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Resumos das comunicações e posters em língua portuguesa e espanhola
11 de Abril, Quarta-feira, (FCSH-UNL , Lisboa)
Conferência Inaugural
Maria Angeles Gutiérrez Behemerid (Facultad de Filosofia y Letras/Universidad de
Valladolid)
El análisis estilístico como fuente de información para el estudio de la
decoración arquitectónica: un ejemplo cluniense
La decoración arquitectónica constituye un elemento de primer orden a la hora
de verificar el grado de romanización de un territorio. El deseo de emular a la Urbs
hará que muy pronto se difundan y se copien sus programas monumentales, incluso
hasta los detalles mas singulares de la ornamentación de sus edificios. El análisis
estilístico de los restos arquitectónicos permite, además de su integración cronológica
y estilística en las corrientes artísticas del imperio, restituir, en última instancia, no solo
el edificio del que pudieron formar parte sino también su contexto histórico original. El
Templo del Foro de la ciudad romana de Clunia servirá como ejemplo ilustrativo.
Palabras clave: Método estilístico, Decoración arquitectónica, Época
romana
Abordagens e Metodologias
Joana Cunha Leal (IHA/FCSH-UNL)
A história da arte da antiguidade na construção da história da arte (de Riegl a Gombrich, com uma pequena nota sobre Winckelmann)
Maria Filomena Molder (IFL/FCSH-UNL)
Do fogo oferecido ao maior prodígio: o enigma humano entre os Gregos
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Paulo Varela Gomes (Dep. De Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), CHAM A "sobrevivência" do Arco de Triunfo romano na Índia sob domínio europeu
A comunicação discute a mudança de forma e funções do Arco de Triunfo
romano no quadro do domínio e das ideologias imperiais europeias na
Índia, abordando um monumento construído pelos portugueses em Velha
Goa e alguns monumentos ingleses em Calcutá, Bombaim e Nova Deli.
Metodologicamente, a discussão assenta no conceito Warburguiano de
"sobrevivência" (nachleben), examinando um aspecto da "sobrevivência"
de um motivo da Antiguidade em situações modernas e geografias muito
particulares.
Maria Helena Trindade Lopes (IO/FCSH-UNL)
De Picasso a Paula Rego: uma viagem pelo imaginário artístico no Antigo
Egipto
A pintura egípcia é uma arte anónima, sujeita a canônes
rigorosos, que a tornam, naturalmente, reconhecível. Uma
alteração no cânone, como aconteceu no período de Amarna,
obriga, necessariamente, a um exagero na representação das
formas. A força e a “modernidade” desta arte
tornaram-na num “arquétipo” e num património estudado e
usado por alguns dos maiores pintores da contemporaneidade: Gaugin, Picasso e Jean-
Michel Basquiat, entre outros.
Palavras-chave: Imaginário Artístico; Egipto
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Leonor Santa Bárbara (CHC/DEP FCSH-UNL)
Eros e as suas representações
De entre as divindades gregas, Eros é uma das que mais representações teve ao
longo das épocas; e também das mais antigas. Se na literatura, o deus é referido pela
primeira vez em Hesíodo, já as representações na arte são anteriores. Além disso,
trata-se de uma divindade fruto de múltiplas representações: jovem que acompanha
Afrodite; criança que brinca com Ganimedes no Olimpo; criança travessa que todos
atormenta com as suas flechas; jovem apaixonado por Psique; criança que ajuda
agricultores e pastores; criança que doma animais como leões ou golfinhos. Na
Antiguidade, encontramo-lo representado tanto na escultura, como na pintura ou em
jóias. Nas épocas posteriores, encontramos deles muitas outras representações: para
além de esculturas e pinturas, ainda o encontramos em tapeçarias renascentistas.
O objectivo desta comunicação é apresentar algumas das
representações de Eros na arte portuguesa, tentando perceber quais dos traços
usados entre os antigos Gregos se manifestam mais vivamente nas nossas obras de
arte e a razão da sua escolha.
Palavras-chave: Eros; Escultura; Pintura.
Maria do Rosário Laureano Santos (CHC/FCSH-UNL)
Itinerários romanos: percursos culturais perenes
O legado romano, em que todos nos reconhecemos, é directamente visível e sensível
não só na Europa ocidental, mas também em países que antigamente fizeram parte do
império romano. Entrelaçadas noutras mais recentes, as marcas culturais hoje
preservadas revelam raízes profundas, onde é possível distinguir a principal.
Reconhecer estas marcas e ligar os seus percursos culturais desde o início, permite-
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nos, ao mesmo tempo, conhecer as origens, compreender os nossos dias e conhecer-
nos a nós próprios. Com esta comunicação, é nosso objectivo recordar algumas destas
marcas culturais presentes na língua, na arte, e na cultura e estabelecer um diálogo
que se mantém vivaz desde há mais de dois milhares de anos.
Palavras-chave: Literatura latina; Cultura latina; Legado romano
Espaços, Materiais e Formas
Vasco Gil Mantas (CECH/FL, Universidade de Coimbra)
As Vias Romanas: Tecnologia e Paisagem Cultural
A Lusitânia contou com uma rede viária relativamente densa, embora de
tipologia diversificada, da qual ficaram vestígios suficientes para impressionar,
durante séculos, iletrados e eruditos. As vias romanas não se limitaram, todavia, a
constituir o suporte de um domínio, devendo ser consideradas como elemento
fundamental do processo romanizador, independentemente da sua tipologia mais ou
menos elaborada, representando por si mesmo o elemento determinante de uma
autêntica paisagem cultural. A estrada é, ela própria, um monumento essencial da
romanização, que exprime de forma visual através das estruturas que lhe pertencem
ou que se lhe associam, como através dos fluxos de ideias e de bens que a mobilidade
por ela tornada possível a uma escala nova garante. Assim, organizando a paisagem
física e política, a rede viária romana exerceu evidentes funções culturais, contribuindo
para o desenvolvimento gradual de uma sociedade luso-romana na qual, apesar das
vicissitudes históricas, ainda largamente nos reconhecemos. Para que assim fosse, as
grandes pontes foram tão importantes como as humildes estações viárias e o
mercador tão significativo como o peregrino que utilizava a estrada para ganhar este
ou aquele santuário ou o artista a caminho da execução de uma encomenda, algures.
Palavras chave: Vias; Romanização; Paisagem
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João Carriço (IHA/FCSH-UNL)
Pontes Romanas da Lusitania
Este estudo sobre pontes romanas, inserido no tema “Horizontes artísticos da
Lusitania”, está ordenado em três subtemas, cada um com um objectivo específico,
contribuindo, no final, para um todo, ou seja, para um melhor conhecimento e
compreensão dessas formas arquitectónicas, seus materiais de construção e do espaço
em que se inserem.
Primeiramente, numa breve Introdução, serão levantadas algumas questões de
ordem filosófica e estética à volta da recorrente questão de as pontes (romanas)
serem ou não obras merecedoras do estatuto de Arte.
Seguir-se-á uma breve abordagem ao estado da investigação pontifícia em
Portugal, dando conta das poucas e, na maior parte das vezes, sumárias referências a
estes vetustos monumentos.
No segundo subtema, será feita uma curta Análise estrutural e estética das
pontes romanas, assim como uma breve história da sua evolução (as primeiras
travessias a vau, em poldras, de barco, de jangada, em pontes de barcas, em pontes de
madeira e, por fim, nas primeiras pontes pétreas), inseparável da imperativa
necessidade de ligar, fazer comunicar dois pontos, a priori incomunicáveis devido aos
condicionalismos naturais sendo, neste sentido, inseparáveis das vias, existindo para
elas e por causa delas. Salientar-se-á o arco como o ponto fulcral, o elemento chave da
magnificência destas (quase) eternas e belas obras de Arte
Por último, na Classificação e datação de pontes romanas da Lusitania, segundo
os seus elementos arquitectónico/estéticos, serão dados exemplos das pontes
romanas mais representativas em território português (na sua maioria integrado na
antiga província romana da Lusitania), referindo-se outras que, não estando na
Lusitania, se situam em território português a norte do rio Douro (parte da antiga
Calaecia – actual Galiza portuguesa ou Galiza do sul – a qual, nos primeiros tempos de
reorganização urbanística, havia sido integrada por Augusto, na Lusitania).
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Será também avançada uma ordenação/classificação das pontes, por estilos
arquitectónicos (e, por consequência, a sua datação aproximada) segundo as técnicas
construtivas, a sua orthographia e a noção de grande harmonia dos seus elementos
(arcos, tímpanos, molduras, pegões, almofadados…).
Reflexão:
Reúnem as pontes romanas atributos suficientes para serem objecto de estudo
da História de Arte?
A difícil problemática da datação pontifícia.
Como salvar do abandono, pontes e restos de pontes romanas em Portugal?
Palavras-chave: Robustez, elegância, monumentalidade.
Francine Alves (IHA/FCSH-UNL)
A forma e o espaço e as orlas arquitectónicas no mosaico antigo
“O olhar não se esgota ...” quando foca, nos mosaicos antigos, as bordaduras
preenchidas com figuras arquitectónicas de traçado simples ou em oposição de cores,
porque é a essência da visão humana do Mundo que se plasma naquelas
representações.
Palavras-chave: Torre; Espaço; Dualismo
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Begoña Torras (IEM/FCSH-UNL)
A escultura arquitectónica nas fontes da Antiguidade Clássica e Tardia
Aquilo que na historiografia da arte é designado por escultura arquitectónica
abrange na realidade uma grande diversidade de manifestações artísticas que têm
adoptado diferente formas, funções e valores ao longo do tempo. A presente análise
foca-se em quatro autores da Antiguidade com o propósito de determinar o que eles
viam nesta forma de arte. Considera-se assim a obra de Vitrúvio (séc. I a.C.), Plínio, o
Velho (23-79 d.C.), Pausânias (c. 115-180 d.C.) e S. Isidoro de Sevilha (560-636 d.C.), à
procura de referências ao que hoje consideraríamos escultura arquitectónica. Não se
pretende, portanto, identificar nas fontes monumentos que possam ter chegado aos
nossos dias, mas antes tentar compreender a expressão, o propósito – didáctico,
comemorativo, decorativo - e o valor que cada época, desde a Antiguidade Clássica
grega e romana, até à Antiguidade Tardia, deu a este tipo de intervenção na
arquitectura.
Palavras-chave: Escultura arquitectónica; Autores da Antiguidade Clássica; Autores da Antiguidade Tardia
Edgar Fernandes (IAP-UNL/UAlg e CHC-UNL)
Os baptistérios do complexo religioso de Idanha-a-Velha
Esta comunicação pretende apresentar uma nova proposta de análise
relativa aos baptistérios e pias baptismais do complexo religioso de Idanha-a-Velha
(Idanha-a-Nova, Portugal) – designação neutra adoptada com vista a não discutir a
diacronia dos monumentos –, procurando entender a sua relação espacial e
cronológica com o templo e tentando, ao mesmo tempo, obter novos dados que
permitam compreender melhor a evolução daqueles edificados.
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Palavras-chave: Baptistérios; Idanha-a-Velha; Relações espaciais.
Formas e Iconografias
Teresa Caetano (IHA/FCSH-UNL)
Opera mvsiva: técnica, tessellarii, iconografia
Neste artigo iremos abordar algumas das problemáticas menos conhecidas e, por isso,
mais controversas em redor do fabrico do mosaico romano. Por conseguinte,
recordaremos os princípios construtivos constantes no tratado de Vitrúvio e a sua não
aplicação prática na maioria dos opera musiua conhecidos. Iremos igualmente referir o
fabrico do mosaico numa perspectiva de “proto-indústria”, assim como o estatuto
social dos tessellarii, a organização das oficinas e a difusão de “modelos”.
Palavras-chave: Mosaico, “Proto-indústria”, Tessellarii, oficinas, “modelos”
Maria de Fátima Abraços (IHA/FCSH-UNL)
Para a uniformização e normalização internacionais da descrição do mosaico
romano
Foi graças aos trabalhos de Henri Stern, o primeiro a lançar os fundamentos de
um Corpus científico dos mosaicos da Gália, em meados do século XX, e a fundar a
Associação Internacional para o Estudo do Mosaico Antigo (AIEMA), fazendo com que
os outros países iniciassem também os seus “Corpora Nacionais”, que o mosaico
antigo passou a ocupar um lugar nas Ciências Humanas, no cruzamento dos caminhos
entre a Arqueologia e a História da Arte.
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Depois de H. Stern, muitos têm sido os autores que têm trabalhado na
construção de instrumentos científicos para o rigor descritivo de um inventário
musivo, no lançamento de catálogos sobre as formas que constituem a decoração do
mosaico, tentando unificar e sistematizar o vocabulário aplicado a essas formas. O
nosso trabalho procurará reflectir sobre o contributo desses autores para a
uniformização e normalização internacionais da descrição do mosaico romano.
Palavras-chave: Mosaico, Descrição, Uniformização Maria de Jesus Duran Kremer (IHA/FCSH-UNL)
O Mosaico Romano em Portugal
Contribuição para uma análise motívica e estilística
O estudo do mosaico romano em determinada zona do Império Romano tem
forçosamente de levar em conta o facto de, na passagem do séc. I a.C para o séc. I
d.C., esta forma de decoração se ter generalizado fortemente em Itália, difundindo-se
progressivamente por todas as partes do Império. Um pouco por toda a parte surgiram
oficinas de mosaicistas, outras tornaram-se itinerantes e levaram o seu saber a
diferentes regiões, adaptando-se com frequência aos gostos dos proprietários da obra
a executar. Assim, também os mosaicos romanos encontrados até hoje em Portugal
espelham não só esta evolução na arte da decoração de pavimentos – ou paredes –
com mosaico, como também as influências artísticas vindas de outras regiões e a sua
regionalização.
Palavras-chave: Mosaico - Estilos – Influências
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Luís Campos Ribeiro (FCSH-UNL)
Os mosaicos de Santiago da Guarda: um olhar virtual
A villa tardo-romana de Santiago da Guarda localiza-se na povoação do mesmo nome,
pertencente ao concelho de Ansião e distrito de Leiria. Encontra-se sob o antigo Paço
dos Vasconcelos, uma construção doméstica quinhentista, resultante da reedificação
de estruturas mais antigas, pertencentes à linha de defesa a Sul do Mondego, durante
a Reconquista Cristã. Datada dos séculos IV e V, esta villa possui um vasto património
musivo, constituído por mosaicos policromos, com padrões geométricos e vegetalistas,
complexos e de cor exuberante.
O trabalho que apresentamos consiste no levantamento e reconstituição digital do
património musivo desta villa romana. Como se trata de composições
maioritariamente geométricas, com uma distribuição previsível dos motivos, tornou-se
possível recriar os segmentos de mosaico actualmente tapados ou já destruídos pelo
tempo. Obteve-se, desta forma, uma reconstituição idealizada dos mosaicos, que
procurou ser o mais fiel possível, tendo em conta os dados disponíveis. Os desenhos
mostram a cor e os padrões decorativos do mosaico na sua totalidade, devolvendo ao
observador todo o impacto visual destas peças. O objectivo é o estudo do impacto
visual e artístico dos mosaicos enquanto elemento essencial do decor da villa.
Esta recriação inclui também a integração dos tapetes musivos nas suas estruturas
originais. Desta forma, torna-se possível visualizar os mosaicos no contexto
arquitectónico da villa romana, realçando as estruturas da época e abstraindo, tanto
quanto possível, a interferência do paço medieval, que com elas actualmente coexiste.
Palavras-chave: Mosaico romano, Santiago da Guarda, Reconstituição
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Cátia Mourão (IHA, FCSH-UNL)
De Eros ao Cristo Alado
Evolução de uma imagem divina em diferentes contextos religiosos
As figuras antropomórficas aladas contam-se entre as recriações híbridas
fantasiosas mais antigas, estando registadas já na arte pré-histórica, tanto no Oriente
como no Ocidente, e marcando uma presença indelével no ideário mitológico da
Antiguidade grega e romana. Tendo um carácter atemporal e universal, afirmam-se
como soluções compósitas nemésicas e irreais, indicando logo a natureza
transcendente das entidades que representam, algures comprometidas entre a
condição humana e a de ave, e conjugando as principais características físicas e
psicológicas de ambas as espécies. Como qualquer Homem, são capazes de sentir,
raciocinar e agir em conformidade ou em desacordo com os padrões morais das
civilizações que as engendram, constituindo-se como exemplos didácticos do Bem e do
Mal; como qualquer ave, podem voar e superar o condicionalismo terrestre e a
dimensão terrena da sua parte humana predominante aos níveis físico e mental.
Conseguindo expressar visualmente o conceito abstracto de divindade, estas
figuras mistas e sobredotadas tanto podem personificar forças negativas como
positivas, embora se adeqúem com particular acuidade a estas últimas, mormente
quando as suas fisionomias são belas, as suas acções são boas e as suas asas são de
aves com conotações benéficas e geralmente consideradas teofânicas. Nestes casos
apolíneos integra-se o deus grego Eros, homólogo do romano Cupido, instigador das
mais diversas paixões humanas e divinas. Ainda que a sua índole arrebatada tivesse
suscitado opiniões diferentes na literatura antiga, a sua imagem sempre foi concebida
com equilíbrio, harmonia e beleza nas artes figurativas, instituindo-se como modelo
para a representação gráfica da leveza da matéria e da noção de sentimento
extraordinário.
A eficiência deste ícone humano alado na expressão de conceitos divinos,
sublimes e intangíveis assegurou a sua sobrevivência além da Antiguidade pagã,
vigorando no seio do cristianismo até ao presente, primeiro como imagem exclusiva
dos anjos e depois também como pontual manifestação teofânica do Filho do Deus
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único, quer como Cristo Seráfico (surgido na época medieval e afecto à hagiografia
franciscana), quer como Cristo Angélico (desenvolvido na arte bizantina),
simbolizando, num e noutro tempo, o Amor divino e sagrado, independentemente do
contexto religioso.
Palavras - Chave: Eros, Anjos, Cristo Alado
Sessão de posters com a presença dos respectivos autores que farão uma breve
(5minutos) apresentação dos seus trabalhos
Espaços, Formas, Iconografias
Filipa Vieira (FCSH-UNL)
A Representação das Aves nos Mosaicos Romanos em Portugal
No decurso da frequência da disciplina de O Mosaico Romano em Portugal
surgiu a oportunidade de analisar as representações aviformes em alguns mosaicos
romanos no território português. Tendo em conta que os motivos marítimos na ars
musiua Lusitaniae já se encontram suficientemente documentados, pareceu-nos
interessante explorar esta perspectiva.
A pesquisa fez-se no sentido de recolher contributos para a elaboração de um
corpus musiuum representativo dos motivos ornitológicos, sendo o corpus que
iniciamos composto por: três mosaicos in situ da Casa dos Repuxos em Conímbriga,
(Mosaico com Cena de caça ao veado, Mosaico com centauro marinho, peixes,
golfinhos, dragões marinhos e aves, e o Mosaico do Oecus-triclinium); Mosaico in situ
no que terá sido a entrada principal, a poente do peristilum de Villa Cardílio em Torres
Novas; Mosaico de Orfeu II, de Martim Gil, patente no Museu Nacional de Arqueologia
em Lisboa; o Mosaico de Oeiras; o Mosaico da Pombas in situ na Villa romana de
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Pisões; e os dois mosaicos in situ no baptistério de Mértola, (o Mosaico da Cena de
caça, e o Painel de leões afrontados).
Deste estudo decorre a tentativa de análise das várias espécies aviformes
existentes em território nacional e suas migrações, bem como a analogia com as várias
representações que destas se foram verificando no Mosaico Romano em Portugal.
Com esta pesquisa prévia demo-nos conta da escassez e falta de informações
sistemáticas suficientemente fundamentadas acerca das representações aviformes no
Mosaico Romano em Portugal. Parece-nos fundamental encetar um estudo percursor
que crie e investigue um corpus musiuum de motivos aviformes visando a identificação
e catalogação correcta das várias espécies de aves representadas bem como a sua
simbologia.
Palavras-chave: mosaico romano; interpretação dos motivos aviformes;
Lusitânia
Mafalda Marcos (coord.), Begoña Torras, Luís Campos Ribeiro, Mónica Queiroz, (FCSH-UNL)
Projecto Opusmusiuum - O Mosaico Romano em Portugal
O projecto Opusmusiuum – Mosaico Romano em Portugal é uma experiência que tem
como propósito a divulgação do património musivo em território nacional. Foi
realizada no âmbito da cadeira de O Mosaico Romano em Portugal (Licenciatura de
História da Arte, FCSH - UNL) do ano lectivo 2010/2011, com coordenação da docente
Professora Doutora Filomena Limão.
No âmbito desta iniciativa, foi criado um repositório de imagens de mosaicos no
suporte Picassa do Google organizadas em álbuns relativos ao seu local de
proveniência. A partir de algumas destas imagens foram realizadas descrições formais
das suas composições com base na consulta do Dicionário de Motivos Geométricos no
Mosaico Romano (1993, Viegas, C., Abraços, F., Macedo, M.) e em Le Décor
Geometrique de la Mosaïque Romaine (1985, Balmelle, C., Blanchard-Lemée, M.; 2002,
Balmelle, C., Blanchard-Lemée, M., Darmon, J.-P., Gozlan, S., Raynaud, M.P.) e um
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vídeo com a narração dessa mesma descrição acompanhada de várias perspectivas do
mosaico em questão. Para divulgação deste trabalho, foi criado um sítio de internet
provisório. Actualmente, encontra-se já disponível num servidor permanente
( http://www.fcsh.unl.pt/cadeiras/opusmusiuum/).
O suporte técnico foi da autoria de Luís Campos Ribeiro, que construiu as páginas de
internet, fez a montagem dos vídeos e tratou do alojamento inicial do sítio, imagens e
vídeos. Destacou-se, no âmbito da descrição e respectiva narração áudio, a
participação de: Mafalda Marcos, Mónica Queiroz, Begoña Farré, Maria Mayer, Dácil
Peréz, Maria Gabriela Simões, Vera Trigoso, Joana Carretas, Cláudia Pancadares, Ana
Maria Vale, Maria Helena Gabriel, Inês Rodrigues, Samya Bruçó, Daniela Simões,
Amanda Santos, Inês Vieira e Sara Cardoso.
Palavras-chave: Mosaico romano; Descrição; Divulgação.
Maria João Jerónimo (FCSH-UNL)
Para além do Mosaico das Estações do Ano do Rabaçal:
A ourivesaria na Antiguidade Tardia
A ourivesaria, desde os seus primórdios, define e caracteriza uma época,
respectivos gostos e estratos sociais. Cientes da importância que os metais nobres
tiveram na política de expansão do Império Romano, e de como a estética romana se
traduz na ornamentação, procuramos aprofundar o estudo da ourivesaria na Lusitânia,
em contexto da Antiguidade tardia.
Decisivo para esta pesquisa são os mosaicos das Estações do Ano, patentes na
pars urbana da villa romana do Rabaçal. Apesar de existirem outros conjuntos acerca
da mesma temática, somente estes apresentam adornos capazes de descrever as
características da ourivesaria romana e as suas influências.
Analisando para além das Estações do Ano do Rabaçal, observamos também
outras figurações de ourivesaria em mosaico ao largo de todo o Império, as suas
semelhanças e limitações a nível da representação. Procuramos ainda chegar mais
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perto do objecto de estudo e encontrá-lo fisicamente, comparando possíveis peças
com as que figuram na villa do Rabaçal.
Um olhar que conjuga duas expressões artísticas e que tem como finalidade o
cruzamento de saberes e a exploração dos horizontes artísticos da ourivesaria romana
na Antiguidade Tardia.
Palavras-chave: Mosaico, Ourivesaria, Antiguidade Tardia
Rodrigo Ezequiel (FCSH-UNL)
O Vaso Grego de Salazar
Em 1954 deu entrada em Portugal um vaso grego do período tardo-geométrico
IIa (735 – 720a.C.), pelas mãos do Marechal Alexander Papagos, então Primeiro-
ministro da Grécia, durante a sua visita de Estado a Portugal de 23 a 26 de Outubro,
como oferta pessoal ao Dr. Oliveira Salazar, então chefe do Governo.
A sua localização actual é desconhecida; no entanto, Maria Helena da Rocha
Pereira refere a sua existência em três trabalhos escritos (1956, 1959 e 1962). O vaso
presumivelmente terá sido fabricado na oficina das Suásticas de Gancho (“Workshop
of the Hooked Swastikas”); cujas características são o uso de métopas no colo e no
bojo do vaso e suásticas de gancho; estas, na Ática, foram usadas apenas num período
extremamente curto: do começo do período tardo-geométrico II e até aos inícios do
tardo-geométrico IIb. Os elementos ornamentais como o tipo de cavalo nas métopas,
os meandros complexos e a faixa de pássaros, indicam inspiração nas produções do
Pintor BirdSeed.
Apesar de limitados pelo desconhecimento do seu paradeiro propomo-nos
fazer um estudo ornamental deste vaso; para além das memórias mais que merecidas,
após vinte oito séculos, esperamos, que o presente estudo sirva de alerta para a
conservação e estudo do património clássico que povoa a Lusitânia.
Palavras-chave: Vaso Grego; Período Geométrico; Suástica de Gancho.
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Susana Durão (FCSH-UNL)
Sereias e metamorfismo: percursos de um conceito
Na Antiguidade Clássica Greco-Romana as Sirenes ou Sereias eram génios
marinhos alados, representadas como mulheres – mais raramente como homens
barbados – com asas e corpo de ave na sua totalidade ou da cintura para baixo. Devido
ao fascínio que exerceram no imaginário colectivo instigaram ao longo dos séculos os
escritos de poetas, mitógrafos, geógrafos e historiadores.
A ambiguidade em torno das narrativas sobre estes seres, patente desde o seu
aparecimento quer em relação à genealogia ou à razão do seu hibridismo,
complexifica-se e adensa-se no decorrer de um percurso que lhes altera características
morfológicas e simbólicas e culmina com a sua metamorfose. As penas cedem lugar às
escamas e dão origem a uma nova representação que perdurará até à actualidade, a
imagem da Sereia-peixe, metade mulher da cintura para cima e cauda de peixe daí
para baixo. Onde e quando se dá esta transformação? Quem a opera? A questão é
complexa e as hipóteses explicativas para esta metamorfose são múltiplas. As origens
deste processo parecem ter sido forjadas no decorrer da Antiguidade Tardia, mas a
transformação não foi abrupta, foi pelo contrário lenta e gradualmente que a nova
iconografia das Sirenes se foi instituindo, atingindo a fase de maturidade somente na
Idade Média.
Palavras-chave: Sereia; Metamorfose; Iconografia
Teodora Olteanu (Doctora en Arqueología Facultad de Filosofía y Letras, Departamento de Prehistoria y Arqueología. por la Universidad de Valladolid, España)
Manifestaciones del culto a la diosa victoria en la provincia romana de Lusitania
El objetivo de este pequeño estudio es reunir y analizar las imágenes de la diosa
Victoria y algunos aspectos de su culto a través del material iconográfico encontrado
en la provincia romana de Lusitania.
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Es evidente que el estudio arqueológico de un culto antiguo plantea muchas
dificultades y posibilidades de interpretación. Utilizando las imágenes se pueden
reconstruir algunas características de su mito, su aspecto y sus atributos. Parece
interesante intentar reconstituir en su complejidad la figura de esta diosa en el
extremo Oriental del Imperio romano, delimitar algunos aspectos que la distinguen y
por los cuales ha sido venerada, definir las formas y el carácter de su culto que puedan
resultar del análisis del material reunido y trazar un cuadro real de su difusión en la
provincia de Lusitania.
Las últimas investigaciones sobre la diosa Victoria se han referido especialmente al
aspecto oficial de su culto, más conocido en su faceta militar, pero una cosa es cierta,
las evidencias arqueológicas muestran una realidad diferente: asentamientos civiles
con muchos hallazgos relacionados con el culto o con la figura de la diosa, que podrían
revelar un aspecto más personal.
Palabras clave: Culto, Victoria, Iconografía.
Vasco Resa (FCSH-UNL)
A Caixa de Selo da Villa Romana de Frielas
Tendo como ponto de partida uma caixa de selo romana, encontrada em
contexto de escavação arqueológica na villa de Frielas, cuja implantação da pars
urbana, segundo Ana Raquel Silva, arqueóloga responsável pelos trabalhos, terá
acontecido nos finais do séc. III, início do séc. IV, este trabalho de investigação aborda
algumas das possíveis ligações que esta peça poderá ter tido na época em que foi
produzida.
Com as dimensões de três centímetros e meio de altura, dois centímetros de
largura e oito milímetros de espessura, esta delicada peça feita em liga de cobre é
constituída por uma tampa decorada em esmalte e uma base com três orifícios
alinhados em pirâmide de forma a que por intermédio de um cordel a peça pudesse
ser presa a uma qualquer encomenda. Está unida por uma charneira em ferro.
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Das mais variadas abordagens que este objecto pode ter, destaca-se a ligação
aos correios, ou mais concretamente à transmissão de mensagens escritas, podendo
estas ser de carácter quotidiano e particular ou de importância vital. Estas últimas têm
como base as estruturas criadas para o Cursus Publicus, (ou como Pierre Grimal na sua
obra Histoire de Rome lhes chama, “Os Correios Imperiais”), sistema arquitectado pelo
primeiro imperador romano para a transmissão de mensagens da imponente máquina
administrativa e militar que é o Império Romano.
São ainda abordadas as vias romanas, fundamental, e verdadeira base, de
transmissão e distribuição das mensagens, assim como a produção e elaboração das
mesmas. São ainda apresentados outros exemplos de peças que cumpriam a mesma
função, que são da mesma época e que foram encontradas no actual território
português.
Palavras-chave: Comunicação; Contacto; Delicadeza
12 de Abril, Quinta-feira (Hotel Aqualuz, Tróia)
Espaços, Materiais, Formas, Iconografias
Javier Magaña (Pós-Doc, Departamento das Ciências da Antiguidade, Sapienza –
Università di Roma)
La génesis de la decoración arquitectónica tardorromana y altomedieval
El mundo tardoantiguo y altomedieval está marcado por una complejidad de
fenómenos sociales, culturales y económicos que van evolucionando desde los
patrones clásicos a los medievales, con elementos que cambian y evolucionan y
elementos que retornan periódicamente. Las producciones artísticas, y concretamente
la decoración arquitectónica, no fueron extrañas a este proceso, y en ellas se observa
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la convivencia de diversas tendencias que configuran la tradición autóctona;
puntualmente enriquecida mediante la adopción de elementos inspirados en las
producciones de la órbita de Constantinopla y de la recuperación de la estructura del
capitel corintio clásico romano. La presencia de motivos orientales es fruto de la
reinterpretación que de éstas hacen los talleres locales, generalmente de forma
bastante libre, mientras que la recuperación de los modelos clásicos se desarrolla a
través de dos fenómenos: el reaprovechamiento de material antiguo y la imitación
estilística de los modelos clásicos.
Todos estos fenómenos responden a factores ideológicos, simbólicos y de
economía de medios, y aparecen frecuentemente relacionados entre sí: son fruto de
una admiración y voluntad de asimilación a los modelos cortesanos de Constantinopla
y de la revalorización de lo clásico que tuvo lugar principalmente a partir del s. VI dC.
Por tanto, en el análisis de la generación de una plástica autóctona peninsular es
de gran importancia tener presente todos estos fenómenos, individualizando qué
elementos forman parte de la tradición local, qué elementos surgen de la
reinterpretación de los modelos orientales y qué elementos son fruto de la
recuperación de algunos motivos clásicos. No siempre será fácil dar una explicación a
la presencia de una u otra tendencia, pero a través de un análisis global de la realidad
peninsular podremos formular unas primeras hipótesis que ayudarán a entender la
complejidad de la génesis de la decoración arquitectónica de época altomedieval.
Palavras-chave: Decoración arquitectónica, tardorromano-visigodo, coste
económico de la arquitectura.
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Inês Vaz Pinto, Ana Patrícia Magalhães, Patrícia Brum (Equipa de Arqueologia de
Troiaresort), Justino Maciel (IHA/FCSH-UNL)
Representação da cruz paleocristã em Tróia de Setúbal
A representação da cruz paleocristã, já presente de forma simples nas
Catacumbas romanas algum tempo antes do séc. IV, só se desenvolve no séc. V, tendo
o máximo de floração nos sécs. VI e VII. A cruz pátea latina, exenta e processional ou
gravada e pintada, surge já no séc. V em toda a bacia mediterrânica, havendo indícios
de que terá tido uma maior difusão inicial no mundo copta.
O surgimento da figura da cruz pintada em suporte arquitectónico em
Tróia de Setúbal, para além do seu enquadramento e interesse arqueológicos,
testemunha no local o processo de cristianização que avança do mundo mediterrânico
para o extremo Ocidente, numa fase em que o modo de produção romano de pesca e
seus derivados já se encontra em total desagregação.
Palavras-chave: Cruz paleocristã; Tróia de Setúbal; Cristianização
Filomena Limão (IHA/FCSH-UNL)
O Capitel de Tróia: uma reflexão tipológica
A Basílica Paleocristã das Ruínas Romanas de Tróia destaca-se como um
conjunto arquitectónico e ornamental emblemático do período da Antiguidade Tardia.
É num compartimento contíguo à Basílica Paleocristã, no segundo lanço de umas
estreitas escadas, quase rentes ao solo, que se encontra o capitel de Tróia. Esta peça,
quase completamente embebida na argamassa do degrau, revela, sub-repticiamente,
detalhes formais e ornamentais determinantes para o seu conhecimento.
O objectivo deste estudo é identificar a tipologia do capitel de Tróia e reflectir
alargadamente sobre o lugar que este poderia ter, originalmente, ocupado num
conjunto arquitectónico. Finalmente, e porque o capitel se deixa ver tão parcialmente,
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proporcionar-se-á um olhar virtual, mais envolvente e, na medida do possível, mais
próximo da sua verdadeira natureza.
Palavras-chave: Capitel; Tipologia; Arquitectura
Jorge M. F. Carvalho (Unidade de Recursos Minerais e Geofísica, Laboratório
Nacional de Energia e Geologia)
Rochas ornamentais portuguesas e o cluster da pedra natural
Decorrente da grande diversidade geológica que caracteriza o seu território,
Portugal é um país relativamente rico em recursos minerais e, dentre estes, em rochas
ornamentais. Sendo internacionalmente conhecidos os mármores provenientes da
região de Estremoz – Borba – Vila Viçosa, não só pelas suas características tecnológicas
e estéticas, mas também pelo facto de serem alvo de exploração desde há muito, pelo
menos desde o tempo de ocupação do território peninsular pelo Império Romano,
Portugal também apresenta avultados recursos noutras rochas utilizadas para fins
ornamentais, nomeadamente calcários e granitos.
Neste trabalho apresentam-se os principais tipos de rochas ornamentais de
Portugal, os locais onde são explorados e alguns exemplos que se julga merecerem a
atenção como valor patrimonial. Apresenta-se também a Associação Valorpedra como
entidade representante do Cluster da Pedra Natural, o qual tem por objetivo contribuir
para a dinamização da competitividade do sector das rochas ornamentais portuguesas
numa visão que integra as várias valências que lhe estão associadas, desde os aspetos
respeitantes à caracterização e certificação das rochas, à sua exploração e
equipamentos para a sua transformação, até à sua aplicação, conservação e valor
patrimonial identitário do país.
Palavras-chave: Rochas Ornamentais, Núcleos de exploração, Património
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Miguel Pessoa (AIEMA, APECMA; IHA/FCSH-UNL)
A cor dos mosaicos da Villa Romana do Rabaçal, Penela – Portugal
Os mosaicos do Palácio da Villa romana do Rabaçal vêm sendo muito admirados pelo
seu colorido desde o início da sua descoberta (1984-1993).
O efeito pictórico obtido pelo emprego de uma alargada gama de cores e cambiantes e
pelo cuidado tratamento da direcção da luz, por exemplo, nos motivos vegetalistas, vasos,
animais de trato distendido e figuras humanas de estilo hierático, confere-lhes volume,
expressão e realismo. Lembram, de facto, a pintura e o desafio colocado ao artista no acto da
criação, ao transpor o modelo pictórico para as tesselas de pedra e vidro que compõem o
mosaico.
São conhecidas as dificuldades de descrever uma cor com exactidão, dado que o olhar
do observador é sempre um pouco subjectivo. A percepção e a sensibilidade da cor difere de
pessoa para pessoa e, na mesma pessoa, varia de acordo com a condição física e até
psicológica.
Neste trabalho, valorizámos mais a experiência da observação, o cruzamento de
informação recebida e a aproximação ao gosto do mosaicista como forma de procurar
compreender os valores estéticos e sociais dos contemporâneos da Villa.
Assim sendo, o registo da cor dos mosaicos foi feito por observação directa das
tesselas in situ, usando a gama de 72 lápis de cor Derwent- Studio sobre papel branco Canson.
Para o registo da cor das tesselas de vidro ex situ foi utilizado o código da gama de cores
Methuen.
De facto, a paleta dos motivos geométricos, vegetalistas e figurativos dos mosaicos do
Rabaçal compreende oito cores comuns de tesselas em calcário local e cinco cores raras,
sendo, grosso modo, praticamente a mesma e no mesmo número em todos os mosaicos.
Porém, a vibração do colorido dos motivos geométricos apresenta-se-nos diferentemente
tratado, como tentaremos demonstrar através dos exemplos escolhidos.
Procuraremos ainda dar resposta às seguintes questões:
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O emprego de quinze cores e cambiantes de tesselas de vidro, provavelmente
importadas, na representação dos ornamentos, conferindo às imagens um brilho inesperado, é
uma via que poderá ser considerada como uma opção de escola?
Será possível discernir, ainda que como hipótese, a repartição das tarefas dos
mosaicistas ao longo da obra?
O predomínio do uso da cor, gradação de tons e efeitos tridimensionais relacionados,
presentes nos motivos dos mosaicos do Rabaçal, que destacámos, sugerem naturalmente
diferentes abordagens.
Tentámos reunir documentação que permita reflectir o aqui exposto. De facto, o que é
património é a informação que está plasmada nos pavimentos de mosaico e esta remete-nos
para aqueles que o conceberam, realizaram e usufruíram e dos contactos de cultura
subjacentes. Os mosaicos remetem-nos, em suma, para o mundo (bizantino, latino, pagão e
cristão) que é um só.
Licínia Wrench (IHA/FCSH-UNL)
Exemplos de transennae provenientes do território português. tipologias e
temáticas decorativas
O objectivo da nossa apresentação é o de analisar um conjunto de transennae
proveniente de espaços litúrgicos ou paralitúrgicos do território português, seja nas
formas assumidas por estes elementos arquitectónicos, seja nas temáticas decorativas
apresentadas. Relativamente às formas, podemos diferenciar três tipologias; quanto à
decoração, verificamos que esta se enquadra na restante decoração arquitectónica
dos espaços paleocristãos, com destaque para as temáticas de forte cunho simbólico,
realizadas nos elementos separadores de áreas conspícuas como a do sanctuarium
altaris.
Palavras-chave: Transennae; tipologias; decoração
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Carina Vicente (IHA/FCSH-UNL)
Os tempora anni na arte romana da Lusitânia
As Estações do Ano são o tema mais recorrente na musivária romana que
permanece na Península Ibérica. Nos casos de estudo de que dispomos, constatamos
que a qualidade e riqueza iconográfica são notáveis no panorama artístico, ficando por
desvendar as implicações económicas, sociais e religiosas.
Como “o olhar não se esgota”, pretendemos comparar exemplos de
representações das Estações do Ano no mosaico e na escultura, de modo a captar e
aprofundar a relação entre as formas artísticas para além da coincidência de tema.
Uma ideia que ambiciona uma expansão do horizonte da análise artística: os objectos
e os temas relacionam-se, contêm-se, completam-se, questionam-se.
Palavras-chave: tempora anni, escultura, mosaico
António Lima (Estação Arqueológica do Freixo/Tongóbriga)
A ecclesia de Tongobriga, paróquia da diocese portucalense no século vi:
- fragmentos de arquitectura, escultura decorativa e pintura parietal
O carácter muito residual dos vestígios de escultura decorativa e, mais residual ainda,
de pintura parietal que associamos à ecclesia de Tongobriga - edificada no século V e
ainda em uso no século VI - não nos impedem de usarmos esses mesmos vestígios no
contexto de uma tentativa de reconstituição da sua arquitectura, da interpretação
cronológica e funcional dos seus espaços e da sua contextualização no âmbito das
transformações sofridas pela ciuitas tongobricense após a queda do império, em
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ambiente de plena afirmação do Cristianismo no Noroeste peninsular e, em particular,
no vale do Douro.
Palavras-chave: Arquitectura paleocristã; Escultura decorativa; Paroquial Suevo
Virgílio Lopes (CAM; Universidade de Huelva)
A Antiguidade Tardia em Mértola – Balanço das investigações recentes Com esta comunicação pretende-se apresentar os resultados dos trabalhos
arqueológicos levados a cabo pela equipa do Campo Arqueológico de Mértola nos
últimos anos e que são um importante contributo para a compreensão da Antiguidade
Tardia na antiga Província da Lusitânia.
Serão abordados os vestígios estruturais e os enterramentos da basílica do
Cineteatro Marques Duque e do mausoléu. Este último, a par dos monumentais restos
da edificação, proporcionou um importantíssimo conjunto lapidar, do qual serão
destacados os epitáfios funerários escritos em grego.
Em termos territoriais será feita uma leitura espacial dos monumentos coevos e
dos vestígios arqueológicos aí encontrados. Neste âmbito, será realçada a intervenção
arqueológica e museográfica desenvolvida no Mosteiro do Monte Mosteiro.
Estes últimos trabalhos arqueológicos vêm reafirmando Mértola como um dos
locais em Portugal que mais têm contribuído para o conhecimento das comunidades
urbana e rural da Antiguidade Tardia.
Palavras-chave: Mértola; Antiguidade Tardia; mosaicos.
Jorge Feio (IHA/FCSH-UNL)
Abordagem ao Estudo da Arte Paleocristã no território situado entre Évora e
Beja: algumas novidades de Alvito e Marmelar
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Nos últimos anos, o autor tem vindo a realizar investigações sobre as marcas da
cristianização e afirmação do cristianismo no espaço correspondente ao antigo
território do Conuentus Pacensis. No decurso dos vários estudos efectuados, teve
acesso a um conjunto importante de informações inéditas que permitem consolidar e
desenvolver novos campos de investigação nesta área do conhecimento. Nesse
sentido, esta comunicação tem como principal objectivo dar a conhecer os mais
recentes dados, transmitindo uma nova perspectiva de abordagem do território que
visa o reconhecimento e localização de antigos
povoados, monasteria e basilicae rurais, em conjunto com a identificação de novos
elementos que permitam uma abordagem que visa o aprofundamento do
conhecimento no campo da História da Arte da Antiguidade Tardia. Na presente
comunicação dão-se a conhecer novas estruturas e elementos arquitectónicos
identificados no concelho de Alvito, bem como um número considerável de elementos
arquitectónicos que integraram a antiga basilica de Marmelar, concelho da Vidigueira,
destacando-se as pilastras, as placas, as placas triangulares, os frisos e uma ara
romana.
Palavras-chave: Arte, Cristianização e Território
Paulo Brázia (IHA/FCSH-UNL)
Mithra e Attis na Península Ibérica: Do culto ao esquecimento
Evidências arqueológicas provenientes de Caetobriga (Tróia) desencadearam
este estudo sobre o culto de duas divindades orientais na Península Ibérica. Mithra e
Attis, divindades que além da sua origem e dos cultos mistéricos pouco poderiamos
associar em comum. No entanto, os cultos orientais, com o consentimento de vários
imperadores e da ascensão do culto ao Sol Invictus, impõem-se e difundem-se como
uma resposta às necessidades individuais, de salvação e redenção para além da morte.
Referimo-nos ao tríptico mithraico, que apesar de incompleto, pode admitir-se
que seja uma evidência de culto. Relativamente à tampa de sarcófago, conhecida ou
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denominada “banquete dos caçadores”, apresenta nas extremidades a cabeça do deus
Attis, mas não devemos associa-los a uma representação de devoção a esta divindade,
assumindo-se como um símbolo funerário. As representações de Attis, pela seu mito
estariam associadas à sua faceta de protector dos mortos e como tal independente do
seu par divino, Cybele, razão pelo qual a representação de um Attis acabaria por ter a
mesma conotação que uma coroa de flores, sem uma associação aos cultos mistéricos.
Sendo esta a nossa interpretação.
Além de estudarmos estas peças, procuraram-se as evidências artísticas e
epigráficas destas divindades na península, de modo a conhecermos a sua real
propagação e difusão.
Organizado por:
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Agradecimentos: Créditos fotográficos – Inácio Ludgero