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1 RESUMOS Adriana Ortega Clímaco ([email protected] ) Título: O historiador e o efeito de historicidade na biografia A comunicação tem como objetivo refletir sobre a relação entre história e ficção na biografia e o papel do historiador como narrador do relato histórico e construtor do efeito de historicidade. Para isto, analisa-se a biografia Evita: jirones de su vida, de Felipe Pigna (2012) que apresenta narrativa sobre a vida de María Eva Duarte de Perón, ex-primeira dama argentina. Os aportes teóricos advêm das concepções de Bakhtin (2003) e Malcom (1995) sobre biografia, e de Bloch (1992) e Certeau (2000) sobre história. Verifica-se que a biografia apresenta elementos ficcionalizadores da matéria histórica em sua composição e, ao mesmo tempo, transforma ficção em relato histórico para construir sua representação de Evita. Palavras-chave: História Ficção Biografia Efeito de historicidade Historiador Alcebiades Arêas ([email protected] ) Professor Título: Questões de literatura e tradução a serem assinaladas no texto italiano medieval Nosso trabalho consiste em traduzir textos italianos medievais, a fim de que o acesso às obras seja viável a estudantes brasileiros aprendizes de italiano. O obstáculo linguístico tem dificultado o ensino de literatura, no tocante ao período que vai das origens ao final do século XV. Ainda que nosso projeto de tradução e atualização abranja todo o citado período, vamos aqui abordar questões linguístico-literárias

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RESUMOS

Adriana Ortega Clímaco ([email protected])

Título: O historiador e o efeito de historicidade na biografia

A comunicação tem como objetivo refletir sobre a relação entre história e

ficção na biografia e o papel do historiador como narrador do relato histórico e

construtor do efeito de historicidade. Para isto, analisa-se a biografia Evita: jirones de

su vida, de Felipe Pigna (2012) que apresenta narrativa sobre a vida de María Eva

Duarte de Perón, ex-primeira dama argentina. Os aportes teóricos advêm das

concepções de Bakhtin (2003) e Malcom (1995) sobre biografia, e de Bloch (1992) e

Certeau (2000) sobre história. Verifica-se que a biografia apresenta elementos

ficcionalizadores da matéria histórica em sua composição e, ao mesmo tempo,

transforma ficção em relato histórico para construir sua representação de Evita.

Palavras-chave: História – Ficção – Biografia – Efeito de historicidade – Historiador

Alcebiades Arêas ([email protected]) Professor

Título: Questões de literatura e tradução a serem assinaladas no texto italiano

medieval

Nosso trabalho consiste em traduzir textos italianos medievais, a fim de que o

acesso às obras seja viável a estudantes brasileiros aprendizes de italiano. O obstáculo

linguístico tem dificultado o ensino de literatura, no tocante ao período que vai das

origens ao final do século XV. Ainda que nosso projeto de tradução e atualização

abranja todo o citado período, vamos aqui abordar questões linguístico-literárias

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relativas à problemática leitura dos textos de Cecco Angiolieri. Mais especificamente,

analisaremos os textos “S’i’ fosse foco” e “La mia malinconia è tanta e tale”. A escolha

do corpus deve-se ao fato de os textos serem considerados representativos do autor e

frequentes nos capítulos dos principais manuais de História e Crítica literária italiana

sobre a época estudada. Primeiramente, procederemos à apresentação do autor, do

contexto histórico em que está inserido e da importância do legado de suas obras para

a formação da literatura italiana dos primórdios. A seguir, com base nas mais recentes

teorias da tradução, analisaremos os corpus, observando as exigências do autor, da

obra e do leitor hodierno.

Alcindo Miguel Martins Filho ([email protected]) Professor

Título: Mais além da Eternidade e do Desejo: as transformações no fluxo narrativo da

obra de Inês Pedrosa com seu último romance, Dentro de Ti Ver o Mar.

Neste trabalho, buscaremos proceder a uma leitura analítica e comparativa do

último escrito romanesco da autora portuguesa Inês Pedrosa, Dentro de Ti ver o Mar,

de 2012, com o conjunto de sua obra pregressa, sob o aspecto da evolução e

transformação da narrativa, do discurso e do processo criativo, que acreditamos esteja

presente e seja reconhecível como continuidade em sua escrita.

Este primeiro momento do trabalho supõe uma leitura comparativa diacrônica,

capaz de expor não só um fluxo coerente de estilo na escrita da autora, mas também

uma quebra efetiva de continuidade manifesta neste seu último romance.

A partir disto, iremos tentar refletir tendo por base uma leitura que será

essencialmente organizada pela Teoria Psicanalítica, estruturada nas análises de Júlia

Kristeva sobre a Função Materna, expandindo uma discussão sobre a criatividade geral

e literária, particularmente, no pensamento de Sigmund Freud e nas expansões

propostas por Jacques Lacan.

Com base neste esforço, concluiremos com algumas considerações sincrônicas sobre

as relações entre a Modernidade Tardia e a Pós-Modernidade, que cremos serem

emergentes do conjunto da realização criativa da autora, e especialmente manifestas

neste seu último romance.

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Alessandra Corrêa de Souza ([email protected]) Pós-graduanda

Título: Violência e exclusão em diário de Bitita de Carolina Maria de Jesus e Piel de

mujer de Delia Zamudio

A proposta desta investigação científica é um recorte do projeto de pesquisa

que está sendo desenvolvido no Programa de Pós-graduação - Letras Neolatinas -

literaturas hispânicas, temos o seguinte problema: como Carolina Maria de Jesus em

Diário de Bitita (1984) e Delia Zamudio em Piel de Mujer (1995) representam as

diversas formas de violência e exclusão sofridas da infância à fase adulta nas obras

literárias supracitadas? É necessário ressaltar que tanto Diário de Bitita como Piel de

Mujer são tecidas na maturidade das autoras, partem das memórias de si. O que se

propõe nesse diálogo vai ao encontro dos estudos de Achugar (2006) “a mudança,

talvez, consista em que as respostas não se buscam ou não se constroem em função

de um sujeito masculino, branco, judeu-cristão etc., mas de novos sujeitos (...) as

mulheres, os negros, os índios, os sem terra, todos aqueles que antes não tinham

“permissão entre aspas” para falar”. (2006, p.147).

Palavras – chave: Autobiografia, Memória, Violência e Literatura.

Aline de Almeida Moura ([email protected]) Pós-graduanda

Título: Um sopro de gaia ciência na historiografia literária: por uma escrita alternativa

Pode-se pensar que as histórias literárias conseguem manter o “encantamento”

produzido através da literatura? Para refletir sobre tal indagação, analisarei a

historiografia literária A New Literary History of America (2009) a fim de comparar as

concepções de escrita e de epistemologia subjacentes a essas produções, avaliando

como são entendidas tanto no âmbito acadêmico quanto entre leigos que se

interessem pelo tema. Nesse sentido, têm-se como questões: é possível renovar a

historiografia literária hoje em dia? Reconhecendo os impasses na escrita de histórias

literárias em relação ao tipo de organização utilizada, é possível renovar o

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entendimento das historiografias literárias para além da enciclopédia pós-moderna? É

possível renovar a historiografia literária através de uma erótica da narrativa?

Amanda Leticia Oliveira Nascimento do Amaral ([email protected]) Pós-

graduanda

Título: O olhar estrangeiro do cronista argentino Roberto Arlt sobre a cidade do Rio de

Janeiro na Aguafuerte Carioca “RÍO DE JANEIRO EN DÍA DOMINGO” (1930)

Nas primeiras décadas do século XX, a Argentina – especificamente Buenos

Aires – vivenciava uma fase de plena efervescência cultural; também nesse momento,

notamos que o jovem jornalista Roberto Arlt ganhava destaque e reconhecimento

público enquanto literato, com a publicação de suas crônicas intituladas Aguafuertes

Porteñas em uma coluna do periódico portenho El Mundo. Em abril de 1930, Roberto

Arlt é enviado ao Rio de Janeiro como correspondente de viagem do El Mundo com o

propósito de reportar aos seus leitores portenhos as suas impressões sobre a cidade

maravilhosa, bem como seu perfil populacional e os costumes locais.

Com base nos princípios teóricos de MARTÍN-BARBERO (2003) que versam

sobre cultura popular e de BERMAN (2007) sobre representação urbana, analisamos

neste trabalho a representação da cidade do Rio de Janeiro sob o olhar estrangeiro de

Roberto Arlt na Aguafuerte intitulada “Río de Janeiro en día domingo”, originalmente

publicada no El Mundo em 22 de abril de 1930 e recentemente compilada, ao lado de

outras quarenta e uma, sob o título Aguafuertes Cariocas (2013).

Ana Cristina Dos Santos ([email protected]) Professora

Título: Deslocamentos, identidade e gênero no conto “Exótica” de Anna Kazumi Stahl

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Anna Kasumi Stahl é uma escritora americana com raízes japonesa e alemã, que

vive na Argentina e escreve em língua espanhola. Através de seu conto “Exótica”, da

obra Catástrofes naturales (1997), o trabalho objetiva analisar os deslocamentos

geográfico, social e linguístico sofridos pela personagem e relacioná-los com o conceito

de identidade para revelar como esses deslocamentos modificam e,

consequentemente, redefinem o sujeito feminino. Em um contexto multicultural e

multiétnico, a escritora migrante aborda a estrangeiridade da personagem feminina

diaspórica em seu país natal (Japão) e no novo (Estados Unidos). Dessa maneira, o

conto enfoca as questões de gênero ao problematizar as diferenças socioculturais

entre o sujeito feminino ocidental e o oriental, em que esse último é reduzido a um

simples objeto exótico. Para a análise proposta, utilizam-se os textos de Hollanda

(2005) e Shohat (2004) sobre as relações de gênero; de Toro (2010), Augé (2007) e

Bauman (2006) para as noções de espaço e deslocamento e Hall (2005) para as

questões das identidades traduzidas na contemporaneidade.

Ana Cristina Simões De Araujo [email protected]

Título: Rompendo fronteiras: a reconfiguração das categorias de humano e animal em

trilogía sucia de la Habana, de Pedro Juan Gutiérrez

Pedro Juan Gutiérrez é conhecido por dar destaque, em obras como “Trilogía

sucia de la Habana” (1998), a elementos do “baixo corporal” (BAKHTIN, 2010), como a

alimentação, o sexo e a excreção, que costumam ser omitidos ou restringidos ao

âmbito do privado (ELIAS, 2011). Ao expô-los ao ambiente público, mesclam-se as

fronteiras entre esses dois espaços, não sendo mais possível diferenciá-los. Josefina

Ludmer (2010) e Luz Horne (2011), em seus estudos sobre a literatura do presente,

indicam que a obsessão por narrar os aspectos baixos dos personagens é uma

característica comum à produção literária das duas últimas décadas, na qual

predomina a presença de espaços específicos que fazem com que estas temáticas não

sejam consideradas obscenas ou cruéis. A partir da análise de determinados trechos da

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obra mencionada, esta comunicação pretende mostrar que a situação-limite de Cuba

em período especial, narrada na trilogia, proporciona o aparecimento constante destes

elementos considerados pornográficos (SCHOLLHAMER, 2013), rompendo e

reconfigurando não apenas as fronteiras entre o público e o privado, mas também os

padrões de civilização que regem a sociedade (ELIAS, 2011).

Ana Isabel Guimarães Borges ([email protected]) Professora

Título: Tradução e corpo: sobre o humor e sua tradução na descrição de um

assassinato em Un muerto en Cocharcas, de Fernando Iwasaki.

Fernando Iwasaki, escritor peruano, parodia o relato policial e seu detetive

clássico em Un muerto en Cocharcas, relato no qual faz uso igualmente do diálogo

popular para criar uma situação de comicidade onde chocam a violência de um

assassinato, a gravidade da morte e a comicidade dos personagens encarregados de

descobrir o autor do crime. Trata-se aqui de abundar sobre as possibilidades e

dificuldades da tradução do corpo como elemento humorístico de uma cultura (a

peruana) a outra (a brasileira), dentro de um contexto policial paródico.

Andre Rezende Benatti

Título: Às margens centrais da América Latina: a obra de Josefina Plá

Este trabalho reúne as constatações iniciais de um projeto de pesquisa de

doutorado no qual concebemos o universo expressivo de Josefina Plá (1903-1999)

como uma trama capaz de interpretar e sintetizar, de modo complexo, a cultura

paraguaia. Na sua obra converge o olhar crítico e a estima pela capacidade de criação

da cultura paraguaia. Para demonstrar que essa convergência é determinante no

universo expressivo da artista, levamos em conta as conexões existentes entre a obra

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ficcional, ensaísta e plástica da artista hispano-paraguaia. Assim, propomos uma

leitura panorâmica da obra de Josefina Plá, no qual possamos perceber as relações

existentes entre o popular e o erudito em uma obra artística que se encontra à

margem.

PALAVRAS-CHAVE: Josefina Plá; Cultura Paraguaia; Margem; Popular; Erudito;

Andréa Cabral de Souza Gomes ([email protected]) Pós-graduanda

Título: A dominação paternal no romance Moraviano: L`uomo che guarda

Essa comunicação visa examinar a relação conflitante entre pai e filho na obra

italiana L`uomo che guarda (1985), do escritor Alberto Moravia (1907-1990) . O

conflito é apresentado ao leitor pelo protagonista/narrador Dodo. O romance é

construído em primeira pessoa e os fatos importantes são relatados pela ótica de

Dodo, onde é possível observar as relações familiares dele com seus genitores e sua

esposa. Será problematizado o momento em que, na narrativa moraviana, surge essa

relação familiar conflitante, objetivando discutir a sua origem na infância, uma vez

que o pai encarna a figura do poder representada não apenas na esfera social, mas

também na vida íntima do protagonista, ao causar danos afetivos em sua sexualidade

. Para examinar o tema proposto, a discussão sobre esse conflito familiar se embasa

teoricamente em dois ensaios de Freud (1856-1939), precisamente Totem e Tabu

(1913) e O estranho (1919), e também em Bourdieu (1930-2002), com a obra a

Dominação Masculina (2011).

Andressa Cristina de Oliveira - Professora - ([email protected])

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Título: Uma releitura moderna, paródica e irônica de Salomé, de Jules Laforgue.

Sabe-se que figura de Salomé foi um dos mitos maiores na produção artística

do fim do século XIX e uma fonte de inspiração constante para os pintores, poetas e

músicos da época. As retomadas e variações que celebraram a dançarina foram

numerosas. Jules Laforgue, poeta simbolista francês, foi um dos espíritos fascinados

por ela. Ele retoma o mito judaico-cristão na obra em prosa Moralités Légendaires,

publicada em 1887, e o desvia de forma irônica e burlesca. As intenções paródicas de

Laforgue nos dão uma obra diferente, deformada, desmitizante. Para Genette (1982)

esta novela pode ser lida como uma fantasia neo-burlesca do conto Hérodiade, de

Gustave Flaubert, pois é uma obra enigmática que se apresenta adiante de seu tempo,

surrealista avant la lettre. A construção da narrativa retoma o mito presente nos

Evangelhos de São Mateus, São Marcos e São Lucas, rompe com as expectativas do

leitor no momento da caracterização dos personagens e no desfecho da trama, já que,

na novela do simbolista francês, Herodes é Emeraude-Archetypas, João Batista é

Iaokanann, prisioneiro, destituído de santidade e de poderes de vidente. É

simplesmente um proletário do norte, instrutor de Salomé, que é desprovida de beleza

ideal e tampouco representa a figura da mulher fatal, além de ser apaixonada por

Iaokanann. Como seu amor não é correspondido, resolve pedir sua cabeça em uma

bandeja. O desfecho, em harmonia com o tom paródico da obra, mostra Salomé

esfacelando-se no mar. Enfim, ver-se-á que se torna vítima de sua própria vítima, já

que para jogar no oceano a cabeça do degolado, ela calcula mal seu impulso e

precipita-se nos rochedos.

Anna Basevi pós-graduando ([email protected])

Título: As viagens mais longas – Tópicos de viagem e catábase na literatura de

testemunho

Quando na literatura de testemunho surge o tópico da viagem extrema a um

não-lugar - ao confinamento no espaço do campo de concentração nazista - sua

representação narrativa recorre a metáforas que orbitam em torno da percepção de

uma fronteira que deixa de ser apenas geográfica: o movimento dos comboios

trancados anuncia a catábase inexorável dos prisioneiros, a descida a um mundo

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outro. A partir de "É isto um homem?" de Primo Levi (1947) e "A longa viagem" de

Jorge Semprun (1963), os itinerários rumo ao exílio dos campos de Auschwitz e

Buchenwald são analisados através das soluções literárias encontradas pelos autores.

No cerne das relações entre memória e testemunho, entre experiência e narração, a

literatura oferece um patrimônio imagético capaz de superar o impasse da afasia

provocada pela catástrofe; desta forma, os textos dos escritores testemunhais se

alimentam do diálogo com outros autores convocados explicitamente ou nas

entrelinhas: Dante, Dostoiévski (em Primo Levi), Proust (em Jorge Semprún).

A identificação de determinados recursos estilísticos (metáforas, estrutura

narrativa, intertextualidade) nos permite abordar a perda de referências (inclusive

temporais) que advém ao cruzar o umbral de um mundo de morte e refletir sobre a

centralidade desta passagem na escrita.

Anne Katheryne Estebe Maggessy ([email protected]) Pós-graduanda

Título: A expressão aspectual das perífrases estar + particípio e estar + gerúndio no

espanhol do México e no português do Brasil

De acordo com Wachowicz (2006), o que diferencia aspectualmente perífrases

de gerúndio e de particípio, é a noção de atelicidade que parece estar presente na

terminação –ndo do gerúndio, e a noção de telicidade que parece estar presente na

terminação –do do particípio. Para essa autora, o gerúndio parece marcar mais

acentuadamente uma habitualidade, em que as situações começam mas não têm

necessariamente um fim, podendo inclusive se sobrepor, enquanto que o particípio

parece marcar mais acentuadamente a iteratividade em sentenças em que as

situações têm necessariamente um fim. O que levou, inclusive, a autora a relacionar a

iteratividade com a noção de telicidade.

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é verificar a expressão aspectual

das perífrases estar + particípio e estar + gerúndio com o auxiliar no tempo do

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presente do indicativo, em oito entrevistas transcritas do corpus oral do PRESEEA –

México, observando a relação da expressão aspectual com a telicidade presente em

sentenças com essas perífrases, assim como a relação com as terminações –do e –ndo.

A hipótese é de que as sentenças com as perífrases de particípio expressarão o aspecto

iterativo e as com gerúndio expressarão o aspecto durativo, conforme o exposto por

Wachowicz (2006).

Antonia Claudene de Lima Santos ([email protected]) Pós-graduanda

Título: La visión de los vencidos: memoria colectiva y escrita de la historia en El jinete

Insomne

Memoria colectiva e historia pueden presentar diferentes definiciones y

funciones a partir de las sociedades que tomamos como referencia. Según Halbwachs,

los términos son opuestos, pero si nos referimos a algunos grupos indígenas

observamos que la memoria colectiva y la historia tienen funciones parecidas y son

importantes para la cohesión del grupo social. La sobrevivencia de la memoria

colectiva para estos grupos representa la manutención de su historia, lo que posibilita

que otra versión de la Historia oficial sea conocida, la visión de los vencidos. Manuel

Scorza, escritor y poeta peruano de la década de 1970, en la pentalogía Guerra

Silenciosa narra las luchas y masacres sofreídas por los indígenas de los Andes

Centrales del Peru. Escrita a partir de relatos y noticias de las masacres ocurridas en

esta región en la década de 1960, La Guerra Silenciosa une características de la novela

tradicional indigenista, como la denuncia del sufrimiento del pueblo indígena, a

elementos del “boom” hispano-americano, como el realismo maravilloso. A partir del

estudio de las relaciones entre memoria colectiva y escrita de la historia, nuestro

trabajo tiene como objetivo analizar el papel de la memoria colectiva para la escrita de

la historia de los vencidos en la tercera novela de la pentalogía, El jinete insomne. Para

tanto, utilizaremos como fundamentación teóricas las reflexiones de Maurice

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Halbwachs (2006), Jacques Le Goff (1984), Walter Benjamin (1987), Enrique Dussel

(1992), Antonio Cornejo Polar(2000), entre otros.

Antonio Ferreira da Silva Júnior ([email protected]) - Professor

Título: A formação de educadores linguísticos para a era 3.0: (re)visitando o papel do

curso de Licenciatura em Letras (Português/Espanhol) da UFRJ

Esta comunicação tem como objetivo refletir criticamente sobre os saberes

necessários ao educador linguístico de Português/Espanhol no exercício de sua

atividade profissional na era conhecida como da Educação 3.0 (FAVA, 2014). Os

professores da Educação 3.0, mais do que informar e transmitir conhecimento pronto

e formatado, estimulam os aprendizes a buscarem informações de modo coletivo e de

construir conhecimento por meio de ações continuadas. Esta pesquisa parte da análise

crítica do Projeto Pedagógico (PP) do curso de Letras da UFRJ, documento (re)visitado

a partir das exigências da reforma dos cursos de Licenciatura no país. O PP analisado

propõe um novo sentido para os cursos de Letras/UFRJ ao tentar articular

teoria/prática, contrapondo-se ao antigo modelo “3+1”, em que não havia interação

entre as disciplinas pedagógicas e as específicas da Licenciatura. Busca-se verificar de

que forma o PP do curso pesquisado atende à exigência das Diretrizes Nacionais no

tocante ao desenvolvimento de competências tecnológicas e dos saberes

recomendados para a promoção da educação linguística do educando. Como o PP do

curso de Letras/UFRJ contribui para formar educadores numa época de educação

participativa é o foco dessa reflexão. Os estudos teóricos de Celani (2002), Paiva

(2003), Almeida Filho (2005) e Daher e Sant’Anna (2010) fundamentam a pesquisa.

Antonio Valmario Costa Júnior ([email protected]) Pós-graduando

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Título: Breve itinerário da morte en la vida es sueño

Verificando a significativa incidência de referências à morte no texto da

comédia La Vida es Sueño, propomos através desta comunicação aclarar a que eventos

o público de Pedro Calderón de La Barca se remetia quando assistindo a esta obra

teatral tinha que confrontar – se com situações e referências à morte. Pretendemos

que este breve inventário das situações de morte comuns no século de Ouro Espanhol

possa nos aproximar da eventual leitura que um habitante destes tempos e deste

teatro, teria como percepção concreta da morte em seu cotidiano, considerando

inclusive a influência ideológica e simbólica da Contrareforma Católica. Ressaltamos

que o levantamento deste conjunto de experiências com a morte não implicam em

uma necessária correspondência entre a presumida lógica experiencial e a lógica

dramática ou poética. Pretendemos, pois, constituir uma plataforma provável de onde

poderíamos tentar entender com respeito à questão da morte, qual realidade objetiva

servia para a construção subjetiva da comédia. Salientamos que para bem cumprir os

fins a que nos propomos nos valeremos de aspectos evidenciados por Zygman

Bauman ( 1925 - ) sobre a relação da pós-modernidade com a morte como forma de

criar um distanciamento crítico entre o modo que a contemporaneidade lida com este

tema e a forma como o público da época de Calderón o tratava e ao final

procuraremos identificar as referências objetivas á morte que aparecem em La vida es

sueño através de alguns exemplos.

Bárbara de Oliveira Santos ([email protected]) Pós-graduanda

Título: Lope de Aguirre e o rio Amazonas: as imagens literárias pós-modernas no

romance histórico de Miguel Otero Silva

O romance histórico Lope de Aguirre, príncipe de la libertad (1979), do escritor

venezuelano Miguel Otero Silva (1908-1985) pode ser compreendido como fonte de

releitura estética do universo simbólico da Amazônia à época da Jornada de Omagua y

Dorado, em 1560. Com a reinauguração da experiência do olhar do personagem

histórico Lope de Aguirre à medida que este atravessa o rio Amazonas, ocorrem

transfigurações segundo as imagens de “soldado”, “traidor” e “peregrino”, figuras que

norteiam o andamento da obra. Miguel Otero Silva acessa e recria a memória da época

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e o imaginário sobre o Novo Mundo, provocando, ao mesmo tempo, a reflexão da

ambivalência que permeia a Literatura uma vez que o discurso literário/simbólico

aprofunda as análises sobre suas estreitas relações com o discurso

histórico/referencial/oficial, tentando também estabelecer sentidos, conceder uma

inteligibilidade própria ao não compreendido, representar dados que escapam à

experiência e ao presente do acontecimento.

Beatriz Moreira Anselmo([email protected])

Título: Um teatro simbolista?

A crítica literária durante muito tempo pôs-se a confirmar uma supremacia da

poesia em relação a outros gêneros na literatura do Simbolismo. É fato que existe

nessa estéticado fin-de-siècle uma forte presença de uma poesia que se caracteriza

por hermetismo, musicalidade, misticismo e sugestões que convidam o leitor a tentar

desvendar mistérios profundos da linguagem. Entretanto, a literatura simbolista não se

limitou apenas à poesia, tendo em vista que outros gêneros literários também

constituíram a literatura do simbolista. Ainda que não recebessem grande atenção da

crítica, a prosa e o teatro são expressões de significativa qualidade literária que

atendem aos pressupostos estéticos do movimento dos símbolos. Tendo em mente tal

presença, este trabalho se voltará para o teatro simbolista, um teatro poético que

lançou chamas às cenas teatrais no final do século XIX e que muito contribui para a

formação das artes dramáticas contemporâneas.

Palavras-chave: Simbolismo; poesia; teatro; hibridismo literário.

Carolina Parrini Ferreira ([email protected]) Pós-graduanda

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Título: A emergência de Tempo futuro na aquisição do Espanhol Língua Materna

O presente estudo consiste na descrição da emergência de Tempo futuro na

gramática do Espanhol, sobretudo a emergência das formas verbais simples (hablaré) e

perifrástica (voy a hablar). A análise busca identificar: em que idade emergem as

formas verbais codificadoras de Tempo futuro; que traços, além do traço de Tempo,

são veiculados através das referidas formas; e como se dá o processo de expressão de

Tempo futuro ao longo de um período da aquisição. Estudos apontam diferentes

resultados no que diz respeito à emergência de Tempo na gramática infantil. Para

alguns pesquisadores, Tempo adquirido tardiamente (SCLIAR-CABRAL, 2007), para

outros, emerge cedo (LOPES ET ALII, 2004). Os diferentes resultados se justificam,

entre outras razões, pela pluralidade de vertentes teóricas que buscam explicar como

as crianças adquirem uma língua. Nesse sentido, este trabalho pretende contribuir

com as discussões e pesquisas acerca da aquisição da linguagem. Para tal, foram

analisados os dados da fala espontânea de uma criança nativa de Barcelona, da idade

de 1;10 até os 4;0 anos. As amostras são do banco de dados CHILDES. Os resultados

obtidos até o momento apontam que: a criança realiza formas verbais de futuro

somente aos 2;3; a forma perifrástica é adquirida antes da simples; a primeira codifica,

predominantemente, traço de Tempo futuro, a segunda codifica traços de Tempo e

Modalidade. A base teórica adotada no estudo é de cunho gerativista.

Caroline Navarrina de Moura ([email protected]) Graduanda

Título: O papel do tradutor brasileiro na mediação entre culturas: a transmissão de

sentidos entre línguas germânicas e latinas

O processo de leitura é um ato de produção de sentido. Ao nos depararmos

com uma obra literária, nós, leitores, passamos a integrar ao sentido geral da obra

experiências próprias de fruição e reflexão crítica. Tendo o Brasil se firmado, como um

país econômica e culturalmente emergente, este trabalho propõe estudar e analisar a

nossa responsabilidade tanto como estudiosos e transmissores da cultura e das

literaturas de língua inglesa, quanto como leitores estrangeiros e, mais

especificamente, brasileiros. Este trabalho filia-se ao projeto Mochileiros de Outros

Mares, que investiga os interstícios imagéticos que separam as bagagens culturais dos

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leitores nascidos e criados nos países de língua inglesa das bagagens dos leitores

brasileiros. Desse modo, apresento aqui uma problematização do trabalho do tradutor

brasileiro do século XXI como responsável pela articulação entre culturas por seu

potencial de mediador que pode aclarar o entendimento entre os povos. Para tanto,

apresento o caso da tradução de O Morro dos Ventos Uivantes, da autora inglesa do

século XIX, Emily Brontë, para a língua brasileira como exemplo da intraduzibilidade

que a transição meramente linguística pode acarretar. Com relação à obra vitoriana, os

resultados da análise de sua tradução demonstram que, em determinados pontos da

obra, a apreensão sociocultural do conteúdo da narrativa, como o fato de uma moça,

Catherine, descrita como uma selvagem, casar-se com um moço, Edgar, que fazia parte

de uma família rica e que morava em uma propriedade nova naquele ambiente,

juntamente, com o fato de haver detalhadas descrições da natureza em volta, como as

charnecas, fazem com que nos perguntemos como seria passar uma apurada tradução

dessas passagens para o público brasileiro. Conclui-se, então, que, em nossa cultura de

Novo Mundo, tendemos a subestimar o peso da tradição e a supervalorizar os

aspectos econômicos, e que isso influencia a nossa leitura, levando os limites e as

barreiras linguísticas a níveis extratextuais.

Celia Regina de Barros Mattos([email protected])

Título: El sepulcro de Don Quijote

A comemoração do terceiro centenário de publicação de Dom Quixote e

também da morte de Cervantes deu abertura a que críticos e escritores do fim do

século XIX e início do XX o homenageassem. Entre esses, se sobressai Dom Miguel de

Unamuno – La vida de Don Quijote y de Sancho.

Diferente dos demais (os modernos cervantistas), Unamuno não se preocupa

com o que Cervantes quis dizer, com erudição, interpretações filológicas, históricas ou

estéticas. Ao contrário, se abre ao que o texto nele faz surgir, inspirando-o e

estimulando-o a questões mais amplas que vão, desde o homem espanhol até Deus,

desde a vida que passa como sonho até a morte e à imortalidade. Vendo-

se mergulhado na profunda crise do seu tempo, nela reconhece a grande crise da

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modernidade e essa intimidade fica evidente - “ (...) queremos que Don Quijote salga

de nuevo de su aldea, en busca de famosas y benéficas aventuras” . Unamuno, “por no

poder menos”, convoca uma nova cruzada. Quer “ir a rescatar el sepulcro del Caballero

de la locura del poder de los hidalgos de la razón”.

Estamos falando de El sepulcro de Don Quijote, texto inserido na obra acima

mencionada.

César Casimiro Ferreira ([email protected]) pós-graduando

Título: Pier Paolo Pasolini: A literatura, o cinema e a cidade moderna.

Pier Paolo Pasolini (1922-1975) dedicou sua vida à produção de uma obra

diversificada, que tange diversos meios de expressão, destacando-se tanto na poesia e

romances como no cinema, entre outros campos. Grande parte de sua arte utiliza-se

do cenário das cidades modernas italianas para sustentar sua poeticidade, como, por

exemplo no romance Una vita violenta (1959), no qual evidencia o cenário da periferia

romana pós-Segunda Guerra Mundial, quando a península itálica passava por um

processo de reestruturação econômica.

Suas narrativas, escritas ou fílmicas, se detém sobre o espaço físico; na

dimensão geográfica das urbes modernas, se movem seus personagens, oriundos de

uma classe de excluídos pelo mundo capitalista.

Nossa proposta é que a leitura da obra deste escritor italiano possa ser feita

considerando a sua relação íntima com a visão crítica do mundo no qual esteve

inserido. Assim, nosso trabalho apresenta um estudo acerca da importância do espaço

das cidades modernas que se refletem na obra literária e cinematográfica de Pier

Paolo Pasolini.

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Clarice Ghisi ([email protected]) - Pós-graduanda

Título: O estudo da semântica nos livros didáticos do ensino fundamental da rede

pública: Uma abordagem do significado

Este artigo tem o objetivo de verificar como o livro didático “Tecendo

Linguagens – Língua Portuguesa”, de autoria de Tânia Amaral Oliveira et al - utilizado

pelo estudantes do 8o e 9o ano do ensino fundamental da EEEFM Murilo Braga de

Porto Velho – RO, desenvolve a abordagem do significado. Para isso, foi utilizado como

referencial uma série de autores das teorias semânticas: formal, lexical, enunciativa e

cognitiva sob a ótica de Lyons (1987), Pires de Oliveira (2003), Cançado (2008),

Ferrarezi (2013), Ilari (2001). A metodologia consiste em analisar em quais dessas

teorias estão baseados os exercícios e atividades propostas pelo livro didático a

respeito do significado no volume direcionado aos estudantes acima mencionados por

acreditarmos ser esse um período de transição para o Ensino Médio e os livros

didáticos trazer uma abordagem contextualizada, ligada à vivência sócia cognitiva do

estudante. Percebe-se que a maioria dos exercícios referentes a significado, nos livros

didáticos, ainda contém uma base teórico-metodológica cunhada na semântica formal

e/ou na semântica lexical, não considerando o contexto de uso dos vocábulos e

sentenças. Assim, investigamos a inserção de atividades propostas que contemplem os

estudos semânticos.

Palavras-chave: semântica, livro didático, significado.

Claudia Heloisa Impellizieri Luna Ferreira da Silva ([email protected]) -

Professora

Título: De cenizas y de fuego: estrategias críticas y de resistenciaenla novelística de

Manuel Scorza

La muerte de Manuel Scorzatrasel término de La danzainmóvilhizocon que la

pretendida trilogía se cerrara inconclusa. Escrita bajo el duelo por la derrota final de

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losmovimientos campesinos e indígenas enPerú, la obra presenta uncontrapunteo

entre dos espacios que unenensíelparadójico emblema de eldorado y de exilio. Entre la

selva amazónica y la urbe parisina se defrontan artistas y militantes, unidos por

labúsqueda de nuevas formas de resistencia. Como piezas de unrompecabezas, las

tramas de la novela señalan, además de larelación entre amor y guerra, deseo y lucha,

lareflexión sobre lasestrategiasposibles de actuacióndel escritor enunescenario

adverso. La ironía y el humor funcionan, en este contexto, como formas de

contrarrestareldesilusionamiento crónico o el cinismo profesional. A través de un sutil

juego de temporalidades, Scorzamantieneen movimento la espiral del tempo y de la

historia, invitando ellector a proseguir, quizás vislumbrando elfuego entre lascenizas.

Cláudia Regina da Silva Rodrigues ([email protected]) - pós-graduanda

Título: A representação do feminino em Blanca Sol de Mercedes Cabello de Carbonera

Esta pesquisa se propõe a fazer um estudo sócio-histórico do sujeito feminino

dentro da obra Blanca Sol da escritora peruana Mercedes Cabello de Carbonera. Para

isso faremos uma leitura crítica do romance; uma literatura de denúncia destinada à

sociedade do final do século XIX. Abordaremos a questão da identidade feminina e

como são determinados os papéis sociais dentro da sociedade.

Durante a análise serão revistas as cenas em que se destacam situações que

deixam claro como o sistema patiarcal, que impunha padrões de comportamento

previamente construídos, não foi suficiente para dominar Blanca Sol a “heroína

problemática”.

A história relata a vida de excentricidades de uma dama da alta sociedade que,

envolvida em galanteios, perde a fortuna adquirida no matrimônio, o que a leva à

miséria e à prostituição. Durante a narrativa, percebe-se que a autora dá ênfase aos

vícios da sociedade limenha da época, sendo sintetizado na personalidade da

protagonista.

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A metodologia será fundamentada em pesquisa bibliográfica de estudiosos que

desenvolveram questionamentos, interpretaram e sistematizaram os dados inerentes

ao assunto.

O presente estudo faz uma junção entre a obra e a crítica de alguns estudiosos,

passando pelas referências teóricas de Cornejo Polar, Benedict Anderson, Stuart Hall e

Ismael Pinto Vargas. Assim, almejamos analisar as questões sociais inseridas na obra

sob a perspectiva de um olhar crítico que busca trazer à tona a problemática social do

final do século XIX explorada por Mercedes Cabello de Carbonera.

Claudia Sulami Ferraz Neustadt ([email protected]) Pós-graduanda

Título: Poéticas do deslocamento na literatura hispano-canadense: A obra de José

Leandro Urbina

O projeto de pesquisa Deslocamento cultural e processos literários nas letras

hispânicas contemporâneas: a literatura hispano-canadense, inscrito no PPG/LEN da

UFRJ e do qual participo, se centraliza no estudo crítico e historiográfico das literaturas

hispano-americanas produzidas em âmbitos americanos não hispânicos, precisamente

a literatura hispano-canadense. O projeto possui como alicerce teórico a noção de

deslocamento, noção imprescindível para visualizar a literatura hispano-americana

contemporânea no âmbito de uma cultura translocal. Minha participação nesse

projeto se sustenta no estudo da obra do escritor chileno-canadense José Leandro

Urbina, com o objetivo de caracterizar uma poética do deslocamento em sua práxis

escritural. Centralizo como objeto de estudo de minha dissertação de mestrado os

romances Las memorias del Baruni (2009) e El basurario del Baruni (2011), dois textos

que se articulam em torno do produtivo diálogo intergenérico entre romance,

autobiografia e memórias e nos que confluem os mais variados tópicos do

deslocamento. Nesta comunicação apresento um estudo de Las memorias del Baruni,

analisando o romance nas suas coordenadas temáticas, compositivas e comunicativas;

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integrando o exercício interpretativo a uma caracterização do que Palmero González

define como uma poética do deslocamento. Esse estudo possibilitará desenvolver

posteriormente um estudo comparado.

Cristiane Agnes Stolet Correia - [email protected]

Título: As diversas fusões na perspectiva literária vital de Miguel de Unamuno

O presente estudo pretende aproximar-se da perspectiva literária do pensador

espanhol Miguel de Unamuno, valendo-se do diálogo e da fusão entre várias noções

vitais apresentadas e desenvolvidas na vasta obra do autor, entrelaçando-as às

possíveis origens e/ou formações das palavras instauradoras de tais noções. O

caminho que adotamos perpassa tanto neologismos como vocábulos já existentes, que

apontam novos sentidos na obra unamuniana, como nivola, paradoxo, egotismo,

bufonada trágica / tragédia bufa e noluntad.

Daiane Basilio de Oliveira ([email protected]) Graduanda

Título: O existencialismo e a sociedade contemporânea: A indústria cultural como fator

de dominação do homem

Ao propormos um diálogo entre o Existencialismo e a Indústria Cultural, termo

cunhado por Adorno e Horkheimer (1985) para designar a massificação do

pensamento e comportamento, provenientes do sistema capitalista, buscaremos

compreender o domínio ideológico operado pelos meios de comunicação e a perda da

autonomia e singularidade do indivíduo. Tendo como apoio, a perspectiva bakhtiniana

de que a os valores ideológicos se encontram camuflados ou explícitos no discurso,

empregaremos como exemplo literário, a peça-fábula Rinocéros, na qual Ionesco tece

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crítica ao estado de alienação e conformismo do homem, assim como a ausência de

originalidade.

Pretendemos abordar, ainda, as origens provenientes do Existencialismo, assim

como as premissas filosóficas de seus precursores. Trataremos de expor a doutrina

existencialista defendida por Sartre em seu ensaio "O Existencialismo é um

Humanismo". Ao passo que consideraremos, como a sociedade contemporânea vive

sob influência mercadológica, na qual a Indústria Cultural, por meio do discurso (textos

escritos e orais, imagens, músicas, etc.) captura o homem e o mantém sob tutela,

minando as capacidades de escolha, reflexão e posicionamento, na busca de angariar

poder.

Dalva Desirée Climent ([email protected]) - Graduanda

Título: NUEVOS MUNDOS EMERGEN EN LA PERIFERIA DE BUENOS AIRES: Flujos,

negociaciones e identidades en las narrativas de Cristian Alarcón.

El trabajo de investigación propone una lectura de dos obras del escritor

Cristían Alarcón “Cuando me muera quiero que me toquen cumbia” y “Si me querés

quereme transa “, donde establecemos un diálogo entre las dos y nos proponemos a

disponer relación entre el avance del crecimiento de las villas en Buenos Aires y el

cambio narrativo que ocurre en los dos libros.

Buscamos pensar los flujos migratorios, los desplazamientos y nuevas

identidades que se están formando a través de este proceso migratorio, presentar

estos nuevos mundos y repensar las culturas de la temporalidad del presente más allá

del discurso simplificador de la prensa y como el autor lo hace dentro de sus dos libros.

El autor mezcla realidad y ficción, nos lleva a conocer a esta nueva realidad

villera que está tan cerca y tan lejos de lo que se conoce como Argentina, y para esto

crea a su propia Macondo que es la Villa del Señor.

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Nuestro marco teórico sigue propuesta de análisis de identidades culturales de

Hall Stuart ,

Consideraciones acerca de migraciones de Alejandro Grimson y Maria

Bernardete Porto y cuestiones de prejuicios contra inmigrantes de Albuquerque Junior

y los estudios de modernidad liquida de Zygmunt Bauman y conceptos de Islas

Urbanas de Josefina Ludmer.

Dicho trabajo está en situación de investigación orientada cuanto las lecturas y

bibliografías.

Daniela Pereira Moreira da Silva ([email protected]) - Graduanda

Título: Implicações do liberalismo na educação das mulheres do século XIX

O século XIX é marcado por vários movimentos, dentre os quais, neste

trabalho, serão abordados sobre a força do liberalismo e o que essa política

individualista influenciou na educação da mulher. Pretende-se também, ampliar o

conhecimento histórico sobre alguns fatos dos oitocentos, um século de grandes

mudanças e influências políticas no cenário tanto brasileiro, quanto nos cenários

europeu e americano.

Neste período temos também o surgimento da propriedade privada reforçando

ainda mais a burguesia do século de XIX e o liberalismo. O aumento das desigualdades

sociais se dá pelo fato de que a sociedade liberal possui como base o dinheiro e poder.

Possuir dinheiro e bens materiais (propriedade privada) proporciona melhores

condições para ter acesso ao ensino de qualidade, logo, o que detém o poder possui

inteligência, excelente poder intelectual/cultural, enfim, tem instrução, tem boa

formação educacional. Mas o surgimento do bacharelado acaba por dividir a burguesia

já existente, surgindo assim à classe média.

Na formação intelectual, o dinheiro é fundamental, já que este proporciona

emancipação no ensino. Desse modo, há o surgimento e a valorização do bacharelado,

o que reafirma o poder do liberalismo. A minoria da população tem acesso à cultura e

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ao ensino de qualidade. Partiremos dessas características do liberalismo inicial e assim

iremos continuar este trabalho tentando entender como se dava a educação feminina

nesse cenário político-social-liberal.

Danielle Grace de Almeida ([email protected]) - Pós-graduanda

Título: A poesia está no verso

O que é poesia? Essa pergunta tão frequentemente formulada tanto pela crítica

quanto pelos poetas põe sob suspeita não somente as fronteiras que tradicionalmente

separam prosa e poesia, ela questiona a possibilidade mesmo de existência do poeta e

de seu papel enquanto agenciador de significados e significantes. Francis Ponge indica

um caminho. Para ele, o poeta deve entrar em seu ateliê e se empenhar em “consertar

o mundo”, interferindo nos modos de funcionamento da língua. Tal como um escultor

que manipula a argila, as palavras devem ser tratadas em sua materialidade. Nesse

sentido, Ponge, ao publicar seus “rascunhos”, expõe a escrita em seu desdobramento,

em pleno flagrante da palavra em “estado nascente”. Assim, a atitude do poeta de

conservar alguns de seus textos em fase de “imperfeição”, de “inacabamento” pode

ser interpretada como um de seus métodos criativos. Os rascunhos pongianos seriam,

então, como uma indicação ao final da página de que a poesia está no verso,

apontando para o que fica atrás, o que está encoberto. Esse trabalho pretende analisar

de que forma a técnica de Ponge se volta para a poesia como uma mensagem, um

caminho rumo à nova modernidade poética.

Danilo Lopes Brito ([email protected]) Pós-graduando

Título: Novas representações do Brasil na Itália: a bossa milanesa e seus

desdobramentos

Ao longo dos séculos, diferentes olhares se dirigiram ao Brasil. Os discursos

deles decorrentes produziram estereótipos que ainda estão em circulação. Esses

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discursos não são iguais e veiculam estereótipos divergentes. Para além do exotismo,

da violência, da sexualidade evidente e dos ares cool de alguns contextos brasileiros,

um novo estereótipo relacionado ao Brasil é difundido atualmente na Itália. Partindo

da música, um selo milanês que lida com referências de samba e de bossa-nova dá

margem a um novo olhar para o Brasil através da crítica musical e dos demais

discursos a ela atrelados. A presente pesquisa visa analisar como se dá tal processo,

além de investigar a repercussão deste em contexto midiático primordialmente

italiano. Assim, lança-se mão da análise desses discursos (à luz de D. Maingueneau,

2013) e da Teoria da Recepção (Jauss, 1970), que vêm a elucidar a formação desse

novo estereótipo. Além disso, os escritos mais recentes da área dos Estudos Culturais

são caros à pesquisa, como os de H. Bhabha (2013), F. Jameson (2004), N. Canclini

(2013) e R. Amossy (2011). É nesse sentido que se pretende entender a nova forma

que o Brasil, através da música, assume diante do olhar estrangeiro.

Davidson Martins Viana Alves ([email protected]) Graduando

Título: O ensino de pronúncia a falantes de espanhol como língua não materna da Eja-

Manguinhos

Este trabalho busca apresentar, dentro do tema de sotaques e pronúncias, as

crenças e atitudes linguísticas de falantes de espanhol como língua não materna da EJA

– Manguinhos (EPSJV) em relação a algumas mostras de fala do corpus SOPRELE

(Sotaques e Pronúncias do Espanhol como Língua Estrangeira). Cabe ressaltar que este

trabalho surgiu a partir de um projeto de pesquisa da prática de ensino da licenciatura

em Letras: Português/Espanhol da UFRJ. Dentre os objetivos principais, busca-se

descobrir quais são os tipos de crenças e atitudes linguísticas aferidas às mostras de

fala expostas aos informantes, como ocorre o processamento da formação de

pensamento ideológico e de reação “subjetiva” nesses falantes, de que maneira a

representação cognitiva e o componente sociocultural dos informantes influenciam à

constituição de suas crenças linguísticas e qual a origem dos valores negativos aferidos

por estes estudantes e como esses valores ocorrem na interação social e na

comunicação real da língua. Como base teórica para crenças e formação de

pensamento apoia-se em Barcelos (2004, 2006) e Silva (2010), em relação à atitude

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linguística apoia-se em Bisinoto (2007), no que se refere às práticas de exclusão e

inclusão linguísticas cabe apoiar-se em Goffman (1988), Leite (2008) e Bagno (2009).

Delia Cambeiro ([email protected]) Professora

Título: Questões de literatura e tradução a serem assinaladas no texto italiano

medieval

Nosso trabalho consiste em traduzir textos italianos medievais, a fim de que o

acesso às obras seja viável a estudantes brasileiros aprendizes de italiano. O obstáculo

linguístico tem dificultado o ensino de literatura, no tocante ao período que vai das

origens ao final do século XV. Ainda que nosso projeto de tradução e atualização

abranja todo o citado período, vamos aqui abordar questões linguístico-literárias

relativas à problemática leitura dos textos de Cecco Angiolieri. Mais especificamente,

analisaremos os textos “S’i’ fosse foco” e “La mia malinconia è tanta e tale”. A escolha

do corpus deve-se ao fato de os textos serem considerados representativos do autor e

frequentes nos capítulos dos principais manuais de História e Crítica literária italiana

sobre a época estudada. Primeiramente, procederemos à apresentação do autor, do

contexto histórico em que está inserido e da importância do legado de suas obras para

a formação da literatura italiana dos primórdios. A seguir, com base nas mais recentes

teorias da tradução, analisaremos os corpus, observando as exigências do autor, da

obra e do leitor hodierno.

Diego da Silva Vargas ([email protected]) Pós-graduando

Título: A cognição distribuída e o ensino de leitura em espanhol-LE.

Neste trabalho, busca-se analisar respostas de estudantes do ensino

fundamental para atividades de leitura em língua espanhola elaboradas com foco no

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desenvolvimento do agenciamento por parte dos leitores sobre seu processo de

inferenciação. Para isso, utiliza-se o aporte teórico dos estudos em cognição. Em

especial, busca-se a incorporação dos estudos em Cognição Distribuída (Hutchins,

2000; Bardone, 2011; Wilson e Clark, 2009; Sinha, 1999) aos estudos que já se dedicam

a compreensão do processo de inferenciação em leitura e seu desenvolvimento em

situação escolar (cf. Vargas, 2012). Tais estudos apontam que a cognição se constitui

dinamicamente por meio de uma integração entre cérebro, corpo e ambiente.

Segundo Zhang e Patel (2006), existem dois tipos de cognição distribuída: entre uma

mente e um artefato externo e entre mentes individuais. Assim, a partir da

compreensão de que a leitura se dá de maneira interativa entre texto e leitor,

advogamos que é preciso considerar que essa relação texto-leitor (e seu reflexo no

processo de construção de inferências) é uma evidência de que a cognição é

distribuída. Levando-se tais pressupostos em consideração, apresenta-se, então, a

análise das respostas dadas pelos estudantes, buscando entender seus processos

inferenciais, bem como suas condições de validação no espaço escolar.

Diego Dias Annoni ([email protected]) Graduando

Título: Literatura e jornalismo em Clarice Lispector: A noção de feminilidade nas

páginas femininas

Este projeto de pesquisa tem por objetivo recuperar a trajetória jornalística de

Clarice Lispector, concentrando a análise nas páginas femininas produzidas pela

escritora no período de 1952 a 1961. A proposta aqui desenvolvida consiste em

analisar e comparar os aspectos ressaltados por Clarice Lispector, nas páginas que a

autora produziu a despeito da noção de feminilidade. O trabalho tem como referencial

teórico a proposta de análise das colunas femininas da pesquisa de Aparecida Maria

Nunes, publicada no livro "Clarice Lispector Jornalista: páginas femininas e outras

páginas" (Senac/SP, 2006). Para análise, foram examinados as considerações feitas por

Aparecida Maria Nunes, no livro em questão e os discursos reproduzidos nas páginas

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sobre o "ser feminino", na tentativa de delinear o perfil da leitora que se inscreve nas

páginas das colunas assinadas por Clarice Lispector no periodismo do Rio de Janeiro, e

delimitar a relação em nível de importância entre as páginas femininas, na sua

divulgação e recepção, e a literatura clariciana ,que dispunha de um público

completamente oposto. Espera-se em um segundo momento, com as análises, que

seja possível moldar o perfil hábil de Clarice Lispector enquanto jornalista e autora na

empresa feminina e trazer ao público, sua concepção de feminilidade, e relatar uma

possível influência dessa ideologia na subversão da mulher, até então passiva.

Diogo de Hollanda Cavalcanti ([email protected]) Pós-graduando

Título: História e ficção em Historia secreta de Costaguana, de Juan Gabriel Vásquez

Este trabalho é parte de um projeto de pesquisa sobre deslocamento e

memória na obra do escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez. Na presente

comunicação, proponho uma análise do romance Historia secreta de Costaguana

(2007), enfocando principalmente as reflexões do livro sobre história e ficção. Tendo

uma trama familiar como fio condutor e uma especulação literária como pano de

fundo, o romance é, em boa medida, um livro sobre a Colômbia oitocentista, mas que

resiste logo no título – que alude à república imaginária do romance Nostromo (1904),

de Joseph Conrad – aos esforços de verossimilização que caracterizam a ficção

histórica tradicional. Centrada na construção do Canal do Panamá, a narrativa

questiona a história oficial e resgata episódios esquecidos, mas o tom é mais próximo

da ironia e da farsa. Nas observações sobre a escrita e os métodos historiográficos,

emerge um tema central na obra de Vásquez: a complexidade de se evocar o passado,

sempre esquivo e em constante movimento. O romance ecoa uma defesa feita pelo

autor em um ensaio, a da capacidade da ficção de atingir “verdades mais densas e

ricas” que as da história (VÁSQUEZ, 2009).

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Diogo Neves da Costa ([email protected]) Pós-graduando

Título: O discurso do ensino da tradução no Brasil e na França

Nosso trabalho se propõe a apresentar as conclusões iniciais da tese de

doutorado do presente autor que visa analisar o discurso do ensino de tradução no

Brasil e na França em nível de graduação a partir dos projetos políticos pedagógicos e

as grades de disciplinas para a formação do tradutor. Para tanto utilizaremos como

base a teoria semiolinguística de Patrick Charaudeau (1983, 1984, 1992, 2009 etc.) e a

noção de Ethos proposta por Maingueneau (1993, 2008). Daremos ênfase na

apresentação à análise das instituições brasileiras, das quais dispomos de 23 grades de

disciplinas de 23 universidades de Letras com ênfase em tradução ou de Tradução

espalhadas pelo Brasil e 6 Projetos políticos pedagógicos para composição do corpus.

As universidades foram divididas em 3 grupos, baseados em seus objetivos gerais: (1)

formar tradutores, (2) formar intérpretes e (3) formar tradutores e intérpretes. Ao final

da apresentação pretendemos demonstrar que a formação do tradutor no Brasil visa

mais um mercado de atuação do profissional em detrimento de outros possíveis e que

o discurso da formação do tradutor está mais relacionado ao “processo tradutório” do

que às “competências globais do profissional de tradução”, perceberemos ainda que

há um longo caminho a percorrer, principalmente, no que diz respeito à formação do

intérprete.

Edmilson Moreira Rodrigues ([email protected]) Pós-graduando

Título: Tradução e sistemas símbolos não verbais – reprodutibilidade de imaginários:

Na transmutação do Quijote

Ao longo dos séculos a tradução e, consequentemente, a “tradução inter-

semiótica”, Jakobson (1975, 65) do texto cervantino – Don Quijote de la Mancha tem

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sido ilustrado em perpetua tarefa pelos tradutores de superfícies. Porém, fica sempre

a pergunta – como os textos traduzidos em imagens, relacionam-se ao longo dos

séculos? Traduzir é compreender; e é, também, dialogar com as superfícies. Assim,

temos o domínio da imagem sobre a palavra e delas emanam um fluxo variado de

traduções ilustrativas. É possível ler o Quijote – parafraseando Schollhammer (2007) –

sem o predomínio da cultura das imagens dele geradas? Há, nesta pesquisa de

doutorado em tradução no Quijote, uma comparação estética de ilustrações, em

capítulo específico, desde a seminal, levando em consideração o que orienta Souriau

(1965, 21) “Podría entenderse, bajo el epígrafe de estética comparada, una

confrontación de los gustos, los estilos,” pictóricios, confirmamos. Investigando “los

procedimientos de un arte que permita al traductor instaurar ese delicado equilibrio

suspenso”, segundo Steiner (1975, 306), que existe desde o surgimento do Quijote e

sua primeira tradução imagística: Blaunte (Londres, 1612).

Palavras chave: Tradução, língua espanhola, Imagem, Quijote, Literatura comparada.

Elíria Quaresma Fugazza ([email protected]) - Pós-graduanda

Título: "A relação poder-saber no contexto da formação de professores de Espanhol

LE"

A investigação de práticas e discursividades relacionadas aos cursos de

formação de professores é imprescindível para o estabelecimento de um diálogo mais

profundo entre os saberes acadêmicos e a educação básica. Partindo do levantamento

de dados realizado ao longo de 2012 e 2013, pretende-se analisar as disputas

discursivas entre as formações linguística e literária nas licenciaturas em Letras

Espanhol em duas universidades federais do Estado do Rio de Janeiro para melhor

compreender a interação/tensão entre campos epistemológicos e discursos ligados a

tradições acadêmicas que constituem o âmbito específico da formação de professores

de Espanhol LE na atualidade, explorando deste modo a relação poder-saber

(FOUCAULT, 2013) presente nos discursos dos sujeitos envolvidos nesse contexto.

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Constituem nosso corpus entrevistas com um professor universitário, um professor de

Espanhol LE da educação básica e um licenciando. Para o desenvolvimento de tal

análise, é importante problematizar a entrevista enquanto um gênero discursivo que

permite a produção de verdade(s) através de dispositivo similar ao da confissão

(FOUCAULT, 2014). Consideramos, portanto, que refletir sobre as concepções e

perspectivas teórico-críticas trabalhadas nas licenciaturas em Letras Espanhol é

essencial para que se contribua com uma formação mais crítica e comprometida com a

prática profissional.

Elton John Rocha Macedo ([email protected]) - Graduando

Título: O Movimento Cultural Hip Hop Como Ação Sociopolítica: elementos

formadores que contribuem na identidade de integrantes e simpatizantes em ações

comunitárias no DF

Este trabalho trata sobre o movimento sociocultural Hip Hop. Objetiva-se

analisar a ação emancipadora do movimento em relação à formação da identidade de

seus integrantes residentes em regiões marginalizadas do Distrito Federal. Utilizou-se a

metodologia qualitativa com pesquisa de campo realizada por meio de entrevistas com

os participantes que são integrantes e não integrantes de coletivos com faixa etária de

18 a 31, sendo homens de mulheres residentes das cidades satélites do Distrito

Federal: Samambaia, Brazlândia, Santa Maria, Paranoá e do entorno da cidade de

Valparaiso de Goiás. Os resultados demonstraram que a ação do movimento em seu

aparato sociopolítico e desenvolvedor de consciência crítica contribui na formação da

identidade em seus participantes. Bem como, os dados mostram que o Hip Hop tem

propiciado o despertar da consciência politica dos jovens participantes.

Palavras-chave: Hip Hop, Movimento Social, Identidade

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Erica Milaneze ([email protected])- Pós-graduanda

Título: A construção e o questionamento da identidade na poesia francesa

contemporânea

No cenário da poesia francesa contemporânea, o lirismo crítico se vincula ao

processo de recuperação da escrita lírica no final do século XX, em oposição às neo-

vanguardas e à pós-poesia, que propõe um afastamento da poesia por meio de uma

linguagem literal disposital. Representativas do lirismo crítico, as obras poéticas e

ensaios de Jean-Michel Maulpoix reavaliam, reatualizam e reconstroem o conceito de

lirismo pela releitura da modernidade poética, criando uma linguagem nas fronteiras

entre o lírico e prosaico, apoiada na alteridade. O poeta lírico-crítico se apresenta

dissociado e se projeta nas experiências da alteridade para construir uma identidade

que articula a interioridade à alteridade interior e exterior e à realidade circunstancial

na busca de uma expressão que rejeita o pathos, escava e interroga a subjetividade, o

mundo e a linguagem. O lirismo crítico se recusa a aprisionar-se no espaço restrito

atribuído ao lirismo, projetando um caminho particular para a poesia contemporânea

como opção à “literalidade” e ao desejo sair do âmbito da poesia. Pretendemos

efetuar uma discussão acerca da construção da identidade na escrita lírico-crítica de

Jean-Michel Maulpoix, baseada em sua releitura da modernidade poética.

Fabiano Dalla Bona([email protected])

Título: Em busca de um ethos siciliano na literatura

Se definir o conceito de identidade é, por si só, uma difícil tarefa, definir uma

identidade siciliana é ainda mais complicado. Entre os próprios sicilianos as

perspectivas sobre a Sicília são múltiplas e variadas; todavia as tradicionais

representações da ilha, criadas e transmitidas pelos viajantes do Grand Tour ainda

persistem no imaginário. O caso da Sicília é apenas um dentre muitos outros de

implicação consensual da história e da imagem em seus processos identitários.

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Descrita por Fernand Braudel como “um continente em miniatura” (BRAUDEL, 2010, p.

157), a ilha tem todas as qualidades necessárias para ser um terreno propício à

reivindicação de especificidades na construção de uma identidade. O presente

trabalho procura buscar a definição de um ethos siciliano à partir dos conceitos

de sicilianismo,sicilitudine, sicilianità e insularidade, à luz dos fundamentos teóricos de

Maingueneau e Sciascia, entre outros.

Fabricio da Silva de Oliveira

Título: Visões da infância em “O Mundo” de Juan José Millás

Um dos relatos de infância mais frequentes na Espanha contemporânea

consiste na história de crianças que viveram os primeiros anos das suas vidas durante

o franquismo (1939-1975), e especialmente, no período que se seguiu a Guerra Civil

(1936-1939). Esses relatos fazem parte da memória pessoal e coletiva da Espanha

contemporânea. No seu romance El mundo (2007), o escritor Juan José Millás (1946),

escreve uma história ficcionalizada na sua própria infância transcorrida na década de

cinquenta. O mencionado romance incorpora elementos autobiográficos, apela à

autoficção do narrador- autor em primeira pessoa e questiona permanentemente os

limites entre o real e a ficção. O olhar infantil registra um mundo cinzento, em que

habitam a família de Juan José (“Juanjo”), os vizinhos e os amigos do bairro. Por um

lado, a pobreza caracteriza a vida material, por outro, os medos, a doença, a loucura e

a droga ajudam a compor o clima espiritual do romance. Analisamos, especialmente, a

emergência do monstro como metáfora do mal-estar de um período particularmente

obscuro da vida política e social da Espanha e também a metáfora da enfermidade no

romance. Notamos que uma certa tradição barroca reaparece na visão do romance,

manifestada no modo como se apresenta a relação entre a vida e a morte, a presença

da religião católica, e o medo do castigo. Tomamos como noções críticas centrais a

autobiografia, a autoficção, a memória e os relatos de infância (Lejeune, Alberca,

Pozuelo Yvancos).

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Felipe Diogo de Oliveira ([email protected]) - Professor

Título: Sintagmas nominais complexos em blogs futebolísticos da Argentina e do Brasil

O estudo das línguas através dos gêneros digitais vem ganhando importância na

Linguística. Sob a ótica do Funcionalismo e dos estudos sobre gêneros (BAKHTIN, 2003;

HALLIDAY & HASAN, 1989), este trabalho analisa a variação de uso de Sintagmas

Nominais (SNs) complexos no gênero digital blogs sobre futebol, da Argentina e do

Brasil. Consideramos como SN complexo aquele que, incluindo o nome núcleo, possui

três ou mais constituintes. Sua complexidade foi medida pela quantidade de itens

lexicais e pela quantidade e posição de encaixes internos de cada SN. Além desses

aspectos formais, foi analisado também o uso das nominalizações (CHAFE, 1982)

nesses SNs. Ademais, analisaram-se fatores discursivo-pragmáticos, como função

sintática e status informacional (PRINCE, 1981) desses SNs. Coletei 20 postagens de

blogs futebolísticos do Olé (Argentina) e do SporTV (Brasil). Baseado em estudo

anterior (OLIVEIRA, 2013), a hipótese inicial era a de que os SNs do espanhol fossem

mais complexos que os do português. Os resultados, entretanto, mostram que em

ambas as línguas a tendência é que os SNs sejam pouco complexos e apresentem

poucos casos de nominalizações. As características estudadas são, portanto, próprias

do gênero blog futebolístico, e não de uma ou outra língua.

Fernanda Almeida Lima ([email protected]) - Pós-graduanda

Título: O romantismo francês e a prosa frenética

Na França, o sucesso do romance gótico inglês estoura por volta de 1797, com

a publicação de traduções dos best-sellers do gênero. A primeira geração de

românticos investe neste modelo genérico, compondo narrativas calcadas no “gênero

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noir”. Considerando o aviltamento destas narrativas pelos críticos, Charles Nodier cria,

em 1821, a etiqueta de “gênero frenético”, no intuito de caracterizar tais produções

como uma ramificação perniciosa e deformada do romantismo. Por volta de 1827, a

voga do romance frenético perde impulso e intensidade, encontrando reabilitação nos

anos de 1830, com a entrada dos “pequenos românticos” no campo literário

(Bourdieu, 2005). Em um primeiro momento, a prosa frenética aparece como sinônimo

de romance gótico ou roman noir à moda inglesa, recebendo, posteriormente,

designações mais vagas ou irônicas, como “gênero de horror”, “literatura galvânica”,

“romance de carniça”. Nesse contexto, a presente comunicação propõe uma discussão

acerca do aporte do romantismo frenético no que tange à renovação das cenas

genéricas (Maingueneau, 2006), na França dos anos 1820-1830. Considerando a

irregularidade constitutiva do gênero, permitindo a recusa das regras clássicas e

experimentações estéticas, objetiva-se estabelecer as devidas distinções entre a

representação do horror e da violência preconizada pelo romance gótico daquela que

singulariza a prosa frenética.

Fernanda Orphão Corrêa de Lima ([email protected]) Pós-graduanda

Título: Memórias em deslocamento: A obra de Gustavo Pérez Firmat

O aumento do fluxo da informação e dos movimentos migratórios e a

consequente desestabilização de fronteiras nacionais, assim como a crise dos

paradigmas ideológicos que sustentaram a modernidade, influenciam os estudos da

cultura, tornando o deslocamento uma noção essencial para compreender a nova

visão a respeito da memória na sociedade atual. Na perspectiva de análise da cultura e

da literatura estudo as obras do escritor cubano-americano Gustavo Perez Firmat, El

año que viene estamos en Cuba (2002) e Cincuenta lecciones de exílio y desexilio

(2004), refletindo sobre as relações entre deslocamento cultural e memória

autobiográfica. Em obras que se pretendem autobiografias é necessário que se reflita

sobre a relação existente entre o individuo e a coletividade social-ideológica na qual o

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mesmo está inserido para compreender a influencia do local enunciativo, da condição

social e ideológica na narrativa.

Minha pesquisa tenta responder algumas perguntas chaves: Como caracterizar a

identidade da escrita de Gustavo Perez Firmat, especificamente no que tange às

relações entre deslocamento cultural e memória autobiográfica? Como a

rememoração criativa se articula à escrita literária? Como essa obra se situaria no

cânone literário latino-americano?

Fernando da Silva Negreiros ([email protected]) Graduando

Título: A ironia em memorial do convento

Memorial do Convento é um romance histórico de 1982 ambientado no século

XVIII. A narrativa busca rever e questionar fatos ocorridos durante a construção do

convento de Mafra no reinado de Dom João V. Para tanto, o narrador se utiliza de um

tipo especial de riso, a ironia. Com sua dupla visão, a ironia consegue mostrar os dois

lados da construção do convento. Enquanto a ociosa aristocracia ostenta o luxo por

meio da construção, o povo fica com o ônus de sustentar o país e o convento.

Sugerindo o contrário do que as palavras dos personagens da elite querem dizer, a

ironia subverte discursos estabelecidos por tal classe na tentativa de escravização das

massas. Assim, todo um universo de cegueira branca é estabelecido na sociedade, os

pobres veem, mas não reparam nos absurdos que os circundam. Esse artigo se utiliza

de importantes teóricos do riso, como: Bakhtin (2013), Pirandello (1996), Bergson

(1983), Muecke (1995) dentre outros, para desvelar os significados das passagens

irônicas e humorísticas, mostrando um universo de injustiças, explorações e absurdos.

Flavia Ferreira dos Santos

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Título: Questões de Literatura na Revista de Occidente depois de 1930

A Revista de Occidente (1923-1936) foi uma das publicações culturais mais

importantes da Espanha no século XX. Fundada e dirigida por José Ortega y Gasset, se

converteu em lugar de divulgação e legitimação de um cânone literáro espanhol,

influente não só na Espanha como também na América. A crítica sobre a publicação

indica a partir de 1930 uma mudança no perfil da R. de O., decorrente das

transformações políticas em curso. O interesse da Revista pela literatura diminuiria

após 1930 ao ceder espaço para as preocupações relativas ao cenário político

espanhol. No entanto, nosso estudo dos volumes referentes ao período de 1930 a

1932 revela que aproximadamente a metade dos textos publicados (fossem artigos ou

notas) continuava sendo sobre literatura. Nossa observação indica, então, que o que

houve foi uma mudança no perfil do espaço dedicado à literatura, cujas reflexões

derivaram das mudanças na relação entre arte e sociedade.

Gaetano D’Itria ([email protected]) Pós-graduando

Título: O conceito de anagogia na linguagem poética: Um pequeno estudo sobre textos

de Dante Alighieri e Carlos Drummond de Andrade

O termo anagogia foi definido por Hónorio de Autum (1090-1152), da seguinte

forma: “A anagogia é o sentido superior que nós leva a Deus e ao século futuro”

(“Anagoge vero est superior sensus ducens ad Deum, et ad futurum saeculum” in:

MIGNE, J. P., Honorii Augustodunensis, Opera Omnia, Paris: Migne, 1893, p. 1245D). O

conceito já era usado no pensamento cristão da Idade Média pelos escolásticos, no

âmbito da hermenêutica bíblica. A partir de uma hipótese relativa à “estrutura mágica”

do espaço poético (Marlene de Castro Correia em Carlos Drummond) e, por outro lado,

dos conceitos de inefável e transumanar, presentes no texto de Dante Alighieri

comentado por Haroldo de Campos (Pedra e luz na poesia de Dante, Rio de Janeiro:

Imago, 1998), a presente indagação tem como objetivo um primeiro estudo sobre o

movimento do conceito de anagogia. Se pela sua etimologia, ele expressa uma

tendência à ação e ao levantamento, aná (gr.) confirma o movimento pois significa

exatamente enaltecimento, sublimação. O que inclui, evidentemente, a esperança, a

tensão que move o sujeito rumo à realização do próprio desejo. Assim, a espiral do

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desejo desdobra-se e exerce sua pressão sobre o material linguístico, rumo a uma

transformação. A estrutura poética - afirma Sandra Debenedetti Stow - aberta ao

encadeamento, é perpassada por “palavras-chave, destinadas a serem sinal da

existência de uma mensagem escondida nos meandros mais recônditos do texto, [por

meio dos quais] o poeta convida os poucos nas condições de buscá-lo, em abrir o

senso anagógico e colher esta mensagem” (Lectura Dantis 2002-2009. Nápoles:

Università degli Studi di Napoli “L’Orientale”, pp. 1205-120).

Gisele Reinaldo da Silva ([email protected]) Pó-graduanda

Título: A (re)construção de identidades do ser americano moderno e a criação

simbólica de Arturo Uslar Pietri: Diálogos entre literatura e história

Com este trabalho, busca-se refletir sobre o papel do novo romance histórico

contemporâneo, no tocante à (re)construção de identidades do ser americano

moderno, tomando por base a obra El Camino de El Dorado, do escritor venezuelano

Arturo Uslar Pietri (1947). Ao reportar-se ao período da Conquista Espanhola da

América, embalada pela força do Rio Amazonas, Uslar Pietri empreende uma viagem

simbólica sobre a história da civilização do mundo ocidental, rumo à descoberta do

puramente local, inserido no universal. O autor implica-se, no contexto da literatura

Hispano-Americana do século XX, na busca por uma identidade individual e coletiva

que melhor contribuísse à compreensão histórico-cultural de seu país, a Venezuela e,

mais amplamente, do indivíduo americano. Será necessário, ainda, o embasamento na

vasta obra ensaística do autor (1949, 1955, 1969, 1991).

Palavras-chave: Arturo Uslar Pietri; Identidades latino-americanas; Literatura Hispano-

americana

Guacira Marcondes Machado ([email protected]) - Professora

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Título: Yves Bonnefoy e a poética de Nerval

Em seu estudo crítico sobre Nerval, Yves Bonnefoy, como ele próprio o diz, vai

limitar-se a dar o testemunho, de natureza pessoal, de alguém que, escrevendo no

século XX, encontra um sentido e valor atual nessa obra de outro momento histórico.

O ponto de apoio dessa leitura bonnifidiana é sua própria visão de poesia, na qual a

percepção do imediato não necessita da reflexão, pois esta implica que trabalha em

nós a opinião preconcebida da linguagem. Ao se constatar que há um mundo, tentar

com palavras, sem dúvida - mas que se interrogam sobre seus limites - , apreender os

traços específicos daquilo que estará perdido do mundo quando se for falar do que se

vê nele: o fato de que aquilo que as palavras diferenciam, coisas que elas vão arrastar

em seu espaço mental, em que o pensamento as classificará, separará - que elas

estejam junto ainda, estejam em uma relação de contiguidade, de simultaneidade, na

qual nós próprios, aliás, estejamos, que elas sejam um só presença. A partir daí,

Bonnefoy percebe que em Sylvie o Valois é para Nerval a co-presença do bosque, de

vales, de caminhos, de vilarejos e de seres que aí nasceram e viveram. E as palavras

que nomeiam as várias partes da região, que volta à memória do narrador, deixam ver

de maneira tão pura a noite de uma origem irredutível a qualquer sentido, que se

poderia acreditar terem sido modeladas ao longo dos séculos para ser a metáfora

desse ser do lugar, desse além das palavras.

Palavras-chave: Yves Bonnefoy - Nerval - poesia - presença - linguagem

Imara Cecília do Nascimento Silva ([email protected]) Pós-graduanda

Título: A influência dos advérbios temporais na leitura aspectual do Imperfectivo

Contínuo

Este trabalho discute as noções de: Imperfectivo contínuo, habitual e

composicionalidade aspectual. Sobre o primeiro conceito, Comrie (1976) afirma que o

aspecto imperfectivo indica que o foco de um evento está essencialmente numa parte

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do mesmo. O imperfectivo se divide em habitual (a sucessiva ocorrência de várias

instâncias de uma situação) e contínuo (quando uma situação é característica de um

determinado período de tempo). Quanto à composicionalidade, Verkuyl (1993)

defende que uma leitura aspectual se dá pela interação de todos os constituintes da

sentença. Isso significa que, se um advérbio de tempo for [± durativo], a noção

ensejada pelo verbo pode mudar. Conforme Yllera (1999), por exemplo, o pretérito

imperfeito pode substituir a perífrase contínua estar (IMP) + gerúndio quando não há

advérbio temporal ou quando há expressões de tempo pontuais. Assim, o objetivo

deste trabalho é verificar o contexto sintático de ocorrência do habitual e do contínuo

em relação aos advérbios temporais [± durativo]. Para isso, assumimos que, no

espanhol da Cidade do México, a forma habitual (corría) não pode ser usada em

contextos que ensejam a leitura contínua (estaba corriendo) quando houver advérbios

[+ durativos]. Tais elementos serão analisados em dados de fala espontânea da Cidade

do México.

Isabela Loureiro ([email protected])

Título: O sistema dialogal de El Abuelo, de Benito Pérez Galdós

Ao priorizar o procedimento dialogal, recurso que contrai a proporções

mínimas as formas descritiva e narrativa, Benito Pérez Galdós transforma as

personagens de El Abuelo (1897) nas principais enunciadoras da obra. No entanto, a

ascensão das vozes das personagens na diegese, estrategicamente anunciada no

prólogo pelo autor, não resulta no desaparecimento da figura do narrador. A voz dele

pode ser percebida, sobretudo, através do emprego das didascálias, conceito que se

aplica à linguagem teatral e que se refere às instruções dadas pelo autor para a

representação da obra. Com base nos estudos críticos de Bakhtin (1995; 1998; 2008) e

de Barthes (1980) sobre a enunciação e a polifonia nos textos literários, pretendemos

apresentar, por intermédio das didascálias, as marcas do sujeito da enunciação em El

Abuelo e, com isso, corroborar o caráter essencialmente polifônico do romance

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galdosiano, estruturado em jornadas e cenas, assim as obras pertencentes ao gênero

dramático.

Izabel Cristina Cordeiro Lima COSTA ([email protected]) Pós-graduanda

Título: O insólito potencializando a categoria Tempo em contos de Dino Buzzati

A presente comunicação busca dar uma visão geral do tempo, nos contos de

Dino Buzzati, abordando a força com que tal categoria fragiliza as demais e condiciona,

assim, a ação das personagens dentro da narrativa, tendo o insólito como suporte de

crescimento. É em torno do tempo que giram as angústias e as ações dos

protagonistas por conta da irreversibilidade a ele inerente e é, nesse contexto, que o

insólito surge como elemento responsável por potencializá-lo. O conto escolhido é “Il

borghese stregato”, do livro Sessanta racconti, no qual podemos observar o tempo

como a categoria central da narrativa, levando Giuseppe Gaspari a questionar, através

de uma brincadeira, as mortes que sofreu (ou as vidas que não viveu) em sua

existência. Nos dois primeiros parágrafos do conto, o autor modelo sugere uma leitura

e propõe um “contrato de aceitação”, com o qual o seu leitor modelo poderá

concordar ou não. De nossa parte, nessa leitura, adentramos o “bosque da ficção”,

mas procurando trilhas distintas das já abertas observando o insólito como evento

proporcionador da subversão e, porque não dizer, deslocador do real, dentro da

acepção comum do termo. Dessa forma o tempo, nas narrativas de Dino Buzzati,

ganha força frente às outras categorias narrativas fragilizando-as dentro do discurso.

Jefferson Evaristo do Nascimento Silva ([email protected]) Pós-graduando

Título: Sobre o “ser comunicativo”: analisando materiais de italiano LE

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As metodologias aplicadas no ensino de língua estrangeira sofreram

substanciais mudanças nas últimas décadas (RICHARDS E RODGERS, 2003),

privilegiando cada vez mais o aspecto oral da língua (ALMEIDA FILHO, 2005) e seus

usos sociais e contextualizados. O aluno passa, então, a ter um papel ativo e

participativo (MARTINEZ, 2009), sendo ele também responsável pela construção de

seus sentidos e pela criação de uma “comunidade de interação” (BAKHTIN, 2011).

Dentro desta abordagem comunicativa, espera-se que o aluno tenha um papel

realmente ativo e autônomo (PAIVA, 2006) em seu ensino. Por outro lado, ao

analisarmos alguns livros didáticos, é possível observar que não há uma estreita

relação entre teoria e prática. Assim, este trabalho busca observar e refletir sobre o

diálogo – ou não – da abordagem comunicativa com a prática pedagógica proposta nos

livros de italiano como LE. Observar-se-á ainda qual a ideia de língua que se apresenta:

uma língua como fenômeno social e dinâmico (MARCUSCHI, 2001) ou uma língua presa

a estruturas e modelos fora de contexto. Observaremos os livros Chiaro A1 e Domani,

com foco para as atividades propostas e o conceito de língua adotado nos manuais de

língua estrangeira autointitulados “comunicativos”.

Jéssica Teixeira Magalhães ([email protected]) Pós-graduanda

Título: A memória da infância e o relato do outro: Le Premier Homme, de Albert

Camus

O presente trabalho pretende discutir a construção da memória da infância em

um contexto de ausência de fontes escritas, no qual a narração do outro se torna

material para conhecimento de si e de sua história familiar. Para tanto, comentaremos

o romance Le Premier homme, de Albert Camus, cujo manuscrito data de 1960, ano de

falecimento do autor, mas só é publicado em 1994, após edição feita por sua filha. A

obra levanta a tensão entre os conceitos memória individual/memória coletiva ao

narrar a história de um personagem argelino, habitante da França, que retorna à sua

terra natal em busca de seu “passado genealógico”, especialmente, da história de seu

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pai. No entanto, poucos dados encontrará e, por isso, suas maiores fontes serão os

relatos de familiares e cidadãos que habitam a região e lhe contam, com dificuldade,

devido à presença de esquecimentos e lacunas, a história da terra e do povo. Assim,

identificamos uma narrativa perpassada pela História, mas que tem forte caráter

mítico, justamente porque almeja conhecer uma “memória da origem”. A discussão

traz como principal suporte teórico Paul Ricoeur, Michel de Certeau, Philippe Lejeune,

Walter Benjamin.

Jorge Luís Rocha da Silva ([email protected]) Pós-graduando

Título: Conceito de comunidades discursivas no uso de jogos multimídia como objetos

educacionais de Espanhol LE

Esta comunicação é resultado de uma pesquisa que apresenta uma proposta de

análise da relação entre o conceito de comunidades discursivas e a seleção e aplicação

de jogos multimídia como objetos educacionais em aulas de Espanhol como Língua

Estrangeira. Segundo Swales (1990), comunidades discursivas são grupos nos quais

indivíduos se identificam entre si por meio de fatores ocupacionais, de especialidade

ou de gostos pessoais, acarretando nos mesmos o domínio de um determinado

repertório de gêneros discursivos, hábitos e experiências, por mecanismos que

independem da localização espacial dos indivíduos. Assim, pensando em grupos

discentes cada vez mais marcados por uma heterogenia de identidades e discursos,

influenciados pelas novas tecnologias de informação e comunicação (as TICs), o uso de

jogos como instrumentos educacionais ganhou importância no âmbito pedagógico,

sendo discutido por teóricos, como Paul Gee (2009), e tornando-se elemento

requisitado na seleção de materiais didáticos pelo MEC. Porém, é preciso criar

métodos para a seleção destes jogos, de modo que estes objetos educacionais possam

ser utilizados eficientemente – e pensando em questões de identidade e discurso, a

noção de comunidades discursivas pode caracterizar-se como um possível critério no

processo.

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Julia Caldara Pelajo ([email protected]) Pós-graduanda

Título: "O Eu, o Outro e a produção de sentidos no jogo da interação discursiva em

aulas de espanhol LE"

Esta comunicação busca apresentar resultados de uma pesquisa de campo que

objetiva analisar, em aulas de Espanhol LE, as interações discursivas entre

enunciadores situados em diferentes contextos socioculturais, através da utilização do

filme argentino “El hombre de al lado” (2009) em duas turmas do 1° ano do Ensino

Médio de uma instituição escolar federal, localizada no Estado do Rio de Janeiro (RJ). A

partir da perspectiva da Análise do Discurso, com ênfase especial para a noção de

formações discursivas, desenvolvida por Michel Foucault (2008[1969]), e para a noção

de ressonâncias discursivas, desenvolvida por Silvana Serrani (2010), são examinados

os sentidos que são construídos na interação filme-espectador e os movimentos de

aproximação e distanciamento dos estudantes em relação às práticas enunciativas que

se realizam no filme, a fim de compreender como os alunos brasileiros interagem com

uma discursividade em língua estrangeira, e, mais especificamente, com as

discursividades próprias do contexto argentino. Para tal exame, são analisadas as

transcrições das gravações em áudio dos debates travados em sala de aula a partir do

filme e as produções resultantes das atividades desenvolvidas neste âmbito.

Juliana Carolina da Silva ([email protected]) Graduanda

Título: A arte entre tempos, intenções e gêneros: Um estudo de o poço e o pêndulo no

cinema e na literatura

O presente trabalho explora o diálogo entre cinema e literatura na

interdisciplinaridade e transposição de obras literárias ao cinema. Observaremos o

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conto “O poço e o pêndulo”, de Adgar Allan Poe que retrata um prisioneiro da

Inquisição Espanhola, na forma como o autor manobra o terror psicológico na

construção de seu personagem. Posteriormente, estudaremos a transposição das

características observadas para o filme “O poço, o pêndulo” (1991), baseado no conto,

e a maneira como este subverte as características do gênero e do personagem,

fazendo suas mediações com outros tempos, forjando a imaginação com o auxílio da

narrativa visual. Assim, do estudo comparativo das obras e de suas linguagens,

buscaremos considerar os diferentes períodos e intencionalidades que atuam sobre

suas edificações, e as influências destes na construção da arte e sua funcionalidade,

tendo principal auxílio dos pensadores Martín-Barbero, Benjamin, Rosenfeld e

Foucault.

Karine Marielly Rocha da Cunha ([email protected]) Professora

Título: A intercompreensão na leitura em línguas românicas: identidades, fronteiras e

representações

A intercompreensão em línguas românicas (ICR) aplicada à leitura representa a

possibilidade de codificar e decodificar um léxico e uma estrutura sintática de textos

aparentados à nossa língua materna e sobretudo a interpretação das ideias desses

textos. São vários os mecanismos de inferências que o leitor pode utilizar de acordo

com o seu conhecimento de mundo, da sua língua materna e o conhecimento da(s)

língua(s) “irmã(s)” em questão. O presente trabalho pretende evidenciar o resultado

do curso de ICR ofertado como disciplina optativa na UFPR no primeiro semestre de

2014, quando os alunos foram apresentados às características gerais de algumas

línguas românicas por meio de diferentes gêneros textuais e, depois escolheram um

título – alguns deles clássicos adaptados – para a leitura (Tirant lo Blanc – Catalão;

Rémi et Juliette – Francês; Viaggio a Venezia – Italiano; Novelas Ejemplares –

Espanhol). A leitura de um livro em uma língua até então considerada “desconhecida”

proporcionou a transposição de fronteiras, o reconhecimento de identidades em

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relação ao “outro” e novas representações em diversas esferas. Podemos então

concluir que os benefícios da aplicação da ICR na leitura só tem a ampliar e transpor as

fronteiras do conhecimento do nosso leitor.

Lanna Macedo de Araújo ([email protected]) Graduanda

Título: Narrativas de viagem em Alice no País das Maravilhas e Clarice Lispector

A pesquisa está voltada para o estudo das narrativas de viagem na literatura.

Em primeiro momento, apontando como se dá tal relato em algumas produções

infanto-juvenis, como Alice no País das Maravilhas, e, posteriormente, em Clarice

Lispector. Sabemos que a ficcionista residiu por mais de 15 anos no exterior,

acompanhando o marido Maury Gurgel Valente em trabalhos diplomáticos. Desse

tempo, Clarice escreveu, não somente cartas com suas impressões sobre os países

pelos quais passou, mas também crônicas, que foram publicadas no Caderno B, do

Jornal do Brasil. Este estudo tem por base Tzvetan Todorov, no ensaio “A Viagem e seu

Relato”, sobretudo na questão em que avalia a necessidade do viajante de relatar suas

experiências e a relação de alteridade. Enfim, tratar de narrativas de viagem na

literatura é reconhecer a grande importância delas, que, por mais que sejam imparciais

em alguns momentos, apresentam grande teor de informação, de esclarecimento e de

testemunho.

Larissa de Souza Arruda ([email protected]) Pós-graduanda

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Título: Por uma abordagem intercultural na formação do “Apprenant” de Francês

língua Estrangeira (FLE)

Sustentamos a ideia que o conhecimento linguístico não deve ser o único

objetivo numa aula de língua. A concepção de língua como instrumento não permite

que reconheçamos o papel que a LE desempenha no processo identitário da formação

do sujeito. Assim, o ensino de LE não deve negligenciar os aspectos socioculturais. A LE

conduz o aluno no caminho da reflexão sobre a alteridade, isto é, desloca-o da sua

zona de conforto e o leva a pensar sobre a importância do outro para a sua própria

formação como sujeito: compreender o outro torna a compreensão de si mais

inteligível. De Carlo (1998) mostra que o ensino de LE, sob a perspectiva do

intercultural, pode mostrar ao aluno diversas culturas e realidades, o que pode facilitar

a convivência e o respeito mútuo entre diversas culturas, além da diminuição de

possíveis preconceitos. É compreensível, portanto, que o debate sobre o intercultural

no ensino de LE ganhe mais espaço hoje: tal abordagem possibilita o processo de

formação desse “apprenant”, sujeito ativo, consciente e autônomo. Este trabalho se

propõe a fazer uma análise teórica sobre a pertinência do intercultural no ensino de

FLE, na formação desse sujeito-aprendiz.

Lays Gabrielle Neves Moreno ([email protected]) Pós-graduanda

Título: A poética do deslocamento na obra inventário secreto de La Habana, de Abilio

Estévez

O estudo que proponho para esta ocasião integra as pesquisas que se

desenvolvem no Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas da UFRJ, Poéticas

do deslocamento nas letras hispânicas contemporâneas: mobilidades culturais e

historiografia literária, que tem como objeto de estudo as literaturas que se produzem

sob novas condições de trânsito intercultural. Nessa conjuntura, a noção de

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deslocamento vem ocupando um lugar de destaque nos estudos literários,

considerando que o deslocamento pode ser considerado uma poética da escrita

(PALMERO, 2010, 2011 e 2012) no caso das literaturas que conformam o quadro das

diásporas contemporâneas (HALL, 2009), em resposta a sua necessidade crescente de

caracterização das novas formas de apropriação do lugar. Através do estudo da obra

Inventario secreto de La Habana (2004), do escritor cubano radicado em Barcelona

Abilio Estévez, investigo a poética do deslocamento que se configura ao longo dos seis

capítulos que compõem a obra, centrando-me principalmente nos elementos estéticos

presentes na escritura deslocada de Abilio Estévez.

Leandro Gomes Dias ([email protected]) Pós-graduando

Título: Aprendizagem Significativa: o uso de atividades lúdicas como ferramenta de

ensino.

Este trabalho visa a discutir sobre a inclusão de atividades lúdicas em sala de

aula, assim como propor estratégias sócio-interativas a fim de motivar a aprendizagem

de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE) em cursos de idiomas do Estado do Rio de

Janeiro. Para isso, baseamo-nos nos principais investigadores de E/LE que ajudam a

promover o desdobramento da aprendizagem de espanhol. Para proferirmos sobre a o

ensino de E/LE, por meio de atividades lúdicas, contamos com os fundamentos

teóricos de autores como Huizinga (1999), M. Fernández (2002), C. Moreno (1997),

entre outros. Nosso principal objetivo é reflexionar sobre a aprendizagem significativa

por meio do lúdico e sugerir algumas atividades elaboradas e já aplicadas em sala de

aula. Neste trabalho, fazemos, além do caráter científico, um convite à reflexão no

momento em que elaboramos atividades lúdicas para as nossas aulas e, sobretudo,

porque estas atividades auxiliam os alunos a fixarem conteúdos e a superarem suas

dificuldades. Desse modo, combatemos a participação passiva do alunado ante

qualquer desafio em seu processo de ensino/aprendizagem.

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Palavras-chave: Ensino/aprendizagem de E/LE; interação; atividades lúdicas.

Leonardo Lennertz Marcotulio ([email protected]) Professor

Título: O comportamento sintático dos possessivos no castelhano medieval: um caso

de gramáticas em competição

Diferentemente do castelhano contemporâneo, durante o período medieval os

possessivos átonos em posição pré-nominal também podiam vir acompanhados de

artigos definidos, como em “la mi hermana”. Esses dados levantariam um problema

para o estatuto categorial dos possessivos: no plano teórico, tais construções não

poderiam ser geradas uma vez que possessivos átonos, por apresentarem

comportamento de formas clíticas, e artigos definidos ocupariam a mesma posição D.

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é entender, a partir de dados extraídos

de textos escritos em castelhano nos séculos XIII, XIV e XV (Viña Liste, 2001), e de uma

perspectiva teórica formal (Schoorlemmer, 1998; Kroch, 2001), como funcionava a

gramática dos possessivos átonos pré-nominais.

A aparente variação nos dados (presença ou ausência de artigo definido diante

de possessivo) é, por nós, interpretada como um caso de gramáticas em competição

(Kroch, 2001). De acordo com os estudos de Schoorlemmer (1998), postulamos duas

gramáticas distintas diferenciadas pelas propriedades do núcleo Poss, que pode ter um

traço de definitude forte ou fraco, forçando ou não o movimento do possessivo para

D.

Letícia de Medeiros Rodrigues Neves ([email protected])

Graduanda

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Análise do signo cultural da dança carimbo sobre a perspectiva de estudos culturais

dos teóricos Stuart Hall e Homi BhaBha.

Linda Salette Miceli Ferreira ([email protected]) Pós-graduanda

Título: Reflexões sobre memória na Divina Comédia

Objetiva-se discutir, nesta comunicação, a cena do amor funesto dos

personagens Paolo e Francesca, no Canto V do livro Inferno, da obra poética de Dante

Alighieri (1265 – 1321), a Divina Comédia. Neste Canto, dentre todos os personagens

punidos por luxúria, estão Paolo e Francesca, cujo amor pecaminoso foi desvelado a

partir da leitura do romance sobre o amor de Lancillotto e Ginevra. As condenações

dos personagens dantescos foram atribuídas à cena que eles protagonizam

ficcionalmente a partir da leitura do romance de cavalaria do ciclo bretão, ou seja, são

castigados e devem permanecer pela eternidade no inferno, unidos, todavia, sem

terem a oportunidade de se tocar. A punição no inferno é oriunda de um pecado

cometido em vida e as memórias da vida não são esquecidas; assim, as ações que

levam Paolo e Francesca para o inferno dantesco permitem a seguinte reflexão: as

almas como a desses personagens em estudo conseguem se lembrar do último

momento que vivenciaram juntos, e será por intermédio dessa lembrança que serão

abordadas a concepção de amor na Divina Comédia (Cataldi e Luperini: 1994) e de

memória para a questão terrena que permanece imutável com base em Weinrich

(1997).

Luciana de Genova e Vitor da Cunha Gomes ([email protected]) Pós-graduanda

Título: Língua e dialetos no cinema italiano pós-guerra

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O presente trabalho tem como objetivo mostrar o panorama histórico do uso

da língua italiana e dos dialetos na cinematografia italiana a partir de 1945 até 1965.

Esta fase da história linguística do cinema italiano demonstrou-se extremamente

multiforme e instável, mas no final resolutiva. Os produtores de filmes nacionais,

pressionados pelas transformações profundas e rápidas, seja do cinema, seja da

sociedade italiana, passaram de um monolinguismo fílmico, herança do cinema sonoro

do regime fascista, à formação de um repertório linguístico diferenciado e funcional.

Tendo em vista o contexto histórico que contribuiu nas duas décadas, segundo

Raffaelli, à promoção de vários “testes de língua”, torna-se necessário o estudo desta

linguagem fílmica, constituída não somente pelo italiano, mas também pelos dialetos

e, em menor escala, pelas línguas estrangeiras. Ao ilustrar a sua fisionomia com

exemplos da filmografia italiana, procurar-se-á evidenciar os traços e o papel de cada

escolha linguística e das inovações de matriz dialetal. Como base teórica para este

trabalho, teremos a contribuição dos estudos de Sergio Raffaelli (1992) e Fabio Rossi

(2006).

Luciana Persice Nogueira ([email protected]) professor

Título: As não-fronteiras de Tahar Ben Jelloun

Tahar Ben Jelloun, expoente da literatura francófona magrebina, define a

literatura como um território impreciso, um local sem fronteiras, solitário e interior,

onde se cicatriza a ferida do exílio. Essa literatura, oriunda do processo de imigração,

se desenvolve no lapso da distância. A relação etimológica entre território e terror

reforça os conceitos de “violência da escritura” e de “desterritorialização” que se

aplicam à sua obra. O pathos e a tragédia do exílio ressaltam o caráter paradoxal dessa

literatura que, a um só tempo, expressa a distância e tenta suprimí-la: paradoxo que

informa o conceito de étrangeté e o aspecto de pharmakon dessa literatura. A

movência das fronteiras geográficas soma-se à indefinição entre os gêneros, fazendo

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do texto de Ben Jelloun um amálgama de registros, num simulacro de unidade

barroco.

Luciano Prado da Silva ([email protected]) Pós-graduando

Título: Elipse e laconismo: a narrativa em instantâneos literários de ...y no se lo tragó

la tierra, de Tomás Rivera

Este trabalho contempla aspectos resultantes da análise literária que trago à

baila na pesquisa de doutoramento “Literariedade, imagem e imaginários em ...y no se

lo tragó la tierra, de Tomás Rivera, e La frontera de cristal, de Carlos Fuentes”. Nesta

comunicação, dar-se-á ênfase à narrativa de Tomás Rivera. A obra em epígrafe é uma

reunião de contos que se entrelaçam para dar forma a um romance de tom

introspectivo, composto por catorze espécies de microrrelatos. Neles, o protagonista,

um adolescente de ascendência mexicana, radicado nos Estados Unidos, criado,

porém, dentro da cultura mexicana trazida por seus pais, busca os caminhos de sua

identidade reconstruindo histórias vividas e a ele contadas durante doze meses de

migração familiar pelos campos de cultivo da região sudoeste estadunidense. Para o

desenvolvimento desse enredo, o autor, cuja história se confunde com a de seu

personagem principal, utiliza-se de uma linguagem literária orquestrada entre

oralidade e laconismo, entre a elipse e o popular. A partir de tal economia linguística,

revela-se algo como instantâneos literários, manejo entre ficção, imagem

(“fotografia”) e memória (infrahistória). Nesse tocante, auxiliam no alcance dos

resultados a serem expostos os trabalhos teóricos de: Julio Ramos (2012), Gustavo

Buenrostro (2012) e Jean-Luc Nancy (2012).

Luiz Carlos Balga Rodrigues ([email protected]) Professor

Título: Ensino de Línguas Estrangeiras com Objetivos Acadêmicos

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Observamos hoje o aumento significativo da mobilidade estudantil, fomentada

por diversos programas de intercâmbio como, por exemplo, o Ciência sem Fronteiras.

Todos esses programas trazem à tona as dificuldades que um estudante brasileiro

pode enfrentar para se adaptar ao meio acadêmico no país de sua escolha. A

necessidade de uma formação prévia faz aparecer, então, um novo campo de estudos

dentro do ensino de línguas com fins específicos: o estudo de uma língua com

objetivos universitários. Tal formação visa sobretudo a preparar o estudante para

situações de comunicação específicas do meio universitário estrangeiro, a partir de um

trabalho ao mesmo tempo linguístico e cultural. São inúmeros os problemas que

surgem, que vão da dificuldade de se encontrar um professor qualificado à preparação

das aulas para estudantes provindos das mais diversas áreas do conhecimento. O

grande desafio é, sobretudo, a construção de um curso para o qual não existem

métodos no mercado editorial e que depende dos aprendizes e dos profissionais da

área-alvo. O professor de língua - que a priori não domina o conteúdo a ser tratado –

perde um pouco a sua autonomia na elaboração do material e depende do contato

com os agentes do meio estudado.

Luíza Fernandes Elias ([email protected]) Graduanda

Título: Moda em Clarice Lispector Jornalista

Durante as décadas de 1950 e 1960, Clarice Lispector, sob pseudônimos,

escreveu colunas femininas em jornais da grande imprensa carioca. Publicou,em meio

aos pequenos textos direcionados à leitora dos anos dourados, sugestões de modelos

de costureiros europeus em voga naquele momento, além de conselhos sobre moda,

comportamento e beleza.Desse modo, esta pesquisa pretende examinar os escritos da

autora de “Perto do Coração Selvagem” sobre Moda e vestuário, nos periódicos

“Comício”, “Correio da Manhã” e “Diário da Noite”, levando-se em conta o contexto

histórico. Afinal, segundo a conselheira Clarice, “a mulher inteligente não é escrava

dos caprichos dos costureiros, dos cabeleireiros e dos fabricantes de cosméticos”.

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Lis Yana de Lima Martinez ([email protected]) Graduanda

Título: Literatura epistolar e identidade cultural: Linguagem e memória no epistolário

de Murilo Mendes.

Em nosso projeto de pesquisa, buscamos analisar a construção de identidade

cultural por meio de cartas trocadas entre dois grandes autores da literatura

modernista brasileira. Murilo Mendes, cujas cartas integram nosso corpus de pesquisa,

tinha consciência de que as palavras que escrevia não eram apenas tinta sobre papel,

mas sua história e memória. Buscamos compreender nestes últimos anos os relatos

das cartas de Murilo a Guilhermino César, como elemento fundamental para a

construção da identidade coletiva de sua época. Para tanto, realizamos a transcrição

do corpus a fim de selecionar amostras que possibilitassem a tentativa de

reconstrução do contexto histórico-social da literatura brasileira vivido pelos poetas.

Os resultados obtidos evidenciam o valor cultural da correspondência como antessala

da literatura brasileira, uma vez que, por meio de seus relatos, ao comunicar suas

experiências, ele informa sobre o seu passado/presente, como indivíduo e poeta,

ampliando a fundação da memória coletiva, imortalizando, pela e situando a si e

também aos sujeitos implicados nessas vivências. A apropriação cultural envolve

transformações entre os objetos que oferecem uns aos outros experiência diferentes

de vivência. É por meio da interação social que primeiro se dá a assimilação da

identidade de um grupo, mas dificilmente se consegue obter dados dessa interação.

Concluímos, portanto, que o gênero epistolar como parte essencial da identidade

humana ao articular-se entre a linguagem, a história e o social configurando-se um

espaço de consolidação de identidades.

Maria Alice Ribeiro Gabriel ([email protected]) professora

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Título: O mito na construção de identidades: trajetórias, territórios e fronteiras.

“Hic sunt ultramar leones et dracones” (Aqui existem leões e dragões) é uma

frase usada para denotar perigo ou territórios inexplorados, em imitação à prática

medieval de representar dragões, serpentes marinhas e outras criaturas mitológicas

em áreas inexploradas de antigos mapas e cartas náuticas. Se as velhas cartas

marítimas de navegação encontram, nos relatos de exploradores e viajantes, um

bestiário próprio e descrições utópicas dos territórios conquistados, as cidades

modernas expandiram-se com seus mitos e representações imaginárias. A

Memorialística, o conto popular e a Literatura de viagem realizaram a compilação e

difusão do memorial descritivo desta topografia mítica. As concretizações mais

profundas deste domínio remetem às narrativas orais, mediadas pela participação

coletiva. Em Aspectos do Mito, Mircea Eliade afirmou: “conhecer os mitos é aprender

o segredo da origem das coisas”. Se Eliade analisou o comportamento mítico

conservado nas sociedades modernas, René Girard expôs o mito como forma de

pensamento coletivo. Estes filósofos revelam como a identidade cultural de uma

sociedade se dá a conhecer pelos seus mitos. Esta comunicação apoia-se nos estudos

de Mircea Eliade e René Girard a fim de discutir a presença do mito como forma de

conhecimento na obra de Gilberto Freyre.

Maria Cristina Batalha Professora ([email protected])

Título: Manuel Rui em diálogo com a tradição angolana

O objetivo do artigo é o de mostrar a contribuição de Manuel Rui para a

compreensão da realidade da Angola contemporânea, cuja história é revisitada através

da ficção. O desmantelamento dos grandes impérios coloniais, depois da Segunda

Guerra Mundial, diminuiu a capacidade da Europa em iluminar intelectual e

politicamente o que se costumava denominar regiões obscuras da terra. A Europa

deixou de representar padrões culturais e éticos indiscutíveis para o resto do mundo; a

ficção de Rui incorpora elementos dessa tradição para mesclá-los com a tradição de

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oralidade das culturas angolanas, propondo assim novos modelos ficcionais. Ao

trabalhar entre a ficção e o documentário, suas narrativas traçam um retrato poético,

crítico e alegórico da Angola de hoje, de cujo contexto despontam inventários de vozes

esquecidas, mitos e tradições de seu país. A literatura de Manuel Rui cria assim uma

voz original que dialoga com outras culturas. Essa voz que surge do “menor”, segundo

Deleuze, promove uma lúcida radiografia da sociedade angolana contemporânea e

permite abordar criticamente as mazelas e contradições da história do país.

Maria Francisca Da Silva ([email protected]) Pós-graduando(a)

Título: A identidade do professor/acadêmico de espanhol língua estrangeira no curso

de licenciatura interdisciplinar

O presente trabalho visa a analisar as práticas identitárias construídas pelo

professor/acadêmico de espanhol língua estrangeira no curso interdisciplinar de

Linguagens e Códigos da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. A presente

pesquisa surgiu do interesse em analisar os processos identitários do professor em

formação no Campus São Bernardo – UFMA no ensino de Espanhol. Parti do

pressuposto de que o professor do curso de abordagem interdisciplinar encontra-se

em processo de formação e docência, demonstrando uma identidade fragmentada e

em constante estágio de modificações. Pretendo, portanto, confirmar através do

discurso a postura do acadêmico em formação apresenta uma identidade em processo

de construção, principalmente através dos subsídios da própria Universidade, já que

no município não há outra formação em Espanhol e o acesso a curso on-line ainda não

é uma realidade recorrente. Para alcançar tal objetivo recorro à entrevista

semiestruturada através de tópicos segundo o modelo de Daher ( 1998). A abordagem

de questões identitárias requer um posicionamento sobre os conceitos de identidades

já postulados por pesquisadores como Bauman (2005), Coracini ( 2007), Signorini

(2006), Serrani-Infante (2007) que conversam com o corpus recolhido durante

entrevista com um acadêmico do curso.

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Palavras-chaves: Identidade, Sujeito e Ensino de Língua Estrangeira.

Maria Inês Freitas de Amorim ([email protected]) Pós-graduanda

Título: As personagens femininas em O amor nos tempos do cólera: deslocamentos da

Literatura para o Cinema

O presente trabalho tem como objetivo analisar os deslocamentos da

representação das personagens femininas da obra literária O Amor nos tempos do

cólera (1985), de Gabriel García Márquez para a sua adaptação cinematográfica

homônima (2007), dirigida pelo inglês Mike Newell. As obras do escritor colombiano

são marcadas pela presença de fortes personagens femininas e imprimem elementos

da cultura latino-americana. Ao ter sua história transposta para o cinema pela

indústria cinematográfica de Hollywood, os aspectos que marcam a obra original

perdem sua força e estereótipos são apresentados. Da força e do apoderamento na

construção de suas próprias histórias na obra literária, as personagens femininas

passam a representar fragilidade e subordinação aos personagens masculinos. Para a

análise que propomos, foram utilizados textos que discutem a questão da identidade

cultural, como García Cancline (2008), Hall (2003, 2006) e Spivak (2010), autores que

trabalham a questão do diálogo entre literatura e cinema, como Stam (2008) e autoras

que debatem questões de gênero, como Azaldúa (2005), Braidotti (2013), Hollanda

(2005), Rago (2004), e Shohat (2004).

Maria Sertã Padilha ([email protected]) Pós-graduanda

Título: A representação da violência através do olhar de uma criança em Allah n’est

pas obligé, de Ahmadou Kourouma

Ao longo dos séculos, a concepção de infância foi construída em torno de

noções como inocência e moral. Na literatura contemporânea, porém, essa construção

frequentemente é posta à prova e subvertida. Este trabalho analisará a representação

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da infância em um romance da literatura marfinense, Allah n’est pas obligé, de

Ahmadou Kourouma. O narrador dessa obra é uma criança e o contexto em que a

história se passa é a guerra tribal, portanto, a construção social da infância não será,

necessariamente, alheia à violência e à crueldade. A naturalização desses elementos

será determinante para uma representação desnorteadora da infância, tanto no plano

da forma, quanto no plano do conteúdo da narrativa.

Palavras-chaves: Ahmadou Kourouma, infância, violência.

Marinês Lima Cardoso ([email protected]) Professora

Título: La ciociara: do romance para o filme

A tradução fílmica/adaptação de obras literárias, além de possibilitar a difusão

da literatura para um público que não acessa a obra literária, apresenta ao expectador

uma releitura do texto de partida. Esse tipo de tradução sempre gerou discussão entre

vários autores e críticos. Um dos pontos de divergência entre esses estudiosos é a

questão da fidelidade/infidelidade em relação à obra de partida, pois enquanto os

críticos das artes visuais veem esse aspecto de modo negativo, os estudiosos da

tradução intersemiótica apontam a impossibilidade de fidelidade ao romance. Para

esses críticos, no processo metamórfico, as mudanças são inevitáveis, uma vez que se

trata de dois sistemas de significação diferentes.

Este trabalho busca tratar alguns aspectos pertinentes à tradução

intersemiótica. Serão discutidas as diferenças e as semelhanças entre romance e filme,

ou seja, a mediação entre esses dois signos, tomando como base a obra literária La

ciociara (1957), de Alberto Moravia e o filme Two women (1960), do diretor Vittorio

De Sica.

Para esse estudo, serão usados os pressupostos teóricos de Julio Plaza (2010),

Umberto Eco (2007) e Angelo Moscariello (1981).

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Miguel Ángel Zamorano ([email protected]) Professor

Título: Honor y honra en el teatro aurisecular: Decoro y relaciones interpersonales

El presente trabajo realiza una aproximación al significado de honor y honra

pensando la función que desempeñan para la comprensión del teatro y la literatura del

Siglo de Oro. Sugiero interpretarlo desde una teoría de la imagen social de la persona,

sustentada principalmente por actos de habla y por formas de interacción verbal,

tomando como principal referencia la obra de Erwing Goffman. Su significado y función

básicamente muestran la existencia de diversas calidades de persona derivadas del

origen o estamento social, cargo, posición o méritos, lo que da lugar a la norma

poética del decoro. Esta presupone grados de sacralidad de la persona, de la cual se

implican reglas y modos de comportamiento verbal que desembocan en una conducta

típicamente ceremonial. Si algo caracteriza la Comedia Nueva lopesca es la tipificación

social de los personajes, su vinculación a grupos sociales y estamentos en los que se

forman correlaciones simétricas (el gracioso con el gracioso, la criada con la criada, el

hidalgo con el hidalgo, el galán con el galán, el caballero con el caballero, la dama con

la dama) y asimétricas (el gracioso con el caballero, el padre con los hijos, la dama con

su criada, el rey con sus vasallos, entre otros).

Milena Campos Eich ([email protected]) Pós-graduanda

Título: A dança como representação do deslocamento em A ilha sob o mar, de Isabel

Allende.

Nosso estudo se situa na representação dos deslocamentos geográfico, social e

cultural do romance A Ilha sob o mar (2010), da escritora chilena Isabel Allende. Sob o

enfoque conceitual da metaficção historiográfica (HUTCHEON, 1991), a obra apresenta

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a história de Zarité, uma escrava que, desde a infância até a maturidade, vivencia

experiências de deslocamento, seja como objeto de transações comercias, seja como

fugitiva ou exilada. A personagem se inscreve nas brechas culturais e existenciais

causadas pelo espaço contra-hegemônico, que é o da religião, em que a dança figura a

metáfora do deslocamento para o lugar, imaginário e apenas desejado, de origem.

Dessa forma, o romance problematiza questões como identidade, resistência,

desenraizamento e tradição (HALL, 2003, 2005; BAUMAN, 2005), confrontando-as

entre si nas interseções das diferentes comunidades que habitam um mesmo espaço.

Para Toro (2010), dado que o deslocamento é a condição inerente da humanidade,

nunca houve um território no qual se possa buscar raízes identitárias. “Mi casa soy yo”,

ilustra o autor. Essa citação vem ao encontro de nossa perspectiva, exemplificada na

personagem de Allende, a qual vivencia, através da dança, fortemente presente em

sua experiência pessoal e religiosa, a resistência e o deslocamento necessários à

preservação de sua subjetividade.

Miriam Lourdes Impellizieri Luna Ferreira da Silva ([email protected]) Professora

Título: Uma viagem à Cocanha: do Medievo ao Renascimento

Quem nunca imaginou poder ir a um lugar onde sem trabalho, sem esforço,

sem nada despender, pode-se obter todo o necessário para se viver bem: alimentos

variados e ricos, bebidas finas, belas e ricas vestimentas, prazeres os mais variados,

liberdade... E o mais importante, sem nada fazer ou fazer apenas o que se tem

vontade? Bem, este lugar maravilhoso existe no imaginário ocidental desde os séculos

finais da Idade Média, e se chama Cocanha.

A primeira descrição formal do País da Cocanha ocorre na França do Norte, no

início do século XIII, com o nome de "Fabliau de Cocaingne”. A partir daí, a fama deste

país imaginário de delícias e de felicidade só faz crescer, e os textos, apresentando as

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mais variadas versões do tema, aparecem, a seguir, na Inglaterra, na Alemanha, na

Holanda, na Itália.

Para esta comunicação analisaremos dois textos produzidos na Itália da

segunda metade do século XVI, “Capitolo di Cuccagna” editado em Siena, em 1581, e

“Il Piacevole Viaggio di Cuccagna”, editado em Cesena, em 1558, que serão

comparados ao Fabliau, de forma a estabelecermos como o tema da Cocagna foi

trabalhado e ao longo do tempo e do espaço.

Natália da Silva Bravo / Ana Cristina dos Santos

([email protected]/[email protected]) Graduanda

Título: Experiências na fronteira: a (re)construção identitária do sujeito feminino

A busca por uma vida melhor além das fronteiras do México é a motivação para

enfrentar diversas situações de perigo e até de humilhação no processo migratório

ilegal de ida de latino-americanos para os Estados Unidos. Essa é a realidade presente

nos relatos dos próprios imigrantes para a escritora Alícia Alarcón, em seu livro La

Migra me hizo los mandados (2002). Com base nos testemunhos dessa coleção de

vozes imigrantes, especialmente nos assinados pelas mulheres, este trabalho objetiva

discutir e analisar o significado adquirido pela migração nesse grupo; as mudanças

ocorridas no sujeito feminino e sua reconstrução identitária ao longo do processo de

deslocamento ilegal na fronteira TEX-MEX. O texto de Alarcón permite discutir essas

questões especialmente quando problematiza as dificuldades enfrentadas pelo sujeito

feminino para transpor as fronteira em busca da realização de um sonho pessoal. Para

tanto, utilizam-se os textos de Almeida (2010), Hollanda (2005) e Shohat (2004) sobre

as relações de gênero; de Canclini (2000), Toro (2010) e Bauman (2006) para as noções

de espaço e deslocamento e de Hall (2005) para as questões das identidades na

contemporaneidade e a diáspora.

Natália Pedroni Carminatti ([email protected]) Pós-graduanda

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Título: De Rousseau a Drummond: enlaces reflexivos na poesia moderna

Fundamentada no estudo de teoria da poesia, a presente monografia tem por

objetivo elencar a filosofia poética do cidadão de Genebra, Jean-Jacques Rousseau, a

do poeta-prosador Carlos Drummond de Andrade. A despeito da distância cronológica

efetivada entre os dois escritores, muito de Rousseau aparenta estar presente em

Drummond. Nessa direção, propusemo-nos destacar a importância do trabalho

poético na última obra autobiográfica do filósofo iluminista, Les rêveries du

promeneur solitaire (1782) tal como nas poesias drummondianas de eixo reflexivo,

“No meio do caminho” e “Poema de sete faces”. Baseando-se nos trabalhos de Octavio

Paz (1956), Theodor Adorno (1957), Mário Faustino (1977) e Davi Arrigucci Junior

(2002), além das produções de teóricos da fortuna crítica dos autores supracitados,

pretende-se demonstrar como a subjetividade edifica uma nova perspectiva no

discurso filosófico rousseauniano e na poesia ensimesmada de Drummond. Para tanto,

é preciso levar em consideração que o lírico do poema reflete o universal, ou melhor, a

condição humana. Modernos por si só, Rousseau e Drummond abrem os caminhos

para uma leitura original da poesia moderna.

Palavras-Chave: Modernidade; Poesia; Jean-Jacques Rousseau; Carlos Drummond de

Andrade.

Nilson Adauto Guimarães da Silva ([email protected]) Professor

Título: A construção dialógica no romance de Denis Diderot

Com a presente pesquisa buscamos analisar no romance “Jacques, o fatalista”

de D. Diderot a presença do diálogo enquanto elemento marcante na estrutura de

composição formal e na rede de significados que são estabelecidos. Trata-se do

diálogo em sentido duplo, em sua acepção mais corriqueira de conversação, que

remete à linguagem oral e popular, e ao embate de opiniões diversas, mas também na

acepção de referência dialógica e intertextual a vários autores e obras, no âmbito das

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artes e da filosofia, cronologicamente anteriores ou contemporâneos do escritor. Pela

forma como se posiciona diante da tradição das belas letras, ao retomá-la

explicitamente, Diderot define seu posicionamento através de aprovações e recusas, e

renova a criação romanesca de seu tempo. Seu romance se configura como texto que

critica estruturas sociais e correntes de pensamento, ao ressaltar a diversidade de

opiniões, de narradores e de pontos de vista.

Nilton dos Anjos - Professor convidado

Título: Do sentimento trágico da vida contemporânea'

A conferência focalizará três imagens forjadas pela escrita Miguel de Unamuno:

osentimento trágico da vida – em que apresenta o cristianismo como experiência

essencialmente trágica; a crise da e na vida contemporânea – que possui para ele um

viés precipuamente religioso; e por fim a questão da imortalidade – em que relaciona a

‘morte’ da cultura com a do corpo. Sua crítica ao tecnicismo, materialismo e ao

progresso está baseada naquelas três imagens sugeridas acima. Traçaremos

brevemente pontes entre alguns de seus escritos e questões que ele acolheu como

suas, de autores como: Agostinho, Tertuliano, Erasmo, Pascal, e principalmente,

Kierkegaard. Em linhas gerais, neles que Unamuno encontrará com os paradoxos que

não o abandonaram no transcorrer de toda sua existência: fé, absurdo, humanismo,

infinito e decisão.

Oscar Román Zambrano Montes ([email protected]) Pós-

graduando

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Título: O motivo do fracasso no último teatro de Cabrujas focalizado no uso

estratégico de alguns acessórios cénicos

Analisar o uso das cartas nos textos dramatúrgicos El día que me quieras (1979)

e El americano ilustrado (1986), entanto estratégia criativa da escritura dramática de

José Ignacio Cabrujas. As epístolas canalizam a reação significativa que estrutura o

sentimento de fracasso como eixo fundamental do sistema de motivos (BERENGUER)

do autor frente às mediações tensas do seu entorno.

As cartas (reais e materiais ou apenas referidas e imaginadas) contêm a soma

de aspirações, sonhos e projetos dos personagens e a sua força modifica o curso da

intriga e produz peripécias e anagnórises relevantes. Embora a tradição teatral tenha

explorado o uso de cartas em cena, Cabrujas foge às convenções do gênero porque as

cartas das suas obras não são cartas reais. A carta que Pio Miranda supostamente

enviou a Romain Rolland nunca foi escrita (mesmo que mil vezes imaginadas) e a carta

de Arístides Lander, que foi escrita sim, nunca foi enviada, pois o remitente e o

destinatário eram ele próprio, distanciado no tempo. Ambas cartas têm o cheiro do

fracasso na sua feição, mas paradoxalmente elas potenciam a confissão dos

personagens. O resultado é um processo de despojo que termina em situações

radicais, violentas e dolorosas.

Paula Tainar de Souza ([email protected]) Pós-graduanda

Título: A arte entre tempos, intenções e gêneros: Um estudo de o poço e o pêndulo no

cinema e na literatura

O presente trabalho explora o diálogo entre cinema e literatura na

interdisciplinaridade e transposição de obras literárias ao cinema. Observaremos o

conto “O poço e o pêndulo”, de Adgar Allan Poe que retrata um prisioneiro da

Inquisição Espanhola, na forma como o autor manobra o terror psicológico na

construção de seu personagem. Posteriormente, estudaremos a transposição das

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características observadas para o filme “O poço, o pêndulo” (1991), baseado no conto,

e a maneira como este subverte as características do gênero e do personagem,

fazendo suas mediações com outros tempos, forjando a imaginação com o auxílio da

narrativa visual. Assim, do estudo comparativo das obras e de suas linguagens,

buscaremos considerar os diferentes períodos e intencionalidades que atuam sobre

suas edificações, e as influências destes na construção da arte e sua funcionalidade,

tendo principal auxílio dos pensadores Martín-Barbero, Benjamin, Rosenfeld e

Foucault.

Paulo Felipe Costa e Silva ([email protected]) Graduando

Título: O universo das entrevistas de Clarice Lispector para "Fatos & Fotos/Gente":

encontros, choques culturais e contextualizações

Entre os anos de 1976 e 1977, Clarice Lispector desempenhou função inusitada,

embora conhecida dos leitores: foi entrevistadora. Durante esse período, a romancista

publicou 27 entrevistas em "Fatos & Fotos/Gente", revista pertencente a Bloch

Editores, conversando com diferentes personalidades, enfatizadas nos nomes de

Rubem Braga, Jece Valadão, Elke Maravilha e Ferreira Gullar, entre outras. A presença

da pluralidade de vozes nessas entrevistas resulta em diálogos, assertivas e reflexões,

todos esses organizados sob o olhar narrativo de Clarice Lispector; bem como em

certos choques culturais, identificados nos próprios textos das entrevistas, entre a

escritora e os interlocutores. Este trabalho, portanto, visa estudar tais “choques

culturais” e os encontros ocorridos entre Clarice e seus entrevistados; e, ainda, os

deslocamentos reais e imaginários apontados pelo universo dessas conversas. Para

isso, serão empregados como referência as obras de Aparecida Maria Nunes e Nádia

Batella Gotlib, que tratam do percurso de Lispector nas redações da imprensa carioca

e nos demais convívios sociais; e estudos que discutem as possibilidades do gênero

entrevista, representados pelos nomes de Cremilda Medina e Carla Mühlhaus.

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Pedrita Mynssen da Fonseca Castro Mello ([email protected]) graduanda

Título: A representação das línguas em meio ao Positivismo: fronteira entre o francês e

o alemão na Alsácia.

A partir do livro Le français alsacien: fautes de prononciation et germanismes,

de J. D’Hauteville, publicado em Estrasburgo em 1852, será exemplificado com base no

alsaciano, língua nativa de origem germânica da Alsácia (região francesa com fronteira

com a Alemanha) e no francês alsaciano, variante da língua francesa falada nessa

mesma região, como se consolidou uma perspectiva positivista de representação das

línguas na França a partir do séc. XVIII. Dessa maneira, será comparada a

representação dada ao francês e das suas variedades, dos seus territórios e das suas

fronteiras em dois contextos sociais e políticos diferentes, no século XVI e após a

Revolução Francesa de 1789 (séc. XVIII e XIX). Paralelamente será abordada a questão

da instrumentalização dos idiomas em funções diferentes das que são

tradicionalmente atribuídas às línguas, ou seja, identitárias e ideológicas como, por

exemplo, servindo a fins políticos. Também será feito um levantamento, desde o séc.

XVI, das motivações para sua criação, seus criadores, seus falantes e suas situações de

uso. Em seguida, chegaremos ao contexto político e social que resultou, após 1789, na

perspectiva positivista que adotou o francês como língua nacional e sua

instrumentalização e o tratamento que essa mesma perspectiva deu as línguas não

oficiais também faladas no território francês, como o alsaciano. Por fim, será

considerada a constituição nesse século de uma classificação hierárquica dos falares,

entre norma (“língua-padrão”), dialetos, língua popular, língua nacional e língua

regional etc.

Palavras-chave: línguas em contato, representação das línguas.

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Priscila da Silva Marinho ([email protected]) pós-graduanda

Perspectiva discursiva sobre escrita em aulas de Espanhol/LE.Tenciona-se exibir

nesta comunicação o projeto de investigação de mestrado intitulado "Discurso e

processo de construção de sentidos: uma análise de produções escritas em aulas de

Espanhol/LE em turmas de Ensino Médio", cujo propósito é observar dita relação entre

discurso e processos de construção de sentidos em aulas de Espanhol/LE através de

produções escritas. Para tanto, será necessário lançar um olhar de análise e reflexão

sobre as chamadas “formações discursivas” (FOUCAULT, 1986). Estas são evocadas no

momento em que os alunos de ensino médio de uma dada instituição da rede pública

de ensino realizam produções escritas, entendendo tais produções como distintas

atitudes responsivas (BAKHTIN, 2010) diante dos textos em Língua Materna

(Português) e Língua Estrangeira (Espanhol) que se destinam ao debate em aula. Esses

gestos de leitura manifestados pela escrita revelam que os sujeitos não são seres

passivos, mas sim ativos na construção do significado, visto que ao ouvirem um

enunciado adotam consigo uma atitude responsiva, ou seja, podem concordar ou não

e também completar, discutir, ampliar, direcionar, enfim, atuar de forma ativa no ato

enunciativo. Sendo assim, tais gestos desvelam diferentes processos de inscrição

discursiva, que têm a ver com a constituição identitária, sociocultural, ideológica e

histórica do sujeito. Desse modo, também será observado o intercâmbio que se

verifica entre elementos linguísticos e formações discursivas tanto da LM para a LE,

quanto da LE para a LM, ao se propor que o alunado leia e redija acerca de um mesmo

tema em ambas as línguas. Em suma, esta investigação, guiada à luz da Análise do

Discurso, pretende examinar as diversas discursividades e ressonâncias enunciativas,

entendidas como “modos predominantes de construir sentidos discursivamente em

cada língua” (SERRANI, 2010), que vão se construindo graças ao deslocamento

contínuo do sujeito no processo de inscrição e construção de sentidos em uma LE,

observando, dessa maneira, a interface entre a atividade de leitura e produção textual.

Priscila Gomes Santos ([email protected]) pós-graduanda

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Título: O Paraguai e a organização das políticas linguísticas numa situação de contato

linguístico.

O presente trabalho tem por objeto de estudo as políticas linguísticas no

Paraguai, analisando os discursos oficiais – as diferentes versões da Constituição, a Lei

de línguas e outros documentos oficiais -, assim como a implementação de ações de

planificação, que correspondem a políticas implícitas (Hamel, 1988). O diferencial

paraguaio está na realidade bilíngue, assumida oficialmente - Guarani e Espanhol -

que implica uma política assumida também pelo Estado em relação às duas línguas,

situação sui generis na região. Ambas as línguas fazem parte da realidade

sociolinguística de outros países vizinhos, porém desempenham funções diferentes.

Embora reconhecida como em uma relação diglóssica com o espanhol, o guarani,

língua de base indígena, apresenta uma vitalidade especialmente na representação da

identidade nacional. Foi verificado a estrutura e formulação do discurso sobre o

espanhol e guarani nas diferentes instâncias da legislação. E qual o grau de coerência

na aplicação das leis. Foram analisada as versões da Constituição paraguaia, relatórios

da Comisión Nacional de Educação Bilíngue paraguaia, e outros documentos legais

internacionais que também tratam sobre as línguas indígenas, através da Análise

Crítica do Discurso. Para então poder discutir a presença versus ausência de políticas

linguística bilíngues e igualitárias numa sociedade multicultural como o Paraguai.

Raquel da Silva Ortega ([email protected]) Pós-graduanda

Título: La guerra Carlista, El Ruedo Ibérico e o Carlismo romanceado

O objetivo deste trabalho é analisar a presença do evento histórico do Carlismo

na obra do escritor espanhol Ramón del Valle-Inclán e a sua relação com a estética do

esperpento. Ao estudar sua produção literária, encontramos várias obras que fazem

referência ao conflito político e bélico da Espanha na segunda metade do século XIX

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devido à disputa familiar pela sucessão do trono e que gera três guerras civis entre

1833 e 1876. Valle-Inclán cresce no ambiente da terceira guerra carlista (1872-1876) e

transforma as impressões obtidas na infância em matéria narrativa em duas trilogias:

La Guerra Carlista (1908-1909) e El Ruedo Ibérico (1927 a 1932). Nestes textos,

percebemos uma versão romanceada da história do Carlismo. A distância temporal

entre a primeira e segunda trilogia sugere uma evolução na crítica social realizada pelo

autor nas obras em estudo. Com base nas teorias de Gil (1999), Risco (1966), Zamora

Vicente (1969) e Díaz-Plaja (1965), demonstraremos como Valle-Inclán elabora e utiliza

a estética do esperpento na construção das duas trilogias, como elemento de crítica e

como alegoria da situação política tratada nas obras.

Rayza Alexandra Bernardes da Silva ([email protected]) Graduanda

Título: O comportamento sintático dos possessivos no Castelhano Medieval: um caso

de gramáticas em competição

Diferentemente do castelhano contemporâneo, durante o período medieval os

possessivos átonos em posição pré-nominal também podiam vir acompanhados de

artigos definidos, como em “la mi hermana”. Esses dados levantariam um problema

para o estatuto categorial dos possessivos: no plano teórico, tais construções não

poderiam ser geradas uma vez que possessivos átonos, por apresentarem

comportamento de formas clíticas, e artigos definidos ocupariam a mesma posição D.

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é entender, a partir de dados extraídos

de textos escritos em castelhano nos séculos XIII, XIV e XV (Viña Liste, 2001), e de uma

perspectiva teórica formal (Schoorlemmer, 1998; Kroch, 2001), como funcionava a

gramática dos possessivos átonos pré-nominais.

A aparente variação nos dados (presença ou ausência de artigo definido diante

de possessivo) é, por nós, interpretada como um caso de gramáticas em competição

(Kroch, 2001). De acordo com os estudos de Schoorlemmer (1998), postulamos duas

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gramáticas distintas diferenciadas pelas propriedades do núcleo Poss, que pode ter um

traço de definitude forte ou fraco, forçando ou não o movimento do possessivo para

D.

Renata Daniely Rocha de Souza ([email protected]) Pós-graduanda

Título: A realização do objeto direto em espanhol por falantes de português

aprendizes de espanhol

Trabalhos com enfoque sobre as diferentes formas de realização de um

elemento sintático nas línguas têm ocupado um importante espaço na agenda de

investigação gerativista. Em relação ao tipo de preenchimento dos argumentos, Galves

(2001) aponta que haveria no PB uma tendência cada vez maior ao apagamento do

objeto. Já para o espanhol a expectativa seria outra, pois o fenômeno de apagamento

só estaria licenciado em contexto restrito, predominando, assim, a estratégia de

retomada por clítico. O objetivo deste trabalho é verificar se o aprendiz realizaria em

língua estrangeira o mesmo tipo de retomada selecionada em língua materna, neste

caso, o apagamento. Consideramos, neste estudo, que falantes de PB aprendizes de

espanhol apagam o clítico em espanhol nos mesmos contextos em que apagamos em

PB. A nossa hipótese é de que há apagamento de objeto direto em língua estrangeira

quando o referente é [-] animado. Segundo Soledad (2011) o traço[-] animado

favorece o pagamento de objeto, não importando a categoria sintática a que ele

pertença. Com o intuito de verificar tal hipótese, será aplicado um teste de versão aos

alunos do curso de graduação português-espanhol.

Renata Dorneles Lima ([email protected]) Pós-graduanda

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Título: “La 31”: la representación de la imagen del otro en la isla precaria de Ariel

Magnus

La pluralidad de miradas encontradas en la obra La 31 – una novela precaria, de

Ariel Magnus, intenta representar lo imaginario formado acerca del “otro”, o sea, del

sujeto perteneciente al territorio periférico desde la mirada del sujeto que está en el

territorio hegemónico. Esta representación pretende mostrar lo imaginario que es

consecuencia de una ciudad que ya no se estructura de forma homogénea, sino de

forma fragmentada, a través de las estrategias narrativas de la obra investigada. Este

trabajo sugiere una ponderación acerca de la representación de la otredad y de uno de

los “microterritorios” de la ciudad de Buenos Aires, la villa 31, con base en la ficción

“precaria” de Ariel Magnus.

Renata Flávia Marcolino de Souza ([email protected]) Graduanda

Título: Deslocamentos, identidade e gênero no conto “Exótica” de Anna Kazumi Stahl

Anna Kasumi Stahl é uma escritora americana com raízes japonesa e alemã, que

vive na Argentina e escreve em língua espanhola. Através de seu conto “Exótica”, da

obra Catástrofes naturales (1997), o trabalho objetiva analisar os deslocamentos

geográfico, social e linguístico sofridos pela personagem e relacioná-los com o conceito

de identidade para revelar como esses deslocamentos modificam e,

consequentemente, redefinem o sujeito feminino. Em um contexto multicultural e

multiétnico, a escritora migrante aborda a estrangeiridade da personagem feminina

diaspórica em seu país natal (Japão) e no novo (Estados Unidos). Dessa maneira, o

conto enfoca as questões de gênero ao problematizar as diferenças socioculturais

entre o sujeito feminino ocidental e o oriental, em que esse último é reduzido a um

simples objeto exótico. Para a análise proposta, utilizam-se os textos de Hollanda

(2005) e Shohat (2004) sobre as relações de gênero; de Toro (2010), Augé (2007) e

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Bauman (2006) para as noções de espaço e deslocamento e Hall (2005) para as

questões das identidades traduzidas na contemporaneidade.

Renato Venancio Henrique de Sousa ([email protected]) Professor

Título: "Alexandra David-Néel : uma andarilha pelos caminhos do Oriente"

Nossa comunicação tem por objetivo analisar alguns aspectos de dois textos da

autora francesa Alexandra David-Néel (1868-1969), Mystiques et magiciens du Tibet

(1980) e Voyage d’une Parisienne à Lhassa (1964), e suas relações com a biografia

escrita por Jean Chalon, Le lumineux destin d'Alexandra David-Néel (1984), e com

ensaios sobre a narrativa de viagem. Esta intelectual convertida ao budismo conheceu

os meios esotéricos de fins do século XIX e início do século XX, além de conviver com

membros da Sociedade teosófica e de frequentar grupos ligados à magia e a seitas

espiritualistas, que observou com um olhar atento de «etnóloga». Ainda jovem,

estudou filosofia e línguas orientais, tornando-se profunda conhecedora do sânscrito e

do tibetano, línguas das quais traduziu textos da tradição budista. Foi uma grande

orientalista e exploradora, trabalhou também como jornalista, foi cantora de ópera na

Tunísia e na Indochina francesa, teve uma fase anarquista na juventude e foi uma

feminista avant la lettre. Depois de ter chegado a Lhassa, em 1925, que na época era

um território dominado pelos ingleses, tornou-se uma celebridade nos meios literários

com a publicação do livro que relata essa proeza.

Roberta Oliveira De Carvalho ([email protected]) Graduanda

Título: A judia Raquel, o romance como instrumento indutor de emancipação feminina

no Brasil na segunda metade do século XIX

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Esta pesquisa é um resgate de parte da produção literária de uma

representante do movimento feminista brasileiro do século XIX, Francisca Senhorinha

da Motta Diniz. A investigação traz contribuição histórica para o sul de Minas Gerais.

Por meio de uma análise de seus escritos, em especial de seu romance, A Judia Raquel,

esta pesquisa tem como objetivo avaliar as contribuições desta obra frente à literatura

produzida por mulheres neste mesmo período. Frisando que a autora tem como início

de sua trajetória a cidade de Campanha no Sul de Minas Gerais, região e estado com

características interioranas.

Palavras chave: Feminismo, sociedade, romance, mulher, leitor, feminino.

Roberto Ponciano Gomes de Souza Junior ([email protected])

Graduando

Título: A influência do Cante Jondo e do arabismo na poesia de Federico Garcia Lorca

O objeto deste dissertação é mostrar a influência que o Cante Jondo, música,

dança, canto e poesia de origem cigana tem na poesia de Federico Garcia Lorca, o

principal poeta espanhol da Geração de 27. Como a poética de Lorca tem, entre suas

influências, a da cultura e da linguagem popular, ela vai beber do ritmo, da temática e

da musicalidade do Cante Jondo, música de influência cigana que é conhecida

mundialmente pelo baile Flamenco. Além da musicalidade, o tema trágico da morte,

da inevitabilidade do destino, faz a confluência entre Lorca e o Cante Jondo, que por

sua vez é uma música cigana que tem entre suas influências a cultura mourisca e a

indiana. Nesta trabalho mostraremos como Lorca vai fazer a leitura estética desta

tradição em sua poesia.

Também trabalharemos a influência árabe no Cante Jondo, e através desta a

influência árabe na poética de Garcia Lorca, da ideia do trágico, da temática recorrente

da morte e do amor não realizado. Do pessimismo e da agonia da vida, da noite, da

lua, temas recorrentes tanto na poesia de origem moura, quanto na poesia de

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Federico Garcia Lorca. Andaluzia, terra de Lorca, também é um dos principais difusores

da cultura mulçumana na Península Ibérica, assim sendo, dentro do inconsciente

coletivo do povo andaluz, séculos depois da expulsão mourisca, fica a influência da

cultura árabe.

Nesta apresentação, a ideia é mostrar o entrelaçamento de temas e culturas, o

multiculturalismo presente no principal poeta de vanguarda da geração de 27, o que

ao ser mais local é o mais universal, o que ao ser espanhol e andaluz, é o mais árabe e

multicultural, exatamente por Espanha ser esta confluência de influências dialéticas

que acabam sendo reproduzidas na forma e na temática da sua poesia, além da

compilação da linguagem popular e marginalizada, uma opção política Republicana e

de esquerda, feita conscientemente por Lorca.

Palavras-chave: Poética, multiculturalismo, Mudança estética; Mudança temática;

granadino.

Rodrigo Labriola (mesa redonda)

Título: Esboço para uma módica vindicação das traduções ruins

Na tradução é preciso delimitar claramente três universos, cujos objetivos

comunicacionais, gêneros discursivos e critérios históricos podem ser diferentes e até

contraditórios ou polêmicos: a tradução juramentada, a tradução instrumental e a

tradução literária. Trata-se aqui de esboçar essa diferenciação fundamental,

focalizando a tradução literária na América Latina naquilo que carrega de inespecífico

(amadorista e ambíguo), de heterogêneo (cultural e criador de subjetividade) e de

político (social e estético).

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Sabrina Baltor de Oliveira ([email protected]) - Professora

Título: A presença literária de Théophile Gautier em periódicos brasileiros do século

XIX

A partir da pesquisa no acervo da hemeroteca digital brasileira da Biblioteca

Nacional, disponibilizado no endereço virtual http://hemerotecadigital.bn.br, procuro

mapear e analisar as referências ao autor francês Théophile Gautier e à sua obra em

períódicos brasileiros. Essa primeira parte do estudo aborda o período da década de 40

do século XIX, sobretudo a publicação do romance As duas estrelas na seção folhetim

do jornal Diário do Rio de Janeiro de 13 de julho de 1849 a 29 de agosto do mesmo

ano. A cada número, eram publicadas quatro páginas do romance. Ao todo, o jornal

publicou 94 páginas. A tradução ocorreu menos de um ano após a primeira publicação

deste texto intitulado na época Les deux étoiles no periódico francês La Presse de

Émile de Girardin e lançado ainda um tempo depois com o título Partie Carrée e

posteriormente sob o nome La belle-Jenny. Busco, sobretudo, neste projeto, analisar a

recepção crítica de Gautier no Brasil, verificar como sua ligação com o movimento

romântico e com a poesia parnasiana é vista por escritores e jornalistas literários na

imprensa nacional, assim como investigar uma possível contribuição deste autor para

o desenvolvimento do conto fantástico no campo literário brasileiro.

Sandro Marcío Drumond Alves ([email protected]) Professor

Título: "Espelho, espelho meu...": As relações de poder entre o Livro didático e

o professor nas aulas de Espanhol

A relação entre o livro didático adotado em sala de aula e o trabalho executado

pelo professor de espanhol nas escolas do Ensino Básico, ao invés de cooperativa, tem

se mostrado hierárquica e, por vezes, de submissão (MOLINA, 1987; COSTA, 2012).

Partindo desta premissa, este trabalho objetiva mostrar os resultados coletados em

pesquisas desenvolvidas no Estado de Sergipe, na cidade de Aracaju, sobre os tipos de

relações desenvolvidas pelos professores das escolas públicas estaduais com os livros

didáticos adotados, fruto do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do ano de

2012. Utilizando dados gerados de tipo qualitativos-etnográficos (MANSON, 1997;

REES & MELLO, 2011), a partir de diários reflexivos dos regentes das escolas

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Governador João Alves Filho e Presidente Emílio Garrastazu Médici, onde são

desenvolvidas as atividades do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

Docência (PIBID), construímos um panorama de como esta relação se desenvolve e,

com base nos resultados obtidos, apresentamos possibilidades de trabalho em que é

possível a desconstrução deste poder do livro didático sobre o docente (GOTTHEIM &

PEREIRA, 2013) tornando o processo de educação linguística do espanhol na escola

mais cooperativo e a formação continuada do professor de línguas mais reflexiva

(DUTRA & MELLO, 2009).

Silvia Inés Cárcamo de Arcuri ([email protected]) Professora

Título: Visões da infância e modernidade estética em Julio Cortázar

A crítica contemporânea (René Schérer, Jean François Lyotard, Fernando Cabo

Aseguinolaza, José María Pozuelo Yvancos) defendeu a idéia de que a noção moderna

de infância se encontra presente, de modo crucial, na formação da literatura da

modernidade, comprometendo os planos da linguagem, do tempo e da memória.

Tomamos como objeto de análise a presença da infância na obra de Julio Cortázar,

considerando que ela não se reduz a uma questão temática. Antes de nada, a noção

de infância intervém fortemente na sua teoria do gênese da criação poética

estreitamente relacionada com a memória. Essa teoria se encontra esboçada em

Territorios (1978), o livro composto por ensaios poéticos cuja inspiração nasce do

prazer e da admiração que provocam no escritor as imagens da arte –fotografias,

quadros, esculturas.

Simone Flaeschen ([email protected]) Professora

Título: A nomenclatura gramatical brasileira e a italiana: diferentes tipos de unificação

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As nomenclaturas gramaticais das línguas são mais do que conjuntos de termos

técnicos ligados à descrição científica desses instrumentos de comunicação. São peças

fundamentais no esforço pelo entendimento e pelo domínio da comunicação humana.

São inclusive frutos de interculturalidade. Apesar de serem constantemente alvo de

polêmicas e críticas por parte de cientistas da linguagem, é inegável a importância

dessas nomenclaturas para a estruturação das gramáticas das línguas. No Brasil, a

Nomenclatura Gramatical Brasileira — chamada simplesmente de NGB — foi instituída

em 1959 com força de lei. Sua criação teve grande motivação pedagógica. Havia a

necessidade de se realizar, através da sua elaboração, um tipo de unificação. A Itália,

por sua vez, viveu, durante séculos, o problema da “questione della lingua”. No âmbito

linguístico-gramatical, também havia a necessidade da realização de uma unificação.

Nesta comunicação, pretendemos esclarecer quais foram esses dois tipos de

unificação, ocorridos na história da gramaticografia brasileira e italiana, e suas

implicações.

Simone Silva do Carmo ([email protected]) pós-graduanda

Título: Discussões sobre a pós-modernidade em Tiempo transcurrido: crónicas

imaginarias, de Juan Villoro

O presente estudo propõe uma reflexão sobre o México contemporâneo a

partir das crônicas que compõe o livro Tiempo transcurrido: crónicas imaginárias,

publicado em 1986, do escritor mexicano Juan Villoro. Esta obra, composta por dezoito

crônicas que traçam o caminho das ilusões de 1968 ao desencanto de 1985, eventos

vinculados a fatos como o massacre de Tlatelolco, a crise “do mexicano”, o PRI e a crise

econômica a partir de 1970, apresentando um painel que leva em consideração a

influência do rock e dos movimentos de contracultura no México naquele momento.

Portanto, o objetivo deste trabalho é demonstrar, a partir da visão de Juan Villoro,

importante intelectual do México contemporâneo, herdeiro da geração que

impulsionou a crônica no país, como está cifrada nessa obra a discussão sobre

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modernidade, pós-modernidade, hipermodernidade e até “pós-apocalipse”. O textos

de Zygmunt Bauman (2001), Carlos Monsiváis (1986) e (2010), Terry Eagleton (1998),

Darío Jaramillo Agudelo (2012) entre outros, serviram como suporte teórico para a

análise.

Palavras-chave: Juan Villoro; Literatura mexicana; Crônica; Pós-modernidade.

Suani Tomaz dos Santos ([email protected]) Aluno de graduação

Título: O narrador infantil e a barbárie em “Festa no covil” e “Feras de lugar nenhum”

Este trabalho propõe uma análise da trajetória do narrador-criança em

fragmentos específicos dos romances Festa no covil, de Juan Pablo Villalobos, e Feras

de lugar nenhum, de Uzodinma Iweala. Ambos apresentam os conflitos vivenciados

pela infância em contato com cenários de violência extrema (o mundo dos cartéis do

narcotráfico no México e a atmosfera de horrores das milícias africanas às quais se

incorporam os meninos-soldados). O núcleo dos dois romances consiste talvez numa

das problemáticas mais centrais da narrativa do presente: como narrar o real depois

de perder a inocência? É esta pergunta que apresenta como desafio a possibilidade de

seguir escrevendo depois de conviver com manifestações desmesuradas da violência.

Parece que há algo que não se pode dizer antes de cruzar certo limite. A linguagem

usada para contar o presente pelos meios de comunicação massiva é insuficiente e por

isso os dois autores recorrem aos balbucios de crianças que mal aprenderam a ler e

escrever quando mergulham num mar de violência e se transformam na voz que nos

guia pelos horrores da guerra e do crime, uma voz infantil que amadurece brutalmente

em meio a assassinatos, decapitações, estupros e esquartejamentos. São mal falantes

que não foram de todo submetidos à ordem do social, entes que subvertem pela via

da crueldade a ordem do logos civilizado, permanecendo fora de tal ordem. Um dos

elementos que assumem fundamental importância para esta pesquisa é a influência

das imagens de violência que já não chocam os espectadores como outrora e

introduzem uma nova sociabilidade semibárbara marcada, sobretudo, pelo

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debilitamento da repressão dos instintos principalmente em jovens e crianças que

crescem em meio aos espaços insulares sem incorporar os valores base da civilização

ocidental responsáveis ao longo dos tempos pela manutenção da forma vigente de

constituição social. O imaginário de Tochtli, protagonista e narrador de Festa no covil,

é formado pelo contato direto com a violência que impera dentro da “ilha” onde

cresce e pelas imagens da violência urbana que chegam em doses diárias através dos

noticiários televisivos, veiculando a expressão discursivo-imagética de uma crueldade

para além dos limites do suportável. Em lugar de atuar empobrecendo a linguagem, a

opção pelo narrador criança leva a um deslocamento a partir do qual são

problematizadas a invenção da infância, a veiculação de um certo terrorismo midiático

e a banalização de uma violência por demais familiar para chocar e ser narrada. A voz

infantil, que naturaliza a violência por ter crescido em contato com ela, apresenta-se

como uma estratégia poderosa para chamar a atenção de uma cidadania apática. Para

estudar as questões apontadas acima, conceitos ou categorias como barbárie,

balbucio, ilhas urbanas e crueldade, são essenciais para este trabalho e serão

estudados sob a perspectiva de alguns importantes teóricos da temática como

Leopoldo Zea, Hugo Achugar, Josefina Ludmer e Clément Rosset.

Palavras chaves: crueldade; ilhas urbanas; barbárie; infância perdida; figurações da

violência

Sylvia Helena de Carvalho Arcuri ([email protected]) pós-graduanda

Título: A Santa Teresa de 2666, cidade da fronteira: o espetáculo do crime

A capacidade que um autor possui em criar um mundo ficcional baseado no

real/factual, ou exatamente o contrário, proporciona que sua escritura revele as

condições de produção que aparecem nas sociedades atuais. Esta comunicação está

dividida em partes, sugerindo fronteiras que se visitam. Essa divisão servirá apenas

para facilitar a compreensão de conceitos, pensamentos e reflexões sobre dois

assuntos; o primeiro, abordado na parte inicial, referente à sociedade do espetáculo e

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o segundo a cidade imaginada na fronteira entre dois países, essas partes se deslocam

e se encontram dentro das colocações e da evolução do gênero narrativo, no caso o

romance policial, passando pela novela negra/romance noir até chegar a uma possível

e recente categoria: “romance criminal”, um gênero que será analisado e pensado

como fronteira. Os conceitos, pensamentos e reflexões, que serão utilizados neste

estudo, são resultado do trabalho teórico de estudiosos que analisam a sociedade

atual como: Edgar Morin, Guy Debord, Néstor Garcia Canclini, Jesús Martin-Barbero.

Sobre o romance criminal, o estudo se apoiará nas colocações de Mempo Giardinelli,

além de outros estudiosos que fazem parte de uma compilação de ensaios críticos

organizados por Daniel Link, no livro El Juego de los cutos, esses ensaios ajudarão a

refletir uma parte da obra 2666 de Roberto Bolaño: A parte dos crimes que será o

corpus desse estudo.Santa Teresa de 2666, cidade da fronteira: o espetáculo do crime

Teresa Andrea Florêncio da Cruz ([email protected]) pós-graduanda

Título: “Testimonio desde la cárcel” da Ilha Grande: o caso particular do testemunho

brasileiro em 400 contra 1

A crítica acadêmica dedicada ao testimonio latino-americano debruçou-se mais

detidamente sobre o caso dos que estiveram na prisão como presos políticos, pouco se

ocupando das obras daqueles que se fizeram “escritores” ou alcançaram uma dicção

própria no âmbito do testemunho da experiência após serem detidos por crimes

comuns.

Deu-se grande atenção aos testimonios escritos por presos ou ex-presos

políticos dos regimes ditatoriais que proliferaram em quase todo o continente ao

longo de duas décadas. Livros com o testemunho da tortura e do cárcere de militantes

políticos foram publicados em vários países da América Hispânica.

Numa outra vertente, após a grande repercussão das narrativas e imagens do

massacre do Carandiru (1992), tem lugar no mercado editorial brasileiro a formação de

um nicho ocupado por uma série de obras dedicada ao testemunho da experiência de

presos comuns. Essa voz dos infames que emerge no relato do contemporâneo pode

apontar para a possibilidade de uma vertente original do testemunho brasileiro, um

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tipo de testemunho fundado em outro trauma mais recente da nossa sociedade (o

massacre de presos sob custódia do Estado ou a produção sistemática de refugos

presidiários a partir das margens sociais e étnicas da sociedade) e que não se

manifestaria nos países vizinhos com os quais compartilhamos o testemunho político.

Palavras-chave: testemunho carcerário; refugo humano; homo sacer; poder soberano

Thiago José Moraes Carvalhal ([email protected]) pós-graduando

Título: Narcocultura, território e arquivo nas epopeias da barbárie: uma abordagem

comparatista de letras do funk proibido e do narcocorrido

As narrativas musicais do funk proibido de contexto (também chamado de funk

proibido de facção) e do narcocorrido podem ser lidas como estratégias discursivas

que se aproximam do esforço épico – de balbucios, como versos duros e brutais,

versando sobre mitos e heróis outros: através da música. Nesta, como na literatura, o

imaginário social se materializa em epopeias híbridas, atravessadas pela crônica, que

narram desde a imprensa ou dos documentos processuais criminais, enquantoarquivos

(González Echevarría, 2000), um contemporâneo violento e cruel. Estas crônicas-épicas

representam trajetórias e percursos do cotidiano de territórios singulares, nos quais a

própria épica clássica é desfigurada e potencializada na sua dimensão mítica, e

principalmente, em seu conteúdo ético. Sejam estes lugares aqueles das “pequenas

nações” das favelas territorializadas pelo tráfico de varejo, sejam os da Nação

territorializada pelos cartéis da droga. Esses gêneros musicais, em suas letras,

assinalam o desejo de consubstanciar-se ao humano, ao subalterno e ao marginal e

sua memória, em matéria duradoura contra um regime de esquecimento e do

apagamento dos rastros, frente ao qual nos debatemos, enquanto sujeitos,

sofregamente desde tempos imemoriais.

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Valéria Jane Siqueira Loureiro ([email protected] / [email protected] )

professor

Título: "A leitura para o ensino de espanhol como LA no suporte Plataforma Moodle"

Neste trabalho trataremos o desenvolvimento da destreza leitora partindo do

uso e da criação de material didático on-line oferecido no Curso de Espanhol

Instrumental (CEI) para os estudantes da UFS na modalidade a distancia pela

Plataforma Moodle. A partir da perspectiva de ensino/aprendizagem

socioconstrutivista de Vygotsky, do conceito de linguagem de Bakhtin e da educação

Inter/Multicultural, se parte do principio que os alunos se ajudam com o

conhecimento que cada um tem e com a colaboração oferecida pelo professor nas

atividades colaborativas desenvolvidas no meio virtual que leva o aluno a alcançar a

competência leitora em língua adicional. Uma prática de ensino de línguas que se

ajuste às necessidades dos estudantes passa pela mediação do uso das NTICs. A

inclusão das tecnologias no material didático se ajusta à realidade dos estudantes

empregando um novo recurso para a aquisição da leitura de forma consciente e

autônoma. A demanda de uma prática de ensino que se ajuste às necessidades do

alunado passa pela mediação do uso das NTICs para fomentar o processo de ensino.

Esperamos que os estudantes adquiram os mecanismos da competência leitora de

forma cooperativa nesta proposta de ensino a distância, pois fazem parte da atual

sociedade da informação e do conhecimento.

Victor Manuel Ramos Lemus ([email protected]) professor

Título: Da margem ao centro: a construção do “Eu” nas crônicas de Pedro

Lemebel

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Nos debates literários contemporâneos, conceitos como “periferia”, “margem”,

“subalterno”, entre outros, e cuja definição é relacional e na qual suspende-se toda

ideia de substancialidade, têm se tornado dominantes.As crônicas do escritor chileno

Pedro Lemebel caracterizam-se por reivindicar para si a escrita de um “Eu” que se

coloca à margem de todas as margens, exacerbando o conceito, forçando-o à atrofia:

militante da Unidade Popular, reivindicava sua “diferença” sexual; durante a ditadura

de Augusto Pinochet, manteve-se esquerdista, anticlericalista e crítico do nacionalismo

folclorizante; e a partir da redemocratização, em 1989, manteve-se crítico da direita

chilena e da esquerda reformista.Além dessas características, em suas crônicas —

gênero tido como “menor” se comparado com a poesia, a narrativa e inclusive com o

ensaio — observa-seque o “Eu” que as sustenta reivindica para si o fato de ter nascido

na “poblacióncallampa” santiaguinadoZanjón de la Aguada.

Nesse sentido, sua obra se caracteriza por se colocar em um ângulo de

questionamento de diversas posições que se consideram “dominantes”, “centrais” ou

“hegemônicas”. No entanto, observa-se que em suas crônicas essa empreitada de se

colocar em todas as margens discursivas, que visam a erosão de posições ditas de

“canônicas”, tenta, no fundo atrofiar, também, a noção de “margem”.

Virginia Videira Casco ([email protected]/[email protected]) - Doutoranda

Título: El Apocalipsis Del Pórtico de la Gloria y la prisión a Falcona en el Lápiz del

Carpintero, De Manuel Rivas

El lápiz del carpintero, una de las principales novelas del escritor Manuel Rivas,

ambientada en la Guerra Civil Española, en la ciudad de Compostela, narra la historia

de amor de dos protagonistas, el Dr. Daniel da Barca y Marisa Mallo. Pero también a

través de otros grandes personajes, como Herbal y el pintor, nos narra la historia de un

lápiz que conduce las memorias, antes y después de ese periodo de represión. Aun

cuando la muerte sea un hecho concreto, como en el caso del pintor que es asesinado,

o tantos otros que tuvieron el mismo fin, lo que nos llamó la atención fue el recurso

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usado para mantener viva la memoria de los presos políticos, ya que los rostros de los

profetas y otras figuras del Pórtico de la Gloria, tendrán una estrecha relación con los

presos de la cárcel A Falcona. En su origen, el Pórticono poseía puertas, las que se

traspasan actualmente corresponden a la fachada posterior barroca, y según algunos

estudiosos eso se atribuye al siguiente párrafo del Apocalipsis: “Tus puertas no se

cerrarán, son el día porque allí no habrá noche” (APOCALIPSIS, 21:25). Como metáfora

podemos decir que también no habrá noche en El lápiz del carpintero. Así como los

constructores medievales documentaron las enseñanzas bíblicas, el personaje pintor

de alguna forma al representar el Pórtico buscó, durante sus últimos días en la cárcel,

retratar los Siete Pecados Capitales, la Fortaleza de los presos frente al régimen

impuesto, la Justicia que, pese a los años de guerra seguidos por los de dictadura, al

final prevalecerá, y la Fe de que la historia un día será contada.

Palabras clave: Guerra Civil Española, Manuel Rivas, El lápiz del carpintero, Pórtico de

la Gloria.

Viviana Gelado ([email protected]) - Professora

Título: Arlt à escuta

O trabalho se propõe a analisar o teor e função de diversas operações da

escuta arltiana na escrita de suas “águas-fortes cariocas”, bem como os desafios que

sua traduzibilidade postula (do ponto de vista linguístico, estético e cultural) ao

tradutor brasileiro contemporâneo.

Wagner Barros Teixeira ([email protected]) pós-graduando

Título: "O espanhol na (des-re)construção de identidades indígenas no Alto Rio

Negro/AM"

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O Alto Rio Negro/AM é um celeiro de encontros sociolinguísticos e étnico-

culturais. No trabalho formação de professores indígenas de Espanhol, em contato

com as diversidades da região, fui instigado a investigar de que maneira(s) a língua

espanhola está presente na formação identitária desses indígenas, que se dispõem a

estudar e a ensinar línguas de ‘branco’. Para alcançar esse objetivo, por meio da

pesquisa bibliográfica, documental e de campo, com o apoio de um questionário de

sondagem, baseio-me em postulados de Barth (1969), Cunha (1986), Maher (1996),

Berger, Luckman (1966), Ribeiro (1970) e Orlandi (1990), entre outros. Além de se

identificar através de sua língua étnica, o índio do Alto Rio Negro (des-re)constrói sua

identidade, deixando-se influenciar pela presença marcante e cada vez mais crescente

das línguas de ‘branco’. Apesar de predominarem as línguas autóctones locais como

principais meios de comunicação, o uso das línguas portuguesa e espanhola é cada vez

mais frequente. Há indícios de interesse crescente pelas línguas de ‘branco’, seja por

questões de comunicação com o homem ‘branco’, ou por melhorias nas condições de

vida para sua geração e as gerações vindouras, na região onde vivem, fronteiriça com

países hispânicos.

Palavras-chave: Formação de identidade(s); Línguas de ‘branco’; Alto Rio Negro.