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Retratos Invisíveis As Representações Imagéticas dos Webcards de Pelotas Fernanda Ricalde Teixeira Turismóloga. UFPEL Especialista em Imagem Publicitária. PUCRS [email protected] Resumo Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo sobre as representações imagéticas veiculadas pelos webcards de Pelotas através da percepção de estudantes e profissionais freqüentadores dos locais publicados através dessas imagens e pretende saber se elas são representativas da cidade e quais os sentimentos que levam essas pessoas a escolherem tais imagens como ícones da cidade. Sendo antecedido por dois capítulos que abordam a imagem para o turismo, a cidade de Pelotas e o contexto histórico do cartão postal, em virtude das características do desenvolvimento das entrevistas. Utilizando- se de uma metodologia de entrevistas via Internet e discussões em grupo, na tentativa de relacionar a atual conjectura de imagens virtuais (em sites) e o pensamento social em relação à realidade dos lugares turísticos preestabelecidos pelo poder público, visando ajudar a compreensão da importância de relacionar a comunidade local com a escolha das imagens publicadas sobre a cidade, com vistas em fomentar o turismo local. Tendo como norteadores da análise os autores Agnew (1993), Santaella e Nöth (1997). Palavras-chave: webcard; imagem; representatividade; turismo; Pelotas. INTRODUÇÃO Os retratos de uma cidade, um espaço qualquer que inspire uma população, deseja intimamente ser representada através de imagens 1 , cristalizando os signos existentes 1 Imagem (do latim imago) é toda e qualquer visualização gerada pelo ser humano, seja em forma de objeto, de obra em cada universo particular da paisagem fotografada. Assim, aliando imaginário popular e turismo, têm-se as imagens turísticas, que servem para propagar uma cidade a partir das vaidades sociais intrínsecas na memória dos atores locais a fim de exibir as potencialidades que podem vir a ser atrativas, e/ou que já sejam atrativas turisticamente. Retratos Invisíveis é um estudo sobre as imagens para o turismo de Pelotas postadas no site da Prefeitura Municipal, administrado pela CoinPel 2 , e tem como objetivo levantar os dados sobre a funcionalidade dos webcards 3 como veículos de propaganda e sobre a representação dos lugares eleitos para as imagens, através de fotografias, para a população, com vistas ao incentivo ou fomento do turismo. Nem sempre uma imagem postada é uma bela imagem, não que a paisagem não seja, mas significa que a fotografia não corresponde aos padrões de beleza requeridos para ser um cartão postal. Justamente porque um cartão postal é uma imagem de um lugar que é significativo para um grupo de pessoas, levando em consideração que a memória coletiva é também seletiva, pois esta determina o que será registrado pelo de arte, de registro foto-mecânico, de construção pictórica (pintura, desenho, gravura) ou até de pensamento. 2 Companhia de Informação de Pelotas. CNPJ: 91560573000125. 3 Postais eletrônicos veiculados pela mídia on-line – Internet.

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monografia apresentada ao curso de Bacharelado em Turismo pela UFPEL/2006.

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Page 1: Retratos Invisíveis

Retratos Invisíveis

As Representações Imagéticas dos Webcards de Pelotas

Fernanda Ricalde Teixeira

Turismóloga. UFPEL

Especialista em Imagem Publicitária. PUCRS

[email protected]

Resumo

Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo sobre as representações imagéticas veiculadas pelos webcards de Pelotas através da percepção de estudantes e profissionais freqüentadores dos locais publicados através dessas imagens e pretende saber se elas são representativas da cidade e quais os sentimentos que levam essas pessoas a escolherem tais imagens como ícones da cidade. Sendo antecedido por dois capítulos que abordam a imagem para o turismo, a cidade de Pelotas e o contexto histórico do cartão postal, em virtude das características do desenvolvimento das entrevistas. Utilizando-se de uma metodologia de entrevistas via Internet e discussões em grupo, na tentativa de relacionar a atual conjectura de imagens virtuais (em sites) e o pensamento social em relação à realidade dos lugares turísticos preestabelecidos pelo poder público, visando ajudar a compreensão da importância de relacionar a comunidade local com a escolha das imagens publicadas sobre a cidade, com vistas em fomentar o turismo local. Tendo como norteadores da análise os autores Agnew (1993), Santaella e Nöth (1997).

Palavras-chave: webcard; imagem; representatividade; turismo; Pelotas.

INTRODUÇÃO

Os retratos de uma cidade, um espaço

qualquer que inspire uma população, deseja

intimamente ser representada através de

imagens1, cristalizando os signos existentes

1 Imagem (do latim imago) é toda e qualquer visualização gerada pelo ser humano, seja em forma de objeto, de obra

em cada universo particular da paisagem

fotografada. Assim, aliando imaginário

popular e turismo, têm-se as imagens

turísticas, que servem para propagar uma

cidade a partir das vaidades sociais intrínsecas

na memória dos atores locais a fim de exibir as

potencialidades que podem vir a ser atrativas,

e/ou que já sejam atrativas turisticamente.

Retratos Invisíveis é um estudo sobre as

imagens para o turismo de Pelotas postadas

no site da Prefeitura Municipal, administrado

pela CoinPel2, e tem como objetivo levantar os

dados sobre a funcionalidade dos webcards3

como veículos de propaganda e sobre a

representação dos lugares eleitos para as

imagens, através de fotografias, para a

população, com vistas ao incentivo ou

fomento do turismo.

Nem sempre uma imagem postada é uma

bela imagem, não que a paisagem não seja,

mas significa que a fotografia não corresponde

aos padrões de beleza requeridos para ser um

cartão postal. Justamente porque um cartão

postal é uma imagem de um lugar que é

significativo para um grupo de pessoas,

levando em consideração que a memória

coletiva é também seletiva, pois esta

determina o que será registrado pelo

de arte, de registro foto-mecânico, de construção pictórica (pintura, desenho, gravura) ou até de pensamento. 2 Companhia de Informação de Pelotas. CNPJ: 91560573000125. 3 Postais eletrônicos veiculados pela mídia on-line – Internet.

Page 2: Retratos Invisíveis

imaginário e veiculado para o mundo

considerando que geralmente as pessoas

lembram aquilo que de mais marcante há em

seu passado.

Os meios de comunicação de massa

possuem um poder infindável de mostrar às

pessoas aquilo que não se pode ver com os

próprios olhos. Mesmo que haja uma mídia ao

redor da corrupção e da violência nas cidades,

quando se trata de Turismo, de veicular

mensagem turística, esses aspectos negativos

são desativados pela população e pelos

media4 e as coisas belas e encantadoras

tornam-se o carro-chefe da identidade social, e

mesmo os momentos de tristeza da

humanidade, tornam-se mágicos diante dos

olhos do turista ávido pela descoberta.

Os cartões postais, um dos meios de

comunicação desde a Era Industrial, fazem o

papel de retratar as melhores imagens de uma

cidade, o melhor ângulo capturado pelas

lentes do fotógrafo. Acompanhadas de

slogans5, os cartões postais transmitem

mensagens exageradamente positivas de um

lugar, usando palavras de nobreza e

magnitude, remetendo-as a um espetáculo de

cores e imaginários, assim as cidades recebem

títulos como “Princesa do Sul”, “Rainha da

Fronteira”, “A Cidade das Hortênsias” etc.

4 Media = \meio de comunicação de massas\', do latim media \'meios\'. Meios de difusão, distribuição ou transmissão de mensagens escritas, visuais, sonoras..., Tais como a imprensa, o cinema, a radiodifusão, a televisão, as telecomunicações...; Meios de comunicação social. = MÍDIA (bras.). 5 Segundo MARTINS (1997) por sua origem o termo slogan significa “grito de guerra”. É sentença curta ou máxima que expressa uma qualidade, uma vantagem do produto ou uma norma de ação do anunciante.

O primeiro capítulo deste trabalho

constitui-se de uma discussão a cerca da

escolha da imagem veiculada para o turismo e

seus agentes sociais, que são, o Estado (poder

público), a comunidade e os turistas.

No segundo capítulo encontra-se uma

breve história da constituição da cidade de

Pelotas e seus patrimônios como atrativos

turísticos, seguida do contexto histórico do

cartão postal, do seu surgimento até a

atualidade sob a forma de webcard.

Posteriormente, apresenta-se uma análise

das imagens do link Cidade Cartão Postal do

site de Pelotas a partir do entendimento e dos

sentimentos dos entrevistados pelas

paisagens veiculadas através de webcards e

pretende saber se esses postais

correspondem à funcionalidade das imagens

turísticas e qual a representatividade delas

dentro da espetacularização da cidade,

segundo os domínios da imagem de Santaella

& Nöth (1997) e do sentido de lugar de Agnew

(1993), sendo estes os norteadores da análise

da pesquisa.

1. IMAGEM NO TURISMO

1.1. A IMAGEM VEICULADA PELO

TURISMO E OS AGENTES SOCIAIS

“... primeiramente [as] sombras depois [os] reflexos que se vêem nas águas ou na superfície dos corpos opacos, polidos e brilhantes, e a todas as representações semelhantes”. Platão

Page 3: Retratos Invisíveis

A imagem no campo do turismo, nas

cidades, comporta-se como uma construção

de um espetáculo social planejado pelo Estado

e pelo trade6 turístico para atrair os

consumidores, turistas e residentes do lugar,

considerando o valor subjetivo dos espaços

que compõem a cidade e o que representa

para a sua população. Portanto uma imagem

turística não se limita a um jogo de imagens

escolhidas aleatoriamente, ao contrário, é

necessário perceber a relação –

morador/espaço – para se construir uma

identidade turística local, pois, “a imagem é

um fenômeno subjetivo, ao contrário dos

objetos físicos” (FINKE, 1989, apud SARMENTO,

2004, p. 72), sendo uma representação

humana daquilo que está “ausente” e mais

ainda, da fantasia a respeito de algo,

enaltecendo certos objetos ou paisagens que

estão presentes no imaginário popular,

persuadindo o ethos7 e o pathos para delinear

o gosto das pessoas através da visualidade.

Quando os produtores políticos e técnicos

do turismo determinam as imagens de uma

cidade que serão veiculadas, eles acabam por

direcionar o olhar do turista e dos nativos para

os espaços escolhidos como representativos,

muito embora, estes já tenham em seu

6 Termo inglês que significa literalmente comércio. 7 Ethos - termo emprestado da retórica antiga, o ethos designa a imagem de si que o locutor constrói em seu discurso para exercer uma influência sobre seu alocutário. O "ethos" faz parte, como o "logos" e o "pathos", da trilogia aristotélica dos meios de prova. Adquire em Aristóteles um duplo sentido: por um lado designa as virtudes morais que garantem credibilidade ao orador, tais quais a prudência, a virtude e a benevolência; por outro, comporta uma dimensão social, na medida em que o orador convence ao se exprimir de modo apropriado a seu caráter e a seu tipo social. Nos dois casos trata-se da imagem de si que o orador produz em seu discurso, e não de sua pessoa real.

cotidiano o hábito de transitar pelos espaços

públicos, porém, nem sempre todos os

espaços do turismo em uma cidade estão ao

alcance dos cidadãos, por isso faz-se

necessário perceber o quanto esses espaços

são representativos turisticamente para os

moradores e qual o envolvimento deles na

participação da escolha das imagens turísticas,

afinal uma cidade é composta por espaços,

pessoas e suas manifestações.

O fator humano é extremamente

importante no turismo, pois é um setor da

economia e um fenômeno social que trabalha

diretamente com serviços e utilização de

potencialidades naturais ou fabricadas para

atrair o mercado consumidor, buscando

articular esses potenciais da cidade para que

se desenvolva um planejamento turístico

onde todos os envolvidos com o fenômeno

sejam beneficiados, estimulando o interesse

da população pelo trade como uma fonte de

renda e preservação dos patrimônios que

caracterizam a cidade. Sobre o planejamento

em cidades que desejam participar e

desencadear o turismo, Hall (2001) afirma:

O planejamento serve para auxiliar a

determinar quem perde ou ganha no processo

de desenvolvimento turístico, além de ajudar a

contribuir para formas mais sustentáveis de

turismo, nas quais se vê o equilíbrio das metas

econômicas, ambientais e sociais e que geram

resultados mais justos às partes interessadas, o

que significa não apenas os incorporadores, o

setor turístico e o turista, mas também a

comunidade maior cujo destino está sendo

consumido. (HALL, 2001, p. 35)

Page 4: Retratos Invisíveis

Partindo da observação de Hall percebe-

se que é importante considerar e respeitar as

escolhas da comunidade que está no núcleo

do consumo acarretado pelo turismo, e para

isso, incorporadores e comunidade pensariam

em conjunto o planejamento turístico da

cidade, inclusive no que tange a escolha das

imagens desta que seriam veiculadas para o

desenvolvimento do turismo local e regional.

Auxiliando assim o discernimento por parte

daqueles que direta ou indiretamente

participam do turismo, sobre as necessidades

que este acontecimento social influem nas

vidas das pessoas e na economia da cidade,

como a adequação de equipamentos de infra-

estrutura e qualificação de pessoal que irão

realmente influenciar o reconhecimento da

imagem turística, pois esta, não é apenas feita

graficamente (fotografias), mas também

daquilo que revela a cidade como um

território de turismo, aliando os papéis

cognitivo e funcional dos espaços.

No entanto se esses agentes do turismo

não considerarem os gostos8 e as vivências

dos moradores pela cidade, talvez, as imagens

turísticas veiculadas pelos meios de

comunicação (Internet, televisão, mídia

impressa etc.) não sejam tão atrativas e

valorizadas pelos nativos como poderiam ser

se reputassem as idéias dos cidadãos sobre os

espaços da cidade, ou seja, o Estado e os

incorporadores do turismo abrem espaço para

os atores locais envolvidos com a cidade e a

partir disso investem em publicidade turística

8 Gosto é a faculdade de julgamento de um objeto ou de um modo de representação mediante um comprazimento ou descomprazimento (independente de todo o interesse). O objeto de tal comprazimento chama-se belo.

em espaços que a população se identifica

como destino atrativo dirimindo o

distanciamento entre o entendimento e a

percepção da cidade por parte dos agentes de

turismo e a população.

Os aspectos da construção das imagens

turísticas fazem possível perceber que esta é

formada por dois tipos de imagem visual, a

imagem cognitiva e a imagem representada

(neste trabalho a imagem representada é a

imagem gráfica dos webcards). Cognitiva

porque depende do conhecimento detido a

respeito dos espaços fotografados e veiculado

como webcard, e representadas graficamente

porque se trata de fotografias, ou seja,

imagens gráficas.

A imagem visual aceita uma grande

quantidade de informações, e vários níveis de

leitura através do agrupamento dos

elementos. Uma representação gráfica

permite memorizar rapidamente um grande

número de informações, desde que transcritas

de maneira conveniente e ordenadas

visualmente (ARCHELA, 1999, p. 02).

A imagem, segundo Sataella & Nöth

(1997), divide-se em dois universos de

domínio:

a) Primeiro é aquele das representações

visuais, gravuras, fotografia, pintura, desenhos,

imagens cinematográficas, televisivas etc. São

imagens que representam o ambiente visual.

Page 5: Retratos Invisíveis

b) O segundo é o domínio imaterial das

imagens na mente, aquilo que está introjetado

no pensamento. Neste domínio, imagens

aparecem como visões, fantasias, imaginações,

esquemas, modelos ou, em geral, como

representações mentais determinadas pela

formação cultural, socioeconômica e histórica

do sujeito.

As representações mentais determinadas

pelo pensamento dos sujeitos do turismo

estão intimamente relacionadas com o sentido

de lugar que cada grupo de pessoas que

compõem os cenários turísticos detêm sobre

os espaços de uso envolvidos na divulgação

das imagens.

O ‘sentido de lugar’, um dos centros de

interesse dos geógrafos culturais é a estrutura

local de sentimentos e o caráter intrínseco a

um lugar particular. Uma chave para o sentido

de lugar pode ser encontrada nas expressões

que as pessoas usam quando lhe quer atribuir

uma carga emocional maior do que

localização ou nó funcional. ‘(...) os mundos

locais e sociais do local (locale) não podem ser

compreendidos separadamente da localização

objetiva de ordem macro e da identidade

territorial subjetiva do sentido de lugar. Tudo

está relacionado’ (AGNEW 1993, p. 263, apud

SARMENTO, 2004, p. 34 - 35).

Os sentidos de lugar de Agnew são os

discursos das pessoas quando se referem a um

determinado local e atribuem um sentimento

especial para esses lugares, dando a eles

sentido. Ao observar imagens de espaços da

cidade, percebe-se que estas provocam no

leitor uma sensação íntima evocando

situações do passado e até mesmo do

cotidiano. Já quando são apresentados

webcards com os prédios históricos, o discurso

parte de uma memória histórica, uma

memória ensinada pelas escolas desde a

infância, introduzindo o sujeito no universo

das imagens visuais importantes para a

História oficial do global e do local.

A imagem da localidade e a imagem

turística estão a serviço da afirmação da

“imagem” oficial, porque a memória histórica

faz parte de um conjunto de memórias que

são aquelas contadas e registradas pelos

detentores da soberania política, econômica e

cultural da cidade, introduzindo na memória

coletiva dos moradores, certos ícones

históricos que servem de referentes e

evocadores da memória local, como os centros

históricos das cidades brasileiras que foram

pensadas como, por exemplo, construções e

estilos arquitetônicos de escolas européias,

que no momento fazem parte de programas e

projetos de restauração e reconstrução para

conservar o patrimônio e tornar-se mais um

atrativo turístico dessas cidades.

Denotando ainda mais a importância da

percepção dos sentimentos que vinculam

morador e espaço para fomentar o turismo

sem que a população local seja ignorada

quanto às suas preferências e escolhas, pois

estas constituem a alma do lugar.

Page 6: Retratos Invisíveis

1.2. A IMAGEM A SERVIÇO DO

TURISMO

Atualmente nos processos de

desenvolvimento do turismo em cidades

históricas o foco da atenção dos gestores

públicos e privados está na melhoria urbana

com “caráter embelezador, que objetivam

evidenciar aspectos visuais mais desejáveis e

atraentes da paisagem e do espaço urbano,

condizentes com uma ‘estética do lazer’”

(SILVA, 2004, p. 21).

Os lugares explorados pelo turismo são, em grande parte, vendidos como cenários produzidos sobre uma base paisagística preexistente que, associada a aspectos culturais, históricos e geográficos, constitui a matéria-prima para o processo contínuo de produção e consumo do espaço (idem, ibidem, p. 21).

Com os meios de comunicação foi

possível desenvolver um universo de imagens

para o turismo, cada vez mais aprimoradas e

embelezadas com os programas de edição

fotográfica e isso acarretou um senso estético

que determina o gosto pelas imagens

veiculadas pela mídia, moldando inclusive o

valor dos espaços de vivência de grupos da

cidade. Assim, mesmo um lugar sendo

importante histórica e socialmente, se ele não

estiver esteticamente sendo disponibilizado

pelos media, não será tão atrativo para o

público quanto as paisagem fotografadas de

ângulos que valorizem o lugar, seja um prédio

do centro histórico da cidade, seja um bem

imaterial como a gastronomia. Sobre a

publicidade elaborada para o turismo, Silva

(2004) afirma o seguinte:

A publicidade elaborada para o turismo faz da paisagem o objeto de consumo e define a atividade em si: faz-turismo para viajar, para ter novas experiências, para encontrar pessoas, mas para, sobretudo, ver: ‘Vá e veja por si mesmo’ (...) (SILVA, 2004, p. 21-22).

As representações turísticas

cristalizadas pelas imagens tornam-se

mercadorias a serem consumidas pelas

pessoas, tanto turistas como moradores, e

como toda mercadoria simbólica, ela necessita

de atributos estéticos para atrair o público-

alvo incitando os turistas a exortar a vontade

de consumir imagens.

A exploração do simbólico estimula

o encontro com o imaginário cultural e a

memória histórica detida pelo turista, este por

sua vez, interage com o meio cultural e

histórico da cidade visitada que lhe foi

apresentada através de imagens publicitárias

veiculadas pelo turismo para atraí-lo. O turista

pós-moderno tem em seu cotidiano a

possibilidade de encontrar uma vasta

variedade de imagens de divulgação dos

lugares em bancos de dados disponíveis na

Internet e em outros tipos de mídia, como a

televisão e impressa, que o desloca

virtualmente de um lugar ao outro no seu

imaginário estimulando o consumo real da

viagem, motivados pelos ícones culturais

existentes nesses lugares.

O mercado turístico encontra nas

cidades um universo pleno de recursos para a

exploração da imagem e da interface turista-

cidade e para isso utiliza-se de ferramentas e

softwares de edição de imagens que as

tornam mais atraentes ao olhar do leitor,

Page 7: Retratos Invisíveis

aproximando o imaginário cultural contido na

identidade social da comunidade que produz

o turismo, da imagem como reconstrução

cultural, revelando a percepção do

conhecimento daquilo que é vivenciado pela

cidade no cotidiano dos moradores como

uma manifestação de pontos importantes

para o turismo. Assim, uma colônia de

pescadores passa a ter uma imagem

fotográfica para além das embarcações, e

começa a ser pensada como uma reprodução

do cotidiano das pessoas que vivem naquele

lugar, como por exemplo, o mar, o feitio da

rede de pescar, o artesanato com derivados

do peixe, o folclore, enfim, explorar o espaço

partindo da comunidade que o envolve e

agregar a isso um valor cênico, que age como

um propulsor do turismo, exortando a

curiosidade das pessoas de ver com seus

próprios olhos aquelas imagens veiculadas

pela mídia.

Neste caso, a fotografia age como

mecanismo provocador do deslocamento,

pois os sentimentos e as reais emoções que

propiciam a produção de tais imagens

manipuladas graficamente não conseguem

transcender às sensações, como aconteceria

se o sujeito estivesse no local para sentir a

paisagem com os seus próprios mecanismos

perceptivos de seu corpo e mente, a

fotografia consegue ilustrar os locais e

remeter o leitor a diversos momentos de seu

passado intrínsecos em sua memória, mas o

leitor não conseguirá descrever a fotografia,

leia-se imagem fotográfica usada para o

turismo, em sua totalidade sem antes

conhecer o local fotografado, Barthes, em “El

Mensaje Fotográfico” afirma:

(...) Ante una fotografia, el sentimiento, o si se prefiere, de plenitud analógica, es tan fuerte, que su desciptión es literalmente imposible, puesto que describir es precisamente adjuntar al mensaje denotado, un relevo ou un mensaje secundario, tomado de un código que es la lengua y que constutuye fatalmente, por más cuidados que se tomen para ser exactos, una conotación respecto de lo análogo fotográfico: por conseguiente, describir no es tan sólo ser inexacto o incompleto, sino cambiar de estructura, significar algo distinto de lo que se muetra9(BARTHES, 2006, On-line).

As imagens fotográficas utilizadas

pelo turismo comportam-se como um convite

ao leitor para visitar as paisagens veiculadas

pelo poder público, como os lugares turísticos

de uma cidade ou região, para que este leitor-

turista tenha as experiências sociais projetadas

nas imagens como atividades que darão a ele

prazer e satisfação de desvendar os

significados sociais retratados em postais,

fotografias, webcards, que circulam pela mídia

em um ato provocativo da descoberta.

2. A CIDADE E O CARTÃO POSTAL

2.1. RETRATOS DA CIDADE DE PELOTAS

Pelotas tem sua origem como núcleo

urbano em 1780, com o advento das

charqueadas (propriedades que secavam a

carne bovina com salmoura em varais).

Apoiadas no trabalho escravo geraram 9 Ante uma fotografia, o sentimento de, ou se prefere, de plenitude analógica, é tão forte, que sua descrição é literalmente impossível, posto que descrever é precisamente associar à mensagem denotada, um relevo ou uma mensagem secundária, tomando de um código que é a língua, e que constitui fatalmente, por mais cuidados que se tomem para ser exatos, uma conotação respectiva do análogo fotográfico: por conseguinte, descrever não é tão somente ser inexato ou incompleto, senão trocar de estrutura, significa algo distinto do que se mostra (tradução da autora).

Page 8: Retratos Invisíveis

enorme riqueza para região, ocasionaram

grande crescimento populacional, “resultando

um perfil verdadeiramente industrial e

organizacional nestes estabelecimentos”

(MATTOS, 200, p. 10).

A Indústria do Charque prosperava cada

vez mais, um período de extrema opulência

para a cidade; há um refinamento no trajar,

nos hábitos, nas moradias e na cultura da elite.

Tornando a cidade pólo cultural da região e

um referente para as cidades menos

desenvolvidas do entorno, envaidecendo cada

vez mais os moradores locais.

Os charqueadores, muito enriquecidos

pelo êxito de sua economia, construíram no

meio urbano verdadeiros palacetes, casarões

luxuosos com grandes espaços. Assim, foram

importados da Europa diversos elementos

arquitetônicos que compõe o tão significativo

patrimônio histórico, entre eles destacam-se o

Relógio do Mercado, a Fonte das Nereidas, das

Meninas, bebedouros e coretos, consagrando

Pelotas como o maior patrimônio

arquitetônico neoclássico da América do Sul.

A sociedade do início do Séc. XX estava

ligada às artes, à produção intelectual

surgindo então a Escola Técnica Federal de

Pelotas e a Agrotécnica Visconde da Graça que

vão abrindo caminho para o desenvolvimento

das Universidades de Pelotas, configurando-se

uma cidade que está desde então ligada à

cultura e à ciência atraindo estudantes e

intelectuais de todo país que buscam estudo e

emprego nas Universidades.

No momento Pelotas está buscando ser

uma cidade turística com mais força no

mercado regional e nacional, integrando

diversos programas e roteiros e realizando

anualmente a Feira Nacional do Doce –

FENADOCE – cujo sujeito da festa, o “Doce de

Pelotas”, esta sendo estudado para tornar-se

um patrimônio imaterial da cidade , o que a

caracteriza ainda mais como um lugar

turístico.

Faz parte da Agência de

Desenvolvimento da Costa Doce, uma agência

que promove o desenvolvimento das cidades

ligadas à Laguna dos Patos, traçando roteiros e

pontos de visitação, propiciando ao turista os

prazeres das areias brancas dos balneários

Santo Antônio e Valverde, e da Colônia de

Pescadores Z-3, onde é possível encontrar

além das belezas naturais das ilhas de

importância histórica, como a Ilha da Feitoria,

o artesanato local e a culinária, ambos

baseados no peixe e nos frutos do mar.

Pelotas está ligada ao turismo por ser

uma cidade historicamente importante para a

História do seu estado e do seu país,

justamente porque foi um cenário de grandes

acontecimentos culturais e sociais na

construção da identidade da sua região.

Atualmente o centro histórico da cidade

passa por uma reforma dirigida pelo Projeto

Monumenta10, que além de visar à restauração

dos prédios, visa articular formas de interação

10 O Monumenta é um programa de recuperação sustentável do patrimônio histórico urbano brasileiro tombado pelo IPHAN e sob tutela federal. Tem como objetivo principal atacar as causas da degradação do patrimônio histórico, geralmente localizado em áreas com baixo nível de atividade econômica e de reduzida participação da sociedade, elevando a qualidade de vida das comunidades envolvidas. (Ministério da Cultura. On-line).

Page 9: Retratos Invisíveis

entre os casarões, o Grande Hotel, prédios

públicos, a população, turistas, residentes

temporários como estudantes e empresários

etc.

Com isso, as paisagens tornaram-se

múltiplas, embelezando cada vez mais a

cidade de Pelotas, retomando a idéia de

cidade cartão postal. Desde 1873, logo após a

invenção do cartão postal, os pelotenses já

tinham o hábito de enviar e receber postais; o

mais antigo deles, de 1873 (vide Anexo 01),

mostra a Fonte das Nereidas, quando ainda

ficava próximo à atual rua Marechal Floriano,

em diagonal com o Theatro Sete de Abril.

(DIAS, 2003).

Assim, denota-se a relação de Pelotas

com os postais, sendo uma das únicas cidades

que mantêm um link de imagens com a

conotação de Cartão Postal, webcards em seu

site disponibilizando fotografias de alguns de

seus atrativos turísticos.

2.3. CONTEXTO HISTÓRICO DO CARTÃO

POSTAL

O cartão postal11 deu início ao processo

de divulgação da imagem turística,

deslocando as paisagens dos lugares do

mundo, e tornando-as conhecidas pelas

classes menos favorecidas, pois viajar era

privilégio da sociedade aristocrática, tornando

a visualização das cidades possível para um

11 O cartão postal foi criado pelo Dr. Emmanuel Hermman em 1870 e apareceu pela primeira vez em 1º de outubro de 1869, foi lançado para venda o primeiro cartão-postal do mundo - Correspondenz Karte, escrito em cor negra sobre cartão creme, levando impresso um selo de 02 Neukreuzer.

público maior e mais diversificado. A

Revolução Industrial serviu de alavanca para a

propagação dos postais já que os meios de

transporte se multiplicavam pela Europa do

século XIX, tornando a viagem uma atividade

mais popular. Outro fator que propiciou o

sucesso do cartão postal foi que na mesma

época o telefone (que surgiu praticamente

junto com o cartão postal) não era tão popular

e acessível como o primeiro.

Portanto, o cartão postal passa a ser um

meio de globalização da paisagem estética e

não mais de notícias de sobrevivência das

guerras12 (o cartão postal foi criado para ser

um mensageiro de guerra entre as frentes de

batalha e para enviar notícias aos familiares),

fazendo com que as cidades se preocupassem

com as belezas arquitetônicas e paisagísticas

retratadas nos postais.

O cartão postal “(...) se tornou uma

ferramenta muito importante de comunicação

na atividade turística. Um cartão postal é um

sonho que o remetente realizou e deseja

compartilhar com o destinatário” (BOLSON,

2004, On-line).

Assim, o imaginário coletivo torna-se o

sujeito determinante na escolha das paisagens

que representarão o lugar para o resto do

mundo; um imaginário que no futuro será

também memória de um passado que fora

modificado pelas necessidades tecnológicas

que a própria sociedade impõe.

12 As primeiras mensagens em postais produzidas em litogravura foram enviadas na guerra franco-prussiana, em 1870, com imagens dessa mesma guerra.

Page 10: Retratos Invisíveis

Em uma reportagem para o Jornal da

USP, de Juliana K. Moreno, sobre a exposição

“O crescimento da metrópole paulistana através

de cartões-postais”, realizada em São Paulo, o

Professor e Historiador Benedito Lima de

Toledo ratifica essa importância desse diálogo

do cartão postal com o passado recordado

dizendo: “O cartão-postal traz a cidade como a

população gosta de apreciar. Daí sua

representatividade social. Fixa um momento e

um ângulo particular para futuras leituras”.

No Brasil, a fase de ouro do cartão

postal ocorreu entre 1900 e 1920, e eram

impressos por fotógrafos, editoras e empresas.

Em São Paulo, estima-se que as primeiras

séries foram publicadas na última década do

século XIX pelo Estabelecimento Gráphico V.

Steidel & Cia. (YAMAGAWA, 2006, On-line).

Já na década de 70, há uma volta dos

postais através dos fotógrafos que desejavam

divulgar não apenas a paisagem, mas sim a

percepção do próprio autor que captou a

imagem no intuito de mostrar um outro

aspecto possível da representação imagética

através da fotografia estética, onde a

paisagem era parte da imagem, mas o que

realmente queria ser mostrado era o olhar do

artista; daí então, a fotografia toma uma forma

de manifestação artística e não meramente

informativa. Ganharam campo também como

forma de publicidade de lojas e fabricantes de

automóveis. Quando se fazia interessante

enviar um informativo publicitário a algum

cliente, enviavam-no em forma de cartão

postal. Esta prática ainda persiste no meio

publicitário como forma de atrair

consumidores colecionadores de postais que

compõem um público bastante significativo,

principalmente na Europa, que compõem um

nicho específico e fiel que movimenta um

montante de € 350 milhões por ano na França.

(FRANCO, 2004, p. 03).

Atualmente, o cartão postal está

inserido em um universo de tecnologias, como

a Internet, com a denominação de webcard, a

sua funcionalidade é basicamente publicitária,

servindo como um banco de imagens on-line

que exibem os retratos da cidade a partir dos

seus atrativos turísticos, revelando os

produtos que serão oferecidos aos turistas

quando este visitar o destino exibido nas

páginas virtuais da Internet. Neste caso, o

postal sofre uma metamorfose, passa a ser um

mensageiro de imagens e idéias, porém sem

as carinhosas descrições do destinatário. Os

webcards estão disponíveis a todas as pessoas

que têm acesso à Internet e, não necessitam

mais dos destinatários para receber postais de

imagens distantes, eles mesmos detêm o

poder de acessar as imagens e tomar

conhecimento das potencialidades de cada

lugar.

Há dessa forma um universo paralelo do

cartão postal no qual ele é um veículo de

propaganda turística largamente utilizado

para divulgar destinos, hotéis, pousadas,

resorts, bem como produtos locais como

artesanato e gastronomia; a maioria das

cidades turísticas utiliza-se de recursos como

webcards para divulgar suas imagens mais

significativas e capazes de atrair o mercado

consumidor. Quando não utiliza o webcard

propriamente dito, faz uso do termo “cidade

cartão postal” no intuito de relacionar as

Page 11: Retratos Invisíveis

fotografias dispostas em um banco de dados

do site com as belas imagens tipicamente

transformadas em cartões postais, remetendo

o internauta diretamente ao universo do

imaginário (memória) dos grupos locais.

A imagem capturada e transposta em

postal é uma “imagem deslocada” que reflete

a “paisagem colada na memória que não tem

memória” (CONRADO, 2006). Isto porque antes

de ser capturada e editada a imagem em si ali

representada não tinha nenhuma significância

imagética para o sujeito turista e por isso não

tinha memória explícita. Por isso, é preciso ter

uma consciência política das situações sociais

que envolvem as paisagens para que depois se

fotografe algo ou alguém. Barthes escrevera

sobre a diferença entre um homem que possui

uma idéia sobre condição social e política do

objeto capturado, daquele que desconhece as

conotações culturais existentes nas relações

sociais, em seu texto “El Mensaje Fotográfico”:

(...) no puede decirse que el hombre moderno proyecte en la lectura de la fotografía sentimientos y valores caracterológicos o , es decir infra o trans-históricos, más que si se precisa con toda claridad que la significación es siempre elaborada por una sociedad y una historia definidas; la significación es, en suma, el movimiento dialéctico que resuelve la contradicción entre el hombre cultural y el hombre natural13 (BARTHES, 2006, On-line).

13 (...) não se pode dizer que o homem moderno projete na leitura da fotografia sentimentos e valores característicos ou, é dizer, infra ou trans-históricos, mais que se precisa com toda claridade que a significação é sempre elaborada por uma sociedade e uma história definida; a significação é em suma o movimento dialético que resolve a contradição entre o homem cultural e o homem natural (tradução da autora).

Assim, quando um turista fotografa um

lugar que lhe é conhecido através dos livros de

História, a importância daquela imagem se

torna ainda maior e com intenções diferentes

daquelas fotografias meramente capturadas

pelo valor estético atribuído a ela. A relação

fotografia/turismo dá-se no momento em que

o turista frenético e inseguro tenta tomar

posse do lugar através dos “clics” produzidos

pelas câmeras fotográficas e acaba por

descobrir um outro universo contido na

paisagem, refletindo a sua propriedade

histórica no contexto sócio-cultural da cidade.

A fotografia tornou-se “sobretudo um rito

social, uma proteção contra a ansiedade e um

instrumento de poder” (SONTAG, 2004, p. 18)

do conhecimento local.

3. RETRATOS INVISÍVEIS

3.1 METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente estudo busca a

compreensão da imagem usada pelo turismo

no que diz respeito à dimensão representativa

desta para os agentes sociais e para a cidade

através da análise de imagens sob forma de

webcards, hospedadas em um site local,

levando em conta as considerações obtidas

pelo questionário aplicado a estudantes e

profissionais das áreas que trabalham com a

questão da imagem, que conhecem a

localização das imagens, e portanto possuem

propriedade de discuti-las como fotografias

passíveis de divulgação turística.

Page 12: Retratos Invisíveis

Primeiramente foi realizada uma revisão

bibliográfica de autores que abordam a

questão da imagem fotográfica no contexto

social e sua funcionalidade para o

desenvolvimento turístico. Como norteadores

da pesquisa foram definidos Agnew (1993) e

Santaella & Nöth (1997) por considerarem as

questões que envolvem os sentimentos dos

entrevistados aos lugares e os universos de

domínio da imagem.

Como corpus do trabalho apresentam-

se 6 das 15 imagens preestabelecidas pelo site

www.pelotas.com.br sob a forma de webcard.

Este site foi escolhido porque é o espaço

virtual administrado pela Prefeitura da cidade;

existem outros sites, veiculados através do

Convention & Visitors Bureau e pelas

universidades UCPel (Universidade Católica

de Pelotas) e UFPel (Universidade Federal de

Pelotas), mas para esta análise será utilizado

apenas aquele administrado pela prefeitura

municipal por ser o representante da

população e por representar o poder público

do Estado nas determinações das escolhas das

imagens para o turismo.

Embora o site apresente 15 webcards, as

declarações dos entrevistados delimitam o

campo da pesquisa em 6 postais que eles

consideraram representativos socialmente e

funcionais como veículo de propaganda da

imagem turística da cidade.

O pequeno grupo exposto ao

questionário (vide Apêndice 01) é composto

de 10 estudantes e profissionais das áreas que

trabalham com a questão da imagem:

arquitetura, publicidade e turismo, todos

residentes em Pelotas, de ambos os sexos,

com idade igual ou superior a 21 anos, que

têm a imagem como objeto de estudo, seja do

ângulo arquitetônico, publicitário ou turístico.

A partir da coleta de dados serão extraídas

para a análise apenas as 6 imagens que

obtiveram destaque.

O grupo é composto por 10 pessoas

porque se trata de uma pesquisa social,

portanto qualitativa, e de um estudo

experimental, onde se prefere trabalhar com

pequenas quantidades de pessoas para que se

obtenha um melhor resultado em termos de

qualidade de respostas. Isso, contudo, não

significa que as escolhas sejam a

representação da grande massa populacional,

mas em suma, quer apresentar um ponto de

vista para apoiar uma formatação imagética

da cidade quando esta intencionar atrair

pessoas que buscam apreender os

relacionamentos da cidade com um público

jovem e consumidor de espaços públicos,

visto que muitas vezes as organizações que

produzem as imagens para o turismo levam

em consideração mais a história do lugar que

os sentimentos dos cidadãos pelos espaços

que o compõe.

Baseando-se nos domínios da imagem

de Santaella & Nöth (1997) é que os webcards

serão analisados, levando em consideração os

lugares de fala dos entrevistados e o sentido

de lugar de Agnew (1993). Para tanto foram

instituídas 3 categorias analíticas:

Page 13: Retratos Invisíveis

a) Quanto ao sentido de lugar -

sentimentos atribuídos aos espaços

como motivadores de visitação a partir

dos discursos dos entrevistados.

b) Quanto ao domínio das representações

visuais – os aspectos apresentados das

paisagens nos webcards.

c) Quanto ao domínio imaterial das

imagens – as projeções imagéticas

intrínsecas na mente dos entrevistados

diante da apresentação dos postais,

produzidas e declaradas pelos

entrevistados e o contexto espacial

destes.

Com o propósito de identificar

adequadamente os postais, estes foram

identificados por letras do alfabeto arábico,

conforme a Tabela 01 abaixo:

Postal A:

Charqueada São João

Postal F:

Arroio Pelotas

Postal L:

Museu da Baronesa

Postal B:

Biblioteca Pública

Postal G:

Castelo Simões Lopes

Postal M:

Catedral São Fco. De Paula

Postal C:

Theatro Sete de Abril

Postal H:

Colônia Z-3

Postal N:

Fonte das Nereidas

Postal D:

Grande Hotel

Postal I:

Teatro Guarany

Postal O:

Praia do Laranjal

Postal E:

Prefeitura Municipal

Postal J:

Relógio do Mercado

(noite)

Postal P:

Relógio do Mercado

(dia)

TABELA 01: Características de Imagens Cenários

Representativas das Paisagens do município de Pelotas –

RS:

3.2. RESULTADOS DA PESQUISA

A pesquisa indica seis webcards de

Pelotas como imagens representativas, que

serão aqui apresentados de acordo com as

categorias analíticas estabelecidas para a

estruturação dos dados de acordo com as

preferências dos entrevistados e a

fundamentação teórica apresentada

anteriormente.

Os dados apontam para um postal em

especial, cuja imagem mostra-se funcional

para o desenvolvimento da formatação

imagética do turismo em Pelotas e esta causou

uma impressão maior na transmissão da

mensagem cognitiva do webcard. Trata-se

Page 14: Retratos Invisíveis

portanto, do Postal P – Relógio do Mercado

(dia).

O Postal A – Charqueada São João, teve

o segundo melhor posicionamento na

apuração dos dados, denotando a importância

histórica e turística do local fortemente

veiculada pelas mídias que envolvem a cidade.

Os outros quatro webcards que foram

selecionados pelo grupo de entrevistados, são

os Postais B, D, M e N, correspondentes

respectivamente às imagens da Biblioteca

Pública, Grande Hotel, Catedral São Francisco

de Paula e Fonte das Nereidas.

Os demais webcards que não foram

selecionados pelo grupo de entrevistados, não

serão apresentados devido a sua falta de

informação e interesse do público, e pela não

correspondência aos domínios da imagem,

acarretando assim, uma ausência de sentido

de lugar que é o fator que denota a

representatividade imagética e a

funcionalidade atrativa dos postais como

veículos de propaganda do produto turístico –

cidade.

Assim como Bourdieu (1976) já

observou em suas pesquisas a respeito da

imagem fotografável, os entrevistados desta

pesquisa assim se comportaram:

As declarações dos entrevistados sobre o que eles estimam “fotografável” delimitam o campo do que aos seus olhos é susceptível de ser constituído esteticamente (por oposição ao que dele é excluído pela sua insignificância,

feiúra ou ainda por razões éticas) (BOURDIEU, 1976, p. 88).

Diante disso, compreendeu-se que para

melhor analisar os webcards escolhidos como

representativos e funcionais era preciso excluir

das análises aqueles que os próprios

entrevistados excluíram de suas escolhas por

sua reduzida importância estética e

emocional.

3.3. ANÁLISES DOS WEBCARDS

Postal P – Relógio do Mercado (dia):

A) Quanto ao sentido de lugar:

Page 15: Retratos Invisíveis

O webcard apresenta a partir dos

discursos dos entrevistados, duas chaves de

sentido de lugar. A primeira chave é referente

à base do Relógio do Mercado, que foi

construída em aço e vidro e que resulta em

uma analogia com a Torre Eiffel, na qual a base

do Relógio foi inspirada. Isto ocorre porque a

imagem da Torre Eiffel é extremamente

veiculada através de diferentes meios, desde o

princípio e isso, produz uma imagem mental

nas pessoas que quando confrontadas com o

Relógio do Mercado às remete diretamente a

este ícone do turismo parisiense.

Em contrapartida tem-se uma segunda

chave alicerçada nos arbustos vermelhos

dispostos no primeiro plano da imagem,

remetendo o grupo de entrevistados à

primavera e aos passeios pelo centro da

cidade em seus cotidianos, atribuindo ao

webcard um sentido de lugar estruturado na

subjetividade que estas duas chaves

apresentam, uma atrelada à cultura européia e

outra nas cores dos arbustos presentes no

jardim interno do Mercado Público, que

apresenta o espaço como um lugar

arborizado, tão distinto do restante da cidade,

mas com isso, os discursos dos entrevistados

apresentam uma necessidade de viver em

uma cidade rica em patrimônios históricos,

mas também em elementos da natureza.

Os discursos dos entrevistados seguem

abaixo como forma ilustrativa da categoria

analítica quanto ao sentido de lugar:

• “Lembra a Torre Eiffel”; “fase aço e vidro da arquitetura”; “remete à Europa”; “cultura européia”. – Guilherme W. Larrosa – arquiteto e designer.

• “Representa um símbolo da era industrial, possui uma grande lembrança com a torre Eiffel, mais uma característica histórica na cidade, que resgata a memória da colonização com origem européia. O ângulo da foto representa uma cidade linda, rica em monumentos. Passa a sensação de existirem parques e muitas flores, sendo estes na verdade, uma minoria na cidade gaúcha”. – Guilherme W. Larrosa – arquiteto e designer.

• “Poesia, ao tempo distante de alguém; estética.” – Marcelo B. Corrêa – Publicitário.

• “O Relógio, (...) porque ele é um símbolo da cidade, mas principalmente pelo mercado público que é ainda pouco valorizado, mas que deveria receber maior atenção por parte de todos nós”. – Aline Martins – Turismóloga.

B) Quanto ao domínio das

representações visuais:

O ambiente visual do webcard

apresenta o relógio do mercado público em

segundo plano e os arbustos coloridos em

primeiro plano, configurando um esquema de

coloração que apreende a atenção do leitor

para a imagem.

Ao observar a figura tem-se a impressão

de que o objeto relógio é um elemento de

proporções semelhantes às da Torre Eiffel, isso

se dá devido ao uso da escala de profundidade

usado para capturar a fotografia, o Relógio foi

fotografado de baixo para cima, apresentando

Page 16: Retratos Invisíveis

um aspecto grandioso do objeto, o que em

realidade não se constata.

C) Quanto ao domínio imaterial da

imagem:

Sob este aspecto foi possível perceber

novamente a ligação do relógio com a torre de

Paris que segundo os autores Santaella e Nöth

(1997), este domínio refere-se aos esquemas

imagéticos produzidos no pensamento das

pessoas a partir daquilo que elas já possuem

em sua memória histórica e coletiva, e como já

foi explicado antes a Torre Eiffel é uma

imagem que circula largamente pelos meios

de comunicação.

Quanto aos elementos do primeiro

plano, estes produzem no leitor uma sensação

de estar em um lugar arborizado e florido, os

levando a imaginar a possibilidade e a

vontade “de sair pelas ruas aproveitando as

cores e seus coloridos” em um fantasioso

passeio pela cidade desfrutando da paisagem

rica em recursos naturais, o que infelizmente

não se verifica, mas o webcard sugere esse

devaneio aos leitores pela sua coloração forte.

Postal N – Fonte das Nereidas:

A) Quanto ao sentido de lugar:

A partir das declarações dos

entrevistados sobre o postal N, foi possível

apreender que a chave para o sentido de lugar

desse webcard está em seu valor arquitetônico

e na vaidade, leia-se orgulho, que as pessoas

apresentam ao falar sobre a Fonte das

Nereidas, sendo esta um ícone do patrimônio

arquitetônico da cidade por ter sido trazida da

França em 1872 e quando este elemento é

percebido como algo raro no mundo,

existindo de igual tamanho apenas em duas

cidades detentoras desses chafarizes,

denotando assim a importância atrativa do

elemento que se localiza no centro da Praça

Coronel Pedro Osório, convergindo à atenção

do olhar daqueles que passam pela praça no

seu cotidiano.

As declarações dos entrevistados

seguem abaixo como forma ilustrativa da

categoria analítica quanto ao sentido de lugar:

Page 17: Retratos Invisíveis

• “A fonte das nereidas, por exemplo, fonte como esta, rica em detalhes e tamanho, existe apenas em Pelotas e em uma cidade escocesa”. – Guilherme W. Larrosa – arquiteto e designer.

B) Quanto ao domínio das

representações visuais:

Quanto às representações visuais

constitui-se em uma imagem de uma Nereida

montada em um cavalo, com o olhar

direcionado para o exterior da fonte.

Apresenta-se com uma coloração cinza, tendo

no segundo plano da fotografia o elemento do

verde das árvores que compõem um

diversificado conjunto arbóreo da Praça

Coronel Pedro Osório, fazendo com que a

atenção do leitor seja apreendida pelo jogo de

cores além da beleza artística da escultura que

faz parte do chafariz.

C) Quanto ao domínio imaterial da

imagem:

A Fonte das Nereidas está situada no

centro da Praça Coronel Pedro Osório, o

chafariz foi introduzido no local com o

objetivo de fornecer água potável à

população, inaugurado em 25 de Junho de

1873.

A Feira do Livro acontece em torno da

fonte, o que provoca uma fixação da imagem

na memória daqueles que tem por costume

freqüentar espaços de consumo da cultura

urbana.

A idéia de compartilhar o espaço é um

ponto muito significativo no turismo, pois a

idéia central da praça, figurada na Fonte das

Nereidas, parece ser justamente essa, a de

partilhar os momentos com os amigos, com a

família, com os visitantes da cidade, tornando

o espaço palco de atividades que integrem a

comunidade nos seus respectivos grupos de

convívio.

Postal D - Grande Hotel:

A) Quanto ao sentido de lugar:

Sobre esse aspecto foi possível

encontrar um sentido de lugar baseado nas

entrevistas do grupo, pelo aspecto da

centralidade e da beleza arquitetônica do

prédio. As pessoas entrevistadas sentem que o

Grande Hotel é o prédio mais bonito da

cidade, além de estar situado no centro

comercial de Pelotas, apresenta-se como um

ponto característico da história local,

resultando em um discurso dos entrevistados,

em cima da perspectiva daquilo que eles

consideram mais atraente no prédio,

Page 18: Retratos Invisíveis

constituindo como sentido de lugar o bonito,

conhecido e nobre.

Os discursos dos entrevistados seguem

abaixo como forma ilustrativa da categoria

analítica quanto ao sentido de lugar:

• “(...)conhecido, reformado, bonito... mais fácil de caracterizar a cidade” – Marília C. Vieira – Publicitária.

B) Quanto ao domínio das

representações visuais:

Construído na segunda metade do

Século XX, é um prédio que atrai as pessoas

pela sua estética; os entrevistados apontam

para o fator de que o prédio é um ícone da

cidade, é algo que a caracteriza pela sua

arquitetura e centralidade, é um ponto

turístico da cidade, fazendo parte dos city

tours14 organizados pelas agências de viagens

receptivas.

Apresenta um estilo eclético com

inspirações Art Nouveau. A cúpula e a

clarabóia15 foram importadas da França.

C) Quanto ao domínio imaterial da

imagem:

14 Roteiros turísticos compostos pelos atrativos centrais da cidade. 15 Abertura envidraçada, com caixilhos, feita no teto ou na parede externa de prédios ou casas, a fim de permitir a passagem de luz; olho-de-boi. (KOOGAN / HOUASS. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado. Edições Delta, 1997, p. 392).

O domínio imaterial presente no

webcard está relacionado à riqueza

patrimonial da cidade e ao fato do elemento

fotografado estar no núcleo urbano, fazendo

parte do caminho das pessoas que transitam

pelo centro comercial de Pelotas e costumam

utilizar os espaços públicos, como é o caso do

Grande Hotel que abriga exposições de arte e

é também um centro de informações

turísticas. É uma construção importante

historicamente para a cidade e contudo, uma

paisagem que esteticamente agrada aos

transeuntes.

Postal M – Catedral São Francisco de

Paula:

A) Quanto ao sentido de lugar:

Neste caso, o sentido de lugar está

ligado à produção artística, ou seja, por ser

uma imagem composta por diversos

elementos considerados belos pelos

entrevistados, afrescos e vitrais com pinturas

características sacras, os entrevistados

Page 19: Retratos Invisíveis

possuem um desejo de compartilhar ou exibir

essa beleza com outras pessoas.

A questão da religiosidade não possui

para os entrevistados um sentido coligado ao

templo, mas sim às obras de arte, sendo estas

o motivo que os atrai até o espaço, revelando

até mesmo um sentimento de paz e

tranqüilidade ao estar na presença de tais

obras que para eles poderiam estar em

qualquer outro lugar, como em um museu ou

galeria de arte, e não perderiam a razão

motivacional de ir apreciar as imagens

encontradas na Catedral São Francisco de

Paula.

Os discursos dos entrevistados seguem

abaixo como forma ilustrativa da categoria

analítica quanto ao sentido de lugar:

• “A Catedral é lindíssima e acredito que deva ser divulgada para todos, mas escolhi principalmente pela fotografia que adorei”. – Aline Martins – Turismóloga.

B) Quanto ao domínio das

representações visuais:

O webcard apresenta uma fotografia do

interior da Catedral São Francisco de Paula, e

nela aparece o corredor central levando o

leitor até o altar sagrado com a imagem do

padroeiro da cidade que tem o mesmo nome

do templo, os arcos e o teto adornado com

pinturas de Aldo Locatelli16, importante artista

16 Em 1954, naturalizou-se cidadão brasileiro e, ainda na década de 50, realizou pinturas de obras sacras na capital gaúcha e em outras cidades do interior do Estado, entre elas Santa Maria, Novo Hamburgo e Caxias do Sul. Na

italiano que viveu no Brasil e realizou pinturas

de obras sacras no Rio Grande do Sul.

C) Quanto ao domínio imaterial da

imagem:

O domínio imaterial presente neste

webcard está na significação cognitiva da

religiosidade e da apreciação da beleza

magnífica do interior da Catedral, devido às

pinturas do italiano que fez com que o templo

se tornasse não só um lugar de rituais

católicos, mas também um ponto turístico da

cidade, pois a obra de Aldo Locatelli é

reconhecida em todo território estadual.

A Catedral foi construída em 1912 no

mesmo lugar onde havia uma capela onde se

rezavam as missas da Vila São Francisco de

Paula. A construção da Catedral teve como

propósito elevar a Vila à categoria de

Freguesia, para que os moradores da

localidade não precisassem se deslocar até a

cidade do Rio Grande, onde era a sede política

da região.

Postal A - Charqueada São João:

Igreja São Pelegrino, em Caxias do Sul, encontra-se uma das mais importantes obras de Locatelli: a Via Sacra, em sua peculiar versão. Ao longo dos anos, seu trabalho passou, também, a ser conhecido em municípios dos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Page 20: Retratos Invisíveis

A) Quanto ao sentido de lugar:

Considerado como uma síntese do

peculiar cultural pelotense baseado na

indústria do charque, remete o entrevistado

aos significados das representações

cristalizadas na memória coletiva sobre a vida

daqueles que viveram na época das

charqueadas e que deixaram o legado às suas

famílias de manter o patrimônio e

disponibilizar a experiência de entrar em

contato com o passado para aqueles que

visitam as Charqueadas.

Os discursos dos entrevistados seguem

abaixo como forma ilustrativa da categoria

analítica quanto ao sentido de lugar:

• “O da charqueada mais pela história do lugar que é importantíssima para a cidade e também porque é um postal bonito.” – Aline Martins – Turismóloga.

• “(...) o postal da Charqueada São João, apesar de ilustrar uma propriedade histórica, também passível de ser encontrada em outros pontos do estado, retrata um detalhe específico, de um ângulo diferente/inusual e que, por isso, chama atenção para seus

elementos (...) a síntese do peculiar cultural da cidade, no que se remete à arquitetura e aos patrimônios material e imaterial”; – Fernanda C. da Silva – Turismóloga.

B) Quanto ao domínio das

representações visuais:

O webcard mostra o pátio interno da

Charqueada São João, tendo no primeiro

plano o busto de Dona Maria, uma senhora

filha de escravos, que viveu na propriedade

durante seus 104 anos, juntamente com

alguns artefatos em cerâmica dos tempos da

indústria do charque.

C) Quanto ao domínio imaterial da

imagem:

Lugar de memória dos tempos da

Indústria do Charque, situada à margem do

Arroio Pelotas, propriedade diretamente

ligada ao Turismo, com serviço de visitação,

alimentação e hospedagem. Contudo, a

maioria da população local jamais visitou o

lugar, apenas sabe da existência por causa da

mídia, que aliada à macro série da Rede Globo,

A Casa das Sete Mulheres, ajuda a compor um

cenário imaginário em torno das personagens

heróicas da Revolução Farroupilha, que

inclusive foi residência de Bento Gonçalves,

abrindo caminho para as fantasias possíveis

em torno dessa perspectiva.

Postal B – Biblioteca Pública

Pelotense:

Page 21: Retratos Invisíveis

A) Quanto ao sentido de lugar:

O sentido de lugar presente neste

webcard está na descoberta dos registros e

documentos que a instituição mantêm a

disposição do público, para os entrevistados,

que são jovens estudantes, a Biblioteca

Pública é uma fonte de pesquisa em jornais e

revistas que circularam e/ou circulam na

região, sendo uma guardiã da memória local

através desses documentos.

É também um lugar de passatempo

entre um compromisso e outro no centro da

cidade, muito embora cause neles um

sentimento de tristeza e nostalgia ao entrar no

ambiente, pois em função da umidade e do

estado de conservação precário da casa, os

documentos ali mantidos sofrem depredações

que perturbam as emoções dos sujeitos que

freqüentam o espaço por serem estes

apreciadores e pesquisadores dos registros e

do próprio prédio que também sofre as

conseqüências do tempo.

B) Quanto ao domínio das

representações visuais:

Novamente tem-se uma fotografia de

interior mostrando o segundo andar da

Biblioteca Pública Pelotense, com foco na

clarabóia, valorizando os elementos

arquitetônicos existentes na construção, que

foi o segundo prédio público erguido na

cidade. Projeto do arquiteto José Izella

Merotti. Construído em um período de dez

anos, de 1878 até 1888, pelo comando de

Manoel Jorge Rodrigues. No período de

1911/1913 foi ampliado para dois pavimentos

por Caetano Casaretto e por isso apresenta-se

com uma linguagem historicista.

No momento o prédio está sendo

preparado para receber as restaurações do

Programa Monumenta, que está restaurando

todo o centro histórico da cidade, como o

Mercado Público, a Prefeitura Municipal, os

casarios do entorno da Praça Coronel Pedro

Osório e a própria Praça, que se encontra em

obras.

C) Quanto ao domínio imaterial da

imagem:

O webcard remete o leitor a uma

situação anterior a Internet, fazendo-o

transpor-se a um passado em que as pessoas

precisavam ir até uma biblioteca para fazer

suas pesquisas, tendo em vista que o grupo de

entrevistados é formado por jovens adultos, a

imagem possui para estes um significativo

valor de ligação com os meios de pesquisa e

os atrai pela possibilidade de ter contato físico

com documentos, entrando em um estado de

fantasia que os remete às imagens

cinematográficas que formam, por sua vez, as

Page 22: Retratos Invisíveis

suas imagens mentais já que estes têm como

referencial de pesquisa os meios eletrônicos,

televisivos e a mídia de jornais e revistas que

podem comprar em revistarias, porém o

ambiente taciturno e o contato com antigos

documentos proporcionam emoções e

sentimentos alheios ao mundo propagandista,

caótico e poluído, do Século XXI, mas também

tão fascinantes dos meios de comunicação

disponíveis pelos écrans17.

3.4. ASPECTOS RELEVANTES

A análise dessas categorias informa

sobre a influência da imagem urbana como

linguagem sintética das caracterizações

turísticas de uma cidade, pontos de referência

do cotidiano das pessoas que vivem em

Pelotas e, principalmente, vivem a cidade, nas

suas mais diversificadas formas de aproveitar

os espaços públicos e privados disponíveis no

mercado de atrativos da cidade.

No primeiro webcard pode-se notar a

necessidade do leitor de ter um espaço

arborizado e mais florido na cidade, com a

presença dos elementos naturais em meio ao

concreto dos prédios históricos e modernos.

Além de apresentar-se como um espaço de

contemplação e passagem, sendo também um

elemento de saudosismo e orgulho para as

pessoas que freqüentam o centro comercial,

pois se trata do relógio do Mercado Público,

espaço importante na história da urbanização

brasileira. Essa arborização presente na

17 Écran – quadro branco sobre o qual se projetam imagens fixas ou animadas, no cinema ou na televisão. / Tela (KOOGAN / HOUASS. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado. Edições Delta, 1997, p. 555).

fotografia porém nada mais é que apenas uma

árvore bonita em um ambiente nada

correspondente, se o leitor tivesse que

comparar a imagem gráfica com a imagem

real, talvez suas opiniões fossem diferentes

quanto à estética do espaço.

O segundo webcard está ligado ao fator

da disposição de uma obra de arte

arquitetônica em plena praça central da

cidade, assim como na mitologia grega que as

filhas de Nero e Doris encantavam os

marinheiros, montadas em golfinhos, as

Nereidas da fonte da Praça Coronel Pedro

Osório, montadas em cavalos encantam

aqueles que passam pela praça vindos de

todos os cantos, pois todos os caminhos levam

até elas, como que num feitiço.

O terceiro webcard, do Grande Hotel,

embora não seja em si uma fotografia que

privilegie a beleza e os seus principais

atrativos, a cúpula e os detalhes que

embelezam a construção, está entre os postais

representativos por ser um prédio importante

para a cidade, pela sua plasticidade funcional,

ali já funcionara um hotel, um cassino,

restaurante, ateliê e hoje é propriedade do

poder público e também cenário de mostras

de arte bem como centro de informações

turísticas.

O próximo webcard analisado fora o da

Catedral São Francisco de Paula, que mereceu

estar entre os mais representativos não pela

sua conotação religiosa, mas sim por ser um

espaço que abriga um dos mais belos

conjuntos da obra de Aldo Locatelli, cujas

Page 23: Retratos Invisíveis

obras sacras inspiram paz e segurança aos

visitantes. Igrejas são sempre lugares

turísticos, fazem parte das imagens dos

cartões postais de cidades ocidentais, porque

independentemente de religião, a cidade

valoriza a Igreja como um lugar de visitação,

pelas obras de arte, pintura, escultura e

arquitetura. As Igrejas católicas possuem um

certo fascínio sobre os turistas, até mesmo

aquelas que passaram pela Reforma

Protestante como é o caso das igrejas da

Alemanha, e de todos os países que hoje são

protestantes que têm igrejas como ponto

turístico pelo seu valor artístico e histórico,

portanto são importantes como tais.

O quinto postal da análise constitui-se

no webcard da imagem que talvez seja aquela

mais familiar aos moradores e turistas da

cidade, trata-se da Charqueada São João e,

portanto, não traz em termos de análise

muitas novidades, pois as considerações à

cerca desta peça são reflexos daquilo que já

faz parte da sabedoria popular em torno das

charqueadas pelotenses, palco de memórias

farroupilhas e guardiãs de artefatos que

retratam os tempos de escravidão e requinte

da época de ouro da indústria do charque.

O Postal B, o último webcard analisado

fora o da Biblioteca Pública, cujas discussões

ficaram em torno do elemento pesquisa em

documentos físicos, a imagem em si remeteu

agrado ao leitor pela presença da clarabóia,

um elemento interessante esteticamente ao

olhar. Quanto à funcionalidade e a

representatividade, esse webcard, diante dos

outros, torna-se um atrativo possível, mesmo

que não seja uma fotografia que mostre

exatamente o espaço como ele é em sua

totalidade, no seu aspecto exterior. Portanto, o

fator motivador para o webcard é a observação

dos elementos arquitetônicos da Biblioteca, e

não na sua principal função que é a de centro

de pesquisa, que para os entrevistados é esse

o sentido de lugar.

No entanto, apenas seis dos quinze

webcards foram selecionados, o que

demonstra uma falha na comunicação, na

manutenção e na escolha das imagens

veiculadas pelo site, pois menos de 50% dos

postais que foram eleitos, indicando a falta de

atributos estéticos, bem como da não

percepção do poder público ao cotidiano de

seus moradores, pois ao final de cada

questionário os entrevistados podiam indicar

espaços que eles consideravam dignos de

serem divulgados pelos meios de

comunicação on-line, e com isso o que se pode

perceber é que existe uma distância entre a

realidade da experiência urbana e as escolhas

políticas de difusão da imagem da cidade.

A saber, os entrevistados citaram como

elementos que faltam estar presentes no site,

o Doce de Pelotas, o Café Aquário e a região

do Porto (“Quadrado”), mas contudo, falta

como atrativo turístico e como ferramenta

motivadora para atrair turistas, o elemento

humano nos webcards, este sim, real

motivador e propulsor do turismo nas cidades,

pois é a população local que dá vida e alma

aos lugares turísticos, sejam eles históricos ou

pós-modernos.

Page 24: Retratos Invisíveis

Apresenta-se agora o gráfico que

demonstra as escolhas dos entrevistados

quanto à representatividade, que são os

mesmos apresentados anteriormente na

análise:

Figura 01: Webcards Representativos (votos)

6

4

3

3

3

3 Relógio do Mercado (dia)

Charqueada São João

Biblioteca Pública

Grande Hotel

Catedral São Francisco dePaula

Fonte das Nereidas

No entanto, a fotografia como fator

decisivo e importante nessa pesquisa, nos

informa outro tipo de leitura da pesquisa,

quanto à estética, portanto será apresentado

um novo gráfico revelando as escolhas dos

entrevistados baseados nos seus gostos, mas

não sendo considerado aqui o valor funcional

das imagens como promotores de venda, nem

mesmo como representativas para a

comunidade, apenas como fotografias que

agradam e atraem o olhar. A seguir o

respectivo gráfico fornecendo o código do

postal e a sua nota correspondente (média

aritmética):

Figura 02: Média das Notas dos Webcards Quanto à Estética da Fotografia

Postal B; 7,5

Postal C; 6

Postal D; 10

Postal E; 4,8

Postal F; 8,4

Postal G; 9,9

Postal H; 6,7

Postal I; 6,9Postal J; 10,5

Postal L; 8,6

Postal M; 11

Postal N; 11

Postal O; 11

Postal P; 12

Postal A; 8,9

A partir dessa nova perspectiva tem-se

então uma leitura também nova quanto aos

webcards, que indica além daqueles que são

representativos, mais três peças consideradas

esteticamente belas, que são: o Postal O, Praia

do Laranjal; o Postal J, Mercado Público (noite);

o Postal G, Castelo Simões Lopes.

Mas isso contudo é apenas uma

demonstração da diversidade e amplitude da

abordagem que se pode fazer a respeito da

imagem veiculada pelo turismo, ou seja, com

essa pesquisa é possível perceber até o

momento duas formas de atrair o turista,

primeiramente pela representatividade das

imagens através da paisagem, e depois pelo

uso de uma fotografia estética. Isso não

significa que esses lugares que foram

indicados a partir do segundo gráfico não

sejam também representativos para a

comunidade e para os entrevistados, porque

inclusive há um dos espaços que se repete em

dois webcards, portanto o caminho para se

compreender essa alteração é que às vezes os

lugares embora importantes, não são tão

freqüentados como quanto agradam os olhos

do leitor, diminuindo um pouco a relação

morador/espaço.

Diante dessa abordagem temos o

Relógio do Mercado duas vezes indicado,

porém com webcards diferentes, reforçando

ainda mais a idéia da necessidade que os

entrevistados sentem em viver em uma cidade

que seja arborizada, pois senão, poderiam

escolher o Postal J assim como outro qualquer,

Page 25: Retratos Invisíveis

porque os dois possuem o mesmo elemento

como motivo da fotografia.

Quanto às imagens que não foram

escolhidas (vide Anexo 02) o que a pesquisa

informa é que não houve um cuidado especial

com o tratamento dessas imagens, que

poderiam ter sido capturadas de ângulos e em

um dia cuja luz favorecesse o objeto, todavia

não se apresentaram como webcards que

persuadissem o leitor como turista ou como

morador, as imagens não corresponderam às

representações imagéticas que a própria

paisagem propõe.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos capítulos precedentes fez-se a

tentativa de demonstrar a importância da

imagem veiculada pelo turismo através da

mídia on-line em Pelotas, procedendo-se de

um estudo sobre a imagem e os agentes

socais e seus comportamentos diante do

turismo, uma atividade que se mostra cada vez

mais presente no cotidiano das pessoas, e que

absorve as mais diversificadas comunidades

em contato com a comunicação de massas.

O cartão postal, inspirador de todo esse

trabalho, guardião de tantas lembranças da

cidade e das viagens, é uma ferramenta que

precisa ser preservada no entender da

pesquisa, merecendo assim respeito e atenção

à sua forma plástica de se adaptar aos

modernismos sociais como foi possível

mostrar no trabalho sob a forma de webcard,

que muitos dos entrevistados e das pessoas

com quem se discutiu o assunto, desconhecia

o termo e as significações desse pequeno

papel cartonado que carrega consigo

realidades e sonhos daqueles que passam e

transitam pelos lugares.

Por fim, este trabalho realizou uma

análise dos webcards divulgados pelo site

<www.pelotas.com.br> da cidade de Pelotas,

administrado pela CoinPel, através de um

sistema de entrevistas e reuniões com

discussões sobre as respectivas imagens e suas

funcionalidades e representatividades no

cotidiano das pessoas, a fim de entender o

valor dos espaços divulgados para a

comunidade, e contudo perceber as fronteiras

existentes entre a escolha pública e as

opiniões da comunidade a respeito do assunto

imagem para o turismo.

Infelizmente os administradores do site

não dispuseram de dados sobre os acessos

dos internautas que poderiam maximizar e

otimizar a pesquisa quando esta necessitou

saber a funcionalidade do próprio site,

portanto não é possível saber quantas pessoas

visualizam esses webcards.

No caso específico da análise dos

webcards do site verificou-se que o domínio

visual é o mais deficiente dos três quesitos

estabelecidos e por isso, causou uma baixa

quantidade de escolhas das imagens

significativas, o que mostra que uma

negligência dos agentes comunicadores com

a mídia on-line, e conseqüentemente com um

público que possui acesso à Internet, sendo

que estes consumidores denotam um poder

de compra e consumo dos produtos turísticos,

já que possuem, por sua vez, renda suficiente

para participar do que se chama

Page 26: Retratos Invisíveis

“cibercultura18”. Portanto, nota-se a

necessidade de a administração do site

perceber, por sua vez, os cuidados que se deve

ter ao divulgar imagens de uma cidade em um

mundo globalizado e ditado pelas regras do

consumo, pois na conjectura atual da

sociedade, os meios de comunicação on-line

são tão importantes quanto a mídia impressa e

televisiva. Ao observar a mídia impressa nota-

se uma real preocupação com a estética das

fotografias de Pelotas que são distribuídas em

postos de informações turísticas e eventos

afins, mas quando se trata de Internet os

aspectos visuais são esquecidos e não

recebem a atenção precisa.

Pode-se dizer através deste estudo que

o link “Cidade Cartão Postal” atinge seus

objetivos de divulgar a imagem de Pelotas,

mas não consegue persuadir os leitores à

visitação com as mesmas, pois elas em sua

maioria não seduzem o olhar, não mostram os

prédios de ângulos que otimizem a riqueza de

detalhes da arquitetura das construções

históricas da cidade, nem seus valores

funcionais respectivos ao consumo do espaço

como atrativo turístico nem como usual para

os moradores, pois como já foi observado,

menos de 50% dos postais fizeram parte do rol

das escolhas dos entrevistados.

Destaca-se que é preliminar e parcial,

posto que para se construir um amplo estudo

da realidade da imagem para o turismo

18 A cibercultura é um termo utilizado na definição dos agenciamentos sociais das comunidades no espaço eletrônico virtual. Estas comunidades estão ampliando e popularizando a utilização da Internet e outras tecnologias de comunicação, possibilitando assim maior aproximação entre as pessoas de todo o mundo. Este termo se relaciona diretamente com à dinâmica Política, Antropo-social, Econômica e Filosófica dos indivíduos conectados em rede, bem como a tentativa de englobar os desdobramentos que este comportamento requisita.

necessita-se de um investimento maior de

tempo e um exame mais aprimorado que não

foi possível no curto espaço de tempo

disposto para o estudo em questão. No

entanto, a pesquisa sinaliza para destinos de

análise que provavelmente deverão ser

buscados para a continuidade e

melhoramento da análise, envolvendo

posteriormente os incorporadores do turismo.

O profissional de turismo tem por

dever compreender e estudar a imagem

turística, (re) conhecer e descobrir a realidade

e a história dos lugares como representações

da sua comunidade, circunscrever os encargos

que lhe competem cumprir, desvendando

seus significados para o público e a relação

dessa com a memória local. Neste momento,

quando o turismólogo consegue captar as

relações intrínsecas da imagem com o

produtor dela, torna-se capaz de exercer sua

tarefa de intermediário entre os integrados no

trade turístico que estão envolvidos na

produção do turismo na cidade para que seus

habitantes sintam-se apaixonados por ela,

sejam esses habitantes mochileiros nômades,

moradores fixos, estudantes cumprindo uma

nova etapa da vida, empresários fechando

negócios, famílias praticando lazer, qualquer

ser que transite por suas ruas e buscam uma

percepção da realidade dos lugares visitados.

O presente trabalho terá atingido seu

objetivo se as idéias aqui apresentadas

servirem de estímulo a outras pesquisas no

campo da imagem usada pelo turismo e da

imagem turística, bem como se servir de apoio

para os interessados em preservar e melhorar

os aspectos funcionais dos webcards, que são

tão importantes quanto qualquer outro tipo

Page 27: Retratos Invisíveis

de mídia no trade turístico, já que esta visa

atingir o público maior e portanto utiliza-se

dos mais variados meios de comunicação.

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Page 28: Retratos Invisíveis

ANEXOS

Anexo 01. Um dos primeiros Cartões Postais de 1873 – Pelotas, Praça da

Regeneração (atual Praça Coronel Pedro Osório):