a sua educação.
Hoje, a indenização por danos morais é garantia fundamental do indivíduo e deve ser
buscada a fim de preservar a justiça e rechaçar os excessos da mídia, educando os meios de
comunicação nos termos da nova realidade sócio-econômica do país, onde o alcance a
informação cobra a qualidade da mesma.
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11 REFERÊNCIAS
ACUNHA, Fernando José Gonçalves. A responsabilidade civil do jornalista em ilícitos de imprensa. Disponível em: <http;//www.reginaldobaacci.com.br/artigos/responsabilidade.doc>, acesso em 12/07/2007, às 12h.
ANGHER, Anne Joyce. Constituição da República Federativa do Brasil. 3. ed. São Paulo: Rideel, 2006.
ANGHER, Anne Joyce. Lei de Imprensa. 3. ed. São Paulo: Rideel, 2006.
CAVALIERI, Sergio Filho. Programa de Responsabilidade Civil. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.
GLOBO, o. Entenda o caso escola base. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/11/13/286621871.asp:> Acesso em: 30 jul. 2008 às 13h.
LANER, Vinícius Ferreira. A Lei de Imprensa no Brasil. Jus Navigandi, Teresina, a. 5, n. 48 out. 2000. Disponível em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=146> Acesso em: 17 jun. 2008 às 12h.
LEÃO, Anis José. Sobre o Projeto de Lei de Imprensa (Projeto de Lei n.º 3.232, de 1992). Jus Navigandi, Teresina, a. 2, n. 21 set. 2007. Disponível em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=147> Acesso em: 30 jul. 2008 às 12h.
LIMA, Alvino. Culpa e Risco. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
PINTO, Orlando; JÚNIOR, Policarpo. O Jardim do Marajá da Dinda - As mentiras de Collor sobre a reforma de 2,5 milhões de dólares em sua casa. Veja, São Paulo, v. 1251. n. 37, 1992.
RIBEIRO, Alex. CASO ESCOLA BASE - OS ABUSOS DA IMPRENSA. 2 ed. São Paulo: Ática, 2000.
SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. 4 ed. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
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Anexos
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ACÓRDÃOS
INDENIZAÇÃO - Dano moral - Reportagem feita por Veja com base em indícios, acusando injustamente os autores - Ocorrência - Caso em que compete aos autores comprovar exclusivamente acerca da ocorrência da reportagem, ao passo que a ré deveria fazer prova cabal acerca das acusações feitas em sua reportagem - Direito à informação que deve resguardar a imagem - A honra e a moral da pessoa em consonância com ditames constitucionais - Dano comprovado - Indenização devida - Sentença reformada - Ação procedente - Recurso provido. (Apelação Cível n. 050.069-4 - São Paulo - 7ª Câmara de Direito Privado - Relator: Rebouças de Carvalho - 02.09.98 - M.V.)
INDENIZAÇÃO - Dano moral - Agravo à honra - Inocorrência - Publicação por empresa jornalística de matéria negando a veracidade de fatos denunciados pelo autor e imputando a este possível conduta criminosa - Fato que envolve exercício legal do direito de resposta por terceiros - Recurso não provido. (Relator: Cezar Peluso - Apelação Cível nº 122.926-1 - Campinas - 31.08.90)
INDENIZAÇÃO - Responsabilidade civil - Dano moral - Ofensa à honra resultante da transmissão radiofônica de entrevistas e comentários de repórter - Intuito informativo - Ação improcedente - Recurso provido. O ius narrandi é peculiar ao jornalista, não se podendo deduzir de suas declarações o caráter ofensivo à honra do noticiado, quando cristalino o intuito informativo de sua atuação. (Relator: Silveira Paulilo - Apelação Cível n. 183.782-1 - São Paulo - 24.10.93)
Código: 10834 Matéria: INDENIZAÇÃO - RESPONSABILIDADE CIVIL Recurso: AC 142455 1 Origem: SP Orgão: CCIV 1 Relator: ALVARO LAZZARINI Data: 22/10/91 Lei: CR 5 X - INDENIZAÇÃO - RESPONSABILIDADE CIVIL - REPARAÇÃO POR DANO MORAL E A IMAGEM - PUBLICAÇÃO EM JORNAL DO NOME DO AUTOR, COMO CONDENADO POR PREVARICAÇÃO - ABSOLVIÇÃO ANTERIOR A PUBLICAÇÃO - VIOLAÇÃO AO ART 5, X E LVII DA CR/88 - PEDIDO PROCEDENTE. O DIREITO A INFORMAÇÃO E TAMBÉM UM DIREITO-DEVER DE BEM INFORMAR, ESPECIALMENTE QUANDO SE CONFRONTA COM O DIREITO A INVIOLABILIDADE, A INTIMIDADE, A VIDA PRIVADA, A HONRA E A IMAGEM DAS PESSOAS, QUE NÃO PODEM SER CONSIDERADAS CULPADAS ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA. ASSIM, NÃO PODE UM VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO DIVULGAR MEIAS VERDADES SOB PENA DE RECAIR EM LEVIANO SENSACIONALISMO, E FAZER PAIRAR DUVIDAS SOBRE SUA CREDIBILIDADE E CONFIABILIDADE, INERENTES A FUNÇÃO.
INDENIZAÇÃO - Dano moral - Direito de Imagem - Autorização de uso de fotografia para finalidades específicas, não comportando interpretação ampliativa - Publicação de foto, sem consentimento da retratada - Revista livremente vendida em bancas - Fins lucrativos - Violação ao Direito de Imagem caracterizada - Ofensa à honra, no caso, integra a causa geradora dos danos morais - Cumulação de verbas para reparação de danos da mesma natureza - Descabimento - Recursos parcialmente providos - Recurso da autora V.U. - Recurso da ré M.V. É razoável, a título de reparação do dano material, decorrente de violação do direito de imagem, a condenação proporcionalmente ao preço da capa da revista e da renda publicitária auferida com a publicação dos respectivos exemplares. (Apelação Cível n.
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120.485-4/2 - São Paulo - 2ª Câmara de Direito Privado - Relator: Paulo Hungria - 16.04.02 - V.U.)
RESPONSABILIDADE CIVIL - Indenização - Dano moral - Lei de imprensa - Imputações feitas à ex-governador sem que houvesse prova dos ilícitos dados como praticados - Ofensa à honra - Dever de reparar o dano - Constituição Federal, artigo 5º, ns. V e X - Modificação da sentença de improcedência - Recurso provido, em parte, para esse fim. (Apelação Cível n. 121.155-4/4 - São Paulo - 4ª Câmara de Direito Privado - Relator: J.G. Jacobina Rabello - 09.05.02 - M.V.)
INDENIZAÇÃO - Responsabilidade civil - Dano moral - Improcedência da ação - Ofensa á honra mediante publicação em jornal - Exercício de direito de resposta - Recurso não provido. (Apelação Cível n. 88.805-4 - Guarujá - 3ª Câmara de Direito Privado "JANEIRO/2000" - Relator: Carlos Roberto Gonçalves - 28.01.00 - V.U.)
DANO MORAL - Publicação editada pela ré que afirma a existência de corrupção instalada no estado e que aponta ato praticado pelos autores como exemplo que demonstra essa assertiva - Inexistência, no caso, de mera notícia de fato verdadeiro consistente no aforamento de ação civil pública, constituindo juízo de valor que, caracterizando difamação, ofende a honra dos autores e lhes causa dano moral, juridicamente indenizável - Ato não abrangido pelo direito constitucional de livre manifestação do pensamento (artigo 5º, IV, da Constituição Federal) por constituir ofensa à honra de pessoa, que a Constituição declara inviolável, assegurando o direito a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação (artigo 5º, X, da Constituição Federal) - Provimento parcial ao recurso. (Apelação Cível n. 81.169-4 - São Paulo - 8ª Câmara de Direito Privado - Relator: Aldo Magalhães - 13.12.99 - M.V.).
CONEXÃO - Indenização - Dano moral - Propositura individual de ações por membros de cooperativa médica, contra grupo de opositores que editaram e publicaram panfletos tidos como ofensivos à honra - Necessidade da reunião das ações no juízo prevento para se evitar decisões contraditórias - Prevenção, porém, que não pode ocorrer no juízo que cuida de ação apoiada em comportamento pessoal derivado de outros fatos (TJSP) RT 769/228
DECADÊNCIA - Ocorrência - Ação indenizatória - Dano moral - Reportagem considerada ofensiva à honra, veiculada por emissora de televisão - Demanda não ajuizada dentro do prazo de 3 meses da data da transmissão do ato ofensivo - Aplicação do art. 56 da Lei 5.250/67 (TJSP) RT 772/229
DANO MORAL - Ação indenizatória - Entrevista jornalística considerada ofensiva à honra - Ação interposta contra o entrevistado - Legitimidade passiva "ad causam" - Normas dos arts. 49, § 2º, e 50 da Lei 5.250/67 que não derrotaram o princípio da responsabilidade civil por atos ilícitos previstos no art. 159 do CC - lrrelevância de o causador do dano ser Promotor de Justiça, eis que a circunstância do exercício do Ministério Público não elimina a possibilidade de ação direta contra seu representante - Voto vencido (TJSP) RT 775/225.
INDENIZAÇÃO - Dano moral - Autor da pretensão que não conseguiu demonstrar que aquele que manifestou livremente o pensamento prestou declarações falsas e com a intenção de ofender a sua honra e denegrir a sua imagem - Verba indevida - Inteligência do art. 5º, X, da CF (TJPR) RT 778/373.
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INDENIZAÇÃO - Responsabilidade civil - Dano moral - Lei de Imprensa - Notícia, acompanhada de charge, reputada ofensiva e pejorativa, causando abalo à honra do autor - Crítica proveniente de fato verdadeiro - lnocorrência de versão completamente distorcida, a acarretar maltrato à intimidade - Ação improcedente - Recurso não provido JTJ 232/110
AÇÃO - Indenização por dano moral decorrente de ofensa à honra - Lei de Imprensa - Notificação para manutenção da gravação de fita que contém fato ofensivo - Faculdade concedida ao lesionado, não se configurando condição da ação ou de pressuposto processual - Preliminar rejeitada - Recurso não provido. (Agravo de Instrumento n. 178.515-4 - São Paulo - 1ª Câmara de Direito Privado - Relator: Elliot Akel - 28.11.00 - V.U.)
INDENIZAÇÃO - Danos morais - Lei de Imprensa - Difamação - Caracterização - Autora que sofreu agressão em sua honra em tempo eleitoral - Artigos 49, I; 50 e 52 da Lei n. 5.250/67 - Irrelevância do escrito ter repercutido ou não em sua votação - Dor e preocupação da ofendida que devem ser consideradas - Indenização devida - Recurso provido. A reparação do dano moral deve consistir em indenização tal que desistimule novas agressões à honra. (Apelação Cível n. 231.153-1 - Campinas - 4ª Câmara Civil - Relator: Barreto Fonseca - 07.12.95 - V.U.)
DANO MORAL - Imprensa - Desenho - Ofensa - Ocorrência - Cartum representativo de notícia com contornos lesivos à honra - Ademais, não se exige a comprovação do dano moral, porque subjetivo, senão a potencial lesividade da conduta exercida - Ação procedente - Recurso desprovido. O jornal estampou desenho com conotação divorciada do relato, em dizeres agressivos `a honra do apelado. Outrossim, inexigível a comprovação do dano moral, de ordem subjetiva, porque perquire-se sobre a potencial lesividade da conduta da imprensa, formando-se o dano não apenas pela ofensa sob o ponto de vista da vítima, mas também pelo ângulo de terceiros, que tomam ou poderiam ter tomado conhecimento da matéria jornalística. (Apelação Cível n. 242.265-1 - Campinas - 7ª Câmara de Férias "A" de Direito Privado - Relator: Benini Cabral - 29.02.96 - V.U.)
INDENIZAÇÃO - Dano moral - Agravo à honra - Inocorrência - Publicação por empresa jornalística de matéria negando a veracidade de fatos denunciados pelo autor e imputando a este possível conduta criminosa - Fato que envolve exercício legal do direito de resposta por terceiros - Recurso não provido. (Relator: Cezar Peluso - Apelação Cível nº 122.926-1 - Campinas - 31.08.90)
Constituição Federal - Efeitos psicológicos e sensoriais experimentados pela vítima do dano - Fixação do valor devido que fica a critério do juiz - Inaplicabilidade das normas penais e do artigo 1.550 do Código Civil - Valor fixado, ademais, que é razoável diante dos fatos alegados e da prova produzida - Recursos não providos. Os erros judiciais que atingem a liberdade e a honra justificam mais energicamente a reparação que aqueles que prejudicam tão somente o patrimônio. (Ap. Cível n. 224.123-1 - São Paulo - 4ª Câmara Civil - Relator: Toledo Silva - 06.04.95 - V.U.)
INDENIZAÇÃO - Fazenda Pública - Responsabilidade civil - Dano moral - Imprensa - Prisão em flagrante - Absolvição com base no artigo 386, incisos IV e II, do Código de Processo Penal - Veiculação de fotos e notícias ofensivas à honra e à imagem do autor - Informações de que teriam sido fornecidas pela autoridade policial - Prova ausente nesse sentido - Nexo de causalidade - Não caracterização - Recurso não provido JTJ 241/70.