resumo – linguÍstica (martelotta, 2008, p. 15-30)

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA LINGUAGEM LINGUÍSTICA XIX CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO PROFESSORA: SILVIA MARIA DE SOUZA ALUNO: ANDRE LUIZ CORDEIRO DE ARAUJO RESUMO DO TEXTO 2 – LINGUÍSTICA (MARTELOTTA, 2008, P. 15-30)

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Page 1: RESUMO – LINGUÍSTICA (MARTELOTTA, 2008, P. 15-30)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE LETRAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA LINGUAGEM

LINGUÍSTICA XIX

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

PROFESSORA: SILVIA MARIA DE SOUZA

ALUNO: ANDRE LUIZ CORDEIRO DE ARAUJO

RESUMO DO TEXTO 2 – LINGUÍSTICA (MARTELOTTA, 2008, P. 15-30)

NITERÓI - 2012

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Linguística

A linguística, disciplina que estuda cientificamente a linguagem, entende esta como uma habilidade que apenas os seres humanos possuem e que se distingue da língua natural, a qual se caracteriza como um sistema de signos vocais utilizado como meio de comunicação. Ao linguista interessa estudar os processos através dos quais as várias línguas refletem aspectos universais essencialmente humanos.

Pode-se apontar, como características da linguagem, a exigência de uma técnica articulatória complexa, demandando movimentos corporais para a produção dos vários sons com funções bem definidas no sistema da língua, implicando um domínio de um conjunto de procedimentos bastante complexos; uma base neurobiológica utilizada na comunicação verbal; uma base cognitiva, associada à base neurobiológica, para reger as relações entre o homem e o mundo biossocial, podendo ser chamada de “funcionamento mental”, e que permite ao homem a compreensão da realidade que o cerca, armazenando na memória as informações processadas e que permite ainda a transmissão destas aos seus semelhantes pela comunicação; uma base sociocultural, fundamental para a vida em sociedade e que relaciona a linguagem à maneira como o homem interage com seus semelhantes nos vários contextos dos grupos aos quais se insere; e uma base comunicativa que fornece os dados que regulam a interação entre os falantes.

A linguística é considerada um estudo científico, em que o linguista sistematiza suas observações sobre a linguagem, relacionando-as a uma teoria linguística construída para esse propósito, a partir da qual se criam métodos para a descrição das línguas. Alguns dos requisitos que a caracteriza como uma ciência são: (1) possui um objeto de estudo próprio, a capacidade da linguagem; (2) tende a ser empírica, e não especulativa, baseando suas descobertas em métodos rígidos de observação; (3) tem uma atitude não preconceituosa em relação aos diferentes usos da língua, tornando-a descritiva e analítica, não prescritiva. Todas as línguas e suas variações são de interesse da linguística, para a construção de uma teoria geral sobre a linguagem, e há especial interesse pela fala por ser por este meio que a linguagem se manifesta de modo mais natural.

Apesar de já ter sido subordinada, por exemplo, à Filosofia, a linguística tem autonomia em relação às outras ciências, o que não a impede de ter estreitas relações com estas: relações de interface, pois há pontos de interseção com outras ciências; e relação de proximidade ou semelhança de seu objeto de estudo, mas diferindo na concepção da natureza deste objeto, do foco, dos objetivos e dos métodos adotados.

E é assim que a linguística se distingue da semiologia, pois esta se interessa não só pela linguagem verbal, mas por todas as formas de linguagem. Ela também se distingue da filologia, pois esta é eminentemente histórica, ocupando-se do estudo de civilizações passadas através da observação dos textos escritos deixados por elas, para interpretá-los, comentá-los, fixá-los e esclarecer o processo de transmissão textual, e pode ser considerada até um estudo da evolução das línguas.

A linguística também se diferencia da gramática tradicional, a qual tem suas raízes na filosofia, que buscava estabelecer uma relação entre linguagem e lógica e sistematizar as leis de elaboração do raciocínio, tendo, portanto, uma orientação normativa para instituir o uso correto da língua. A linguística descreve a língua, mas não prescreve regras de uso para elas, mas reconhece que estas regras são dotadas de imposição sócio-político-cultural que destoa muitas vezes de outras formas de falar e que não são consideradas pela linguística como correta ou errada, enquanto o são para a gramática (embora a linguística considere uma fala adequada ou não ao contexto em que é usada). À linguística cabe observar, sem preconceitos, todas as formas de expressão a fim de compreender a natureza da linguagem, o que também não exclui a importância que a linguística reconhece da norma

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padrão para o ensino de uma língua, cujo aprendizado ou não tem implicações importantes no desenvolvimento sociocultural dos indivíduos.

Esta diferença entre gramática e linguística está relacionada ao fato de que esta considera como primária a língua falada, enquanto aquela, a língua escrita. Isto porque o homem começa a falar antes de aprender a escrever. Aliás, houve época em que não havia a escrita e ainda hoje há sociedades cujas línguas ainda não têm uma escrita (línguas ágrafas).

Por possuir várias orientações teóricas em competição, a linguística oferece muitas opções para a pesquisa aplicada e para a resolução de questões práticas, cotidianas, que envolvem a linguagem, ganhando o termo de linguística aplicada, a qual tem especial atuação voltada para o ensino de línguas, especialmente as estrangeiras, buscando subsídios de teorias da linguagem de vários outros campos do conhecimento (filosofia, antropologia, psicologia, etc.), tendo, portanto, uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar para a solução de problemas associados à linguagem. A linguística aplicada está, portanto, relacionada a tarefas, orientada para problemas, centrada em projetos e guiada para a demanda.

Para tanto, há duas questões que linguística se deve fazer: que parte da linguística pode ser utilizada nos problemas baseados na linguagem? E, que tipo de problemas podem ser resolvidos através da mediação da linguística aplicada? Pode-se dizer que todas as áreas da linguística contribuem para a linguística aplicada (fonologia, sintaxe, semântica, etc.) no auxílio da resolução dos problemas de comunicação de um modo geral, sejam eles entre indivíduos, comunidades ou nações, tais como no ensino/aprendizado da língua na alfabetização, letramento e língua estrangeira, elaborando testes e material educacional de língua. A linguística aplicada atua ativamente em quatro áreas: (1) política e planejamento linguísticos; (2) Usos profissionais da linguagem; (3) comportamento linguístico desviante e (4) bilinguismo, multilinguismo e multiculturalismo, e intervém nos modelos teóricos e nos praticantes, numa via de mão dupla. Esta relação entre linguística e linguística aplicada é simbiótica e uma contribui para a outra.

Ainda no campo do ensino de línguas, onde há uma proteção ou defesa da linguagem correta, a linguística aplicada traz informações linguísticas para os professores, contribuindo para definir tanto o que será ensinado em sala de aula quanto o modo como será ensinado. Mas o escopo de atuação da linguística não se restringe ao ensino de línguas ou mesmo à linguística aplicada, pois outras áreas utilizam as descobertas da linguística para fins práticos. Sua contribuição tem auxiliado na formação e no trabalho de profissionais da saúde para a reabilitação de pacientes com problemas de fala e contribuído para ampliar o campo de conhecimento de psicolinguistas e neurolinguistas. Sua atuação alcança inclusive contextos forenses, no auxílio da análise de conversações e no auxílio aos advogados para apresentarem seus discursos de forma eficaz e também na compreensão e interpretação das várias falas e audições dos vários personagens pertencentes a este universo. A área das telecomunicações é outro exemplo da atuação da linguística, que contribui com a fonética para aumentar o número de conversações em um único circuito de telefone.

Em fim, a linguística tem contribuído para o desenvolvimento da inteligência artificial, a tradução automática e o desenvolvimento de softwares capazes de traduzir a fala humana em escrita e vice-versa e também em vários outros domínios.