resumo do capítulo 9 da obra jesus de nazaré vol. 3

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Page 1: Resumo do capítulo 9 da obra jesus de nazaré vol. 3

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FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM

CURSO DE TEOLOGIA

JAVÉ DE OLIVEIRA SILVA

RESUMO DO CAPÍTULO 9 DA OBRA JESUS DE NAZARÉ VOL. 3

ANANINDEUA / PA

2017

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JAVÉ DE OLIVEIRA SILVA

RESUMO DO CAPÍTULO 9 DA OBRA JESUS DE NAZARÉ VOL. 3

Trabalho apresentado a Faculdade

Católica de Belém como requisito

avaliativo da disciplina Cristologia,

orientado pela Prof. João Paulo Dantas.

ANANINDEUA / PA

2017

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Resumo do capítulo 9 da obra Jesus de Nazaré vol. 3: A Ressurreição de Jesus da morte

A Ressurreição de Jesus: de que se trata?

A fé cristã tem como fundamento a ressurreição de Cristo, retirar este dado é

extinguir tudo aquilo que foi construído pelo cristianismo ao longo da história, é uma fé vã,

como fala o Apóstolo Paulo (cf. 1 Cor 15, 14). É possível olhar a caminhada do povo no

antigo testamento, a tradição cristã e constatar as ideias sobre Deus, Sua manifestação ao

longo da história, mas sem a ressurreição a fé é morta, principalmente quando se ressalta

exacerbadamente a natureza humana de Jesus. Assim é como se fosse posto uma venda que

impede ou parcialmente ajuda a compreender o ocorrido na descrição daqueles que foram ao

sepulcro e o encontraram vazio.

Muitas análises sobre a vida de Jesus ocorrem a partir do ponto de vista histórico,

uma investigação puramente científica buscando entender o que realmente ocorrera no

sepulcro, mas isso desencadeia uma série de perguntas. Um dos primeiros pontos a ser

considerado pela ciência é que ocorreu a reanimação miraculosa de um cadáver, como

semelhantes a outro narrado nos evangelhos, por exemplo, a ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11,

1-44), o qual voltou a viver um pouco mais até que a partida definitiva lhe encontrasse. Dessa

forma, se assim fosse, o evento da ressurreição não teria tamanha relevância.

No entanto, colhendo os testemunhos neotestamentários constatamos a importância e

o destaque da ressurreição, pois “foi à evasão para um gênero de vida totalmente novo, para

uma vida já não sujeita à lei do morrer e do transformar-se, mas situada para, além disso: uma

vida que inaugurou uma nova dimensão de ser homem” (p. 219). A importância é mais ainda

ressaltada por Paulo quando se ler a primeira Carta aos Coríntios (15, 16.20) onde ele afirma:

“se de fato, os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. (...) Mas não, Cristo

ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram”. Dessa forma a ressurreição de

Jesus é um acontecimento universal, logo entendendo por este ponto de vista é que será

possível compreender os fatos narrado no Novo Testamento que querem destacar a vida nova

pregada por Ele.

Outro ponto a se destacar é sobre os testemunhos daqueles a quem Cristo se

manifestou após a ressurreição, pois num mundo onde atualmente o racionalismo científico

impera, um saber fragmentado que “frequentemente leva a perder o sentido da totalidade”1, é

válido acreditar em pessoas simples, em sua maioria sem grande ou nenhuma formação

1 . Papa Francisco, Carta enc. Laudato Si’, n° 110.

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acadêmica? É como se fosse laçada na terra uma minúscula semente, como um grão de

mostarda, a menor de todas as sementes (cf. Mt 13, 31-32) a qual aparentemente não terá

nenhuma notoriedade, mas dentro desta semente há uma potencialidade que irá provar o

contrário. Sendo assim, aquelas simples pessoas, envolvidas por este grande acontecimento,

com os seus testemunhos foram capazes de fomentar no mundo a crença no Cristo

ressuscitado.

Os dois tipos diversos de testemunho da ressurreição

É inegável a importância dos testemunhos da ressurreição, pois eles ajudaram a

conhecer e aceitar este ápice da fé cristã, isto porque “crer implica uma pluralidade de

horizontes que englobam a dimensão gnosiológica e comportamental [por ser] uma categoria

complexa que só pode ser compreendida somente em sua totalidade e não por meio de uma só

virtude” (FISICHELLA, 2000, p. 93). É neste intuito que se designa “os testemunhos em

forma de profissão de fé e tradição em forma de narração” (BENTO XVI, 2011, p. 223).

Há diversas passagens que são conhecidas como testemunhas da ressurreição de

Jesus, dentre elas está às narrações evangélicas das experiências pascais como a contida em

Lucas no capítulo 24. Além deste exemplo evangélico, Paulo também apresenta seu

testemunho em forma de profissão de fé na Epistola aos Romanos, capítulo 10, e no capítulo

15 da Primeira Carta aos Coríntios. Deste infere-se que “são componentes fundamentais

desses textos a convicção do fato da ressurreição, a nova qualificação de Deus (aquele que

ressuscitou Jesus da morte), a nova qualificação de Cristo (o ressuscitado, agora vivo na

glória do Pai)” (LATOURELLE; O’COLLINS, 1993, p. 238). Os aspectos a serem destacados

das citações bíblicas listadas acima são:

Na narração dos discípulos de Emaús – Lucas 24, de modo especial no versículo

34 – está presente “próprio acontecido e a testemunha que é a sua garantia”;

Em Romanos 10, 9, dividido em duas partes o dado pode ser constatado: a

evocação da divindade de Jesus quando afirma que Ele “é o Senhor” e o da o que fato

ocorrido: “Deus O ressuscitou dos mortos”;

E na 1 Cor 15, são encontrados diversos elementos a respeito da ressurreição.

Paulo se coloca como um transmissor fiel da verdade que recebeu, logo garantindo um dando

histórico antiquíssimo da tradição, principalmente por ser uma experiência pessoal com o

Ressuscitado (vv. 8-11) este é um fator que o ajudará a se sentir legitimado para a missão. O

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versículo 14 resume o pensamento paulino: “se Cristo não ressuscitou, logo a nossa pregação

é inútil e a vossa fé também é inútil”.

A profissão de fé verdadeira proferida por Paulo na Primeira Carta aos Coríntios,

iniciada no versículo 3, do capítulo 15, requer uma atenção especial, dela cabe destacar alguns

fatores muito importante, são eles:

A morte de Jesus: no dado “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as

Escrituras” (v. 3) está presente a informação de Cristo como o cumprimento da “Escritura”, e

sua morte não foi uma evento ao acaso, além do mais a morte está inserida num contexto do

serviço de expiação;

A questão do sepulcro vazio: Paulo não escreve com estas palavras, mas é

possível fazer tal inferência a partir da expressão “foi sepultado” (v.4), no entanto tomando os

escritos evangélicos é possível confirmar isto. É bem óbvio que o fato do sepulcro está vazio

no primeiro momento não significa que ele ressuscitou, mas surge a pergunta, dentre muitas

outras, se Jesus está no sepulcro, pode ter ressuscitado? Em lugares como Jerusalém, não seria

possível o anúncio da ressurreição se o sepulcro estivesse vazio, uma vez que no ciclo de vida

do homem o processo comum após a falência do corpo é a decomposição, mas não estando lá

significa que n’Ele a vida venceu a morte. O anúncio da ressurreição dar-se-á pela primeira

vez por Pedro durante o evento do Pentecoste, onde o Apóstolo vale-se das palavras do Salmo

16, na versão grega, para transmitir o fato, da mesma forma como confirmar aquilo que diz a

Escritura. Assim sendo, o objetivo de conferir a Pedro o mérito de ser o primeiro a anunciar o

ressuscitado visa conferir ao anúncio sua origem.

O terceiro dia: longe de se restringir a um significado teológico o terceiro dia

carrega consigo outros fatos que conferem ao dia uma relevância e principalmente por ser o

dia da descoberta do sepulcro vazio, ou seja do encontro com o Senhor ressuscitado. Este está

presente desde o início das primeiras comunidades cristãs que se encontravam no primeiro dia

da semana para realizar a assembleia e o culto.

As testemunhas: Este ponto objetivando destacar o protagonismo humano das

experiências pascais apresenta uma pequena lista de testemunhas (vv. 6-8). Os primeiros a

serem listados por Paulo são Cefas e posteriormente os Doze (v. 6) para confirmar o primado

de Pedro sobre a Igreja. “Assim, a narração da ressurreição torna-se por si mesma

eclesiologia: o encontro com o Senhor ressuscitado é missão e dá a Igreja nascente a sua

forma” (BENTO XVI, 2011, p. 233).

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De uma forma bem objetiva a profissão de fé apresenta a comunidade as formulas

das normativas da fé do cristianismo, porém nas narrações das aparições do Ressuscitado está

o reflexo de diversas tradições “e, localmente, distribuídas entre Jerusalém e a Galileia”

(ibidem), são diferenças perceptíveis nos quatro evangelhos, porém não se encontra em

nenhuma narrativa como aconteceu o processo da ressurreição de Jesus, isso porque se

desenrolou no segredo de Deus, incompressível aos homens, até mesmo por conta da natureza

do evento, daí algumas reações inadequadas às aparições de Jesus: surpresa, temor, dúvida e

incredulidade.

É importante destacar uma problemática encontra no Evangelho segundo Marcos que

em seu último capítulo, o 16, encerra com a ressurreição, porém há um interrupção na

narração dos fatos no versículo 8. O papa Bento XVI (2011, p. 234) afirma: “o motivo por

que o nosso texto rompe aqui, não o sabemos” e conclui sobre o problema dizendo “temos de

deixá-lo sem explicação”, no entanto a ordem dos fatos é deixada bem esclarecida quando se

pressupõe a conclusão deste evangelho (Mc 16, 9-20) “a descoberta do sepulcro vazio pelas

mulheres, o anúncio da ressurreição, o conhecimento das aparições a Pedro e aos Doze”

(ibidem, p. 235).

Outra questão a ser levantada é quem foram os primeiros destinatários das aparições,

ou melhor, àqueles que Ele apareceu inicialmente. Há possibilidade de levarmos em

consideração duas possibilidades: a tradição em forma de profissão de fé ou a tradição em

forma de narração. Na primeira possibilidade as testemunhas são “pessoas que já tinham

vivido com ele e nele creem, e, em especial, por que é o grupo apostólico qualificado a

testemunha de sua aparição final” (LATOURELLE; O’COLLINS, 1993, p. 250), acima de

tudo está ligada a tradição judaica, onde o testemunho da mulher não é confiável. Já na

segunda possibilidade não está presa à tradição judaica e por isso as narrações transmitem o

fato tal como ocorrido.

Ainda sobre a tradição em forma de narração é relevante destacar os seguintes

pontos, a partir da interrogação de como será a forma do homem ressuscitado:

As aparições de Jesus a Paulo: nos Atos dos Apóstolos estão contidos três relatos

sobre a conversão de Paulo. Em ambas há alguns elementos comuns e surgem juntos, são

eles: A luz e a palavra. Lembrando o episódio da Transfiguração a luz brilhante lembra que “o

Ressuscitado é simplesmente luz, e depois a palavra, na qual Jesus Se identifica com a Igreja

perseguida e, ao mesmo tempo, confia a Saulo uma missão” (BENTO XVI, 2011, p. 237).

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As aparições de Jesus nos Evangelhos: estas surgem de um modo bem

diversificado em todos os evangelistas, porém o Senhor aparece como um homem, mas não

simplesmente um homem que voltou a ser como era antes da morte. No entanto, o

reconhecimento não acontece de modo imediato é necessário haver uma mediação para que

isso ocorra, em várias aparições se repete o fato, por exemplo em Emaús (Lc 21, 13-35), junto

ao mar de Tiberiades (Jo 21, 1-23), a Maria Madalena (Jo 20, 11-18).

Estas narrações “contrapõem a Jesus, que toma a iniciativa, um momento negativo de

resposta, sobretudo interior, por parte dos interlocutores” (LATOURELLE; O’COLLINS,

1993, p. 251), nos dois primeiros casos citado anteriormente Jesus realiza determinados

gestos e profere palavras já conhecidas por aqueles que estavam mais próximos, criando “uma

intima comunhão com seus interlocutores” (ibidem). Também se destacam as modalidades de

aparições seguida do desaparecimento do meio deles, todas confirmam que Ele é o mesmo,

mas também o Novo.

Ao longo do tempo Sempre voltam as questões da veracidade dos fatos bíblicos, se

tudo que está escrito possui um fim apologético da fé, a ponto de afirmarem que a

ressurreição é um fato inventado, mas se de fato fosse logo se haveria um reconhecimento

imediato, além de demonstrar um poder particular por está ressuscitado.

Podem ajudar a compreender estes fenômenos das aparições alguns fatos análogos

ocorridos no Antigo Testamento como a aparição de Deus a Abraão junto ao carvalho de

Mambré (Gn18, 1-33), o aparecimento a Josué de um homem segurando uma espada (Js 5,

13-15), Gedeão (Jz 6, 11-24), mas o fato da ressurreição de Jesus, tem que considera-Lo

como verdadeiramente Homem.

Após apresentar os fatos históricos sobre a ressurreição, cabe perguntar: Ela é um

fato somente histórico? Ao certo, acontece dentro da história, mas vai além, transcendendo a

história, assim sendo é inaugurada a dimensão escatológica. Outra questão também se

apresenta: Porque Deus se revela sempre aos pequeninos, quase sem importância? Deus

sempre age de modo suave, Paulo diz: “o que é fraqueza no mundo, Deus escolheu para

confundir o que é forte” (1 Cor 1, 27).

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BENTO XVI, Papa. Jesus de Nazaré: da Entrada de Jerusalém até a Ressurreição. São

Paulo, SP: Planeta do Brasil, 2011.

FISICHELLA, Rino. Introdução à Teologia Fundamental. São Paulo, SP: Loyola, 2000.

LATOURELLE, René; O’COLLINS, Gerald. Problemas e Perspectiva de Teologia

Fundamental. São Paulo, SP: Loyola, 1993.