resumodireito internacional aula 11

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    Palavras sob re a nacion alidade da pess oa jurdic a no exterior

    A nacionalidade das pessoas jurdicas tpico de Direito InternacionalPrivado, no qual se assentam as premissas de reconhecimento bsico,originrio e universal da personalidade pelo Estado, ao qual ser ligada.

    Houve controvrsias na doutrina quanto possibilidade de atribuio denacionalidade pessoa jurdica, eis que as razes sociais e histricas doinstituto da nacionalidade tendem a apontar apenas o ser humano como seutitular. Afinal, a definio clssica da nacionalidade como o vnculo jurdico-poltico de direito interno, que faz da pessoa um dos elementos componentesda dimenso pessoal do Estado leva a essa abordagem.

    Os critrios para atribuio da nacionalidade so: o da autonomia davontade, o da teoria da autorizao, o do lugar da constituio, o danacionalidade dos scios e acionistas, o da sede ou domiclio social e o docentro da explorao. Entretanto, o exame comparativo da jurisprudnciademonstra que nunca os critrios foram utilizados em estado puro, havendo,

    em geral, a adoo de um critrio principal, suplementado por outro.O critrio do controle surge como exceo regra de atribuio da

    nacionalidade s pessoas jurdicas. A nacionalidade da pessoa jurdicasegundo o critrio do controle determinada em funo dos interessesnacionais que a animam, e este critrio se caracteriza principalmente pelanacionalidade dos detentores do capital da sociedade.

    No Brasil, o reconhecimento das pessoas jurdicas estrangeiras disciplinado no artigo 11 da Lei de Introduo ao Cdigo Civil, que consagra ocritrio da constituio e a questo da autorizao para funcionamento desociedade estrangeira no Brasil prevista no par. 1 do mesmo artigo.

    A conceituao da empresa brasileira, que exige a constituio e a sedesocial no Brasil disciplinada na lei societria dentre os critrios doutrinrios deatribuio da nacionalidade brasileira, adotamos uma dupla exigncia: o dolocal da constituio, citado acima, conjugado ao da sede, nos termos dosartigos. pertinentes do D.L. 2.627 mantidos pelo artigo 300 da Lei 6404/76 queversa sobre as Sociedades Annimas. Tambm o Cdigo Civil, em seu artigo1.126, manteve a mesma orientao.

    Podemos constatar que o direito societrio brasileiro no enfrentou aquesto nas reformas societrias mais recentes, prevalecendo o mesmosistema consagrado pelo legislador societrio de 1.940.

    Quando as sociedades comerciais extrapolam o mbito de uma

    jurisdio epassam a atuar em escala global, mesclando-se critrios e pontosde conexo com diversos ordenamentos jurdicos, passamos a verificar oprocesso de internacionalizao de empresas denominadas transnacionais.Essas sociedades j so consideradas sujeitos de direito internacional, comnormas de DIP a elas dirigidas, possuindo direitos e deveres na ordem jurdicainternacional, o que no se confunde com a plena capacidade de agir.

    As transnacionais possuem as seguintes caractersticas: ser uma grandeempresa com enorme potencial financeiro; ter um patrimnio cientfico-tecnolgico; dispor de administrao internacionalizada; possuir unidadeeconmica e diversidade jurdica, atravs de subsidirias ou filiais que tmdiferentes nacionalidades.

    Do ponto de vista jurdico, como cada transnacional estar sujeita adiversas jurisdies nacionais, com a concesso de direitos, expectativa de

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    lealdade e deveres de proteo diplomtica diversos. Isso faz com que essasempresas possuam um carter anmalo, seja quanto legitimidade do podereconmico e da explorao de determinado setor da economia de umdeterminado Estado, seja quanto responsabilidade pelos seus atos.

    A abordagem da competncia dos Estados quanto concesso de

    nacionalidade s pessoas jurdicas, com a adoo primordial do critrio do localda constituio da sociedade ou da sede era, principalmente em pocas deguerra, substituda pela considerao da nacionalidade segundo anacionalidade do grupo majoritrio que exerce o controle acionrio da empresa.Nesse prisma, a nacionalidade dos acionistas ou do grupo dominante quedetermina a nacionalidade e a lei aplicvel empresa transnacional.

    Os lucros do investimento podem ser reinvestidos no exterior ouremetidos para a matriz, para distribuio aos acionistas, tudo de acordo com adeciso da empresa. Ento surge um confronto de interesses difcil de sersolucionado. De um lado o Estado hospedeiro, atado ao princpio da jurisdioterritorial e s limitaes dele decorrentes, sem poder interferir nas decises

    das matrizes.

    PESSOA JURDICA BRASILEIRA

    Pessoa Jurdica " um sujeito coletivo de direito e reconhecido pelo Estado...

    Existem na ordem jurdica internacional sujeitos de direito das gentes, pessoas

    jurdicas supraestatais, s quais no se pode atribuir nacionalidade como a

    Santa S, a Organizao das Naes Unidas, Organizao dos Estados

    Americanos, Unidade Europia e tantas outras cuja personalidade e respectivo

    reconhecimento no da competncia de qualquer legislao Estatal.

    No Direito Internacional Privado constata-se a necessidade de saber qual o

    direito aplicvel para o reconhecimento, constituio e funcionamento da

    pessoa jurdica e nesse aspecto vrios parmetros so aferidos.

    Critrios Gerais e Especiais

    Objetivando determinar qual a lei nacional da pessoa jurdica, vrios so as

    solues encontradas respaldadas nas seguintes averiguaes gerais de

    nacionalidade:

    a)do pas onde foi criada e autorizada a sociedade;

    b)dos scios;

    c)dos diretores e gerentes;

    d)do lugar onde foi subscrito o capital social;

    e) do lugar de constituio;

    f) do lugar de explorao;

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    g)determinada pelo domiclio social;

    h)do local da direo efetiva dos negcios sociais;

    i) de escolha voluntria nos contratos.

    Alm desses critrios, cada Estado intervm, nesta atividade movido pela

    ordem pblica, por razes polticas e econmicas.

    Controle do Capital e Controle Administrativo

    Segundo o critrio do Controle do Capital, a nacionalidade da pessoa jurdica

    determinada pela nacionalidade dos detentores da maioria do capital da

    sociedade.

    O critrio do controle quase no mais utilizado para aferir a nacionalidade,

    mas a ele se tem recorrido para negar certos direitos a sociedadeestabelecidas no pas que, por estarem sob controle de estrangeiros, no

    devem ter reconhecida a condio de sociedade nacional para determinadas

    atividades e para certos privilgios.

    A Constituio de 1988 dispunha no artigo 171, antes de revogado o dispositivo

    pela Emenda Constitucional no 6 de 15 de agosto de 1995:

    "So consideradas:

    I - empresa brasileira a constituda sob as leis brasileiras o que tenha sua sede

    e administrao no pas;

    lI - empresa brasileira de capital nacional aquela cujo controle efetivo esteja em

    carter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas fsicas

    domiciliadas e residentes no pas ou de entidade de direito pblico interno,

    entendendo-se por controle efetivo da empresa a titularidade da maioria do seu

    capital votante e o exerccio, de fato e de direito, do poder decisrio para gerir

    suas atividades."

    Verifica-se influncia desta corrente na Constituinte de 1988 pelo texto acima e

    que foi debelada pela Emenda Constitucional de 1995.

    O Critrio do Controle Administrativo segue a teoria de que a personalidade e

    a capacidade da pessoa jurdica se afirmam atravs de suas atividades

    jurdicas, ligando-as ao pas de sua sede social. Esta pode ser entendida como

    a sede estatutria, mas, por, encerrar neste aspecto possibilidade de fraude em

    virtude da simples alterao do Estatuto, entende-se que a mudana concreta

    da sede social acarretar a mudana da nacionalidade da pessoa jurdica.

    Prevalece este critrio na maioria dos pases da Europa continental que

    seguem a lio de S. Petrn: "a aquisio da nacionalidade de um Estado por

    uma sociedade constituda de conformidade lei interna, ainda submetida

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    dever submeter seus atos constitutivos as nossas autoridades, ficando sujeita

    lei brasileira no que tange ao seu funcionamento em nosso pais.

    Nossa legislao contm, portanto, uma norma de Direito internacional Privado

    que consiste no artigo 11 da Lei de Introduo ao Cdigo Civil para definir a

    nacionalidade de uma pessoa jurdica que ser inglesa, francesa ou italianadependendo do pas em que tiver sido constituda e outra norma de direito

    interno, calcada no regra do artigo 60 da Lei das S.A. para todas as sociedades

    comerciais brasileiras que devero atender aos requisitos enunciados no artigo

    60, quais sejam, serem organizados na conformidade da lei brasileira e ter no

    nosso pas a sede de sua administrao.

    Jurisprudncia Brasileira

    Participao de sociedade estrangeira em sociedade brasileira

    O Supremo Tribunal Federal decidiu em audincia pblica de 7 de outubro de

    1936, no Mandado de Segurana nmero 283, que, "s se exige das

    sociedades estrangeiras que obtenham autorizao do governo para funcionar

    na Repblica; no funcionar na Repblica adquirir aes ou cotas de uma

    sociedade brasileira, seja em que quantidade for, e exercer como acionista ou

    cotista, os direitos de scio, que no se confundem com o exerccio do negcio

    que faz objeto da sociedade, pessoa jurdica distinta da dos scios. Esta que

    exerce a firma, a pessoa moral da sociedade, no os scios pessoalmente,

    sejam eles pessoas fsicas, sejam pessoas jurdicas nada importa. Assim

    quem funciona no Brasil a firma C. Fuerst e Cia Ltda., a requerente

    (sociedade brasileira que no carece de autorizao), no a simples scia

    desta firma - a sociedade annima argentina".Com base nesta fundamentao

    a Suprema Corte concedeu o Mandado de Segurana que visava arquivar o

    contrato social no Ministrio do Trabalho, independentemente de autorizao

    governamental.

    Empresas de Minerao

    Julgando recurso do Mandado de Segurana nmero 11.189, a Suprema

    Corte Brasileira decidiu em 1963, por maioria de votos que as sociedades de

    minerais de que participem estrangeiros podem funcionar no Brasil.

    O julgamento de Corte de Justia Internacional, no caso Barcelona

    TractionCompany, foi no sentido de que acionistas de uma empresa no

    podem pretender proteo diplomtica quando a respectiva empresa foi

    constituda em outro pas. A Constituio de 1988, artigo 176, 1o,

    restabeleceu o regime da Carta de 1937 - s brasileiros e empresas brasileiras

    de capital nacional podero receber concesso para pesquisar e lavrar

    recursos minerais restrio esta que teve curta durao, pois que revogada

    pela Emenda Constitucional nmero 6, de 15 de agosto de 1995, pela qual a

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    redao do aludido pargrafo ficou sendo "brasileiros ou empresa constituda

    sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administrao no Pas..."

    voltando praticamente regra da Constituio de 1969, artigo 168, 1o, que

    rezava "dadas exclusivamente a brasileiros ou a sociedades organizadasno

    Pas".