reutilizaÇÃo de Águas cinzentas como fonte alternativa de abastecimento de Água em edifÍcios -...
DESCRIPTION
A reutilização de águas cinzentas aplicadas para fins não potáveis vêm ao encontro das premissas de sustentabilidade e ao conceito de conservação de água. Sistemas de reutilização de águas residuais devem seguir quatro critérios, nomeadamente a segurança higiênica, a sua apresentação, a sua contribuição na proteção ambiental e viabilidade técnica e económica no seu processo de re-utilização. As águas residuais devidamente tratadas podem ser utilizadas no consumo não-potável em edifícios como em sanitas, urinóis, torneiras de jardim, na lavagem de roupa, na lavagem de veículos, na limpeza de pátios e passeios desde que a sua utilização não ofereça riscos à saúde de seus utentes.Este trabalho visa a avaliação da viabilidade da instalação de uma rede de águas cinzentas tratadas para fins não potáveis, num edifício residencial. A primeira etapa do projeto destina-se à caracterização das águas cinzentas residenciais e o tratamento das mesmas. Na última etapa será elaborado um estudo de viabilidade económica da aplicação de uma rede de águas cinzentas tratadas para fins não potáveis, num edifício residencial hipotético. O edifício é hipotético porque o estudo centra-se o estabalecimento de um sistema de reutilização de águas cinzentas que poderá ser aplicado em qualquer edificio residencial, ou mesmo noutros onde a reutilização desta água possa ser adequada.O objetivo final deste trabalho é definir uma estratégia a longo prazo de conservação de água potável e a sustentabilidade de sistemas de re-utilização de águas cinzentas em edifícios, determinando-se a variável tempo para que o capital inicial investido neste sistema tenha o seu retorno de acordo com o plano de investimentos aplicado.TRANSCRIPT
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REUTILIZAO DE GUAS CINZENTAS COMO
FONTE ALTERNATIVA DE ABASTECIMENTO DE GUA EM EDIFCIOS
Trabalho de fim de curso para obteno do grau de licenciatura em Engenharia Civil
de
JOO PEDRO BEATRIZ LUZ
Estudante Nr:225037
DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
da
UNIVERSIDADE POLITCNICA
Supervisor: Prof. Doutor Eng. Joo Ruas
Maputo, 17 de Fevereiro de 2014
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I
DECLARAO DE HONRA
Eu, Joo Pedro Beatriz Luz, declaro que este trabalho de fim de curso foi
exclusivamente realizado p o r mim. O mesmo agora submetido de acordo
com todos os requisitos e exigncias para a obteno do grau de Licenciatura
em Engenharia Civil, na Universidade Politcnica A Politcnica, Maputo.
Assinatura: .
Data:___/___/___
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II
DEDICATRIA
com uma palavra de apreo que dedico este trabalho a uma lista imensa de
entidades que alimentaram este projeto com informaes concretas, desde
empresas, tcnicos e operrios que lidam ou lidaram com o tema sobre o qual
este trabalho se debrua.
Dedico tambm Wilma pelo incentivo e dedicao nestes meses de trabalho.
E, por fim, minha famlia, especialmente minha me, minha mentora e minha
principal crtica cujo inabalvel entusiasmo, dedicao e empenho constituiu uma
pea-chave em todo este processo.
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III
AGRADECIMENTOS
Por contributos vrios neste trabalho so devidos agradecimentos:
minha famlia, que me deu todas as condies para atingir os objetivos
traados.
minha namorada, pela fora que me deu ao longo do curso.
Ao Eng. Deive Inhambizo, pelo incansvel apoio.
Biomoz, pelo seu papel importante na sociedade moambicana em relao ao
uso sustentvel de gua.
Aos meus colegas de faculdade, pelas horas de estudo e pesquisa que realizamos.
Ao Professor Doutor Eng. Joo Ruas, pelo seu empenho e dedicao, tornando
possivel a elaborao deste trabalho.
A todos o meu muito obrigado
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IV
ABSTRACTO Autor: Joo Pedro Beatriz Luz
Grau Acadmico: Licenciatura em Engenharia Civil
Ttulo: Reutilizao de guas Cinzentas em Edifcios Residenciais.
Universidade: A Politcnica
Faculdade: Gesto e Cincia e Tecnologia.
Supervisor: Prof. Doutor Joo Ruas
Data: 17 Fevereiro de 2014
Palavras-chave: guas residuais, guas cinzentas, Reutilizao
de guas, sade pblica, instalao de sistema
de guas residuais, tratamento de guas
residuais, conservao de gua,
sustentabilidade.
A reutilizao de guas cinzentas aplicadas para fins no potveis vm ao
encontro das premissas de sustentabilidade e ao conceito de conservao de gua.
Sistemas de reutilizao de guas residuais devem seguir quatro critrios,
nomeadamente a segurana higinica, a sua apresentao, a sua contribuio na
proteo ambiental e viabilidade tcnica e econmica no seu processo de re-
utilizao.
As guas residuais devidamente tratadas podem ser utilizadas no consumo no-
potvel em edifcios como em sanitas, urinis, torneiras de jardim, na lavagem de
roupa, na lavagem de veculos, na limpeza de ptios e passeios desde que a sua
utilizao no oferea riscos sade de seus utentes.
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V
Este trabalho visa a avaliao da viabilidade da instalao de uma rede de guas
cinzentas tratadas para fins no potveis, num edifcio residencial. A primeira
etapa do projeto destina-se caracterizao das guas cinzentas residenciais e o
tratamento das mesmas. Na ltima etapa ser elaborado um estudo de viabilidade
econmica da aplicao de uma rede de guas cinzentas tratadas para fins no
potveis, num edifcio residencial hipottico. O edifcio hipottico porque o
estudo centra-se o estabalecimento de um sistema de reutilizao de guas
cinzentas que poder ser aplicado em qualquer edificio residencial, ou mesmo
noutros onde a reutilizao desta gua possa ser adequada.
O objetivo final deste trabalho definir uma estratgia a longo prazo de
conservao de gua potvel e a sustentabilidade de sistemas de re-utilizao de
guas cinzentas em edifcios, determinando-se a varivel tempo para que o capital
inicial investido neste sistema tenha o seu retorno de acordo com o plano de
investimentos aplicado.
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VI
INDCE PGINA
DECLARAO DE HONRA ....................................................................................................... I
DEDICATRIA ................................................................................................................................ II
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... III
ABSTRACTO .................................................................................................................................. IV
INDCE ............................................................................................................................................. VI
LISTA DE FOTOS ............................................................................................................................ X
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................... XI
LISTA DE GRFICOS ................................................................................................................. XII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................ XIII
LISTA DE SMBOLOS ............................................................................................................... XIV
CAPTULO 1 METODOLOGIA DE INVESTIGAO .......................................................... 1
1.1 Introduo ................................................................................................................ 1
1.2 O processo de investigao ..................................................................................... 3
1.3 O problema a ser investigado.................................................................................. 4
Formulao do problema a ser investigado ............................................................ 4
1.4 A pergunta a investigar e as hipteses a considerar ............................................... 4
Formulao da pergunta a investigar ...................................................................... 4
1.5 As hipteses H0 e H1 .............................................................................................. 4
1.6 Perguntas de investigao ....................................................................................... 5
1.7 Metodologia de investigao .................................................................................. 5
1.8 Constrangimentos previstos na investigao .......................................................... 6
1.8.1 as limitaes do trabalho ......................................................................................... 6
As delimitaes do trabalho .................................................................................... 7
1.9 Captulos propostos e seus conteudos .................................................................... 7
1.10 Os objectivos da investigao ................................................................................. 8
Os objetivos gerais .................................................................................................. 8
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VII
Os objetivos especficos .......................................................................................... 8
1.11 A importncia do tema proposto para investigao ............................................... 9
CAPTULO 2 LEITURA BIBLIOGRFICA .......................................................................... 10
2.1 Conceito de reutilizao de gua .......................................................................... 10
2.2 Reutilizao de guas cinzentas em residncias................................................... 11
2.3 gua cinzenta ........................................................................................................ 14
Caractersticas qualitativas da gua cinzenta ....................................................... 14
Caractersticas quantitativas da gua cinzenta ..................................................... 23
2.4 Tratamento de guas cinzentas ............................................................................. 24
2.5 O sistema de reutilizao ...................................................................................... 28
O sistema de drenagem ......................................................................................... 31
O Sistema de tratamento ....................................................................................... 45
O sistema de distribuio ...................................................................................... 54
CAPTULO 3 PROPOSTA DE SOLUO A SER APLICADA EM EDIFCIO TIPO ... 59
3.1 Caractersticas do edifcio ..................................................................................... 59
3.2 Critrios de dimensionamento do sistema de drenagem ...................................... 60
Caudais de descarga .............................................................................................. 60
Caudais de clculo ................................................................................................ 60
Dimensionamento ramais de descarga individual ................................................ 61
Dimensionamento ramais de descarga no individual ......................................... 62
Dimensionamento ramais de ventilao ............................................................... 63
Dimensionamento dos tubos de queda ................................................................. 63
Dimensionamento das colunas de ventilao ....................................................... 64
Dimensionamento dos coletores prediais ............................................................. 65
3.3 Critrios de dimensionamento do sistema de distribuio de gua tratada ......... 66
Caudais instantneos ............................................................................................. 66
Caudais de clculo ................................................................................................ 67
Presses de servio ................................................................................................ 68
Velocidade de escoamento .................................................................................... 68
Determinao dos dimetros e perdas de carga contnua das tubagens ............... 68
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VIII
Perdas de carga localizadas ................................................................................... 69
3.4 Caudais de consumo do edifcio ........................................................................... 69
Oferta de gua cinzenta ......................................................................................... 70
Consumo de gua cinzenta ................................................................................... 71
3.5 Ecnomia de gua potvel do edifcio .................................................................. 72
3.6 Projeto do sistema de reutilizao de guas cinzentas ......................................... 73
Projeto do sistema de captao de guas cinzentas .............................................. 73
Projeto do sistema de tratamento de guas cinzentas ........................................... 74
Projeto do sistema de distribuio de gua cinzenta ............................................ 74
CAPTULO 4 ESTUDO DE VIABILIDADE ECONMICA ................................................ 75
4.1 Custos de implantao .......................................................................................... 75
4.2 Custos de manuteno e operao ........................................................................ 75
4.3 Determinao do perodo de retorno .................................................................... 77
CAPTULO 5 AVALIAO DE RESULTADOS ................................................................... 79
CAPTULO 6 CONCLUSES E RECOMENDAES ........................................................ 80
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 82
APNDICE A ................................................................................................................................... 86
APNDICE B ................................................................................................................................. 104
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IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: esquema do uso de sistemas de guas cinzas em residncias. ......................................... 12
Figura 2 - fatores para a implantao da reutilizao de gua residual. .......................................... 13
Figura 3: produo e demanda de guas cinzentas. .......................................................................... 24
Figura 4: sistema de reutilizao de guas cinzentas. ...................................................................... 28
Figura 5: sistema de reutilizao de guas cinzentas em um edifcio residencial. .......................... 30
Figura 6: diagrama do sistema de reutilizao. ................................................................................ 31
Figura 7: esquema da constituio de um sistema de drenagem em uma habitao. ...................... 32
Figura 8: ligao de vrios aparelhos a um nico ramal de descarga. ............................................. 35
Figura 9: ligao de ramais de descarga a tubos de queda e coletores prediais .............................. 35
Figura 10: instalao de ramais de descarga. Fonte: pedroso, v. M. R., (2004:224). .................... 36
Figura 11: ligao do ramal de ventilao ao de descarga. .............................................................. 36
Figura 12: desenvolvimento da linha piezomtrica de modo a evitar a obstruo do ramal de ventilao. ..................................................................................................................... 38
Figura 13: transio dos tubos de queda. ......................................................................................... 39
Figura 14: concordncia do tubo de queda com a tubagem de fraca pendente. .............................. 39
Figura 15: ligao do tubo de queda cmara de inspeo. ............................................................ 41
Figura 16: translao da coluna de ventilao. ................................................................................ 42
Figura 17: ligao da coluna de ventilao ao coletor e tubo de queda. ......................................... 42
Figura 18: ligao ao tubo de queda. ................................................................................................ 43
Figura 19: coletores prediais enterrados. .......................................................................................... 44
Figura 20: coletores instalados vista. ............................................................................................. 45
Figura 21: exemplo de um sistema de reutilizao de guas cinzentas. .......................................... 47
Figura 22: etar compacta mizumo linha family. .............................................................................. 48
Figura 23: rede de distribuio de gua. ........................................................................................... 54
Figura 24: declive das tubagens. ....................................................................................................... 57
Figura 25: instalao das tubagens. .................................................................................................. 57
Figura 26: situaes de interdio de instalao de tubagens. ......................................................... 58
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X
LISTA DE FOTOS
Foto 1: sistema ECI da Biomoz. ........................................................................................................ 53
Foto 2: sistema de tratamento compacto da Biomoz. ....................................................................... 53
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XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - cdigo de cores dos efluentes .......................................................................................... 12
Tabela 2: caractersticas das guas cinzentas originadas de vrias fontes. ...................................... 16
Tabela 3: parmetros bsicos para gua de reso classe 1. .............................................................. 18
Tabela 4: parmetros bsicos para gua de reso classe 2. .............................................................. 19
Tabela 5: parmetros bsicos para gua de reso classe 3. .............................................................. 19
Tabela 6: distribuio do consumo de gua em edificaes, brasil. ................................................ 23
Tabela 7: intervalos provveis de remoo de poluentes ................................................................. 27
Tabela 8: simbologia de canalizaes e acessrios. ......................................................................... 33
Tabela 9: siglas de aparelhos e materiais. ......................................................................................... 34
Tabela 10: simbologia do sistema de distribuio de gua. ............................................................. 55
Tabela 11: simbologia aparelhos e materiais do sistema de distribuio de gua. .......................... 56
Tabela 12: caudais de descarga de aparelhos sanitrios. .................................................................. 60
Tabela 13: dimetros mnimos dos ramais de descarga individuais. ............................................... 62
Tabela 14: dimetros dos tubos de queda e taxas de ocupao. ....................................................... 64
Tabela 15 - caudais instantneos do sistema de distribuio. .......................................................... 66
Tabela 16: caudais de consumo interno de gua. ............................................................................. 69
Tabela 17: caudais de consumo externo de gua.............................................................................. 70
Tabela 18: oferta de gua cinzenta do edifcio em estudo. .............................................................. 71
Tabela 19: consumo de gua cinzenta no edifcio em estudo. ......................................................... 72
Tabela 20: economia de gua do edifcio. ........................................................................................ 72
Tabela 21: custo energtico para operao do sistema ECI. ............................................................ 76
Tabela 22: custo total de operao e manuteno. ........................................................................... 77
Tabela 23: economia mensal de gua. .............................................................................................. 77
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XII
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1: distribuio de gua doce no planeta. .............................................................................. 10
Grfico 2: distncia mxima admissvel entre sifo e a seco ventilada. ...................................... 37
Grfico 3: caudais de clculo, em funo dos caudais acumulados................................................. 61
Grfico 4: determinao do dimetro da coluna de ventilao. ....................................................... 65
Grfico 5: caudais de clculo, em funo dos caudais acumulados (nvel de conforto mdio). ..... 67
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XIII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ARA-Sul - Administrao Regional de guas do Sul ............................................ 1
CRA - Concelho de regulao do abastecimento de gua. ................................... 77
DEC - Decantador secundrio ............................................................................... 30
EACB - Elevatria de gua cinzenta bruta ........................................................... 29
EACT - Elevatria de gua cinzenta tratada ......................................................... 31
EDM - Eltricidade de Moambique .................................................................... 76
ETAR - Estao de Tratamento de guas Residuais .............................................. 7
FBAS - Filtro biolgico aerado submerso ............................................................ 30
FT - Filtro tercirio ............................................................................................... 30
MICOA - Ministrio para a Coordenao da Aco Ambiental ............................. 1
MO - Matria orgnica .......................................................................................... 30
PNCDA - Programa Nacional de Combate ao desperdcio de gua ..................... 23
RAC - Reator anaerbio compartimentado ........................................................... 30
RGSPPDADAR - Regulamento Geral dos Sistemas Pblicos e Prediais de
Distribuio de gua e de Drenagem de guas Residuais (Decreto
Regulamentar 23/95, de 23 de Agosto) ............................................................. 60
RSP - Reservatrio superior de gua potvel ........................................................ 29
RSR - Reservatrio superior de gua de reso...................................................... 31
USP - Universidade de So Paulo ......................................................................... 23
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XIV
LISTA DE SMBOLOS
% Percentagem b Fator de rugosidade do material C Temperatura (graus celsius) Cs Coeficiente de simultaneidade DBO Demanda Bioqumica de Oxignio DQO Demanda Qumica de Oxignio EC Limite de concentrao de crescimento mdio H tomo de hidrognio h Altura H2O Molcula de gua H2S Sulfeto de hidrognio i Inclinao j Perda de carga k Coeficiente de rugosidade do material (m1/3/s-1) l Litros m Medida de comprimento (metros) m Medida de rea (metros quadrados) m Medida de volume (metros cbicos) mm Medida de comprimento (milmetros) Mzn Unidade monetria de Moambique (Metical) N Azoto NH3-N Nitrognio em amnia NH4-N Nitrognio em amnia NO2 Nitrito ou dixido de nitrognio NO3 Nitrato NTK Nitrognio Total Kjedal NTU Turbidez Dimetro O2 Molcula de oxignio P Fsforo pH Potencial de Hidrognio PO4-P Fosfato Qc Caudal de clculo SAR Razo de absoro de Sdio SDT Slidos dissolvidos totais SNF Slidos sem gordura SO4-2 Sulfato SST Slidos Suspensos Totais ST Slidos Totais UH Cor V Volts W Watts Velocidade de escoamento Coeficiente de simultaneidade
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1
CAPTULO 1 METODOLOGIA DE INVESTIGAO 1.1 Introduo A gua um bem essencial e o mais valioso do planeta, sendo que a sua
conservao constitui uma das premissas do desenvolvimento sustentvel. Nas
regies em que a escassez de recursos hdricos constitui uma realidade natural e
naquelas em que o crescimento demogrfico perspetiva essa escassez, a gesto
sustentvel dos recursos hdricos implica a conservao deste recurso e inclui, por
conseguinte, a reutilizao da gua.
As guas cinzentas tratadas podem ser utilizadas em edifcios sem que exista a
necessidade de usar gua de to elevado grau de qualidade, como por exemplo:
descargas de autoclismo, urinis, lavagem de roupa, lavagem de viaturas, rega de
jardins, lavagem de pavimentos exteriores, lavagem de fachadas, etc.
O tratamento das guas cinzentas deve ser praticado com o intuito de eliminar a
matria orgnica e remover ou inativar os microrganismos patognicos presentes
nessas guas, evitando-se contato humano direto com guas poludas precavendo
a proliferao de doenas e pandemias.
May (2009:VII) da opinio que alguns cuidados com o uso de sistemas de re-
utilizao de guas cinzentas devem ser tomados, nomeadamente verificar-se a
qualidade da gua tratada, fazer manuteno adequada do sistema, dispor de
operao eficaz e segura do sistema e do operador, verificar a no ocorrncia de
conexes cruzadas no sistema de distribuio, fazer uso de avisos com indicao
gua no potvel, fazer uso de tubulaes de cores e de conexes diferenciadas,
de modo que o sistema oferea segurana a seus utentes
Em Moambique, a conservao de recursos hdricos partilhada entre a
Administrao Regional de guas do Sul (ARA-Sul) e o Ministrio para a
Coordenao da Aco Ambiental (MICOA) (Barros, 2009).
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2
Na cidade de Maputo, que o maior centro urbano do pas, o abastecimento de
gua potvel ainda deficiente, com cerca de metade da populao a no ter
acesso ao precioso lquido (www.voaportugues.com).
Na capital do pas o problema do abastecimento de gua, quando comparado com
outros locais, no to grave. A taxa de cobertura de apenas 57 por cento,
servindo uma populao estimada em 682.076 habitantes. Ter gua nas torneiras
durante 24 horas por dia ainda um sonho para os citadinos de Maputo, onde
alguns apenas beneficiam de gua por periodos de 4 a 8 horas por dia
(www.voaportugues.com).
De acordo com a FIPAG (2013), a capital moambicana dispe de 104.863
ligaes e 254 fontenrias, o que realmente ainda muito pouco para os cerca de
dois milhes de habitantes desta urbe.
Mapote, W., (2013), acrescenta que nas principais cidades moambicanas, os
canais de abastecimento e os reservatrios tm mais de 40 anos e a sua
manuteno deficiente. Muitos canos rompem-se, perdendo-se deste modo, gua
potvel, o que agrava de sobremaneira a problemtica da distribuio de gua
potvel aos citadinos.
Alis, as elevadas perdas que se verificam no transporte de gua para as residncia
um dos motivos apontados para a presso baixa no fornecimento de gua, bem
como para que o abastecimento no seja durante 24 horas
(www.voaportugues.com).
Sabendo da deficincia do sistema de distribuio, ao nvel das perdas, este
trabalho de uma forma sinttica apresentada uma soluo para minimizar ou
consumo excessivo de gua potvel da rede, reaproveitando-se as guas utilizadas
pelos utentes da mesma, denominadas guas Cinzentas.
Em suma neste trabalho far-se- uma caracterizao das guas cinzentas, os seus
processos de tratamento mais adequados, bem como o estudo de viabilidade em
termos econmicos do uso de um sistema de reutilizao de guas cinzentas
fundamentalmente para edifcios residncias.
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3
1.2 O processo de investigao Este estudo visa a caracterizao e o tratamento de guas cinzentas bem como a
instalao de rede de guas cinzentas tratadas para fins no potveis. A primeira
etapa deste estudo destina-se caracterizao das guas cinzentas residenciais
atravs de uma pesquisa bibliogrfica de anlises fsicas, qumicas e
bacteriolgicas para a verificao da qualidade. Ainda nesta fase ser abordado o
tratamento de guas cinzentas, bem como os tipos de sistema de tratamento e
aspetos construtivos em relao ao traado dos sistemas de coleta e distribuio
do lquido em estudo.
O elevado consumo de gua potvel aliado escassez da mesma um problema a
ser resolvido nas cidades em Moambique, com especial enfoque para a cidade de
Maputo. Sabe-se que a gua fornecida em alguns pontos da cidade por um
periodo mximo de 4 horas por dia.
Tambm devido ao estado precrio do sistema de saneamento, e em certas zonas
onde a gravidade no o permite, as guas residuais so descarregadas diretamente
na baa de Maputo, criando um impacto de destruio ambiental de magnitude
elevada.
Por fim apresenta-se a elaborao de um estudo de viabilidade do uso de uma rede
de guas cinzentas tratadas para fins no potveis em um edifcio habitacional.
Neste contexto, o processo de investigao a seguir neste trabalho seguir os
seguintes passos:
Identificao do Tpico; Definio do problema a ser investigado; Definio da pergunta a investigar e as hipteses a considerar; Identificao do paradigma de investigao e determinao da
metodologia de investigao;
Definio dos objetivos gerais e especficos a atingir com o trabalho; Determinao das limitaes e delimitaes da investigao; Coleta de dados e informao;
-
4
Anlise e interpretao de dados; Escrever o relatrio final.
1.3 O problema a ser investigado
Formulao do problema a ser investigado A reutilizao de guas cinzentas em edifcios em muitos Pases desenvolvidos
uma prtica comum. Em Moambique a implementao deste sistema como
medida de reduo do consumo de gua potvel ter grandes benefcios para a
cidade e seus utentes.
O no aproveitamento de guas cinzentas na
cidade de Maputo conduz ao consumo excessivo de
gua potvel, sobrecarregando o sistema de
abastecimento existente.
1.4 A pergunta a investigar e as hipteses a considerar
Formulao da pergunta a investigar De forma a compreender-se melhor o problema a ser investigado, mais
especificamente o elevado consumo de gua potvel na cidade de Maputo, foi
formulada a seguinte pergunta a investigar:
Ser economicamente vivel a implantao de um
sistema de reutilizao de guas cinzentas em
edifcios novos na cidade de Maputo?
1.5 As hipteses H0 e H1 Alinhado com o problema a investigar e com a pergunta a investigar, as hipteses
de trabalho que se colocam so formuladas como abaixo se indicam:
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5
H0 No economicamente vivel a implementao de um
sistema de reutilizao de guas cinzentas em edifcios novos na
cidade de Maputo
H1 economicamente vivel a implementao de um sistema
de reutilizao de guas cinzentas em edifcios novos na cidade
de Maputo
1.6 Perguntas de investigao As perguntas de investigao so aquelas que se formulam em torno do problema
a investigar e de forma a auxiliar a compreenso da pergunta a investigar. Neste
caso, as perguntas investigativas, de entre outras podem, ser formuladas as
seguintes:
Como instalar um sistema de reutilizao de guas cinzentas em
edifcios residncias novos?
Como diminuir o consumo de gua potvel na cidade de Maputo? Ser vivel a implementao do sistema de reutilizao de guas
cinzentas em edifcios novos na cidade de Maputo?
Que tipo de sistema de tratamento de guas cinzentas usar para uma melhor eficincia a nvel econmico e de manuteno do mesmo?
Qual ser o perodo de retorno do capital investido, para a implementao de um sistema de reutilizao de guas cinzentas, num
edifcio residencial novo?
Quais as mais-valias da implementao de um sistema de reutilizao de guas cinzentas?
1.7 Metodologia de investigao
De acordo com Hussey & Hussey (1997:149), tanto na investigao positivista
como na investigao fenomenolgica, tem-se sempre o objetivo de colher dados
-
6
e informao acerca das variveis em estudo, para se poder dar uma resposta a
pergunta a investigar e dar uma soluo ao problema a ser investigado.
Para o tema em estudo, a metodologia de investigao que melhor se adapta o de
estudo de caso descritivo, (procurando descrever o atual contexto da distribuio
de gua potvel aos centros urbanos), o estudo de caso analtico, (para se perceber
se a soluo proposta tecnicamente adequada e financeiramente vivel) e a
investigao exploratrias para se adquirir total informao duma rea ainda por
ser explorada no nosso pas. Neste sentido, porque se utilizaro diferentes
mtodos de investigao, o estudo enquadra-se na triangulao metodolgica que
definida por Denzin (1970:297) como sendo a combinao de metodologias
utilizadas no estudo de um mesmo fenmeno. Neste mtodo, usam-se tanto nas
metodologias quantitativas como nas fenomenolgicas, pois trata-se de dados
quantitativos e qualitativos em simultneo
O estudo de caso descritivo feito com o objetivo de descrever a prtica corrente,
isto , descrever como so implementados sistemas de reutilizao de guas
cinzentas em edifcios novos em Moambique.
Vergara (1998), acrescenta que a investigao exploratria realizada em reas na
qual h pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Para Gil (1991) os
estudos exploratrios constituem-se na primeira etapa de uma investigao mais
ampla. So desenvolvidos quando o tema pouco explorado e torna-se difcil
formular hipteses precisas e operacionalizveis sobre o mesmo.
Este estudo tem como objetivo principal o estudo de viabilidade tcnica e
econmica da implementao de uma estao de tratamento de guas residuais in
situ para uma residncia plurifamiliar na cidade de Maputo.
1.8 Constrangimentos previstos na investigao 1.8.1 As limitaes do trabalho
-
7
O trabalho de pesquisa ter como principal limitao a insuficincia de fundos
para realizar anlises das guas em estudo. A impossibilidade da criao de uma
pequena ETAR para a validao do sistema de reutilizao, ser outra limitao
do trabalho para que se realize unicamente o estudo de viabilidade.
As delimitaes do trabalho Este trabalho ter como delimitaes o projeto de uma rede de guas cinzentas
apenas num edifcio residencial novo e hipottico na cidade de Maputo. Ser
feito um estudo de viabilidade econmica do sistema em edifcios residncias
novos, unicamente no mbito da implementao deste estudo.
1.9 Captulos propostos e seus conteudos Este trabalho de investigao composto por cinco captulos com a seguinte
estrutura e composio:
CAPITULO - I METODOLOGIA DE INVESTIGAO: Aborda o problema
a ser investigado, os objetivos do trabalho, as hipteses formuladas, a metodologia
para a elaborao do trabalho, as limitaes do trabalho, as delimitaes do
mesmo, bem como a importncia do Tema.
CAPTULO - II LEITURA BIBLIOGRFICA: Neste captulo os temas
tratados so a reutilizao de guas cinzentas, os tipos de reutilizao,
caracterizao das guas cinzentas e seus aspetos qualitativos e quantitativos,
tratamento de guas cinzentas e sistema de reutilizao de guas cinzentas, bem
como aspetos relacionados com a instalao e traado de redes de distribuio e
drenagem de guas residuais.
CAPTULO - III PROPOSTA DE SOLUO A SER APLICADO NO
EDIFICIO TIPO: Tem como subcaptulo aspetos relacionados com as
caractersticas do edificio em estudo, estimativas de caudais de consumos,
estimativas de economia de gua, estimativas de consumos de gua potvel, guas
cinzentas e consumo eltrico.
-
8
Outro tema alvo deste captulo o projeto do sistema de reutilizao de guas
cinzentas que se subdivide em sistema de captao, de tratamento e distribuio.
Para isso foram incluindos neste captulo alneas relativas aos critrios de
dimensionamento do sistema de reutilizao de acordo com as normas tcnicas
vigentes em Moambique e informaes tcnicas dos fabricantes de materiais.
CAPTULO - IV VIABILIDADE ECONMICA: Introduzido neste captulo
encontra-se as estimativas de custos, nomeadamente custos de instalao e custos
de manuteno, bem como a previso do perodo de retorno do capital investido
no sistema de reutilizao de guas cinzentas.
CAPTULO V AVALIAO DOS RESULTADOS: Nesta seco sero
discutidos os resultados obtidos no captulo anterior.
CAPTULO VI CONSIDERAES FINAIS: Neste captulo sero tiradas as
concluses finais em relao ao trabalho em estudo.
1.10 Os objectivos da investigao
Os objetivos gerais objectivo geral deste trabalho, sensibilizar os tcnicos e as estruturas
responsveis em Moambique para a prtica da reutilizao das guas cinzentas
como uma alternativa para a poupana da gua potvel que tem sido desperdiada
de forma descontrolada.
Os objetivos especficos Fazem parte dos objetivos especficos deste trabalho, os seguintes:
Instalao e viabilizao de um sistema de reutilizao de guas residuais em edifcios residenciais.
Determinao do perodo de retorno do capital investido neste sistema de reutilizao de gua cinzenta
-
9
Diminuio do desperdcio de gua potvel 1.11 A importncia do tema proposto para investigao O presente tema de grande interesse pblico, pois existe um grande dfice no
abastecimento de gua s cidades Moambicanas, devido no s exploso
demogrfica nas urbes, como tambm devido insuficincia dos sistemas de
abastecimento instalados, e pelas condies precrias da rede de distribuio.
Esta proposta de reutilizao de guas cinzentas poder contribuir para a
mitigao deste problema que cada vez maior e se faz sentir com maior
intensidade, impactando a vida dos citadinos deste pas.
-
10
CAPTULO 2 LEITURA BIBLIOGRFICA 2.1 Conceito de reutilizao de gua A gua um elemento composto por dois tomos de hidrognio (H) e um de
oxignio (O), formando a molcula de H2O. Aproximadamente 70% da superfcie
terrestre encontra-se coberta por ela. No entanto, menos de 3% deste volume de
gua doce, cuja maior parte est concentrada em zonas geladas (polos e
montanhas), restando uma pequena percentagem de guas superficiais para as
atividades humanas (Shiklomanov, 2001).
Grfico 1: Distribuio de gua doce no planeta. Fonte: Cerqueira, (2012).
A reutilizao de resduos vem se consolidando cada vez mais como um
instrumento de grande importncia para a preservao e conservao dos recursos
naturais. Entre algumas das alternativas existentes, est a reutilizao da gua, que
j possui tecnologia consagrada para a sua implantao (Mancuso e Santos,
2003:12).
De acordo com Sautchuk et al (2005:19) a implementao do uso racional da gua
consiste em sistematizar as intervenes que devem ser realizadas em uma
edificao, de tal forma que as aes de reduo do consumo sejam resultantes de
-
11
amplo conhecimento do sistema, garantindo sempre a qualidade necessria para a
realizao das atividades consumidoras, com o mnimo de desperdcio.
Segundo Anderson (2001:87), medidas efetivas de proteo da sade pblica e do
meio ambiente devem ser tcnica e economicamente viveis. Visto que a oferta de
gua no a mesma em toda a parte do globo terrestre, importante que sejam
feitas normas especficas para cada pas de modo a se atingir um equilbrio de
disponibilidade, tecnologia e risco.
2.2 Reutilizao de guas cinzentas em residncias As guas cinzentas, como fonte alternativa de gua para usos no potveis usada
em alguns pases como Japo, EUA, Canad, Alemanha, Reino Unido e Israel.
Em Moambique, j existem algumas aplicaes de sistemas de re-utilizao de
guas residuais para consumo no potvel maioritariamente no setor industrial e
em alguns condomnios residenciais. As guas cinzentas devidamente tratadas
apresentam um grande potencial de re-utilizao para fins no potveis (May,
2009:6).
A re-utilizao da gua em edificaes perfeitamente possvel, desde que seja
projetado para esse fim, respeitando todas as diretrizes a serem analisadas,
evitando que a gua reutilizada entre em contato com a gua tratada e no permitir
o uso da gua reutilizada para fins potveis.
As guas cinzentas so as mais adequadas para reutilizao devido sua baixa
carga orgnica. O tratamento e desinfeo destas guas so importantes para a
utilizao segura e esteticamente adequada da gua de re-utilizao. Tecnologias
de tratamento de gua cinzenta devem poder lidar com variaes na concentrao
de orgnicos e patognicos, para produzir um efluente de qualidade adequada e
segura (Gideon et al, 2008:1).
Segundo May (2009:VII) as guas cinzentas podem ser divididas em dois grupos,
sendo as guas cinzentas escuras e guas cinzentas claras. As guas cinzentas
claras so as guas residuais originarias de banheiras, chuveiros, lavatrios e
mquinas de lavar roupa. J as guas cinzentas escuras incluem as guas residuais
-
12
provenientes da pia da cozinha e mquina de lavar loua. O efluente oriundo de
sanitas no denominado de guas cinzentas, mas de guas negras.
De acordo com Mendona (2004), citado por May (2009:69), os efluentes
domsticos so classificados em efluente preto blackwater e em efluente cinza
greywater. Para sistemas de re-utilizao de gua, imperioso conhecer o tipo
de efluente para a definio do tratamento a ser aplicado e o uso final a que esse
efluente se destina. Henze & Ledin (2001), citado por May (2009:69), apresentam
algumas subdivises com codificao em cores para os efluentes domsticos.
Essas subdivises so mostradas na
Tabela 1.
Tipo Contaminante Preto (blackwater) Todos os efluentes domsticos misturados
Cinza escuro Banho, cozinha e pia de despejos Cinza claro (Greywater) Banho, lavatrio e mquina de lavar roupas
Amarelo Somente urina (urinol) Castanho Somente fezes (sem urina)
Tabela 1 - Cdigo de Cores dos Efluentes. Fonte: Henze & Ledin (2001). O uso das guas cinzentas est diretamente ligado a fatores como a qualidade do
afluente, o tratamento aplicado, a qualidade do efluente e principalmente ao uso
final que ser dado gua. Na Figura 1 apresentado um esquema do uso de
sistemas de guas cinzentas em habitaes.
Figura 1: Esquema do uso de sistemas de guas cinzas em residncias.
-
13
Segundo Mendona (2004), citado por May (2009:72), para que sistemas de reso
de guas cinzentas possam ser projetados e construdos de forma sustentvel e eco
eficiente, um conjunto de fatores precisa ser atendido como demonstra a Figura 2.
Na maioria das vezes, esses fatores so verificados em anlises socio-econmicas
e ambientais para a implantao do sistema de reso, de modo a levar o projeto a
atender a esses requisitos com segurana.
Figura 2 - Fatores para a implantao da reutilizao de gua residual. Fonte: Mendona (2004)
O conhecimento dos consumos especficos de gua que ocorrem nos diversos
pontos de utilizao de uma residncia de fundamental importncia para se saber
onde devem ser priorizadas as aes de conservao do uso da gua em
edificaes May (2009:72). Segundo Sperling (2005), o consumo de gua numa
residncia influenciado por diversos fatores, tais como:
Clima da regio; Renda familiar; Nmero de habitantes da residncia; Caractersticas culturais da comunidade; Desperdcio domiciliar; Valor da tarifa de gua; Estrutura e forma de gerenciamento do sistema de abastecimento.
-
14
O consumo de gua em residncias inclui tanto o uso interno quanto o uso externo
s habitaes. As tarefas de limpeza e higiene pessoal so as principais
responsveis pelo uso interno, enquanto o externo deve-se irrigao de jardins,
lavagem de reas externas, lavagem de veculos, entre outros.
Em mdia, 40% do total de gua consumida numa residncia so destinados aos
usos no potveis. Desta forma, estabelecendo uma rede dupla de abastecimento
de gua, uma potvel e outra de reutilizao, a conservao da gua, atravs da
reduo do consumo de gua potvel, seria garantida (Gonalves, 2006).
Ainda segundo Gonalves, (2006), os estudos de caracterizao do consumo de
gua potvel em residncias brasileiras autorizam uma estimativa de economia de
gua variando entre 15 a 30%, caso se implemente o aproveitamento de fontes
alternativas.
2.3 gua cinzenta gua cinzenta qualquer gua residual, ou seja, no-industrial, a partir de
processos domsticos como lavar loua, roupa e tomar banho. Esta corresponde a
50 a 80% de esgoto residencial.
De acordo com Jefferson et all (1999); Eriksson et al (2002) e Ottoson &
Stenstrom (2003), citado por May (2009:69), as guas cinzentas so classificadas
como guas usadas residenciais, sendo estas originadas de lavatrios, chuveiros,
banheiras, pias de cozinha, mquinas e tanques de lavar roupas. J Nolde (1999) e
Christova-Boal et al. (1996), citado por May (2009:69), no incluem como guas
cinzas, o efluente proveniente de cozinhas, por consider-lo altamente poludo,
putrescvel e com inmeros compostos indesejveis, como por exemplo, leos e
gorduras.
Caractersticas qualitativas da gua cinzenta
-
15
A gua cinzenta geralmente originada pelo uso de sabo ou de outros produtos
de higiene corporal, de roupas ou de limpeza em geral (Jefferson et al., 1999),
citado por May (2009:70). Ela varia em qualidade de acordo com a localidade e
nvel de ocupao da residncia, faixa etria, estilo de vida, classe social e
costumes dos moradores (Nswhealth, 2000), citado por May (2009:70), e com o
tipo de fonte de gua cinzenta que est sendo utilizado (lavatrio, chuveiro,
mquina de lavar, etc.) (Nolde, 1999). Outros fatores que, segundo May,
(2009:70), tambm contribuem para as caractersticas da gua cinza so: a
qualidade da gua de abastecimento e o tipo de rede de distribuio, tanto da gua
de abastecimento quanto da gua de reso. As guas cinzentas apresentam
caractersticas diferentes, dependendo do ponto de uso, por exemplo, guas
oriundas do lavatrio, da mquina de lavar roupas ou ainda de chuveiros
apresentam concentraes de contaminao diferentes.
Na Tabela 2 so apresentadas as caractersticas fsico-qumicas e microbiolgicas
de guas cinzentas originadas de vrias fontes dentro de uma residncia.
-
16
Tabela 2: Caractersticas das guas cinzentas originadas de vrias fontes.
Fonte: Eriksson et al., (2002).
As exigncias mnimas para o uso da gua no-potvel so apresentadas na
sequncia, em funo das diferentes atividades a serem realizadas nas edificaes
(Sautchuk, et al., 2005:51-52):
a) gua para irrigao, rega de jardim, lavagem de pisos:
No deve apresentar mau-cheiro; No deve conter componentes que agridam as plantas ou que
estimulem o crescimento de pragas;
No deve ser abrasiva; No deve manchar superfcies; No deve propiciar infees ou a contaminao por vrus ou bactrias
prejudiciais sade humana.
b) gua para descarga em bacias sanitrias:
No deve apresentar mau-cheiro; No deve ser abrasiva; No deve manchar superfcies; No deve deteriorar os metais sanitrios; No deve propiciar infees ou a contaminao por vrus ou bactrias
prejudiciais sade humana.
c) gua para lavagem de veculos:
No deve apresentar mau-cheiro; No deve ser abrasiva; No deve manchar superfcies; No deve conter sais ou substncias remanescentes aps secagem;
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17
No deve propiciar infees ou a contaminao por vrus ou bactrias prejudiciais sade humana.
d) gua para lavagem de roupa:
Deve ser incolor; No deve ser turva; No deve apresentar mau-cheiro; Deve ser livre de algas; Deve ser livre de partculas slidas; Deve ser livre de metais; No deve deteriorar os metais sanitrios e equipamentos; No deve propiciar infees ou a contaminao por vrus ou bactrias
prejudiciais sade humana.
e) gua para uso ornamental:
Deve ser incolor; No deve ser turva; No deve apresentar mau-cheiro; No deve deteriorar os metais sanitrios e equipamentos; No deve propiciar infees ou a contaminao por vrus ou bactrias
prejudiciais sade humana.
De acordo com as exigncias acima citadas, Sautchuk, et al., (2005:53-57),
dividiram as guas cinzentas em 4 classes.
a) gua de Reso Classe 1
Os usos preponderantes para as guas tratadas desta classe, nos edifcios, so
basicamente os seguintes:
Descarga de bacias sanitrias, lavagem de pisos e fins ornamentais
(chafarizes, espelhos de gua etc.);
-
18
Lavagem de roupas e de veculos.
Tabela 3: Parmetros bsicos para gua de reso classe 1. Fonte: Sautchuk, et al., (2005-54).
b) gua de Reso Classe 2
Os usos preponderantes nessa classe so associados s fases de construo da
edificao:
Lavagem de agregados; Preparao de concreto; Compactao do solo; Controle de poeira.
-
19
Tabela 4: Parmetros bsicos para gua de reso Classe 2. Fonte: Sautchuk, et al., (2005-55).
c) gua de Reso Classe 3
O uso preponderante das guas dessa classe na irrigao de reas verdes e
rega de jardins.
Neste caso, a maior preocupao do emprego da gua de reso fica
condicionada s concentraes de contaminantes biolgicos e qumicos,
incidindo sobre o meio ambiente e o homem, particularmente o operrio que
exerce suas atividades nesse ambiente.
Tabela 5: Parmetros bsicos para gua de reso Classe 3. Fonte: Sautchuk, et al., (2005-56).
d) gua de Reso Classe 4
O uso preponderante para esta classe no resfriamento de equipamentos de ar
condicionado (torres de resfriamento).
2.3.1.1 Caractersticas fsicas gua cinzenta Segundo Bazzarella (2005:40), as caractersticas fsicas das guas cinzentas, esto
inseridos fatores como turbidez, temperatura, cor e resduos slidos dissolvidos.
-
20
Temperaturas elevadas podem ser um inconveniente favorecendo a proliferao
de microrganismos, j a turbidez e os resduos slidos podem dar alguma
informao a respeito do contedo de partculas e colides que poderiam induzir
ao entupimento de instalaes de transporte e tratamento desses efluentes.
Embora o contedo de slidos esperados na gua cinza seja menor, de acordo com
Gray e Becker (2002), citado por Bazzarella (2005:40), aproximadamente 32,7%
da carga do esgoto convencional, esses problemas relacionados com entupimento
de tubulao no podem ser negligenciados. A razo disso que esses colides
combinados com os surfactantes (oriundo dos detergentes) podem causar
estabilizao na fase slida devido adsoro do surfactante na superfcie do
colide, (Eriksson et al., 2002), citado por Bazzarella (2005:40).
2.3.1.2 Caractersticas qumicas Para a caracterizao qumica do efluente foi feita uma subdiviso em funo do
tipo de composto presente no lquido, Bazzarella (2005:41):
Compostos orgnicos:
O valor de DBO (demanda bioqumica de oxignio) e de DQO (demanda
qumica de oxignio) indica o risco de depleo de oxignio devido
degradao da matria orgnica durante o transporte e tratamento, ligando
a isso, o risco de produo de sulfeto. A maior parte da DQO derivada
dos produtos qumicos utilizados nas habitaes, como produtos de
limpeza e detergentes. de esperar, ento, que os nveis de DQO sejam
prximos aos encontrados para o esgoto domstico convencional,
enquanto que para as concentraes de DBO esperam-se valores mais
baixos (Eriksson et al., 2002), citado por Bazzarella (2005:41).
De acordo com Gray e Becker (2002), citado por Bazzarella (2005:41), a
gua cinzenta contribui com aproximadamente 39,1% da carga de DQO de
uma residncia. Sendo que o efluente da cozinha contribui com 7,4%, o da
casa de banho (excluindo a sanita) com 15,4% e o da lavandeira com
9,0%.
-
21
Compostos nitrogenados e fosforados (nutrientes):
Em relao aos nutrientes, as concentraes de nitrognio total na gua
cinzenta so mais baixas do que no esgoto convencional, isto porque a
principal fonte desse nutriente a urina e ela no faz parte do grupo da
gua cinzenta. Neste sentido, o principal contribuinte para os nveis de
nitrognio na gua cinza o efluente da cozinha. tido em conta tambm,
segundo Eriksson et al., (2002), citado por Bazzarella (2005:41), algumas
habitaes tem-se o costume de urinar durante o banho.
J para o fsforo, sua principal fonte so os detergentes, principalmente
em locais onde ainda permitido o uso de detergentes contendo fosfatos
(Eriksson et al., 2002), citado por Bazzarella (2005:41). Em locais onde o
uso desses detergentes no permitido, o contedo de fsforo na gua
cinza tende a ser 70% menor (Otterpohl, 2001), citado por Bazzarella
(2005:42).
A gua cinzenta contribui, em geral, com apenas 7,7% da carga de
nitrognio total, com 2,3% da carga de amnia e com 12,4% da carga de
fsforo em uma residncia (Gray e Becker, 2002), citado por Bazzarella
(2005:42).
Compostos de enxofre:
Assim como nas guas negras, o on sulfato (SO4-2) est presente nas
guas cinzentas. Nas guas cinzentas essas concentraes so um pouco
preocupantes em funo da rapidez com que esta se torna anaerbia.
Em condies anaerbias, os sulfatos so reduzidos a sulfetos atravs de
reaes decorrentes da ao bacteriolgica e, os sulfetos podem se
combinar com o hidrognio formando o sulfeto de hidrognio ou gs
sulfdrico (H2S), (Metcalf e Eddy, 1991), citado por Bazzarella (2005:42).
Outros componentes:
-
22
O pH na gua cinzenta depende basicamente do pH da gua de
abastecimento.
Sabe-se tambm, que alguns produtos qumicos utilizados podem
contribuir para a variao o do mesmo. Alm disso, as medidas de
alcalinidade e dureza (de maneira similar s de turbidez e slidos
suspensos) do alguma informao a respeito do risco de entupimento das
tubulaes (Eriksson et al., 2002), citado por Bazzarella (2005:42).
Alguns produtos qumicos so esperados que estejam presentes na gua
cinzenta, constituindo um grupo heterogneo de compostos. Eles so
provenientes de produtos como sabes, detergentes, champs, perfumes,
tinturas, produtos de limpeza, entre outros. O efluente da cozinha ainda
possui leos, gorduras, ch, caf, amido solvel, glicose, entre outros. J
na lavandaria, diferentes tipos de detergentes, alvejantes e perfumes so
utilizados. Dentro de todo esse leque de substncias, uma forma de
selecionar os compostos realmente relevantes para caracterizao de uma
gua cinzenta poderia ser baseada nos compostos encontrados em produtos
residenciais, juntamente com a identificao do risco ambiental que eles
proporcionam. O principal composto da lista so os surfactantes (ex: no-
inico, aninico e anfteros) utilizados em detergentes e produtos de
higiene pessoal (Eriksson et al., 2002), citado por Bazzarella (2005:43).
2.3.1.3 Caractersticas microbiolgicas Segundo Ottoson e Stenstrm, (2003), citado por Bazzarella (2005:43), as
caractersticas microbiolgicas, sabendo que a gua cinzenta no tem a
contribuio das sanitas, de onde surgem a maioria dos microrganismos
patognicos, algumas tarefas como lavagem de roupas com vestgios de fezes (ex:
fraldas) ou mesmo a higiene pessoal, so algumas das possveis fontes desses
agentes nas guas cinzentas.
Os riscos sade humana dependem: do tipo de patgenos, do tratamento
aplicado e da rota de exposio. A presena de Escherichia coli ou outros
-
23
organismos entricos indica a contaminao fecal e a possibilidade de presena de
patgenos intestinais, como Salmonella ou vrus entricos, nas guas cinzentas
(Ottoson e Stenstrm, 2003), citado por Bazzarella (2005:43).
Segundo Rose et al., (2002), citado por Bazzarella (2005:43), quantidades
excessivas de coliformes fecais so indesejveis levando a uma maior
probabilidade de contgio humano quando em contato com guas cinzentas
reutilizadas. Porm, esse indicador, pode em algumas situaes, ser de grande
impacto devido sua proliferao dentro do sistema (Ottoson e Stenstrm, 2003).
Em estudos elaborados por Rose et al., (2002), foram analisadas amostras de gua
cinzenta, verificando-se que a quantidade de coliformes termotolerantes na gua,
durante as primeiras 48h de armazenamento, aumentou muito e ficou praticamente
estabilizado durante os 12 dias seguintes, citado por Bazzarella (2005:44).
Caractersticas quantitativas da gua cinzenta Segundo Santos, (2002:8-12), as quantidades demandadas e produzidas esto
relacionadas com o consumo de gua que ocorre na residncia. Esta relao pode
variar consoante a regio, os costumes e ainda com o clima do lugar em estudo.
Santos, (2002:12), cita que, Caractersticas do subsistema de coleta, como a
vazo especfica dos aparelhos sanitrios, associados realidade de seus usos
(frequncia e tempo de uso), permitem estimar a vazo diria a ser coletada..
Na Tabela abaixo so apresentadas as percentagens de consumo domstico de
cada tipo de aparelho sanitrio em relao ao consumo total de gua. Estudo este
feito por trs entidades do Brasil.
Aparelho sanitrio Deca USP PNCDA
Sanita 14% 29% 5% Chuveiro 47% 28% 55% Lavatrio 12% 6% 8%
Lavatrio da cozinha 15% 17% 18% Tanque de lavar roupa - 6% 3%
Mquina de lavar roupa 8% 9% 11% Tabela 6: Distribuio do consumo de gua em edificaes, Brasil. Fonte: Jordo, (2006:15)
-
24
O resultado de um estudo realizado por Jefferson et al., demonstra que a produo
e a demanda de guas cinzas assemelham-se em volume, mas diferem um pouco
na distribuio temporal ao longo do dia, conforme a Figura 3.
Figura 3: Produo e demanda de guas cinzentas. Fonte: Jefferson et al. (1999:286)
Segundo Rosa, (1995:3), o consumo de gua nas reas externas, como pavimentos
e jardins, pode-se admitir um consumo de 3 L/m/dia nos jardins, e para a lavagem
de pisos 4 L/m/dia. Quanto frequncia desses consumos, so estimadas que
essas atividades externas ocorram s oito dias por ms (Gonalves et al.,
2006:169).
2.4 Tratamento de guas cinzentas Segundo Filho, (2013:92), o tratamento de gua um conjunto de procedimentos
fsicos e qumicos que so aplicados na gua para que esta fique em condies
adequadas para uso.
A escolha do tipo de tratamento est intimamente ligado com as caractersticas do
efluente e requisitos de qualidade exigidos para a aplicao da reutilizao
pretendida.
-
25
Segundo Mancuso e Santos, (2003), tratando-se de reso de gua, devido grande
variabilidade tanto da fonte quanto da prpria finalidade a que se destina o
efluente tratado, ou o tipo de reso pretendido, uma gama de sistemas ou
sequncias de processos so possveis de serem concebidos. Os processos
desenvolvidos variam desde sistemas simples em residncias at sries de
tratamentos avanados para reso em larga escala (Jefferson et al., 1999), citado
por May (2009:76).
Von Sperling, (1996), caracteriza o uso da gua para abastecimento domstico
seguindo os seguintes requisitos de qualidade:
Isenta de substncias qumicas prejudiciais sade; Adequada para servios domsticos; Baixa agressividade e dureza; Esteticamente agradvel (baixa turbidez, cor, sabor e odor); Ausncia de microrganismos.
Os efluentes destinados reutilizao, devem ser tratados, para que possam
atender aos padres de qualidade e segurana, com base nisso alternativas para o
tratamento de guas cinzentas devem ser analisadas. Segundo Sautchuk, et al.,
(2005:69), devem ser atendidas as seguintes etapas para o tratamento de guas
cinzentas para fins no potveis.
a) Em primeira instncia deve-se passar por um dos dois tratamentos
seguintes;
i. Sistema fsico-qumico: coagulao, floculao e a decantao ou
flotao;
ii. Sistema aerbio de tratamento biolgico de lodos ativados;
b) Sistema fsico: sedimentao e filtrao simples atravs de decantador e
filtro de areia
c) Processo de desinfeo;
d) Por fim, caso seja necessrio, executar a correo do pH.
De acordo com Fonseca, (2006:69-73), o tratamento de guas cinzentas pode ser
feito usando a seguinte sequncia:
-
26
a) Tanque sptico
b) Filtro anaerbico
c) Filtrao terciria
d) Desinfeo
Num estudo experimental desenvolvido por Magri et al., (2008:56), em
Florianpolis, consistia em um sistema para tratamento de guas cinzentas
provenientes de uma residncia unifamiliar. Esta estao de tratamento era
composta por caixa recetora das guas cinzentas, filtro anaerbico de brita, filtro
aerbio de areia e reservatrio.
Aps o experimento Magri et al., (2008:75), verificaram a ineficincia do sistema
na remoo dos indicadores microbiolgicos observados, sendo sugerida uma
unidade de desinfeo no fim do processo. Pelos autores ainda foi constatado que
a combinao do filtro anaerbio com o filtro de areia uma opo vivel em
termos de tratamento de guas cinzentas, exceto em relao aos parmetros
microbiolgicos.
Numa experincia levada a cabo por May e Hespanhol, (2006), foi construdo um
contentor de 20 ps para caracterizao das guas cinzentas. O contentor continha
dois compartimentos, um wc feminino e um masculino, cada um deles munido de
chuveiros, sanita e lavatrio, posteriormente uma mquina de lavar roupa foi
instalada no wc feminino. O sistema de tratamento desta experincia era
constitudo por:
Tanque de equalizao; Tratamento biolgico aerbio (bio disco) - consiste no fornecimento
artificial de oxignio para o meio, onde os microrganismos aerbios so
predominantes e fazem a remoo da carga orgnica;
Reservatrio de decantao secundrio; Sistema de filtrao; Sistema de desinfeo com cloro;
O funcionamento do sistema dava-se em 5 etapas:
-
27
1) O efluente vindo dos chuveiros, lavatrios e da mquina de lavar era
conduzido para o reservatrio de equalizao;
2) Em seguida a gua era encaminhada para o tratamento biolgico (bio
disco), para que ocorresse a degradao da matria orgnica;
3) Nesta fase o lquido passava para o reservatrio de decantao secundria,
a sedimentao acontecia em forma de lodo, formado pelo material
orgnico j degradado;
4) Depois da etapa anterior procedia-se filtrao para retirada das partculas
slidas ainda dispersas;
5) Por fim a gua cinzenta era desinfetada por adio de cloro;
Segundo a NBR 13.969 apresentado na Tabela 7 intervalos de remoo
provveis dos poluentes, dos diferentes tipos de filtros, quando associados a um
tanque sptico. De salientar que os limites inferiores so referentes a uma
temperatura de 15C e o limite superior a uma temperatura de 25C, podendo
tambm condies operacionais e de manuteno ter interferncia direta com as
percentagens de remoo.
Tabela 7: Intervalos provveis de remoo de poluentes. Fonte: NBR 13.969, (1997:6).
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28
2.5 O sistema de reutilizao De acordo com Sautchuk et al., (2005:73-74), o sistema de reso de guas
cinzentas tem grandes benefcios ambientais, pois colabora com o uso sustentvel
dos recursos hdricos, minimiza a poluio hdrica nos lenis freticos, estimula
o uso racional e a conservao de gua potvel e permite maximizar a
infraestrutura de abastecimento de gua e tratamento de esgotos pela utilizao
mltipla da gua aduzida.
Os principais elementos associados ao projeto de sistemas de reso direto de
guas cinzentas so os seguintes (ver Figura 4):
Pontos de coleta de guas cinzas e pontos de uso; Determinao de vazes disponveis; Dimensionamento do sistema de coleta e transporte das guas cinzas
brutas;
Determinao do volume de gua a ser armazenado; Estabelecimento dos usos das guas cinzas tratadas; Definio dos parmetros de qualidade da gua em funo dos usos
estabelecidos;
Tratamento da gua; Dimensionamento do sistema de distribuio de gua tratada aos pontos de
consumo.
Figura 4: Sistema de reutilizao de guas cinzentas. Fonte: Sautchuk, et al. (2005:74).
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29
Segundo ainda Sautchuk, et al. (2005:50), alguns cuidados bsicos merecem
destaque em relao ao sistema de reutilizao:
a) O sistema hidrulico deve ser identificado e totalmente independente do
sistema de abastecimento de gua potvel;
b) Todos os pontos de acesso gua de reso devem ter acesso restrito, e
devem ser identificados adequadamente;
c) As pessoas que trabalharem em atividades inerentes ao sistema de reso
devem receber instrues;
d) Os reservatrios de armazenamento devem ser especficos.
Em relao constituio do sistema de reutilizao, May e Hespanhol, (2006),
agruparam-no em:
a) Coletores: um sistema de condutores, tanto verticais como horizontais, que
possibilite o transporte do efluente do chuveiro, do lavatrio e da mquina
de lavar, at o sistema de armazenamento;
b) Armazenamento: composto por um ou mais reservatrios que iro
armazenar o contedo proveniente dos coletores;
c) Tratamento: esse depender da qualidade que a gua coletada dever
receber, para atender s necessidades do seu destino.
Uma experincia, levada a cabo por Bazzarella (2005:77-78), retratado o uso de
um sistema de reutilizao de guas cinzentas na UFES (Universidade Federal do
Esprito Santo):
a) O RSP (reservatrio superior de gua potvel) recebe gua potvel, a
armazena e depois atende a lavatrios e chuveiros;
b) O efluente proveniente desses aparelhos ento encaminhado EACB
(elevatria de gua cinzenta bruta);
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30
Figura 5: Sistema de reutilizao de guas cinzentas em um edifcio residencial.
Fonte: Acquanova
c) A gua cinza bombeada para a estao de tratamento, no primeiro
momento ela passa pelo RAC (reator anaerbio compartimentado), onde
acontecem reaes de estabilizao de MO (matria orgnica) e
sedimentao; ainda no RAC, ocorre a digesto anaerbia do lodo aerbio
e do lodo tercirio que so recirculados, do decantador e do filtro tercirio
respetivamente;
d) Segue para o FBAS (filtro biolgico aerado submerso);
e) Passa pelo DEC (decantador secundrio);
f) Em sequncia pelo FT (filtro tercirio);
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31
g) Sada da estao de tratamento, a gua cinza vai para a desinfeo, que
ocorria dentro da EACT (elevatria de gua cinzenta tratada);
h) Agora clorada, a gua pronta para ser reutilizada bombeada para o RSR
(reservatrio superior de gua de reso), e da distribuda para os vasos
sanitrios e para os urinis.
Figura 6: Diagrama do sistema de reutilizao. Fonte: Bazzarella, (2005:78)
O sistema de drenagem 2.5.1.1 Constituio do sistema de drenagem Segundo Pedroso, V. M. R., (2004:218-219), o sistema de drenagem de guas
cinzentas ser composto pelos seguintes elementos:
Ramais de descarga - Canalizao destinada ao transporte das guas
provenientes dos aparelhos para o tubo de queda ou coletor predial;
Ramais de ventilao Canalizao destinada a assegurar o fecho hdrico nos sifes, quando tal no seja feito por outra forma;
Tubos de queda Canalizao destinada a aglutinar em si as descargas provenientes dos pisos mais elevados, a transport-las para o coletor
predial e ventilar a rede predial e pblica;
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32
Colunas de ventilao Canalizao destinada a completar a ventilao feita atravs do tubo de queda;
Coletores prediais Canalizao destinada a aglutinar em si descargas dos tubos de queda e dos ramais descarga provenientes do piso adjacente, e
transport-las para outro tubo de queda ou ramal de ligao;
Ramal de ligao Canalizao compreendida entre a cmara de ramal de ligao e o coletor pblico, se for o caso, destinada a conduzir as guas
residuais provenientes da rede predial para a rede pblica;
Acessrios Dispositivos a intercalar nos sistemas, no sentido de possibilitar as operaes de manuteno e conservao e a reteno de
determinadas matrias, e de garantir as condies de habitabilidade dos
espaos ocupados;
Na Figura 7 representado um esquema dos elementos constituintes de um
sistema de drenagem de guas residuais.
Figura 7: Esquema da constituio de um sistema de drenagem em uma habitao.
Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:219).
2.5.1.2 Simbologia dos sistemas de drenagem A representao esquemtica em projeto dos sistemas de guas residuais
domsticas obriga representao simblica dos elementos de cada sistema,
devendo-se em todas as peas desenhadas referenciar a simbologia utilizada
(Pedroso, V. M. R., 2004:219-222).
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33
Nas tabelas abaixo so representadas as simbologias e as siglas, segundo o
RGSPPDADAR, que sero tomadas como referncia para a elaborao do projeto
de drenagem do sistema de reutilizao de guas cinzentas.
Tabela 8: Simbologia de canalizaes e acessrios. Fonte: RGSPPDADAR, (1995).
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34
Tabela 9: Siglas de aparelhos e materiais. Fonte: RGSPPDADAR, (1995).
2.5.1.3 Instalao e traado da rede 2.5.1.3.1 Ramais de descarga Segundo Pedroso, V. M. R., (2004:220-224), os ramais de descarga devem
obedecer aos seguintes aspetos:
O traado destas tubagens dever ser constitudo por troos retilneos,
ligados perfeitamente entre si por caixas de reunio ou atravs de curvas
de concordncia.
A ligao simultnea de vrios aparelhos a um mesmo ramal e descarga (ramal de descarga no individual) deve efetuar-se atravs de caixas de
reunio ou curvas de concordncia (ver Figura 8).
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35
Figura 8: Ligao de vrios aparelhos a um nico ramal de descarga.
Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:220). Em caso algum os troos verticais de ramais de descarga devero exceder
2m.
A ligao dos ramais de descarga aos tubos de queda deve ser realizada atravs de forquilhas; a ligao aos coletores prediais deve ser realizada
atravs de forquilhas ou de cmaras de inspeo (ver Figura 9).
Figura 9: Ligao de ramais de descarga a tubos de queda e coletores prediais
Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:223). Os ramais de descarga devero ser instalados a profundidades razoveis
como meio de atenuar a transmisso de rudos para o interior das zonas
habitadas.
Os ramais de ligao podem ser instalados vista, embutidos, em caleiras, enterrados, em galerias ou em tetos falsos (ver
1
2
1
2
1 Ramal de descarga individual 2 Ramal de descarga no individual
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36
Figura 10).
Figura 10: Instalao de ramais de descarga. Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:224).
2.5.1.3.2 Ramais de ventilao Segundo Pedroso, V. M. R., (2004:225-227), os ramais de ventilao devem
obedecer aos seguintes aspetos:
Os ramais de ventilao devero ser constitudos por troos retilneos,
ligados entre si por curvas de concordncia.
Os troos devero prolongar-se de modo a atingirem uma altura no inferior a 0,15m acima do nvel superior do aparelho sanitrio que
ventilam. (ver Figura 11).
Figura 11: Ligao do ramal de ventilao ao de descarga.
Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:226).
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37
Os troos horizontais, para ligao coluna de ventilao, devero possuir inclinao ascendente, de modo a possibilitarem a conduo dos
condensados a formados para o ramal que ventilam, de valor no inferior
a 20mm/m (ver Figura 11).
A insero do ramal de ventilao no ramal de descarga deve fazer-se a uma distncia no inferior a duas vezes o dimetro do ramal (ver Figura
11) nem superior aos valores referenciados atravs do Grfico 2, medidos
em relao ao sifo instalado.
Grfico 2: Distncia mxima admissvel entre sifo e a seco ventilada.
Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:226). Os ramais de ventilao no devero ser cortados pelas linhas
piezomtricas, de forma a evitar a sua obstruo (ver Figura 12). Assim
sendo, dever ter-se em considerao a relao: h2/L1 h1/L2.
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38
Figura 12: Desenvolvimento da linha piezomtrica de modo a evitar a obstruo do ramal de ventilao. Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:227).
Os ramais de ventilao podem ser instalados vista, embutidos, em caleiras, enterrados, em galerias ou em tetos falsos.
2.5.1.3.3 Tubos de queda Segundo Pedroso, V. M. R., (2004:229-230), os ramais de ventilao devem
obedecer aos seguintes aspetos:
O traado destas tubagens deve ser vertical, constitudo preferencialmente
por um nico alinhamento.
Sempre que imposies fsicas obriguem a que o tubo de queda no se desenvolva atravs de um nico alinhamento reto, as mudanas de direo
devero ser obtidas atravs de curvas de concordncia e o valor da
translao no poder ser superior a dez vezes o dimetro desta tubagem.
Nas situaes em que tal se verifique, o troo de tubagem de fraca
pendente dever ser tratado como coletor predial (ver Figura 13).
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39
Figura 13: Transio dos tubos de queda. Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:229).
A concordncia entre tubos de queda e as tubagens de fraca pendente
dever ser obtida atravs de curvas de transio de raio maior ou igual ao
triplo do seu dimetro, ou atravs de duas curvas de 45 (ver Figura 14)
Figura 14: Concordncia do tubo de queda com a tubagem de fraca pendente.
Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:230).
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40
A insero dos tubos de queda nos coletores prediais dever ser feita
atravs de forquilhas ou cmaras de inspeo e o afastamento entre o tubo
de queda e o coletor ou cmaras de inspeo no dever exceder dez vezes
o seu dimetro; no caso de tal se verificar, dever dotar-se o sistema de
ventilao secundrio.
Os tubos de queda devero ser dotados de bocas de limpeza de dimetro no inferior ao seu, posicionadas de modo a garantir a sua acessibilidade
em todas as mudanas de direo, prximo das curvas de concordncia,
prximo da mais elevada insero dos ramais (ver Figura 15).
Os tubos de queda devero ser instalados preferencialmente em galerias de forma a facilitar a sua acessibilidade; no entanto, admite-se a sua
instalao atravs de embutimento em paredes.
Em caso algum os tubos de queda devero desenvolver-se em zonas de acesso difcil, ou embutidos em elementos estruturais.
No atravessamento de elementos estruturais dever ficar garantida a no ligao rgida dos tubos de queda a estes elementos, atravs de
interposio entre ambos de material que assegure tal independncia (ver
Figura 15).
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41
Figura 15: Ligao do tubo de queda cmara de inspeo.
Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:231).
2.5.1.3.4 Colunas de ventilao Segundo Pedroso, V. M. R., (2004:232-233), as colunas de ventilao devem
obedecer aos seguintes aspetos:
O traado das colunas de ventilao dever ser vertical; sempre que se
verifique a necessidade de translaes relativas ao alinhamento vertical,
estas devero ser obtidas por troos de tubagem retilneos, ligados atravs
de curvas de concordncia, dispostos com inclinao ascendente (ver
Figura 16).
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42
Figura 16: Translao da coluna de ventilao. Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:232).
As colunas de ventilao devero ter a sua origem nos coletores prediais
ou cmaras de inspeo; no caso da origem se verificar num coletor
predial, a sua insero neste dever verificar-se a uma distncia do tubo de
queda inferior a dez vezes o dimetro deste (ver Figura 17).
Na situao em que termine no tubo de queda, a insero da coluna de ventilao neste dever verificar-se a uma distncia no inferior a um
metro acima da ltima insero de ramal de descarga (ver Figura 17).
Figura 17: Ligao da coluna de ventilao ao coletor e tubo de queda.
Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:233).
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43
As colunas de ventilao devero ser liadas ao respetivo tubo de queda no
mnimo de trs em trs pisos, atravs de troos de tubagem retos
ascendentes, ligados por curvas de concordncia (ver Figura 18).
As colunas de ventilao devero ser preferencialmente instaladas em galerias, de forma a facilitar o seu acesso; no entanto, admite-se a sua
instalao atravs de embutimento em paredes.
Em caso algum as colunas de ventilao devero desenvolver-se em zonas de acesso difcil, ou ser embutidas em elementos estruturais.
No atravessamento de elementos estruturais, dever ficar garantida a no ligao rgida das colunas de ventilao a estes elementos, atravs da
interposio entre ambos de material que assegure tal independncia.
Figura 18: Ligao ao tubo de queda. Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:234).
2.5.1.3.5 Coletores prediais Segundo Pedroso, V. M. R., (2004:234-236), os coletores prediais devem
obedecer aos seguintes aspetos:
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44
O traado dos coletores dever ser constitudo por troos retilneos, quer em planta, quer em perfil.
Quando enterrados, os coletores prediais devero ser dotados de cmaras de inspeo no seu incio, nas mudanas de direo, nas mudanas de
inclinao, nas alteraes de dimetro e nas confluncias, de forma a
possibilitar eventuais operaes de manuteno e limpeza (ver Figura 19).
Figura 19: Coletores prediais enterrados. Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:235).
Quando instalados vista e garantido o seu acesso, as cmaras de inspeo
podero dar lugar a curvas de transio, forquilhas, redues e bocas de
limpeza posicionadas de tal modo que possibilitem eventuais operaes de
manuteno e limpeza (ver Figura 20).
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45
Figura 20: Coletores instalados vista. Fonte: Pedroso, V. M. R., (2004:235).
O afastamento mximo entre cmaras de inspeo ou bocas de limpeza
dever ser de 15m.
Os coletores podero ser instalados vista, enterrados, em caleiras, em galerias ou em tetos falsos.
Na opo a seguir pelos coletores prediais, sempre que possvel e que tal no ponha em causa o seu correto desempenho funcional, dever optar-se
por tubagens de menor extenso, conduzindo a menores custos, bem como
a menores tempos de reteno das guas no seu interior.
No atravessamento de elementos estruturais dever ficar garantida a no solidarizao dos coletores prediais com esses elementos, atravs da
interposio entre ambos de material que assegure tal independncia.
Em caso algum os coletores prediais se devero desenvolver sob elementos de fundao, em zonas inacessveis, ou ser embutidos em
elementos estruturais.
O Sistema de tratamento A reutilizao de gua em habitaes, mais precisamente do esgoto domstico
uma das maneiras possveis de contribuio para a sustentabilidade do sistema
hdrico.
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46
Esse reaproveitamento de gua necessita de tratamento do efluente, conforme a
utilizao a ser dada ao material reciclado, quanto a qualidade necessria para
atividade de uso.
Esse tratamento pode ser executado com sistemas pr-fabricados, com diferentes
modelos quanto a qualidade de tratamento do efluente, quanto ao tipo de material
captado, quanto ao volume de material a ser reciclado em determinado espao de
tempo e at quanto ao espao fsico disponvel para a utilizao do dispositivo.
2.5.2.4 Sistemas de tratamento pr-fabricados Segundo Munhoz, (2006:26), Estaes Modulares de tratamento de esgoto
domstico, so sistemas compactos e modulares de tratamento de esgoto, que trata
o esgoto no local onde ele produzido, o transforma em gua tratada e
desinfetada, que pode ser devolvida, com o devido controlo, ao ambiente ou
reaproveitada em limpeza, irrigao, resfriamento, economizando gua potvel
para fins mais nobres.
O Sistema Modular de Tratamento de Esgoto no s trata como permite atravs da
qualidade da gua de sada o reso desse efluente em inmeras aplicaes de
carter no potvel, tais como (Munhoz, 2006:26):
Pomares, jardins e plantaes; Lavagem de pisos, paredes, ruas, automveis etc; Bacias sanitrias; Ar condicionado central; Sistemas industriais de resfriamento e arrefecimento etc.
Segundo Munhoz, (2006:26-27), o sistema proporciona economia significativa,
com a preservao da gua, poupando-a para usos mais nobres como a higiene e o
consumo humano e animal.
Sendo que so indicados para qualquer tipo de empreendimento, como:
Residncias e condomnios; Escolas, Quintas;
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47
Pousadas, hotis, escritrios; Shopping, cinemas, teatros; Bares e restaurantes; Indstrias; rgos pblicos entre outros.
Munhoz refere ainda que o sistema apresenta qualidades particulares quanto ao
aspeto visual, j que tem um bom acabamento externo para o caso de instalao
aparente. Sua instalao simples, j que pode ser acoplada a sistemas j
existentes.
O funcionamento do sistema requer apenas manuteno, ou seja, um sistema
autnomo que dispensa a existncia de funcionrios. Sendo o suporte tcnico
fornecido pelo fabricante.
Figura 21: Exemplo de um sistema de reutilizao de guas cinzentas. Fonte: Viggiano, (2005).
2.5.2.4.1 O sistema Mizumo linha Family A linha Mizumo Family atende as necessidades com relao ao tratamento do
esgoto domstico gerado em residncia, negcio ou empreendimento, sua
capacidade varivel de 1,6 a 4,0 m de esgoto / dia (Mizumo, 2013).
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48
2.5.2.4.1.1 Caractersticas principais do sistema Os reservatrios so em fibra de vidros construdos com resinas quimicamente
compatveis atravs do processo de TRV (Transferncia de Resina a Vcuo).
Possui sees anaerbias e aerbias, mdulo de decantao, conexes tubulares
em PVC, meio suporte, difusor de ar em polietileno, conjunto de placas plsticas,
soprador de ar, tampas dos bocais de visita em polietileno ou ferro fundido,
sistema de desinfeo atravs de pastilhas de hipoclorito de clcio ou ainda por
meio de radiao ultravioleta.
O segundo Munhoz, (2006:35), sistema completo composto por:
Reatores Anaerbios; Reatores Aerbios; Decantadores (montados internamente aos sistemas); Compartimentos para Desinfeo e Descarte; Sistemas de Desinfeo por Pastilhas de hipoclorito de clcio ou Rad.
Ultravioleta;
1 Soprador de ar tenso 110 ou 220 V e 165 W de potncia instalada ou 2 sopradores de 61W de potncia instalada cada.
Meio Suporte em polietileno; Placas de aerao em poliestireno; Difusores em polietileno sintetizado; Tubos e conexes em PVC; Tampas dos bocais de inspeo em polietileno ou ferro fundido.
Figura 22: Etar compacta Mizumo linha Family. Fonte: Mizumo (2013).
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49
2.5.2.4.1.2 Particularidades do sistema O sistema pode ser instalado sob ou mesmo sobre a superfcie. Nos dois casos se
faz necessria a execuo de uma laje em concreto cujo dimensionamento e
especificaes so fornecidos pelo Departamento de Engenharia de Instalao da
Mizumo.
Os depsitos so dimensionados para que a remoo do lodo seja feita apenas uma
vez ao ano e so fabricados em fibra de vidro, atravs do processo de TRV
(Transferncia de Resina a Vcuo), o qual confere excelentes propriedades
mecnicas aos mesmos. Construdos com resina isoftlica para garantir elevada
resistncia corroso, esses depsitos tm 2,4 m de comprimento, 1,2 a 2,4m de
largura e 2,1 m de altura (cada). As tampas dos bocais de inspeo podem ser
fornecidas em material plstico ou mesmo em ferro fundido, o que garante sua
integridade mecnica quando submetida a grandes esforos.
2.5.2.4.1.3 Implantao e Instalao A rea necessria para a implantao do sistema varia entre 3,50 m a 8,00 m2,
conforme a disposio do terreno e o empreendimento, considerando o espao
destinado e projetado para o armazenamento de demanda do efluente tratado.
A passagem do efluente de um compartimento ao outro durante as etapas do
tratamento contnuo se d exclusivamente por ao da gravidade e os desnveis
necessrios para o funcionamento correto do sistema so previstos em projeto e
considerados no interior dos reservatrios.
Na instalao do Sistema Mizumo Family imprescindvel a construo de uma
caixa divisora de fluxo que ir coletar todo o esgoto gerado e dividi-lo entre os
dois reatores. A Mizumo apresenta em sua linha de equipamentos perifricos uma
caixa divisora de fluxo fabricada em fibra de vidro que pode ser utilizada para
esses casos.
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50
2.5.2.4.1.4 Funcionamento do sistema Os sistemas Mizumo envolvem um mnimo de operao e, se necessrio ou
solicitado, sero dotados de dispositivos de alerta que informam quando da
ocorrncia de eventuais falhas decorrentes do sistema eltrico, como sobrecargas,
curto circuitos e falta de fase (quando utilizadas bombas trifsicas em estaes
elevatrias). Os sopradores permanecem ligados ininterruptamente e no
requerem qualquer acompanhamento com relao ao seu funcionamento. O
retorno de lodo nos equipamentos da Linha Family feito manualmente atravs
do acionamento de registros posicionados nos Reatores Aerbios e devem ser
realizados em intervalos de tempo pr-determinados. Alm disso, os
equipamentos so dotados de sistema de retro lavagem tambm acionados
manualmente para a limpeza das placas de aerao quando, muito
esporadicamente, isso se fizer necessrio. Todas essas informaes constam do
manual de manuteno e so tambm explanadas em um breve treinamento dado
pela equipe de instalao da empresa, junto ao seu suporte tcnico.
2.5.2.4.2 O sistema ECI da Biomoz O sistema de tratamento de guas residuais, modelo ECI da Biomoz, um sistema
compacto que trata esgoto de origem domstica, sendo a sua capacidade de 4m de
esgoto / dia (Biomoz, 2013).
2.5.2.4.2.1 Caractersticas principais do sistema O sistema ECI um sistema que usa uma tecnologia denominada "4 Shin" para
tratamento de esgoto usando processos biolgicos.
Os reservatrios so fabricados em polietileno. O sistema composto por um
reator aerbio, um reator anaerbio, um clarificador (decantador), um
esterilizador, conexes tubulares em PVC, difusor de ar, eletrobombas, tampas
dos bocais de visita em polietileno, sistema de desinfeo atravs de ozono ou
ainda por meio de radiao ultravioleta.
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51
O sistema completo composto por:
Reator Aerbio; Reator Anaerbio; Clarificador (Decantador); Esterilizador, por meio de ozonizador com 60W de potncia; Meio Suporte fixo do biofilme em polietileno; 2 Eletrosoprador, tenso 220 V e 100 W de potncia instalada cada; Difusores em polietil