respostas processo do trabalho

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1) Conceitue Competência Terriorial da JTB. Competência territorial, também de chamada de competência em razão do lugar, é aquela determinada com base na circunscrição geográfica sobre a qual atua o órgão jurisdicional. Assim, geralmente, ela é atribuída a Vara do Trabalho competente para a aquela localidade e tal divisão é determinada por lei federal; ressalvando que existem as competências originárias dos Tribunais Regionais e outras do TST. A fundamentação legal da competência originária se encontra no art. 651 da CLT. Porém, quando for o juízo incompetente, entende-se doutrinariamente que tal incompetência é relativa, assim, não pode ser decretada de ofício pelo juiz devendo ser arguida por meio de exceção pelas partes. Tal competência é classificada: a) quanto ao local da prestação de serviço; b) quando se tratar de empregado agente ou viajante comercial; c) de empregado brasileiro que trabalhe no estrangeiro; d) de empresa que promova atividade fora do lugar de celebração do contrato. a) Quanto ao local da prestação de serviço No primeiro caso, o art. 651 caput, rege que a competência é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. Este instituto visa a facilitação da instrução processual, pois as provas são, em regra, encontradas no local da prestação do serviço. Todavia, a interpretação deste dispositivo pode não ser a mais justa no caso concreto, cabendo ao interprete fazer o melhor

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Page 1: Respostas processo do trabalho

1) Conceitue Competência Terriorial da JTB.

Competência territorial, também de chamada de competência em razão do lugar, é aquela

determinada com base na circunscrição geográfica sobre a qual atua o órgão jurisdicional.

Assim, geralmente, ela é atribuída a Vara do Trabalho competente para a aquela localidade e

tal divisão é determinada por lei federal; ressalvando que existem as competências originárias

dos Tribunais Regionais e outras do TST.

A fundamentação legal da competência originária se encontra no art. 651 da CLT. Porém,

quando for o juízo incompetente, entende-se doutrinariamente que tal incompetência é

relativa, assim, não pode ser decretada de ofício pelo juiz devendo ser arguida por meio de

exceção pelas partes.

Tal competência é classificada: a) quanto ao local da prestação de serviço; b) quando se tratar

de empregado agente ou viajante comercial; c) de empregado brasileiro que trabalhe no

estrangeiro; d) de empresa que promova atividade fora do lugar de celebração do contrato.

a) Quanto ao local da prestação de serviço

No primeiro caso, o art. 651 caput, rege que a competência é determinada pela localidade

onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que

tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. Este instituto visa a facilitação da

instrução processual, pois as provas são, em regra, encontradas no local da prestação do

serviço.

Todavia, a interpretação deste dispositivo pode não ser a mais justa no caso concreto, cabendo

ao interprete fazer o melhor uso, vez que, a fixação da competência territorial prevista neste

artigo deve ser interpretada de modo a conferir máxima efetividade aos princípios

constitucionais que informa a lei, tais como os princípios fundamentais do valor social do

trabalho e da dignidade da pessoa humana, ademais como os principio processuais do acesso

ao Poder Judiciário nos casos de lesão ou ameaça a direito, do contraditório e ampla defesa e

do razoável duração do processo. Desta forma, se um trabalhador que tiver sido contratado e

prestar serviço em outra localidade ajuizar ação trabalhista no seu local de domicílio

afirmando que não tem condições econômicas de se deslocar até o local da prestação de

serviço, o juiz deverá, caso a outra parte apresente exceção, com base nestes princípios

positivados na constituição rejeitá-la.

Page 2: Respostas processo do trabalho

Caso, o empregado tenha prestado serviços em diversos locais para a empresa, a competência

territorial da Vara do Trabalho deverá ser fixada no último lugar de prestação/execução do

serviço. Ressalvando a situação anteriormente exposta em que a competência territorial

poderá ser no domicílio do empregado.

Relativo ao empregado estrangeiro, ocorrerá da mesma forma que o brasileiro, visto que o

dispositivo nada alude à pessoa do empregado. Com relação ao empregado contratado no

estrangeiro para prestar serviços no Brasil, a competência territorial também poderá ser da VT

do local de prestação do serviço. Ainda, é entendimento do TST que o empregado que prestou

serviços no Brasil e no Exterior, poderá ter seus interesses defendidos pela Justiça do Trabalho.

b) Empregado Agente ou Viajante Comercial

Neste caso o §1º do art. 651 da CLT rege que a competência territorial será da Vara da

localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado

e, na falta, será competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a

localidade mais próxima, isto pois se supõe a facilidade da viagem até este local, visto que era

rotina do empregado sua ida até esta localidade.

Porém, ainda fica possibilidade de alegação da impossibilidade da viagem e ser competente o

foro da local de domicílio do empregado. Tal questão entretanto, não encontra-se pacificada,

havendo julgados em que somente se admite como competente o foro domicílio do

empregado na falta da existência de agencia ou filial do empregado.

c) Empregado Brasileiro que trabalha no Estrangeiro

Tal situação está prevista no §2º do art. 651, regendo que a competência das Varas do

Trabalho estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que seja

o empregado brasileiro e não haja convenção internacional dispondo o contrário.

Assim, pouco importa se a empresa é brasileira ou estrangeira, pois o critério específico

colocado pela legislação é ser o empregado brasileiro, nato ou naturalizado, e preste serviço

no estrangeiro, desde que não haja tratado internacional definindo outro critério de

competência, para que seja o dissídio albergado pela Justiça do Trabalho, ainda que a empresa

não tenha sede ou filial no Brasil.

Todavia, à luz da súmula 207 do TST que dita que a relação jurídica trabalhista é regida pelas

vigentes no país da prestação de serviços e não por aquelas do local da contratação, deverá a

Justiça do Trabalho julgar com base na legislação em que era realizado o trabalho, havendo

Page 3: Respostas processo do trabalho

jurisprudência, neste sentido. Desta feita, se conclui que quanto ao critério de direito

processual, é da Justiça do Trabalho a competência territorial para processar e julgar ação

trabalhista proposta por brasileiro que tenha trabalhado em agencia ou filial no estrangeiro,

porém, quanto ao direito material, é estabelecido que a relação de emprego será regida

segundo a lei do país em que o serviço tenha sido ou esteja sendo prestado.

d)Empresa que Promove Atividade Fora do Lugar da Celebração do Contrato

Relativo a esta situação está disposto no §3º do art. 651 que se tratando de empregador que

promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao

empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos

respectivos serviços.

Alguns autores tem interpretação mais restritiva a respeito da situação de empregador que

promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, como sendo a

hipótese do empregador que desenvolve suas atividades em lugar incertos, transitórios ou

eventuais, como, por exemplo, no caso de uma empresa construtora de pontes. Porém existe

outra corrente que defende uma análise menos restritiva em que a legislação neste ponto

autoriza dando ao empregado de empresa que realiza atividade em diversos locais, uma opção

legal de ajuizar ação no foro do lugar da contratação ou no da prestação de serviço, pouco

importando se a título permanente ou esporádico.

7) Explique sobre a incompetência da JTB

Após a Emenda Constitucional 45/2004 ficaram estabelecidas competências, principalmente,

em razão da matéria e da pessoa, da Justiça do Trabalho e consequentemente também

daquilo que está fora de sua esfera de responsabilidade.

Inicialmente, temos a competência relativa aos acidentes de trabalho, em que, depois da

promulgação de referida Emenda, não houve pacificação quanto à competência para julgar

ações de danos morais ou patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho. Inicialmente o

STF entendeu por ser de competência da Justiça Comum, fato que gerou controvérsia e

divergência jurisprudencial. Desta forma, após este período de confusões, em 2005 o STF ao

julgar o Conflito Negativo de Competência nº 7204 /2005, deixou pacificado que seriam da

competência da Justiça do Trabalho somente ações de indenização proposta por empregado

Page 4: Respostas processo do trabalho

ou seus sucessores contra empregador. Portanto, restando para a Justiça Comum qualquer

ação de indenização composta por outras partes, inclusive às que contenham unicamente no

polo passivo o INSS, para as ações em que o trabalhador acidentado visa assegurar o benefício

pelo qual é responsável objetivamente o órgão.

Outrossim, relativo às contribuições previdenciárias, o art. 114, VIII, da CF, com redação dada

pela EC 45/2004 rege que a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar “a

execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos

legais, decorrentes das sentenças que proferir”. Desta feita, se conclui que a Justiça do

Trabalho é incompetente para processar e julgar ação proposta por empregado em face de seu

empregador e que tenha como único pedido à condenação de pagamento de valores não

pagos por este último referentes às contribuições previdenciárias.

Em sequencia, temos a situação que se refere aos servidores investidos em cargo ou emprego

público, tendo em vista que o art. 39 da CF/88 impunha a obrigatoriedade do regime jurídico

único para os servidores da Administração direta, autárquica e fundacional, defendido pela

doutrina majoritária que tal regime só poderia ser o de natureza estatutária e, portanto, fora

da competência da Justiça do Trabalho, vez que, estas relações são regidas pela Lei 8.112/90 e

não pela CLT.

Na mesma linha, as disputas sobre eleições sindicais que envolvem conflitos entre

trabalhadores e sindicatos ou empregadores e sindicatos relativos especificamente ao regime

estatutário, neste caso, a competência é da Justiça comum (nos demais a competência é da

Justiça do Trabalho). Tal situação é referendada pelo posicionamento do STF em medida

cautelar na ADIN 3.395 através Min. Cézar Peluso, que ao interpretar o inciso I do art. 114 da

CF/88 excluiu da competência da Justiça do Trabalho as causas envolvendo entidades do

Direito Público e seus respectivos servidores, submetidos a regime estatutário.

De igual modo, temos os casos de honorários advocatícios em que o advogado atua como

profissional autônomo, neles é possível surgir relação de emprego ou consumo, sendo que

este último se encontra fora da competência da Justiça do Trabalho. Desta feita, há de se

analisar se o tomador do serviço é destinatário final, em caso afirmativo haverá relação de

consumo. De maneira geral, se o cliente for empresa, utilizando o serviço de forma habitual e

para realizar seus negócios em face de terceiro, há relação de emprego; por outro lado,

quando o cliente é pessoa física e destinatário final, sem a habitualidade, está caracterizado a

relação de consumo, sendo incompetente Justiça do trabalho.