responsabilidade social corporativa: estudo de caso do ... · estudo de caso do projeto menores ......
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LORENA MERIGUETE SANTOS
Responsabilidade Social Corporativa:
Estudo de Caso do Projeto Menores Aprendizes na
DaimlerChrysler do Brasil
MONOGRAFIA
Universidade Federal de Viosa Viosa MG
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIOSA CENTRO DE CINCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS SECRETARIADO EXECUTIVO TRILNGE
Responsabilidade Social Corporativa:
Estudo de Caso do Projeto Menores Aprendizes na
DaimlerChrysler do Brasil
Monografia apresentada ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Viosa, como exigncia da disciplina LET 499 - Monografia e como requisito para a concluso do curso de Secretariado Executivo Trilnge, tendo como orientadora a Professora Dbora Carneiro Zuin.
Lorena Meriguete Santos
Universidade Federal de Viosa
Viosa MG Brasil 2006
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A monografia intitulada
Responsabilidade Social Corporativa: Estudo de Caso do Projeto Menores Aprendizes na DaimlerChrysler do Brasil
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Elaborada por
Lorena Meriguete Santos
Como requisito para obteno do grau de bacharel em Secretariado Executivo Trilnge da Universidade Federal de Viosa, foi aprovada por todos os membros da Banca Examinadora.
Viosa, 03 de abril de 2006.
Prof Dbora Carneiro Zuin Orientadora
Prof Odemir Baeta Examinadora
Prof Cntia de Souza Dantas Examinadora
NOTA: ________
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Lista de Quadros
Quadro 1 Atividades realizadas X Conhecimento..................................................................... 50
Quadro 2 - Atividades realizadas X Capacidade de solucionar problemas.................................. 51
Quadro 3 - Atividades realizadas X Relacionamento................................................................... 51
Quadro 4 Tarefas ensinadas X Aprendizado ............................................................................. 52
Quadro 5 Orientao X Realizao das tarefas ......................................................................... 52
Quadro 6 Contedo X Tarefas realizadas.................................................................................. 53
Quadro 7 Trabalho e curso X Expectativas ............................................................................... 53
Quadro 8 Mudana aps participao no projeto ...................................................................... 54
Quadro 9 Atividades desenvolvidas X Mercado de trabalho .................................................... 55
Quadro 10 Direcionamento das atividades................................................................................ 55
Quadro 11 Rendimento escolar ................................................................................................. 56
Quadro 12 Renda familiar ......................................................................................................... 56
Quadro 13 Nvel de satisfao X Reconhecimento do trabalho................................................ 57
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SUMRIO
1. INTRODUO...................................................................................................................... 1
2. OBJETIVO ............................................................................................................................. 3
3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 5
4. METODOLOGIA................................................................................................................... 8
5. DESENVOLVIMENTO......................................................................................................... 10
5.1. Responsabilidade Social.................................................................................................. 10
5.2. Responsabilidade Social no Brasil .................................................................................. 16
5.3. Responsabilidade Social Corporativa.............................................................................. 21
5.4. Polticas de Responsabilidade Social .............................................................................. 28
5.4.1 Valores e tica......................................................................................................... 28
5.4.2 Pblico Interno ........................................................................................................ 29
5.4.3 Meio Ambiente ........................................................................................................ 31
5.4.4 Consumidores ......................................................................................................... 32
5.4.5. Comunidade............................................................................................................ 33
5.4.6 Governo e Sociedade ............................................................................................... 34
6.PRINCPIOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL NA DAIMLERCHRYSLER ......... 35
7.O PROJETO MENORES APRENDIZES........................................................................... 38
7.1 Introduo................................................................................................................... 38
7.2 Objetivos..................................................................................................................... 40
7.3 O que diz a lei............................................................................................................. 41
7.4 Benefcios e Encargos ................................................................................................ 43
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7.5 Como contratar um menor aprendiz ........................................................................... 44
7.6 Cota de Aprendizagem ............................................................................................... 45
7.7. Processo Seletivo...................................................................................................... 46
7.8 Jornada de Trabalho .................................................................................................. 47
7.9 Grade Curricular ....................................................................................................... 48
7.10 Anlise das Entrevistas Aplicadas aos Menores Aprendizes ................................... 50
8. CONCLUSO......................................................................................................................... 58
9. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................... 60
10. ANEXOS................................................................................................................................ 62
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1.INTRODUO
Muitos fatores contriburam para a ascenso do tema Responsabilidade Social.
Mudanas ocorridas, principalmente nas ltimas duas dcadas, no contexto scio-poltico-
econmico, tais como: avanos tecnolgicos e de gesto, desemprego, excluso social,
questes relacionadas aos impactos negativos causados ao meio ambiente, mercado
consumidor mais exigente e participativo, dentre outros, desenharam um novo panorama
mundial, voltado para as questes de cunho social.
Este projeto tem o propsito de buscar um maior entendimento sobre a adoo dos
conceitos de Responsabilidade Social, os benefcios acarretados para as partes envolvidas.
Para isso, escolheu-se um projeto especfico, chamado Menores Aprendizes,
desenvolvido de acordo com as normas da CLT (Consolidaes das Leis do Trabalho),
dentro da DaimlerChrysler do Brasil, unidade de Juiz de Fora, Minas Gerais.
Atualmente, dada a relevncia do tema, a Responsabilidade Social deixou de ser
uma opo para tornar-se fator estratgico na poltica das empresas. Quando se aborda o
tema so recorrentes discusses acerca da tica empresarial ligada ao marketing social, por
exemplo.
O termo Responsabilidade Social implica em uma forma das empresas conduzirem
seus negcios de tal maneira que as tornem parceiras e co-responsveis pelo
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desenvolvimento social (Instituto Ethos, 2002). A responsabilidade social surge como um
novo plano de ao proposto pela sociedade s organizaes, plano de ao este que
protegido por lei, como o caso do projeto analisado.
Os problemas scio-econmicos no so prioridade apenas do Estado, necessrio
que os trs setores trabalhem juntos Estado como primeiro setor, empresas como segundo
e aes voluntrias como terceiro.
No meio empresarial, este tema definido da seguinte forma:
A responsabilidade social o compromisso das empresas com o bem-estar social, quando convertem parte dos lucros em ganhos sociais; so aes conjugadas que contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos stakeholders; so decises empresariais informadas pelo balano do interesse dos stakeholders e consubstanciadas naquilo que se denomina balano social. (SROUR, 2003, p.316).
Desta forma, a incorporao de desafios ticos aos negcios e o exerccio
responsvel dos agentes econmicos, atravs da implementao de projetos e aes que
aumentem o bem-estar social hoje, um fator determinante para o sucesso de toda a
empresa, principalmente quando a empresa atua em todo o mundo, incentivando e apoiando
a criao e a manuteno de vrios projetos.
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Devido a grande importncia dada ao assunto, seja atravs de crticas ou elogios,
faz-se necessrio um estudo do que a DaimlerChrysler, como uma empresa atuante em
grande parte do mundo, vem implementando nesta rea.
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2.OBJETIVO
O objetivo da pesquisa analisar o desenvolvimento do projeto Menores
Aprendizes dentro da DaimlerChrysler, para que possam ser implantadas melhorias, dentro
das normas legais. Alm disso, uma anlise como essa poder funcionar como ferramenta
de Benchmark1 na implementao de projetos futuros na Daimler e em outras empresas, j
que um projeto obrigatrio em grandes empresas. Para isso a anlise dever mostrar:
1. Se os padres do desenvolvimento do projeto esto de acordo com as normas da
CLT e, tambm, com as diretivas da DaimlerChrysler no que diz respeito a
Responsabilidade Social;
2. Se os objetivos esto sendo atingidos, de acordo com a DaimlerChrysler e CLT;
3. Se o tipo de atividade desenvolvida pelos menores acarreta perspectivas futuras
quanto ao mercado de trabalho;
4. Qual o nvel de satisfao dos aprendizes em relao ao reconhecimento do
trabalho, desenvolvimento de suas habilidades e auto-realizao;
5. Quais melhorias poderiam ser implantadas no desenvolvimento do projeto.
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1 Estabelecer como objetivo atingir os padres de uma determinada instituio, tomada como modelo.Com isso, todas as outras instituies teriam esse referencial a ser alcanado.
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3.JUSTIFICATIVA
A Responsabilidade Social tornou-se prioridade dentro das polticas corporativas.
um assunto to importante para a sociedade e para as empresas que existem leis
assegurando este tipo de projeto, isso salientou muito o meu interesse pelo tema.
Mas no apenas uma questo de obrigatoriedade legal, os impactos de suas
atividades passam a ser de interesse mundial e as atitudes das empresas diante desses
impactos refletem na sua imagem junto ao mercado. A Responsabilidade Social
Corporativa passa a ser condio para as empresas se estabelecerem no mercado,
valorizando a reputao e, conseqentemente, ajudando a sociedade ao redor e ao meio
ambiente.
Na era da globalizao e da chamada sociedade da informao, os ativos intangveis (isto , o conjunto de recursos no materiais, como o conhecimento e a reputao) adquiriram importncia estratgica nos negcios. Para a empresa, ter sua reputao abalada, pode significar um prejuzo incalculvel.(Vinha, 2003).
Com isso, as empresas assumem uma postura voltada para a disseminao de
valores ticos e para a busca contnua de melhorias internas que se transformam em pontos
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positivos no cenrio em que elas atuam. Procuram tambm produzir resultados baseados
num cdigo de tica, levando-se em conta todas as partes envolvidas e no apenas seus
acionistas. Eu, como profissional atuante na rea de Secretariado Executivo, estou
envolvida nesse processo de benefcios internos e externos, valorizando sempre empresas
que praticam a Responsabilidade Social, respeitando a tica empresarial.
Alm de ser um assunto de interesse do meio empresarial, j que o estudo vai
abordar o funcionamento de um projeto obrigatrio grande parte das empresas, a
responsabilidade social esta diretamente ligada s pessoas como membros da sociedade em
si, por tanto de interesse global, j que o exerccio da mesma, alm de trazer benefcios
para a sociedade e para o meio-ambiente, atrai mais clientes, pois estes esto cada vez mais
preocupados com o exerccio da responsabilidade social, no apenas pela empresa, como
tambm por todas as partes envolvidas no processo de fabricao do produto, por exemplo,
os fornecedores.
A melhoria do bem-estar de uma sociedade, de sua qualidade de vida, s traz
benefcios s organizaes empresariais, portanto, a responsabilidade social traz pontos
positivos a ambas as partes, o desenvolvimento sustentvel no pode ser deixado de lado,
pois envolve questes mundiais, sejam elas sociais, econmicas ou ambientais.
O perfil exigido ao profissional de Secretariado atualmente exige que o mesmo
tenha conhecimento dos desafios da empresa, e o sucesso dos projetos sociais
desenvolvidos pela corporao onde atua um deles, j que o mercado torna-se cada vez
mais competitivo e os clientes mais exigentes no que diz respeito s questes scio-
ambientais. Portanto, o secretrio executivo, como um profissional dinmico e polivalente
deve ter pleno conhecimento acerca do assunto, para que possa assessorar no
desenvolvimento de projetos, estando tambm capacitado a implementar novos projetos
que beneficiem a empresa onde atua.
Por essas razes, acredito que um estudo sobre um projeto assegurado por lei,
obrigatrio em estabelecimentos de qualquer natureza, salvo as micros e pequenas
empresas, seja extremamente importante, j que o bom funcionamento do mesmo beneficia
tanto a empresa, quanto a sociedade ao redor, alm de contar pontos positivos no que diz
respeito ao lado profissional, pois uma empresa socialmente responsvel valoriza ainda
mais seus colaboradores, alm de atuar sempre de forma tica.
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4. METOLOGIA
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Para que os objetivos do projeto fossem atingidos, foram utilizadas as seguintes
metodologias:
Anlise de material bibliogrfico correspondente ao tema
Responsabilidade Social, voltado para gesto corporativa;
Anlise dos dados fornecidos na intranet sobre o projeto da
DaimlerChrysler;
Anlise das leis referentes Aprendizagem Industrial;
Elaborao de texto de fundamentao terica durante a
leitura do material;
Reviso de literatura;
Elaborao de questionrio para anlise do projeto;
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Aplicao dos questionrios a atual turma de operadores
praticantes da fbrica;
Anlise dos dados coletados;
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Concluso do estudo realizado.
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5.DESENVOLVIMENTO
5.1.Responsabilidade Social
As primeiras manifestaes sobre Responsabilidade Social surgiram, no incio do
sculo, em trabalhos de Charles Eliot (1906), Arthur Hakley (1907) e John Clarck (1916).
No entanto, tais manifestaes no receberam apoio, pois foram consideradas de cunho
socialista.
Foi somente em 1953, nos Estados Unidos, com o livro Social Responsabilities of
the Businessman (Responsabilidade Social para o Homem de Negcios), de Howard
Bowen, que o tema recebeu ateno e ganhou espao. Na dcada de 70, surgem associaes
de profissionais interessados em estudar o tema: American Accounting Association
(Associao Americana de Contabilidade) e American Institute of Certified Public
Accountants (Instituto Americano de Contabilistas Pblicos Certificados). a partir da que
a responsabilidade social deixa de ser simples curiosidade e se transforma em um novo
campo de estudo.
muito comum ver empresrios e empresas divulgando nos meios de comunicao
participao ou o apoio a projetos sociais, atravs de doaes. No entanto, a questo da
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responsabilidade social abrange muito mais do que simples doaes financeiras ou
materiais.
De acordo com Grajew (1999), trata-se da relao tica, da relao socialmente
responsvel da empresa em todas as suas aes, em todas as suas polticas, em todas as suas
prticas, em todas as suas relaes, sejam elas com o seu pblico interno ou externo.
A doao, muito confundida com a prtica socialmente responsvel, nada mais do
que uma prtica filantrpica. De acordo com Silva (2001), filantropia significa amizade do
homem para com outro homem. J para o senso comum, filantropia designa ajuda e possui
um carter assistencialista. A ao filantrpica trata-se de uma ao social externa
empresa, tendo como beneficirio a comunidade.Alm disso, ela acaba se tornando um
paliativo para a grave conjuntura social, pois no busca a continuidade das aes e se
concentra em aes espordicas, como por exemplo, a campanha do agasalho no inverno e
arrecadao de brinquedos na poca do Natal.
No mbito empresarial, uma ao considerada de carter filantrpico quando a
empresa faz doaes financeiras a instituies, fundaes, associaes comunitrias etc.
uma ajuda e ela ocorre eventualmente. J quando se fala em responsabilidade social, a
empresa age de forma estratgica, ou seja, so traadas metas para atender s necessidades
sociais, de forma que o lucro da empresa seja garantido, assim como a satisfao do cliente
e o bem-estar social. H um envolvimento, comprometimento e eles so duradouros.
O fenmeno da globalizao e os avanos tecnolgicos apresentam grandes desafios
aos empresrios. Desafios estes que dizem respeito conquista de nveis cada vez maiores
de competitividade e produtividade, alm da preocupao crescente com a legitimidade
social de sua atuao. O atual ambiente empresarial aponta para dois pontos
extremos: o aumento da produtividade, em funo das tecnologias e da difuso de novos conhecimentos, que leva as empresas a investirem mais em novos processos de gesto, buscando a competitividade. Ao mesmo tempo temos um aumento nas disparidades e desigualdades da nossa sociedade que obrigam a repensar os sistemas econmicos, sociais e ambientais.(Fomenti e Oliveira, 2003).
O que adianta ser a primeira empresa no ranking do seu negcio, deter as melhores
mquinas e tecnologia e no poder contar com uma sociedade que compartilhe das mesmas
perspectivas. Tanto o seu sucesso quanto o seu fracasso esto intrinsecamente ligados ao
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desempenho das pessoas, tornando a empresa co-responsvel e uma agente de
transformao social.
Durante muito tempo, as empresas foram pressionadas a se preocupar somente com
qualidade dos produtos, com o preo competitivo e a maximizao do lucro. Nos tempos
atuais, uma nova viso do mundo organizacional alerta para questes como a subjetividade,
a tica, a transparncia, a diversidade de aspectos scio-culturais, econmicos e um maior
respeito e garantia aos direitos humanos, como sendo indispensveis na atuao
responsvel.
A Responsabilidade Social surge como uma atividade que no est dissociada do
negcio da empresa. uma nova forma de gesto empresarial. Gesto esta, que, segundo
Grajew (1999), envolve uma atitude estratgica focada na tica, na qualidade das relaes
com os stakeholders2 e na gerao de valor. Como conseqncia temos a valorizao da
imagem institucional e da marca, maior lealdade de todos os pblicos, principalmente dos
consumidores, maior capacidade de recrutar e reter talentos, flexibilidade e capacidade de
adaptao e longevidade.
A Responsabilidade Social surge como resgate da funo social da empresa, cujo
objetivo principal promover o desenvolvimento humano sustentvel, que atualmente,
transcende o aspecto ambiental e se estende por outras reas (social, cultural, econmica,
poltica), e tentar superar a distncia entre o social e o econmico, obrigando as empresas a
repensarem seu papel e a forma de conduzir seus negcios. No cenrio atual, a concepo
que se tem de que a responsabilidade empresarial est muito alm de manter o lucro de
seus acionistas e dirigentes. Ela passou a ser responsvel pelo desenvolvimento da
sociedade onde est inserida, adotando aes que influenciem o bem-estar comum. O
conceito de responsabilidade social empresarial foi lanado no Conselho Empresarial
Mundial para o Desenvolvimento Sustentvel em 1998, na Holanda. De acordo com Silva
(2001), tal conceito diz que a responsabilidade social corporativa o comprometimento
permanente dos empresrios de adotar um comportamento tico e contribuir para o
desenvolvimento econmico, melhorando simultaneamente, a qualidade de vida de seus
empregados e de suas famlias, da comunidade local e da sociedade como um todo.
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2 Todos os pblicos de interesse que, direta ou indiretamente, tm relao com a empresa, como por exemplo: acionistas, fornecedores, funcionrios, entre outros.
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O movimento de responsabilidade social no Brasil surgiu tendo como base uma
srie de iniciativas de movimentos empresariais. No incio da dcada de 60, um grupo de
empresrios fundou em So Paulo a Associao de Dirigentes Cristos de Empresas
(ADCE) que atravs dos ensinamentos cristos tinha como objetivo estudar as atividades
econmicas e sociais do meio empresarial.
Com essa postura muitas empresas mudam sua forma de pensar:
Assumem o compromisso de negar a concepo individualista e lucro como nicos fins da empresa, atribuindo a sua funo social atravs de dez princpios: respeitos ticos, funes sociais, servio comunidade, lucro como remunerao, exigncias legais, contribuio efetiva, respeito aos colaboradores, produtividade para todos, condies motivadoras e abertura ao dilogo. (Saraiva, 2002)
Nas dcadas seguintes, de 70 e 80, outros movimentos surgiram: a Fundao
Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES), criada com base no ADCE e
de carter educativo; a criao do Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e Econmicas
(IBASE) da qual participou o socilogo Herbert de Souza, o Betinho.
O IBASE surgiu com a proposta inicial de democratizar a informao, mas acabou
indo alm e contribuiu para a mobilizao da sociedade e das empresas em torno de
campanhas como a Ao da Cidadania contra a Misria e pela Vida, em 1993. Esta
campanha recebeu o apoio do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE) e foi o
marco da aproximao dos empresrios com as questes sociais.
Na dcada de 90, outras iniciativas importantes fortaleceram ainda mais o
movimento:
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Grupo de Institutos Fundaes e Empresas (GIFE), fundado em 1995, foi o primeiro
instituto a transformar o interesse empresarial em investimento social privado. Em 1997,
Betinho lanou um modelo de balano social e junto com a Gazeta Mercantil criou o selo
do Balano Social com o intuito de estimular as empresas a divulgarem suas aes
sociais.Todos esses fatos foram importantssimos para o crescimento do movimento de
responsabilidade social no Brasil, mas foi com a criao, em 1998, do Instituto Ethos de
Empresas e Responsabilidade Social que o movimento ganhou outro perfil, semelhante ao
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j existente no exterior, baseado na tica, na cidadania, na transparncia e na qualidade nas
relaes da empresa.
O Instituto Ethos foi criado para promover a responsabilidade social empresarial,
ajudando as empresas a incorporarem o conceito, implementarem polticas e prticas
voltadas para seus negcios e atuarem em parceria com a comunidade na qual esto
inseridas. Para isso, o Instituto trabalha com trs linhas de atuao:
1) mobilizando o setor privado, com eventos, cursos, palestras e uma conferncia
anual para discutir o tema da responsabilidade social no Brasil e no mundo;
2) mobilizando a sociedade atravs da imprensa (Prmio Ethos Jornalismo que
premia matrias realizadas segundo o conceito de responsabilidade social), instituies de
ensino (Prmio Ethos Valor que premia trabalhos acadmicos sobre o tema de
responsabilidade social);
3) produzindo informao, ou seja, coletando e divulgando dados e casos
desenvolvidos em empresas. Alm disso, para conferir e garantir a prtica das atividades
empresariais, lanou em junho de 2000 a primeira verso dos Indicadores Ethos de
Responsabilidade Social Empresarial. Um instrumento de avaliao e planejamento para as
empresas que buscam a sustentabilidade de seus negcios.
O movimento encontra-se em estgio avanado no Brasil. De acordo com Silva
(2001), em 1999, sessenta e oito empresas publicaram seu Balano Social e neste mesmo
ano foi fundado o Instituto Coca-Cola, similar ao j existente nos Estados Unidos desde
1984, voltado para a educao.
A criao e propagao de institutos e fundaes no cenrio empresarial so outro
reflexo da disseminao do movimento de responsabilidade social no Brasil. Assim como a
Coca-Cola, outras empresas tambm fundaram seu prprio instituto ou fundao.
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No incio, as fundaes e institutos ligados ao setor privado foram recebidos com
desconfiana. Suas atividades eram voltadas para o marketing corporativo e em funo
disso, em um primeiro momento, no avaliavam bem o destino de seus recursos
financeiros, o que acarretou a participao em projetos nem sempre efetivos no que se
refere a sua proposta social. Esta atitude contribuiu para um desgaste dos recursos em aes
que visavam somente autopromoo. Com tudo isso, as empresas resolveram realizar seus
prprios projetos e programas sociais atravs de fundaes ou institutos mantidos e criados
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por elas. Por usar mecanismos de gesto semelhantes aos utilizados pelas empresas e
adaptados a sua realidade de instituio sem fins lucrativos, estes rgos tm demonstrado
capacidade de gerir as aes projetadas ou j consolidadas pelas suas empresas
mantenedoras. Alm disso, as aes sociais desses rgos no se misturam com o objetivo
empresarial, que o lucro, garantindo assim, a efetividade dos projetos.
Silva (2001), citando uma pesquisa realizada pelo Programa do Voluntrio do
Conselho da Comunidade Solidria, Centro de Integrao Empresa-Escola e Centro de
Estudos em Administrao do Terceiro Setor (CEATS), aponta que atualmente a maior
forma de investimento na rea social pelas empresas nacionais e internacionais so as
doaes atravs de dinheiro, material ou equipamentos. Alm disso, os trs setores
preferidos para o destino dessa verba so: educao, cultura e ecologia.
Como vantagem destaca-se no s a valorizao da imagem institucional e maior
competitividade no mercado, como j foi dito, mas tambm a possibilidade de usufrurem
um incentivo fiscal de 2% sobre o lucro operacional.
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A responsabilidade social vem se mostrando um fator decisivo para o
desenvolvimento e crescimento das empresas. Cresce a conscientizao, por parte da
sociedade, do papel imprescindvel que as grandes organizaes tm frente s questes
sociais, assim como a cobrana por uma atuao responsvel e uma postura que explicite a
preocupao com tais questes. Hoje o consumidor prefere produtos de empresas que no
tm envolvimento em corrupo, que so transparentes nos seus negcios, que respeitam o
meio ambiente e a comunidade. Alm disso, os profissionais mais qualificados preferem
trabalhar em empresas que valorizem a qualidade de vida de seus funcionrios e respeitem
seus direitos. A enorme desigualdade social do pas ressalta ainda mais o tema, fazendo
com que a responsabilidade social surja como uma nova forma de pensar o social,
transformando as empresas em agentes de uma nova cultura e unindo diferentes atores
sociais em torno de uma nica questo o bem-estar social.
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5.2.Responsabilidade Social no Brasil
A realidade brasileira, de excluso social, conta com o apoio de um povo solidrio,
disposto a ajudar em qualquer situao de dificuldade, seja em grandes catstrofes ou em
problemas que envolvem a coletividade. Apesar da colaborao da sociedade e do
desenvolvimento econmico, segundo Grajew (2002), o Brasil ainda o segundo maior
pas do mundo em termos de desigualdade social.
As aes filantrpicas, embora muito importantes, no so suficientes para
substiturem as polticas pblicas. O que ocorre na maioria das vezes so aes sem
continuidade, que se concentram em datas especficas como campanhas de agasalho ou
arrecadao de brinquedos no natal.
A capacidade de doao da sociedade brasileira, comparada a outros pases, muito
baixa. Estima-se que a mdia seja de R$ 23 reais per capta ao ano, sendo que, muitas
vezes, as doaes nem chegam aos seus verdadeiros destinatrios.
Nos Estados Unidos, estima-se que as contribuies per capta estejam em torno de
R$ 780 reais ao ano, com a participao contnua dos contribuintes e fiscalizao rigorosa
do destino dos donativos.
Em face dessa realidade, torna-se fundamental a participao de empresas no
processo de doao, envolvendo-se com a entidade social, a fim de ajudar e implementar
ferramentas de avaliao, necessrias para medir os impactos das aes nos pblicos
beneficiados. S assim ser possvel percorrer o caminho dos recursos e avaliar os
resultados alcanados (GRAJEW, 2002).
Atualmente, muitas empresas brasileiras vm se destacando em programas de
responsabilidade social, fazendo com que seus lderes compreendam que o papel das
empresas vai muito alm que o de gerar lucros. Porm, muitas vezes a filantropia aplicada
realizada sem a correta destinao dos recursos, ou seja, sem um projeto social,
metodologia, recursos definidos e o devido estabelecimento de alcance das aes.
necessrio que os projetos tenham objetivos claros, quanto aos seus benefcios e resultados
de transformao proporcionados ao indivduo e, conseqentemente, sua incluso social.
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Para Trevisan (2002), apesar de todos os problemas que enfrenta o empresariado
brasileiro, sua atuao fundamental diante do contexto das mudanas sociais. Para o
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Estado difcil atender as necessidades da populao de forma to rpida e eficiente quanto
para as empresas que esto acostumadas a atuar dentro de um ambiente altamente
competitivo. Desta forma, o setor privado vem conscientizando-se que precisa participar
ativamente do ambiente social e da comunidade, pois alm de ser parte integrante deste
sistema, a sobrevivncia do negcio depende de seu correto funcionamento.
A questo sobre a dimenso do papel do Estado e das empresas muito importante
no que concerne responsabilidade social, por isso, merece ser abordado mais
especificamente como se observa a seguir.
Atribui-se ao Estado, as polticas pblicas coletivas, s empresas, o apoio s
comunidades de seu relacionamento. Para Giosa (2001), essas aes quando utilizadas, j
apresentam grande avano, contudo no so suficientes para solucionar os problemas
sociais brasileiros. Considera-se essencial estimular cada vez mais as grandes, mdias,
pequenas e micro corporaes brasileiras no combate aos problemas sociais.
Giosa (2001), sugere que seria possvel, por meio da legislao, um acordo entre os
governos federal, estaduais e municipais, para criar incentivos tributrios s empresas que
utilizassem recursos em programas de responsabilidade social. Da a importncia de se
estudar a Lei da Aprendizagem, no caso o Projeto Menores Aprendizes, que um projeto
de responsabilidade social obrigatrio a grandes e mdias empresas, como veremos mais a
frente.
Roberto Borges Martins (2002), presidente do Instituto de Pesquisa Econmica e
Aplicada (IPEA), que desde sua criao se dedica ao estudo dos problemas sociais no
Brasil, buscando novos caminhos e solues, acredita que a atuao do Estado nas questes
sociais muitas vezes limitada por problemas gerenciais ou financeiros, deve ser
complementada tanto pelas empresas privadas como pelas organizaes do terceiro setor.
Portanto, faz-se necessrio reunir recursos para enfrentar o problema por meio de
parcerias fora do Estado. O que vm ocorrendo um avano muito lento na formao de
parcerias, em que seja possvel conhecer a forma de ao social de cada instituio, assim
como os mtodos utilizados, suas motivaes e resultados obtidos, para que se realize uma
mudana expressiva na situao de excluso social de milhes de brasileiros.
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Segundo Kanitz (2001), no passado, os governos brasileiros assumiram uma postura
em que a responsabilidade social era prioridade e exclusividade do Estado, iniciando-se
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ento, o processo de privatizaes das demais reas no ligadas funo social. A
conseqncia do slogan Tudo pelo Social, resultou num drstico aumento de impostos.
Hoje, quase metade do salrio dos brasileiros destinada a impostos. Entretanto, nunca o
pas teve tantos problemas sociais. Frente incapacidade do Estado em resolver tal
problemtica, cresce um movimento que acredita que talvez seja melhor a sociedade e a
comunidade se ocuparem dessas questes.
O nmero de ONGs (organizaes no governamentais) que atribuem a
responsabilidade social s empresas e no ao Estado, aumenta diariamente. Tambm se
dissemina a idia de que a responsabilidade social do ser humano, do indivduo, por meio
do trabalho voluntrio, da filantropia e das fundaes criadas por acionistas das grandes
empresas. Para Kanitz (2001, p.23) Uma sociedade somente ser cidad se seus
participantes forem atuantes na rea social de forma mais proativa do que simplesmente
como contribuintes.
Diante do abismo social brasileiro, em que, segundo a ONU, 11% da populao no
tem o que comer torna-se necessrio este novo comportamento integrado, seja como
empresrios ou como cidados, na busca de um mundo melhor. A ONU estima que com
apenas 0.6% do PIB mundial haveria educao, sade, alimentao e planejamento familiar
para toda a populao pobre do planeta.Seria possvel conquistar um mundo
ambientalmente sustentvel e socialmente justo (GRAJEW, 2001).
Conforme Grajew (2001), para contribuir na busca de um desenvolvimento
sustentvel, preciso que as doaes efetuadas pelas empresas brasileiras promovam um
projeto mais amplo baseado em princpios e valores ticos. Ao mesmo tempo, so
necessrias polticas que busquem a distribuio de renda, alm da justia social e da
garantia da cidadania. Esses princpios bsicos devem direcionar as empresas socialmente
responsveis.
16
Em face da fundamental importncia da responsabilidade social empresarial no
Brasil, as relaes com a comunidade, com os funcionrios e os investimentos nos cuidados
com o meio ambiente vm aumentando. Este fato existe porque estas aes tornaram-se
uma estratgia financeira e de sobrevivncia organizacional em longo prazo, alm do
carter tico e humano (TORRES, 2001).
-
17
Segundo os resultados da pesquisa do instituto ADVB Pesquisa Nacional sobre
Responsabilidade Social nas Empresas/2002, promovida pelo instituto IRES (Instituto
ADVB de Responsabilidade Social), cresce o nmero de empresas envolvidas em projetos
sociais. A terceira pesquisa trouxe revelaes importantes em relao s duas anteriores
(2000 e 2001). Primeiramente, o universo pesquisado aumentou de 1560 para 3910
empresas.
Dessas, 67,8% retornaram as respostas. A pesquisa, que abrangeu as regies Sul,
Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil, e incluiu empresas de grande (49%),
mdio (42%) e pequeno (9%) portes, apresentou diversas concluses interessantes, todas
apontando para o aumento da conscientizao empresarial no que diz respeito s aes
sociais.
Do total de empresas que responderam ao questionrio, 88% desenvolveram
projetos de aes sociais voltadas para a comunidade e 65% incentivaram a participao de
funcionrios-voluntrios (aqueles que atuam, sem nenhum tipo de nus ou obrigao, nos
projetos sociais das empresas) nesses projetos. Outro dado animador o investimento das
empresas pesquisadas em projetos sociais em torno de duzentos mil reais por ano.
Finalmente, 97% das empresas que responderam ao questionrio afirmaram que a
responsabilidade social faz parte hoje da viso estratgica nas suas decises, e 98% delas
disseram que sua alta administrao participa dos projetos de responsabilidade social
(INSTITUTO ADVB DE RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2002).
A Pesquisa de Ao Social das Empresas, do Instituto de Pesquisa Econmica
Aplicada (IPEA) (2002), tambm revela que os investimentos de empresas brasileiras em
reas sociais esto crescendo.
Segundo Ana Maria Medeiros Peliano (2002), coordenadora-geral da pesquisa,
realizada com cerca de 1800 empresas em cada uma das regies do pas, o Brasil est num
bom caminho, porm preciso corrigir falhas se quiser avanar.Alm disso, necessrio
que as aes do setor privado sejam mais comprometidas e articuladas, visando atingir
metas e resultados.
17
Segundo a pesquisa, no Brasil, 59% das empresas investem em projetos sociais,
sendo que na regio sudeste, a mais rica do pas, dois teros das empresas fazem este tipo
de investimento, representando 0,6% do PIB.
-
18
Peliano (2002) considera grande o percentual de empresas envolvidas em aes
sociais e tambm o volume de recursos utilizados. Porm, considerando-se a riqueza
produzida nas regies, os investimentos podem aumentar.
Constatou-se tambm, que a preocupao na rea de educao grande entre o
empresariado, em face da necessidade de qualificao de mo-de-obra e de aumentos nos
investimentos, medida que a empresa cresce.
18
Para Peliano (2002), os anos 90 foram um marco para a responsabilidade social no
Brasil, por causa da redemocratizao, do fortalecimento da sociedade civil e da percepo
de que o Estado no o nico responsvel pelos problemas sociais.
-
19
5.3.Responsabilidade Social Corporativa
A responsabilidade social das empresas est intimamente ligada s obrigaes que a
empresa tm para com a sociedade na qual elas atuam. Esta relao de compromisso para
com a sociedade fica mais acentuada quando se trata do consumidor. Este participante ativo
na vida das empresas o destinatrio final do produto alm de exigente est, hoje em
dia, mais consciente de seu papel na sociedade. Por esta razo, questiona o ciclo produtivo,
a atuao dos scios e a cidadania corporativa, preferindo, por exemplo, adquirir um
produto mais caro, por saber que ele no o resultado de mo de obra infantil ou de
concorrncia desleal.
De acordo com documento elaborado pela UNCTAD (Social Responsability) estas
obrigaes e questes decorrentes da responsabilidade social das empresas, podem ser
agrupadas da seguinte forma:
Obrigaes para com o desenvolvimento. Tais obrigaes nascem do impacto das
empresas nas metas de desenvolvimento econmico dos pases nos quais elas operam, que
podem positivo ou negativo. Neste sentido, alguns pases pedem s empresas que observem
e respeitem sua poltica de desenvolvimento. Da mesma forma, instrumentos no
governamentais tambm tm ressaltado a necessidade das empresas operarem de acordo
com esta poltica.
Obrigaes scio-polticas. Abrange a obrigao das empresas em no participar
do processo poltico nos pases em que atuam, em respeitar a soberania e sua integridade
cultural e cooperar com a poltica econmica e social. Estas obrigaes esto includas em
vrios cdigos de conduta de multinacionais, elaborados durante a dcada de 70, em
resposta ameaa que tais empresas representavam soberania e independncia dos pases
onde atuavam, em razo do poder que detinham.
19
Proteo do consumidor. Com o crescimento dos negcios em nvel internacional,
as questes de consumo, por sua vez, tambm passaram a ter um carter internacional,
abrangendo tpicos relacionados ao marketing, embalagem, vendas e segurana. Como
resposta, organizaes intergovernamentais desenvolveram uma nova rea dedicada,
exclusivamente, s relaes de consumo, bem como criaram cdigos de conduta com a
-
20
colaborao de especialistas, empresas, sociedade civil e outras partes interessadas para
lidar com o possvel dano que a atividade empresarial poderia gerar para o consumidor.
medida que os negcios atravessam fronteiras, em busca de novos mercados e de
novos consumidores, problemas relacionados s prticas de boa governana em relao ao
consumidor aumentam. Esta questo pode se tornar mais relevante no contexto de pases
menos desenvolvidos que podem no ter os recursos necessrios ou a estrutura regulatria
adequada para lidar, efetivamente, com tais problemas. O resultado pode ser o aumento do
risco de abuso dos direitos do consumidor.
Em tais circunstncias, so necessrias medidas de aes coordenadas, bem como a
harmonizao de padres de proteo de consumo que vo alm das fronteiras. Neste
sentido, a Unio Europia um bom exemplo por ter desenvolvido vrios instrumentos de
proteo ao consumidor (MATTIOLI, 2003).
Dentre vrias medidas de proteo ao consumidor, uma est diretamente
relacionada ao cumprimento das demais obrigaes citadas anteriormente. Trata-se do
direito do consumidor em ter acesso informao adequada que o possibilite fazer uma
escolha de acordo com seu interesse e necessidade individual. Este direito abrange a
divulgao das demais prticas sociais da empresa para que o consumidor escolha, por
exemplo, consumir caf decorrente de comrcio justo ou que, para sua produo, no tenha
sido utilizada mo de obra escrava (MATTIOLI. 2003).
Normas de governana corporativa. Mais recentemente introduzidas em
instrumentos da Organizao de Cooperao para o Desenvolvimento Econmico, cuja
definio pode ser extrada de seus princpios: relao entre a direo da companhia, seu
conselho de administrao, seus acionistas e seus participantes. No geral, estas relaes
dizem respeito ao lucro. Todavia, ao referir-se a participantes, referido instrumento introduz
tpicos de responsabilidade social, na medida em que esta expresso significa o grupo de
pessoas interessadas na atuao da empresa, que no sejam investidores, mas empregados,
contratantes, sindicatos, consumidores, grupos de consumidores e o pblico em geral.
20
tica na administrao. Esta obrigao tem gerado inmeros cdigos de conduta
empresarial, industrial, governamental e intergovernamental, lidando no s com assuntos
diretamente relacionados indstria, mas tambm, de uma forma mais ampla, com prticas
-
21
de boa governana que procuram assegurar comportamento tico nos negcios e na
administrao.
Respeito aos direitos humanos. Padres inseridos em cdigos e diretrizes criados
por grupos da sociedade civil, que requerem respeito, por parte das empresas, aos direitos
humanos fundamentais nas suas relaes com a comunidade nos pases onde atuam,
proibindo a aceitao e cumplicidade nas violaes e abusos de direitos humanos pelos
governos e assegurando que as medidas de segurana por ela adotadas tambm no sejam
violadoras destes direitos.
A expresso, responsabilidade social corporativa significa entender e agir em
resposta a essa nova demanda da sociedade, que a de que o valor gerado por uma empresa
se reflita em benefcios no somente para seus acionistas, mas que tenha tambm um
impacto positivo para o conjunto dos afetados por suas operaes, em particular o meio
ambiente e a comunidade (seus prprios funcionrios e o restante da sociedade),
respeitando sua cultura e agindo de forma tica e transparente (MATTIOLI, 2003).
Aqui necessrio fazer a distino entre o que pretende e pode alcanar uma
empresa e o que foi definido com desenvolvimento sustentvel, caso se entender as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das geraes futuras de
satisfazerem suas prprias necessidades. Essa uma aspirao do conjunto da
humanidade. As empresas participam desse processo buscando a sua prpria
sustentabilidade.
Pela relao intrnseca entre os dois conceitos, podemos intuir que as empresas que
buscam a sustentabilidade de seus negcios passaro necessariamente por um projeto de
responsabilidade social corporativa.
Por que um projeto? Que no se tenha a iluso de empreender uma tal mudana na
cultura da empresa sem um projeto profissionalmente planejado e fortemente estruturado.
21
Grandes questes tm que ser levantadas e debatidas e as mudanas identificadas
estabelecidas em conformidade com a viso e metas derivadas desse processo. Assim,
passam a coexistir com as preocupaes anteriormente focadas apenas no desempenho
econmico fatores como a conduta tica nos negcios e nas suas relaes com as partes
interessadas, o processo de comunicao com estas partes, as dimenses ambientais e
-
22
sociais que passam a integrar a disciplina do negcio na sua cadeia de valor e a elaborao
de balanos ditos sociais ou de sustentabilidade.
O dilogo com as partes interessadas exige estrutura e mtodo, pois envolve
consumidores, comunidades, sindicatos, autoridades reguladoras, organizaes no
governamentais, organismos financiadores e mesmo os concorrentes.
Nada disso novidade nem h o risco de que se trate de uma nova moda, pois j h
um razovel consenso de que essa tendncia inexorvel. Extraordinrio o vigor com o
qual as empresas esto sendo naturalmente impelidas a adotar essas posturas, assim como o
grau de profissionalismo que j pode ser observado na implantao das ferramentas e
modificaes organizacionais necessrias para que tais mudanas sejam efetivas.
As empresas brasileiras tm todo interesse em aprender esse novo idioma de
negcios e alcanar o mais rapidamente possvel essa maioridade. Sem isso, tero
crescentes dificuldades em um mercado global cada vez mais sofisticado e seletivo.
Empresrios brasileiros esto levando a prtica da responsabilidade social at as
ltimas conseqncias. Cada vez mais companhias esto incorporando a responsabilidade
social cultura corporativa. Longe de ser pura filantropia, o conceito de responsabilidade
social - a deciso da empresa de participar mais diretamente das aes comunitrias na
regio em que est presente e minorar possveis danos ambientais decorrente do tipo de
atividade que exerce - est surgindo de forma mais abrangente.
Empresas como SESI Servio Social da Indstria), SENAC (Servio Nacional de
Aprendizagem Comercial), RBS (Setor de Multimdia da Regio Sul), Natura, entre outras
procuram preservar a tica no relacionamento com consumidores, funcionrios,
fornecedores, comunidade e meio ambiente (KARKOTLI e ARAGO, 2004).
A opo das empresas no mais modismo. assunto levado a srio principalmente
pelas que querem atrelar a prpria marca a uma imagem tica e, no futuro, quando a
maioria dos consumidores brasileiros privilegiarem esse tipo de atitudes, serem
reconhecidas pelo seu comportamento. A marca o maior patrimnio que uma empresa
pode ter e ela s se fortalece se houver um conceito amplo de responsabilidade social.
conveniente que a elaborao e a implementao desses programas de introduo
das prticas de responsabilidade social corporativa seja, conduzida por profissionais
22
-
23
especializados e habilitados, evitando-se assim que estas iniciativas resultem no casusmo
das convenincias ou da simples filantropia (COLLINS e PORRAS, 1994).
Conforme se observa, a implementao destes programas deve incluir desde um
diagnstico inicial da situao em que se encontra a empresa, at a proposio final do
conjunto de aes que permitam o atendimento das metas estabelecidas. As ferramentas a
utilizar, variam de caso a caso, a depender do diagnstico inicial e dos objetivos
pretendidos.
A crescente conscientizao da sociedade vem modificando, gradualmente, o
modelo tradicional de atuao empresarial, superandose aquela baseada na pura e simples
obteno de lucratividade sem levar em conta a vida da comunidade no seu entorno.
Atravs de presses, a sociedade tem-se manifestado em duas reas distintas: uma e
natureza ecolgica para proteo do meio ambiente natural e outra ligada a direitos e
proteo do consumidor. O que antes era puramente econmico como o nvel de vida, est
agora fortemente modificado por valores ligados qualidade de vida para um maior
nmero de indivduos.
A responsabilidade social empresarial, em sentido estrito, deve ser entendida como
obrigao que tem a organizao de responder por aes prprias ou de quem a ela esteja
ligado. A partir dessa idia possvel compreender que uma organizao tambm um
agente de transformao social, no sentido de que influencia e sofre influncias dos atores
da sociedade.
Como nos atos humanos, qualquer organizao, independentemente de tamanho,
setor, atividade ou lugar, tem liberdade para se instalar (viver), se desenvolver e prosperar.
Porm, tem em contrapartida, a obrigao de atuar como co-responsvel pelo
desenvolvimento e bem-estar dos agentes do seu entorno (MATTIOLI, 2003).
23
Uma atuao organizacional com responsabilidade social pressupe a necessidade e
a urgncia da participao no desenvolvimento com sustentabilidade, ou seja, se obrigar
pelo desenvolvimento nas dimenses econmica, social e do meio ambiente. A
responsabilidade social corporativa convergente com estratgias de sustentabilidade de
longo prazo, e inclui a necessria preocupao dos efeitos das atividades desenvolvidas no
contexto da comunidade em que se insere.
-
24
Nesse sentido, conforme Melo (2001), necessrio superar o entendimento mais
imediato de que a responsabilidade social corporativa est ligada s estratgias e prticas
voltadas e identificado com o engajamento da organizao por meio de aes no mbito da
caridade ou investimentos em projetos sociais. Muito mais que isso, a responsabilidade
social que a organizao tem por obrigao pode ser identificada atravs de mltiplos
aspectos, entre os quais destacam-se:
a) gerar valor para seus agentes internos proprietrios, investidores e
colaboradores para que, em primeiro lugar, se justifiquem os recursos financeiros, humanos
e materiais utilizados pelo empreendimento;
b) gerar valor para a sociedade, nela identificados governos, consumidores e o
mercado como um todo, disponibilizando bens ou servios adequados, seguros e de algum
significado para melhorar a vida das pessoas;
c) prestar informaes confiveis;
d) promover comunicao eficaz e transparente para com colaboradores e agentes
externos;
e) recolher tributos devidos;
f) racionalizar, ao mximo, a utilizao de recursos naturais e adotar medidas de
proteo e preservao do meio ambiente;
g) incentivar a participao de dirigentes e colaboradores, enquanto cidados, na
soluo de problemas da comunidade;
h) formar parcerias com outros organismos, de governos e da sociedade civil, para
identificar deficincias e promover o desenvolvimento da comunidade onde est instalada;
i) transacionar de forma tica em toda a cadeia de relacionamento e outras partes
interessadas como fornecedores, colaboradores, clientes, entidades associativas e
representativas, governos entre outro.
24
A gesto de uma organizao que se determina pela adoo das prticas de
responsabilidade social caminha mais rapidamente para alcanar uma espcie de
maioridade, assim entendida como a verdadeira cidadania empresarial, em que direitos e
obrigaes encontram-se implcitos no ordenamento do prprio mercado e da sociedade. A
partir dessa construo conceitual, entende-se de importncia destacar, a apresentao de
algumas definies sobre atividades desenvolvidas pelas organizaes identificadas por
-
25
filantropia, ao social, marketing social ou marketing institucional as quais so
correntemente utilizadas como demonstrao de responsabilidade social corporativa:
FILANTROPIA: Tem como base os princpios da caridade e da custdia e amor
humanidade.
AO SOCIAL: ao de curto prazo com objetivo de satisfazer as necessidades
em prol da sociedade ou de uma comunidade especfica.
RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA: o comportamento tico e
responsvel na busca de qualidade nas relaes que a organizao estabelece com todos os
seus stakeholders, associado direta e indiretamente ao negcio da empresa, incorporado
orientao estratgica da empresa, e refletido em desafios ticos para as dimenses
econmicas, ambiental e social.
MARKETING SOCIAL: Significa entender e atender a sociedade, proporcionando
a satisfao e o bem-estar da mesma dentro de um comportamento tico e social
responsvel, visando s transformaes sociais.
MARKETING IDEOLGICO/ INSTITUCIONAL: utilizado para indicar e
associar as iniciativas pelas quais uma empresa procura manter, fortalecer e solidificar a
imagem da marca e a identidade da marca perante o seu pblico-alvo.
25
-
26
5.4. Polticas de Responsabilidade Social
5.4.1.Valores e tica
Valores e princpios ticos formam a base da cultura de uma empresa, orientando
sua conduta e fundamentando sua misso social. A noo de responsabilidade social
empresarial decorre da compreenso de que a ao das empresas deve, necessariamente,
procurar trazer benefcios para os parceiros e para o meio ambiente, alm de retorno para os
investidores. A adoo de uma postura clara e transparente no que diz respeito aos
objetivos e compromissos ticos da empresa fortalece a legitimidade social de suas
atividades, refletindo se positivamente no conjunto de suas relaes.
Com relao a este aspecto podemos destacar as seguintes implicaes:
a) Compromissos ticos o cdigo de tica ou de compromisso social um
instrumento de realizao da viso e da misso da empresa, orienta suas aes e explicita
sua postura social a todos com quem mantm relaes. Dessa forma, o comprometimento
da alta gesto com sua disseminao e cumprimento so as bases de sustentao da empresa
socialmente responsvel.
b) Atuao dos Stakeholders o envolvimento dos parceiros na definio das
estratgias de negcios da empresa gera compromisso mtuo com as metas estabelecidas.
Ele ser tanto mais eficaz quando se asseguram canais de comunicao que viabilizem o
dilogo estruturado, tomando-se conhecimento do que importante para todas as partes
envolvidas no processo.
26
c) Balano Social - o registro das aes voltadas para a responsabilidade social
permite avaliar seus resultados e direcionar os recursos para o futuro. O Balano Social da
empresa deve explicitar as iniciativas de carter social, resultados atingidos e investimentos
realizados, o que ser abordado detalhadamente mais adiante.
-
27
5.4.2.Pblico Interno
A empresa socialmente responsvel no se limita a respeitar os direitos dos
trabalhadores, consolidados na legislao trabalhista, ainda que isso seja um pressuposto
indispensvel. Deve, tambm, ir alm e investir no desenvolvimento pessoal e profissional
de seus empregados, bem como na melhoria das condies de trabalho e no estreitamento
dessas relaes. Ademais, deve estar atenta para o respeito s culturas locais, revelado por
um relacionamento tico e responsvel com as minorias e instituies que representam seus
interesses.
Tal poltica interna pressupe os seguintes princpios:
a) Participao nos Lucros e Resultados o justo reconhecimento da contribuio
dos funcionrios para os resultados da empresa um poderoso instrumento de
envolvimento e compromisso com o sucesso dos negcios. Os programas de participao
acionria e de bonificao relacionada ao desempenho so componentes importantes dos
programas de gesto participativa, e como tais incentivam o envolvimento dos empregados
na soluo dos problemas da empresa. Esta prtica tambm favorece o desenvolvimento
pessoal e profissional dos mesmos.
b) Compromisso com o Futuro das Crianas para ser reconhecida como
socialmente responsvel, a empresa no deve utilizar - se, direta ou indiretamente, do
trabalho infantil (de menores de 14 anos), conforme determina a legislao brasileira. Por
outro lado positiva a iniciativa de empregar menores entre 14 e 16 anos como aprendizes.
c) Valorizao da Diversidade a empresa no deve permitir qualquer tipo de
discriminao em termos de recrutamento, acesso a treinamento, remunerao, avaliao ou
promoo de seus empregados. Devem ser oferecidas oportunidades iguais a pessoas com
diferenas relativas a sexo, raa, idade, origem, orientao sexual, religio, deficincia
fsica, condies de sade, etc.
27
d) Comportamento Frente a Demisses as demisses de pessoal no devem ser
utilizadas como primeiro recurso de reduo de custos. Quando forem inevitveis, a
empresa deve realiz-las com responsabilidade, estabelecendo critrios para execut-las
(empregados temporrios, facilidade de recolocao, idade do empregado, etc.) e
assegurando os benefcios que estiverem a seu alcance.
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28
e) Compromisso com o Desenvolvimento Profissional e a Empregabilidade
cabe empresa comprometer - se com o investimento na capacitao e desenvolvimento
profissional de seus empregados, oferecendo apoio a projetos de gerao de empregos e
fortalecimento da empregabilidade para a comunidade com que se relaciona.
28
f) Preparao para Aposentadoria a empresa socialmente responsvel tem forte
compromisso com o futuro de seus funcionrios. Assim, deve criar mecanismos de
complementao previdenciria, visando reduzir o impacto da aposentadoria no nvel de
renda, e estimular a participao dos aposentados em seus projetos sociais.
-
29
5.4.3.Meio Ambiente
A empresa relaciona - se com o meio ambiente causando impactos de diferentes
tipos e intensidades. Dessa maneira, uma empresa ambientalmente responsvel procura
minimizar os impactos negativos e ampliar os positivos. Deve, portanto, agir visando a
manuteno e melhoria das condies ambientais, minimizando aes prprias
potencialmente agressivas ao meio ambiente e disseminando em outras empresas as
prticas e conhecimentos adquiridos nesse sentido.
Dentre os parmetros a serem seguidos com relao a este aspecto, destaco:
a) Conhecimento sobre o Impacto no Meio Ambiente um critrio importante
para uma empresa consciente de sua responsabilidade ambiental um relacionamento tico
e dinmico com os rgos de fiscalizao, com vistas melhoria do sistema de proteo
ambiental, pois a conscientizao ambiental base para uma atuao pr -ativa na defesa
do meio ambiente. E como tal deve ser acompanhada pela disseminao dos conhecimentos
e intenes de proteo e preveno ambiental para toda a empresa, cadeia produtiva e
comunidade.
b) Minimizao de Entradas e Sadas do Processo Produtivo uma das formas e
atuao ambientalmente responsvel da empresa o cuidado com as entradas de seu
processo produtivo, estando entre os principais parmetros, comuns a todas as empresas, a
utilizao racional de energia, gua e insumos necessrios produo e prestao de
servios.
c) Responsabilidade Sobre o Ciclo de Vida dos Produtos e Servios dentre as
principais sadas do processo produtivo esto as mercadorias, suas embalagens e os
materiais no utilizados, convertidos em potenciais agentes poluidores do ar, da gua e do
solo. Assim, so aspectos importantes na reduo do impacto ambiental o desenvolvimento
e a utilizao de insumos, produtos e embalagens reciclveis ou biodegradveis e a reduo
da poluio gerada.
29
d) Educao Ambiental cabe empresa ambientalmente responsvel apoiar e
desenvolver campanhas, projetos e programas educativos voltados a seus empregados,
comunidade e a pblicos mais amplos e tambm envolverse em iniciativas de
fortalecimento da educao ambiental no mbito da sociedade como um todo.
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30
5.4.5. Consumidores
A responsabilidade social em relao aos clientes e consumidores exige da empresa
um investimento permanente no desenvolvimento de produtos e servios confiveis, que
minimizem os riscos de danos sade dos usurios e das pessoas em geral. Dessa forma,
informaes detalhadas devem estar includas nas embalagens e deve ser assegurado ao
cliente um suporte antes, durante e aps o consumo, de modo a satisfazer suas
necessidades.
Disso deriva as seguintes prticas:
30
a) Poltica de Marketing e Comunicao a empresa um produtor de cultura e
influncia o comportamento da sociedade. Por isso, suas campanhas publicitrias devem ter
uma dimenso educativa, evitando a criao de expectativas que extrapolem o que
efetivamente oferecido pelo produto ou servio, no devendo, de forma alguma,
constranger nem causar desconforto a quem receb-las, e tambm informando os riscos
potenciais dos produtos ou servios oferecidos.
-
31
5.4.6.Comunidade
A comunidade em que a empresa est inserida fornece - lhe infra-estrutura e capital
social, contribuindo, decisivamente, para a viabilizao de seus negcios. Dessa forma, o
investimento por parte da empresa em aes que tragam benefcios para a comunidade
uma contrapartida justa, alm de reverter em ganhos para o ambiente interno e na
percepo que os clientes possuem da prpria empresa. Tambm o respeito aos costumes e
cultura locais e o empenho na educao e na disseminao dos valores sociais devem fazer
parte de uma poltica de envolvimento comunitrio da empresa, resultado da compreenso
de seu papel de agente de melhorias sociais.
Segundo esta idia, as polticas de responsabilidade social imprescindveis seriam:
a) Mecanismos de Apoio a Projetos Sociais a destinao de verbas e recursos a
projetos sociais ter resultados mais efetivos na medida em que esteja baseada numa
poltica estruturada da empresa. Um aspecto relevante a garantia de continuidade das
aes, que pode ser reforada pela criao de um instituto, fundao ou fundo social.
b) Estratgias de Atuao na rea Social a atuao social da empresa pode ser
potencializada pela adoo de estratgias que valorizem a qualidade dos projetos sociais
beneficiados, a multiplicao de experincias bem sucedidas, a criao de redes de
atendimento e o fortalecimento das polticas pblicas da rea social.
31
c) Reconhecimento e Apoio ao Trabalho Voluntrio dos Empregados o
trabalho voluntrio tem sido considerado um fator de motivao e satisfao das pessoas
em seu ambiente profissional. Assim, a empresa pode incentivar essa atividade, liberando
seus funcionrios em parte do horrio de expediente para estes ajudarem organizaes da
comunidade ou incentivando aqueles que participam de projetos de carter social.
-
32
5.4.7.Governo e Sociedade
A empresa deve relacionar - se de forma tica e responsvel com os poderes
pblicos, cumprindo leis e mantendo interaes dinmicas com seus representantes,
visando a constante melhoria das condies sociais e polticas do pas. Tal comportamento
tico pressupe que as relaes entre a empresa e os governos sejam transparentes
sociedade, acionistas, empregados, clientes, fornecedores e distribuidores. Com isso, cabe
empresa responsvel manter uma atuao poltica coerente com seus princpios ticos e que
evidencie seu alinhamento com os interesses da sociedade.
Para tanto, a empresa socialmente responsvel deve observar os seguintes aspectos:
a) Prticas Anticorrupo e Propina o compromisso formal com o combate
corrupo e propina explicita a posio contrria da empresa ao recebimento e oferta, aos
parceiros comerciais ou a representantes do governo, de qualquer quantia em dinheiro ou
coisa de valor, alm do determinado por contrato.
b) Contribuio a Campanhas Polticas a transparncia nos critrios e nas
doaes a candidatos ou partidos polticos um importante fator de preservao do carter
tico da empresa. A empresa pode ser, tambm, um espao de desenvolvimento da
cidadania, viabilizando a realizao de debates democrticos que atendam aos interesses de
seus funcionrios.
32
c) Liderana Social cabe empresa socialmente responsvel buscar participar de
associaes, sindicatos e fruns empresariais, impulsionando a elaborao conjunta de
propostas de interesse pblico e carter social.
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33
6. PRINCPIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL NA DAIMLER
CHRYSLER DO BRASIL
Pode-se dizer que todas as empresas atuam, de alguma forma, no desenvolvimento
da sociedade, seja simplesmente por sua contribuio para a economia do pas, com o
pagamento de impostos e manuteno do nvel de empregos, seja por meio do cumprimento
de exigncias legais.
No entanto, nos ltimos anos, muitas empresas optaram voluntariamente por uma
contribuio social adicional, mais direta, por meio de aes sociais. A DaimlerChrysler
uma delas.
Atualmente, so diversos os projetos realizados pelo Grupo DaimlerChrysler em
todo o mundo. Um dos marcos da atuao socialmente responsvel da empresa foi sua
adeso ao Pacto Global, uma iniciativa da ONU - Organizao das Naes Unidas, visando
uma relao proveitosa entre empresas e sociedades. E baseado neste pacto que foram
fundamentados os Princpios de Responsabilidade Social da empresa.
No Brasil, a Empresa, ciente do seu papel de facilitador de mudanas, para,
juntamente com os Estados e a sociedade civil, construir um mundo melhor, atua por meio
de diversos projetos sociais que beneficiam comunidades e o meio ambiente.
33
-
34
Ao adicionar s suas competncias bsicas um comportamento tico e socialmente
responsvel, a DaimlerChrysler do Brasil adquire o respeito dos diversos pblicos com os
quais interage. A responsabilidade social torna-se cada vez mais fator de sucesso
empresarial, o que cria novas perspectivas para a construo de um mundo
economicamente mais prspero e socialmente mais justo.
A DaimlerChrysler reconhece sua responsabilidade social e os nove princpios que
compem a base do Pacto Global. Com o intuito de atingir estes objetivos, a
DaimlerChrysler firmou um acordo com representantes dos empregados, em nvel
internacional, no que tange aos princpios descritos a seguir.
Ns apoiamos a iniciativa das Naes Unidas e estamos disposio para trabalhar
com outras empresas e instituies para evitar que o irreversvel processo de globalizao
cause medo e alarme s pessoas em todo o mundo.Ns desejamos mostrar a face humana da
globalizao, entre outras coisas, criando e preservando empregos. Estamos convencidos de
que a responsabilidade social um fator importante para o sucesso a longo prazo de nossa
empresa. Isto tambm se aplica aos nossos acionistas, parceiros de negcio, clientes e
empregados. Somente assim, ns podemos contribuir para a paz mundial e prosperidade no
futuro.
Reconhecer esta responsabilidade, entretanto, requer que sejamos competitivos e
assim permaneamos no longo prazo. Assumir a responsabilidade social da empresa
indispensvel para uma companhia que se baseia em valor. Os princpios a seguir, os quais
so orientados pelas convenes estabelecidas pela Organizao Internacional do Trabalho
(OIT), so implementados pela DaimlerChrysler mundialmente e, ao estabelec-los, a
diversidade cultural e os valores sociais foram devidamente considerados e reconhecidos.
Direitos Humanos - A DaimlerChrysler respeita e apia a total obedincia aos
direitos humanos, internacionalmente aceitos.
Trabalhos Forados - A DaimlerChrysler condena todas as formas de trabalho
forado e obrigatrio.
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Trabalho Infantil - A DaimlerChrysler apia a erradicao da explorao da mo
de obra infantil. As crianas no devem ser privadas de seu desenvolvimento. Sua sade e
segurana no devem, de forma alguma, ser afetadas. Sua dignidade deve ser respeitada.
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Igualdade de Oportunidades - A DaimlerChrysler assume a responsabilidade de
garantir igualdade de oportunidades em relao ao emprego e rechaar qualquer
discriminao contra empregados, baseada em gnero, raa, condio fsica, origem,
religio, idade ou orientao sexual, exceto se a legislao do pas previr expressamente um
tipo de seleo de acordo com critrios especficos. Salrios iguais por trabalhos de igual
valor. Dentro do mbito da legislao nacional, a DaimlerChrysler respeita o princpio de
pagamento igual por trabalho de igual valor, como por exemplo, para homens e mulheres.
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7. O PROJETO MENORES APRENDIZES
7.1. Introduo
O mundo empresarial vem passando por mudanas importantes nos ltimos anos e
entende que para obter competitividade preciso investir. Cada setor da economia demanda
aes diferenciadas e aplicao de recursos em maior ou menor escala na modernizao de
equipamentos, aquisio de novas matrias-primas, desenvolvimento de novos mtodos de
gesto. Mas todos tm uma necessidade comum: a qualificao de trabalhadores. esse o
diferencial que torna uma empresa, um segmento da indstria e, em ltima instncia, um
Pas verdadeiramente competitivo, principalmente quando se alia esse diferencial ao
conceito de responsabilidade social.
Mais do que orientar as empresas no cumprimento de um dispositivo legal acredita-
se que as aes nesse segmento representam uma oportunidade importante para a elevao
do nvel tcnico dos trabalhadores e do padro de competitividade das empresas. Alm
disso, significam tambm uma excelente oportunidade para motivar as empresas a
manterem uma postura socialmente responsvel, j que quanto mais se facilita o acesso
desses jovens ao conhecimento e ao trabalho, mais se contribui para que os indicadores
sociais de nosso Estado e do Pas se elevem.
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A inteno de preparar mo-de-obra especializada para incentivar o processo de
industrializao do Pas se acentua na dcada de 40, com a edio do decreto-lei 4.048/42,
do ento Presidente Getlio Vargas. Recentemente, algumas modificaes foram
incorporadas ao texto Consolidao das Leis do Trabalho CLT, visando ampliar a
qualificao dos jovens atravs de programas de Aprendizagem.
Atualmente, cada vez mais o mercado de trabalho precisa de trabalhadores
competentes que entendam, de fato, o funcionamento da cadeia produtiva em que se
inserem.
De acordo com a Lei 10.097, de 19/12/2000, que estabelece um sistema de quotas,
as empresas podem contratar maiores de quatorze anos e menores de dezoito anos. No
mximo, o perodo de permanncia nessa condio de dois anos.
Com a promulgao dessa lei, o Governo almeja a ampliao do contingente de
jovens que usufruem da qualificao profissional e, que conseqentemente, obtm a
experincia do primeiro emprego.
O Programa de Aprendizagem Industrial, foi introduzido na DaimlerChrysler do
Brasil no ano de 1957, com o nome de Programa Jovens Talentos, na planta de So
Bernardo.
Atualmente a planta de So Bernardo rene 286 aprendizes, e a cada semestre
ingressam 48 novos alunos. Desde o incio do programa j passaram pela fbrica 4.700
alunos, sendo que 1.600 deles continuam na empresa.
Na planta de Juiz de Fora o programa foi introduzido no ano de 2002, sendo que
atualmente, a cada semestre, ingressam 12 novos alunos para o curso de aprendizagem
industrial. Desde o incio do programa j passaram pela fbrica 61 alunos, sendo que 22
foram contratados. Atualmente existem 45 alunos no SENAI (Servio Nacional de
Aprendizagem Industrial) e 29 estagiando na fbrica.
Um fator de extrema importncia a ser citado que, dos atuais executivos da
empresa, supervisores e gerente, 10% passaram pelo curso de aprendizagem industrial.
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7.2.Objetivo do Programa
O objetivo geral de todos os programas de aprendizagem industrial o de garantir o
direito profissionalizao, como forma de romper o ciclo excludente e hereditrio da
pobreza.
O Projeto Menor Aprendiz na DaimlerChysler, visa formao tcnico-profissional
compatvel com o desenvolvimento fsico, moral, psicolgico e social do menor
caracterizado por atividades tericas e prticas, organizadas em tarefas de complexidade
progressiva, desenvolvidas no ambiente de trabalho. O projeto considerado como uma
forma de educao profissional de nvel tcnico, destinada qualificao de jovens
aprendizes e caracterizada pela articulao entre formao e trabalho, atendendo sempre s
normas legislativas.
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7.3. O que diz a lei
Pelo fato do Projeto Menor Aprendiz estar inserido nas normas da CLT, faz se
necessrio o conhecimento das mesmas. Abaixo segue um resumo das idias centrais das
leis, as mesmas encontram-se detalhadas em anexo.
Estabelecimentos de qualquer natureza, excludas as micro e pequenas
empresas, devem nessa ordem, empregar e matricular nos cursos dos
Servios Nacionais de Aprendizagem, percentual de aprendizes entre 5 e
15% do corpo funcional existente em cada estabelecimento, cujas funes
demandem formao profissional. Na hiptese de os Servios Nacionais de
Aprendizagem no oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender
demanda dos estabelecimentos, esta poder ser suprida por outras entidades
qualificadas em formao tcnico-profissional. (Escolas Tcnicas de
Educao e Entidades sem fins lucrativos).
O contrato de aprendizagem deve ser ajustado por escrito e por prazo
determinado, no podendo exceder o perodo de dois anos. direcionado a
jovens maiores de 14 e menores de 18 anos.
Garante-se ao jovem aprendiz o salrio mnimo-hora, considerando-se o
valor do salrio mnimo fixado em lei. A durao da jornada de no
mximo seis horas dirias, incluindo as atividades tericas e prticas, limite
que poder ser estendido para oito horas, caso o aprendiz j tenha
completado o ensino fundamental.
As frias do menor aprendiz devem coincidir com um dos perodos de frias
escolares do ensino regular, sendo vedado o parcelamento.
So garantidos, ao menor aprendiz, todos os direitos e benefcios
trabalhistas assegurados aos demais empregados da empresa.
A alquota do depsito do FGTS de dois por cento da remunerao paga.
O contrato de aprendizagem se extingue no seu termo ou quando o aprendiz
completar 18 anos ou antecipadamente nas seguintes hipteses:
Desempenho insuficiente ou inadaptao do aprendiz;
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Falta disciplinar grave;
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Ausncia injustificada escola que implique na perda do ano letivo
e
A pedido do aprendiz.
A fiscalizao da obrigatoriedade de contratao de aprendizes est a cargo do
Grupo Especial de Combate ao Trabalho Infantil e de Proteo ao Trabalhador Adolescente
- GECTIPA e aos Auditores-Fiscais do Trabalho.
As empresas que descumprirem a Lei estaro sujeitas s sanes legais previstas na
seo V, Captulo IV, Ttulo III da CLT, alm das sanes previstas na Instruo
Normativa n. 26 de 2001 - MTE Secretaria de Inspeo do Trabalho (Anexo).
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7.4.Benefcios e Encargos
Para se contratar um Menor Aprendiz importante estar ciente dos benefcios e
encargos referentes a sua contratao.
Os empregados aprendizes gozam dos mesmos direitos trabalhistas e
previdencirios dos empregados comuns (frias, 13 salrio, etc.) artigo 65 da Lei n.
8.069/(90).
Os direitos decorrentes de Convenes ou de Acordos Coletivos de Trabalho so
extensivos aos aprendizes quando expressamente estabelecidos.
Ao adolescente portador de deficincia fsica assegurado trabalho protegido
(artigo 66 da Lei n. 8.069/90).
Abaixo segue uma lista dos benefcios assegurados ao menor aprendiz:
Salrio mnimo/hora, calculado com base no salrio mnimo da Unio. O
piso regional poder ser adotado, por liberalidade da empresa.
Jornada de trabalho de at seis horas, podendo ser estendida para oito horas,
desde que o aluno j tenha concludo o ensino fundamental.
Frias coincidentes com um dos perodos de frias escolares, sem
parcelamento.
Fundo de Garantia por Tempo de Servio de dois por cento.
Todos os demais direitos previstos na CLT e benefcios concedidos aos
demais empregados da empresa.
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Os encargos trabalhistas que incidem sobre a contratao de menores
aprendizes so os mesmos previstos para os demais trabalhadores da
empresa pela CLT. A nica diferena a alquota para o FGTS, fixada em
dois por cento.
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7.5.Como contratar um Menor Aprendiz
O primeiro passo a assinatura do contrato de aprendizagem (ver modelo em
Anexo). S aps a assinatura do contrato e o registro em carteira o menor dever ser
encaminhado ao SENAI.
Embora a Lei permita a contratao de menores aprendizes a partir dos 14 anos de
idade, cabe lembrar que esse aprendiz s poder entrar formalmente no mercado de
trabalho aos 18 anos, em funo dos efeitos da Portaria 20 de 2001 - MTE Secretaria de
Inspeo do Trabalho (Anexo).
Em decorrncia, o encaminhamento do menor aprendiz aos 14 anos para o SENAI
implicar num intervalo de dois anos entre a concluso do curso e o incio das atividades
profissionais.
Embora a legislao no determine nvel de escolaridade para a contratao de
menores aprendizes e conseqente ingresso no curso, a escolaridade do aprendiz deve ser
compatvel com requisitos necessrios freqncia ao curso, o que resulta em benefcio ao
seu desempenho.
O que deve constar na Carteira de Trabalho:
O registro do Contrato de Aprendizagem por ser um contrato especial de trabalho e
as demais anotaes a serem realizadas na CTPS seguem o mesmo padro das anotaes
feitas para um empregado.
Iseno
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Somente as micro e pequenas empresas esto isentas da obrigatoriedade de manter
menor aprendiz, no cabendo por parte do SENAI a emisso de qualquer documento que
isente as empresas do cumprimento de quotas. Todas as demais esto obrigadas a cumprir a
quota de aprendizagem sobre as funes que demandam formao profissional, exceto as
funes mencionadas na Instruo Normativa n. 26 de 2002 - MTE Secretaria de
Inspeo do Trabalho (Anexo).
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7.6. Cota de Aprendizagem
Cota de aprendizagem ou cota de aprendizes o nmero que expressa a quantidade
de menores que o estabelecimento dever contratar.
A cota de aprendizes leva em considerao as funes ou ocupaes mantidas no
quadro de pessoal da empresa que demandam formao profissional, excluindo-se aquelas
que exigem habilitao profissional de nvel tcnico ou superior. Para a identificao de tais
funes leva-se em considerao a Classificao Brasileira de Ocupaes (CBO).
Ao total das funes que demandam formao profissional aplicam-se os ndices de
5% e 15%, que vo corresponder, respectivamente, ao mnimo e mximo de menores
aprendizes que a empresa dever contratar.
Embasamento legal: Lei 10.097 de 19/12/2000; Instruo Normativa n 26 de
20/12/2002.
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Atualmente a Daimler conta com 1.077 colaboradores, sendo que atualmente na
fbrica existem 74 aprendizes (45 no SENAI e 29 estagiando na fbrica), ou seja a cota da
empresa chega a quase 7%, 2% acima do mnimo permitido.
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7.7. Processo Seletivo
O processo seletivo para ingresso dos jovens no Programa de Aprendizagem
Industrial da DaimlerChrysler funciona seguindo as seguintes etapas:
Indicao do Funcionrio da Empresa;
Inscrio;
Exame de seleo Prova de Portugus e Matemtica;
1 Classificao;
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Teste Psicotcnico.
Um dos pontos que diferenciam o projeto Menores Aprendizes de outras empresas
que, para participar do processo seletivo, o adolescente deve ser indicado por um
colaborador direto da Daimler, o que vincula o Projeto s polticas de recursos humanos.
As provas de portugus e matemtica so elaboradas pela FIEMG (Federao das
Indstrias do Estado de Minas Gerais), pois as provas so as mesmas em todo o estado,
sendo aplicadas no mesmo dia e hora.
O teste Psicotcnico elaborado pela rea de Recursos Humanos da empresa. (Para
maiores detalhes, ver Manual Composio da 8. Turma de Aprendizagem Industrial - em
anexo)
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7.8. Durao da Jornada de Trabalho
Para o aprendiz que no concluiu o ensino fundamental:
- a jornada de trabalho no exceder a 6 (seis) horas dirias, sendo vedadas a
prorrogao e a compensao da jornada (Artigo 432 da CLT), inclusive nas hipteses
previstas nos incisos I e II do Artigo 413 da CLT.
Para o aprendiz que concluiu o ensino fundamental:
- a jornada de trabalho poder ser de at 8 (oito) horas dirias, nelas computadas as
horas destinadas atividade terica (1 do Artigo 432 da CLT).
Os cursos de aprendizagem das Escolas SENAI podem ser realizados no perodo da
manh, tarde ou em perodo integral, com vistas a atender a demanda industrial.
Mesmo realizada no ambiente de trabalho, a educao profissional deve ser
desenvolvida em articulao com o ensino regular.
O legislador reafirmou esse princpio estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da
Educao Nacional (Artigo 40), ao dispor que a validade do contrato de aprendizagem
pressupe a matrcula do aprendiz na escola, caso no haja concludo o ensino fundamental.
S se admite jornada de trabalho de oito horas dirias, para aprendizagem no
ambiente de trabalho ou no prprio emprego, se os aprendizes tiverem concludo o ensino
fundamental (Artigo 432, 1).
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7.9. Grade Curricular do Projeto na DaimlerChrysler
A grade curricular utilizada no SENAI que atende aos menores aprendizes da
Daimler segue abaixo:
TCNICO Mecnica Geral com nfase em Produo Veicular Portaria de Autorizao N 639/2003 de 07/06/2003
Portaria de Reconhecimento N 800/2005 de 10/06/2005
Componente Curricular
Disciplina Carga Horria Total
Carga Horria
1 Perodo
Carga Horria
2 Perodo
Automao 75 55 20 Mecnica Produo Mecnica 440 180 260
Eletrnica
Eletrnica Digital e Embarcada
105 55 50
Montagem Bruta 110 110 0 Administrao de Produo Montagem Final 100 100 0
Organizao e Normas
Organizao e Normas 80 50 30
Qumica Industrial 50 0 50 Pintura Automotiva 190 0 190 Tcnicas Qumicas Plsticos e Moldes 50 50 0
TOTAL 1200 600 600 Estgio Supervisionado 700horas
MEMRIA DE CCULO
Horas por dia 6:00 Dias por semana 5 Dias por perodo 100
Horas por perodo 600 N de aulas por dia 6
N de aulas por semestre 600 Mdulo aula 60 minutos
N Semanas letivas por perodo
20
N de aulas semanais 30
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Os quadros acima foram cedidos pela Sra. Marisa Valado, pedagoga do SENAI,
para se ter uma viso do contedo passado aos aprendizes.
Os aprendizes permanecem durante um ano tendo aulas tericas no SENAI, aps
esse perodo os mesmos so encaminhados a uma rea da empresa para cumprirem um
estgio e colocarem em prtica o que aprenderam no SENAI. Quando os Menores
Aprendizes deixam o SENAI e passam a atuar na empresa, eles se tornam Operadores
Praticantes, e assim permanecem at completarem 18 anos, ou cumprirem o perodo de
estgio de um ano.
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7.10. Anlise dos questionrios aplicados
Para avaliar a satisfao dos menores aprendizes em relao aprendizagem, foi
aplicado um questionrio (Modelo em Anexo), entre os dias 20/02 e 02/03, atual turma de
operadores praticantes, num total de doze alunos. A escolha da turma de operadores
praticantes se deu pelo fato dos mesmos j terem passado pelo SENAI e estarem
desenvolvendo o estgio dentro da empresa, dessa forma tem-se uma avaliao geral de
todo o processo de aprendizagem.
A primeira parte do questionrio avalia o nvel das tarefas e sua relao quanto
satisfao dos aprendizes.O questionrio aborda tambm a questo do rendimento escolar e
se o salrio dos aprendizes complementa a renda familiar, para que se faa uma abordagem
quanto ao foco scio-econmico do projeto.
A idade mdia dos aprendizes avaliados de 17 anos, sendo que 10 desses
aprendizes so do sexo masculino. Todos esto cursando o ensino mdio.
1-As atividades que voc vem realizando:
Quadro 1- Atividades realizadas X Conhecimento
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Tm fornecido conhecimentos novos?
100%
0%
sim no
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49
Quadro 2 Atividades realizadas X Desenvo